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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DE

CURITIBA - PR.

JOÃO DE TAL, casado, médico, residente e domiciliado na


Rua X, nº 000, em Curitiba(PR) - CEP nº 77.888-45, inscrito no CPF(MF) sob o nº.
444.555.333-22, vem, por intermédio de seu patrono que abaixo assina – instrumento
procuratório acostado ---, o qual tem escritório profissional consignado no timbre desta,
onde, em atendimento à diretriz fixada pelo art. 39, inciso I, do Estatuto Buzaid, indica-o
para as intimações necessárias, comparece, com supedâneo no art. 59 e segs. c/c art. 47,
inc. III, da Lei do Inquilinato, para ajuizar a presente

AÇÃO DE DESPEJO,
(“COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA – CPC, 273”)

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contra PEDRO DE TAL, solteiro, comerciário, residente e domiciliado na Rua Y, nº 000,
apto. 501, em Curitiba(PR) – CEP nº 77888-99, possuidor do CPF(MF) nº. 222.444.333-22,
pelas razões de fato e direito que a seguir passa a expor.

(1) – SÍNTESE DOS FATOS

O Autor celebrou com o Réu, na data de xx/yy/zzzz, contrato


escrito de locação residencial do imóvel sito na Rua Y, nº. 000, apto. 501, nesta Capital,
com duração de 1(um) ano e aluguel de R$ .x.x. ( .x.x.x. ), tendo como término a data de
zz/xx/yyyy, a qual hoje prorrogada por tempo indeterminado.( doc. 01)

O Promovente,nesta ocasião, necessita do imóvel locado para


uso de sua filha(doc. 02), Maria de Tal, solteira, funcionária pública, possuidora do
CPF(MF) nº. 555.444.333-22, a qual reside em imóvel alheio e locado por Beltrano de Tal,
sito na Rua F, nº. 000, em Curitiba(PR), cujo contrato locatício ora acosta-se.( doc. 03)

De outro norte, imperioso que fique assentado que o Autor é


proprietário do imóvel alugado(doc. 04), alvo de despejo e, mais, sua filha não detém
imóvel residencial próprio, o que se comprova pela Declaração de Imposto de Renda e
Certidões das Serventias Imobiliárias desta Capital( docs. 05/11), atendendo, assim, às
disposições insertas neste tocante na Lei do Inquilinato.( LI, art. 47, inc. III e § 2º).

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Tratando-se a hipótese ora tratada de “ retomada cheia”, razão
qual prescinde de notificação premonitória, ainda assim por cautela o Autor promoveu a
notificação do Réu para desocupação voluntária, concedendo-lhe o prazo de 30(trinta) dias
para entrega do imóvel, o que não estou atendido.( doc. 12)

Diante deste quadro fático, superado o prazo estipulado na


notificação em espécie, restou devido o ajuizamento da presente ação de despejo, visto
que o Réu feriu disciplina prevista na Lei do Inquilinato.

(2) – MÉRITO

Reza a Lei 8.245/91(LI), no aspecto da retomada do imóvel


para uso de descendentes que:

LEI DO INQUILINATO

Art. 47 – Quando ajustada verbalmente ou por escrito e com prazo inferior a trinta
meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se automaticamente,
somente podendo ser retomado o imóvel:
(...)

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III – se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro, ou para uso
residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu
cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio;
(...)
§ 2º - Nas hipóteses dos incisos III e IV, o retomante deverá comprovar ser
proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter
irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula do
mesmo.

Diante disto, oportuno o ajuizamento da presente ação de


despejo, com o propósito de desfazimento da locação, tendo em vista que encontram-se
preenchidos os requisitos legais para tal desiderato, a saber:

( i ) o Autor é proprietário do imóvel locado;


( ii ) a locação tem prazo inferior a trinta meses e encontra-se por prazo
indeterminado;
( iii ) foi demonstrado a qualidade de descendente da beneficiária e, mais, que a
mesma utilizará para fins residenciais, não tendo a mesma, ou seu companheiro,
outro imóvel próprio;

(3) – DA TUTELA ANTECIPADA

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É consabido que é pertinente, nas ações locatícias, o pedido de
tutela antecipada, nos moldes da Legislação Adjetiva Civil.

Segundo o magistério de Luiz Fux, temos que:

“A antecipaçã o da tutela encontra campo fértil no terreno das locaçõ es. A


urgência tã o característica nessa forma de tutela jurisdicional afina-se com a
densidade social do tema locatício, sempre desafiador nã o só da sensibilidade
do juiz mas também de sua prontidã o no atuar da lei, ora em prol do locador
ora em prol do locatá rio.
Aliá s, se pode afirmar que a lei de locaçõ es contempla casos notó rios de tutela
antecipada, inspirados na nossa prá tica judiciá ria e que vieram a lume muito
antes de se cogitar dessa norma in procedendo insculpida no art. 283 do CPC. “
( In, Tutela antecipada e locaçõ es: os fundamentos da antecipada da tutela e
sua aplicaçã o na relaçã o locatícia.
locatícia. Rio de Janeiro: Destaque, 1995. Pá g. 125)

Neste sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO. EXISTÊNCIA DE RECIBOS DE


PAGAMENTOS DE ALUGUÉIS. VEROSSIMILHANÇA E FUNDADO RECEIO DE DANO
IRREPARÁVEL. REQUISITOS PRESENTES. DEFERIMENTO DO PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA PARA DESOCUPAÇÃO DO IMÓVEL.

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Comprovada a verossimilhança das alegações da parte, já que demonstrada a
existência do contrato de locação, sendo também evidente o fundado receio de
dano irreparável, deve ser mantida a decisão que concedeu antecipação de tutela
para desocupação do imóvel. (TJMG
(TJMG - AGIN 1.0317.12.009166-3/002; Rel. Des.
Valdez Leite Machado; Julg. 04/04/2013; DJEMG 12/04/2013)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE


PAGAMENTO C/C COBRANÇA. TUTELA ANTECIPADA. POSSIBILIDADE.
I. A tutela antecipada pode ser concedida em qualquer fase do processo, desde
que presentes os requisitos necessários. II. O rol do art. 59, § 1º, da Lei n.
8.245/91 não é taxativo, sendo possível a antecipação de tutela, em sede de ação
de despejo, quando estão presentes os requisitos do art. 273 do código de
processo civil deram provimento ao recurso. Unânime. (TJRS
(TJRS - AI 507414-
65.2012.8.21.7000; Porto Alegre; Décima Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Ergio
Roque Menine; Julg. 28/02/2013; DJERS 02/04/2013)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LOCAÇÃO NÃO RESIDENCIAL. AÇÃO DE DESPEJO


POR FALTA DE PAGAMENTO. TUTELA ANTECIPADA. POSSIBILIDADE.
A Lei Federal 12.112/2009 deu nova redação ao § 1º do art. 59 da Lei de Locação,
incluindo o inc. IX, que possibilita a concessão de liminar para a desocupação do
imóvel, no prazo de 15 dias, para o caso de falta de pagamento de aluguel e
acessórios da locação. Necessidade de prestação de caução pelo locador.

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RECURSO PROVIDO. (TJSP
(TJSP - AI 0027948-63.2013.8.26.0000; Ac. 6565178; São
Paulo; Vigésima Sexta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Antonio Nascimento;
Julg. 06/03/2013; DJESP 19/03/2013)

O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a


antecipação de tutela “existindo prova inequívoca” e “dano irreparável ou de difícil
reparação”:

Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os


efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou


II - ...

§ 1° - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as


razões do seu convencimento.

§ 2° - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de


irreversibilidade do provimento antecipado.

§ 3° A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua


natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4° e 5°, e 461-A.

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Há nos autos “prova inequívoca” da licitude do pleito, quando
comprovado que o Autor obedeceu os ditames do art. 47 da Lei do Inquilinato para pleitear
o imóvel para descendente, inclusive que:

( i ) o Autor é proprietário do imóvel locado;


( ii ) a locação tem prazo inferior a trinta meses e encontra-se por prazo
indeterminado;
( iii ) foi demonstrado a qualidade de descendente da beneficiária e, mais, que a
mesma utilizará para fins residenciais, não tendo a mesma, ou seu companheiro,
outro imóvel próprio;

Há, outrossim, fundado receio de dano irreparável, porquanto a


filha do Autor, beneficiária do pleito do despejo ora em vertente, é locatária de imóvel
residencial, antes descrito nas linhas iniciais, estando a mesma inadimplente em 3(três)
meses de aluguéis e outros encargos, já tendo recebido notificação de escritório de
advocacia para pagamento do débito em 3(três) dias, sob pena de despejo, o que
comprova-se pelos documentos ora acostados.( docs. 13/17)

A mesma, beneficiária e filha do Autor, encontra-se em


situação financeira difícil, não podendo pagar o débito locatício ou purgar a mora em juízo,
tendo inclusive seu nome já inserto nos órgãos de restrições por conta de atrasos
financeiros.(docs. 18/19).

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O despejo da beneficiária, pois, é iminente e poderá ocorrer
em breve espaço de tempo, situação esta que não devemos negar ser de extrema
gravidade.

A reversibilidade da medida também é evidente, uma vez que


o Réu, se vencedor nesta lide, poderá usufruir novamente do imóvel, na condição de
locatário do Autor.

Diante disto, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte


contrária, tutela antecipada no sentido de:

Por estes motivos, por analogia antes deferindo o


pleito ora formulado de depósito de caução de três(3) meses de
aluguel(LI, art. 59, § 1º c/c art. 64, caput), o Autor requer tutela
antecipada(CPC, art. 273) de desocupação do imóvel locado,
independente da oitiva antecipada do Réu, com a expedição do
competente mandado de desocupação liminar, concedendo a este o
prazo de 15(quinze) dias, a partir da intimação, para voluntariamente
atender ao comando judicial em estudo, sob pena da decretação do
despejo(LI, art. 59, § 1º c/c art. 65).

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Requer, mais, que ordem judicial de desocupação
seja cumprida com ordem de arrombamento de força policial( LI, art.
65)

(4) – PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Posto isto, pede e requer o Autor que Vossa Excelência tome as


seguintes medidas:

a) Determinar a citação do Réu, por mandado, para que o mesmo, querendo,


ofereça defesa no prazo legal, sob pena de revelia e confissão, bem como a
ciência desta ação a eventuais ocupantes ou sublocatários(LI, art. 59, § 2º);

b) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES o pedidos formulados


nesta ação, declarando extinta a relação contratual locatícia em ensejo , com
a decretação do despejo do Réu e eventuais ocupantes c/ou sublocatários,
confirmando e tornando definitiva a tutela antecipada concedida, condenando
o mesmo ao pagamento de custas e despesas processuais, além de
honorários advocatícios;

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c) requer, mais, com o trânsito em julgado desta demanda, seja o Autor
autorizado a levantar a caução depositada, independentemente de novo
pedido neste sentido.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direitos admitidos, por mais especiais que sejam, sobretudo pela oitiva de testemunhas a
serem oportunamente arroladas, se necessário for, além do depoimento pessoal do Réu, o
que desde já requer.

Dá-se à causa o valor de R$ .x.x.x. ( .x.x.x.x ), o qual


corresponde, segundo os ditames do art. 58, inc. III, da Lei do Inquilinato, ao valor de
doze(12) meses de aluguéis.

Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba(PR), .x.x. de x.x.x.x.x do ano de .x.x.x.

Fulano(a) de Tal
Advogado(a)

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