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EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA__VARA CÍVEL DA

COMARCA DE LONDRINA-PR

JOÃO [nome completo], em união estável, trabalhador rural, inscrito no Cadastro de Pessoas
Físicas - CPF, sob o nº___ e-mail___________ residente e domiciliado na Rua das
Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR, CEP nº, devidamente representado por seu
advogado (procuração anexa), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência expor a
presente

AÇÃO DE USUCAPIÃO RURAL

Em face de JULIÃO [nome completo], casado, [profissão], inscrito no Cadastro de Pessoas


Físicas - CPF sob o nº, e-mail, ___________, [endereço completo], e RUTH [nome
completo], casada, [profissão], inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF sob o nº , e-
mail___________ [endereço completo], pelos motivos fáticos e fundamentos jurídicos
expostos a seguir.

1 - Dos Fatos
1.1 - O autor possui um imóvel, localizado à Rua das Bromélias, nº 100, no município de
Londrina/PR, desde xx/mar/2011, totalizando um prazo aproximado de 09 anos.
1.2 - O referido imóvel está localizado em área rural e tem extensão total de 35 hectares.
1.3 - Os réus são proprietários do referido imóvel (conforme certidão de registro juntada)
cujas propriedades confrontantes são de um lado a Fazenda da Paz, cujo proprietário é a
pessoa jurídica denominada Fazenda da Paz Ltda., e de outro lado também uma propriedade
rural pertencente aos cônjuges Francisco______ e Rosa _______ , conforme planta do imóvel
e demais especificações devidamente anexadas.
1.4 - Durante todo esse tempo o autor não sofreu contestação por parte dos réus ou de
quem quer que seja, sendo a sua posse sem oposição e ininterrupta.
1.5 - Construiu uma casa no terreno e passou dali a tirar o sustento da família, tornando a
terra produtiva e agindo no imóvel como se fosse o próprio dono, mediante o labor dos que
ali residem.
1.6 - Todos as contas deixadas na propriedade pela prefeitura, foram pagas pelo autor,
inclusive os carnês de IPTU, desde o início da posse.

1.7 - Dessa forma, estando presentes todos os requisitos legais exigidos, o autor faz jus à
presente ação.

2 - Do Direito
Assegura o art.191, caput, da CF/88:
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

E o art. 1.239, do CC/02:


Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Tais instituições admitem que se adquira a propriedade do imóvel, mediante usucapião rural,
a situação fática que apresentar a junção de alguns elementos fundamentais, quais sejam:
- Imóvel hábil para ser usucapido;
- Posse qualificada (mansa, pacífica e ininterrupta);
- Prazo mínimo de 5 anos;
- Inferior a 50 hectares; tornou a terra produtiva; não possui imóvel em seu nome.

3 – Das Provas
Pretende o Autor provar suas argumentações fáticas, documentalmente, apresentando desde
já os documentos acostados à peça exordial, protestando pela produção das demais provas
que eventualmente se fizerem necessárias no curso da lide.
4 - Do Pedido
Posto isso, a parte autora pugna pela integral procedência da presente ação e, em especial,
requer o atendimento dos seguintes pedidos:

a. A citação pelo correio, nos moldes dos arts. 246 e 248, ambos do CPC/2015, para que
apresente contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, do CPC
b. Requer-se, também, a citação dos confinantes Fazenda da Paz Ltda. e dos cônjuges
Francisco e Rosa, nos endereços apontados em documento anexo, que demonstra a
situação de vizinhança, nos termos do art. 246, § 3º, do CPC.
c. A cientificação das Fazendas Públicas Municipal, Estadual e da União.
d. Nos termos do § 5º, do art. 334, o autor informa seu desinteresse na autocomposição.

e. Requer-se a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial, a


produção de prova testemunhal, conforme art. 442, do CPC, para demonstrar a
presença dos elementos da usucapião rural.
f. Pugna-se pela procedência integral da presente ação, especialmente para o fim de que
seja declarado o domínio do autor sobre o imóvel.
g. Pugna-se pela condenação da parte requerida ao pagamento dos honorários
advocatícios, das custas e das despesas processuais, nos termos dos arts. 82, § 2º, e 85,
ambos do CPC/15.

Pede-se a remessa dos autos ao Ministério Público.

Informa-se o devido recolhimento das custas processuais iniciais.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Londrina, xx de Abril de 2020.


(nome do advogado)
OAB
(assinado digitalmente)

EXCELENTISSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA__VARA CÍVEL DA


COMARCA DE LONDRINA-PR

Processo n.º 134000000000-0


JULIÃO [nome completo] e sua esposa RUTH [nome completo], já qualificados nos autos
em epígrafe, por seu advogado (procuração anexa) vêm, respeitosamente, perante V. Exa.,
apresentar
CONTESTAÇÃO
ao pedido inicial contra eles ajuizado por JOÃO [nome completo], também qualificado
nestes autos, nos seguintes termos:
I – Do mérito
I. I – Das alegações do autor
Argumentam os autores, em síntese, que, desde o mês de novembro do ano de 2005, mantêm
a posse mansa, pacífica e ininterrupta de um imóvel de propriedade dos réus, localizado no
Córrego do Tristão, zona rural de Caratinga/MG (matrícula n.º XXXXXX), no qual, alegam,
construíram uma casa e vêm explorando a terra com plantio de hortaliças e criação de
animais. Aduzem, ainda, que têm pago regularmente os impostos incidentes sobre a referida
propriedade.
Pelo que foi exposto, pretendem os autores, também, o julgamento procedente da ação de
usucapião, para que lhes seja declarado o domínio sobre o imóvel usucapiendo, condenando
os réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no importe de 20%
sobre a causa, à qual atribuem o valor de R$100.000,00 (cem mil reais).
I. I – Da inexistência de animus domini
Em que pesem os argumentos abalizados pelos autores, o pleito de usucapião demonstra-se
descabido, porquanto, como será aqui exaurido, não há falar, por parte dos requerentes, em
legítimo exercício de posse do imóvel objeto da presente demanda, mas sim em mera
detenção daquele.
Conforme preleciona o Código Civil:
“Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade” – grifei.
Assim, é a literal disposição legal que, para a ocorrência da usucapião rural, dentre outros
requisitos, o possuidor deve possuir como seu terreno em imóvel rural, por cinco anos
ininterruptos, o que, data venia, não ocorreu na hipótese, pois os autores não possuíam o
imóvel em comento como se donos fossem, ou seja, não gozavam de animus domini, mas
apenas ali residiam sob a qualidade de “caseiros”, isto é, prestadores de serviços aos réus.
A situação fática acima restará evidenciada de maneira incontroversa ao fim da instrução da
presente demanda, quando se provará, por meio de prova testemunhal, a existência de
contrato verbal de parceria agrícola avençado entre autores e réus no dia 02/02/2011, o qual,
uma vez reconhecido pelo douto juízo, será apto a afastar o requisito da posse com animus
domini, prejudicando, assim, o pleito principal de usucapião.
Isso porque, conforme a doutrina prevalente, aquele que possui sem a intenção de ter a coisa
como se fosse o dono, ou seja, desprovido de animus domini, tal como exemplo o empregado
(como é o caso na presente lide), não pode exercer sobre a res pretensão de usucapião.
Nesse sentido:
“(...) A intenção de possuir o imóvel como um proprietário (animus domini) é (...) requisito
indispensável à configuração da posse ad usucapionem. Por ele objetiva a lei (...) descartar a
hipótese de usucapião pelo detentor (empregado ou preposto do possuidor) ou por quem tem
o uso ou a fruição do imóvel em razão de negócio jurídico celebrado com o proprietário
(locatário, usufrutuário, comodatário etc.) (...) O possuidor desprovido de animus domini, que
não age como dono da coisa, está disposto a entregá-la ao proprietário tão logo instado a
fazê-lo. A situação de fato em que se encontra não se incompatibiliza com o exercício, pelo
titular do domínio, do direito de propriedade. (...)” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito
civil, volume 3: direito das coisas, direito autoral – 4. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão
digital, pp. 194/195) – grifei.
A cognição acima também é aplicável àquele que possui a coisa em virtude de contrato de
parceria agrícola, como é o caso dos autores, pois tal pacto, objetivamente, obsta o
reconhecimento da usucapião, porquanto não subsiste, em tal hipótese, animus domini do
possuidor que se vale do imóvel por tal título.
Nesse prisma, também é o entendimento jurisprudencial predominante no egrégio Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais:
“AÇÃO DE USUCAPIÃO DE BEM IMÓVEL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
ANIMUS DOMINI (...) O exercício de posse em razão de contrato de parceria agrícola
impede o reconhecimento da usucapião, pois inexistente animus domini por parte do
possuidor que utiliza do imóvel a este título (...)” (TJMG - proc. Nº 1.0009.06.007287-4/001,
Rel. Des. Corrêa Camargo, DJ de 17/06/2013).
“AÇÃO DE USUCAPIÃO (...) AUSÊNCIA DE 'ANIMUS DOMINI' - REQUISITO
INDISPENSÁVEL AO RECONHECIMENTO DA PRETENSÃO - EXISTÊNCIA DE
CONTRATO DE PARCERIA AGRÍCOLA - ART. 1.208 DO CÓDIGO CIVIL. (...) A
aquisição do imóvel através da usucapião exige ânimo de dono, que é incompatível com o
contrato de parceria agrícola” (TJMG, proc. Nº 1.0428.09.015267-2/001, Rel. Des. Valdez
Leite Machado, DJ de 12/04/2013).
I. II – Da posse por tempo inferior ao mínimo legal para o perfazimento da usucapião
Em homenagem aos princípios da eventualidade e da impugnação específica, mantidos na
novel legislação processual civil (NCPC, art. 341 e incisos), cumpre salientar que, caso o
digno juízo não acolha a tese de inexistência de posse acima exposta, impõe-se a verificação
do decurso do prazo legal mínimo para a ocorrência da usucapião rural.
Para tanto, faz-se mister, novamente, a transcrição da norma pertinente do Código Civil, in
verbis:
“Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade ” – grifei.
Vê-se, pois, que o prazo para a ocorrência modalidade de usucapião em apreço é de 5 (cinco)
anos, lapso temporal no qual deveriam os autores terem exercido, sem oposição, posse de
área de terra em zona rural, dela fazendo sua moradia, requisitos tais que não se coadunam na
hipótese.
É que, como será demonstrado por prova testemunhal, o contrato verbal de parceria agrícola
foi avençado entre os autores e réus no dia 02/02/2011, oportunidade em que os réus se
tornaram usufrutuários do imóvel cuja posse aqui se discute. Todavia, a presente demanda foi
distribuída no dia 02/12/2015, prazo muito inferior àquele exigido como condição para a ação
de usucapião (02/02/2016), não preenchido, pois, o requisito legal para tanto.
I. III – Do pagamento de impostos do imóvel pelos autores
Ademais, cumpre informar que não subsiste lógica na alegação de que os autores seriam
legítimos possuidores do imóvel usucapiendo por terem pago os impostos decorrentes do
exercício de propriedade do referido imóvel.
Isso porque, como se apurará, a quantia para o pagamento de tais impostos era repassada aos
autores diretamente pelos réus, os quais assim o faziam para facilitar o próprio adimplemento
dos referidos tributos, pois eram os autores que, sendo moradores do local, recebiam, via
Correios, as guias para pagamento de IPTU.
A condição acima consta de cláusula do contrato verbal de parceria agrícola, o qual será,
como dito, comprovado por prova testemunhal. Ainda, os recibos anexos à esta contestação
comprovam que, de fato, os réus repassavam aos autores as quantias referentes ao pagamento
anual do IPTU. Nesse cenário, os autores apenas ficavam com os recibos de pagamento dos
referidos impostos junto à instituição bancária, pois gozavam de plena confiança dos réus.
II – Dos pedidos
Ante o exposto, requer:
1. O julgamento improcedente do pedido, condenando os autores ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios sucumbenciais;
2. Seja determinado aos autores a entrega dos recibos de pagamento dos impostos decorrentes
da propriedade do bem imóvel dos réus (IPTU).
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados,
especialmente prova testemunhal e depoimento pessoal das partes.
Pretende o autor participar de eventual audiência de conciliação/mediação porventura
designada por V. Exa.
Nestes termos, pede deferimento.
Caratinga, 19 de abril de 2016.
ADVOGADO
OAB/MG (...)

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