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DIREITO

REAL NA
COISA
ALHEIA
Seminário de Direito das Coisas
Profª Saionara Copetti
7º Periodo Direito - Uniguaçu
Academicas: Hevilyn B; Denise A; Brenda R; Samanta L; Danieli B;
Nicoli M;
Assuntos: Hipoteca, Anticrese, Concessão de uso especial para fins de
moradia e de direito real de uso e Laje
O que é a Hipoteca?
É um direito real de garantia em que uma
pessoa é proprietária de um bem imóvel, e
vincula o seu direito ao cumprimento de uma
obrigação.
Caso de inadimplemento
o credor pode promover a exclusão da dívida levando o bem a praça.

No caso do bem ser alienado pelo devedor hipotecário, o gravame acompanhará a coisa
(direito de sequela).

É nula a cláusula que proíba a alienação do bem pelo devedor hipotecário, mas pode ser
convencionado o vencimento antecipado da dívida em caso de alienação.

(art. 1.475 do cc/02).


Hipoteca e Penhor tem diferença?
A hipoteca, diferente do penhor, é constituída por meio do registro do contrato de
hipoteca no cartório de registro de imóveis.

Na hipótese do valor do imóvel superar 30 salários mínimos, deverá ser feito por
escritura pública (art. 108 do cc/02).

É importante lembrar que, no penhor, o registro visa dar publicidade ao ato, não sendo
essencial à constituição do direito real de garantia.
Quais os Objetos da Hipoteca?
O objeto da hipoteca são, como regra, bens imóveis e os respectivos acessórios que, em razão do
princípio da gravitação jurídica, seguem o principal.Segundo o art. 1.473 do código civil, também
podem ser objeto de hipoteca:

I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;


Il - o domínio direto;
lll - o domínio útil;
IV - as estradas de ferro;
V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;
Vl - os navios;
Vll - as aeronaves.
Vlll- o direito de uso especial para fins de moradia; (incluído pela lei nº 11.481, de 2007)
IX - o direito real de uso; (incluído pela lei nº 11.481, de 2007)
X - a propriedade superficiária . (Incluído pela lei nº 11.481, de 2007)
§ 1º a hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial. (Renumerado do parágrafo único pela
lei nº 11.481, de 2007)
§ 2º os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos ix e x do caput deste artigo ficam limitados à duração da
concessão ou direito de superfície, caso tenham sido transferidos por período determinado. (Incluído pela lei nº 11.481,
de 2007)
A Hipoteca poderá ser:
- CONVENCIONAL: A hipoteca convencional é aquela que nasce da manifestação de
vontade por meio de um contrato. O contrato de hipoteca, para ser registrado, deve
apresentar o valor da dívida, o número de parcelas, o valor de cada parcela, os juros
e demais encargos.

- LEGAL: A hipoteca legal, por sua vez, é imposta pelo ordenamento jurídico,
independente da vontade das partes (art. 1.489 do cc/02).

- JUDICIAL: A hipoteca judicial é aquela que surge em virtude do registro de


sentença condenatória ao pagamento de valores ou bens.
Neste sentido, o art. 495 do
cpc dispõe o seguinte:
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que
determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão
como título constitutivo de hipoteca judiciária.

Basta o credor levar ao cartório de registro de imóveis a cópia da sentença e, independente de ordem judicial.

Feita a hipoteca, deve o credor informar o juízo no prazo de 15 dias.

Também é vedado a cláusula que autorize o credor hipotecário a ficar com o bem em caso de
inadimplemento da dívida.

Trata-se da vedação ao pacto comissório, característica inerente aos direitos reais de garantia. A hipoteca
deve observar o prazo máximo de 30 anos, ainda que constituída sem prazo expresso.
Anticrese

É um direito real de garantia estabelecido em


favor do credor e com a finalidade de
compensar a dívida do devedor, por meio do
qual este entrega os frutos e rendimentos
provenientes do imóvel.
Fundamentação
Arts. 165, parágrafo único, 364, 1.225, inciso X, 1.419 a 1.430 e 1.506 a 1.510 CC Arts. 784, V, 798, II, a,
804 e 674, IV CPC

O ilustre doutrinador Carlos Roberto Gonçalves que "apresenta o inconveniente de retirar do devedor a
posse e gozo do imóvel, transferindo-os para o credor. Este é obrigado, por sua conta, a colher os frutos e
pagar-se, como mencionado, com o seu próprio esforço".

É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam percebidos pelo credor à conta de juros,
mas se o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei para as operações financeiras, o remanescente
será imputado ao capital.

Quando a anticrese recair sobre bem imóvel, este poderá ser hipotecado pelo devedor ao credor anticrético,
ou a terceiros, assim como o imóvel hipotecado poderá ser dado em anticrese.
Apresentação de Balanço
O credor anticrético pode administrar os bens dados em anticrese e fruir seus frutos e utilidades, mas
deverá apresentar anualmente balanço, exato e fiel, de sua administração.

Se o devedor anticrético não concordar com o que se contém no balanço, por ser inexato, ou ruinosa a
administração, poderá impugná-lo, e, se o quiser, requerer a transformação em arrendamento, fixando
o juiz o valor mensal do aluguel, o qual poderá ser corrigido anualmente
Arrendamento
O credor anticrético pode, salvo pacto em sentido contrário, arrendar os bens dados em anticrese a
terceiro, mantendo, até ser pago, direito de retenção do imóvel, embora o aluguel desse arrendamento
não seja vinculativo para o devedor.
Deteriorações
O credor anticrético responde pelas deteriorações que, por culpa sua, o imóvel vier a sofrer, e pelos
frutos e rendimentos que, por sua negligência, deixar de perceber.
Preferência do Credor
O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente dos bens, os credores
quirografários e os hipotecários posteriores ao registro da anticrese

Se executar os bens por falta de pagamento da dívida, ou permitir que outro credor o execute, sem
opor o seu direito de retenção ao exequente, não terá preferência sobre o preço.

O credor anticrético não terá preferência sobre a indenização do seguro, quando o prédio seja
destruído, nem, se forem desapropriados os bens, com relação à desapropriação.
Remissão
O adquirente dos bens dados em anticrese poderá remi-los, antes do vencimento da dívida, pagando a
sua totalidade à data do pedido de remição e imitir-se-á, se for o caso, na sua posse.
Modelo
Concessão de uso
especial para fins de
moradia
A concessão de uso especial para fins de
moradia é direito real sobre coisa alheia,
estabelecido pelo art. 1.225, XI:

Art. 1.225. São direitos reais:

(...) XI - a concessão de uso especial para fins


de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de
2007)
Moradia como direito social:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição
Função social da Propriedade
E a previsão da função social está disposto no art. 170 da CF

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;


A matriz constitucional da concessão consta do
§ 1.º do art. 183 da CF/1988 no capítulo que trata
sobre a Política Urbana:
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,


independentemente do estado civil.

§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.


Este Instituto foi regulamentado pela Medida
Provisória 2.200 de 04/09/2001, alterada pela Lei
13.465 de 11/07/2017.
De acordo com o art. 1.º da MedProv 2.220/2001, tem direito à concessão quem possuir como seu até
22 de dezembro de 2016:

1- 05 anos ou mais, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros quadrados de
imóvel público situado em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de sua família

2- Se o imóvel possuir mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, for utilizado por mais de um
possuidor e não for possível identificar individualmente a área ocupada, a concessão será feita de
forma coletiva, na forma de frações ideais, limitadas a duzentos e cinquenta metros quadrados
3- Em determinados locais, como nas encostas e nas áreas de proteção aos ecossistemas, a ocupação
pode acarretar riscos à vida e à saúde das pessoas. Nesses casos, o Poder Público deve garantir o
exercício do direito em outro local

4- O título da concessão será concedido pela via administrativa (não poderá ultrapassar o prazo
máximo de doze meses) ou judicial.

5- Deve ser registrado no Registro Imobiliário

6- A concessão não será reconhecida ao mesmo concessionário mais de uma vez

7- O direito à concessão é transmissível por ato inter vivos ou mortis causa e extinguir-se-á se o
concessionário der ao imóvel destinação diversa da moradia ou se adquirir a propriedade ou a
concessão de outro imóvel
A concessão de uso para fins e moradia é instituto que impõe ao Estado o dever de regularizar a posse
informal da terra, em especial áreas ocupadas por população de baixa renda.

A concessão constitui importante instrumento de regularização fundiária que possibilita a inclusão


social de famílias menos favorecidas, cumprindo, dessa forma, determinação constitucional.

Se difere da usucapião, porque são áreas do Estado.

- É um direito oponível erga omnes.

- É um direito subjetivo
CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA.
MP nº 2220/01, que regulamenta o art. 183 da CR. O direito à
concessão especial de uso, observados os requisitos legais, impõe
aos entes federados um poder-dever de agir no sentido de
assegurar moradia aos desamparados, de forma a dar efetividade a
direito fundamental assinalado no art. 6º da CR. Preenchimento
dos requisitos legais para concessão do benefício, na hipótese,
facultado ao Poder Público assegurar o exercício desse direito em
outro local na hipótese de ocupação de imóvel, no prazo de 1 ano,
a partir do qual, no silêncio da Administração, consolidar-se-á o
statu quo. Sentença parcialmente reformada. Recurso parcialmente
provido.(TJ-SP - AC: 10033104220178260053 SP 1003310-
42.2017.8.26.0053, Relator: Coimbra Schmidt, Data de
Julgamento: 19/02/2020, 7ª Câmara de Direito Público, Data de
Publicação: 19/02/2020)
Concessão de direito real de uso
É um contrato administrativo por meio do qual o particular passa a ser titular de um direito real de
utilização de determinado bem público.
Conforme define o jurista Hely
Lopes Meirelles:
“Concessão de direito real de uso – é o contrato pelo qual a Administração transfere o uso
remunerado ou gratuito de terreno público a particular, como direito real resolúvel, para que dele se
utilize em fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou qualquer outra
exploração de interesse social”.
O instituto foi criado e disciplinado pelo Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967.

Art. 7º É instituída a concessão de uso de terrenos públicos ou particulares remunerada ou gratuita, por
tempo certo ou indeterminado, como direito real resolúvel, para fins específicos de regularização
fundiária de interesse social, urbanização, industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento
sustentável das várzeas, preservação das comunidades tradicionais e seus meios de subsistência ou
outras modalidades de interesse social em áreas urbanas.

(Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)


Pode ser:
● Onerosa ou gratuita;
● Por tempo certo ou indeterminado;
● Princípio da legalidade;
● Licitação;
● Reversão quando for usado conforme prometido ou desviarem de sua finalidade contratual;
● Responde por encargos;
● Regularização fundiária, já que existe a impossibilidade de adquirir áreas públicas por meio da
usucapião.
Exemplo: concessão de direito real de uso do Município de Itaipulândia
para Frigorifico São Miguel (FRIELA- FRIVATTI)
2006- Primeira concessão- 10 anos:

Incentivos Encargos
Gerar no mínimo 150 empregos diretos; Investir o valor
Imóvel com área de 171.904,00 m² Edificações a serem
mínimo de R$ 5.000.000,00 Prazo para início das
construídas, com área máxima de 9.100,00m2 Reservatório
atividades é de 120 dias; Nº de abates no dia: 600 abates;
elevado de água, 250.000 litros Cisterna 450.000 litros;
Experiência com cancela no CIF: 7 anos; Grau de
Terraplanagem; Lagoas, conforme determinação em
industrialização da Mat. Prima: 15%; Fomento para suínos
legislação ambiental; Áreas de circulação, estacionamento
área regional; Alcance metodológico pretendido
pavimentado; Paisagismo.
internacional
Em 2006 foi aprovada nova lei municipal que autorizou a ampliação da
indústria para concessão para mais 10 anos:

Incentivos Encargos
Ampliação da área de recebimento e descanso de animais
com área de 666,12 m² Cobertura das plataformas de
descarga de animais com área de 205,41m² Ampliar para 2.000 o número de abate de suínos/dia na sua
Vestiários/sanitários com área de 390,21 m² Sala de unidade fabril situada neste município Aumentar para 500
treinamentos e reuniões com área de 191,15 m² Barracão número de empregos diretos.
para manipulação e classificação de materiais recicláveis
com 160,00 m²
Em 2019 foi autorizado por meio de Lei Municipal a doação com encargos do empreendimento para a
concessionária, com cláusula de reversão, com avaliação do imóvel e realizada audiência pública, além
da demonstração de interesse público na doação.

Avaliação do imóvel: 20.575.736,20

Encargos:

Abate de mais 1000 suínos/dia (4 mil) Aumentar 50% de emprego (750) Investimentos de mais R$
6.000.000,00 Ampliação em no máximo 9 meses, inicio do segundo turno em 60 dias Regularização
imobiliária- averbação matricula registro de imóveis Realizar projetos sociais
Direito da Laje

A Laje é um direito real na coisa alheia que permite


que o proprietário de um imóvel construa uma laje
sobre ele, sem que isso implique na transferência da
propriedade do terreno. Dessa forma, é possível
aumentar a área construída do imóvel sem precisar
adquirir um terreno maior.

Art. 1510 código civil


Basicamente, o direito da
laje funciona da seguinte maneira:
● Proprietário do imóvel principal (lajeador): É o proprietário do terreno ou do imóvel que já existe no
local. Ele detém a propriedade plena sobre o imóvel e decide conceder o direito de construir.

● Lajeadores: São as pessoas que recebem o direito de construir as unidades autônomas sobre o imóvel
principal, adquirem o direito de uso, gozo e disposição da unidade construída.

● Direito real de laje: É o direito conferido aos lajeadores sobre as unidades autônomas construídas.
Esse direito pode ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis.

● Unidades autônomas: São as construções realizadas pelos lajeadores sobre o imóvel principal. É uma
propriedade exclusiva do lajeador, podendo ser utilizada, vendida, alugada ou hipotecada de forma
independente.
Divergência Doutrinária:
Direito Real sobre coisa Própria Direito Real sobre coisa Alheia

‘’Direito real de laje é uma espécie de direito real de


propriedade sobre um espaço tridimensional que se expande ‘’o direito de laje é direito real sobre coisa alheia,
a partir da laje de uma construção-base em direção apesar de ter certas peculiaridades que o distingue dos
ascendente ou a partir do solo dessa construção em direção demais direitos da mesma natureza jurídica. ‘’
subterrânea, trata-se de um direito real sobre coisa própria’’ Gagliano e Pamplona Filho
Kümpel e Borgarelli

● O proprietário da construção-base, chamado cedente ou


● A cessão da laje autoriza a abertura de matrícula própria lajeiro, mantém o direito de reaver a estrutura da coisa, o
conforme previsão do art. 1510-A, §3º do Código Civil. que engloba a construção-base e também a laje. Já o titular
● Outro argumento encontrado é que a laje não foi incluída do direito de laje, chamado cessionário lajeário, não tem o
no rol dos direitos e bens que podem ser hipotecados (CC, direito de reivindicá-la contra terceiro.
art. 1473). ● É a previsão de extinção da laje no caso de ruína da
construção-vase (art. 1510 do Código Civil).
Diante do exposto…
Conclui-se que o direito real de laje é direito real sobre coisa alheia.

O argumento mais forte é a extinção do direito de laje quando da ruína da construção-base, caso a
reedificação não ocorra em até cinco anos, ou em se tratando de laje no subsolo, isso mostra que o
direito de laje é direito acessório do direito de propriedade da construção-base, que é o direito
principal.

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