Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONTRATOS EM ESPÉCIE
1
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
1. LOCAÇÃO DE COISA.
2. LOCAÇÃO PREDIAL URBANA. Análise dos dispositivos materiais da Lei n.º
8.245/91.
3. LOCAÇÃO PREDIAL RURAL.
4. EMPRÉSTIMO:
4.1. Comodato;
4.2. Mútuo.
5. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
6. EMPREITADA.
7. DEPÓSITO.
8. MANDATO.
9. COMISSÃO.
10. AGÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO.
11. CORRETAGEM.
12. TRANSPORTE.
13. SEGURO.
14. CONSTITUIÇÃO DE RENDA
15. JOGO E APOSTA.
16. FIANÇA.
17. TRANSAÇÃO.
18. COMPROMISSO.
2
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
3
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
LOCAÇÃO DE COISA
BASE LEGAL
Contrato através do qual uma das partes se obriga a ceder a outra, por tempo
determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.
DENOMINAÇÕES OU NOMENCLATURAS
III.1) Locador; senhorio e arrendador – Parte que se obriga a ceder o uso e gozo da
coisa, sendo que locador pode ser usado para qualquer modalidade de locação.
III.2) Locatário; inquilino e arrendatário – Parte que recebe o uso e gozo da coisa
cedida pelo locador, sendo que locatário pode ser usado para qualquer modalidade
de locação.
III.3) Aluguel; aluguer ou renda – Valor da retribuição pela locação.
NATUREZA JURÍDICA
Bilateral – Porque envolve prestações (obrigações) recíprocas para cada uma das
partes.
Comutativo – Há uma certeza de que haverá prestação e contraprestação.
Oneroso – Importa em vantagem e sacrifício para as partes. Existe uma remuneração
a ser paga pelo locatário.
Consensual – Se aperfeiçoa por simples consenso, não sendo necessária a tradição
como elemento constitutivo do contrato.
Não solene – A Lei não exige forma especial para o seu aperfeiçoamento e validade.
OBJETO
4
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
Coisa móvel ou imóvel não fungível ou infungível (pela disciplina do Código Civil).
Imóvel urbano (Lei do Inquilinato), levando-se em consideração a destinação da
locação, ou seja, a sua finalidade, e não a localização geográfica do imóvel.
Imóvel rural (Estatuto da Terra), levando-se em consideração a destinação, e não a
localização geográfica.
O contrato de locação pode ser celebrado por qualquer prazo, sendo desnecessária a
vênia conjugal.
5
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
Seja qual for o fundamento para o término da locação, a ação do locador para reaver
o imóvel locado é a de despejo.
A regra geral é de que não pode o locador reaver o imóvel durante o prazo
determinado no contrato; somente podendo fazê-lo nas exceções previstas no art. 9º
da Lei, que são hipóteses de retomada do imóvel motivadas (mútuo acordo; prática
de infração legal ou contratual pelo locatário; falta de pagamento do aluguel e
encargos e realizações de obras urgentes pelo Poder Público).
Por sua vez, o locatário pode devolver o imóvel antes do prazo ajustado no contrato,
pagando a multa proporcional (cláusula penal compensatória), prevista no contrato.
Estará, no entanto, dispensado do pagamento da multa se a restituição antecipada
decorre da transferência de emprego, devendo notificar o locador com antecedência
mínima de 30 dias.
6
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
Manifestação em 30 dias;
Condômino tem privilégio em relação ao locatário;
Se preterido poderá reclamar do alienante as perdas e danos, ou;
Depositando o preço, haver para si o imóvel, desde que:
requerer no prazo de 6 meses a contar do registro, e
contrato de locação averbado pelo menos 30 dias antes da alienação.
Possibilidade de denúncia do contrato por prazo determinado em virtude da alienação
(art. 8º). A alienação confere direito ao novo proprietário (adquirente do imóvel locado)
de denunciar o contrato concedendo 90 dias para a desocupação pelo inquilino. A
denúncia deve ser feita, também, no prazo de 90 dias, contado do registro da venda
no Cartório de Imóveis. Se decorrer o prazo, sem a denúncia, presume-se que o novo
proprietário concorda com a manutenção da locação. Vale ressaltar a exceção a esta
regra: Se a locação for por prazo DETERMINADO e o contrato contiver cláusula DE
VIGÊNCIA (cláusula que prevê a continuidade da locação em caso de alienação),
estando registrado junto à matrícula do imóvel, deve o adquirente respeitar a locação
em todos os seus termos.
7
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
súmula 335 do STJ, cabendo discussão sobre ela se o contrato for configurado como
de adesão, o que não é fácil nas locações em geral.
8
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
9
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
II) OBJETO:
III) CONCEITO
Imóvel rural – prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização,
que se destina à exploração extrativa, agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer
através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada.
Arrendamento Rural – é o contrato agrário pelo qual uma pessoa obriga-se a ceder à
outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes do
10
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e/ou facilidades, com o objetivo
de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agro-industrial,
extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites da lei.
Se determinado o prazo, ele somente pode ser estabelecido para terminar depois de
ultimada a colheita, prorrogando-se inclusive o prazo caso haja retardamento da
colheita por motivo de força maior (art. 95, I, Lei 4.504/64).
Celebrado por prazo indeterminado, com duração incerta, ou na falta de estipulação,
presume-se contratado por um prazo mínimo de três anos, observada a regra do
tempo indispensável a uma colheita (art. 95, II, Lei 4.504/64). Essa regra se dá em
benefício do arrendatário, que é quem tem interesse na retenção da coisa em função
do aproveitamento da terra (as culturas variam e não teria sentido privar o
arrendatário das mesmas, deixando-o no prejuízo).
8. EMPRÉSTIMO
I) CONCEITO
II) PARTES
III) OBJETO
IV) FORMA
Escrita ou verbal.
11
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
V) PRAZO
Determinado ou indeterminado ou até a finalidade a que se destina.
I – CONCEITO
12
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
II – PARTES
III – OBJETO
Qualquer bem fungível que o mutuante seja dono. OBS.: o mais comum é ter
por objeto dinheiro, mas nada impede que recaia sobre qualquer bem fungível, como
frutas em geral por exemplo.
Bem fungível é aquele que pode ser substituída por outra do mesmo gênero,
qualidade e quantidade.
IV – FORMA
Escrita ou verbal.
V – NATUREZA JURÍDICA
Real, pois se aperfeiçoa somente com a tradição, ou seja, entrega do bem pelo
mutuante ao mutuário.
Unilateral – para alguns doutrinadores, como Pontes de Miranda, quando o mútuo é
oneroso, teria natureza bilateral.
Gratuito – posicionamento tradicional
Oneroso – com base no art. 591, CC, quando o mútuo é destinado a fins econômicos,
sendo presumidos os juros devidos.
Para o prof. Venosa, a regra geral, no novo código civil é que o mútuo é contrato
oneroso, remunerado, sendo os juros presumidos neste empréstimo, quando
destinados a fins econômicos.
OBS.: assim, o mútuo será gratuito quando tiver caráter de pura liberalidade, sem
destinação econômica ressaltada ou acentuada.
Temporário – com a finalidade de consumo da coisa emprestada e obrigação de
restituição (sem esta, seria doação).
Não solene e informal – pois a lei não exige forma em regra
Translatício do domínio – pois transfere a propriedade dos bens infungíveis para o
mutuário, que fica obrigado a restitui-los no mesmo gênero, qualidade e quantidade
no termo final do contrato.
13
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
VII – CAPACIDADE
14
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
É o contrato pelo qual uma das partes obriga-se a prestar serviços a outra, mediante
remuneração;
É contrato mediante o qual uma pessoa se obriga a prestar um serviço à outra,
eventualmente, em troca de determinada remuneração, executando-os com
independência técnica e sem subordinação.
Ao contrário da empreitada, a prestação de serviços não destaca o fim da obra, mas a
atividade do obreiro, em favor do dono do serviço, durante certo lapso de tempo.
Na prestação de serviços, cada parcela ou fração da atividade do agente constitui
cumprimento da obrigação, ao contrário da empreitada, cuja obrigação, em regra, é a
entrega da obra devidamente acabada.
Constituir-se-á prestação de serviços (e não empreitada) quando o obreiro executar
trabalho sob dependência e fiscalização do outro contratante, ao contrário da
empreitada, que em regra, atua com certa independência em relação ao dono da
obra.
Assim, enquanto a empreitada se constitui numa obrigação de resultado, trata-se, a
prestação de serviços, de uma obrigação de meio.
PARTES
15
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
NATUREZA JURÍDICA
O dono do negócio que perdeu seu prestador em favor de outro poderá ser
indenizado;
Pagará ao dono do serviço, por dois anos o que era devido ao prestador do serviço;
Será punível, desde que haja contrato escrito, exclusividade da prestação e
especialização do prestador.
Assim, presentes essas premissas, o dono do negócio que perdeu seu prestador de
serviço em favor de outro poderá ser indenizado, por parte do aliciador, com o valor
de dois anos da remuneração paga ao prestador. Há, no entanto, aspectos que
devem ser considerados no caso concreto: a especialidade ou não da prestação; o
grau de especialização do sujeito; a exclusividade nessa prestação de serviço etc. Se
não há cláusula de exclusividade e o prestador continua a atender eficazmente a
ambos os contratantes, por exemplo, não haverá, em tese, possibilidade de
indenização, uma vez que há prestadores de serviços cuja atividade permite atender
a vários clientes. No entanto, em se tratando de um técnico de alta especialização,
que se vincula com exclusividade para a manutenção de um equipamento perante um
dono do serviço, por exemplo; o aliciamento por terceiro, concorrente no mesmo
mercado, gerará dever de indenizar.
Não será paga a remuneração normal do trabalho a quem o realizou sem a devida
habilitação, levando-se em consideração que o art. 606 do CC estabelece que o
prestador não poderá cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho
executado;
Porém, se resultar em benefício para outra parte, o Juiz fixará o valor do serviço.
Assim, se houver benefício para o contratante e boa fé do prestador, o Juiz poderá
atribuir uma compensação pelos serviços prestados, chegando parte da doutrina a
16
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
CONCEITO
17
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
É o contrato pelo qual uma das partes se propõe a executar uma atividade do início
ao fim, mediante remuneração. É uma obrigação de resultado. Na empreitada é
considerado o resultado final, e não a atividade a ser desenvolvida Exs.: escrever um
livro ou confeccionar um software.
Segundo Caio Mário da Silva Pereira, empreitada é o contrato em que uma das
partes se obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar certo trabalho para a
outra, com material próprio ou por ele fornecido, mediante remuneração global ou
proporcional ao trabalho executado.
PARTES
OBJETO
É a obrigação de fazer, cabendo bem material ou imaterial – como realizar uma obra,
pintar uma casa, pintar um quadro ou escrever um livro, com o compromisso do
resultado. Pode ser intuito personae, mas para que seja, dependerá neste caso de
convenção das partes, já que a regra geral é de que o contrato de empreitada não é
personalíssimo, já que tanto o empreiteiro como o dono da obra poderão transferir
para terceiros os direitos e deveres resultantes do contrato celerado. Confirma esta
regra o disposto no art. 626 do CC: “Art. 626. Não se extingue o contrato de
empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às
qualidades pessoais do empreiteiro.”
O contrato de empreitada tem por objeto a execução de obras corpóreas
(materiais) e incorpóreas (imateriais). Funda-se, primeiramente, numa obrigação
precisa e determinada de fazer e, secundariamente, numa obrigação de dar coisa
certa. Tal contrato pode recair, por exemplo, sobre a realização de uma determinada
obra, a pintura de uma casa, a pintura de um quadro, o escrever de um livro etc... em
que se conta com o compromisso de seus resultados. Insta aqui ressaltar que nada
impede que este contrato possua natureza intuitu personae, mas depende de cláusula
expressa neste sentido.
NATUREZA JURÍDICA
Não solene – porque não é daqueles contratos a que a lei impõe forma determinada;
pode ser convencionado na forma escrita ou verbal;
18
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
19
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
SUBEMPREITADA
RESPONSABILIDADE DO CONSTRUTOR
20
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
Sendo a empreitada de lavor, e a construção perecer antes de sua entrega sem que o
tomador esteja em mora ou o empreiteiro tenha tido culpa no seu perecimento, este
perderá a retribuição, exceto se provar que a perda da construção se deu em virtude
dos materiais fornecidos pelo tomador, em relação aos quais já havia reclamado (em
relação à qualidade ou quantidade) (art. 613, CC).
Na empreitada de material (fornecidos pelo empreiteiro), os riscos correm por sua
conta até o momento da entrega da obra. Se o tomador estiver em mora (recusa em
receber), os riscos se transferem para ele, passando a ele a assumir o ônus
decorrente de sua mora (art. 611, CC).
Se a empreitada for de mão de obra, os riscos correm por conta do tomador, exceto
na hipótese de o empreiteiro agir com culpa na execução do trabalho (art. 612, CC).
É o contrato pelo qual uma pessoa (depositária) recebe um objeto móvel para
guardar, até que uma outra (depositante) o reclame. É inerente ao contrato, portanto,
a obrigação de restituir a coisa pelo depositário, quando solicitado pelo depositante.
Depósito é o ato pelo qual uma pessoa recebe, temporariamente, um bem móvel
alheio com obrigação de guardá-lo e restituí-lo. Trata-se de uma obrigação de
custódia e se perfaz com a entrega da coisa.
Segundo José Carlos Moreira Alves, "O depósito é o contrato pelo qual uma pessoa
(deponens — depositante) entrega a outra (depositarius — depositário) coisa móvel
infungível para que esta, gratuitamente, a guarde e a restitua quando solicitada pela
primeira".
No contrato de depósito a guarda da coisa é essencial. A custódia intervém no
contrato como fim primacial e nunca em caráter subsidiário como ocorre, por exemplo,
no mandato, no comodato, na locação, etc. Em todas essas hipóteses a guarda da
coisa simplesmente decorre de outro contrato perfeito e acabado que não o de
depósito. No comodato, por exemplo, o comodatário recebe a coisa para seu uso e
não para guardá-la, como acontece no depósito. A restituição da coisa se constitui
como elemento crucial do contrato, cuja inobservância pode acarretar sanções civis e
penais ao depositário.
PARTES
21
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
OBJETO
NATUREZA JURÍDICA
ESPÉCIES
22
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
- Voluntário ou Necessário
Voluntário ou convencional (arts. 627 ao 646, CC)
- É o contrato típico de depósito, resultante do acordo livre de vontade das partes.
Assim, caracteriza-se o depósito voluntário, também denominado ordinário ou
tradicional, por se formar pela vontade das partes, derivando de livre ajuste dos
contratantes. Parte da doutrina subdivide a espécie depósito voluntário em duas
subespécies: regular ou irregular, analisados abaixo.
Necessário (art. 647 ao 652, CC)
Esta modalidade independe da vontade das partes, por ser resultante de lei, de fatos
alheios e/ou extraordinários. Assim, a segunda espécie de contrato de depósito
regulada pelo Código Civil, denominada necessário, é diferente do primeiro
(voluntário), porque se conclui independente da vontade das partes e pode ter origem
em fatos imprevisíveis ou gerados por situação de urgência, os quais impedem o
depositante de escolher o depositário de sua confiança para a guarda da coisa.
Subdivide-se em:
b.1) Legal – resultante da lei, decorrente de obrigação legal (art. 647, I, CC)
Ex.: art. 1233, § único: descobridor de coisa perdida.
b.2) Miserável – Ocorre em virtude de alguma calamidade pública, como incêndio,
inundação, naufrágio ou saque (art. 647, II, CC).
b.3) de Hospedeiro ou hoteleiro – Ocorre depósito em relação a bagagem dos
viajantes, hóspedes ou fregueses nas hospedarias, hotéis ou casas de pensão (art.
649, CC).
- Respondem por furtos e roubos (art. 649, § único, CC);
- Cabe penhor legal, pelas despesas inadimplidas pelos viajantes, hóspedes ou
fregueses (art. 1467, CC).
- Regular ou Irregular
Regular – Tem por objeto coisas infungíveis, devendo ser restituída a própria coisa
depositada. Assim, conceitua-se o contrato de depósito voluntário regular como
aquele que tem por objeto coisas infungíveis, isto é, aquelas que permitem a
individualização do bem depositado, que deverá ser restituído quando vencido o
termo do contrato ou solicitado pelo depositante. Contudo, parte da doutrina não vê
óbice que mediante prévio ajuste das partes se convencione, desde que
expressamente, que as coisas fungíveis ou consumíveis venham a ser objeto de
depósito regular (fazendo com que um bem fungível, por sua natureza, torne-se
infungível pela convenção das partes).
Irregular – Tem por objeto coisas fungíveis, devendo ser restituído objetos do mesmo
gênero, qualidade e quantidade (regula-se pelas disposições do mútuo – art. 645,
CC). Assim, o contrato de depósito voluntário irregular se opera quando a coisa
depositada for de natureza fungível, possibilitando ao depositário dispor da mesma,
isto é, ficando liberado de devolver a exata coisa depositada. Contudo, deverá
restituir, quando solicitado ou no termo avençado, coisa equivalente em espécie,
23
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
- Depósito judicial
- É o depósito decorrente de providência judicial determinada em autos de processo.
Depende de ordem judicial. Ex.: Em caso de concessão de medida cautelar de
arresto e seqüestro, bem como quando ocorre a penhora de um bem, será nomeado
um depositário judicial a quem compete a guarda e a conservação do bem, sob pena
de responsabilidade como depositário infiel.
Era exigível, conforme determinado pelo art. 652 do Código Civil, quando o
depositário não restituía o bem quando exigido pelo depositante;
Depositário infiel é aquele que, recebendo para guarda e conservação determinado
bem, acaba por deixar de restituir, sem justo motivo, o depósito reclamado pelo
depositante ou ordenado pelo Juiz de Direito;
A infidelidade do depósito de coisas fungíveis não autoriza a prisão civil;
Mesmo com o disposto no referido dispositivo legal, já se encontra consolidado o
entendimento de que não caberia a prisão civil de devedor que descumpria contrato
garantido por alienação fiduciária;
Além disso, a Excelsa Corte tinha fixado o entendimento de que “a prisão do
depositário infiel poderia ser decretada no próprio processo em que se constituiu o
encargo, independentemente da propositura de ação de depósito." (Súmula 619 do
STF);
Independentemente da prisão que era prevista no Código Civil, o depositário poderá
ser obrigado a ressarcir os prejuízos causados ao depositante pela não restituição da
coisa.
Mesmo com o disposto no Código Civil (art. 652), e no Código de Processo Civil (art
904, parágrafo único e art. 905 do CPC), havia muita controvérsia doutrinária quanto
a possibilidade de prisão civil do depositário infiel, tendo em vista o Brasil ser
signatário do Pacto de São José de Costa Rica sobre Direitos Humanos.
24
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
CONCEITO
É o contrato pelo qual uma das partes, denominada mandatário, recebe poderes de
outrem, denominado mandante, para em nome deste, praticar atos jurídicos, negócios
jurídicos ou administrar interesses.
25
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
PARTES
OBJETO
Tem por objeto a prática de atos ou negócios jurídicos em favor do mandante, como
regra. Nada impede que atos materiais possam integrar o círculo de atração. Trata-se
de obrigação de meio.
NATUREZA JURÍDICA
26
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
ESPÉCIES OU MODALIDADES
27
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
ONEROSO OU GRATUITO
ONEROSO = é aquele no qual a atividade do mandatário é remunerada, nos termos
do art. 658, parágrafo único, do CC.
GRATUITO = é aquele em que não há qualquer remuneração a ser paga ao
mandatário, sendo a forma presumida pela lei como regra, conforme art. 658, caput,
do CC.
VERBAL OU ESCRITO
VERBAL = o mandato constituído verbalmente é permitido em todos os casos em que
não se exige a forma escrita para a prática do ato, podendo ser provado por
testemunhas.
28
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
PROCURAÇÃO
MANDATO JUDICIAL
SUBSTABELECIMENTO
29
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
30
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
PARTES
Comitente: quem delega as instruções.
Comissário: quem recebe instruções para realizar o ato ou o negócio jurídico.
NATUREZA JURÍDICA
Consensual.
Oneroso.
Não solene.
Bilateral.
Intuito personae.
14.1. AGÊNCIA
CONCEITO (ART. 710, CC)
É o contrato pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, sem vínculo
empregatício, a praticar negócios à conta e ordem de outrem, em caráter não
eventual (art. 710, CC).
PARTES
Agente: quem pratica os negócios à conta e ordem do agenciado.
Agenciado (ou preponente ou dono do negócio): quem ordena a prática dos negócios
à sua conta (do agenciado).
NATUREZA JURÍDICA
Consensual.
Oneroso.
Não solene.
Bilateral (quando gratuito) e bilateral (quando oneroso).
Intuito personae.
De duração.
14.2. DISTRIBUIÇÃO
I) CONCEITO
31
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
É o contrato pelo qual uma das partes, denominada distribuidor, se obriga a receber
da outra parte, denominado distribuído, mercadorias geralmente de consumo, para
sua colocação no mercado, estipulando-se, como contraprestação, um valor ou
margem de lucro pela distribuição.
Segundo os ensinamentos de Humberto Theodoro Júnior, com a aprovação de Carlos
Roberto Gonçalves, “a teor do mencionado dispositivo legal (art. 710, que menciona
que se caracteriza a distribuição quando o agente tiver a sua disposição a coisa a ser
negociada), a distribuição não é revenda feita pelo agente. Este nunca compra
mercadorias do preponente. Ele age como depositário apenas da mercadoria a este
pertencente, de maneira que, ao concluir a compra e venda e promover a entrega de
produtos ao comprador, não age em nome próprio, mas o faz em nome e por conta
da empresa que representa. Em vez de atuar como vendedor, atua como mandatário
do vendedor. Tal contrato diferencia do contrato de concessão comercial, este, sim,
baseado na revenda de mercadorias e sujeito a princípios que nem sequer foram
reduzidos a contrato típico pelo Código Civil.”
II) PARTES
Distribuidor: quem se obriga a receber da outra parte mercadorias geralmente de
consumo, para sua colocação no mercado, por conta e risco próprio.
Distribuído: quem disponibiliza, fornece as mercadorias para distribuição, obrigando-
se a uma contraprestação.
32
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
Desta forma, é o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a obter para outra um ou
mais negócios, mediante retribuição e as instruções recebidas.
É a convenção pela qual uma pessoa, sem qualquer relação de dependência, obriga-
se, mediante remuneração, a obter para outrem um ou mais negócios, conforme as
instruções recebidas, ou a fornecer-lhes as informações necessárias para a
celebração do contrato.
O corretor se compromete para com a outra parte do contrato a obtenção de um
resultado útil, através da possibilidade de celebração de certo negócio ou negócios a
favor deste (comitente ou dono do negócio). A conduta esperada é no sentido de que
o corretor faça aproximação entre um terceiro e o comitente.
II) PARTES
Comitente ou Dono do Negócio: pessoa para quem o corretor se obriga a obter um ou
mais negócios.
Corretor (ou preponente ou dono do negócio): quem se obriga a obter para outra
parte (comitente ou dono do negócio) um ou mais negócios. Aquele que se propõe a
realizar o serviço de corretagem.
Preceitua o art. 730 do Código Civil: “Pelo contrato de transporte alguém se obriga,
mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas”.
Elemento essencial é a transladação, ou trasladação. Quer dizer, é preciso que haja
transferência de um lugar para outro, ainda que não se exija o percurso entre dois
pontos geográficos, como adverte Pontes de Miranda, porque posso transportar de
33
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
um andar para outro, da rua para dentro da casa, da base para o cume, e assim por
diante. O que deve haver sempre é a transladação.
O contrato de transporte gera, para o transportador, obrigação de resultado, ou seja,
a de transportar o passageiro são e salvo, e a mercadoria, sem avarias, ao seu
destino. A não-obtenção desse resultado importa o inadimplemento das obrigações
assumidas e a responsabilidade pelo dano ocasionado. Não se eximirá da
responsabilidade provando apenas ausência de culpa. Incumbe-lhe o ônus de
demonstrar que o evento dano se verificou por culpa exclusiva da vítima ou força
maior. Denomina-se cláusula de incolumidade a obrigação tacitamente assumida pelo
transportador de conduzir o passageiro ileso ao local do destino.
Nos contratos de transporte cumulativo, cada transportador se obriga a cumprir o
contrato relativamente ao respectivo percurso, respondendo pelos danos nele
causados a pessoas e coisas (art. 733, CC). O dano, resultante do atraso ou da
interrupção da viagem, será determinado em razão da totalidade do percurso (§ 1º,
art. 733). Se houver substituição de algum dos transportadores no decorrer do
percurso, a responsabilidade solidária estender-se-á ao substituto (§ 2º, art. 733).
No caso de transporte cumulativo, todos os transportadores respondem
solidariamente pelo dano causado perante o remetente, ressalvada a apuração final
da responsabilidade entre eles, de modo que o ressarcimento recaia, por inteiro, ou
proporcionalmente, naquele ou naqueles em cujo percurso houver ocorrido o dano
(art. 756 do CC).
No transporte cumulativo ou combinado vários transportadores realizam o transporte,
por trechos, mediante um único bilhete que estabelece a unidade, como se a
obrigação estivesse sendo cumprida por uma única empresa. Sem essa unidade de
contrato com vinculação de pluralidade de transportadores inexiste transporte
cumulativo, mas sim transporte sucessivo, que se caracteriza por uma cadeia de
contratos, cada um com empresa independente das demais. Ocorre esta modalidade
quando uma agência de viagem, por exemplo, vende duas passagens para duas
transportadoras distintas, prevendo apenas a possível conexão dos trechos.
II) PARTES
34
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
transporte que, não possuindo veículos próprios, celebram acordos com seus
proprietários, que lhes prestam serviços. Da remuneração devida, é deduzida uma
parte para a empresa comissária, que assume a responsabilidade do transporte
perante o remetente.
III) OBJETO
IV) ESPÉCIES
V) NATUREZA JURÍDICA
35
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
VI) REMUNERAÇÃO
36
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
Com base nos ensinamentos do Mestre Sergio Cavalieri Filho, o início do contrato de
transporte, principalmente no tocante à obrigação do transportador, “tem lugar quando
se inicia a viagem”. Para o Mestre “a aprtir daí, torna-se operante a cláusula de
incolumidade, que persiste até o final da viagem”. Assim, mesmo que consideremos
que basta o consenso entre as partes para a efetivação do contrato entre as partes, é
imprescindível que a execução do contrato já tenha se iniciado para que possa ser
imputada a responsabilidade do transportador por acidente com o passageiro.
Cumpre ressaltar, com base nos ensinamentos de Segio Cavalieri Filho que, “ a
responsabilidade contratual decorre da inexecução, da quebra do contrato, do
inadimplemento. O indivíduo pode ter adquirido uma passagem de ônibus, digamos,
para São Paulo, e morrer quando ia para a estação rodoviária. A toda evidência, a
empresa de ônibus que haveria de transportá-lo para São Paulo nada terá a
indenizar, porque o acidente ocorreu antes de ser iniciar a execução do contrato”.
As regras dispostas no código civil disciplinam, principalmente, a responsabilidade do
transportador em relação aos seus passageiros, sendo certo que tais questões serão
abordadas com maior profundidade no tópico referente a responsabilidade do
transportador.
O art. 734 do novo diploma manteve a responsabilidade objetiva do transportador
“pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de
força maior”, proibindo qualquer cláusula de não indenizar. Considerando que, em
outros dispositivos, o Código refere-se conjuntamente ao caso fortuito e à força maior,
pode-se inferir, da leitura do aludido dispositivo, que o fato de ter sido mencionada
somente a força maior revelaria a intenção do legislador de considerar excludentes da
responsabilidade do transportador somente os acontecimentos naturais, como raio,
inundação, terremoto, etc., e não os fatos decorrentes da conduta humana, alheios à
vontade das partes, como greve, motim, guerra, etc.
Vale ressaltar que a jurisprudência e a doutrina moderna têm considerado com base
na lição de Agostinho Alvim, a distinção entre “fortuito interno” (ligado à pessoa, ou à
coisa, ou à empresa do agente) e “fortuito externo” (força maior). Somente o fortuito
externo, isto é, a causa ligada à natureza, ou qualquer outra estranha à pessoa do
agente e à máquina, excluirá a responsabilidade deste em acidente de veículos. O
fortuito interno, não. Prescreve o art. 735 do novo Código: “A responsabilidade
contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de
terceiro, contra a qual tem ação regressiva”. O novo Código Civil reproduz, no aludido
art. 735, o texto da Súmula 187 do Supremo Tribunal Federal, com a mesma redação.
Por outro lado, prescreve o art. 738 do novo Código: “A pessoa transportada deve
sujeitar-se às normas estabelecidas pelo transportador, constantes no bilhete ou
afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de quaisquer atos que causem incômodo
ou prejuízo aos passageiros, danifiquem o veículo, ou dificultem ou impeçam a
execução normal do serviço”. Não se pode, assim, considerar que o usuário é
dispensado de velar pela própria segurança. A responsabilidade do transportador
pode ser ilidida se o acidente proveio de culpa do usuário. Assim, o passageiro deve
37
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
O atual Código Civil define o contrato de transporte como aquele pelo qual “alguém se
obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou
38
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
coisas” (art. 730, CC). Logo adiante, preceitua: “Não se subordina às normas do
contrato de transporte o feito gratuitamente, por amizade ou cortesia”. E o parágrafo
único complementa: “Não se considera gratuito o transporte quando, embora feito
sem remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas” (art. 736, CC).
Assim, o Código, depois de definir o contrato de transporte como sendo aquele feito
mediante retribuição, mais adiante, no art. 736, exclui do âmbito de sua regulação
apenas o transporte feito por amizade, o chamado contrato benévolo. Daí por que é
possível estabelecer uma diferença.
Há o transporte mediante retribuição, que corresponde a um contrato oneroso, e há o
transporte gratuito, que se dá quando o transportado não tem nenhuma obrigação de
satisfazer pagamento de preço ou de passagem. No gênero “transporte gratuito”,
podemos ver duas espécies e distingui-las: aquele no qual o transportador não tem
nenhum interesse, não aufere benefício algum, que é o prestado por amizade, ou
meramente para favorecer o transportado, de um lado, e aquele outro que, embora
sendo gratuito, isto é, sem cobrança de passagem, de algum modo interessa ao
transportador.
No primeiro tipo de transporte gratuito (transporte tipicamente gratuito), desse que é
feito por simples amizade, e para benefício exclusivo do transportado, chamado de
transporte benévolo, esse não configura um contrato de transporte.
No segundo tipo de transporte gratuito (transporte aparentemente gratuito), embora
feito sem contraprestação direta, nele existe, de algum modo, interesse do
transportador: neste caso há contrato de transporte, e aplicamos a ele a legislação
própria do contrato de transporte. Isso acontece, por exemplo, quando uma
companhia de turismo põe gratuitamente um ônibus à disposição dos turistas, o que
também é feito no interesse dela, em manter, ampliar e aperfeiçoar os seus serviços,
angariando clientela. Nesse caso, há também o contrato de transporte, embora seja
um contrato gratuito. O STJ julgou um processo em que uma companhia de petróleo
transportava para uma plataforma alguns jornalistas, e o transporte era gratuito. Era
gratuito porque os jornalistas não pagaram a passagem, mas havia interesse em
fazer esse transporte, por parte da companhia, porque visava à divulgação das
notícias que seriam editadas por tais jornalistas. O transporte era gratuito, mas havia
um contrato de transporte, e a responsabilidade de quem presta o transporte gratuito
é a mesma da de quem fornece transporte oneroso.
No transporte benévolo, há, de qualquer modo, uma relação entre o transportador e o
transportado, e com base no posicionamento majoritário, não há contrato, e a ele não
se aplicam as regras da responsabilidade contratual. Incidem as disposições da
responsabilidade extracontratual, com uma importante limitação: somente se
reconhece a responsabilidade do transportador quando agir com culpa grave ou dolo,
conforme a Súmula 145 do STJ que estabelece que: “No transporte desinteressado,
de simples cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos
causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.” Vale ressaltar
que este é o posicionamento majoritário adotado tanto pela doutrina como pela
39
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
40
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
41
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
situação que pode evitar, não terá o condão de excluir a sua responsabilidade. Assim,
na hipótese do assalto, a regra de que o transportador responde, mesmo por culpa de
terceiro, não servirá para resolver o caso em que o terceiro assaltante agiu com dolo,
devendo ser a questão solucionada à luz da possibilidade da exclusão pela ‘força
maior’, ou fortuito externo, e não propriamente pela culpa do terceiro. Vale ressaltar,
entretanto, que apesar deste ser o posicionamento majoritário tanto da doutrina como
da jurisprudência, inclusive do STJ, existem posicionamentos (minoritários) de que o
assalto poderia ser evitado pelas empresas de tranporte com a instalação de
câmeras, detector de metais, seguranças, etc., sendo uma hipótes de fortuito externo,
e que por esta razão não exclui a responsabilidade do transportador. Assim, apesar
da existência de divergência, o assalto à mão armada em interior de ônibus, embora
se pudesse ter hipoteticamente meios de evitá-lo, constitui, segundo o
posicionamento dominante, causa estranha ao transporte, que isenta de
responsabilidade o transportador, ao fundamento, especialmente, de que o dever de
prestar segurança pública, inclusive aos passageiros, é do Estado, conforme art. 144
da Constituição Federal, não se podendo transferi-lo ao transportador.
Observa-se que a responsabilidade contratual do transportador pressupõe a formação
de um contrato de transporte, de modo que afasta essa responsabilidade quando se
trata de um passageiro clandestino
A responsabilidade pelo dano causado a um terceiro que não seja passageiro, como
no caso de atropelamento de pedestre, é extracontratual e objetiva, podendo ser
aplicado o art. 17 do CDC para esta definição, pois equipara-se a consumidor para
efeitos de aplicação do referido código todas as vítimas do acidente de consumo,
sendo este o posicionamento defendido por Sergio Cavalieri Filho em seu
imprescindível livro “Programa de Responsabilidade Civil”.
Em relação aos seus funcionários, como por exemplo o cobrador ou o motorista, a
sua responsabilidade será baseada no art. 7, inc. XXVIII, da CF, já que estaremos
diante de um acidente de trabalho, sendo cabível ação de reparação de danos em
face do empregador (empresa de transporte), quando este incorrer em dolo ou culpa,
independetemente da indenização cabível junto ao INSS decorrente do acidente, por
força do seguro contratado para esta cobertura.
I) CONCEITO
42
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
II) PARTES
Segurador e Segurado
IV) OBJETO
43
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
Quando se realiza seguro por valor inferior ao objeto segurado. Neste caso,
indenização será proporcional se o sinistro for parcial.
Nulo será o contrato de seguro para garantir risco decorrente de ato doloso
praticado pelo segurado, pelo seu beneficiário, ou por seus prepostos
44
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
este direito se o dano foi causado pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou
ascendentes.
45
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
46
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
verdade que o art. 820, do CC prevê que a fiança pode ser estipulada ainda que sem
o consentimento do devedor, ou até mesmo contra a sua vontade.
A fiança é a promessa feita por uma ou mais pessoas, de garantir ou satisfazer a
obrigação de um devedor, se este não a cumprir, assegurando ao credor o seu efetivo
cumprimento (art. 818, CC).
A fiança é contrato acessório em relação ao principal, haja vista que para a sua
existência pressupõe-se a existência de um contrato principal. Neste contexto, em
regra, o fiador sempre responde subsidiariamente, isto é, somente quando o devedor
principal não cumpre a prestação, possibilitando ao credor demandá-lo. Entretanto, se
o fiador cumprir a obrigação que garante, tem a seu favor a possibilidade de ajuizar
uma ação contra o devedor principal, chamada ação de regresso, pois na qualidade
de terceiro interessado, sub-roga-se nos direitos que tinha o credor perante o devedor
principal.
Importante ainda ressaltar que a fiança pode ser celebrada antes, concomitantemente
ou após o contrato principal que ela garante, podendo ainda ser prestada no próprio
instrumento do contrato principal, ou em documento à parte.
Outra questão presente no contrato de fiança, diz respeito à forma, em que, como se
perceber na maioria dos institutos, admite uma forma convencional (decorrente de
vontade espontânea do devedor ou do credor); legal (oriundo principalmente de
dispositivo de lei, como decorre dos artigos 1.280, 260, Inciso II e 495, do Código
Civil); judicial (quando demanda a exigência de um processo judicial, configurando na
imposição da fiança, diante de determinação da mesma natureza).
II) PARTES
Fiador: quem se obriga a pagar a importância devida pelo devedor (afiançado), caso
ele não cumpra. É um exemplo de responsabilidade sem débito (haftung sem schuld).
Credor: sujeito ativo da relação obrigacional estabelecida com o devedor, e parte no
contrato estabelecido com o fiador, é legitimado a cobrança da dívida do fiador na
hipótese de inadimplemento do devedor, em regra.
47
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
credores, sendo que o valor da remuneração, na maioria das vezes, constitui uma
porcentagem sobre o valor garantido. Assim, nas fianças bancárias, os bancos
assinam termos de responsabilidade em favor de seus clientes, em troca, geralmente,
de uma porcentagem sobre o montante garantido. Assim, se a remuneração é paga
pelo devedor, que não é parte no contrato de fiança, e não pelo credor, o melhor
entendimento é de que nestes casos a natureza do contrato continua sendo gratuita,
apesar de respeitáveis posicionamentos em sentido contrário, que entendem pela
onerosidade, quando existe remuneração, independentemente de quem a satisfaça.
Porém, se a remuneração for satisfeita pelo credor, dúvidas não restam que
estaremos diante de um contrato de natureza onerosa, restando saber se permanece
com contrato típico de fiança.
c) Solene ou formal, pois em conformidade com o art. 819 do CC, o contrato de
fiança somente pode ser celebrado por escrito. A lei exige que a manifestação de
vontade do fiador seja expressa e inequívoca. Desta forma, a forma da fiança é
obrigatoriamente escrita, seja por instrumento público ou particular, não se admitindo
a fiança verbal, ainda que com testemunhas (fiança não se presume). Pode ela ser
realizada no próprio instrumento do contrato principal.
d) Unilateral, pois gera obrigação apenas para o fiador que se obriga para com o
credor, mas este não assume nenhum compromisso ou contraprestação em relação
àquele. Parte da doutrina entende que seja contrato bilateral imperfeito, tendo em
vista que, como efeito do pagamento efetuado pelo fiador, na qualidade de terceiro
interessado na solução da dívida, ele se sub-roga nos direitos do credor, sendo
permitida a cobrança da dívida em face do devedor, em ação de regresso.
f) Intuito personae, baseado na confiança entre os contratantes.
g) Acessório, não existe fiança sem um contrato principal, onde se encontra a
obrigação que está sendo garantida pela fiança. Desse modo, tudo o que ocorre na
obrigação principal (contrato principal) repercute na fiança. Exemplificando, José
contrata um mútuo de dinheiro com um Banco (contrato principal). Pedro, seu fiador,
assume obrigação acessória de quitar a dívida, caso José não pague (fiança –
contrato acessório). Como o acessório segue o principal (“accessorium sequitur
principale”), se o contrato principal for nulo, nula será a fiança (art. 824, CC), a não
ser que a nulidade seja oriunda da incapacidade pessoal do devedor, caso este em
que a fiança pode ser aperfeiçoada com seus regulares efeitos a critério do
magistrado mediante análise do caso concreto. No entanto a recíproca não é
verdadeira, ou seja, sendo nula a fiança, como contrato acessório, permanecerá
válido o contrato principal. Vale ainda ressaltar que a fiança abrange todos os
acessórios da dívida principal (juros, cláusula penal ou despesas judiciais). A fiança
pode ser total ou parcial, inclusive de valor inferior da obrigação principal; no entanto
nunca poderá ser superior ao valor do débito principal, nem ser mais onerosa do que
ele, sob pena de ser reduzida ao nível da dívida afiançada (art. 823, CC).
h) Subsidiariedade, pois o surgimento da responsabilidade do fiador mostra-se
presente quando o devedor principal ou afiançado não cumprir a prestação devida, ou
48
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
for insolvente, a não ser que se tenha estipulado a solidariedade, situação esta em
que o fiador assume a posição de codevedor. sem descaracterizar as disciplinas que
abrangem o contrato de fiança.
O Contrato de fiança não admite interpretação extensiva. Assim, a fiança sempre será
interpretada restritivamente, pois o fiador, quando assume a obrigação de garantir um
contrato, será responsável nos exatos termos em que se obrigou. Desta forma, o
fiador responde por aquilo que efetiva e expressamente consignou no instrumento. Se
alguma dúvida surgir, deve ser interpretado favoravelmente ao fiador. Exemplificando,
se concedida para garantir aluguel, não se estende a danos causados no prédio por
incêndio, da mesma forma que não se estende aos pagamentos de impostos, etc.
Porém, se a fiança for estabelecida sem qualquer restrição compreenderá todos os
acessórios da dívida principal, inclusive as despesas processuais. Assim, em contrato
de locação e fiança, celebrado sem qualquer restrição em relação à responsabilidade
do fiador, este garantirá os aluguéis, condomínio, acessórios da locação, etc.
Assim, a fiança será limitada quando estabelecida à extensão da garantia, em sua
qualidade e quantidade, podendo não abranger todos os acessórios da obrigação
principal, e será ilimitada quando não apresentar qualquer restrição, ou quando
ajustada de forma ilimitada pelas partes, como no caso do fiador de contrato de
locação que se responsabiliza por todos os encargos oriundos do imóvel.
O limite da garantia do fiador é o valor da obrigação principal, já que dela é acessória,
pois o fiador não pode ser obrigado a pagar além do que foi estipulado na obrigação
principal, podendo, porém, ser parcial, como esclarecido acima, figurando como
garantidor até um limite, ou seja, um valor inferior ao da obrigação principal.
Se for estabelecida em valor superior ao da obrigação principal, bem como em
condições
Podem ser fiadores todos aqueles que são maiores ou emancipados e com
direito à livre disposição dos seus bens. O cônjuge, sem outorga uxória (anuência
expressa), não poderá assumir esta responsabilidade, exceto no regime da
separação absoluta de bens, conforme artigo 1.647, inc. III, do código civil atual. A
ausência da outorga uxória, não suprida pelo juiz (pois pode haver o suprimento da
outorga judicialmente), torna o ato anulável.
Somente o cônjuge interessado pode argüir a falta de outorga. A nulidade não
pode ser requerida pelo cônjuge que anuiu e nem mesmo ser decretada “ex officio”
pelo juiz. O prazo para requerer a nulidade da fiança, que antes era de quatro anos,
49
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
50
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
51
Direito Civil – Contratos em Espécie - Professora Cristiane Gribel
por exemplo, com transações para prevenir ou extinguir litígio que envolva discussão
sobre direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário-
mínimo vigente no País (art. 108 do Código Civil). Nas relações jurídicas em que não
é exigida a escritura pública, ela pode ser celebrada por instrumento particular. Caso
o direito objeto da transação já esteja sendo disputado em juízo, as partes deverão
transacionar por escritura pública ou por termo nos autos, assinado por elas (partes
ou transigentes e devidamente homologado pelo juiz.
É acordo bilateral em que partes que podem contratar submetem seus litígios
ou controvérsias à decisão de árbitros, obrigando-se, naturalmente, a acatá-la. Pode
ser judicial ou extrajudicial, conforme estabelece o art. 851 do Código Civil. Assim
como na transação, não é possível firmar compromisso para a solução de questões
de estado, de direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter
estritamente patrimonial (art. 852 do Código Civil).
Ao celebrarem qualquer contrato, que tenha por objeto direitos patrimoniais
disponíveis, podem as partes estipular, preventil’amente, que eventual dúvida ou
conflito de interesses que venha a surgir durante a sua execução seja submetida à
decisão do juízo arbitral. Tal deliberação denomina-se Cláusula Compromissória, e é
simultânea à formação da obrigação. Nasce junto com o contrato principal, do qual é
parte acessória. Pode estar nele inserto ou em documento apartado que a ela se
refira. Assim dispõe o § 1 do art. 42 da Lei da Arbitragem. cujo caput estabelece: “A
cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato
comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir,
relativamente a tal contrato”. O Compromisso Arbitral constitui “convenção através da
qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo
ser judicial ou extrajudicial” (art. 92). Só será firmado se, durante a execução do
contrato, surgir algum conflito de interesses entre os contratantes.
52