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e consignação de aluguel
A ação de despejo é a ação apropriada para que o locador retome a posse do imóvel, quer seja a
denúncia motivada ou imotivada (art. 5.º da Lei do Inquilinato – Lei 8.245/91). Nos casos em que a Lei
do Inquilinato não deve ser aplicada, como nos casos de locação de apart-hotéis, a ação correta para
retomar a posse do imóvel é a ação de reintegração de posse.
Será réu na ação de despejo o locatário e não o fiador. Entretanto, no despejo por falta de paga-
mento cumulado com o pedido de cobrança, o fiador também poderá figurar como réu.
O sublocatário regular, ou seja, aquele que está ocupando o imóvel com autorização do locador,
deverá ser cientificado quanto ao despejo, independentemente do fundamento da ação (Lei do Inqui-
linato, art. 59, §2.º). A ação, entretanto, é movida contra o locatário, e não o sublocatário, pois inexiste
relação locatícia entre o locador e o último. Deverá apenas dar ciência ao sublocatário quanto aos
termos da ação de despejo.
1 A reconvenção é uma nova ação, promovida pelo próprio demandado, contra o demandante. O pedido da reconvenção deve ter conexão
com o pedido demandante. A reconvenção não se confunde com a contestação, pois vai além dessa, incluindo uma pretensão que não se
limita a negar o pedido do demandante, mas em invocar um novo pedido contra este. Por exemplo, A pretende receber uma importância em
dinheiro de B; este não se limita a contestar o pedido de A, mas vai além, pedindo, em sua reconvenção, que A lhe pague tal importância, pois
é ele o credor e não A.
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A lei exige um acordo qualificado para a concessão de liminar. Se faltarem essas qualidades, o
despejo só poderá ser decretado na sentença.
II - O disposto no inciso II do art. 47, havendo prova escrita da rescisão do contrato de trabalho ou sendo ela demons-
trada em audiência prévia.
Note-se que o ônus de provar a extinção será do locador ao mover a ação de despejo. Sem prova,
haverá a necessidade de audiência prévia para sua demonstração.
III - O término do prazo da locação para temporada, tendo sido proposta ação de despejo em até 30 dias após o
vencimento do contrato.
Se decorridos mais de 30 dias sem oposição do locador, a locação prorroga-se por prazo indeter-
minado (Lei do Inquilinato, art. 50), só podendo ocorrer denúncia vazia após 30 meses da locação.
IV - A morte do locatário sem deixar sucessor legítimos na locação, de acordo com o referido no inciso I do art. 11,
permanecendo no imóvel pessoas não autorizadas por lei;
V - A permanência do sublocatário no imóvel, extinta a locação, celebrada com o locatário.
A sublocação é contrato acessório que se extingue com o fim do principal, ainda que fosse admi-
tida expressamente pelo contrato. Entretanto, nada impede que o sublocatário celebre novo contrato
de locação com o locador, figurando agora como locatário.
Questão controvertida é saber se o rol contido no artigo 59 seria taxativo, ou seja, não admitiria
outras hipóteses de liminar de despejo, ou se o rol seria exemplificativo, ou seja, admitindo a concessão
de liminar fora dessas situações.
Parte da doutrina vem se firmando no sentido de que o rol seria taxativo, pois a concessão de
liminar acelera o despejo, o que pode ser muito prejudicial ao locatário. Notamos que as hipóteses
legais contidas no artigo 59 ocorrem quando há mais que uma mera verossimilhança, há praticamente
uma certeza de que o inquilino deva ser despejado.
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A questão não é pacífica. A jurisprudência já admitiu que nas ação de despejo caberia o pedido de
liminar trazido no artigo 273 do Código de Processo Civil, o que tornaria o rol do artigo 59 exemplificativo.
Não há consenso tanto na jurisprudência quanto na doutrina se o rol trazido pelo artigo 59 seria ou
não taxativo. Inclinamo-nos a acreditar ser o rol exemplificativo, apesar de decisões em sentido contrário.
Prova da propriedade
Determinadas situações exigem que seja apresentada alguma prova de propriedade. São situa-
ções todas elas relacionadas a obras no imóvel. No primeiro caso, são obras determinadas pelo Poder
Público e, nos dois últimos, são obras aprovadas pelo Poder Público que resultem em aumento de 20%
ou 50% da área construída, dependendo do caso (Lei do Inquilinato, art. 9 .º, IV, arts. 47, IV, e 53, II).
Trata-se de uma exigência incoerente. E se o usufrutuário pretende realizar tais obras, estaria ele im-
pedido, já que ele não é efetivamente o proprietário do imóvel? A resposta é negativa e, nesse caso, a junta-
da (ou seja, apresentação do documento no processo) da certidão de propriedade parece desnecessária.
2 A sucumbência é o princípio pelo qual a parte perdedora no processo é obrigada a arcar com os honorários do advogado da parte vence-
dora. (ACQUAVIVA, 1995, p. 1336).
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Vale ressaltar, que não havendo oposição do locatário em sair do imóvel, o locador não poderá
pleitear prazo menor para que o locatário deixe o imóvel, já que se trata de direito concedido ao
locatário.
Purgação da mora
A purgação da mora é um prazo concedido para que o devedor cumpra uma obrigação que
inadimpliu. No caso da ação de despejo, poderá ser concedido um prazo ao locatário para que purgue
a mora quando o fundamento seja a falta de pagamento do aluguel e seus acessórios.
Esse pedido de purgação de mora deverá ser pleiteado pelo locatário nos termos do artigo 62 da
Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91). O juiz, atendendo às circunstâncias do caso, poderá ou não conceder
o benefício para o locatário purgar a mora. Caso seja concedido esse benefício e o locatário efetue o
pagamento do aluguel e seus acessórios, o pedido de rescisão contratual não poderá ser deferido.
Em se tratando de contrato de locação, a purgação se dará por meio de pagamento dos aluguéis,
multas, penalidades contratuais e juros de mora, bem como das custas e dos honorários advocatícios
fixados em 10%, se do contrato não constar valor diverso.
Deferida a purgação pelo juiz, tem o inquilino 15 dias para efetuar o depósito. O prazo se inicia
no momento em que a decisão é publicada e não proferida. Depois de realizado o depósito para a pur-
gação, se o locador alegar insuficiência, terá o locatário dez dias para o complemento. A ausência de
complemento é justo motivo para o despejo.
É importante frisar que não é apenas o inquilino que poderá purgar a mora. Qualquer pessoa,
interessada ou não, poderá fazê-lo, seguindo as regras gerais do pagamento.
Por fim, cabe salientar que não se admitirá a emenda da mora se o locatário já houver utilizado
esse benefício por duas vezes nos 24 meses imediatamente anteriores à propositura da ação (art. 62,
parágrafo único, da Lei 8.245/91).
Nos termos do artigo 67, VI da Lei do Inquilinato, caberá ainda reconvenção na ação de consigna-
ção de aluguel para que o locador peça o despejo e a cobrança dos valores objeto da consignatória ou
da diferença do depósito inicial, na hipótese de ter sido alegado não ser o mesmo integral.
Por fim, o autor (locatário) ainda poderá complementar o depósito inicial, no prazo de cinco dias,
com acréscimo de dez por cento sobre o valor da diferença. Dessa forma, o juiz declarará quitadas as
obrigações, impondo, entretanto, ao autor-reconvindo (ou seja, autor na ação principal e réu na recon-
venção) a responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios.
Texto complementar
Pagamento por consignação
(DINIZ, 2002, p. 245-247)
obsta que o retifique com ofertas supletivas; ou, se houver dúvida sobre o exato montante
do débito, poder-se-á, sem que o credor rejeite, fazer oferta maior e reclamar pela restitui-
ção do que exceder.
2.º) Compreenda a totalidade da prestação devida (art. 314, CC), conforme a obrigação (arts.
233, 244 e 313, CC), incluindo os frutos naturais ou os juros vencidos, quando estipulados
ou legalmente devidos (RT, 186:824, 478:195, 434:246, 449:259). Se na contestação o réu
alegar que o depósito não é integral, é lícito ao autor completá-lo, dentro de dez dias, sal-
vo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato (art.
899, CPC).
3.º) Tenha-se expirado o termo convencionado em favor do credor, isto é, o devedor poderá
consignar assim que a dívida estiver vencida, e em qualquer tempo, se o prazo se estipu-
lou a seu favor (art. 133, CC), ou assim que se verificar a condição a que o débito estava
subordinado (art. 332, CC). Claro está que não poderá consignar com força de pagamento
o devedor em mora.
4.º) Em relação ao modo, se observem todas as cláusulas estipuladas na relação obrigacional.
Atividades
1. Qual é a finalidade da ação de despejo?
2. Cabe a propositura de reconvenção em uma ação de despejo? Em caso negativo, qual o meio
processual adequado para que o locatário possa pleitear algo em face do locador?
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3. Concedida a liminar em uma ação de despejo, qual é o prazo para que o locatário desocupe o
imóvel locado?