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Universidade Federal de Goiás – Regional Goiás

Unidade Acadêmica Especial de Ciências Sociais Aplicadas


Faculdade de Direito

NOME DA DISCIPLINA: Direito Processual Civil V

PROFESSOR RESPONSÁVEL: José Humberto de Góes Junior

CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 64 h/a


CARGA HORÁRIA SEMANAL: 04h/a

Ação de despejo
Cabimento
[
A ação de despejo é adequada para promover a recuperação de imóvel quando,
por infração contratual, término do prazo do contrato ou necessidade de recuperar o bem
para uso próprio, o inquilo não o deixa espontaneamente.

Desconsitui judicialmente o contrato de locação e impõe ao réu ou à ré o dever de


sair do imóvel, sob pena de evacuação forçada.

É regulada pela Lei de Locações - Lei 8.245/1991.

OBS.: É ação de direito real, porque busca a restituição de coisa imóvel, mas seu
fundamento é de direito pessoal, uma vez que está baseada no contrato de locação (isso
repercutirá, por exemplo, na legitimidade ativa e passiva).
]
Função
[
A função da ação de despejo é dupla:

a) rescindir ou resolver o contrato de locação;

b) promover a retomada do bem objeto da locação.

Isso permite que a ação seja ajuizada mesmo em caso de abandono do imóvel pelo
locatário ou pela locatária, de modo que fique assegurado o desfazimento da relação
contratual e se evite que o locatário ou locatária possa se valer do contrato para uma
demanda judicial.
]
Inaplicabilidade da lei de locações
[
Conforme o art. 1º, a Lei 8.245/1991 só regula a locação de imóvel urbano.
Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais;

a) as locações:
1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados e dos Municípios, de suas
autarquias e fundações públicas;

2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de


veículos;

3. de espaços destinados à publicidade;

4. em apart-hotéis, hotéis-residência ou equiparados, assim considerados aqueles


que prestam serviços regulares a seus usuários e como tais sejam autorizados a funcionar;

b) o arrendamento mercantil, em qualquer de suas modalidades.


]
Contratos da lei de locações
Locações residenciais
[
As locações residenciais são locações de imóveis para que sirvam de
moradia para alguém.
]
Por prazo determinado
[
Quando se fala em prazo determinado apenas, fala-se em prazo
igual ou superior a 30 meses. Nesse caso, não existe causa de prorrogação compulsória
do contrato para além do prazo fixado. O direito de retomada do imóvel existe
independente de motivação quando terminado o prazo do contrato e se dá uma
prorrogação tácita. Isso é o que se configura como direito à "denúncia vazia" -
independente de motivação.
]
Denúncia vazia
[
Independente de motivação.
]
Por prazo determinado inferior a 30 meses
[
As locações por prazo inferior a 30 meses impõem prorrogação
legal compulsória do contrato, após o vencimento, se não houver sua denúncia. A
retomada do bem só está autorizada se estiver motivada por alguns dos casos previstos
em lei (art. 9º e 47, II a V, da Lei 8.245/1991). A denúncia vazia pode ocorrer quando a
vigência do contrato passa de 5 anos (art. 47, V, da Lei 8.245/1991).

Art. 9º A locação também poderá ser desfeita:


I - por mútuo acordo;
II - em decorrência da prática de infração legal ou contratual;
III - em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais
encargos;
IV - para a realização de reparações urgentes determinadas pelo
Poder Público, que não possam ser normalmente executadas com a permanência do
locatário no imóvel ou, podendo, ele se recuse a consenti-las.

Art. 47. Quando ajustada verbalmente ou por escrito e com prazo


inferior a trinta meses, findo o prazo estabelecido, a locação prorroga-se
automaticamente, por prazo indeterminado, somente podendo ser retomado o imóvel:

I - Nos casos do art. 9º;


II - em decorrência de extinção do contrato de trabalho, se a
ocupação do imóvel pelo locatário relacionada com o seu emprego;
III - se for pedido para uso próprio, de seu cônjuge ou companheiro,
ou para uso residencial de ascendente ou descendente que não disponha, assim como seu
cônjuge ou companheiro, de imóvel residencial próprio;
IV - se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a
realização de obras aprovadas pelo Poder Público, que aumentem a área construída, em,
no mínimo, vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão,
em cinquenta por cento;
V - se a vigência ininterrupta da locação ultrapassar cinco anos.
]
Denúncia motivada
[
A denúncia vazia só é possível em caso de ultrapassar 5
anos de contrato.
]
Por prazo indeterminado
[
As locações por prazo indeterminado impõem prorrogação legal
compulsória do contrato, após o vencimento, se não houver sua denúncia. A retomada do
bem só está autorizada se estiver motivada por alguns dos casos previstos em lei (art. 9º
e 47, II a V, da Lei 8.245/1991). A denúncia vazia pode ocorrer quando a vigência do
contrato ultrapassa 5 anos (art. 47, V, da Lei 8.245/1991).
]
Denúncia motivada
[
A denúncia vazia só é possível em caso de ultrapassar 5
anos de contrato.
]
Locações não residenciais
[
Se destinam para outros fins que não a moradia, por exemplo, fins
comerciais.

Em regra, não se sujeitam à prorrogação compulsória do contrato.


Permitem a denúncia vazia, desde que o contrato seja por prazo indeterminado e tenha
havido a prévia notificação com 30 dias de antecedência. Autorizam o direito à renovação
da locação por meio de ação renovatória (art. 71 e ss., da Lei 8.245/1991) quando o imóvel
se destinar ao comércio, à indústria ou às sociedades civis com fins lucrativos.

Não permitem denúncia vazia os contratos de imóveis previstos no art. 53


da Lei 8.245/1991. Nesse caso, o contrato é prorrogado automaticamente por tempo
indeterminado e somente permite a retomada do bem de forma motivada.

Art. 53 - Nas locações de imóveis utilizados por hospitais, unidades


sanitárias oficiais, asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados
pelo Poder Público, bem como por entidades religiosas devidamente registradas, o
contrato somente poderá ser rescindido: (Redação dada pela Lei nº 9.256, de 9.1.1996)
I - nas hipóteses do art. 9º;
II - se o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário,
em caráter irrevogável e imitido na posse, com título registrado, que haja quitado o preço
da promessa ou que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário, pedir o imóvel
para demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em aumento
mínimo de cinqüenta por cento da área útil.
]
Locações especiais
[
São aquelas em que o imóvel se presta para locação para temporada. Tem
prazo máximo de 90 dias. O pedido de despejo deve ser promovido em, no máximo, 30
dias após a conclusão do contrato (art. 59, § 1º, III, da Lei 8.245/1991). Após esse prazo,
a locação se converte em locação comum e é prorrogada por tempo indeterminado.

Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de


despejo terão o rito ordinário.

§ 1º Conceder-se- á liminar para desocupação em quinze dias,


independentemente da audiência da parte contrária e desde que prestada a caução no valor
equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento exclusivo:

III - o término do prazo da locação para temporada, tendo sido proposta a


ação de despejo em até trinta dias após o vencimento do contrato;
]
Rito
[
Art. 59. Com as modificações previstas pela Lei de Locações, as ações de despejo
terão o rito ordinário. Isso significa dizer que seguem subsidiariamente o rito comum.

Por exemplo, o art. 58, I, previa a manutenção do trâmite em período de férias


forenses. Com a extinção das férias forenses pela emenda 45/2004 e pelo art. 220 CPC,
que não trata de férias forenses, mas de suspensão de prazos entre 20 de dezembro e 20
de janeiro, é possível dizer que os processos de despejo não têm prazos correndo nesse
período.
]
Competência
[
A ação de despejo deve ser ajuizada no foro da situação da coisa, salvo em caso
de previsão de foro em contrato (art. 58, II, da Lei 8.245/1991).

A competência é relativa. Para devolver ao foro previsto em lei ou em contrato,


cabe ao réu ou à ré promover a exceção de incompetência.

Se a ação tiver como fundamento a recuperação do imóvel para uso próprio,


independentemente do valor da locação, a demanda pode ser ajuizada no Juizado Especial
(art. 3º, III, Lei 9.099/1995).
]
Legitimidade
[
Pode propor a ação de despejo o locador ou a locadora de imóvel, ainda que não
tenha a sua propriedade (Ex.: o locatorário ou a locatária que tenha sublocado bem de
terceiro).

Aquela pessoa que possua a propriedade sem os poderes dela decorrentes (o nu-
proprietário) não pode ajuizar a ação de despejo.

Em casos previstos no art. 60, da Lei 8.245/1991, somente o proprietário ou a


proprietária, o promitente-comprador ou promitente-compradora, o promitente-
cessionário ou a promitente-cessionária do imóvel pode ajuizar a ação:

a) para a realização de reparações urgentes determinadas pelo Poder Público, que


não possam ser normalmente executadas com a permanência do locatário no imóvel ou,
podendo, ele se recuse a consenti-las;

b) se for pedido para demolição e edificação licenciada ou para a realização de


obras aprovadas pelo Poder Público que aumentem a área construída em, no mínimo,
vinte por cento ou, se o imóvel for destinado a exploração de hotel ou pensão, em
cinquenta por cento;

c) se o proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em caráter


irrevogável e imitido na posse, com título registrado, que haja quitado o preço da
promessa ou que, não o tendo feito, seja autorizado pelo proprietário, pedir o imóvel para
demolição, edificação, licenciada ou reforma que venha a resultar em aumento mínimo
de cinquenta por cento da área útil.
Art. 60. Nas ações de despejo fundadas no inciso IV do art. 9º, inciso IV do art.
47 e inciso II do art. 53, a petição inicial deverá ser instruída com prova da propriedade
do imóvel ou do compromisso registrado.

No polo passivo da demanda figurará o inquilino ou a inquilina que atua como


parte no contrato de locação. Se ambos os cônjuges tiverem assinado o contrato, ambos
deverão figurar no polo passivo. Mas, por se tratar de ação fundada em direito pessoal,
não há litisconsórcio necessário.

Quando a ação de despejo se fundar em não pagamento de alguéis e o contrato


tiver fiador ou fiadora, esta pessoa também deverá integrar o polo passivo da demanda
para que a execução possa alcançá-la e ao seu patrimônio. (art. 513, § 5º, CPC; Súmula
268 STJ). Se não for citado o fiador ou citada a fiadora, deverá ser ajuizada demanda de
cobrança para sua inclusão na condenação pelos valores devidos.

As intervenções de terceiros se dão nos moldes da legislação processual comum.


Os sublocatários e as sublocatárias, se tiverem contrato formalizado, deverão ter ciência
prévia do ajuizamento da demanda para, se quiserem, intervir como assistentes (art. 59, §
2º, da Lei 8.245/1991).
]
Procedimento
Petição Inicial
[
Além dos requisitos comuns da petição inicial, esta deve conter o valor da
causa correspondente a 12 meses do valor do aluguel, ou, no caso de imóvel locado em
razão de contrato de trabalho, a soma de 3 salários vigentes quando da propositura da
ação (art. 58, III, da Lei de Locações).

Também deve ser instruída com a prova da propriedade do imóvel ou do


compromisso registrado sempre que se basear na previsão do art. 60 da lei de locações.
]
Comunicações (citações, intimações e notificações)
[
As comunicações processuais poderão ser feitas, apesar do regime
geral do CPC, por correspondência com aviso de recebimento ou, em se tratando de
pessoa jurídica, por telex ou fax (art. 58, IV, Lei de Locações).
]
Concessão de liminar antecipatória - desocupação do
imóvel em 15 dias
[
A ação de despejo tem em seu procedimento a previsão de
liminar antecipatória para a desocupação do imóvel em 15 dias, independente da
audiência da parte contrária (art. 59, § 1º, Lei de Locações). Como requisito para a
concessão da liminar, o autor ou a autora deve prestar caução no valor equivalente a 3
meses de aluguel. Além disso, a ação precisa ter os seguintes fundamentos:

a) o descumprimento do mútuo acordo (art. 9º, inciso I),


celebrado por escrito e assinado pelas partes e por duas testemunhas, no qual tenha sido
ajustado o prazo mínimo de seis meses para desocupação, contado da assinatura do
instrumento;

b) em caso de bem alugado em razão de contrato de


trabalho, desde que haja prova escrita da rescisão do contrato de trabalho ou sendo ela
demonstrada em audiência prévia;

c) o término do prazo da locação para temporada, tendo sido


proposta a ação de despejo em até trinta dias após o vencimento do contrato;

d) a morte do locatário sem deixar sucessor legítimo na


locação, de acordo com o referido no inciso I do art. 11, permanecendo no imóvel pessoas
não autorizadas por lei;

e) a permanência do sublocatário no imóvel, extinta a


locação, celebrada com o locatário;

f) havendo a necessidade de se produzir reparações urgentes


no imóvel, determinadas pelo poder público, que não possam ser normalmente executadas
com a permanência do locatário, ou, podendo, ele se recuse a consenti-las;

g) o término do prazo notificatório de 30 dias, previsto no


parágrafo único do art. 40, sem apresentação de nova garantia apta a manter a segurança
inaugural do contrato;
h) fim do prazo notificatório sem apresentação de nova
garantia idônea a manter a segurança inicial do contrato de locação com garantia;

i) o término do prazo da locação não residencial, tendo sido


proposta a ação em até 30 (trinta) dias do termo ou do cumprimento de notificação
comunicando o intento de retomada;

j) a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação


no vencimento, estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no art.
37, por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração dela,
independentemente de motivo.

Para Marinoni, as garantias de que se cerca a Lei de


Locações para permitir a tutela provisória (especialmente a de urgência) não têm mais
sentido no direito atual. O regime mais simples do CPC (arts. 294 e ss.), previsto para
qualquer espécie de procedimento, deve ser aplicado para a ação de despejo. Nesse
sentido, não pode haver interpretação restritiva do art. 59, § 1º, da Lei de Locações. Ou
seja, nos casos enumerados pelo artigo, a concesssão da tutela provisória satisfativa não
se sujeita aos requisitos gerais do art. 300 do CPC. Fora esses casos, o autor ou a autora
deverá comprovar os requisitos dos arts. 300 e 311 CPC (risco de prejuízo, abuso de
direito de defesa ou manifesto propósito protelatório, caso de pedido evidente - com a
demonstração dos pressupostos respectivos).
]
Resposta do Réu ou da Ré
[
A ação de despejo admite qualquer tipo de resposta,
contestação ou reconvenção. A ausência de contestação também implica em revelia.

Em caso de ação de despejo fundada em denúncia


vazia de contrato de locação residencial por prazo indeterminado (com tempo maior que
5 anos) ou baseada em pedido para uso próprio (art. 47, III, LL) ou para demolição,
edificação licenciada ou realização de obras aprovadas pelo Poder Públio que aumentem
a área construída (+ de 20% ou, no caso de locação para hotel ou pensão, em 50%), poderá
o réu, concordando com a desocupação) se beneficiar de prazo maior para a desocupação
voluntária do bem (caso especial de reconhecimento do pedido).

Ao tempo que é acolhida a pretensão do autor ou


autora, o juízo fixa prazo de 6 meses para saída voluntária do réu, contados da citação.
O réu também deve pagar custas, honorários
advocatícios (20%). Se o réu sair no prazo, fica isento desse ônus. Não cumprida a
decisão, será expedido mandado de despejo.

Art. 61 Nas ações fundadas no § 2º do art. 46 e nos


incisos III e IV do art. 47, se o locatário, no prazo da contestação, manifestar sua
concordância com a desocupação do imóvel, o juiz acolherá o pedido fixando prazo de
seis meses para a desocupação, contados da citação, impondo ao vencido a
responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios de vinte por cento sobre o valor
dado à causa. Se a desocupação ocorrer dentro do prazo fixado, o réu ficará isento dessa
responsabilidade; caso contrário, será expedido mandado de despejo.

Apesar dessa previsão, nada impede que as partes


tracem outro regime para a desocupação do bem (prazo maior e/ou outras condições).
Nesse caso, não se aplica o preceito em exame, mas o Regime da transação, contemplada
no direito processual comum.
]
Audiência prévia
[
Em caso de bem alugado em razão de contrato de trabalho,
a liminar de despejo poderá ser concedida após audiência prévia para demonstração da
rescisão do contrato de trabalho;
]
Despejo por falta de pagamento de aluguéis
[
Essa ação está prevista no art. 62 da Lei de Locações.

O interesse dominante nessa demanda é o recebimento dos valores


devidos. Mas, a lei permite a cumulação de pedidos no processo, admitindo que o pedido
de despejo venha acompanhado da cobrança das dívidas quanto ao aluguel e acessórios
da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou somente de quaisquer dos
acessórios da locação.

É uma forma especial de cumulação porque são pedidos que não se


sujeitam ao mesmo rito processual. Portanto, não se aplica o art. 327, § 2º, CPC.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo
réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de
procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum,
sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos
procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem
incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.

Mantém-se o rito especial da Lei de Locações. O procedimento comum é


aplicável de forma subsidiária.

A cumulação de despejo e cobrança de dívidas, apesar de prevista, é


facultativa. É possível que se peça uma providência e não outra e é possível que sejam
cumuladas com pedidos de despejo fundados em outras causas de pedir.

Se houver cobrança de valores, a inicial dever ser acompanhada pela


memória de cálculo discriminando o valor do débito.

Se a ação é proposta também contra fiadores ou fiadoras, estas pessoas


somente estarão sujeitas à parte referente à cobrança de valores. O locatário ou a locatária
figura como réu ou ré na parte referente à rescisão do contrato e, com efeito, do despejo.
Afinal, fiador ou fiadora não faz parte do contrato de locação.
]
Petição inicial com demonstrativo de cálculo
Citação do réu - prazo de 15 dias
[
Quando o réu é beneficiário ou a ré é beneficiária de
assistência judiciária gratuita, o prazo é contado em dobro, devendo haver intimação
pessoal do defensor público ou da defensora pública.
]
Contestação com Purgação da mora
[
A purgação da mora é a uma forma por meio de que
o réu ou a ré se prontifica a saldar a dívida existente. No prazo para resposta, requer o
pagamento do valor devido atualizado (independentemente de novo cálculo), depositando
judicialmente a importância solicitada (incluídos aluguéis, acessórios vencidos até o
efetivo pagamento, as multas, penalidades contratuais eventualmente incidentes, os juros
de mora, as custas e os honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa, salvo
disposição contratual em contrário).

Os honorários são devidos mesmo em caso de o réu


ou a ré possuir benefício da assistência judiciária gratuita, pois se trata de uma
indenização ao locador pelas depesas que teve para receber os valores a que tinha direito.

A possibilidade de purgação da mora só pode ser


concedida uma única vez dentro de 24 meses.

Art. 62

Parágrafo único. Não se admitirá a emenda da mora


se o locatário já houver utilizado essa faculdade nos 24 (vinte e quatro) meses
imediatamente anteriores à propositura da ação.

Nesse caso, a contestação não poderá mais negar a


existência de dívida. Mas, poderá apresentar outras matérias, como questões processuais
e discutir o valor pretendido.
]
Intimação da autora ou do autor sobre o
depósito
Concordância
Impugnação
Intimação do réu ou da ré
para completar o valor em 10 dias
Realizada a
complementação
Não realizada a
complementação
Pedido de
despejo segue pela diferença pretendida
O autor
ou a autora pode levantar a parte incontroversa (art. 62, IV, Lei 8.245/1991)
[
De
acordo com o art. 323 CPC e com a Lei de Locações, também deverão ser depositadas as
parcelas que forem vencendo. O locador ou a locadora poderá levantar os valores à
medida que forem sendo depositados se não houver controvérsia.
]

Procedência dos pedidos de cobrança e despejo

Providências para a rescisão contratual e para o despejo

Expedição do mandado de despejo

O réu ou a ré deve ser intimado ou intimada pessoalmente do mandado de despejo,


que terá o prazo de 30 dias ou de 15 dias, em casos especiais.

Art. 63. Julgada procedente a ação de despejo, o juiz determinará a expedição de


mandado de despejo, que conterá o prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação
voluntária, ressalvado o disposto nos parágrafos seguintes.

§ 1º O prazo será de quinze dias se:

a) se entre a citação e a sentença de primeira instância houverem decorrido mais


de quatro meses; ou

b) o despejo houver sido decretado com fundamento no art. 9º ou no § 2º do art.


46 (mútuo acordo, infração contratual ou legal, falta de pagamento de aluguéis e
acessórios ou a denúncia vazia em caso de contrato de locação residencial prorrogado
tacitamente após o vencimento do seu prazo).
§ 2° Tratando-se de estabelecimento de ensino autorizado e fiscalizado pelo Poder
Público, respeitado o prazo mínimo de seis meses e o máximo de um ano, o juiz disporá
de modo que a desocupação coincida com o período de férias escolares.

§ 3º Tratando-se de hospitais, repartições públicas, unidades sanitárias oficiais,


asilos, estabelecimentos de saúde e de ensino autorizados e fiscalizados pelo Poder
Público, bem como por entidades religiosas devidamente registradas, e o despejo for
decretado com fundamento no inciso IV do art. 9º ou no inciso II do art. 53, o prazo será
de um ano, exceto no caso em que entre a citação e a sentença de primeira instância houver
decorrido mais de um ano, hipótese em que o prazo será de seis meses.

§ 4° A sentença que decretar o despejo fixará o valor da caução para o caso de ser
executada provisoriamente.

Réu ou ré ainda permanece no imóvel

Desocupação ex officio com apoio de força policial

Art. 65. Findo o prazo assinado para a desocupação, contado da data da


notificação, será efetuado o despejo, se necessário com emprego de força, inclusive
arrombamento.

§ 1º Os móveis e utensílios serão entregues à guarda de depositário, se não


os quiser retirar o despejado.

§ 2º O despejo não poderá ser executado até o trigésimo dia seguinte ao do


falecimento do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão de qualquer das pessoas que
habitem o imóvel.
Art. 66. Quando o imóvel for abandonado após ajuizada a ação, o locador
poderá imitir-se na posse do imóvel.

Providências para o recebimento dos valores de aluguel

Recursos

Art. 58

V - os recursos interpostos contra as sentenças terão efeito somente devolutivo.

A efetivação do despejo não exige o trânsito em julgado da sentença. Mas, estão


previstas algumas garantias para o cumprimento provisório da sentença.

Art. 64. Salvo nas hipóteses das ações fundadas no art. 9º, a execução provisória
do despejo dependerá de caução não inferior a 6 (seis) meses nem superior a 12 (doze)
meses do aluguel, atualizado até a data da prestação da caução. (Redação dada pela Lei
nº 12.112, de 2009)

§ 1° A caução poderá ser real ou fidejussória e será prestada nos autos da execução
provisória.

§ 2° Ocorrendo a reforma da sentença ou da decisão que concedeu liminarmente


o despejo, o valor da caução reverterá em favor do réu, como indenização mínima das
perdas e danos, podendo este reclamar, em ação própria, a diferença pelo que a exceder.

A caução não é exigível quando o fundamento do despejo for o descumprimento


de acordo para a desocupação voluntária do bem, a infração de obrigação legal ou
contratual ou a necessidade de reparos urgentes.
A jurisprudência tem entendido como numerus clausus as situações em que está
dispensada a caução.

Transportando o regime do CPC para a ação de despejo, art. 521, a caução poderá
ser dispensada se o autor ou autora demonstrar que:

a) o crédito é de natureza alimentar, independentemente de sua origem;

b) o credor demonstrar situação de necessidade;

c) pender apenas o agravo do art. 1.042 (agravo em recurso especial ou


extraordinário);

d) a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula


da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou em
conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos.

Porém, a exigência de caução será mantida quando da dispensa possa resultar


manifesto risco de grave dano de difícil ou incerta reparação ao réu.

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