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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE GAROPABA/SC.

FULANO, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO, RG, CPF


e do, professor, portador do RG n. XXXXX e inscrito no CPF sob n.
022.188.568-40 e FULANA, NACIONALIDADE, ESTADO CIVIL, PROFISSÃO,
CPF, RG, ambos residente e domiciliado ENDEREÇO, vêm por meio de seu
procurador constituído propor

AÇÃO DE USUCAPIÃO, conforme os fatos e fundamentos que serão


explanados a seguir.

PRELIMINARMENTE. DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Rogam os autores pela concessão da benesse pois, caso seja


condenado ao pagamento das custas processuais e dos honorários
advocatícios, o sustento familiar ficará prejudicado.

A prerrogativa está assentada tanto no âmbito constitucional quanto em


lei federal, mais precisamente no artigo 5º, inc. LXXIV da Carta Magna e artigo
99 do NCPC, senão vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos


que comprovarem insuficiência de recursos;

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no
processo ou em recurso.

No âmbito jurisprudencial, é entendimento consolidado do Superior


Tribunal de Justiça de que no caso de concessão da assistência judiciária
gratuita, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que basta a
simples afirmação da parte de que não possui condições de arcar com as
custas do processo, sem prejuízo próprio e/ou de sua família, cabendo à parte
contrária, por se tratar de presunção relativa, comprovar a inexistência ou
cessação do alegado estado de pobreza"(STJ. AgRg no Ag XXXXX/MA, Rel.
Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
17/05/2011, DJe 24/05/2011).

Portanto, requer a concessão do benefício da assistência judiciária.

DOS FATOS

Os requerentes são detentores do imóvel cujo endereço está apontado


na qualificação a partir de DATA, conforme contrato de cessão de direitos que
estão acostados em anexo.
O imóvel possui a seguinte descrição: LOCAL, ÁREA TERRITORIAL,
conforme memorial descrito em anexo

Os autores exercem o domínio do imóvel com ânimo de constituir


morada, a partir de há mais de 8 (oito) anos, 9 (nove) meses e 20 (vinte) dias,
fato este corroborado pela ausência de débitos municipais pendentes.

Diante do atual quadro, vem os requerentes pleitear em juízo a posse


de direito por meio do usucapião ordinário, conforme fundamentação jurídica à
baila.

DO DIREITO

Há um consagrado ditado de origem romana que diz o seguinte: Da


mihi factum, dabo tibi ius (me dá os fatos, e eu te darei o direito).

Os fatos estão expostos atrelados com as provas documentais que


seguem em anexo.

Em seguida, serão arguidos disposições legais, verbetes doutrinários e


posições jurisprudenciais que irão de encontro com o caso vertente, senão
vejamos a seguir.
Os pleiteantes são proprietários do imóvel, conforme memorial
descritivo, com área total de 413,80 m² (quatrocentos e treze metros e oitenta
decímetros quadrados) de forma contínua para constituir moradia.

A modalidade da usucapião é o ordinário e está disposto no art. 1.238,


mais precisamente no parágrafo único que assim dispõe, in fine:

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez


anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou
nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Sobre o tema colhe-se o entendimento manifestado pelo Min. Luis


Felipe Salomão no julgamento do REsp 941.464:

[...] A declaração de usucapião é forma de aquisição originária da


propriedade ou de outros direitos reais, modo que se opõe à aquisição
derivada, a qual se opera mediante a sucessão da propriedade, seja de forma
singular, seja de forma universal. Vale dizer que, na usucapião, a propriedade
não é adquirida do anterior proprietário, mas, em boa verdade, contra ele. A
propriedade é absolutamente nova e não nasce da antiga. É adquirida a partir
da objetiva situação de fato consubstanciada na posse ad usucapionem pelo
interregno temporal exigido por lei. Aliás, é até mesmo desimportante que
existisse antigo proprietário.
Os direitos reais de garantia não subsistem se desaparecer o" direito
principal "que lhe dá suporte, como no caso de perecimento da propriedade por
qualquer motivo. Com a usucapião, a propriedade anterior, gravada pela
hipoteca, extingue-se e dá lugar a uma outra, ab novo, que não decorre da
antiga, porquanto não há transferência de direitos, mas aquisição originária. Se
a própria propriedade anterior se extingue, dando lugar a uma nova, originária,
tudo o que gravava a antiga propriedade - e lhe era acessório - também se
extinguirá.

Assim, com a declaração de aquisição de domínio por usucapião, deve


desaparecer o gravame real hipotecário constituído pelo antigo proprietário,
antes ou depois do início da posse ad usucapionem, seja porque a sentença
apenas declara a usucapião com efeitos ex tunc, seja porque a usucapião é
forma originária de aquisição de propriedade, não decorrente da antiga e não
guardando com ela relação de continuidade. (REsp XXXXX/SC, Quarta Turma,
j. 24.4.2012, DJe 29.6.2012)

Com relação a posse, os pleiteantes possuem pleno gozo em adquirir a


posse, haja vista estarem munidos de contrato de cessão de direitos que
atestam o lapso temporal do imóvel ora em questão.

A propósito do tema, Benedito Silvério Ribeiro destaca, em sua obra:

[...] para que seja justo título da posse, não é preciso que efetivamente
transfira o domínio, basta que tenha em si mesmo as condições previstas para
transferí-lo, embora, por falta do direito no transferente, não se possa operar
essa transferência. O justo título, que é indispensável para alicerçar usucapião
ordinário, é aquele título na aparência legal, mas emanado de quem não e o
legítimo dono. Não podendo título desse jaez operar a transferência da
propriedade, embora hábil em tese para tanto, a maioria dos casos diz respeito
à aquisição a non domino, provindo o impedimento do fato de não ser o
alienante o senhor da coisa. Também pode provir o impedimento da falta de
poder por parte do alienante ou ainda de erro no modo de aquisição." (Tratado
de usucapião. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1. p. 877/878)

O instituto da usucapião é fundamentado, também, na função social da


propriedade, prevista no art. 5º, inciso XXIII, da Carta Magna de 1988.
Segundo Sílvio de Salvo Venosa:

A possibilidade de a posse continuada gerar a propriedade justifica-se


pelo sentido social e axiológico das coisas. Premia-se aquele que se utiliza
utilmente do bem, em detrimento daquele que deixa escoar o tempo, sem dele
utilizar-se ou não se insurgindo que o outro o faça, como se dono fosse.
Destarte, não haveria justiça em suprimir-se o uso e gozo do imóvel (ou móvel)
de quem dele cuidou, produziu ou residiu por longo espaço de tempo, sem
oposição (Direito civil: direitos reais. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 5. p. 211)

Os requerentes possuem pleno gozo da posse do imóvel de forma


mansa e pacífica e assumem o ônus nos pagamentos de tributos, do qual não
pende débitos.

Nesse sentido, não destoa a jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. EXTINÇÃO DA AÇÃO


DEFLAGRADA NA ORIGEM. COMPROMISSO PARTICULAR DE COMPRA E
VENDA DE BEM IMÓVEL. JUSTO TÍTULO. BOA-FÉ. ÂNIMO DE DONO.
LAPSO PRESCRICIONAL DECENAL EXAURIDO NO CURSO DA LIDE.
ESPECIFICIDADES DO CASO A AUTORIZAR O CÔMPUTO DO TEMPO
TRANSCORRIDO APÓS O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. REQUISITOS DO ART.
1.242 DO CÓDIGO CIVIL DELINEADOS. DOMÍNIO DECLARADO EM FAVOR
DOS PRESCRIBENTES. RECURSO PROVIDO (Apelação Cível n.
2016.006516-0, de Itajaí, rel. Des. Fernando Carioni, Terceira Câmara de
Direito Civil, j. 26.4.2016). – GRIFO NOSSO.

Diante dos fatos e fundamentos jurídicos apresentados, presentes os


pressupostos autorizadores da usucapião, inarredável a procedência do pedido
para declarar a propriedade ao autor, procedendo-se a respectiva averbação
no registro competente.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:

a) a citação dos confinantes, para, querendo, contestem a ação no


prazo legal, sob pena de revelia e confissão;

b) a citação dos eventuais interessados, via edital, conforme artigo 942


do CPC;

c) a intimação da Fazenda Pública da União, do Estado e do Município,


via postal, conforme artigo 943 do CPC;

d) a intimação do representante do Ministério do Público;


e) a procedência dos pedidos, para reconhecer a prescrição aquisitiva
especial do imóvel identificado no memorial descritivo pelos autores, a fim de
declarar a aquisição da propriedade em seu favor, determinando a expedição
de mandado de averbação ao Cartório de Registro de Imóveis, ou de criação
de matrícula imobiliária;

f) indeferido o anterior, seja reconhecida a prescrição aquisitiva


ordinária para declarar o imóvel identificado no memorial descritivo, pelos
autores, a fim de declarar a aquisição da propriedade em seu favor,
determinando a expedição de mandado de averbação ao Cartório de Registro
de Imóveis, ou de criação de matrícula imobiliária e

g) a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial, testemunhal e documental.

Dá-se à causa o importe de (VALOR DO IMÓVEL).

Nestes Termos,

Pede-se Deferimento.

LOCAL E DATA

ADVOGADO

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