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Direito Minerário (Fontes,

Estrutura e Regulamento, Aquisição,


Extinção, Alienação e Oneração)

Brasília-DF.
Elaboração

Felipe Otávio Moraes Alves

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
DIREITO MINERÁRIO APLICADO............................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
O QUE É O DIREITO MINERÁRIO................................................................................................ 9

CAPÍTULO 2
DIREITO MINERÁRIO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988....................................................... 13

CAPÍTULO 3
A UNIÃO, OS ENTES FEDERATIVOS E O
DIREITO MINERÁRIO................................................................................................................ 15

CAPÍTULO 4
DEFINIÇÕES IMPORTANTES...................................................................................................... 18

CAPÍTULO 5
DITAMES DO CÓDIGO DE MINERAÇÃO................................................................................... 20

CAPÍTULO 6
NORMAS CORRELATAS E REGULAMENTAÇÕES......................................................................... 31

CAPÍTULO 7
RESPONSABILIDADE NO CASO DE DESASTRES AMBIENTAIS – UMA ANÁLISE HISTÓRICA.............. 44

UNIDADE II
PRIORIDADE, APROVEITAMENTO MINERAL POR LICENCIAMENTO, AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA E
CONCESSÃO DE LAVRA, MANIFESTO DE MINA, LICENCIAMENTO MINERAL, REGIME DE EXTRAÇÃO
E PERMISSÃO DE LAVRA........................................................................................................................ 49

CAPÍTULO 1
A PRIORIDADE NO DIREITO MINERÁRIO.................................................................................... 49

CAPÍTULO 2
AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA E CONCESSÃO DE LAVRA............................................................ 51

CAPÍTULO 3
LICENCIAMENTO MINERAL, PERMISSÃO DE LAVRA GARIMPEIRA E REGIME ESPECIAL................. 55
UNIDADE III
AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS................... 60

CAPÍTULO 1
AQUISIÇÃO DE DIREITOS MINERÁRIOS..................................................................................... 60

CAPÍTULO 2
ONERAÇÃO E EXTINÇÃO DOS DIREITOS MINERÁRIOS.............................................................. 65

CAPÍTULO 3
DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS: CONSEQUÊNCIAS NA ESFERA
ADMINISTRATIVA, PENAL E CIVIL............................................................................................... 69

UNIDADE IV
PRÁTICA JURÍDICA................................................................................................................................ 75

CAPÍTULO 1
ANÁLISE DE UM PROCESSO MINERÁRIO................................................................................... 75

CAPÍTULO 2
FUNDAMENTOS TÉCNICOS DO CONTROLE DE ÁREAS, REQUERIMENTO DE PESQUISA,
RELATÓRIO PARCIAL DE PESQUISA, RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA, REQUERIMENTO DE
LAVRA E RELATÓRIO ANUAL DE LAVRA..................................................................................... 85

CAPÍTULO 3
SERVIDÃO MINERAL E GRUPAMENTO MINEIRO......................................................................... 90

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 92

4
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da


pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa,
como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os
desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de


modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal
quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização


dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e
reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a


aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

7
Introdução
A disciplina buscará abordar o fundamento do Direito Minerário; desenvolver
tecnicidade da aplicação do direito na aquisição, alienação e oneração de recursos
minerários; e, finalmente, apresentar as práticas exitosas em Direito Minerário
aplicado.

Enquanto outras áreas do direito têm apresentado uma grande rapidez no aumento
de suas bibliografias, o Direito Minerário ressente-se da falta de estudos voltados
para ele. Na tentativa de fortalecê-lo, a Unyleya disponibiliza esta disciplina a fim de
facilitar o estudo na área.

Logo, demonstraremos do que se trata o Direito Minerário, sua aparição na


Constituição de 1988, quais são as atribuições dadas à União e a seus outros entes
federativos. Logo, estabeleceremos algumas definições importantes, trataremos
das principais normas do principal ordenamento jurídico deste direito, o Código de
Mineração. Posteriormente, trataremos das normas correlatas e regulamentações, e,
em seguida, da responsabilidade em casos de desastres ambientais.

Num segundo momento, trataremos de prioridade, aproveitamento mineral por


licenciamento, autorização de pesquisa e concessão de lavra, manifesto de mina,
licenciamento mineral, regime de extração e permissão de lavra. Em um terceiro
momento, de aquisição, extinção, oneração de direitos minerários e descumprimento
das obrigações minerárias.

Por fim, vamos analisar os casos práticos, com uma análise detalhada dos processos
minerários. Passaremos pelos fundamentos técnicos do controle de áreas,
requerimento de pesquisa, relatório parcial de pesquisa, relatório final de pesquisa,
requerimento de lavra e relatório anual de lavra. Por fim, trataremos das novas
definições de Servidão Mineral e Grupamento Mineiro.

Objetivos
» Compreender o fundamento do Direito Minerário.

» Desenvolver tecnicidade da aplicação do direito na aquisição, alienação


e oneração de recursos minerários.

» Desenvolver conhecimento e práticas exitosas em direito minerário


aplicado.

8
DIREITO MINERÁRIO UNIDADE I
APLICADO

CAPÍTULO 1
O que é o direito minerário

De acordo com Lima (2007, p. 4), Direito Minerário é o “conjunto sistematizado


de normas que tem por objeto regular o domínio de um Estado sobre o patrimônio
mineral e estabelecer os critérios de aquisição, conservação e perda dos direitos sobre
os bens minerais”.

É um ramo autônomo do direito, pois detém princípios diferenciados – por contemplar


regras provenientes do Direito Público e outras do Direito Privado – e conteúdos
específicos e carentes de métodos próprios. Por exemplo, aborda-se o domínio
público mineral, depois o procedimento de concessão mineral, logo os direitos de
aproveitamento mineral e, por fim, a intervenção administrativa na área mineral.
Outra consequência são as expressões em lei “Autorização de Pesquisa” e “Concessão
de Lavra” não correspondentes aos conceitos clássicos de autorização e concessão do
Direito Administrativo. O Direito Minerário tem como alicerce jurídico a Constituição
Federal de 1988 e o Código de Mineração (Decreto-Lei no 227, de 1967), o principal
ordenamento do ramo, que devem ser discutidos ao longo da disciplina.

De acordo esse Código, o subsolo é formado por camadas geológicas mineralizadas,


contendo minerais com alguma utilidade econômica cuja jazida pode estar no subsolo
ou aflorada. Esse subsolo só interessa ao Direito quando tem valor econômico
ou científico. Já a reserva mineral é denominação jurídica da jazida, pelo Direito
Minerário, com exploração tecnicamente viável e demanda para o empreendimento.
O Minério em si é “o mineral que contém substâncias suscetíveis de exploração e
aproveitamento econômico” (LIMA, 2007, p. 5). O que hoje é um mineral amanhã
pode ser um minério, desde que a exploração se torne economicamente viável.
Industrialmente, o mineral é um agregado de minerais diversos quando um deles tem
algum valor comercial que supere o custo da extração e do tratamento. Os constitutivos
do agregado sem valor econômico são o rejeito ou a ganga.

9
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

No Brasil, o setor mineral tem “caráter de utilidade pública” por motivos econômicos
e ambientais. O Direito Minerário influencia a relação do minerador com a
Administração-Pública, do minerador com os superficiários, dos proprietários com os
posseiros do solo, do minerador com seus vizinhos, da atividade mineral com os entes
políticos e da atividade mineral com o meio ambiente.

A expressão “autorização” – natureza do título minerário que consente a pesquisa


mineral – do Código de Mineração é empregada erroneamente, pois é diferente
da conceituação clássica do Direito Administrativo. Pelo Código de Mineração, o
minerador adquire o direito sobre um título minerário por meio de um conjunto de
atos administrativos “sucessivos, relacionados e dependentes entre si”, transformando
o depósito mineral inerte em produto. Hodiernamente, não há margem de opção
à Administração Pública, que só atua para o cumprimento do Código de Mineração.
Igualmente equivocado, o termo “concessão” do Código de Mineração é impróprio
para designar o consentimento da União ao minerador para explorar, pois confunde
esse ato administrativo, assim como no caso da “autorização”, com as concessões
clássicas de Direito Administrativo. Talvez fosse melhor se o Código de Mineração
tivesse aderido a outra expressão para consentir as lavras, porque essa “concessão”
não é acordo nem contrato administrativo, tampouco relaciona-se à prestação de
serviço público (não é executado pela Administração Pública). De acordo com Lima
(2007, p. 6), a “União não delega a execução da lavra, mas cria um direito de lavra
em favor do minerador já que uma vez obtido o direito de prioridade, e cumpridas as
obrigações, o minerador tem direito à lavra”.

Pelos ditames do art. 2o do Código de Mineração, os seguintes os regimes de


aproveitamento das substâncias minerais são: concessão, quando depender de
portaria de concessão do Ministro de Estado de Minas e Energia; autorização, quando
depender de expedição de alvará de autorização do Diretor-Geral do Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM); licenciamento, quando depender de licença
expedida em obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença
no DNPM; permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de permissão
do Diretor-Geral do DNPM; e monopolização, quando, em virtude de lei especial,
depender de execução direta ou indireta do Governo Federal.

Veremos mais detalhadamente adiante que o Código de Mineração classifica as minas


em duas categorias: Mina Manifestada (direito real de domínio do proprietário sobre
a mina) e Mina Concedida (direito real do minerador sobre o título minerário), ambas
com natureza jurídica diversa.

10
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

Para Paulo César Ribeiro Lima (2007, p. 10), sem desmerecer o Código de Mineração,
há a conveniência da adoção de mudanças, a partir dessa nova construção dos regimes
de aproveitamento, do conteúdo dos direitos e obrigações minerárias e da forma
de relacionamento do Poder Concedente com os agentes econômicos. Para ele, as
mudanças trazidas pela Constituição de 1988 para a mineração pouco contribuíram
para o seu aperfeiçoamento. Ora, a legislação mineral não deve restringir a
competitividade e eficácia dos agentes econômicos, e foi isso que a CF fez.

De acordo com o Senado Federal (2011), os dispositivos constitucionais mais


importantes durante a disciplina são: art. 1o, inciso IV; art. 5o, incisos XIII, XXII e
XXIII; art. 20 e 21; art. 23 e 24; art. 170; art. 172 a 177; art. 225; e art. 231. Ademais,
o principal ordenamento jurídico do Direito Minerário é o Código de Mineração,
o Decreto-Lei no 227, de 1967. Complementarmente, as normas correlatas e
regulamentações sobre o assunto são: Lei no 6.567, de 1978; Lei no 6.634, de 1979;
Decreto-Lei no 1.865, de 1981; Lei no 7.677, de 1988; Lei no 7.805, de 1989; Lei no
7.886, de 1989; Lei no 9.055, de 1995, Lei no 9.832, de 1999; Lei no 9.976, de 2000;
Decreto no 97.507, de 1989; Decreto no 97.634, de 1989; Decreto no 98.812, de 1990;
Decreto no 2.350, de 1997; e Decreto no 2.413, de 1997. Tratemos agora de cada uma
dessas três normatividades.

O Direito Minerário é um ramo autônomo do Direito com natureza jurídica


híbrida. A atividade de mineração é regulada pela CF/1988, pelo Código de
Mineração e por leis específicas, além de atos normativos do DNPM e MME. A
CF/1988 estabelece as regras gerais e os princípios norteadores da atividade.
O Código de Mineração e seu regulamento são as leis especiais que regem a
atividade. Os atos normativos do DNPM e MME regulamentam o exercício da
mineração, sem poder criar, modificar ou extinguir direitos.

Principais princípios: princípios gerais constitucionais e do direito


administrativo, atividade de interesse nacional e utilidade pública, soberania
nacional no aproveitamento dos recursos e função social da propriedade
mineral. Outros princípios do Direito Minerário são: sustentabilidade e
responsabilidade intergeracional, rigidez locacional, máximo e eficiente
aproveitamento dos recursos e dualidade imobiliária (solo e subsolo/jazida e
mina).

Substância mineral, recurso mineral e produto mineral não se confundem.


A União é proprietária dos recursos minerais, autorizando os particulares a
explorá-los segundo o interesse e a soberania nacional. O recurso mineral
é da União, enquanto o produto mineral é do minerador. Nem todo corpo

11
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

mineralizado é uma jazida. Nem toda jazida é uma mina. Pesquisa são
atividades visando identificar corpos mineralizados economicamente viáveis.
Lavra são as atividades coordenadas para exploração econômica dos recursos
minerais. A competência legislativa, em matéria de mineração, é sempre da
União. Estados e municípios exercem competência restritamente fiscalizatória.
DNPM e MME podem apenas regulamentar a atividade, sem criar, extinguir ou
modificar direitos.

O sistema de prioridade garante ao primeiro requerente o direito de explorar


a área. A mineração é atividade de alto risco, sendo necessário um sistema que
incentive o investimento. Regimes de aproveitamento: autorização e concessão,
licenciamento, lavra garimpeira e monopólio. E a concessão visa obter o maior
retorno possível para o Estado, em decorrência da exploração dos recursos
minerais.

12
CAPÍTULO 2
Direito minerário na Constituição
Federal de 1988

Com a vigência da Constituição de 1988, não houve a necessidade da edição de um


novo Código de Mineração, bastando-se tão somente as importantes modificações já
trazidas pela nossa Carta Magna. A primeira novidade dela foi o direito de propriedade
da União sobre os recursos minerais que antes era mais implícito. Por meio do art. 20,
IX, da CF/1988, declarou-se serem bens da União “os recursos minerais, inclusive os
do subsolo”.

Para muitos autores, como Carlos Luiz Ribeiro (2005, p. 18), observa-se que “esta
propriedade só ocasionalmente alcança o subsolo, mas sempre abrangerá o solo”, pois,
mesmo quando a mina estiver no subsolo, todas servidões derivadas dela – plantas
de tratamento do minério, depósitos de minério e de rejeito da mineração etc. – são
do solo. E, quando essas servidões são imprescindíveis, fazem parte integrante dessa
propriedade minerária e, por isso, verifica-se certo equívoco da lei ao citar o subsolo.
Porém, observa-se que sua citação não enseja demasiados problemas, pois não é
deficiência redacional.

Outra novidade foi o favorecimento do cooperativismo nos recursos “garimpáveis” pelo


art. 21, XXV, e art. 174, § 3o e 4o, criando o Regime de Permissão de Lavra Garimpeira.
Complementarmente, a Suprema Carta conciliou o Direito Público com o Direito
Privado, por meio do art. 176, ao estabelecer que o titular dos direitos minerários é
um concessionário de direito real de uso, ou seja, com posse direta da propriedade
minerária. Uma situação que Ribeiro (2005, p. 18) assemelha, para fins de abstração,
é o “do locatário que não pode se apropriar de partes do prédio que aluga, alienando-
as”. Esse mesmo artigo também garantiu ao concessionário a propriedade do produto
da lavra. E, por fim, explicitou-se a natureza jurídica da autorização e da concessão
nesse mesmo art. 176, § 3o, ao reger que “as autorizações e concessões não podem
ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder
concedente”, confirmando a natureza jurídica de concessão de direito real de uso do
título de direitos minerários.

Assim, a propriedade minerária pertence à União, e a propriedade do solo pertence


ao particular, dando um aspecto de “dupla” propriedade. Porém, como a União é a
proprietária dos recursos minerais da área da propriedade do solo, não prevalece a
vontade do proprietário particular, sendo este último obrigado a permitir a realização

13
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

da lavra, se necessário. Ainda sobre essa dicotomia, como visto, todos os recursos
minerais in natura pertencem à União, mas, após esses recursos serem retirados do
solo onde jaziam, deixam de ser propriedade pública para ser propriedade privada,
como um benefício de titular da concessão de lavra, da posse direta da propriedade.
Assim, para muitos, o título de direitos minerários, na prática, representa um direito
à expectativa do direito de propriedade de um, suposto e futuro, produto da lavra. Ou
seja, há um “regime de utilização da propriedade minerária”, apesar de a CF/1988
utilizar o termo “regime de aproveitamento de substâncias minerais”.

O fideicomisso é uma espécie de substituição testamentária, como condição resolutiva,


consubstanciada na dupla transmissão de propriedade plena de determinado bem
a um primeiro herdeiro – fiduciário – com a imposição da obrigação de, por sua
morte, a certo tempo ou sob condição pré-determinada, transmiti-la a outrem, o
fideicomissário, previsto no atual Código Civil Brasileiro nos arts. 1.951 a 1.960. E o
supracitado art. 176, caput, assemelha-se justamente a essa cláusula testamentária,
pois a República Federativa do Brasil investe à União a propriedade dos recursos
minerais para transmiti-la ao concessionário, pela retirada e beneficiamento deste,
surgindo esses sujeitos de direito. Ressalvando-se as diferenças lógicas do provimento
gradativo da lavra, tem-se a possibilidade de transmissibilidade do Direito Minerário
do “fideicomissário” e a impossibilidade de conceder a lavra – o produto –, ambos
diferentes dum contrato civil.

E, por fim, deve-se notar que a discricionariedade e a precariedade encontradas no


Direito Administrativo, por exemplo, não esbarram nas definições de autorização,
concessão, licença e permissão aqui do Direito Minerário. Assim, observa-se que as
terminologias e suas atribuições têm sentido estrito à esta disciplina. Por exemplo,
não se fala de revogação da Administração ou do Governo, podendo tão somente
esse direito ser cassável pela União, em casos previstos em lei, e, caso aconteça, cabe
indenização ao particular prejudicado. Ou seja, a natureza jurídica do título de direitos
minerários outorgado deve ser em absolutamente todos os casos, a de concessão de
direito real de uso. Assim, foram essas as mudanças para o Direito Minerário com a
promulgação da atual Carta Magna de 1988.

14
CAPÍTULO 3
A União, os entes federativos e o
Direito Minerário

Pelos ditames do Código de Mineração (CM), tão somente a União tem o dever de
“administrar os recursos minerais, a indústria de produção mineral e a distribuição,
o comércio e o consumo de produtos minerais”, mostrando ser quase questão de
soberania tratar de minérios. Como já falado, os regimes de aproveitamento das
substâncias minerais são: concessão, quando depender de portaria de concessão do
Ministro de Estado de Minas e Energia; autorização, quando depender de expedição
de alvará de autorização do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM); licenciamento, quando depender de licença expedida em obediência
a regulamentos administrativos locais e de registro da licença no DNPM; permissão
de lavra garimpeira, quando depender de portaria de permissão do Diretor-Geral do
DNPM; e monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de execução
direta ou indireta do Governo Federal.

Vale recordar que o DNPM foi extinto pela Medida Provisória no 791 de 2017 e, por
meio dessa mesma medida, foi criada a Agência Nacional de Mineração (ANM).
Todavia, segundo o entendimento da Procuradoria-Geral Federal (PGF) da
Advocacia-Geral da União (AGU), manifestado por meio do Parecer no 00233/2017/
PF-DNPM-SEDE/PGF/AGU, o DNPM deve manter normalmente as suas funções
institucionais. A ANM se encontra pendente de instalação e somente iniciará as suas
atividades com a entrada em vigor do decreto presidencial que aprovar a sua estrutura
regimental – e então o DNPM estará definitivamente extinto.

Assim, gradativamente, nota-se que, em nossa Constituição (1998), são fundamentos:


os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, os quais devem prevalecer quando a
União for conceder o regime de aproveitamento de substâncias minerais. Além disso,
há a garantia a todos do direito de propriedade e cumprimento de sua função social,
sendo estes bens, inclusive os do subsolo, recursos minerais da União, com participação
dos outros entes federativos (União, Distrito Federal, Estados e Municípios). Ademais,
compete à União estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de
garimpagem, em forma associativa, e compete exclusivamente a ela legislar sobre
jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia.

15
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

Já é de competência comum dos entes federativos proteger o meio ambiente e


preservar as florestas, a fauna e a flora – o que é importantíssimo quanto à concessão
desse aproveitamento e suas principais críticas – e registrar, acompanhar e fiscalizar
as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em
seus territórios, o que também é crucial a fim de se evitar desastres ambientais, como
acontece algumas vezes. E, por fim, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal
legislar, a princípio, concorrentemente sobre conservação da natureza, depois sobre
defesa do solo e, por fim, sobre recursos naturais e proteção do meio ambiente.

Assim, a ordem econômica do Brasil deve assegurar a todos existência digna


respeitando os princípios da soberania nacional (por isso é que a União tem a
exclusividade da propriedade minerária), da propriedade privada (apesar de ter
somente posse dessa propriedade, o indivíduo ou a empresa tem a propriedade
privada dos recursos extraídos), da função social da propriedade (outra justificativa
para a exclusividade de propriedade minerária pela União, fornecendo tão somente
a posse desta), da livre concorrência (especialmente no método e nos critérios da
escolha do possuidor destes direitos) e da defesa do meio ambiente (principalmente
tangente aos cuidados por causa dos grandes impactos ambientais que sempre advêm
dessa atividade).

Uma outra questão interessante é a do investimento estrangeiro. Com base no


interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro devem incentivar os
reinvestimentos e regular a remessa de lucros. Há aqui uma questão de autonomia e
“soberania”, strictu sensu. Outro ponto a se observar é que, exceto nos casos previstos
na CF, “a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só deve ser permitida
quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo” e, claro, sempre respeitando a função social e as formas de fiscalização pelo
Estado e pela sociedade, a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas e
a licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações.

Em meio a várias tragédias ambientais, é o Estado, como agente normativo e


regulador da atividade econômica, que fiscaliza, incentiva e planeja inclusive a
organização da atividade garimpeira em cooperativas. Ora, o poder público, sempre
por meio de licitação, deve prestar esses serviços minerários – que sempre têm, por
isto há esse cunho de serviços públicos. As jazidas, em lavra ou não, e os demais
recursos minerais constituem propriedade distinta da do solo e pertencem à União,
como já demonstrado, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
Já a pesquisa e a lavra de recursos minerais são efetivadas por meio da autorização
ou concessão da União por brasileiros ou empresa sediada aqui no País, por prazo
determinado. Por exemplo, o maior acionista da Vale é a Valepar S.A., com 33,1% de

16
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

participação. Também importantes são os investidores estrangeiros que são quase


metade de todos os acionistas.

Assim, a Constituição institui que se trata de monopólio da União: a pesquisa e a lavra


das jazidas de petróleo e gás natural, a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro,
a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades
previstas nos incisos anteriores, o transporte marítimo do petróleo bruto de origem
nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, a pesquisa, a lavra,
o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e
minerais nucleares e seus derivados. Apesar de a extração de Petróleo não ser o foco
da disciplina, vale notar que ela tem similitudes à extração de minerais no sentido de
que ambos pertencem à União. A grande diferença é que o Estado, como demonstrado,
monopoliza todos os passos dessa extração.

Na questão ambiental, é certo o direito de todos a um meio ambiente ecologicamente


equilibrado, assim como o bem de uso comum do povo e a qualidade de vida, devendo
o poder público e a coletividade preservá-lo. Assim, o poder público deve preservar e
restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies
e dos ecossistemas (mostrando aqui a importância de uma avaliação dos possíveis e
futuros impactos ecológicos que uma extração pode gerar antes de abrir o processo
de licitação), exigir para instalação de obra estudo prévio de impacto ambiental, a que
se deve dar publicidade (e deve ser dado um tempo prévio para que haja tempo hábil
para contestação da população). Ora, é fato que o explorador dos recursos minerais é
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado. Infelizmente temos vários exemplos
dessa necessidade. Em 2018, a mineradora Vale foi condenada pela Justiça Federal a
reparar os danos ambientais no território quilombola de Jambuaçu-PA por causa da
provocação de assoreamento de rios e igarapés, do enfraquecimento do solo da área
e da perda de 20% do território quilombola. Tudo isso foi demonstrado por meio de
um laudo pericial, além da infeliz necessidade de constante limpeza do rio. A Vale foi
obrigada também indenizar às famílias atingidas pelo desastre, ou seja, pelo menos
quanto à responsabilização parece o Brasil fazer o certo, todavia quase sempre tarde
demais.

Consequentemente, as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


devem sujeitar os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados pela
empresa.

17
CAPÍTULO 4
Definições importantes

Assim, o CM regula sobre as massas individualizadas de substâncias minerais (ou


fósseis), totalizando os recursos minerais do Brasil. Ademais, aqui se encontra o
regime de seu aproveitamento e a fiscalização pelo Governo Federal, da pesquisa,
da lavra e de outros aspectos da indústria mineral. Logo, subtende-se que não estão
sujeitos ao CM os trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais in
natura, essenciais à abertura de vias de transporte, às obras gerais de terraplenagem
e às de edificações, sem a comercialização das terras e dos resultados dos trabalhos
minerários cujo aproveitamento seja restrito à utilização na própria obra.

Uma importante consideração deste Código é que a jazida se trata de toda massa
individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente
no interior da terra e que tenha valor econômico. E mina é a jazida em lavra, ainda
que suspensa. A classificação de minas é: manifestada, a mina em lavra, mesmo que
transitoriamente suspensa a 16 de julho de 1934, que tenha sido manifestada de
acordo com o art. 10 do Decreto no 24.642, de 1934, e com a Lei no 94, de 1935; ou
concedida, quando o direito de lavra é outorgado pelo Ministro de Estado de Minas e
Energia. E são partes integrantes da mina: edifícios, construções, máquinas, aparelhos
e instrumentos destinados à mineração e ao beneficiamento do produto da lavra,
desde que este seja realizado na área de concessão da mina; servidões indispensáveis
ao exercício da lavra; animais e veículos empregados no serviço; materiais necessários
aos trabalhos da lavra, quando dentro da área concedida; e provisões necessárias
aos trabalhos da lavra, para um período de 120 (cento e vinte) dias. Vale lembrar
que o aproveitamento das jazidas depende de alvará de autorização de pesquisa e de
concessão de lavra, e o aproveitamento de minas manifestadas e registradas independe
de concessão do Governo Federal (sujeitas às condições que o CM estabelece para a
lavra, tributação e fiscalização das minas concedidas).

Logo, é pelo regime de matrícula que se dá o aproveitamento definido e caracterizado


como garimpagem, faiscação ou cata. Além disso, há leis especiais que tutelam as
jazidas de substâncias minerais que constituem monopólio estatal; as substâncias
minerais ou fósseis de interesse arqueológico; os espécimes minerais ou fósseis,
destinados a Museus, Estabelecimentos de Ensino e outros fins científicos; as águas
minerais em fase de lavra; e as jazidas de águas subterrâneas.

18
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

Logo, pesquisa mineral sãos os trabalhos necessários à definição da jazida, além de


sua avaliação e da determinação da exequibilidade do seu aproveitamento monetário.
Já a pesquisa mineral trata dos seguintes trabalhos de campo e de laboratório:
levantamentos geológicos pormenorizados da área a pesquisar; estudos dos
afloramentos e suas correlações; levantamentos geofísicos e geoquímicos; aberturas
de escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo mineral; amostragens
sistemáticas; análises físicas e químicas das amostras e dos testemunhos de sondagens;
e ensaios de beneficiamento dos minérios ou das substâncias minerais úteis, para
obtenção de concentrados.

São também importantes os seguintes conceitos:

» Garimpagem: o trabalho individual em que se usa aparelhos manuais


ou máquinas simples na extração de pedras preciosas, semipreciosas e
minerais metálicos ou não metálicos valiosos, em depósitos de eluvião
ou aluvião, nos álveos de cursos d’água ou nas margens reservadas, bem
como nos depósitos secundários ou chapadas (grupiaras), vertentes e
altos de morros – tais depósitos são denominados de garimpos.

» Faiscação: o trabalho individual em que se usa aparelhos manuais ou


máquinas simples, na extração de metais nobres de depósitos de eluvião
ou aluvião, fluviais ou marinhos – esses depósitos são denominados de
faisqueiras.

» Cata: o trabalho individual feito por processos parecidos com o de


garimpagem e faiscação, na parte decomposta dos afloramentos dos
filões e veeiros, na extração de substâncias minerais úteis, sem o
emprego de explosivos e que as apure por processos minimamente
rudimentares.

» Garimpeiro: o trabalhador extrator das substâncias minerais úteis,


por processo simples e individual de mineração, garimpagem, cata ou
faiscação.

Assim, deduz-se que a garimpagem, a faiscação e a cata são caracterizadas pela forma
rudimentar de mineração, pela natureza dos depósitos trabalhados e pelo caráter
individual do trabalho, sempre autônomos.

19
CAPÍTULO 5
Ditames do código de mineração

É muito importante lembrar que, na aplicação dos regimes de Autorização,


Licenciamento e Concessão, devem ser respeitados o direito de prioridade à obtenção
da autorização de pesquisa ou de registro de licença, atribuído ao interessado cujo
requerimento tenha por objeto área considerada livre, para a finalidade pretendida, à
data da protocolização do pedido no DNPM, atendidos os demais requisitos cabíveis e
o direito à participação do proprietário do solo nos resultados da lavra.

Um importante ponto que traz essa lei é que o direito de participação não pode ser
objeto de transferência ou caução separadamente do imóvel a que corresponder,
todavia o proprietário deste pode transferir ou caucionar o direito ao recebimento
de certas prestações futuras ou até renunciar ao seu direito. Ora, os que exercem
as atividades de pesquisa, lavra, beneficiamento, distribuição, consumo ou
industrialização de reservas minerais são obrigados a viabilizar aos agentes do
DNPM a inspeção de instalações, equipamentos e trabalhos, bem como fornecer-lhes
informações sobre o volume da produção e características qualitativas dos produtos,
condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da exploração das
atividades, mercados e preços de venda e a quantidade e condições técnicas e
econômicas do consumo de produtos minerais.

Ora, os estudos sobre a propriedade de mineração devem concluir ou pela


exequibilidade técnico-econômica da lavra ou pela inexistência de jazida ou pela
inexequibilidade técnico-econômica da lavra por diversos contextos, por exemplo:
a) inexistência de tecnologia adequada ao aproveitamento econômico daquela
substância; b) inexistência de mercado interno ou externo para aquela substância
mineral. Vale lembrar que a retificação de alvará de pesquisa não acarreta modificação
no prazo original, exceto se houver alteração significativa no polígono delimitador
da área. As autorizações de pesquisa ficam restritas às áreas máximas determinadas
logicamente em portaria do Diretor-Geral do DNPM.

Ademais, a área desonerada por publicação de despacho no Diário Oficial da União


fica disponível pelo prazo de sessenta dias, para pesquisa ou lavra, como bem
disser a portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia. Salvo quando dispuser
diversamente o despacho respectivo, a área desonerada deve ficar disponível para
pesquisa. O Diretor-Geral do DNPM pode estabelecer critérios e condições específicos
a serem atendidos pelos interessados no processo de habilitação às áreas disponíveis.

20
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

Decorrido o prazo fixado, sem pretendentes, a área estará livre para a aplicação do
direito de prioridade. Nota-se que as vistorias realizadas pelo DNPM, no exercício da
fiscalização dos trabalhos de pesquisa e lavra, devem ser custeadas pelos respectivos
interessados, na forma do que dispuser portaria do Diretor-Geral da referida
autarquia.

O titular de autorização de pesquisa pode realizar os seus trabalhos, obras e


serviços auxiliares necessários, limitados às áreas da pesquisa, desde que pague aos
proprietários ou posseiros uma renda pela ocupação e uma indenização pelos danos
e prejuízos que possam ser causados pela pesquisa, desde que: a renda não exceda ao
montante do rendimento líquido máximo da propriedade referido à extensão da área
ocupada; a indenização por danos causados não exceda o valor venal da propriedade
na extensão da área ocupada pela pesquisa; os danos inutilizem para fins agrícolas
e pastoris toda a propriedade necessária à pesquisa (nesse caso, a indenização pode
atingir o valor venal máximo de toda a propriedade); os valores venais sejam obtidos
por comparação com valores venais de propriedade da mesma espécie, na mesma
região; no caso de terrenos públicos, seja dispensado o pagamento da renda, devendo
o titular da pesquisa pagar os danos e prejuízos; se o titular do Alvará de Pesquisa, até
a data da transcrição do título de autorização, não juntar ao processo prova de acordo
com os proprietários ou posseiros, o Diretor-Geral do DNPM, dentro de três dias dessa
data, enviará ao Juiz de Direito da Comarca da jazida cópia do título; dentro de 15
dias, a partir da data do recebimento dessa comunicação, o Juiz mandará proceder
à avaliação da renda e dos danos e prejuízos, de acordo com o CPC; o Promotor de
Justiça da Comarca seja citado para os termos da ação, como representante da União;
a avaliação seja julgada pelo Juiz no prazo máximo de 30 dias, contados da data do
despacho a que se refere o inciso VII, não tendo efeito suspensivo os recursos que
forem apresentados; as despesas judiciais com o processo de avaliação sejam pagas
pelo titular da autorização de pesquisa; julgada a avaliação, o Juiz, dentro de oito dias,
intime o titular a depositar quantia correspondente ao valor da renda de dois anos
e a caução para pagamento da indenização; feitos esses depósitos, o Juiz, dentro de
oito dias, intime os proprietários ou posseiros do solo a permitirem os trabalhos de
pesquisa, devendo notificar seu despacho ao Diretor-Geral do DNPM e às autoridades
policiais locais.

Se houver prorrogação do prazo da pesquisa, o Diretor-Geral do DNPM o deve


notificar ao Juiz, no prazo e condições indicadas; dentro de oito dias do recebimento da
comunicação a que se refere o inciso anterior, o Juiz deve intimar o titular da pesquisa
a depositar nova quantia no valor da renda do prazo de prorrogação. Depois desse
depósito, o Juiz deve intimar os proprietários ou posseiros do solo, dentro de oito
dias, a permitirem a continuação dos trabalhos de pesquisa no prazo da prorrogação e

21
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

notificar seu despacho ao Diretor-Geral do DNPM e às autoridades locais. Concluídos


os trabalhos de pesquisa, o titular da respectiva autorização e o Diretor-Geral do
DNPM devem notificar o fato ao Juiz, para encerrar a ação judicial do pagamento das
indenizações.

Antes de encerrada a ação anteriormente descrita, as partes que se julgarem lesadas


podem requerer ao Juiz se lhes faça justiça. O titular da autorização de pesquisa é
obrigado, sob pena de sanções, a iniciar os trabalhos de pesquisa dentro de 60 dias
da publicação do Alvará de Pesquisa no DOU, se o titular for o proprietário do solo ou
tiver ajustado com este o valor e a forma de pagamento das indenizações ou, dentro
de 60 dias do ingresso judicial na área de pesquisa, quando a avaliação da indenização
pela ocupação e danos causados processar-se em juízo. Também fica obrigado a não
interromper os trabalhos, sem justificativa, depois de iniciados, por mais de três meses
consecutivos, ou por 120 dias acumulados e não consecutivos. O início ou reinício, bem
como as interrupções de trabalho, devem ser imediatamente comunicados ao DNPM.

Cabe recurso ao Ministro das Minas e Energia contra a Imissão de Posse, dentro de
15 dias, contados da data do ato de imissão. O recurso, se provido, anula a Imissão
de Posse. O titular da concessão deve ficar obrigado, sob pena de sanções, a: a iniciar
os trabalhos previstos no plano de lavra, dentro do prazo de seis meses, contados
da data da publicação do Decreto de Concessão no Diário Oficial da União, salvo
motivo de força maior, a juízo do DNPM; a lavrar a jazida de acordo com o plano de
lavra aprovado pelo DNPM com segunda via no local da mina; a extrair somente as
substâncias minerais indicadas no Decreto de Concessão; a comunicar imediatamente
ao DNPM o descobrimento de qualquer outra substância mineral não incluída no
Decreto de Concessão; a executar os trabalhos de mineração com observância das
normas regulamentares; a confiar, obrigatoriamente, a direção dos trabalhos de
lavra a técnico legalmente habilitado ao exercício da profissão; a não dificultar ou
impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento ulterior da jazida; a responder
pelos danos e prejuízos a terceiros que resultarem da lavra; a promover a segurança e a
salubridade das habitações existentes no local; a evitar o extravio das águas e drenar as
que possam ocasionar alguma perda aos vizinhos; a evitar poluição do ar, ou da água;
a proteger e conservar as Fontes, bem como utilizar as águas; a tomar as providências
indicadas pela fiscalização dos órgãos federais; a não suspender os trabalhos de lavra,
sem prévia comunicação ao Departamento Nacional da Produção Mineral; a manter
a mina conservada, no caso de suspensão temporária da lavra, para permitir a volta
da mesma; e a apresentar ao DNPM até o dia 15 de março de cada ano, relatório das
atividades realizadas no ano anterior.

22
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

Para o aproveitamento de substâncias, pelo concessionário de lavra, deve ser


necessário aditamento ao seu título de lavra. É ambiciosa a lavra sem concordância
com o plano pré-estabelecido ou que não aproveite devidamente o potencial econômico
da jazida. Os trabalhos de lavra, uma vez iniciados, não podem ser interrompidos
por mais de 6 meses consecutivos, salvo motivo comprovado de força maior. O
Relatório Anual deve conter: a) método de lavra, transporte e distribuição no mercado
consumidor, das substâncias minerais extraídas; b) modificações verificadas nas
reservas, características das substâncias minerais produzidas, inclusive o teor mínimo
economicamente compensador e a relação observada entre a substância útil e o estéril;
c) quadro mensal, em que figurem, pelo menos, os elementos de produção, estoque,
preço médio de venda, destino do produto bruto e do beneficiado, recolhimento do
Imposto Único e o pagamento do Dízimo do proprietário; d) número de trabalhadores
da mina e do beneficiamento; e) investimentos feitos na mina e nos trabalhos de
pesquisa; f) balanço anual da Empresa.

Quando se perceber que a jazida tem melhor proveito de outra forma justificando
alterações no plano de aproveitamento econômico ou o mercado exigir alterações na
produção, deve o concessionário propor mudanças ao DNPM, para exame e eventual
aprovação do novo plano. A lavra praticada em desacordo com o plano aprovado
leva a sanções ao concessionário, indo de uma advertência à caducidade. A critério
do DNPM, várias concessões de lavra de um mesmo titular e da mesma substância
mineral podem ser reunidas em uma só unidade de mineração, chamada Grupamento
Mineiro. No último capítulo desta unidade, veremos mais informações sobre essa
modalidade. O concessionário de um Grupamento Mineiro, a juízo do DNPM, pode
concentrar as atividades da lavra em uma ou algumas das concessões agrupadas,
contanto que a intensidade da lavra seja compatível com a importância da reserva
total das jazidas agrupadas.

Em zona de Reserva Nacional de determinada substância mineral, o Governo pode


autorizar a pesquisa ou lavra de outra substância mineral, quando compatíveis
e independentes da substância da Reserva e mediante condições especiais, em
conformidade com as necessidades do país.

Subsistirá a Concessão, quanto aos direitos, obrigações, limitações e efeitos dela


decorrentes, quando o concessionário a alienar ou gravar. Os atos de alienação ou
oneração só têm validade depois de averbados no DNPM. A concessão de lavra
somente é transmissível a quem for capaz de exercê-la de acordo com as disposições
do CM. As dívidas e os gravames constituídos sobre a concessão resolvem-se com
extinção desta, ressalvada a ação pessoal contra o devedor. Os credores têm nenhuma

23
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

ação contra o novo titular da concessão que fora extinta, salvo se esta retornar ao
domínio do antigo concessionário.

Quanto à concessão de lavra, ela pode ser descentralizada em mais de duas concessões
se o fracionamento: não dificultar o devido aproveitamento da jazida, ser tecnicamente
viável e não mal influenciar o aproveitamento das unidades mineiras de produção
da jazida. O desmembramento deve ser pleiteado pelo concessionário com os
pretendentes às novas concessões, por meio de requerimento dirigido ao Ministro das
Minas e Energia, entregue mediante recibo no Protocolo do DNPM, devendo conter:
o memorial justificativo e os elementos de instrução de cada uma das concessões
propostas.

No curso de qualquer medida judicial não pode haver embargo ou sequestro que
resulte em interrupção dos trabalhos de lavra. Pode o titular da portaria de concessão
de lavra, mediante requerimento justificado, obter a suspensão temporária da lavra
ou comunicar a renúncia de seu direito. Porém, em ambos os casos, o requerimento
deve ser acompanhado de um relatório dos trabalhos efetuados e do estado da mina, e
suas possibilidades futuras. Somente após verificação in loco por um de seus técnicos
é que o DNPM deve emitir parecer conclusivo para decisão do Ministro das Minas e
Energia. Não aceitas as razões da suspensão dos trabalhos ou efetivada a renúncia,
cabe ao DNPM sugerir ao Ministro das Minas e Energia medidas para o andamento
dos trabalhos e a aplicação de sanções, se for necessário. Ficam sujeitas a servidões de
solo e subsolo, para os fins de pesquisa ou lavra, a propriedade em que está a jazida
e as limítrofes. Instituem-se Servidões para: construção de oficinas, instalações,
obras acessórias e moradias; abertura de vias de transporte e linhas de comunicação;
captação e adução de água necessária aos serviços; transmissão de energia elétrica;
escoamento das águas da mina; abertura de passagem de pessoal e material, de
conduto de ventilação e de energia elétrica; utilização das aguadas sem prejuízo das
atividades; e bota-fora do material desmontado do engenho.

Por fim, instituem-se as Servidões mediante indenização prévia do valor do terreno


ocupado e dos prejuízos resultantes dessa ocupação. Não havendo acordo entre as
partes, o pagamento deve ser feito por depósito judicial da indenização, por meio de
vistoria ou perícia com arbitramento, e depois o competente mandado de imissão de
posse na área, se for o caso. O cálculo da indenização e dos danos a serem pagos pelo
titular da autorização de pesquisa ou concessão de lavra deve respeitar às prescrições
contidas no art. 27 do CM e deve seguir o rito estabelecido em Decreto do Governo
Federal.

24
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

É importante observar que, se a indenização não for entregue no prazo, haverá uma
correção monetária. É válido lembrar que não podem ser iniciados os trabalhos
de pesquisa ou lavra antes de pagar a indenização e de fixar a renda pela ocupação
da propriedade. O não cumprimento das obrigações decorrentes das autorizações
de pesquisa, das permissões de lavra garimpeira, das concessões de lavra e do
licenciamento leva à advertência, multa e/ou caducidade do título. As penalidades
de advertência, multa e de caducidade de autorização de pesquisa devem ser de
competência do DNPM. A caducidade da concessão de lavra deve se dar por meio
de uma portaria feita pelo Ministro de Estado de Minas e Energia. A multa inicial
deve variar de 100 a 1.000 UFIR, segundo a gravidade das infrações. Em caso de
reincidência, a multa deve ser cobrada em dobro. O regulamento deste Código
define o critério de imposição de multas, segundo a gravidade das infrações. O valor
das multas deve ser recolhido ao Banco do Brasil S.A., em guia própria, à conta do
“Fundo Nacional de Mineração – Parte Disponível”. Deve ser declarada a caducidade
da autorização de pesquisa, ou da concessão de lavra, desde que verificada a
caracterização formal de abandono da jazida ou mina; o não cumprimento dos
prazos de início ou reinício dos trabalhos de pesquisa ou lavra, apesar de advertência
e multa; os trabalhos de pesquisa em desacordo com as condições da autorização; o
prosseguimento de lavra ambiciosa ou de extração de substância não compreendida
no Decreto de Lavra, apesar de advertência e multa; e o não atendimento de repetidas
observações da fiscalização, caracterizado pela terceira reincidência, no intervalo de 1
ano de infrações com multas.

No caso de extinção da concessão de lavra, cabe ao Diretor-Geral DNPM, por Edital


publicado no DOU, declarar a disponibilidade da respectiva área, para possíveis
autorização de pesquisa ou concessão de lavra, com os devidos requisitos para o
requerente. Para haver a prioridade à outorgada da autorização de pesquisa ou da
concessão de lavra, devem ser apreciados os requerimentos, definindo-se como
prioritário o pretendente que melhor atender aos interesses específicos do setor
minerário. São anuláveis os Alvarás de Pesquisa ou Decretos de Lavra quando
outorgados com infringência de dispositivos do CM.

A anulação dela deve ser promovida ex officio nos casos de imprecisão intencional da
definição das áreas de pesquisa ou lavra e de inobservância do disposto no item I do
art. 22, § 2o, do CM. Nos demais casos, e sempre que possível, o DNPM deve procurar
sanar a deficiência por via de atos de retificação. A nulidade pode ser pleiteada
judicialmente em ação proposta por qualquer interessado, no prazo de 1 ano, a contar
da publicação do Decreto de Lavra no Diário Oficial da União. Se houver alguma
causa de nulidade ou caducidade da autorização ou da concessão, exceto os casos de
abandono, o titular não perde a propriedade dos bens que sua ausência prejudicaria

25
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

a mina. O processo administrativo para declaração de nulidade ou de caducidade


deve ser instaurado ex officio ou mediante denúncia comprovada. O Diretor-Geral
do DNPM deve intimar o titular, mediante ofício e edital, quando se encontrar em
lugar incerto, para apresentação de defesa em 60 dias, contra os motivos arguidos
na denúncia ou que deram margem à instauração do processo administrativo. Findo
o prazo, com a juntada da defesa ou informação sobre a sua não apresentação pelo
notificado, o processo deverá entrar em conformidade com a decisão do Ministro das
Minas e Energia. Do despacho ministerial declaratório de nulidade ou caducidade
da autorização de pesquisa, cabe pedido de reconsideração, no prazo de 15 dias, ou
recurso voluntário ao Presidente da República, no prazo de 30 dias, desde que o titular
da autorização não tenha solicitado reconsideração do despacho no devido prazo. O
pedido de reconsideração não atendido deve ser encaminhado como recurso ex officio
ao Presidente da República em 30 dias, a contar de seu recebimento, dando-se ciência
antecipada ao interessado, que pode aduzir novos elementos de defesa, inclusive
prova documental, as quais, se apresentadas no prazo legal, devem ser recebidas
em caráter de recurso. O titular de autorização declarada Nula ou Caduca não pode
interpor recurso ao Presidente da República enquanto aguarda solução Ministerial
para o seu pedido de reconsideração. Somente deve ser admitido um pedido de
reconsideração e um recurso. Esgotada a instância administrativa, a execução das
medidas determinadas em decisões superiores não deve ser prejudicada por recursos
extemporâneos, pedidos de revisão e outros expedientes protelatórios.

Concluídas as diligências de instrução do processo, o Diretor-Geral do DNPM deve


mostrar os autos ao Ministro das Minas e Energia. Examinadas as peças dos autos,
especialmente as razões de defesa oferecidas pela Empresa, o Ministro deve apresentar
o processo, com relatório e parecer conclusivo, ao Presidente da República. Da
decisão da autoridade superior, pode a interessada solicitar reconsideração, no prazo
improrrogável de dez dias da sua publicação no DOU, desde que tenha elementos
novos que alicercem o reexame da matéria em si.

Dependem de permissão do Governo: a garimpagem, a faiscação ou a cata. Só cabe


ao garimpeiro o ônus do pagamento da menor taxa remuneratória cobrada pelas
Coletorias Federais. Essa permissão deve constar de matrícula do garimpeiro,
renovada anualmente nas Coletorias Federais dos Municípios onde forem realizados
esses trabalhos, e deve ser válida somente para a região jurisdicionada pela respectiva
exatoria que a concedeu. A matrícula, que é pessoal, deve ser feita a requerimento
verbal do interessado e registrada em livro próprio da Coletoria Federal, mediante
apresentação do comprovante de quitação do imposto sindical e pagamento da
mesma taxa remuneratória cobrada pela Coletoria. Ao garimpeiro matriculado deve
ser fornecido um Certificado de Matrícula, do qual deve constar seu retrato, nome,

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DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

nacionalidade, endereço, e deve ser o documento oficial para o exercício da atividade


dentro da zona nele especificada. Quando o garimpeiro não possuir o necessário
Certificado de Matrícula, o material de garimpagem, faiscação ou cata deve ser
apreendido.

As permissões para garimpagem, faiscação ou cata dependem do consentimento do


proprietário do solo. A contribuição do garimpeiro ajustada com o proprietário do
solo para fazer garimpagem, faiscação ou cata não pode exceder o dízimo do valor do
imposto único que for arrecadado pela Coletoria Federal. É vedada a realização desses
três trabalhos em áreas de autorização de pesquisa ou concessão de lavra. Atendendo
aos interesses do setor minerário, podem ser delimitadas áreas para aproveitamento
de substâncias minerais exclusivos para trabalhos de garimpagem, faiscação ou
cata. O imposto único referente às substâncias minerais oriundas de atividades de
garimpagem, faiscação ou cata deve ser pago pelos compradores ou beneficiadores
autorizados por Decreto do Governo Federal.

Por motivo de ordem pública ou de malbaratamento de certo minério, pode o


Ministro das Minas e Energia, por proposta do Diretor-Geral do DNPM, determinar
o fechamento de certas áreas às atividades de garimpagem, faiscação ou cata. As
empresas que pleitearem autorização para pesquisa ou lavra ou que forem titulares
de direitos minerários ficam obrigadas a arquivar no DNPM os estatutos ou contratos
sociais. Os acordos de acionistas dessas empresas e as futuras alterações contratuais
ou estatutárias devem ser protocolizados no prazo máximo de 30 dias após registro no
DNRC. O não cumprimento do prazo ensejará em advertência ou multa, a qual deve
ser aplicada em dobro no caso de não atendimento das exigências, no prazo de 30 dias
da imposição da multa inicial, e assim sucessivamente, a cada trinta dias subsequentes.

Importante: aplica-se à propriedade mineral o direito comum. A jazida é bem imóvel


que não abrange o minério ou a substância mineral que a constitui. O limite subterrâneo
da jazida ou mina é o plano vertical do perímetro definidor da área titulada, admitida
raramente a fixação de limites em profundidade por superfície horizontal. A iniciativa
de limitar o plano horizontal da concessão pode ser do titular dos direitos minerários
ou do DNPM ex officio, cabendo sempre ao titular a apresentação do plano dos
trabalhos de pesquisa, em até 90 dias contados da data de publicação no DOU, para
obter o novo título. Se constar-se a falta de direitos minerários no prazo, o DNPM pode
disponibilizar o título representativo do direito minerário. Em caráter excepcional, ex
officio ou por requerimento de parte interessada, pode o DNPM efetuar a limitação
de jazida por superfície horizontal, inclusive em áreas já tituladas. O DNPM deve
estabelecer as condições mediante as quais os depósitos podem ser aproveitados e
quais os procedimentos da outorga da titulação são legítimos para o caso.

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UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

Os titulares de concessões de minas próximas ou vizinhas ou situadas sobre o mesmo


jazimento podem obter permissão para criação do Consórcio de Mineração, para
aumentar a produtividade da extração. Do requerimento pedindo a constituição do
Consórcio de Mineração, deve constar: o Memorial justificando os supostos benefícios
de um futuro Consórcio, mostrando os recursos econômicos e financeiros de que
disporá a nova entidade, a Minuta dos Estatutos do Consórcio, plano de trabalhos
a realizar, enumeração das providências e o que esperam do Poder Público. A nova
entidade, Consórcio de Mineração, deve ficar sujeita a condições fixadas em Caderno
de Encargos, anexado ao ato institutivo da concessão, feito por Comissão nomeada.
O prosseguimento da pesquisa ou lavra não se deve deter por ação judicial de quem
quer que seja. Após a decretação do litígio, deve ser procedida a necessária vistoria ad
perpetuam rei memoriam a fim de evitar-se solução de continuidade dos trabalhos. O
DNPM deve fiscalizar todas as atividades de mineração, do comércio à industrialização
de matérias-primas minerais, para o devido cumprimento das disposições legais,
regulamentares ou contratuais.

Quando se verificar em jazida em lavra minerais radioativos ou passíveis de produção


de energia nuclear, a concessão só deve ser mantida caso o valor econômico dessa
substância seja superior ao dos minerais nucleares. Quando os inesperados minerais
radioativos e nucleares passíveis de aproveitamento econômico predominar sobre
a substância mineral do título de lavra, a mina pode ser desapropriada. Os titulares
de autorizações de pesquisa ou de concessões de lavra são obrigados a comunicar ao
Ministério das Minas e Energia qualquer descoberta desses minerais radioativos ou
nucleares, sob a possibilidade de incidência de sanções. A Empresa de Mineração
que, comprovadamente, dispuser do recurso dos métodos de prospecção aérea pode
permitir o Reconhecimento Geológico, para ter preliminares regionais necessárias
à formulação de requerimento de autorização de pesquisa. As regiões assim
permissionadas não estão tuteladas no art. 25 do CM. A permissão deve ser dada
por autorização expressa do Diretor-Geral do DNPM, com prévio assentimento do
Conselho de Segurança Nacional. A permissão do Reconhecimento Geológico deve
ser outorgada pelo prazo máximo e improrrogável de 90 dias, a contar da data da
publicação do Diário Oficial. A permissão do Reconhecimento Geológico deve ter
caráter precário e atribui à Empresa tão somente o direito de prioridade para obter a
autorização de pesquisa. A Empresa de Mineração obriga-se a apresentar ao DNPM os
resultados do Reconhecimento procedido, sob a possibilidade de devidas sanções.

O DNPM deve manter registros próprios dos títulos minerários. Os alvarás de


pesquisa, as portarias de lavra e os demais atos administrativos deles decorrentes
devem ser publicados no DOU. A publicação de editais em jornais particulares é
também feita à custa dos requerentes e por eles próprios promovidos, devendo ser

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DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

enviado prontamente um exemplar ao DNPM para anexação ao respectivo processo.


O DNPM deve ser sempre ouvido quando o Governo Federal tratar de qualquer
assunto referente à matéria-prima mineral ou ao seu produto. Continuam em vigor as
autorizações de pesquisa e concessões de lavra outorgadas na vigência da legislação
anterior, ficando, no entanto, sua execução sujeita à observância desse Código. A lavra
de jazida deve ser organizada e conduzida na forma da Constituição.

Serão concedidos alvarás só em áreas livres quando o requerimento for


corretamente instruído. O requerimento de autorização de pesquisa não pode
ser cedido a terceiros, antes de ser publicado o alvará no DOU. Além disso, é
indispensável a obtenção do alvará para se iniciar uma pesquisa. O prazo dessa
pesquisa é de até três anos, prorrogáveis por mais outros três. Os trabalhos
devem ser suspensos durante esse prazo de análise do pedido de prorrogação
do alvará de pesquisa. Em caso de descumprimento das obrigações, o detentor
do alvará de pesquisa será sancionado por uma advertência até a perda
do direito. Ao final do prazo, deve o titular apresentar um relatório final de
pesquisa. É indispensável a obtenção de autorização para acesso ao solo das
pesquisas. O superficiário tem direito quando indeniza os danos causados ao
imóvel e a renda das pesquisas, cujo processo é um procedimento de jurisdição
voluntária. Por uma liminar, o titular por ser imitido provisoriamente na posse
da propriedade de pesquisa.

O prazo final de apresentação do relatório final de pesquisa é o mesmo último


dia do prazo do alvará. O DNPM possui poder de aprovação do relatório;
caso aprovado, o pesquisador terá direito de requerer a lavra até um ano. Por
requerimento do pesquisador, pode o DNPM sobrestar a análise do relatório.
Em caso de rejeição do relatório, a área ficará livre para outros, cuja rejeição
cabe pedido de reconsideração e recurso.

O PAE é o documento que norteia toda a atividade da lavra, e esta deve


iniciar em até 6 meses da aprovação do PAE, cuja lavra só pode ser suspensa
em hipóteses excepcionais. O titular da concessão é obrigado a realizar o
fechamento de mina. É válido notar que as áreas necessárias para instalação
do empreendimento podem ser objeto de servidão minerária, além de poder
atingir imóveis e direitos minerários, inclusive fora da poligonal titulada. A
servidão serve ao título, e não ao minerador, e extingue-se juntamente com
o título. A CFEM tem natureza de preço público e fato gerador na venda ou
consumo próprio do bem mineral. A base de cálculo da CFEM é o faturamento
bruto. Descontados impostos, transportes dentro da mina e seguros, ela tem
alíquota variando de 0,2% a 3%, cuja fiscalização e cobrança da CFEM são

29
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

feitas pelo DNPM. O proprietário do terreno em que se faz a extração mineral


participa em 50% da CFEM no resultado da lavra. O direito de cobrar a CFEM
prescreve em cinco anos do lançamento, e o de lançar em cinco anos do fato
gerador da mesma.

30
CAPÍTULO 6
Normas correlatas e regulamentações

Temos algumas normas correlatas e regulamentações que são de mister importância


na complementação dos institutos do direito minerário, as quais veremos a seguir.

Lei no 6.634, de 1979


Observa-se que é considerada área indispensável à Segurança Nacional a faixa interna
de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, que
deve ser designada como Faixa de Fronteira. Salvo com o assentimento prévio do
Conselho de Segurança Nacional, deve ser vedada, na Faixa de Fronteira, a prática
dos atos referentes a: alienação e concessão de terras públicas, abertura de vias
de transporte e instalação de meios de comunicação destinados à exploração de
serviços de radiodifusão de sons ou radiodifusão de sons e imagens; construção de
pontes, estradas internacionais e campos de pouso; estabelecimento de indústrias
que o Governo vê necessidades de Segurança Nacional; instalação de empresas de
especialidade de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de recursos minerais,
colonização e loteamento rurais; transações com imóvel rural, que impliquem a
obtenção por estrangeiro do domínio, da posse ou de qualquer direito real sobre o
imóvel; e participação de estrangeiro em pessoa jurídica que seja titular de direito real
sobre imóvel rural.

Devem ser formalizados em ato da Secretaria Geral do Conselho de Segurança


Nacional (CSN) o assentimento prévio, a modificação ou a cassação das concessões
ou autorizações. Se seu ato implicar modificação ou cassação de atos anteriores,
cabe recurso ao Presidente da República. Os pedidos de assentimento prévio devem
ser instituídos com o parecer do órgão federal controlador da atividade. Na Faixa
de Fronteira, as empresas que se dedicarem às indústrias devem, obrigatoriamente,
satisfazer às seguintes condições: pelo menos 51% do capital pertencer a brasileiros;
pelo menos 2/3 de trabalhadores serem brasileiros; e caber a administração ou
gerência a maioria de brasileiros, assegurados a estes os poderes predominantes. No
caso de pessoa física ou empresa individual, só a um brasileiro deve ser permitida a
exploração das atividades.

Deve haver exigência de prova do assentimento prévio do CSN por autoridades,


entidades e serventuários públicos para prática de qualquer ato. Em caso de não fiel
cumprimento, os tabeliães, os Oficiais do Registro de Imóveis e os servidores das Juntas

31
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

Comerciais sujeitar-se-ão à multa de até 10% sobre o valor do negócio irregularmente


realizado, além das sanções civis e penais cabíveis. As Juntas Comerciais não podem
arquivar ou registrar contrato social, estatuto ou ato constitutivo de sociedade quando
contrariarem essa lei que estamos descrevendo.

Os atos previstos no seu art. 2o, quando praticados sem o prévio assentimento do
Conselho de Segurança Nacional, devem ser nulos de pleno direito e devem sujeitar
os responsáveis à multa de até 20% do valor declarado do negócio irregularmente
realizado. Compete à Secretaria-Geral do CSN solicitar a instauração de inquérito
a fim de apurar infrações. A alienação e a concessão de terras públicas, na Faixa de
Fronteira, não podem exceder de 3.000 ha. O Presidente da República, depois de
ouvir o Conselho de Segurança Nacional e mediante prévia autorização do Senado
Federal, pode autorizar a alienação e a concessão de terras públicas acima do limite,
desde que em interesse nacional. Toda vez que existir interesse para a Segurança
Nacional a União pode concorrer com o custo para a construção de obras públicas.
Os recursos devem ser repassados diretamente às Prefeituras Municipais, mediante
a apresentação de projetos específicos. Anualmente, o Desembargador-Corregedor
da Justiça Estadual deve realizar correição nos livros dos Tabeliães e Oficiais do
Registro de Imóveis para verificar o cumprimento dessa lei. Nos Territórios Federais,
a correição deve ser realizada pelo Desembargador-Corregedor da Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios.

Decreto-Lei no 1.865, de 1981

Já nesse Decreto-Lei, observa-se que as Empresas Nucleares Brasileiras S.A. e suas


subsidiárias indenizarão os proprietários ou possuidores de áreas de trabalhos de
prospecção, pesquisa e lavra de substâncias minerais com elementos nucleares. A
indenização deve consistir no ressarcimento dos danos causados e no pagamento de
renda mensal pela ocupação da área. A renda mensal pela ocupação deve ser igual ao
lucro líquido do possuidor do imóvel. Se ao imóvel não estiver sendo dada utilização
econômica, a renda mensal deve equivaler a 1% do seu valor cadastral para fins de
lançamento de imposto. No caso de terrenos públicos, não é necessário o pagamento
da renda, mas tão somente o ressarcimento pelos danos causados. Na ausência de
acordo com o proprietário ou possuidor, a empresa deve requerer ao Juiz da Comarca
do imóvel a autorização de ingresso imediato com o cálculo da indenização devida.

Instruído o pedido com planta da área e certidão do registro imobiliário, o Juiz, no


prazo de 48 horas, deve mandar intimar o proprietário ou possuidor para o início das
atividades de prospecção, pesquisa ou lavra, solicitando até força policial se for o caso.
No mesmo despacho, o Juiz deve estabelecer o depósito, a título de caução, do valor

32
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

oferecido e ordenar a citação do proprietário ou possuidor para instauração da lide.


Durante a execução dos trabalhos, é facultado ao Juiz autorizar o levantamento de até
50% do valor depositado. O saldo deve ser levantado no final dos mesmos trabalhos,
observada a proporção dos danos ou prejuízos efetivamente causados.

A resposta, que deve ser apresentada no prazo de 15 dias, só pode versar sobre vício
do processo judicial ou sobre o valor da indenização; qualquer outra questão deve
ser decidida em ação direta. Apresentada ou não a resposta, o Juiz, sem prejuízo da
realização dos trabalhos, deve, então, estabelecer prova pericial, na forma do disposto
no Código de Processo Civil. Fixado por sentença o valor das indenizações, a empresa,
quando for o caso, complementará o depósito, no prazo que lhe for determinado. A
renda, fixada por acordo ou por sentença, deve ser reajustada anualmente, a partir
do 13o mês de sua vigência, proporcionalmente à variação do valor das Obrigações
Reajustáveis do Tesouro Nacional ou índice que legalmente o substituir. A empresa
pode, a qualquer tempo, cessar os trabalhos de prospecção, pesquisa ou lavra,
devolvendo a área por meio de termo de recebimento e quitação. As propriedades de
extração mineral, assim como as vizinhas, sujeitam-se à servidão do solo e do subsolo,
por um pagamento de indenização por danos e de renda pela ocupação. Os recursos
interpostos das decisões previstas neste Decreto-Lei devem ser recebidos somente
no efeito devolutivo, e a propositura de qualquer ação ou medida judicial não deve
deter o prosseguimento das atividades de prospecção, pesquisa e lavra. Além disso,
por meio dessa lei, ficou assegurado às Empresas Nucleares Brasileiras S.A. e às suas
Subsidiárias o direito de desapropriar áreas de seu interesse.

Lei no 7.677, de 1988

Essa lei autorizou o Poder Executivo, por intermédio do Ministério da Ciência e


Tecnologia, a criar pessoa jurídica, na forma de Instituto associado ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ao Centro de Tecnologia
Mineral (Cetem), de que podem participar órgãos e entidades da administração direta
e indireta federal, estadual e municipal e empresas e organismos privados. Esse Cetem
é destinado a promover o desenvolvimento da tecnologia mineral e sua assimilação
pela indústria nacional por meio de pesquisas, estudos e projetos de tratamento,
beneficiamento e industrialização de bens minerais; planejamento e montagem de
instalações-piloto e laboratório para atuação nas áreas relacionadas com a tecnologia
mineral; prestação de serviços e de assistência técnica às atividades de mineração de
entidades públicas e privadas; estímulo ao desenvolvimento e capacitação de recursos
humanos; colaboração com o Ministério da Ciência e Tecnologia na execução da
política nacional de tecnologia mineral.

33
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

O patrimônio do Cetem é constituído pelos bens e instalações do DNPM, do Ministério


das Minas e Energia e pela CPRM em atividades relacionadas com a tecnologia
mineral. Devem constituir receita do Cetem os recursos do Ministério da Ciência
e Tecnologia, as contribuições de seus participantes, os recursos provenientes da
prestação de serviços, as receitas de aplicação do patrimônio e doações, subvenções,
legados e rendas de qualquer natureza. Vale lembrar que o Cetem não tem objetivo
de lucro e deve aplicar seus recursos integralmente na realização das finalidades. O
Ministério de Estado de Ciência e Tecnologia deve designar Comissão constituída de
representante do seu Ministério, que a presidirá, e dos Ministério da Fazenda e das
Minas e Energia, e das Secretarias de Planejamento e Coordenação e da Administração
Pública da Presidência da República, para a organização de todas as atividades de
Cetem.

Lei no 7.805, de 1989

Essa lei trata do regime de permissão de lavra garimpeira, que é o aproveitamento


imediato de jazimento mineral que possa ser lavrado, independentemente de prévios
trabalhos de pesquisa, segundo critérios do DNPM. A permissão de lavra garimpeira
em área urbana depende de assentimento da autoridade administrativa local. A
outorga da permissão de lavra garimpeira depende de prévio licenciamento ambiental
concedido pelo órgão ambiental competente.

A permissão de lavra garimpeira deve ser outorgada pelo Diretor-Geral do DNPM, que
regulará, mediante portaria, o respectivo procedimento para habilitação. A permissão
de lavra garimpeira deve ser outorgada a cooperativa de garimpeiros, operando como
empresa de mineração, sob as seguintes condições: a permissão deve vigorar por até
5 anos, podendo, a critério do DNPM, ser sucessivamente renovada; o título é pessoal
e, mediante anuência do DNPM, transmissível. Quando outorgado a cooperativa de
garimpeiros, a transferência irá depender ainda de autorização expressa da Assembleia
Geral; a área permissionada não pode exceder 50 hectares, salvo quando outorgada a
cooperativa de garimpeiros.

Se julgar necessária a realização de trabalhos de pesquisa, o DNPM, de ofício ou por


solicitação do permissionário, intimá-lo-á a apresentar projetos de pesquisa, no prazo
de 90 dias, contado da data da publicação de intimação do Diário Oficial da União. Em
caso de inobservância pelo interessado, o DNPM deve cancelar a permissão ou reduzir
a área. A critério do DNPM, deve ser admitida a permissão de lavra garimpeira em
área de manifesto de mina ou de concessão de lavra quando houver viabilidade técnica
e econômica no aproveitamento por ambos os regimes com autorização do titular.
Havendo a recusa do titular da concessão ou do manifesto, o DNPM dará o prazo de

34
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

noventa dias para que seja apresentado um novo projeto de pesquisa para efeito de
futuro aditamento de nova substância. Decorrido esse último prazo, o titular que haja
apresentado o projeto terá a permissão de lavra garimpeira dada pelo DNPM.

A critério do DNPM, com autorização do titular, deve ser admitida a concessão de


lavra em área de permissão de lavra garimpeira quando houver viabilidade técnica e
econômica no aproveitamento por ambos os regimes. São deveres do permissionário
de lavra garimpeira: a) iniciar os trabalhos de extração no prazo de 90 dias da
publicação do título no DOU, salvo justificação justa; b) extrair somente as substâncias
minerais indicadas no título; c) comunicar imediatamente ao DNPM a ocorrência de
qualquer outra substância mineral não incluída no título; d) executar os trabalhos de
mineração com observância das normas técnicas e regulamentares; e) evitar o extravio
das águas servidas, drenar e tratar as que possam ocasionar danos a terceiros; f)
diligenciar no sentido de compatibilizar os trabalhos de lavra com a proteção do meio
ambiente; g) adotar as providências exigidas pelo Poder Público; h) não suspender
os trabalhos de extração por prazo superior a 120 dias, salvo justificação justa; i)
apresentar ao DNPM até o dia 15 de março de cada ano informações quantitativas
da produção e comercialização, relativas ao ano anterior; e j) responder pelos danos
causados a terceiros resultantes de seus trabalhos de lavra.

O não cumprimento dessas obrigações sujeita o infrator às sanções de advertência e


multa, previstas no art. 63 do CM e de cancelamento da permissão. A multa inicial deve
variar de 10 a 200 vezes o Maior Valor de Referência (MVR), devendo as hipóteses
e os respectivos valores serem definidos em portaria do Diretor-Geral do DNPM.
Garimpagem é a atividade de aproveitamento de substâncias minerais exercida
por brasileiro ou cooperativa autorizada como empresa de mineração, sob o regime
de permissão de lavra garimpeira. São minerais garimpáveis: o ouro, o diamante, a
cassiterita, a columbita, a tantalita e wolframita, nas formas aluvionar, eluvionar
e coluvial, a sheelita, as demais gemas, o rutilo, o quartzo, o berilo, a muscovita, o
espodumênio, a lepidolita, o feldspato, a mica e outros.

O local em que ocorre a extração de minerais garimpáveis deve ser genericamente


denominado garimpo. O DNPM deve estabelecer as áreas de garimpagem,
logicamente, aonde há o bem mineral garimpável, o interesse do setor mineral e as
razões sociais. Nas áreas de garimpagem, os trabalhos devem ser preferencialmente
associativos por meio de cooperativas. A criação dessas áreas fica condicionada a uma
licença do órgão ambiental. As cooperativas de garimpeiros têm prioridade para obter
autorização ou concessão para pesquisa e lavra, desde que a ocupação tenha ocorrido
em áreas consideradas livres, em áreas requeridas com prioridade ou em áreas onde
sejam titulares de permissão de lavra garimpeira.

35
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

A cooperativa comprovará, quando necessário, o exercício anterior da garimpagem


na área. O DNPM deve delimitar a área e propor sua regulamentação. Cabe ao Poder
Público favorecer a organização da atividade garimpeira em cooperativas, devendo
promover o controle, a segurança, a higiene, a proteção ao meio ambiente na área
explorada e a prática de melhores processos de extração e tratamento. Assim como
nas áreas de garimpagem, a concessão de lavras depende de licenciamento do órgão
ambiental competente. É valido notar que os trabalhos de pesquisa ou lavra que
causarem danos ao meio ambiente são passíveis de suspensão, e seu titular responde
pelos danos causados. O beneficiamento de minérios em lagos, rios e quaisquer
correntes de água só pode ser realizado de acordo com a solução técnica aprovada
pelos órgãos competentes.

A realização de trabalhos minerários sem permissão, concessão ou licença constitui


crime, sujeito à pena de reclusão de 3 meses a 3 anos e multa, devendo acarretar a
apreensão do produto mineral e de todo maquinário utilizado. Em caso de condenação
da sentença após trânsito em julgado, esses itens devem ser vendidos em hasta pública,
e o produto da venda recolhido à conta do Fundo Nacional de Mineração.

Lei no 9.055, de 1995

Essa lei vedou no Brasil a extração, produção, industrialização, utilização,


comercialização e produtos que contenham a actinolita, amosita (asbesto marrom),
antofilita, crocidolita (amianto azul) e da tremolita (todos anfibólios); a pulverização
de todos os tipos de asbesto/amianto da variedade crisotila; e a venda a granel de
fibras em pó de asbesto/amianto da variedade crisotila.

O asbesto/amianto da variedade crisotila (asbesto branco) e as demais fibras


utilizadas para o mesmo fim devem ser extraídas, industrializadas, utilizadas e
comercializadas. É importante lembrar que se consideram fibras naturais e artificiais
as comprovadamente nocivas à saúde humana.

As empresas que manipularem ou utilizarem materiais contendo asbesto/amianto


da variedade crisotila devem enviar, anualmente, ao Sistema Único de Saúde (SUS) e
aos sindicatos representativos dos trabalhadores uma listagem dos seus empregados,
com indicação de setor, função, cargo, data de nascimento, de admissão e de avaliação
médica periódica, acompanhada do diagnóstico resultante. Todos esses trabalhadores
devem ser registrados e acompanhados por serviços do SUS, devidamente qualificados.
Assim, o Poder Executivo deve certificar que os produtores de asbesto/amianto da
variedade crisotila não forneçam esses materiais às empresas que descumprem a lei e
não deve permitir a importação da substância mineral ou das fibras.

36
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

O Poder Executivo deve estabelecer normas de segurança e sistemas de


acompanhamento específicos para os setores de fricção e têxtil que utilizam
asbesto/amianto para fabricação dos seus produtos. Os institutos, fundações e
universidades públicas ou privadas e os órgãos do Sistema Único de Saúde devem
promover pesquisas sobre o asbesto/amianto da variedade crisotila com uma linha
especial de financiamento dos órgãos de fomento à pesquisa. Por fim, o transporte
desse asbesto/amianto e das fibras naturais e artificiais é considerado de alto risco,
e, no caso de acidente, a área deve ser isolada, com todo o material sendo reembalado
dentro de normas de segurança. Todas as infrações devem ser encaminhadas, por
denúncia de qualquer pessoa, pelos órgãos fiscalizadores no prazo de 72 horas ao MPF,
por meio de comunicação circunstanciada.

Lei no 9.832, de 1999

Essa lei proibiu o uso industrial de embalagens metálicas soldadas com ligas de
chumbo e estanho para acondicionamento de gêneros alimentícios, com exceção para
os produtos secos ou desidratados, sob penas administrativas, civis e penais previstas
em lei.

Lei no 9.976, de 2000

A produção de cloro pelo processo de eletrólise em todo o território nacional


sujeita-se às normas estabelecidas nessa Lei. Ficam mantidas as tecnologias no
Brasil para a produção de cloro por eletrólise, desde que cumprida a legislação de
segurança, a saúde no trabalho e o meio ambiente; analisados os riscos; respeitado
o plano interno de proteção à comunidade em situações de emergência; incluído
no plano de proteção ambiental o registro das emissões; controlado o mercúrio nas
empresas que utilizem tecnologia a mercúrio, com obrigatoriedade de tratar os
resíduos mercuriais, minimizar perdas de mercúrio, evitar a contaminação do meio
ambiente, avaliar os danos ambientais e programar a prevenção da exposição ao
mercúrio. Esse Programa de Prevenção deve contar com uma avaliação de risco
para a saúde do trabalhador, a adoção de medidas de proteção individual (EPIs), o
monitoramento da exposição e gerenciamento do risco, a ação de vigilância à saúde
dos trabalhadores, os procedimentos operacionais, de manutenção e de atividades de
apoio e o sistema gerencial de controle do amianto. Por fim, esse Sistema Gerencial
deve utilizar o amianto somente do tipo crisotila em ambiente fechado com filtração
de ar e controlado nas operações de preparação e remoção de diafragmas de amianto,
segregar resíduos do amianto, vigiar a saúde na prevenção com o afastamento

37
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

temporário do trabalhador do local de risco, sempre que os limites biológicos legais


forem ultrapassados.

Ficou proibida a instalação de novas fábricas para produção de cloro por eletrólise com
tecnologia a mercúrio e diafragma de amianto. A modificação substancial das fábricas
atualmente existentes que utilizam processos a mercúrio ou diafragma de amianto
deve ser precedida de registro mediante comunicação formal aos órgãos públicos
competentes, sem prejuízo das exigências legais pertinentes. São consideradas
modificações substanciais aquelas alterações de processo, instalações, equipamentos
e área envolvida diretamente no processo de eletrólise que aumentem a capacidade
nominal de produção da fábrica; modifiquem a área utilizada; alterem o tipo de célula;
aumentem o número de células existentes; possam resultar em impactos ambientais
em função de mudança de matérias-primas, aumento de geração de poluentes,
alterações de energias utilizadas e aumento no consumo de água; e possam resultar
em riscos à saúde dos trabalhadores.

Por meio dessa lei, ficaram proibidas construções de novas salas de células ou circuitos
completos adicionais aos já existentes. A utilização de novas tecnologias de produção
de cloro irá depender de autorizações. As indústrias de cloro pelo processo de eletrólise
devem manter nos estabelecimentos, em local de fácil acesso, para fins de fiscalização,
as informações sobre o automonitoramento. As informações sobre indicadores
gerais de qualidade do controle do mercúrio e do amianto devem ser padronizados e
disponibilizados aos empregados. Na hipótese de infração, os órgãos de fiscalização
competentes, sem prejuízo de outras cominações legais, aplicarão uma ou mais das
seguintes medidas: advertência, multa, suspensão temporária da atividade industrial e
suspensão definitiva da atividade industrial.

Decreto no 97.507, de 1989

As atividades de extração mineral em depósitos de colúvio, elúvio ou aluvião, nos


álveos de cursos d’água ou nas margens reservadas, assim como nos depósitos
secundários, chapadas, vertentes e altos dos morros utilizando equipamentos do tipo
dragas, moinhos, balsas, pares de bombas, bicas e quaisquer outros equipamentos
que apresentem afinidades, devem ser licenciados pelo órgão ambiental competente.
Deve ser fixado, pelo órgão ambiental competente, prazo para o requerimento de
licença das atividades em operação. Essa lei proibiu o uso de mercúrio na atividade
de extração de ouro, exceto em atividade licenciada, e as atividades descritas em
mananciais de abastecimento público e em outras áreas ecologicamente sensíveis.
Também ficou proibido o emprego de cianetação, exceto se licenciado pelo órgão
ambiental competente. A criação de reservas garimpeiras deve ser condicionada a um

38
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

prévio licenciamento no órgão ambiental competente. O não cumprimento do disposto


nesse Decreto deve sujeitar o infrator à imediata interdição da atividade, além das
penalidades previstas na legislação vigente.

Decreto no 97.634, de 1989

De acordo com esse decreto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) deve cadastrar os importadores, produtores e
comerciantes de mercúrio metálico. O cadastramento deve ser feito por meio de
requerimento dos interessados e é condição necessária para o exercício de suas
atividades. Para efeito desse Decreto, entende-se por importador o adquirente do
exterior da substância mercúrio metálico; produtor, o que obtém o mercúrio metálico;
comerciante, o que vende o mercúrio metálico. Os importadores de mercúrio metálico
devem, previamente ao pedido de importação, notificar o Ibama sobre cada partida a
ser importada. As guias de importação a serem expedidas pela Carteira do Comércio
Exterior do Banco do Brasil (Cacex) somente devem ser liberadas após comprovação
do cadastramento do importador no Ibama. Em operações de comercialização da
substância mercúrio metálico, no atacado ou no varejo, deve ser enviado ao Ibama
o respectivo “Documento de Operações com Mercúrio Metálico”. O Ibama deve
instruir quanto às condições de cadastramento, do formulário de notificação e sobre
o documento de operação com mercúrio metálico. O descumprimento de qualquer
norma aqui leva às penalidades da lei.

Decreto no 98.812, de 1990

Já este decreto aplicou-se ao aproveitamento imediato de jazimento mineral que possa


ser lavrado, segundo critérios do DNPM. A Permissão de Lavra Garimpeira, como já
vimos, depende de prévio licenciamento do Ibama, no caso de Permissão de Lavra
Garimpeira que cause impacto ambiental de âmbito nacional, e do órgão definido na
legislação estadual, nos demais casos.

Quando em área urbana, a Permissão de Lavra Garimpeira irá depender, ainda, de


assentimento da autoridade administrativa do Município de situação do jazimento
mineral. A Permissão de Lavra Garimpeira deve ser outorgada, cabendo ao
proprietário do solo a participação nos resultados da lavra. Considera-se garimpagem
a atividade de aproveitamento de substâncias minerais garimpáveis sob o regime
de Permissão de Lavra Garimpeira. São considerados minerais garimpáveis: o ouro,
o diamante, a cassiterita, a columbita, a tantalita e wolframita, exclusivamente nas
formas aluvionar, eluvionar e coluvial e a scheelita, o rutilo, o quartzo, o berilo, a

39
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

muscovita, o espodumênio, a lepidolita, as demais gemas, o feldspato, a mica e outros,


em tipos de ocorrência que vierem a ser indicados pelo DNPM.

O local em que ocorrer a extração de minerais garimpáveis deve ser genericamente


denominado garimpo. A Permissão de Lavra Garimpeira deve ser outorgada pelo
Diretor-Geral do DNPM a brasileiro ou a cooperativa de garimpeiros que atua como
empresa de mineração com prazo de até 5 anos renovável a critério do DNPM. O título
é pessoal e, com permissão do DNPM, transmissível. Quando outorgado a cooperativa
de garimpeiros, a transferência irá depender de autorização da assembleia geral, e
a área da permissão não deve exceder cinquenta hectares, salvo consentimento do
DNPM.

Se necessária a realização de trabalhos de pesquisa, o permissionário deve ser


intimado a apresentar projeto de pesquisa em até 90 dias contados da publicação do
extrato do ofício de notificação no DOU; caso não apresente, o DNPM deve cancelar a
permissão ou reduzir a área. A requerimento do interessado, a área pode ser ampliada
para o limite da classe da respectiva substância, desde que ela esteja livre. O DNPM
pode permitir a Permissão de Lavra Garimpeira em área de manifesto de mina ou de
concessão de lavra, quando houver viabilidade técnica e econômica no aproveitamento
por ambos os regimes. Havendo recusa por parte do titular da concessão ou do
manifesto, o DNPM conceder-lhe-á o prazo de 90 dias contados da publicação do
extrato do ofício de notificação no DOU para apresentar projeto de pesquisa para
efeito de futuro aditamento de nova substância ao título original.

São deveres do permissionário de lavra garimpeira: iniciar os trabalhos de extração


em até 90 dias da data da publicação do título no DOU; extrair somente as substâncias
minerais indicadas; comunicar ao DNPM a ocorrência de qualquer outra substância
mineral não incluída; executar a extração mineral respeitando as normas técnicas e
regulamentares; evitar o extravio das águas servidas, drenar e tratar as que possam
ocasionar danos; diligenciar a compatibilização dos trabalhos de lavra com o respeito
ao meio ambiente; adotar as providências exigidas pelo governo; não suspender a
extração por tempo maior que 120 dias; apresentar ao DNPM, até o dia 15 de março de
cada ano, informações quantitativas da produção e da comercialização relativas ao ano
anterior; e responder pelos danos causados a outros.

O não cumprimento das obrigações sujeita o infrator e permissionário de lavra


garimpeira às sanções de advertência ou multa e de cancelamento da permissão.
A multa inicial deve variar de 10 a 200 vezes o Maior Valor de Referência (MVR).
O DNPM deve estabelecer, mediante portaria, as áreas de garimpagem, levando
em consideração a ocorrência do bem mineral garimpável, o interesse do setor

40
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

mineral e as razões de ordem social e ambiental. A criação ou ampliação de áreas


de garimpagem fica condicionada a uma licença do Ibama, à vista de Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Ao
determinar a execução do EIA, o Ibama deve estabelecer as diretrizes adicionais que
forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos.
Ademais, o DNPM pode constituir comissão com participação de representantes
dos permissionários de lavra garimpeira para exercer o controle e a orientação
técnica das atividades de mineração. A área de garimpagem pode ser desconstituída
quando comprometer a segurança ou a saúde dos garimpeiros ou terceiros, ou o meio
ambiente, ou ficar evidenciado malbaratamento da riqueza mineral ou comprometer a
ordem pública.

Existe sempre a possibilidade de reduzir essa área, caso o número de garimpeiros


não justifique o bloqueio da área reservada. A Permissão de Lavra Garimpeira de
que trata esse decreto não se aplica a terras indígenas. O beneficiamento de minérios
em quaisquer correntes de água só pode ser realizado de acordo com solução técnica
aprovada pelo DNPM e pelo órgão ambiental competente. A realização da extração
sem a concessão, permissão ou licença é crime, sob pena de reclusão de três meses
a três anos e multa. Constatada essa situação, o DNPM deve notificar o fato ao
Departamento de Polícia Federal (DPF) para a instauração do competente inquérito.
Sem prejuízo da ação penal e da multa cabível, a extração mineral realizada sem a
competente concessão, permissão ou licença deve acarretar a apreensão do produto
mineral e de todos equipamentos utilizados, os quais, após condenação do infrator,
devem ser vendidos em hasta pública, e o produto da venda recolhido à conta do
Fundo Nacional de Mineração.

Nas áreas estabelecidas para garimparem os trabalhos devem ser realizados


preferencialmente em forma associativa, com prioridade para as cooperativas de
garimpeiros. O DNPM, em até 60 dias após o recebimento do requerimento de
Permissão de Lavra Garimpeira, verificando a disponibilidade, deve publicar no DOU o
respectivo memorial descritivo e abrirá prazo de 60 dias para eventual contestação por
parte de cooperativa de garimpeiros. A contestação deve ser protocolizada no DNPM
e conter elementos de prova de atuação na área. Sem contestação, o DNPM deve dar
seguimento ao processo de outorga do título de permissão de lavra garimpeira; com
contestação, o DNPM deve dar procedimento a vistoria na área requerida em até 60
dias para identificação e colheita de provas. Vale lembrar que a não apresentação
pela cooperativa de garimpeiros do requerimento de permissão de lavra garimpeira
configura renúncia ao direito de prioridade.

41
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

As cooperativas de garimpeiros têm prioridade para obtenção de autorização de


pesquisa ou concessão de lavra nas áreas onde estejam atuando, desde que seja em
áreas livres ou sejam titulares de Permissão de Lavra Garimpeira com direito para
exercer o direito de prioridade mediante protocolização do competente requerimento.
Essa cooperativa de garimpeiros titular de Permissão de Lavra Garimpeira é
obrigada a, principalmente, promover a organização das atividades de extração e o
cumprimento das normas de segurança do trabalho e à proteção do meio ambiente,
não admitir outras pessoas associadas a outra cooperativa, apresentar anualmente ao
DNPM lista nominal dos associados, não permitir pessoas estranhas no quadro social
e estabelecer no estatuto a delimitação da atuação.

Decreto no 2.350, de 1997

Esse decreto já trata da extração, da industrialização, da utilização, da comercialização


e do transporte de asbesto/amianto, no território nacional, que ficam limitados à
variedade crisotila. A importação de asbesto/amianto, da variedade crisotila, em
qualquer de suas formas, só pode ser realizada após autorização do DNPM, desde
que haja: cadastramento no DNPM das empresas importadoras de asbesto/ amianto
da variedade crisotila com licença ambiental e registro no cadastro de usuário do
Ministério do Trabalho; apresentação ao DNPM de previsão de importação, para o
ano seguinte, de asbesto/amianto da variedade crisotila e cumprimento das condições
estabelecidas pela legislação federal, estadual e municipal sobre o assunto. O
cadastramento da empresa importadora de asbesto/amianto no órgão competente é
válido por 12 meses. Todos os produtos que contenham asbesto/amianto da variedade
crisotila, importado ou de produção nacional, somente podem ser comercializados se
apresentarem marca de conformidade do Sistema Brasileiro de Certificação.

Assim, as empresas de extração e industrialização do asbesto/amianto devem


encaminhar anualmente à Secretaria de Saúde do Estado ou do Município a listagem
de seus empregados.

Felizmente, esse decreto criou a Comissão Nacional Permanente do Amianto (CNPA),


vinculada ao Ministério do Trabalho, de caráter consultivo, com o objetivo de propor
naturais e artificiais, visando à segurança do trabalhador. Os membros da CNPA
devem ser designados pelo Ministro de Estado do Trabalho, após indicação pelos
titulares dos órgãos e das entidades nela representados. A CNPA pode se valer de
instituições públicas e privadas de pesquisa sobre os efeitos do uso do amianto, da
variedade crisotila, na saúde humana. A participação na CNPA deve ser considerada
serviço público relevante, não ensejando qualquer remuneração. Cabe aos Ministérios
do Trabalho, da Saúde, da Ciência e Tecnologia e da Educação e do Desporto

42
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

promoverem e fomentarem o desenvolvimento de estudos e pesquisas relacionados ao


asbesto/amianto.

Decreto no 2.413, de 1997

Por fim, temos esse Decreto, que dita as atividades de industrialização, importação e
exportação de minerais e minérios de lítio e de produtos fabricados à base de lítio.
Aqui se outorgou a necessidade de autorização prévia da Comissão Nacional de
Energia Nuclear para a validade da importação ou exportação, independentemente
do país de origem. Cabe também à Comissão Nacional de Energia Nuclear cadastrar
as empresas que atuem na industrialização dos materiais; acompanhar a evolução e
o desenvolvimento tecnológico do processo industrial das empresas; propor medidas
de incentivo ao desenvolvimento e à consolidação do domínio tecnológico e industrial
do setor; exigir das empresas que assumam compromissos de investimento, de
desenvolvimento tecnológico e de suprimento do mercado interno no prazo; adotar as
medidas que lhe competem para assegurar o integral cumprimento.

Um dos principais objetivos do governo com a mineração é aumentar a


competitividade e arrecadação. A concessão em áreas selecionadas pelo CNPM
é tão somente por meio de licitação, um fato interessante a se observar. Nas
demais áreas, a outorga será por chamada pública, a pedido do interessado
ou do governo. Note que titulares de alvarás de pesquisa têm seus direitos
garantidos, desde que assinem contratos nos termos da nova lei, assim como
as cessões de concessões ou autorizações exigem que o novo titular assine o
contrato com prazo determinado.

43
CAPÍTULO 7
Responsabilidade no caso de desastres
ambientais – uma análise histórica

Como aqui se trata de história, usaremos como principal referência os fatos


trazidos por Rafaela Sousa (2019) em seu texto “Impactos ambientais causados
pela mineração“. Infelizmente, são massivos os impactos ambientais causados pela
extração mineral. Em contraponto ao seu sinônimo de desenvolvimento econômico,
a atividade mineradora tem altíssimo potencial de impactos ambientais: poluição dos
recursos hídricos e do solo, perda de biodiversidade. O impacto ambiental é qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada
por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,
direta ou indiretamente, afetam o bem-estar e a saúde da população; as atividades
socioeconômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e
a qualidade dos recursos ambientais. Durante o processo mineratório, impactos
ambientais começam desde o planejamento do projeto até as etapas de implantação,
operação e desativação. Por isso, a avaliação prévia de quais são os possíveis impactos
negativos ao meio ambiente são extremamente importantes.

São estes os principais impactos ambientais causados pela mineração:

1. Degradação da paisagem: a mineração mais comum no país é a lavra a


céu aberto. Assim, a exploração de minério desmata uma determinada
área e também remove todo solo fértil (ou estéril, se considerar o baixo
teor de minério) daquela propriedade Geralmente, a área é “recortada”
em blocos, gerando “degraus”, violando toda a paisagem.

2. Desmatamento: como dissemos ser a maioria, essa lavra a céu aberto


retira toda a cobertura vegetal, desmatando, o que provoca possíveis
alterações climáticas, danificando a fauna e flora.

3. Poluição e contaminação dos recursos hídricos: por meio do alto


consumo de água, do rebaixamento do lençol freático durante a etapa
de extração do minério, diminuindo o fluxo de água dos rios e dos
aquíferos; e por possível contaminação das águas por meio de rejeitos
com concentração de substâncias tóxicas levadas pelo escoamento
superficial das águas. A título de exemplo, as minerações de ferro, areia
e granito podem contaminar e poluir as águas pela lama gerada durante
o processo de mineração. Essa lama precisa ser contida por barragens.

44
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

4. Poluição, contaminação e compactação do solo: como dito, uma das


etapas da mineração é a retirada do solo fértil. Ao deixar o solo desnudo,
pode haver perda de fertilidade (pois a parte fértil é escoada por chuvas,
por exemplo) e favorecimento da sua compactação (pois não há camada
vegetal protegendo), que é justamente o que acontece nas minerações de
chumbo e zinco, as quais possuem grande concentração de arsênio em
seus rejeitos.

5. Poluição sonora e alteração da qualidade do ar: o preparo das áreas para


mineração dá-se, muitas vezes, por meio de explosões, causando ruídos
que perturbam a biodiversidade e espantam animais de suas áreas.
Além disso, tanto na construção da infraestrutura necessária quanto no
transporte dos minérios há emissão de partículas sólidas e poluentes à
atmosfera.

6. Redução da biodiversidade: todos os impactos anteriores descritos


também provocam a perda de biodiversidade. Muitos animais perdem
seu habitat ou fogem para outras áreas, bem como há perda de espécies
de plantas na região devido à retirada da cobertura vegetal.

7. Redução da disponibilidade de minerais: em algumas áreas de


mineração, há o esgotamento total do recurso mineral extraído, o que as
torna, posteriormente, inutilizáveis.

8. Geração de resíduos e disposição inadequada de rejeitos: a produção de


rejeitos (resíduos que sobram após o beneficiamento do minério valioso)
não é um problema desde que esses sejam contidos ou remanejados
para recuperação de áreas. Porém, muitas vezes não é feito da maneira
correta e, então, podem alcançar os recursos hídricos, contaminando-os.

9. Depósito de rejeitos contidos em barragens: outro problema é o volume


dos depósitos de rejeitos contidos por barragens, as quais, se não
fiscalizadas, podem romper e ter esse volume transportado a áreas mais
baixas, alcançando cursos d’água e poluindo o meio ambiente. O volume
do depósito pode ser também um problema, quando em elevado nível,
pois pode ser levado pelas águas das chuvas até outros recursos hídricos.

Essas barragens de rejeito são construções formadas por barramentos maciços


impermeáveis e com dispositivos de drenagem, destinadas ao depósito de resíduos
gerados pelo beneficiamento dos minérios (etapa em que são separados os materiais
que possuem valor dos que não devem ser utilizados).

45
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

A seguir veremos os principais minérios extraídos no Brasil.

Ferro
No Brasil, a mineração de ferro acontece principalmente nos estados de Minas Gerais
(Quadrilátero Central), Pará (Serra do Carajá) e Mato Grosso do Sul (Maciço do
Urucum). O Brasil possui grandes reservas de minério de ferro, sendo esse um dos
protagonistas na balança comercial do país, especialmente a nível de exportação, e a
China seu maior comprador. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o
Brasil é o segundo maior produtor do minério de ferro do mundo. As reservas alcançam
cerca de 29 bilhões de toneladas. O desmatamento também é um grande problema
ambiental, principalmente nas áreas do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. Essa
região é abrangida pelo bioma Mata Atlântica, e parte dos remanescentes das áreas de
Mata Atlântica pertence às mineradoras. Nas áreas de exploração do ferro, a vegetação
é removida para dar lugar à lavra a céu aberto, iniciando também outro impacto
ambiental, a exposição dos solos, os quais perdem a sua fertilidade e ficam expostos
a processos erosivos. O Ministério do Meio Ambiente também aponta problemas nas
áreas de mineração de ferro como a presença de antigas barragens de contenção, que
podem romper-se e provocar sérios danos ao local em que se encontram.

Ouro

A mineração de ouro provoca poluição dos recursos hídricos e do solo por meio do uso
de mercúrio. A mineração do ouro, especificamente no Brasil, dá-se, principalmente,
nos estados do Pará, de Minas Gerais e de Mato Grosso. O principal impacto causado
por essa atividade está relacionado ao uso do mercúrio no processo de garimpagem, o
qual auxilia na concentração do ouro na bateia (utensílio utilizado na mineração que
ajuda na busca de minérios). O mercúrio possui alta volatilidade, podendo ser oxidado
e metilado. Torna-se, assim, uma substância tóxica, o que afeta tanto o ser humano
quanto os animais. O escoamento superficial das águas também pode levar o mercúrio
até os recursos hídricos, contaminando-os e colocando em risco a ictiofauna (conjunto
de peixes existentes em uma região) e a qualidade da água. Segundo o Ministério do
Meio Ambiente, os principais impactos ambientais provocados pela mineração do
ouro, além do uso inadequado de mercúrio, são: aumento expressivo da turbidez da
água, especialmente em Minas Gerais. Turbidez da água refere-se à dificuldade que um
feixe de luz encontra ao atravessar uma quantidade de água, devido à concentração de
substâncias nela. As áreas de garimpo, especialmente em Minas Gerais, na província
aurífera do Quadrilátero Ferrífero, apresentam rejeitos ricos em arsênio. Rejeitos

46
DIREITO MINERÁRIO APLICADO │ UNIDADE I

de minérios com concentração de arsênio foram depositados às margens de rios,


contaminando os recursos hídricos e o solo.

Impactos ambientais causados pela mineração em Minas Gerais.

Dois casos emblemáticos nos últimos anos –


Mariana e Brumadinho

De acordo com a reportagem de Bruna Caetano (2019), Minas Gerais vivenciou dois
grandes impactos sobre o meio ambiente por meio da mineração. No ano de 2015,
houve o rompimento da barragem do Fundão, pertencente à mineradora Vale e
controlada pela Samarco Mineração, na cidade de Mariana, o que provocou um dos
maiores impactos ambientais do país. Já em 2019, um novo rompimento de barragem,
também da mineradora Vale, deixou a cidade de Brumadinho em Minas Gerais
sob lama de rejeitos, causando destruição da cidade, centenas de mortes, perda de
biodiversidade, poluição e contaminação dos recursos hídricos e do solo.

Três anos após o crime ambiental da Samarco, de propriedade da Vale e da BHP


Billiton, houve o rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG),
que deixou 99 mortos e 261 desaparecidos. O volume de rejeitos foi 50 vezes menor
(1 milhão de m³) que o da barragem de Fundão, em Mariana (50 milhões de m³). A
lama tóxica da Samarco percorreu 663 km até encontrar o mar, no Espírito Santo.
A da barragem de Brumadinho, por sua vez, percorreu cerca de 250 km e chegou à
bacia hidrográfica do rio São Francisco. A Samarco, dona da barragem e propriedade
da Vale, foi multada em R$ 610 milhões por órgãos ambientais, em R$ 346 milhões
pelo Ibama e em R$ 370 milhões pela Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais
(Semad). Desse valor, apenas R$ 41 milhões foram pagos. Após o crime de Mariana, a
Sinergia repassou os dados dos atingidos para a Fundação Renova, responsável pelas
reparações, que não cumpriu o cronograma apresentado às famílias.

No caso de Brumadinho, a Vale também começa a acumular multas: R$ 250


milhões pelo Ibama, R$ 99 milhões pelo governo de Minas Gerais, R$ 100 milhões
pela prefeitura de Brumadinho e R$ 50 milhões pela Prefeitura de Juatuba, pela
contaminação do Rio Paraopeba.

Em verdade, era necessário que os órgãos da União e dos estados fossem mais
capacitados para ajudar as famílias atingidas. O número de mortes de Brumadinho é
cinco vezes maior que o de Mariana. A Vale estima que havia mais de 300 empregados
no local no momento em que a barragem se rompeu. Cinco engenheiros que atestaram
segurança de barragem em Brumadinho foram presos. No caso de Mariana, ninguém
foi responsabilizado penalmente.

47
UNIDADE I │ DIREITO MINERÁRIO APLICADO

A extração de minérios e rochas é realizada a céu aberto quando os depósitos


são rasos e próximos da superfície. É válido notar que, durante a fase de
operação, pode ocorrer o arraste de material particulado pela água da chuva,
das áreas de lavra e dos depósitos de estéril, causados principalmente por
conta do desmatamento da mata ciliar, levando ao assoreamento (acúmulo
de detritos e outros materiais no leito dos rios) de corpos hídricos, alterando
até as características físico-químicas da água. Um deles é a alteração do pH?
Outra pergunta que fica é se a operação de garimpo traz esses tais inúmeros
benefícios como alta produção, controle da produção e comercialização
desses metais. E, afinal, o que são essas barragens de rejeitos? São áreas de
garimpo de ouro onde há concentração de mercúrio, são construções formadas
por barramentos maciços impermeáveis e com dispositivos de drenagem
destinados ao depósito de resíduos, são barragens nas quais há depósito de
ouro para beneficiamento ou são áreas contaminadas por substâncias tóxicas?
A mineração provoca o desmatamento porque é realizada apenas em áreas
sem cobertura vegetal? É verdade que a mineração de chumbo e zinco provoca
contaminação do solo, visto que possuem grande concentração de arsênio em
seus rejeitos?

Primeiramente, o arraste de material particulado pela chuva provoca, sim, o


assoreamento de corpos hídricos e também altera as características físico-
químicas da água, devido ao material arrastado que chega até os cursos d’água,
incluindo-se aqui o pH certamente. Quanto ao segundo questionamento,
na verdade, o garimpo precisa de permissão para ser realizado. Todavia, na
maioria das vezes, essa atividade é exercida ilegalmente e de forma rudimentar,
provocando diversos danos ao meio ambiente, ou seja, é difícil mensurar todos
esses benefícios com tamanha ilegalidade. Quanto à terceira indagação, as
barragens de rejeitos são construções destinadas ao depósito de resíduos
gerados pelo beneficiamento de minérios. Quanto à quarta parte, a mineração
provoca a intensificação do desmatamento, mas nem todas retiram toda a
cobertura vegetal, e é bem verdade que a mineração de chumbo e zinco
provoca contaminação pelo arsênio.

48
PRIORIDADE,
APROVEITAMENTO MINERAL
POR LICENCIAMENTO,
AUTORIZAÇÃO DE
PESQUISA E CONCESSÃO
DE LAVRA, MANIFESTO DE
UNIDADE II
MINA, LICENCIAMENTO
MINERAL, REGIME DE
EXTRAÇÃO E PERMISSÃO
DE LAVRA

CAPÍTULO 1
A prioridade no direito minerário

O sistema de prioridade garante ao primeiro requerente o direito de explorar a área.


A mineração é atividade de alto risco, sendo necessário um sistema que incentive
o investimento. Os regimes de aproveitamento são autorização e concessão,
licenciamento, lavra garimpeira e monopólio. No exemplo da garimpagem (onde esse
sistema mais se aplica), os trabalhos devem ser realizados preferencialmente em forma
associativa, com prioridade para as cooperativas de garimpeiros. O DNPM, verificando
que a área se encontra livre, deve publicar no DOU o memorial descritivo e abrir
prazo de 60 dias para eventual contestação por parte de cooperativa de garimpeiros
que já extrai na área, para exercer esse direito de prioridade. Decorrido o prazo,
sem contestação, o DNPM deve dar seguimento ao processo de outorga do título de
permissão de lavra garimpeira. Caso haja contestação, o DNPM deve dar procedimento
à vistoria na área requerida, no prazo de sessenta dias para identificação e colheita
de provas. Constatada a atuação de cooperativa de garimpeiros na área requerida, o
DNPM deve dar à interessada o prazo de 60 dias para exercer o direito de prioridade.
A não apresentação pela cooperativa de garimpeiros do requerimento de permissão de
lavra garimpeira no prazo configura renúncia a esse direito de prioridade, devendo o
DNPM dar prosseguimento ao processo.

A prioridade aplica-se tão somente quando as cooperativas de garimpeiros atuarem


em áreas livres ou com prioridade antes da Lei no 7.805, de 1989, ou onde sejam
49
UNIDADE II │ Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra

titulares de Permissão de Lavra Garimpeira. Para haver essa prioridade na obtenção


da Permissão de Lavra Garimpeira, deve-se aplicar a alínea a do art. 11 do CM.
Assim, a cooperativa de garimpeiros titular de Permissão de Lavra Garimpeira fica
obrigada a: promover a organização das atividades de extração e o cumprimento
das normas referentes a segurança do trabalho e à proteção do meio ambiente; não
admitir em seu quadro social pessoas associadas a outra cooperativa com o mesmo
objetivo; fazer constar, em seu estatuto, que entre seus objetivos figura a atividade
garimpeira; fornecer a seus associados certificados relativos a suas atividades na área
da permissão; apresentar anualmente ao DNPM lista nominal dos associados com as
alterações ocorridas no período; não permitir que pessoas estranhas ao quadro social
exerçam a atividade de garimpagem na área titulada; e estabelecer no estatuto que a
atuação da cooperativa se deve limitar a objeto da permissão.

Assim, segundo o art. 11, a, do Código de Mineração, será respeitado o direito de


prioridade na obtenção da autorização de pesquisa, do licenciamento mineral ou da
concessão de lavra, atribuído ao interessado cujo requerimento tenha por objeto área
considerada livre quando do protocolo do pedido no DNPM.

A prioridade pode ser entendida de duas formas. Pode ser entendida no sentido
de preferência ou no sentido de precedência no tempo, e de fato ela é entendida de
ambas as formas pela doutrina e pela lei. Fala-se em prioridade como sinônimo de
precedência de requerimento. Nesse caso, deve ficar claro que a prioridade não é um
direito, mas um critério para a obtenção de um direito – o direito minerário. Usa-se
também o termo prioridade como preferência. Nesse caso, é possível referir-se a um
direito de prioridade, direito este atribuído àquele que requer área livre. O que não
se concebe é dizer, por exemplo, que “constitui direito de prioridade a precedência de
entrada no DNPM de requerimento de autorização de pesquisa em área considerada
livre”. A precedência não constitui um direito de prioridade, mas confere tal direito,
já que utilizada como critério para obtenção dele. Entendemos que esse critério, o da
prioridade, é também extensível ao regime de permissão de lavra garimpeira, embora
silencie o art. II quanto a ele, aplicando-se supletivamente o critério adotado pelos
demais regimes, já que outro não se estipulou.

50
CAPÍTULO 2
Autorização de pesquisa e concessão
de lavra

Segundo o Código de Mineração, o direito sobre os recursos minerais pode ser


exercido sob cinco regimes: regime de autorização de pesquisa, regime de concessão
de lavra, regime de licenciamento mineral, regime de permissão de lavra garimpeira
e regime de monopolização. É válido notar que a autorização de pesquisa deve ser
outorgada pelo DNPM a brasileiros, pessoa natural, firma individual ou empresas
legalmente habilitadas, mediante requerimento do interessado, e os trabalhos
necessários à pesquisa devem ser executados sob a responsabilidade profissional de
engenheiro de minas, ou de geólogo, habilitado ao exercício da profissão (e aqui está
a grande importância dessa desvalorizada profissão). Essa autorização de pesquisa
deve ser pleiteada ao Diretor-Geral do DNPM e conter: nome, nacionalidade, estado
civil, profissão, domicílio, CPF (se for pessoa jurídica, razão social, número do registro
de seus atos constitutivos no Órgão de Registro de Comércio, endereço e número de
inscrição CNPJ), prova de recolhimento dos emolumentos, designação das substâncias
a pesquisar, indicação da extensão superficial e do memorial descritivo da área, planta
de situação, plano dos trabalhos de pesquisa e orçamento e cronograma da execução.

Válido lembrar que deve ser indeferido pelo Diretor-Geral do DNPM o requerimento
desacompanhado de qualquer um destes elementos de instrução no prazo de 60 dias
da data da publicação da intimação no DOU. A área objetivada em requerimento de
autorização de pesquisa ou de registro de licença deve ser considerada livre, desde
que não esteja vinculada a autorização de pesquisa, registro de licença, concessão da
lavra, manifesto de mina ou permissão de reconhecimento geológico, e também não
pode ser objeto de pedido se for anterior de autorização de pesquisa deferida. Todavia,
ela pode ser objeto de pedido quando estiver sujeita a indeferimento e se for objeto
de requerimento anterior de registro de licença; vinculada a licença com registro a
ser requerido em 30 dias; vinculada a requerimento de renovação de autorização
de pesquisa pendente de decisão; vinculada a autorização de pesquisa com decisão
pendente; vinculada a autorização de pesquisa; ou na vigência do direito de requerer a
concessão da lavra.

Logo, do despacho que indeferir o pedido de autorização de pesquisa ou de sua


renovação, cabe pedido de reconsideração, no prazo de 60 dias, contados da publicação
no DOU. Válido lembrar que a autorização de pesquisa importa no pagamento
ou pelo interessado de emolumentos em quantia equivalente a 270x a expressão

51
UNIDADE II │ Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra

monetária UFIR ou pelo titular de autorização de pesquisa, até a entrega do relatório


final dos trabalhos ao DNPM, respeitado o valor máximo de duas vezes a expressão
monetária UFIR. O não pagamento dos emolumentos e da taxa enseja a aplicação do,
tratando-se de emolumentos, indeferimento de plano e consequente arquivamento do
requerimento de autorização de pesquisa; e tratando-se de taxa, multa ou nulidade ex
officio do alvará de autorização de pesquisa, após imposição de multa.

É importante notar que a autorização de pesquisa só deve ser conferida quando o


título puder ser objeto de cessão ou transferência. Os atos de cessão e transferência só
têm validade após averbação no DNPM ou no novo órgão ANM. É admitida a renúncia
à autorização, sem prejuízo do cumprimento, pelo titular, tornando-se operante o
efeito da extinção do título autorizativo na data da protocolização do instrumento de
renúncia, com a desoneração da área. O prazo de validade da autorização é de 1 e 3
anos, dependendo sempre das características especiais da área. Será prorrogada em
qualquer um dos casos: a avaliação do desenvolvimento dos trabalhos necessários,
a prorrogação requerida em até 60 dias antes do prazo da autorização vigente com
justificativa do prosseguimento da pesquisa e com a prorrogação independendo da
expedição de novo alvará, contando-se o respectivo prazo a partir da data da publicação
do despacho que a deferir. O titular da autorização responde, com exclusividade, pelos
danos causados a terceiros. Excepcionalmente, pode ser dispensada a apresentação do
relatório na hipótese de renúncia à autorização.

Realizada a pesquisa e apresentado o relatório exigido, o DNPM deve verificar


sua exatidão e, à vista de parecer conclusivo, proferir despacho de: aprovação do
relatório, quando houver a existência de jazida; ou de não aprovação, quando houver
insuficiência dos trabalhos de pesquisa ou de elaboração; ou de arquivamento do
relatório, houver inexistência de jazida. Se, no novo estudo apresentado, não ficar
demonstrada a exequibilidade técnico-econômica da lavra, o DNPM pode conceder
ao interessado, sucessivamente, novos prazos, ou colocar a área em disponibilidade,
se entender que terceiro pode viabilizar a eventual lavra. O titular, uma vez aprovado
o Relatório, deve ter 1 ano para requerer a concessão de lavra, e, dentro desse
prazo, pode negociar seu direito a essa concessão. Porém, pode o DNPM prorrogar
o prazo, por igual período, mediante solicitação justificada do titular. Cada Edital
deve estabelecer os requisitos especiais a serem atendidos pelos requerentes naquela
concessão de lavra, consoante as peculiaridades de cada caso. Para determinação da
prioridade à outorga da concessão de lavra, devem ser, conjuntamente, apreciados os
requerimentos protocolizados dentro do prazo que for convenientemente fixado no
Edital, definindo-se como prioritário o que melhor atender aos interesses.

52
Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra │ UNIDADE II

Para um conjunto de autorizações de pesquisa da mesma substância mineral em áreas


próximas, os titulares das autorizações podem apresentar um plano único de pesquisa
e também um só Relatório dos trabalhos executados. Sempre que o Governo cooperar
com o titular da autorização nos trabalhos de pesquisa, deve ser reembolsado das
despesas, recolhidas ao Banco do Brasil S.A. pelo titular. Na outorga da lavra, deve
ser observado se a jazida está pesquisada, com o Relatório aprovado pelo DNPM, e se
a área de lavra deve ser a adequada à condução técnico-econômica dos trabalhos de
extração e beneficiamento. Não deve haver restrições quanto ao número de concessões
outorgadas a uma mesma empresa. O requerimento de autorização de lavra deve ser
dirigido ao Ministro das Minas e Energia, pelo titular da autorização de pesquisa, ou
seu sucessor, e deve ser instruído com a: certidão de registro no DNRC da entidade,
a designação das substâncias minerais a lavrar, com indicação do Alvará de Pesquisa
outorgado e de aprovação do respectivo Relatório; a denominação e descrição da
localização do campo pretendido para a lavra, relacionando-o, às correntes de águas,
estradas de ferro e rodovias e quaisquer outros marcos naturais de inconfundível
determinação; suas confrontações com autorizações de pesquisa e concessões de
lavra vizinhas, nome e residência dos proprietários do solo; a definição gráfica da área
pretendida; servidões de que deve gozar a mina; plano de aproveitamento econômico
da jazida, com descrição das instalações de beneficiamento; e prova de disponibilidade
de fundos ou da existência de compromissos de financiamento. Quando a área estiver
situada na fronteira, a concessão de lavra fica condicionada aos termos de lei.

O plano de aproveitamento econômico da jazida deve ser apresentado em duas vias


e deve constar de memorial explicativo e projetos ou anteprojetos. Estes últimos
devem ser referentes: ao método de mineração a ser adotado, da escala de produção
e a sua projeção; à iluminação, à ventilação, ao transporte, à sinalização e à
segurança do trabalho, quando for lavra subterrânea; ao transporte na superfície e ao
beneficiamento e aglomeração do minério; às instalações de energia, de abastecimento
de água e condicionamento de ar; à higiene da mina e dos respectivos trabalhos; às
moradias e suas condições de habitabilidade para todos os que residem no local da
mineração; e às instalações de captação e proteção das fontes, adução, distribuição e
utilização da água.

O dimensionamento das instalações e dos equipamentos previstos no plano de


aproveitamento econômico da jazida deve ser condizente com a produção justificada no
Memorial Explicativo, e apresentar previsão das ampliações futuras. O requerimento
deve ser numerado e registrado cronologicamente, no DNPM, por processo mecânico,
sendo juntado ao processo que autorizou a respectiva pesquisa. Ao interessado deve
ser fornecido recibo com as indicações do protocolo e menção dos documentos
apresentados. Quando necessário cumprimento de exigências para melhor instrução

53
UNIDADE II │ Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra

do processo, deve ter o requerente o prazo de 60 dias para satisfazê-las. Pode esse
prazo ser prorrogado até igual período. Se o requerente deixar de atender, no prazo
próprio, às exigências formuladas para melhor instrução do processo, o pedido deve
ser indeferido, devendo o DNPM declarar a disponibilidade da área. A autorização
deve ser recusada se a lavra for prejudicial ao bem público ou comprometer interesses
que superem a utilidade a juízo do Governo com direito à indenização das despesas
feitas com os trabalhos de pesquisa aprovada.

A concessão de lavra deve ter por título uma portaria assinada pelo Ministro de Estado
de Minas e Energia. O titular da concessão de lavra deve requerer ao DNPM a Posse
da Jazida em até 90 dias da data da publicação da portaria no DOU. O titular deve
pagar uma taxa de emolumentos correspondente a quinhentas UFIR. No processo de
Imissão de Posse, devem ser intimados os concessionários das minas limítrofes com
oito dias de antecedência para que eles ou seus representantes possam presenciar o
ato e assistir à demarcação; e devem ser fixados os marcos dos limites da jazida que o
concessionário deve ter para esse fim preparado, colocados precisamente nos pontos
indicados no Decreto de Concessão e dando-se ao concessionário a posse da jazida. Os
marcos devem ser conservados bem visíveis e só podem ser mudados com autorização
expressa do DNPM.

54
CAPÍTULO 3
Licenciamento mineral, permissão de
lavra garimpeira e regime especial

De acordo a Lei no 6.567, de 1978, podem ser aproveitados pelo regime de


licenciamento, autorização e concessão: areias, cascalhos e saibros para utilização
imediata, desde que não submetidos a processo de beneficiamento tampouco
se destinem como matéria-prima à indústria de transformação; rochas e outras
substâncias minerais, para fins de construção; argilas para fabrico de cerâmica
vermelha; rochas, para uso imediato na construção civil; e calcários para corretivo de
solo na agricultura. O aproveitamento das substâncias minerais fica adstrito à área
máxima de cinquenta hectares.

O aproveitamento mineral por licenciamento é facultado exclusivamente ao


proprietário do solo ou a quem dele tiver expressa autorização, exceto imóveis
de pessoa jurídica de direito público. Essa modalidade depende da obtenção pelo
interessado, de licença específica expedida pela autoridade administrativa local
e da efetivação pelo DNPM. Tratando-se de aproveitamento de jazida em imóvel
de pessoa jurídica de direito público, o licenciamento deve ficar sujeito ao prévio
assentimento desta e à audiência da autoridade federal, se necessário. O requerimento
de registro de licença sujeita o interessado ao pagamento de emolumentos em quantia
correspondente a 12 vezes o valor atualizado da Obrigação Reajustável do Tesouro
Nacional (ORTN), a qual deve ser antecipadamente recolhida ao Banco do Brasil S.A.
O requerimento de registro da licença deve constar a comprovação da nacionalidade
brasileira do interessado – pessoa natural – ou registro da sociedade no órgão
de registro de comércio de sua sede, se se tratar de pessoa jurídica e CNPJ, como
contribuinte do imposto único sobre minerais e memorial descritivo da área.

O licenciamento tem área máxima de 50 hectares, deve ser autorizado pelo Diretor-
Geral do DNPM e efetuado em livro próprio o registro da licença, do qual se formalizará
extrato a ser publicado no DOU. É a autoridade municipal que deve exercer vigilância
para assegurar o aproveitamento da substância mineral e é o licenciado obrigado a
comunicar a ocorrência de qualquer substância mineral útil não compreendida no
licenciamento. O plano de pesquisa pertinente deve abranger as novas substâncias
minerais ocorrentes, bem como as constantes do título de licenciamento, com a
finalidade de determinar-se o potencial econômico da área. Decorrido o prazo fixado
no § 1o, sem que o licenciado haja formulado requerimento de autorização de pesquisa,
deve ser determinado a cancelamento do registro da licença, por ato do Diretor-Geral

55
UNIDADE II │ Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra

do DNPM, publicado no Diário Oficial da União. O aproveitamento de substância


mineral, de que trata o art. 1o, não constante do título de licenciamento, irá depender
da obtenção, pelo interessado, de nova licença e da efetivação de sua averbação à
margem do competente registro no DNPM. A critério do DNPM, pode ser exigida a
apresentação de plano de aproveitamento econômico da jazida.

Observa-se também, mediante essa lei, que o titular do licenciamento é obrigado


a apresentar ao DNPM, até 31 de março de cada ano, relatório simplificado das
atividades desenvolvidas no ano anterior. Deve ser determinado o cancelamento do
registro de licença quando houver: insuficiente produção da jazida; suspensão, sem
motivo justificado, dos trabalhos de extração por mais de 6 meses; aproveitamento
de substâncias minerais não abrangidas pelo licenciamento, após advertência.
Publicado o ato determinativo do cancelamento do registro de licença, a habilitação ao
aproveitamento da jazida, sob o regime de licenciamento, estará facultada a qualquer
interessado, independentemente de autorização do proprietário do solo.

Já a permissão de lavra garimpeira é outra modalidade de regime de aproveitamento


mineral. Necessário se faz rebuscar o que são minerais garimpáveis e lavra garimpeira,
já aqui ditos.

Minerais garimpáveis: o ouro, o diamante, a cassiterita, a columbita, a tantalita e


wolframita, nas fonnas aluvionar, eluvionar e coluvial; a sheelita, as demais gemas, o
rutilo, o quartzo, o berilo, a muscovita, o espodumênio, a lepidolita, o feldspato, a mica
e outros, em tipos de ocorrência que vierem a ser indicados, a critério do DNPM.

O local onde ocorre a extração de minerais garimpáveis é denominado garimpo.

A lavra garimpeira, que é o aproveitamento de minerais garimpáveis, ocorre de forma


imediata, sem necessidade de prévios trabalhos de pesquisa, segundo critérios fixados
pelo DNPM, devido a sua natureza, dimensão, localização e utilização econômica. A
permissão de lavra garimpeira será outorgada pelo Diretor-Geral do DNPM. O DNPM
poderá estabelecer áreas de garimpagem, destinadas exclusivamente a trabalhos de
lavra sob o regime de permissão de lavra garimpeira.

Garimpagem: atividade de aproveitamento de substâncias minerais garimpáveis, sob o


regime de permissão de lavra garimpeira, executadas no interior de áreas estabelecidas
para esse fim, denominadas de áreas de garimpagem, sob o regime de permissão de
lavra garimpeira.

A lavra de minerais garimpáveis, portanto, sempre será feita sob o regime de permissão
de lavra garimpeira, mas pode ocorrer dentro ou fora de áreas de garimpagem.

56
Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra │ UNIDADE II

Apenas se ocorrer dentro de áreas de garimpagem é que a atividade será denominada


garimpagem.

O DNPM estabelece as áreas de garimpagem levando em consideração o bem mineral,


o interesse do setor e as razões sociais e ambientais, com criação ou ampliação
condicionada à prévia licença do órgão ambiental mediante ElA e Rima. Ao determinar
a execução do estudo de impacto ambiental, o órgão ambiental fixará as diretrizes
adicionais que, pelas peculiaridades dos projetos e características ambientais da área,
sejam julgadas necessárias, inclusive os prazos para a conclusão e análise dos estudos

A área de garimpagem poderá ser desconstituída por portaria do Diretor-Geral


do DNPM quando comprometer a segurança ou a saúde dos garimpeiros ou de
terceiros, quando estiver causando danos ao meio ambiente, quando ficar evidenciado
malbaratamento da riqueza mineral ou, ainda, quando comprometer a ordem pública.
Poderá a área de garimpagem ser reduzida sempre que o número de garimpeiros
não justificar o bloqueio da área originalmente reservada para essa atividade.
Em áreas de garimpagem, há preferência pela forma associativa, com prioridade
para as cooperativas de garimpeiros. A permissão de lavra garimpeira depende de
consentimento prévio do proprietário do solo e de prévio licenciamento ambiental
consentido pelo órgão ambiental competente. Em área urbana, a permissão de lavra
garimpeira depende de assentimento da autoridade administrativa local, no município
de situação do jazimento mineral. A permissão de lavra garimpeira, no interior ou fora
das áreas específicas de garimpagem, será outorgada a brasileiro ou a cooperativa de
garimpeiros legalmente habilitada, constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua
sede e administração no Brasil. A permissão vigorará por até cinco anos, podendo, a
critério do DNPM, ser sucessivamente renovada.

A área permissionada não poderá exceder cinquenta hectares, salvo quando outorgada
a cooperativa de garimpeiros. Se julgar necessária a realização de trabalhos de
pesquisa, o DNPM, de ofício ou por solicitação do permissionário, deverá intimá-
lo para apresentar projeto de pesquisa, no prazo de 90 dias, contado da data da
publicação da intimação no DOU. Em caso de inobservância desse prazo, o DNPM
poderá cancelar a permissão ou reduzir a área. Será admitida a permissão de lavra
garimpeira em área de manifesto de mina ou de concessão de lavra, a critério do
DNPM, com autorização do titular, quando houver viabilidade técnica e econômica
no aproveitamento por ambos os regimes. Havendo recusa por parte do titular
da concessão ou do manifesto, há o prazo de 90 dias para que apresente projeto de
pesquisa para efeito de futuro aditamento de nova substância ao título original.
Decorrido esse prazo sem que o titular haja apresentado o projeto de pesquisa, o
DNPM poderá conceder a permissão de lavra garimpeira. Também será admitida

57
UNIDADE II │ Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra

a concessão de lavra em área objeto de permissão de lavra garimpeira, a critério do


DNPM, com autorização do titular, quando houver viabilidade técnica e econômica no
aproveitamento por ambos os regimes. Em áreas em que sejam titulares de permissão
de lavra garimpeira, fica assegurada às cooperativas de garimpeiros prioridade para
obtenção de autorização ou concessão para pesquisa e lavra de recursos minerais. A
permissão de lavra garimpeira não se aplica em terras indígenas. Quando em faixa de
fronteira, fica ainda sujeita aos critérios e às condições que venham a ser estabelecidas
pelo Conselho de Defesa Nacional.

Quanto ao regime especial, incluem-se todos os recursos minerais que se regem por leis
especiais, excluídos, portanto, da regulamentação do Código de Mineração. Casos de
regulamentação por leis especiais: as jazidas de substâncias minerais que constituem
monopólio estatal; as substâncias minerais ou fósseis de interesse arqueológico ou
destinadas a museus, estabelecimentos de ensino e outros fins científicos, as águas
minerais em fase de lavra; e as jazidas de águas subterrâneas. Também se inclui a
pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e de outros hidrocarbonetos
fluidos, visto que não mais constituem monopólio estatal. O monopólio se verificará
quando o aproveitamento de determinado recurso mineral depender, em virtude de lei
especial, de execução direta ou indireta do Governo Federal. E é monopólio da União a
pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio
de minérios e minerais nucleares e seus derivados; e não é monopólio: a pesquisa e a
lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, a refinação
do petróleo, o transporte marítimo e por meio de conduto do petróleo bruto e de seus
derivados e gás natural de qualquer origem, todos já discutidos brevemente nesta
disciplina.

Não mais constituem monopólio porque, a partir da Emenda Constitucional no 9, de


1995, possibilitou-se à União contratar com empresas estatais ou privadas a pesquisa
e a lavra das jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos. A
competência para promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades
econômicas integrantes da indústria do petróleo é da Agência Nacional de Petróleo
(ANP), entidade integrante da Administração Federal indireta, submetida ao regime
autárquico especial, vinculando-se ao Ministério de Minas e Energia. As atividades de
exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e de gás natural, regulados pela
Lei no 9.478, de 1997, serão exercidas mediante contratos de concessão, precedidos
de licitação. Segundo essa lei, a pesquisa ou exploração é “o conjunto de operações
ou atividades destinadas a avaliar áreas, objetivando a descoberta e a identificação de
jazidas de petróleo ou de gás natural”. Desenvolvimento é o “conjunto de operações
e investimentos destinados a viabilizar as atividades de produção de um campo
de petróleo ou gás”. E lavra é o “conjunto de operações coordenadas de extração

58
Prioridade, Aproveitamento Mineral por Licenciamento, Autorização de Pesquisa e Concessão de Lavra, Manifesto de
Mina, Licenciamento Mineral, Regime de Extração e Permissão de Lavra │ UNIDADE II

de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo para sua movimentação”.


O concessionário será responsabilizado civilmente pelos atos de seus prepostos,
obrigando-se a indenizar todos e quaisquer danos decorrentes das atividades de
exploração, desenvolvimento e produção contratadas. Como o objeto de nosso estudo,
neste capítulo principalmente, são os recursos minerais abrangidos pelo CM e por
outras legislações, todos esses casos de regulamentação por lei especial não serão
abordados neste trabalho.

59
AQUISIÇÃO,
EXTINÇÃO,
ONERAÇÃO E UNIDADE III
DESCUMPRIMENTO
DAS OBRIGAÇÕES
MINERÁRIAS

CAPÍTULO 1
Aquisição de direitos minerários

A Constituição da República dispõe que a pesquisa e a lavra só poderão ser efetuadas

mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por


brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua
sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições
específicas quando essas atividades se devolverem em faixa de fronteira ou
terras indígenas.

Sabemos que certas atividades podem se submeter a autorizações como técnica de


controle preventivo. Esse controle permite à Administração analisar se os requisitos
exigidos pela correspondente regulamentação legal foram preenchidos pelo
requerente. A esse “controle prévio” efetuado pela Administração no cumprimento de
dever legal daremos o nome de ônus do minerador. Para que se realizem determinadas
atividades, o legislador previu ônus a serem cumpridos por quem queira realizá-las.
Não se configuram como obrigatórios, já que o pretenso titular não será punido caso
não cumpra tais onerações, mas apenas não auferirá a vantagem que pretende.

Na autorização de pesquisa
O alvará de pesquisa será pleiteado em requerimento dirigido ao Diretor-Geral do
DNPM, contendo nome, indicação da nacionalidade, do estado civil, da profissão,
do domicilio e do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério
da Fazenda, do requerente, pessoa natural, e, em se tratando de pessoa jurídica,

60
AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS │ UNIDADE III

razão social, número do registro de seus atos constitutivos no Órgão de Registro


de Comércio competente, endereço e número de inscrição no Cadastro Geral dos
Contribuintes do Ministério da Fazenda; prova de recolhimento dos emolumentos;
designação das substâncias a pesquisar; indicação da área objetivada e do local em
que se situa; e, sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente habilitado,
memorial descritivo da área pretendida, planta de situação, planos dos trabalhos de
pesquisa acompanhado do orçamento e cronograma previstos para sua execução. A
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) deverá ser feita no Conselho Regional
de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) em que o Responsável Técnico tenha
domicilio, independentemente do local da pesquisa, do local da sede da empresa ou da
pessoa física requerente do pedido de pesquisa, citando-se no formulário da ART, no
caso da empresa, o seu número de registro e o CREA do local desse registro.

Para adquirir um direito minerário, é necessário possuir capacidade civil e ser


maior de 21 anos ou emancipados maiores de 18 anos. É necessário, ainda, que o
requerente seja brasileiro ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha
sua sede e administração no Brasil, na forma da lei. E ainda responder, o requerente
e o profissional responsável, à interpelação que poderá ser feita pelo DNPM, para
justificarem o plano de pesquisa e o orçamento correspondente, bem como a
disponibilidade de recursos e requerer prévia anuência do poder concedente para
ceder ou transferir o direito minerário, bem como requerer autorização ao DNPM,
observada a legislação ambiental pertinente, para, em caráter excepcional, extrair
substâncias minerais, o que exigirá, nesse caso, licença ambiental, além de prévia de
autoridades com competência sobre a área (Funai, Conselho de Segurança Nacional –
CSN –, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – lPHAU –, Ministério
da Marinha etc.).

Na concessão de lavra

A concessão de lavra deve ser requerida ao Ministro das Minas e Energia com os
elementos necessários para que este decida, ouvido o DNPM, se a concessão de lavra
deve ser dada ou não. O requerimento deverá conter certidão de registro no DNRC
da entidade constituída; designação das substâncias minerais a lavrar, com indicação
do alvará de pesquisa outorgado e de aprovação do respectivo relatório; denominação
e descrição da localização do campo pretendido para a lavra, relacionando-o, com
precisão e clareza, aos vales dos rios ou córregos, constantes de mapas ou plantas de
notória autenticidade e precisão, e estradas de ferro e rodovias, ou, ainda, a marcos
naturais ou acidentes topográficos de inconfundível determinação; suas confrontações
com autorização de pesquisa e concessões de lavra vizinhas, se as houver, e indicação

61
UNIDADE III │ AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS

do distrito, município, comarca e estado, e, ainda, nome e residência dos proprietários


do solo ou posseiros; definição gráfica da área pretendida, delimitada por figura
geométrica formada, obrigatoriamente, por segmentos de retas com orientação norte-
sul e leste-oeste verdadeiros, com dois de seus vértices, ou excepcionalmente um,
amarrado a ponto fixo e inconfundível do terreno, sendo os vetores de amarração
definidos por seus comprimentos e rumos verdadeiros, e configuradas, ainda,
as propriedades territoriais por ela interessadas, com os nomes dos respectivos
superficiários, além de planta de situação; servidões de que deverá gozar a mina;
Plano de Aproveitamento Econômico da Jazida, com descrição das instalações de
beneficiamento; prova de disponibilidade de fundos ou da existência de compromissos
de financiamento, necessários para execução do Plano de Aproveitamento Econômico
e operação da mina.

Como visto acima, o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) constitui um


dos elementos obrigatórios de informação que deverá constar no requerimento
de concessão de lavra. No PAE deverá constar memorial explicativo; projetos ou
anteprojetos referentes ao método de mineração a ser adotado, fazendo referência
à escala de produção prevista inicialmente e a sua projeção, iluminação, ventilação,
transporte, sinalização e segurança do trabalho, quando se tratar de lavra subterrânea,
ao transporte na superfície e ao beneficiamento e aglomeração do minério; às
instalações de energia, de abastecimento de água e condicionamento de ar; à higiene da
mina e dos respectivos trabalhos; às moradias e suas condições de habitabilidade para
todos os que residem no local da mineração; e, finalmente, às instalações de captação e
proteção das fontes, adução, distribuição e utilização da água, para as jazidas de águas
minerais. O Engenheiro de Minas responsável pelo PAE deverá requerer a Anotação
de Responsabilidade Técnica (ART) perante o Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CREA) da localidade onde tenha domicílio, informando
no formulário da ART o número do registro da empresa requerente da concessão de
lavra no CREA onde tenha sede, além de apresentar, perante o DNPM, licenciamento
ambiental; requerer prévia anuência do poder concedente para ceder ou transferir o
direito minerário; e apresentar o Plano de Recuperação da Área Degradada (PRAD).

No licenciamento mineral

A Portaria DNPM no 148, de 1980, item I, exige os seguintes elementos:

1. indicação de nacionalidade brasileira e endereço do interessado, pessoa


natural, ou, tratando-se de pessoa jurídica, indicação do nome ou
razão social, sede, endereço, número de registro da sociedade na Junta
Comercial e o CGC;

62
AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS │ UNIDADE III

2. indicação do uso da substância licenciada, da área em hectares e da


denominação do imóvel, Distrito, Município, Comarca e Estado onde se
situa;

3. licença específica, expedida pelo Município de situação da jazida,


da qual conste nome do licenciado; nome do proprietário do solo;
denominação do imóvel Distrito, Município e Estado em que se situa a
jazida; substância mineral licenciada;

4. declaração de ser o requerente proprietário do solo, ou autorização dele


para exploração da substância mineral indicada na licença;

5. prova de recolhimento de emolumentos;

6. assentimento do Ministério da Marinha, se a área estiver situada em


terrenos de marinha, terrenos reservados em margens de correntes
públicas de uso comum, bem como de canais, lagos e lagoas da mesma
espécie e leitos de cursos de água navegáveis ou flutuáveis;

7. planta de detalhe, figurando os principais elementos de reconhecimento,


tais como estradas de ferro, rodovias, túneis, rios, córregos, lagos, vilas,
divisas de propriedades atingidas e confrontantes, como a poligonal
envolvente da área, devidamente cotada e em escala adequada,
formada por segmentos de retas com orientação norte-sul e leste-oeste
verdadeiros, salvo quando a área pretendida situar-se em leitos de
rios, onde os lados podem ter rumos diversos, com um dos vértices da
poligonal amarrado a ponto fixo e inconfundível do terreno;

8. planta de localização da área;

9. memorial descritivo, assinado por profissional legalmente habilitado,


delimitando, por comprimentos e rumos verdadeiros, a área figurada na
planta de detalhe;

10. procuração, se o pedido não for assinado pelo próprio requerente;

11. indicação do número de inscrição do profissional responsável pelo


memorial descritivo no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia (Crea), e prova do visto do Conselho Regional com
competência sobre a área de situação da jazida; apresentar Plano de
Aproveitamento Econômico da Jazida, se o DNPM o exigir; requerer
nova licença mineral, averbando-a no registro do DNPM, no caso

63
UNIDADE III │ AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS

de um titular do licenciamento mineral descobrir a ocorrência de


nova substância mineral aproveitável por este regime, na área de sua
titularidade; requerer prévia anuência do poder concedente para ceder
ou transferir o direito minerário; e apresentar, perante o DNPM, licença
ambiental.

Na permissão de lavra garimpeira

Se requer para a permissão da lavra garimpeira ao Diretor-Geral do DNPM, segundo


Portaria DNPM 10/1991:

1. prova de nacionalidade brasileira se o requerente for pessoa física;

2. cópia do ato de constituição se o requerente for firma individual;

3. tratando-se de cooperativa, cópia autenticada da ata da assembleia-


geral de constituição, arquivada na Junta Comercial, e do estatuto onde
conste, como objetivo social, a atividade minerária; e a declaração de
que todos os associados exercem efetivamente atividade de extração ou
beneficiamento ou apuração de substâncias minerais garimpáveis;

4. planta de situação da área requerida, elaborada a partir de cartas


adotadas pelo DNPM, com a poligonal envolvente da área devidamente
fechada, formada por segmentos de retas norte-sul e leste-oeste,
orientados segundo o norte verdadeiro com um dos vértices da poligonal
amarrado a um ponto fixo e inconfundível no terreno;

5. assentimento do município quando a área estiver situada em perímetro


urbano, constando: nome do requerente, área em hectares, denominação
do imóvel se houver; o Distrito, Município e Estado; a substância
requerida e a data de expedição;

6. licença ambiental: em área de domínio privado, requerer consentimento


prévio do proprietário do solo e prévia anuência do poder concedente
para ceder ou transferir o direito minerário.

64
CAPÍTULO 2
Oneração e extinção dos direitos
minerários

Quanto à Oneração, como vimos, os dois principais títulos minerários são o Alvará
de Pesquisa (a doutrina e os órgãos públicos são divergentes quanto à oneração) e a
Concessão de Lavra (neste, há a permissão de sua oneração). O CM nada diz sobre
a oneração de alvará de pesquisa e, por isso, as divergências doutrinárias. O titular
do alvará de pesquisa poderia cedê-lo, mas não o onerar, pois tal autorização deveria
ter vindo expressa pelo legislador. Quanto à concessão de lavra, pode haver oneração,
mas, se a concessão vier a se extinguir, os credores não têm ação contra o novo titular.
A extinção da concessão de lavra extingue as onerações deste.

O art. 55 do Código de Mineração preceitua:

Art. 55. Subsistirá a Concessão, quanto aos direitos, obrigações,


limitações e efeitos dela decorrentes, quando o concessionário a alienar
ou gravar, na forma da lei. § 1o Os atos de alienação ou oneração só
terão validade depois de averbados no DNPM. (Redação dada pela Lei
no 9.314, de 1996) § 2o A concessão de lavra somente é transmissível
a quem for capaz de exercê-la de acordo com as disposições deste
Código. (Redação dada pela Lei no 7.085, de 1982) § 3o As dívidas e
gravames constituídos sobre a concessão resolvem-se com extinção
desta, ressalvada a ação pessoal contra o devedor. (Incluído pela Lei
no 7.085, de 1982) § 4o Os credores não têm ação alguma contra o novo
titular da concessão extinta, salvo se esta, por qualquer motivo, voltar
ao domínio do primitivo concessionário devedor. (Incluído pela Lei no
7. 85, de 1982).

Já quanto à extinção dos direitos minerários, segundo Bandeira de Mello (1995, p.


241), um ato eficaz extingue-se por:

1. Cumprimento de seus efeitos por esgotamento do conteúdo jurídico,


execução material ou implemento de condição resolutiva ou termo
final; 2. Desaparecimento do sujeito ou do objeto; 3. Retirada do ato,
que abrange: a) revogação, retirada por conveniência e oportunidade;
b) invalidação, retirada por ter sido praticado em desconformidade
com a ordem jurídica; c) cassação, retirada porque o destinatário
descumpriu condições a que estava submetido para a permanência

65
UNIDADE III │ AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS

do ato; d) caducidade, retirada porque sobreveio norma jurídica que


tomou inadmissível a permanência do ato, outorgado sob o império
de lei anterior; 4. Renúncia, retirada em virtude da rejeição, pelo
destinatário, de situação jurídica que desfrutava.

Para analisar os casos de extinção do direito minerário, temos que observar cada
espécie de regime:

Na autorização de pesquisa
A autorização de pesquisa torna-se nula ex officio se seu titular deixar de pagar a taxa
anual até a entrega do relatório final dos trabalhos. É admitida a renúncia à autorização
de pesquisa, sendo o titular, excepcionalmente, dispensado da apresentação do
relatório circunstanciado dos trabalhos. O titular tem 1 ano para requerer a concessão
de lavra, podendo negociar seu direito a essa concessão. O DNPM poderá prorrogar
esse prazo, por igual período, mediante solicitação justificada do titular, manifestada
antes de findar-se o prazo inicial ou a prorrogação em curso. Se o titular ou seu
sucessor não requer a concessão de lavra no prazo, caducará seu direito.

O não cumprimento das obrigações decorrentes das autorizações de pesquisa,


dependendo da infração, implica advertência, multa e caducidade do título, todas
de competência do DNPM. A caducidade terá lugar se houver abandono formal da
pesquisa; não cumprimento dos prazos da pesquisa, apesar de advertência e multa;
prática de pesquisa em desacordo com a autorização, apesar de advertência ou
multa; e não atendimento das observações da fiscalização, caracterizado pela terceira
reincidência, no intervalo de um ano, de infrações com multas.

São anuláveis as autorizações de pesquisa quando outorgadas com infringência de


dispositivos do Código de Mineração. A anulação será promovida ex officio nos casos
de imprecisão intencional da definição da área de pesquisa e de cessão ou transferência
do título sem prévia autorização do DNPM. Nos demais casos, o DNPM sanará a
deficiência por via de atos de retificação. A nulidade poderá ser pleiteada judicialmente
por qualquer interessado até 1 ano a contar da publicação do decreto de lavra no DOU.

Nos casos de nulidade ou caducidade, salvo se por abandono, o titular não perde a
propriedade dos bens que possam ser retirados sem prejudicar a futura lavra.
A autorização de pesquisa poderá ser revogada por motivo de conveniência e
oportunidade. Uma vez que o art. 42 do Código de Mineração prevê a hipótese de
a lavra ser recusada se for considerada prejudicial ao bem público, a autorização
deve ser revogada no momento em que sua inconveniência for detectada, a fim

66
AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS │ UNIDADE III

de que o particular não despenda tempo em algo que não atingirá seu fim, que é o
aproveitamento industrial da jazida.

A lavra praticada em desacordo com o Plano de Aproveitamento Econômico leva


a sanções ao concessionário, indo de advertência à caducidade. Poderá o titular
da concessão de lavra comunicar a renúncia ao seu título com um relatório dos
trabalhos efetuados, do estado da mina e de suas possibilidades futuras. Como já dito
exaustivamente neste trabalho, sempre que não há o cumprimento das obrigações
decorrentes das concessões de lavra haverá advertência, multa e caducidade do
título. As penalidades de advertência e multa são de competência do DNPM; já a de
caducidade, do Ministro de Minas e Energia.

A concessão de lavra poderá ser extinta por revogação em caso de superveniência de


interesse público que supere o empreendimento minerário. São imutáveis todas as
ordens das autoridades administrativas que tenham criado direitos subjetivos a favor
de determinadas pessoas, um exemplo é o direito a um salto de água em rio público
em virtude de concessão. Ao manifestar-se sobre a concessão de lavra, a União pode
revogar a concessão, desde que o interesse público superveniente exija a cessação
da lavra. A lei elenca dois casos de revogação do direito minerário. Em primeiro
lugar, verificada a incompatibilidade ou a dependência dos trabalhos de pesquisa
em relação aos trabalhos realizados em função de substância de reserva nacional, a
autorização de pesquisa ou a concessão de lavra poderão ser retiradas. Em segundo
lugar, na ocorrência de minerais radioativos ou de aproveitamento de energia nuclear,
a concessão não será mantida se o valor econômico da substância mineral que está
sendo lavrada for inferior ao dos minerais nucleares encontrados.

Esses, porém, não são os únicos casos de revogação da concessão de lavra, que não
só poderá como deverá ser revogada se um interesse público superveniente assim o
exigir, uma vez que é inegável à Administração o poder de revogar seus próprios atos.

No licenciamento mineral

O licenciamento mineral será cancelado, por ato do Diretor-Geral do DNPM, nos casos
de insuficiente produção da jazida, considerada em relação às necessidades do mercado
consumidor; suspensão, sem motivo justificado, dos trabalhos de extração, por prazo
superior a seis meses; aproveitamento de substâncias minerais não abrangidas pelo
licenciamento, após advertência. O não cumprimento dos deveres decorrentes do
licenciamento mineral, dependendo da infração, implicará advertência, multa e
caducidade do título. O ato outorgado no licenciamento mineral pelo DNPM poderá

67
UNIDADE III │ AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS

ser revogado por motivos de conveniência e oportunidade, já que a Administração


pode revogar seus próprios atos.

Na permissão de lavra garimpeira

Julgando necessária a realização de trabalhos de pesquisa, o DNPM intimará


o permissionário a apresentar projeto de pesquisa no prazo de 90 dias. O
desatendimento dessa exigência acarretará o cancelamento da permissão ou a redução
de sua área. A permissão de lavra garimpeira poderá ser revogada se motivos de
conveniência e oportunidade exigirem tal medida, uma vez que a Administração tem o
dever de revogar os atos que se tomaram contrários ao interesse público.

68
CAPÍTULO 3
Descumprimento das obrigações
minerárias: consequências na esfera
administrativa, penal e civil

O fato de a outorga de direito minerário ter criado um direito de pesquisa ou de


lavra para o minerador não significa que esse direito não lhe possa ser retirado
quando o interesse público o exigir – não só poderá como deverá. Contudo, o fato
de o direito minerário ter que parar de gerar os efeitos negativos para a sociedade,
por meio de ato estatal absolutamente lícito, não significa, em hipótese alguma, que
terá que desaparecer do patrimônio de seu titular. Ainda que seja retirado do titular
a possibilidade de utilização de seu direito para os fins específicos que foi criado,
jamais será retirado seu conteúdo patrimonial. Dois fundamentos embasam essa
fórmula. Sobre o primeiro deles, os interesses públicos e individuais são, numa ordem
democrática, qualitativamente iguais, embora quantitativamente distintos, já que
o interesse público coincide com o interesse individual da maioria dos membros da
coletividade.

Sendo os interesses públicos e privados qualitativamente iguais, não pode um


deles simplesmente fazer desaparecer o outro. Por isso é que a solução dada pelo
ordenamento é que um direito público se sobreponha ao direito privado diante da
possibilidade de sua conversão em outro direito equivalente. Um segundo fundamento
da indenização ao particular pela supressão de seu direito em nome do interesse
público é a responsabilidade do Estado por atos lícitos. O particular, ao se ver tolhido
de seu direito, deve ser devidamente indenizado pelo Estado, já que não deve arcar
sozinho com o que é de interesse de todos. Trata-se de se dividir, entre todos, os ônus
e encargos sociais, já que todos passarão a desfrutar da nova situação jurídica imposta
pelo Estado.

Esses dois fundamentos justificam a necessidade de o Estado indenizar o minerador


toda vez que este se vir despojado de seu direito em nome do interesse da coletividade.

A indenização em virtude da revogação dos


atos de outorga de direitos minerários
A inserção do termo por quem, nos atos administrativos, retira do ato a sua
precariedade, faz com que a lavra deixe de ser instável para ser estável. A consequência

69
UNIDADE III │ AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS

disso é que o outorgado passa a gozar de um direito de comportar-se da forma e


pelo prazo consentido. Assim, se, no ato instável, o administrado possui um direito
apenas enquanto este durar, no ato estável a situação é diferente. A demarcação de
prazo confere ao administrado um direito por todo o prazo de duração do ato. Trata-se
de técnica legislativa a fim de que determinadas atividades se tornem mais atrativas
aos particulares. Com isso, o Estado assume o risco de arcar com os prejuízos caso
o interesse público venha a se alterar. É o que ocorre na autorização de pesquisa, na
permissão de lavra garimpeira e no licenciamento mineral, em que o minerador gozará
do direito que lhe foi conferido pelo prazo assinalado.

Pode-se entender que a concessão de lavra outorga ao particular um direito sobre a


jazida com os mesmos elementos da propriedade plena, ou que, havendo revogação
por interesse público, estaremos diante de um caso de desapropriação de direito em
que o minerador será necessariamente indenizado. De fato, se o direito sobre a jazida
fosse um verdadeiro direito de propriedade sobre ela, não se cogitaria em revogação do
ato de concessão, mas em desapropriação do direito de lavra, como ocorre com a mina
manifestada, como veremos adiante. Não havendo, portanto, propriedade particular
sobre a jazida, não haverá desapropriação do direito de lavrá-la, pois da mesma
forma que o Estado constituiu o particular no direito de lavrar sua jazida ele pode o
desconstituir, havendo simples revogação do ato. Dessa revogação, evidentemente
decorrem indenizações, como já ressaltamos, por ter sido a atividade extinta antes
de seu término normal. Não é justo que o minerador arque sozinho pela antecipação
do término de seu empreendimento em nome do interesse público, já que toda a
coletividade se beneficiará com a revogação.

O Supremo Tribunal Federal já decidiu nesse sentido, num caso em que a Companhia
Energética de São Paulo (Cesp) instituiu servidão de passagem de linhas de
transmissão de energia elétrica sobre urna área em que havia concessão de lavra de
dolomita, que ficou prejudicada pela servidão. O titular da concessão ajuizou ação,
pleiteando indenização. A ementa foi a seguinte:

Ação de indenização por desapropriação. Expropriação indireta. Prévia


e justa indenização. Proprietário. Pretendente por direito minerário.
Obrigação de fazer. Sentença. Improcedência. Honorários recursais.
Ação de indenização por desapropriação. Expropriação verificada
em 21/05/2013 visando constituição de servidão administrativa para
a instalação pela PETROBRÁS de dutos do emissário do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), sobre faixas em áreas de
terras de propriedade de terceiros, declarada de utilidade pública por
Decreto da Presidência da República, a fim de viabilizar a instalação

70
AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS │ UNIDADE III

do referido emissário. Ação indenizatória cumulada com pedido de


obrigação de fazer proposta por empresa que fora constituída em 2010
e que afirma que deteria direitos minerários cedidos pela empresa
coproprietária das áreas desapropriadas, mediante contrato de cessão de
direitos que gerou o processo administrativo no 890.917/2011. Objetivou,
em preliminar, impedir que a ré se apropriasse dos terrenos em relação
aos quais estaria legitimado a extrair minérios, a ser confirmado ao
final, bem como para condená-la ao pagamento de indenização pelos
lucros cessantes decorrentes da cessação da mencionada exploração
econômica e, por fim, que fosse a ré, ainda, obrigada a construir reforços
ou pontes para o trânsito de seus caminhões. Informa que no ano de
2011 deu entrada junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), ao processo administrativo no 890.91712011, referente ao
alvará de pesquisa no 25/12/2012 para exploração de areia, argila e
saibro obtendo, após a análise de toda documentação, a sua aprovação,
com a respectiva publicação no Diário Oficial da União, na seção 1, fls.
36, em 03/01/2014. Existência de um contrato de prestação de serviços
autorizador de prospecção da jazida de areia e saibro existente na
propriedade, colhendo a afirmação dos opoentes, ora também apelados,
quanto a que nunca alienaram, na condição de verdadeiros titulares, o
imóvel em questão. De início, ressalte-se que a autorização de pesquisa
minerária não se confunde com a outorga de lavra, não amparando,
portanto, o pedido indenizatório e afastando peremptoriamente a
pretensão quanto à pretendida obrigação de fazer. O Código de Minas
(Decreto-Lei no 227, de 28/02/1967), legislação especial aplicável,
regulamenta todo o procedimento legal para o deferimento da concessão
de lavra, que se desenvolve perante o DNPM e possui várias etapas.
Este procedimento culmina com a aprovação do relatório final de
pesquisa, quando então surge para o pretendente o direito de requerer
a concessão de lavra, este sim, título que constitui um bem jurídico de
valor econômico próprio e que deve ser avaliado para fins de fixação da
indenização a ser paga ao expropriado, no que guarda pertinência com
o direito minerário. Conquanto as partes tenham confundido um pouco
os limites das questões jurídicas em confronto, impõe-se definir que o
exercício de determinado direito, mesmo quando pautado em interesse
público, como ocorre na desapropriação, deve respeitar o âmbito de
proteção dos direitos de terceiros envolvidos, sob pena de abuso (art.
187). Daí haverem prosseguido a indenizatória e a oposição. As jazidas
existentes não são indenizáveis, pois, além de o subsolo pertencer à

71
UNIDADE III │ AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS

União (art. 20, inciso IX, e 176, § 3o, da Constituição da República), não
chegou a ser deferida à autora a concessão para exploração, essa que,
de fato, desde a sua outorga, se erige num direito pessoal do minerador,
não havendo, em consequência, que se falar em indenização. O regime
de exploração dos recursos minerais é tratado pelo art. 11 do Decreto no
62.934/1968 (Regulamento do Código de Mineração), que estabelece
suas espécies, quais sejam: autorização, concessão, licenciamento,
matrícula e monopólio. Para a consecução do direito minerário, deverá o
pretendente, primeiro, buscar autorização de pesquisa, tal como definida
no art. 14 do Código de Minas e que depende da prévia aprovação de
um plano de pesquisa, para, em seguida, lograr obter a concessão da
outorga de lavra, esta que é tratada pelo art. 38 do mesmo código, pelo
art. 48 do Decreto no 62.934/1968 e também pelo art. 1o, parágrafo
único, da Portaria no 425/2005. Nesse meio tempo, cumpre acrescentar,
entre a autorização de pesquisa e a concessão do direito de lavra será
possível que a exploração seja feita mediante autorização, precária,
materializada na denominada Guia de Utilização. Conclui-se que para
a lavra de recursos minerais, há a necessidade de prévia autorização ou
concessão da União, sendo que, em caráter excepcional, conceda-se, há
a possibilidade de o concessionário promover extração mineral antes de
ser outorgada a concessão de lavra, mediante a expedição de uma Guia
de Utilização, como se colhe da Portaria no 144/2007 do DNPM (art.
2o). Art. 22, § 2o, do Decreto-Lei no 227/1967. Essa guia se fundamenta
em critérios técnicos, inclusive até no tocante as máximas quantidades
(art. 103 da Consolidação Normativa do DNPM). Reconheça-se que a
autora de fato teve o relatório final de pesquisa aprovado, o que se deu,
entretanto, apenas em 3/1/2014, posteriormente, portanto, ao Decreto
Expropriatório de 21/5/2013, com publicação no Diário Oficial da União
de 22/5/2013. Conclui-se que, no que toca aos pleitos indenizatórios
pela atuação da expropriante, haveria, em tese, o interesse que se busca
resguardar. No entanto, atesta-se nessa demanda que a autora não
seria titular de tais direitos tendo, inclusive, a eles renunciado em sede
do contrato escrito e formal firmado com os proprietários dos bens
atingidos. Ademais, mesmo na hipótese de a autora ter obtido êxito
na aprovação do relatório, a outorga de lavra certamente não lhe seria
concedida, eis que o interesse particular afrontaria ao interesse público,
amoldando-se à espécie os ditames do art. 42 do Código de Minas e o
art. 52 do seu Regulamento (Decreto no 62.934/1968). Se isso não
bastasse, os intervenientes opoentes ainda trouxeram aos autos a cópia

72
AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS │ UNIDADE III

do ofício de fl. 139 (da oposição), oriundo da Superintendência DNPM/


RJ – Divisão de Gestão de Títulos Minerários – DGTM, com referência
ao Processo Administrativo no 890.917/2011, assim como a prova da
informação remetida à autora, comunicando da suspensão imediata
da análise e tramitação dos autos, tendo em vista que a poligonal da
área objeto do processo minerário interfere na área bloqueada para
implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, localizado no
Estado do Rio de Janeiro. Correto o nobre sentenciante quando julgou
improcedente o pedido indenizatório e condenou a autora no pagamento
das custas e dos honorários advocatícios, estes que arbitrou em 5% (cinco
por cento) sobre o valor dado à causa, na forma do que dispõe o art.
85, § 2o, do mesmo novo CPC. Consoante o disposto no art. 85, § 11, do
novo CPC, majora-se em 2% (dois por cento) os honorários advocatícios
a serem suportados pela autora, fixados na sentença que ora é mantida
integralmente. Recurso a que se nega provimento. (TJ-RJ – APL:
00015951920148190073, Relator: Des(a). MARIO ASSIS GONÇALVES,
Data de Julgamento: 10/10/2018, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL).

A concessão de lavra investe o concessionário em posição jurídica favorável, com


titularidade de certos direitos com título de valor patrimonial. Essa situação subjetiva
de vantagem atribui ao concessionário o direito à lavra, ação e pretensão à indenização
toda vez que o particular vier a ser obstado na legítima fruição de todos os benefícios
resultantes do processo de extração mineral.

Por todo o exposto, entendemos que o concessionário, igualmente como ocorre com
os titulares da autorização de pesquisa, do licenciamento mineral e da permissão de
lavra garimpeira, também deva ser indenizado pelos investimentos realizados e ainda
não recuperados, bem como aos danos e prejuízos porventura advindos em virtude do
encerramento antecipado da atividade. Esses investimentos corresponderão, desde
que não recuperados, aos investimentos de aquisição (com a pesquisa mineral e para
adquirir a concessão de lavra), e à infraestrutura e equipamentos do estabelecimento
que não puderem ser retirados sem danificação. Esses valores deverão ser devidamente
apurados por meio de avaliação contábil, executada por profissional habilitado. Vale
ressaltar que a indenização pela revogação da autorização de pesquisa, da permissão
de lavra garimpeira, do ato expedido no licenciamento mineral ou da concessão de
lavra não corresponderá, como exposto nos acórdãos acima transcritos, ao título de
concessão de lavra, enquanto bem jurídico suscetível de apreciação econômico. O
conteúdo econômico do título mineral equivale, na verdade, ao seu valor de mercado,
que não corresponderá necessariamente aos prejuízos da atividade, estes sim objeto
de indenização em caso de revogação do ato de outorga de direito minerário.

73
UNIDADE III │ AQUISIÇÃO, EXTINÇÃO, ONERAÇÃO E DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES MINERÁRIAS

Cabe ainda observar que, se o minerador ainda não efetuou investimentos alguns,
não tendo ainda iniciado as atividades, não haverá qualquer indenização. Podemos
então concluir que, ainda que na maioria dos países a concessão de lavra seja
outorgada com prazo, não há grande diferença prática em se outorgar a lavra por
prazo fixo ou por prazo indeterminado, uma vez que, se motivos de interesse público
superveniente exigirem que um ato de outorga de lavra seja revogado, ele assim será,
independentemente de ter sido outorgado com ou sem prazo. Quanto à indenização,
também será a mesma, como acima exposto. A única diferença é que o controle prévio
da atividade se torna maior ao ser exigido do minerador que, de tempo em tempo,
renove o prazo de outorga de seu direito.

A indenização em virtude do sacrifício do direito ao


manifesto de mina

Impossibilitada a lavra de mina manifestada por ato do Estado, deve ser desapropriada,
já que esvaziado o conteúdo econômico de direito de propriedade particular. Apenas
nesse caso é que se pode falar em indenização da jazida, já que é propriedade do
particular. Aqui há verdadeiro sacrifício de direito, cuja imposição depende de
devido processo legal. Sacrifício de direito é a situação subjetiva passiva, imposta
compulsoriamente pelo Estado, com base em lei, aos titulares de direitos de conteúdo
patrimonial, por meio do devido processo judicial (salvo a hipótese de acordo) e
mediante indenização prévia, justa e em dinheiro, implicando em compressão (parcial
ou temporária) do conteúdo do direito ou em sua extinção, para permitir sua afetação
a um interesse público ou social. Um direito é sacrificado quando há inviabilidade
prática e económica do emprego da coisa.

O caminho correto para que se sacrifique um direito é a desapropriação. Consta do


art. 5o, XXIV, da Constituição da República que “a lei estabelecerá o procedimento
para a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse nacional,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição”. E, segundo o art. 5o, LIV, da mesma Constituição, “ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Somente por meio
de desapropriação, portanto, poderá ser retirado do proprietário da mina manifestada
seu direito de lavra, ou seja, por meio de processo judicial e mediante prévia e justa
indenização em dinheiro, que corresponderá ao valor da jazida. Dessa forma, quando
o Estado sacrifica o direito ao manifesto de mina, deverá indenizar seu proprietário
pelo valor da jazida.

74
PRÁTICA JURÍDICA UNIDADE IV

CAPÍTULO 1
Análise de um processo minerário

O objetivo final desses regimes é oferecer um título de aproveitamento do recurso


mineral. O Alvará do Diretor-Geral do DNPM é um título intermediário que autoriza o
interessado a pesquisar determinada substância mineral. Os Regimes de Autorização
e de Concessão podem ser utilizados para todas as substâncias minerais, com exceção
daquelas protegidas por monopólio (petróleo, gás natural e substâncias minerais
radioativas). As áreas máximas são de: 2.000 ha para substâncias minerais metálicas
e fertilizantes, carvão, diamante, rochas betuminosas e pirobetuminosas, turfa e sal-
gema; 1.000 ha para rochas de revestimento e as outras substâncias minerais; 50 ha
para as substâncias minerais do art. 1o da Lei no 6.567, de 1978, águas minerais e águas
potáveis, areia para indústria de transformação, feldspato, gemas (exceto diamante),
pedras decorativas e mica.

Já é válido notar que a Área Livre é aquela, por requerimento de Autorização de


Pesquisa, considerada livre (sem concessionário), e não cabe nas hipóteses do art. 18
do CM, podendo o requerente ser pessoa física ou jurídica.

Autorização de pesquisa
Cada área de interesse de obter autorização de pesquisa exige individualmente um
requerimento ao Diretor-Geral do DNPM contendo: no caso de pessoa física, nome,
indicação da nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e CPF; em se tratando
de pessoa jurídica, razão social, número do registro de seus atos constitutivos no
Órgão de Registro de Comércio competente, endereço e CNPJ; prova de recolhimento
de emolumentos; designação das substâncias a pesquisar; indicação da extensão
superficial da área objetivada, em hectares; memorial descritivo da área pretendida;
planta de situação; plano dos trabalhos de pesquisa com orçamento e cronograma de
execução; e anotação de responsabilidade técnica (ART) do técnico responsável.
75
UNIDADE IV │ PRÁTICA JURÍDICA

O DNPM disponibiliza, em sua página na internet, os formulários para os


requerimentos, com diversas informações sobre todos esses processos, o que é
importantíssimo, já que a falta de qualquer um deles acarreta no indeferimento
do pedido de pesquisa. Toda a documentação, que deve ser preparada por geólogo
ou engenheiro de minas, será objeto de análise no DNPM que, se deferida, levará à
emissão, pelo Diretor-Geral, de um Alvará autorizando a pesquisa na área.

A partir da publicação do Alvará no DOU, o titular poderá realizar de 2 ou 3 anos os


trabalhos de pesquisa para definir uma jazida (qualificar, quantificar e localizar esta
substância mineral). O acesso à área pretendida se dá por acordo amigável com o
proprietário do solo ou por meio de acordo judicial, fixadas as rendas e indenizações
devidas.

O Relatório dos Trabalhos de Pesquisa deve conter os estudos: geológicos e


tecnológicos necessários à definição da jazida e demonstrativos da exequibilidade
técnico-econômica da lavra. O DNPM verificará esse relatório e proferirá despacho
de: aprovação do relatório, quando houver a jazida; não aprovação do relatório,
quando houver insuficiência dos trabalhos de pesquisa ou deficiência técnica na sua
elaboração; arquivamento do relatório, quando não houver a jazida; ou adiamento
da decisão sobre o relatório, quando ocorrer a impossibilidade temporária da
exequibilidade técnico-econômica da lavra.

Caso aprovado, será aberto por um ano, a partir da publicação no DOU, prazo para o
titular do alvará (se pessoa jurídica) requerer a Concessão de Lavra; se pessoa física,
deve ceder os direitos de requerer a lavra à pessoa jurídica ainda nesse prazo. O DNPM
pode prorrogar o prazo por mais um ano, se de interesse do titular.

Excepcionalmente, admite-se o aproveitamento de substâncias minerais em área


titulada com autorização do DNPM por meio da Guia de Utilização, de quantidades
máximas ditadas pelo art. 103 da Consolidação Normativa do DNPM. Para conceder
essa Guia de Utilização, dever haver: aferição da viabilidade da lavra da substância
mineral no mercado; extração de substâncias minerais para análise e ensaios
industriais antes da Concessão de Lavra; e comercialização de substâncias minerais
necessária para seu fornecimento continuado para a garantia de mercado e custo da
pesquisa. A primeira Guia de Utilização será pleiteada pelo titular em requerimento
protocolizado na Superintendência do DNPM contendo: justificativa técnica e
econômica, elaborada por profissional, descrevendo as operações de decapeamento,
desmonte, carregamento, transporte, beneficiamento, sistema de disposição de
materiais e as medidas de controle ambiental, reabilitação da área minerada e as de
proteção à segurança e à saúde do trabalhador; indicação da quantidade da substância

76
PRÁTICA JURÍDICA │ UNIDADE IV

a ser extraída; planta com indicação dos locais da extração mineral, por meio de
coordenadas; e licença ambiental ou documento equivalente. E, claro, pode ser
solicitado pelo DNPM quaisquer dados adicionais. Ademais, a Taxa Anual por Hectare
(TAH) deve estar quitada.

Figura 1. Roteiro para obtenção de Licença de Operação e Guia de Utilização.

CPRH EMPREENDEDOR DNPM

Verificar, na CPRH, se existem restrições ambientais à Verificar no DNPM se, a priori, a área
lavra na área pretendida pretendida encontra-se livre

Analisar o
Protocolizar o Requerimento de Pesquisa Requerimento de
no DNPM Pesquisa

Iniciar a Pesquisa

Outorgar o Alvará de
Obter com a CPRM orientações sobre os procedimentos Pesquisa
necessários ao Licenciamento Ambiental

Outorgar a Licença Protocolizar Requerimento de Licença de Operação junto à Analisar o


de Operação
Requerimento de GU

Protocolizar Requerimento de Guia de Utilização


junto ao DNPM Outorgar a Guia de
Utilização

Iniciar a Lavra

Fonte: Adaptado de DNPM Pernambuco.

Requerimento de lavra

O requerente deve ser pessoa jurídica. O requerimento de Concessão de Lavra deve ser
feito para cada área individualmente redigida pelo titular da Autorização de Pesquisa
ao Ministro de Minas e Energia por meio de recibo no protocolo da Superintendência
do DNPM, devendo conter: certidão de registro da entidade constituída, no órgão de
registro do comércio; designação das substâncias minerais a lavrar, com indicação do
alvará de pesquisa outorgado e da aprovação do relatório; descrição da localização do
campo da lavra, mostrando suas influências às águas correntes, estradas (de ferro e
asfalto) e outros acidentes naturais distintivos; suas confrontações com autorizações
de pesquisa e concessões de lavra vizinhas e indicação do nome e residência dos
proprietários do solo; definição gráfica da área pretendida; servidões das quais a mina
gozará; plano de aproveitamento econômico da jazida, com descrição das instalações
de beneficiamento e ART do engenheiro de minas; prova de disponibilidade de

77
UNIDADE IV │ PRÁTICA JURÍDICA

fundos ou de compromissos de financiamento, necessários para execução do Plano de


Aproveitamento Econômico (PAE). Este deverá conter: memorial explicativo; projetos
referentes a método de mineração a ser adotado; para a lavra subterrânea, iluminação,
ventilação, transporte, sinalização e segurança do trabalho; transporte na superfície e
beneficiamento e aglomeração do minério; instalações de energia, de abastecimento
de água e condicionamento de ar; higiene da mina; condições de habitabilidade
para todos residentes na mineração; para as jazidas de água mineral, instalações de
captação e proteção das fontes, adução, distribuição e utilização de água; Plano de
resgate e salvamento; plano de controle dos impactos ambientais na mineração; plano
de fechamento de mina; licença de instalação pela agência estadual de meio ambiente
e recursos hídricos (CPRH).

A documentação do requerimento de lavra é analisada no DNPM e leva à Concessão


pelo Ministro de Minas e Energia de uma Portaria para que, em caso positivo, o
pretendente obtenha a licença de operação na CPRH e comece a extração da substância
mineral. Na outorga da lavra, a jazida deverá estar pesquisada somente com o
Relatório aprovado pelo DNPM, e a área de lavra adequar-se-á à condução técnico-
econômica dos trabalhos nos limites da área de pesquisa previamente estabelecido.

O direito de requerer a lavra, o requerimento de lavra e o título de lavra poderão ser


objeto de cessão ou transferência, desde que o cessionário satisfaça os requisitos legais
e sejam devidamente averbados no DNPM.

Assim, o titular da Concessão fica obrigado a: iniciar os trabalhos em até seis meses
da publicação da Portaria de Concessão no DOU; lavrar a jazida em concordância
com o plano de lavra aprovado pelo DNPM com segunda via no local da mina; extrair
somente as substâncias minerais indicadas; comunicar imediatamente ao DNPM
o descobrimento de qualquer outra substância mineral; executar os trabalhos de
mineração de acordo com as normas regulamentares; confiar a direção dos trabalhos
de lavra a técnico habilitado; não dificultar o aproveitamento ulterior da jazida;
responder pelos danos e prejuízos a terceiros; promover a segurança e a salubridade
das habitações; evitar o extravio das águas e drenar as que prejudicaram o meio
ambiente e os vizinhos; evitar poluição pela mineração; conservar as fontes d’água;
respeitar indicações de fiscalizações; não suspender os trabalhos de lavra sem prévia
comunicação ao DNPM; manter a mina em bom estado, especialmente para permitir
a retomada das operações; apresentar ao DNPM, até o dia 15 de março de cada ano,
relatório das atividades realizadas no ano anterior; requerer ao DNPM a Posse da
Jazida em até 90 dias da publicação da Portaria no DOU; recolher a CFEM; pagar a
participação mínima do proprietário do solo nos resultados da lavra na base de 50%
do valor da CFEM; e responder pelos danos causados ao meio ambiente.

78
PRÁTICA JURÍDICA │ UNIDADE IV

Figura 2. Roteiro para obtenção de Licenças Ambientais e Portaria de Lavra.

EMPREENDEDOR
CPRH DNPM

Verificar, na CPRH, se existem Verificar no DNPM se, a priori, a


restrições ambientais à lavra na área pretendida encontra-se livre Analisar o Requerimento de
área pretendida Pesquisa
Protocolizar o Requerimento de
Pesquisa no DNPM
Outorgar o Alvará de Pesquisa
Realizar a Pesquisa
Analisar o Relatório Final de
Obter, com a CPRM, orientações sobre os Pesquisa
Apresentar ao Relatório Final de Pesquisa
procedimentos necessários ao Licenciamento
Ambiental Aprovar o Relatório Final de
Elaborar o PAE
Pesquisa

Elaborar o PCA/RCA e o PRAD Protocolizar o Requerimento de Analisar o Requerimento de


Lavra no DNPM Lavra

Analisar o Pedido de Licença de Instalação


Protocolizar o Requerimento de PAE satisfatório: exigir a
Licença de Instalação apresentação da Licença de
Instalação
Outorgar a Licença de Instalação
Apresentar a Licença de Instalação
Outorgar a Portaria de Lavra
ao DNPM

Outorgar a Licença de Operação


Apresentar a Portaria de Lavra à CPRH

Iniciar a Lavra

Fonte: DNPM Pernambuco.

Licenciamento

Trata-se do registro no DNPM de uma licença da prefeitura da área. É facultativo para


o proprietário do solo tão somente o aproveitamento mineral por licenciamento de
argila vermelha, de calcário para correção de solos e, principalmente, de substâncias
da construção civil: in natura na construção, areia, cascalho e saibro; material sílico-
argiloso, cascalho e saibro empregados como material de empréstimo; rochas em
paralelepípedos, guias, sarjetas, moirões ou em lajes para calçamento; e outras rochas
britadas para construção. O licenciamento tem área máxima de 50 ha.

O Registro de Licença é obtido mediante formulário eletrônico no site do DNPM na


internet e deve conter: se pessoa física, comprovação da nacionalidade brasileira,
ou, se pessoa jurídica, comprovação do número de registro da sociedade no Órgão
de Registro do Comércio e do CNPJ; licença da autoridade administrativa do
município; declaração de ser o requerente proprietário de parte ou da totalidade e/
ou instrumento de autorização do proprietário para lavrar ou assentimento da pessoa
jurídica de direito público se for o caso, exceto em áreas de leito de rio; memorial
descritivo da área com anotação de responsabilidade técnica (ART) do profissional
responsável; plano de aproveitamento econômico assinado por profissional habilitado

79
UNIDADE IV │ PRÁTICA JURÍDICA

com sua anotação de responsabilidade técnica (quando envolver desmonte com


uso de explosivos ou operação de unidade de beneficiamento mineral); e prova de
recolhimento dos devidos emolumentos.

Se expirar o prazo da licença municipal ainda na fase de requerimento de Registro


de Licença, o requerente deverá protocolizar, em até 30 dias posteriores, novo(s)
elemento(s) essencial(is). O requerente deverá apresentar ao DNPM, em até 60 dias,
o pedido de Registro de Licença, a Licença Ambiental ou comprovar que a requereu
por meio de cópia do protocolo do órgão ambiental competente. Se descumpridos, em
ambos os casos há pena de indeferimento do requerimento.

A outorga do Registro de Licença é condicionada à apresentação da Licença Ambiental,


o qual será autorizado pelo Diretor-Geral do DNPM e efetuado em livro próprio ou em
meio magnético, do qual se formalizará extrato a ser publicado no DOU, valendo como
título de licenciamento. O prazo de validade do título de licenciamento limita-se ao
menor prazo de validade entre aqueles previstos na licença expedida pelo município,
na autorização do proprietário do solo.

O pedido de prorrogação do Registro de Licença deverá ser protocolizado no Distrito


do DNPM competente até o último dia da vigência do título ou da prorrogação
anteriormente. Outorgado o título de licenciamento, a extração da substância mineral
é condicionada à emissão e à vigência da Licença Ambiental de operação. Além disso,
é comprovado mediante uma ART, podendo o DNPM exigi-los a qualquer momento.
E, claro, o vencimento da licença de operação leva à suspensão imediata das atividades
de lavra, exceto se houver prorrogação automática.

São os principais deveres do titular do Registro de Licença: recolher a Contribuição


Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais (CFEM), de 2% sobre a receita
líquida; pagar ao proprietário do solo renda pela ocupação do terreno e indenização
pelos danos; responder pelos danos causados ao meio ambiente; e apresentar
ao DNPM, até 31 de março de cada ano, relatório simplificado das atividades
desenvolvidas no ano anterior.

Comparando-se a Autorização e Concessão com o regime de Licenciamento, verifica-


se que, no último, majoritariamente a obtenção do título tem uma tramitação bem
mais rápida, pois não exige trabalhos de pesquisa, e todos os trâmites são locais.
Todavia, o Licenciamento depende da vontade das prefeituras e dos proprietários do
solo. Sem exceção, é facultada a transformação do Regime de Autorização e Concessão
para o Regime de Licenciamento e vice-versa. No primeiro caso, após a outorga da
Autorização de Pesquisa, o título de Licenciamento continuará em vigor, respeitando-se
sua validade e das renovações, até a obtenção da Portaria de Lavra, quando será

80
PRÁTICA JURÍDICA │ UNIDADE IV

efetuada a baixa na transcrição do Registro de Licença com o arquivamento dos autos.


Ademais, o Registro de Licença pode ser objeto de cessão e transferência, desde que o
cessionário satisfaça os requisitos e elas sejam feitas posteriormente à averbação no
DNPM.

Figura 3. Roteiro para obtenção de Licenças Ambientais e Títulos Minerários.

CPRH EMPREENDEDOR DNPM

Verificar, na CPRH, se existem


restrições ambientais à lavra na Verificar no DNPM se, a priori, a
área pretendida área pretendida encontra-se livre

Obter, junto a CPRM,


orientações sobre os
Elaborar Plano de Lavra
procedimentos necessários ao
Licenciamento Ambiental Analisar o
Requerimento de
Registro de
Protocolizar o Requerimento de Licença
Elaborar o PCA/RCA e o PRAD Registro da Licença da
Prefeitura no DNPM
Analisar o
Exigir a Licença
Pedido de
Licença de Protocolizar o Requerimento de de Instalação
Instalação Licença de Instalação

Apresentar a Licença de Fazer o Registro


Outorgar a de Licença
Instalação ao DNPM
Licença de
Instalação

Outorgar a
Licença de Apresentar o Registro de
Operação Licença à CPRH

Apresentar a Licença de
Operação ao DNPM. No prazo
Iniciar a Lavra de até 190 dias do Registro da
Licença da Prefeitura no DNPM

Fonte: DNPM Pernambuco.

Extração

Para a extração, enseja-se a declaração de Registro de Extração, expedida pelo


Diretor-Geral do DNPM, e é para tão somente substâncias de emprego imediato
na construção civil, por órgãos da administração direta ou autárquica dos entes
federativos para uso exclusivo em obras públicas executadas pelos mesmos e tem
limite de área máxima de 5 ha.

81
UNIDADE IV │ PRÁTICA JURÍDICA

O Registro de Extração para cada área deve ser requerido em requerimento dirigido ao
Diretor-Geral do DNPM, entregue, mediante recibo, no protocolo da unidade regional
da autarquia, devendo conter: qualificação do requerente, órgão da administração
direta ou autárquica de ente federativo; indicação da substância mineral; memorial
com informações sobre a necessidade da substância mineral; dados sobre a localização
e a extensão da área; indicação dos prazos previstos para o início e conclusão da obra;
planta de situação e memorial descritivo da área; licença de operação expedida pelo
órgão ambiental; e preenchimento de requerimento eletrônico de direitos minerários
para obtenção de registro de extração. Atendidos os requisitos, o Diretor-Geral do
DNPM expedirá declaração de Registro de Extração, formalizando-se em extrato a ser
publicado no DOU. O Registro de Extração terá prazo determinado a juízo do DNPM,
que levará em conta as necessidades da obra.

Lavra garimpeira

O objetivo do regime da Lavra Garimpeira é obter o Registro de Lavra Garimpeira.


Esse regime aplica-se às substâncias minerais garimpáveis do § 1o do art. 5o do Decreto
no 98.812, de 1990, deve ter área máxima de 50 ha – exceto em caso de cooperativa – e
carece de preenchimento eletrônico de direitos minérios para obtenção de Permissão
de Lavra Garimpeira.

A outorga da Permissão de Lavra Garimpeira para cada área individual será pleiteada
em requerimento dirigido ao Diretor-Geral do DNPM por meio de formulários no site
do DNPM na internet e nos protocolos da Sede e das Superintendências do DNPM
entregue mediante recibo, devendo conter os elementos do art. 201 da Consolidação
Normativa do DNPM. No estatuto ou contrato social da pessoa jurídica deverá
constar que objetiva a atividade garimpeira. O memorial descritivo servirá de fonte
exclusiva para a locação da área. Essa Permissão de Lavra Garimpeira será outorgada
a brasileiro ou a cooperativa de garimpeiros, se: a permissão vigorar até cinco anos,
renovável a critério do DNPM, e o título for pessoal e transmissível a quem satisfaça
os requisitos legais. Quando outorgado à cooperativa de garimpeiros, a transferência
dependerá de autorização expressa de assembleia geral e poderá ser objeto de cessão
e transferência se o cessionário satisfizer os requisitos legais posteriormente à devida
averbação no DNPM.

82
PRÁTICA JURÍDICA │ UNIDADE IV

Licenciamento ambiental

Sob quaisquer dos regimes citados, para obtenção dos títulos, há necessidade de
apresentação pelo interessado de Licenças Ambientais e informações solicitadas pelo
próprio DNPM, como o Plano de Controle de Impactos Ambientais na Mineração.
Os procedimentos para obtenção de Licenças Ambientais nos empreendimentos de
aproveitamento dos recursos minerais estão em duas resoluções do Conama: na no 9,
de 1990, que trata do licenciamento ambiental das áreas sob o Regime de Autorização
e Concessão, e na no 10/1990, que trata do Regime de Licenciamento. Para os outros
regimes não existem resoluções específicas, sendo assunto tratado por meio de
portarias e instruções normativas no âmbito do MME, como foi visto nos capítulos
anteriores.

A Resolução Conama no 9, de 1990, prevê 3 tipos de Licença Ambiental:

Licença Prévia (LP):

a) Fase: Planejamento e viabilidade do empreendimento

b) Documentos Necessários: requerimento da LP; cópia da publicação


do pedido da LP; certidão da Prefeitura Municipal; EIA e seu RIMA.

Licença de Instalação (LI):

a) Fases: Desenvolvimento da mina, instalação do complexo mineiro e


implantação dos projetos de controle ambiental.

b) Documentos Necessários: requerimento de LI; cópia da publicação


do pedido de LI; cópia da comunicação do DNPM julgando satisfatório
o PEA; plano de Controle Ambiental; licença de desmate, quando for o
caso.

Licença de Operação (LO):

a) Fases: lavra, beneficiamento e acompanhamento de sistemas de


controle ambiental.

b) Documentos Necessários: requerimento de LO; cópia da publicação


do pedido de LO; cópia da publicação da concessão de LI; cópia
autenticada da Portaria de Lavra ou do Registro de Licenciamento.

83
UNIDADE IV │ PRÁTICA JURÍDICA

Figura 4. Mapa Conceitual.

Jazida (ou
solicita ao
depósito, não concede Portaria de
econômico no DNPM
momento)
Lavra

após
análise

caracteriza concede Licença de


Órgão
Ambiental Instalação

Geólogos
permite e depois
Recurso e
Reserva
buscam Implementação Licença de
da Mina Operação

Depósito e através de
avalia jazidas minerais

permite
através de que identifica
Áreas-alvo Potencial ou Pesquisa geológica (inclui
não, para técnicas de exportação
ocorrências regional e local)
minerais

Operação da
Mina

Fonte: Valer – Educação Vale (2012).

84
CAPÍTULO 2
Fundamentos técnicos do controle
de áreas, requerimento de pesquisa,
relatório parcial de pesquisa, relatório
final de pesquisa, requerimento de
lavra e relatório anual de lavra

O setor de Controle de Áreas das Superintendências do DNPM deve fornecer Parecer


Conclusivo e Minuta de Portaria de Lavra a ser assinada pelo Secretário de Geologia
Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME).
Os quatro elementos principais de análise são resumidamente: 1. Titular: conferir
se o titular real do processo está de acordo com o Cadastro Mineiro, por causa de
cessão, incorporação, disponibilidade ou outros fatores; 2. Substância: averiguar se o
Cadastro Mineiro está igual à publicação do aprovo ou do Edital de Disponibilidade
para lavra; 3. Área: verificar se há reestudo, redução, retificação e cessão pendente; 4.
Município: sempre analisar a posição da poligonal em relação aos dados do IBGE, pois
a Portaria de lavra irá resultar em arrecadação de CFEM. A sequência de análise ideal
é verificar primeiro o titular, em segundo a substância, em terceiro a área e por último
o município. Seguindo essa ordem de análise, garante-se que a minuta de Portaria de
Lavra do MME estará impressa corretamente.

O técnico deve observar se o atual titular do processo físico está de acordo com o
banco de dados do Sistema Cadastro Mineiro (SCM). O campo Titular/Requerente do
SCM pode estar desatualizado ou cadastrado erroneamente, devido a erro de digitação
a época ou falta de atualização da averbação ou incorporação de novo titular. Além
disso, deve notar se existem dentro do processo físico, juntadas ou documentos
relativos a pedidos de reestudo de áreas ou de verificações de deslocamento.
Encontrados tais documentos, deve-se verificar se as solicitações foram devidamente
analisadas. Analisando os autos processuais e não observando nenhuma pendência de
documentação de reestudo de poligonal ou de deslocamento, o técnico passa para a
segunda etapa, que é observar se a área passou por modificação desde a outorga do
Alvará de Pesquisa – por exemplo, se houve redução de área por aprovação de Relatório
Final de Pesquisa (RFP) ou alguma retificação não publicada.

Se constatada a existência de despacho de redução da área aprovada no Relatório Final


de Pesquisa, o técnico deverá verificar se houve manifestação e análise do Controle
de Áreas em relação a essa proposta. Caso não haja nenhuma manifestação dentro

85
UNIDADE IV │ PRÁTICA JURÍDICA

do processo, o técnico tem que verificar a situação e efetuar a redução, atualizando a


base de dados. Para realizar a verificação da situação, podem ser utilizados programas
como ArcGis, ConNav, SHP 92 e ainda pode ser solicitada migração de versões. É
importante que a área reduzida esteja contida dentro do Alvará sempre.

Posteriormente, o minerador já no PAE, após entrega do relatório de pesquisa e de


sua aprovação, e de protocolado o requerimento de lavra, solicita ao DNPM redução
na área concedida com a apresentação de justificativas plausíveis. Caso os técnicos do
setor de controle de áreas observem a existência de tal pedido por parte do interessado,
a redução será executada depois da análise favorável de um geólogo ou engenheiro
de minas, desde que não comprometa as reservas anteriormente aprovadas pelo
DNPM. Alguns fundamentos para a redução nessa fase são: o titular consegue licença
ambiental só para um dos Estados de sua área ou a área é maior que o máximo
permitido para a substância aprovada.

Não é possível identificar todas as situações que envolvem a análise de um processo,


todavia é necessário apresentar pontos-chaves para evitar delongas. A geração de
Pré-minuta e Minuta de Portaria de Lavra pelo SIG-Áreas não atestam por si só a
regularidade do processo, é preciso observar se existem pendências em relação à
poligonal, sanar as inconsistências e destacar informações relevantes antes do envio
do processo a Sede. Dessa forma, há um modelo de documento com informações que
devem ser checadas durante a análise processual, o Parecer Conclusivo, mesmo que os
técnicos não sejam obrigados a utilizá-lo.

Para o Requerimento de pesquisa, é necessário definir em qual categoria o


minério se encaixa. Eles são separados de acordo com o grau de dificuldade de seu
aproveitamento, a variedade das substâncias minerais, o destino da produção obtida e
aspectos sociais. São eles:

Regime da Concessão e Autorização: aplica-se a qualquer substância mineral, exceto


àquelas vinculadas ao regime de monopolização com áreas entre 50 a 10.000 ha,
dependendo da substância: 50 ha, para substâncias minerais do art. 1o do CM,
águas minerais e águas potáveis de mesa, areia na indústria de transformação,
feldspato, gemas (exceto diamante) e pedras decorativas, de coleção para confecção
de artesanato mineral e mica; 1.000 ha, para rochas para revestimento e demais
substâncias minerais; 2.000 ha, para substâncias minerais metálicas, substâncias
minerais fertilizantes, carvão, diamante, rochas betuminosas e pirobetuminosas, turfa
e sal-gema; e 10.000 ha, para substâncias minerais do item III e para a substância
mineral caulim, se ocorrer na Amazônia Legal.

86
PRÁTICA JURÍDICA │ UNIDADE IV

Regime de Licenciamento: para a exploração de substâncias de emprego na construção


civil, como areias, cascalhos, saibros, rochas, argilas etc., com limite de 50 há, e será
fornecido apenas ao proprietário do solo (superficiário) onde ocorrerá a extração.

Regime de Permissão de Lavra Garimpeira: exclusivo da exploração de minérios


garimpáveis, como o ouro, o diamante, a cassiterita, columbita, tantalita, wolframita,
sheelita, as demais gemas, o rutilo, quartzo etc., com limite de 50 ha, para pessoa
física ou firma individual, até 10.000 ha na Amazônia Legal e 1.000 ha para as demais
regiões.

Regime de Extração: restrito a substâncias de emprego imediato na construção civil,


por órgãos da administração de entes federativos para uso exclusivo em obras públicas
por eles executadas.

Regime de Monopolização: a exploração é exclusiva da execução direta ou indireta do


Governo Federal e recai sobre petróleo, gás natural e substâncias minerais radioativas.

Os regimes de Extração e de Permissão de Lavra Garimpeira atendem a públicos


bastante específicos: respectivamente a órgãos governamentais e garimpeiros. Outros
usuários, como aqueles interessados em substâncias minerais metálicas, substâncias
destinadas à industrialização e em água mineral, têm obrigatoriamente que utilizar o
Regime de Autorização e Concessão.

Os documentos necessários para o Requerimento de Pesquisa são: se pessoa física,


nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e CPF do requerente; se pessoa
jurídica, razão social, número do registro de seus atos constitutivos no Órgão de
Registro de Comércio competente, endereço e CNPJ; para ambos, ART de profissional
habilitado, preenchimento de requerimento eletrônico, comprovante de pagamento
do emolumento, Planta de Situação com informações cartográficas fundamentais
para localização da área, Memorial Descritivo, procuração com firma reconhecida se
o requerimento não estiver assinado pelo requerente, designação das substâncias a
pesquisar, indicação da extensão superficial da área, plano dos trabalhos de pesquisa
com orçamento e cronograma previstos. Todos esses documentos deverão estar
acompanhados do original e da cópia autenticada da ART do profissional que os
elaborou.

A ANM (antigo DNPM) disponibiliza em sua página na internet formulários próprios


para o requerimento, exceto a prova de recolhimento dos emolumentos da planta de
situação e do plano de trabalhos de pesquisa. A falta de qualquer um desses elementos
determinará a não aprovação do pedido de pesquisa ou pedido de exigência, que será

87
UNIDADE IV │ PRÁTICA JURÍDICA

notificada e gerenciada automaticamente pelo jazida.com ou manualmente por meio


da leitura diária do DOU.

Por fim, deve-se acompanhar a publicação da autorização do seu Alvará no DOU


(manualmente) ou cadastrando o número do processo. Publicada essa autorização,
os trabalhos deverão iniciar em até 60 dias, e os trabalhos de pesquisa deverão ser
executados em até 1, 2 ou 3 anos.

Somente serão concedidos alvarás em áreas livres e desde que o requerimento esteja
corretamente instruído. O requerimento de autorização de pesquisa não pode ser
cedido a terceiros antes de publicado o alvará. O prazo das pesquisas é de até três anos
prorrogáveis por igual período. Durante o prazo de análise do pedido de prorrogação
do alvará de pesquisa, os trabalhos devem ser suspensos. Ao final do prazo, deve o
titular apresentar um relatório final de pesquisa. É indispensável a obtenção de
autorização para acesso ao solo, no qual serão realizadas as pesquisas. O superficiário
faz a jus a indenização pelos danos causados ao imóvel e pela renda que deixar de
auferir em virtude das pesquisas. O processo judicial de avaliação de dano e renda é
um procedimento de jurisdição voluntária. Excepcionalmente, o titular por ser imitido
provisoriamente na posse da área de pesquisa, por meio de liminar.

O relatório final de pesquisa deve ser apresentado até o último dia do prazo do alvará
com poder discricionário do DNPM. Caso o relatório seja aprovado, o pesquisador terá
direito de requerer a lavra no prazo de um ano. Pode o DNPM, mediante requerimento
do pesquisador, sobrestar a análise do relatório. Caso rejeitado, a área ficará livre para
outros, cabendo pedido de reconsideração e recurso hierárquico.

Para uma atividade de Pesquisa Mineral, requisito para uma atividade de lavra
via concessão de lavra no DNPM, alguns passos devem ser dados para que estágios
sejam atingidos. Deve-se requerer a área-alvo, elaborar um bom Plano de Pesquisa
com aprovação do DNPM, comunicar seu início de pesquisa, executar as atividades
em campo com a anuência do superficiário para, por fim, elaborar um relatório de
pesquisa. Esse relatório pode ser parcial, solicitando prorrogação de prazo para a
pesquisa; ou final, ensejando o final da pesquisa propriamente dita. Outra forma de se
pesquisar, após a fase de autorização de pesquisa, são os Alvarás Especiais, submetidos
à aprovação do Diretor Geral do DNPM.

O PAE é o documento que norteia toda a atividade lavra. A lavra deve ser iniciada
em até seis meses da aprovação do PAE. A lavra só pode ser suspensa em hipóteses
excepcionais. O titular da concessão é obrigado a realizar o fechamento de mina. As
áreas necessárias para instalação do empreendimento podem ser objeto de servidão
minerária. A servidão pode atingir imóveis e direitos minerários, inclusive fora da

88
PRÁTICA JURÍDICA │ UNIDADE IV

poligonal titulada, pode ser amigável ou judicial, e o prejudicado por essa servidão faz
jus à indenização.

A documentação concernente ao requerimento de lavra será analisada no DNPM e


ensejará a Concessão pelo Ministro de Minas e Energia de uma Portaria, documento
necessário a que o interessado obtenha a licença de operação na CPRH, para que possa
fazer o aproveitamento da substância mineral.

Na outorga da lavra, deve: a jazida estar pesquisada com o Relatório aprovado pelo
DNPM; a área de lavra ser adequada à condução técnico-econômico dos trabalhos de
extração e beneficiamento, respeitados os limites da área de pesquisa.

Para o aproveitamento de substâncias pelo concessionário, deve ser necessário


aditamento ao seu título de lavra. Considera-se ambiciosa a lavra sem observância do
plano pré-estabelecido ou efetuada de modo a impossibilitar o ulterior aproveitamento
econômico da jazida. Os trabalhos de lavra, uma vez iniciados, não podem ser
interrompidos por mais de 6 meses consecutivos, salvo força maior. O Relatório Anual
das atividades realizadas no ano anterior deve conter: método de lavra, transporte e
distribuição no mercado consumidor, das substâncias minerais extraídas; modificações
verificadas nas reservas, características das substâncias minerais produzidas, inclusive
o teor mínimo economicamente compensador e a relação observada entre a substância
útil e o estéril; quadro mensal com dados de produção, estoque, preço médio de
venda, destino do produto bruto e do beneficiado, recolhimento do Imposto Único
e o pagamento do Dízimo do proprietário; número de trabalhadores da mina e do
beneficiamento; investimentos feitos na mina e nos trabalhos de pesquisa; e balanço
anual da Empresa.

89
CAPÍTULO 3
Servidão mineral e grupamento mineiro

Recapitulando, a servidão (art. 695 do Código Civil) é o encargo sobre um imóvel em


proveito de um outro imóvel, de proprietário distintos, perdendo o proprietário do
imóvel serviente o exercício de alguns de seus direitos dominicais. Serviente é o prédio
sujeito ao ônus da servidão; e dominante, o favorecido por ela. Para os fins de pesquisa
ou lavra, ficam sujeitas as servidões de solo e subsolo, ou seja, a propriedade aonde
está a jazida e as limítrofes incluso. As servidões instituir-se-ão para a: I) construção
de oficinas, instalações, obras acessórias e moradias; II) abertura de vias de transporte
e linhas de comunicações; III) captação e adução de água necessária aso serviços de
mineração e ao pessoal; IV) transmissão de energia elétrica; V) escoamento das águas
da mina e do engenho de beneficiamento; VI) abertura de passagem de pessoal e
material, de conduto de ventilação e de energia elétrica; VII) utilização das águas sem
prejuízo das atividades preexistentes; e VIII) bota-fora do material desmontado e dos
refugos do engenho. As servidões serão efetivadas por meio de uma prévia indenização,
que deverá incluir o valor do terreno e os prejuízos resultantes dessa servidão. E claro,
em caso de desacordo, a indenização se dará mediante depósito judicial com valor
fixado por uma vistoria ou perícia com arbitramento. Após esse depósito, o titular será
imitido na posse da área com expedição de um mandado judicial em favor do pagador
desse depósito. É assim que se dá a servidão mineral.

Sua utilidade é para a construção de oficinas, instalações, obras acessórias e moradias,


abertura de vias de transportes e linhas de comunicação, captação e adução de água
necessária aos serviços de mineração e ao pessoal, transmissão de energia elétrica,
escoamento das águas da mina e do engenho de beneficiamento, abertura de passagem
de pessoal e material, de conduto de ventilação e de energia elétrica, utilização das
aguadas sem prejuízo das atividades preexistentes e bota fora do material desmontado
e dos refugos do engenho. Assim, o minerador pode desprover-se das servidões
minerárias para viabilizar um projeto minerário, ainda que em propriedade alheia,
porém deverá indenizar o proprietário e os posseiros.

Já o grupamento mineiro é uma nova modalidade criada pelo Código de Mineração


que permite a reunião, em uma só unidade de mineração (mesma zona mineralizada),
de várias concessões de lavra da mesma substância mineral, pertencente a um
mesmo titular. O Grupamento Mineiro objetiva permitir ao seu titular descentralizar
as atividades da lavra em algumas das concessões agrupadas, evitando a sua
dispersão indistintamente, pelo número de jazidas de que seja titular um mesmo

90
PRÁTICA JURÍDICA │ UNIDADE IV

concessionário. Esse grupamento mineiro é autorizado pelo seu Diretor-Geral, por


meio de requerimento em duplicata, que conterá: a) qualificação do interessado;
b) planta onde figurem as áreas da lavra a serem agrupadas; c) plano integrado de
aproveitamento econômico das jazidas contendo memorial explicativo e método de
mineração a ser adotado (escala de produção e projeção). Assim, de acordo com o art.
69 do CM, o grupamento mineiro é “a reunião em uma só unidade de mineração, de
várias concessões de lavra da mesma substância mineral, outorgadas a um só titular,
em área de um mesmo jazimento ou zona mineralizada”. Para que o ANM autorize a
constituição do Grupamento Mineiro, é necessário apresentar um Planto Integrado de
Aproveitamento Econômico (PIAE), entre outros documentos.

Assim, o solicitante deverá receber um atendimento respaldado nos seguintes


princípios: urbanidade; respeito; acessibilidade; cortesia; presunção da boa-fé
do usuário; igualdade; eficiência; segurança; e ética. É importante lembrar que o
usuário do serviço público tem direito a atendimento presencial, quando necessário,
em instalações salubres, seguras, sinalizadas, acessíveis e adequadas ao serviço e
ao atendimento, e que pessoas com deficiência, idosos com idade igual ou superior
a 60 anos, gestantes, lactantes, pessoas com crianças de colo e obesos têm direito a
atendimento prioritário.

91
Referências

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 6. ed.


São Paulo: Malheiros, 1995.

BRASIL. Código de Mineração: e legislação correlata. 2. ed. Coleção Ambiental,


vol. 2, Brasília: Senado Federal, 2011.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília:


Presidência da República, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 17 nov. 2019.

CAETANO, Bruna. Raio-X dos crimes: um comparativo entre os impactos


de Brumadinho e Mariana. 2019. Brasil de Fato. Disponível em: <https://www.
brasildefato.com.br/2019/01/31/raio-x-dos-crimes-um-comparativo-entre-os-
impactos-de-brumadinho-e-mariana/>. Acesso em: 29 nov. 2019.

DNPM PERNAMBUCO. Guia do Minerador: Informações Básicas. Disponível em:


<https://www.dnpm-pe.gov.br/Legisla/Guia/Guia_1.htm>. Acesso em: 29 nov. 2019.

DNPM PERNAMBUCO. Roteiro para obtenção de Licença de Operação e


Guia de Utilização. Disponível em: <https://www.dnpm-pe.gov.br/Legisla/Guia/
Fluxo_01.htm>. Acesso em: 25 dez. 2019.

DNPM PERNAMBUCO. Roteiro para obtenção de Licenças Ambientais e


Portaria de Lavra. Disponível em: <https://www.dnpm-pe.gov.br/Legisla/Guia/
Fluxo_02.htm>. Acesso em: 25 dez. 2019.

DNPM PERNAMBUCO. Roteiro para obtenção de Licenças Ambientais e


Títulos Minerários. Disponível em: <https://www.dnpm-pe.gov.br/Legisla/Guia/
Fluxo_03.htm>. Acesso em: 25 dez. 2019.

RIBEIRO, Carlos Luiz. Tratado de Direito Minerário. Belo Horizonte: Del Rey,
2005.

LIMA, Paulo César Ribeiro. Alterações no Direito Minerário Brasileiro.


Brasília: Consultoria Legislativa, 2007.

SANTOS, F. R. dos. A colonização da terra dos Tucujús. História do Amapá, 1o


grau. 2. ed. Macapá: Valcan, 1994. cap. 3, pp. 15-24.

92
REFERÊNCIAS

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações


ambientais em matéria de meio ambiente. Entendendo o meio ambiente. São
Paulo, 1999. v. 1. Disponível em: <http://www.bdt.org.br/sma/entendendo/atual.
htm>. Acesso em: 29 mar. 2019.

SOUSA, Rafaela. Impactos ambientais causados pela mineração. Brasil Escola.


Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/os-problemas-gerados-
pela-mineracao.htm>. Acesso em: 29 nov. 2019.

VALER. Curso de Mineração – Básico: Módulo I – Introdução à Mineração,


Geologia Geral e Pesquisa Geológica. 2012.

93

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