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Tutela Judicial das Questões Ambientais e

Minerárias

Brasília-DF.
Elaboração

Larissa Guedes Menezes

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
FUNDAMENTO JURÍDICO...................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
O ESTATUTO DE ROMA............................................................................................................. 11

CAPÍTULO 2
O DEVER DE UM MEIO AMBIENTE SAUDÁVEL – GARANTIA CONSTITUCIONAL............................. 20

CAPÍTULO 3
AÇÃO POPULAR O ALCANCE (AUTOR/RÉU).............................................................................. 27

UNIDADE II
DIREITO PENAL AMBIENTAL.................................................................................................................... 53

CAPÍTULO 1
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. DOGMÁTICA PENAL AMBIENTAL. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
DO DIREITO PENAL DO AMBIENTE. O BEM JURÍDICO AMBIENTE E O DIREITO COMPARADO.
DELITOS AMBIENTAIS................................................................................................................ 53

CAPÍTULO 2
BIOSSEGURANÇA E DIREITO PENAL. PEDAGOGIA DO DIREITO PENAL EM MATÉRIA AMBIENTAL.
PROCESSUALÍSTICA EM MATÉRIA AMBIENTAL............................................................................ 62

CAPÍTULO 3
CRISES AMBIENTAIS E DIREITO AMBIENTAL: PAPEL DO ESTADO E DOS EMPREENDEDORES
NA BUSCA POR SOLUÇÕES..................................................................................................... 67

UNIDADE III
TUTELA JUDICIAL I................................................................................................................................. 85

CAPÍTULO 1
A TUTELA PROCESSUAL DIFERENCIADA EM SEDE AMBIENTAL E O DIREITO AO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL........................................................................................................................... 85

CAPÍTULO 2
AS RELAÇÕES ENTRE O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, EM TODAS AS SUAS
DIMENSÕES, E AS TEORIAS PROCESSUAIS................................................................................. 92
CAPÍTULO 3
CORRELAÇÃO ENTRE OS PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL E OS DO
DIREITO PROCESSUAL.............................................................................................................. 96

UNIDADE IV
TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS.................................................................................................... 105

CAPÍTULO 1
TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA E CONDIÇÕES DE AÇÃO NO PROCESSO COLETIVO.......... 105

CAPÍTULO 2
ÔNUS DE PROVA EM PROCESSOS AMBIENTAIS E O DILEMA DO “ESTADO DA CIÊNCIA”........... 109

CAPÍTULO 3
LIQUIDAÇÃO DO DANO AMBIENTAL, A EXECUÇÃO DOS TÍTULOS AMBIENTAIS
E A COISA JULGADA AMBIENTAL............................................................................................ 113

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 124
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução

Desde a década de 1970 que o meio ambiente é pauta em reuniões e atividades de


Estados, setores industriais, organismos políticos partidários e, principalmente,
no Terceiro Setor. É sabida a escassez dos recursos naturais, bem como é de
conhecimento de grande parte dos seres humanos e ao mesmo tempo ignorada
por muitos outros, a necessidade de restabelecer um convívio harmonioso e
sustentável com a natureza.

No ano de 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) inicia um grande


debate internacional sobre a necessidade de estabelecer uma política de
preservação do meio ambiente.

A primeira grande ação protagonizada pela ONU foi a Conferência das Nações
Unidas sobre o ambiente humano na cidade de Estocolmo, cujo objetivo principal
foi discutir o impacto da poluição no planeta e a conscientização dos Estados
sobre a necessidade da conservação dos recursos naturais. Apesar disso, é na
década de 1980 que há uma mudança significativa da visão política, econômica
e, sobretudo, no direito dos Estados em relação à proteção ambiental.

Nesse sentido, no ano de 1987, surge o conceito do Desenvolvimento Sustentável, a


partir do Relatório Brundtlandt, elaborado pela Comissão Mundial sobre o meio
ambiente e o desenvolvimento.

Dentre as medidas propostas pelo relatório, está o compromisso dos Estados de


atingirem um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico, o que fez
com que os Estados pensassem e elaborassem mecanismos de proteção jurídica
ambiental.

No Brasil, a preocupação ambiental acompanha as discussões e movimentações


internacionais. É evidente que existe na história do país tentativas de tutelar o
direito ambiental desde os tempos da Coroa Portuguesa. Pode-se citar, como
exemplo dessa tutela, a lei protecionista das florestas Brasileiras de 1605, bem
como o Regimento do Pau Brasil.

Não menos importante, outro exemplo a ser citado é a Lei da Terra, de 1850, a
reparação de danos ecológicos, o artigo 34, inciso XXIX da Constituição Federal
de 1891, que gizava a competência da União para legislar sobre as minas e terras
brasileiras. Por fim, cumpre salientar a competência concorrente entre União e

8
Estados na preservação e proteção das belezas naturais, Decreto no 23.793/1934 do
Governo Vargas.

Almejando acompanhar o progresso global, nas décadas de 1970, 1980 e


1990 que o Direito Ambiental brasileiro se desenvolve, buscando a proteção
e desenvolvimento sustentável, obtendo, assim, o caráter interdisciplinar e
baseado em princípios que garantam o equilíbrio dos interesses ecológicos,
econômicos e sociais.

Objetivos
» Compreender a tutela judicial das questões ambientais e minerárias
na legislação brasileira.

» Estudar a legislação penal e sua influência nos casos de cunhos


ambiental e minerário.

» Entender os casos em que há a intervenção legal em uma atividade


econômica que envolve a mineração e outros eventos ambientais.

9
10
FUNDAMENTO UNIDADE I
JURÍDICO

CAPÍTULO 1
O Estatuto de Roma

A definição do Estatuto de Roma


O Estatuto de Roma foi um documento que reuniu 128 (cento e vinte e oito)
artigos com diretrizes e regras para fundamentar a criação do Tribunal Penal
Internacional e a sua atuação em julgamentos de crimes de genocídio, crimes
contra a humanidade e crimes de guerra, como a escravidão e o extermínio.

O Estatuto de Roma (1998) é composto por 13 capítulos. Os capítulos


contêm vários artigos. O Estatuto de Roma costuma chamar o Tribunal Penal
Internacional (TPI) de Corte Penal Internacional (CPI). Cada capítulo trata dos
seguintes assuntos mostrados no quadro abaixo:

Quadro 1. Estatuto de Roma.

Capítulo Título Artigos


1 Instituição da corte 1a4
2 Jurisdição, admissibilidade e lei aplicável 5 a 21
3 Princípios Gerais do Direito Penal 22 a 33
4 Composição e administração da corte 34 a 52
5 Inquérito e prosecução 53 a 61
6 O processo 62 a 76
7 As penas 77 a 80
8 Apelo e revisão 81 a 85
9 Cooperação internacional e competência judiciária 86 a 102
10 Execução 103 a 111
11 Assembleia dos Estados-Membros 112
12 Financiamento 113 a 118
13 Cláusulas finais 119 a 128
Fonte: própria autora, s.d.

11
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

A principal criação do Estatuto de Roma e justificativa até mesmo da sua


existência é o Tribunal Penal Internacional (TPI), no dia 17 de julho de 1998.
Esse estatuto entrou em vigor em 2002. E somente em 2003, começaram as
atividades do TPI. Convém explicar, também, que esse tribunal julga ações
cometidas por indivíduos e não por Estados, conforme é explicado pelo
Itamaraty (2019).

Ressalta-se que o Estatuto de Roma é um tratado elaborado e assinado pelos


Estados, possuindo jurisdição para o futuro, prospectiva, que só poderá julgar e
processar casos acontecidos após a sua criação e implementação que acontenceu
em 2002.

O Estatuto de Roma descreve o seu papel e os seus objetivos no 3o parágrafo do


seu preâmbulo que, um dos principais objetivos que levaram ao estabelecimento
do Tribunal Penal Internacional foi coibir e punir os mais graves crimes
internacionais, que também ameaçam a paz, a segurança e o bem-estar da
humanidade (§ 3 o).

Com base nessa declaração, é possível dizer que os crimes bélicos, ao destruirem
o meio ambiente, constituem ameaça à paz, à segurança e ao bem-estar da
humanidade. Conclui-se que é necessária a intervenção do TPI nos casos dos
crimes ambientais.

Definição do Tribunal Penal Internacional


O Tribunal Penal Internacional (TPI) é uma organização internacional formada
por um tratado, o TPI foi criado em 1945 com o intuito de evitar julgamentos
parciais, como os que ocorreram no final da Segunda Guerra Mundial, e passou a
ser implementado no ano de 2002. Tendo a função de processar e julgar os mais
graves crimes internacionais.

O Tribunal Penal Internacional é definido pelo autor Kukina (2009, p. 48)


como sendo uma instituição que é ligada ao sistemas das Nações Unidas e que
possui o objetivo de investigar, processar e punir criminalmente as pessoas que
cometeram delitos de maior gravidade, desde que esses delitos tenham alcance
internacional.

A sede do TPI fica na cidade de Haia, na Holanda, possuindo como organização


internacional dois grandes princípios:

» o princípio da complementaridade;

» o princípio da cooperação internacional.

12
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Insta salientar que o TPI não é obrigatório para todos os Estados, pois como
regra, no direito internacional, os Estados se vinculam a um tratado. Atualmente,
123 (cento e vinte e três) países são signatários e ratificaram o Tribunal Penal
Internacional, com relação a esses Estados, o referido Tribunal pode exercer a
sua jurisdição.

O Brasil é um dos membros participantes do TPI junto com outros 122 Estados.
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi promulgado na
legislação brasileira por meio do Decreto n o 4.388, de 25 setembro de 2002.

Para explicar melhor como é a atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI), não
vamos nos ater a explicações técnicas e jurídicas. Para obter explicações técnicas e
jurídicas mais detalhadas de como se dá a atuação do TPI, recomenda-se a leitura
dos trabalhos dos seguintes autores: Bechara (2004), Lewandoviski (2002) e
Nazareth (2019).

Como a disciplina que estamos estudando versa sobre a tutela ambiental, vamos
nos ater a estudar aos casos em que ocorreram crimes ambientais e que houve
a atuação do TPI para resolver os crimes ambientais ocorridos. Vamos, então,
estudar alguns casos de crimes ambientais que ocorreram e a ação da TPI.

Existem muitos crimes ambientais causados por conflitos de guerra e que são muito
comuns na história da humanidade. O autor Freeland (2005, pp. 125-128) realça a
importância da legislação ambiental existente na proteção do ambiente durante os
conflitos bélicos.

Em 1991, o presidente Sadam Hussein esmagou uma rebelião dos povos árabes
do pântano, habitantes da região dos grandes pântanos dos rios Tigre e Eufrates,
que haviam se rebelado contra ele. Além de deter a rebelião, Sadam ordenou
a construção de canais para drenar a água do rio Eufrates e secar os pântanos,
conforme nos relata uma reportagem da Folha, de 2003.

O pântano é um ecossistema extremamente importante, a destruição foi causada


em 1991, mas apenas em 2003, foi possível mensurar os impactos ambientais
causados por esse crime ambiental causado pela guerra entre o governo do
Iraque e as etnias existentes no país, conforme nos explica também a mesma
reportagem mencionada anteriormente. Sadam provocou uma degradação
catastrófica ao drenar os pântanos que se transformaram em verdadeiros
desertos.
13
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

Num trabalho conjunto de alguns países da ONU junto à política de intervenção


do TPI, tem-se a notícia de que, em 2005, o Japão havia doado 11 milhões de
dólares para o projeto da ONU para recuperar a área degradada e que no presente
ano, 40% da área que havia se transformado em deserto, havia sido recuperada e
estava voltando à sua configuração original, uma área de pântanos. Tudo isto foi
noticiado pela BBC, em 2005.

Convém explicar que somente em 2003, foi possível a intervenção do TPI na


recuperação dessas áreas degradadas por conflitos bélicos no Iraque, pois somente
em 2003, os Estados Unidos invadiram o Iraque e depuseram o ditador Sadam
Husseim.

Em dezembro de 2017, o TPI conclui os seus trabalhos para a questão internacional


da Guerra ocorrida na ex-Iugoslávia. Além do crime de genocídio que foi
julgado pelo TPI, houve também o julgamento sobre os impactos ambientais
dos bombardeios dos sitemas de rádio e televisão, que foram realizados pela
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), conforme nos explica o autor
Freeland (2005, pp. 130-131).

Foi comprovado que os bombardeios da OTAN não ocasionaram grandes impactos


ambientais na ex-Iugoslávia, mas convém ressaltar o importante fato de os
funcionários da OTAN terem sido levados a julgamento pela Comissão de Peritos
do Gabinete da Promotoria do Tribunal Penal Internacional.

Isso serve para nos mostrar que nem mesmo as ações dos países membros do
TPI devem ficar impunes ou serem dispensadas de julgamento, mesmo que estas
ações ou crimes ambientais tenham sido cometidas com o intuito de dar fim aos
conflitos bélicos. Visto que nada justifica o cometimento de crimes ambientais,
independente do objetivo pelo qual esse crime foi cometido.

Princípios norteadores do Tribunal Penal


Internacional
Conforme tópico anterior, são dois os princípios norteadores do TPI: o princípio
da complementaridade e o da cooperação internacional.

O princípio da complementaridade consiste no respeito em que o TPI possui em


relação à soberania nacional, no que compete primeiramente ao país julgar e
processar um indivíduo criminoso internacional.

14
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Caso esse país não tenha julgado esse indivíduo ou que o julgamento não tenha
sido valoroso, mediante análise dos critérios objetivos para estabelecer essa
classificação, o TPI poderá avocar para si a investigação desse crime internacional.

Além disso, o princípio da cooperação internacional aduz a representação da


independência que o TPI tem diante apoio de todos os países para que possa cumprir
a sua missão.

Crimes são relacionados ao Tribunal Penal


Internacional

Os crimes que poderão ser investigados e julgados pelo TPI consistem em 4


(quatro) categorias, sendo elas:

» crime de genocídio;

» crimes de gerra;

» crimes contra a humanidade;

» crimes de agressão.

Sendo que o crime de agressão não foi definido mediante a criação do Estatuto
de Roma, mas passou a ter uma definição na primeira revisão do TPI, no ano de
2010. Ainda assim, é importante frisar o que é a agressão, que na realidade é a
violação da Carta das Nações Unidas, quando é utilizada a força para invadir ou
ocupar um outro território.

O genocídio é ato praticado com o intiuto específico de destruir no todo, ou em


parte, um grupo, seja esse um grupo étnico, racial, religioso, entre outros. Nos
crimes de guerra, é uma grave violação às Convenções de Genebra, de 1949,
conhecido como Direito Internacional Humanitário, ou Direito Internacional
dos Conflitos Armados, que é um ramo do direito que tem objetivo de
regulamentar a guerra.

São exemplos de crimes de guerra – fazer um ataque à população civil, torturar


um prisioneiro de guerra ou não proteger quem não está mais participando,
usar armas que são proibidas, causar danos desproporcionais com a vantagem
militar pretendida.

15
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

Nos crimes contra a humanidade, são violações graves do Direito Internacional


dos Direitos Humanos de modo sistemático e generalizado: a perseguição de
indivíduos, discriminação racial, desaparecimento forçado, tortura ou até mesmo
violações sexais.

Essas são as quatro categorias dos crimes internacionais que o TPI pode
investigar, julgar e processar. Mas quando e quem poderá iniciar essas
investigações?

Investigação dos crimes de competência do


Tribunal Penal Internacional
O TPI só é válido nos Estados que o ratificaram. Existem três hipóteses para que
se possa iniciar uma investigação nesse Tribunal, são essas:

» Na primeira hipótese, um Estado-Parte, ou seja, um país que ratificou


o Estatuto de Roma, manda um caso para o TPI reportando não ter
condições para investigar esse caso, há uma falência da administração
da justiça desse Estado, por isso é encaminhado para que o TPI dê
prosseguimento.

» A segunda hipótese é por inciativa do Ministério Público do TPI,


do gabinete do procurador desse tribunal, que poderá iniciar uma
investigação com relação aos territórios nacionais dos Estados que
ratificaram o Estatuto de Roma.

» A terceira hipótese pode acontecer de modo impositivo atingindo um


Estado que não é parte do Estatuto de Roma, quando o Conselho de
Segurança da ONU se convence de que aquela situação apresentada é
tão gravosa que pode atingir a paz e segurança internacionais.

» Dessa forma, refere o Conselho de Segurança da ONU, por meio de uma


resolução, o caso para o TPI e assim também poderá ser iniciada uma
investigação.

Além disso, é importante falar sobre o papel do procurador do TPI, que irá
avaliar o juízo de admissibilidade de cada caso, verificando, então, se um
Estado está julgando, não está julgando ou está realizando o julgamento de
modo equivocado, para, então, avocar essa demanda para o TPI.

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FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

A análise do procurador do TPI é realizada sob critérios objetivos de


admissibilidade, dentre eles existe a interpretação para verificar se o julgamento
realizado pelo Estado é de fachada, se foram respeitadas ou não as garantias do
devido processo legal, ou até mesmo que os indivíduos foram submetidos a um
juízo que não é imparcial.

Dessa forma, podem-se verificar os indícios se os Estados estão ou não julgando


bem, o motivo de não terem julgado, a ausência de estrutura, se está com a
administração da justiça falida.

Ademais, o procurador do TPI poderá avaliar a gravidade das demandas,


constatando se o caso é suficientemente grave para iniciar uma investigação.

Informações importantes sobre o Tribunal


Penal Internacional
Ante o exposto, colacionamos importantes e valiosas informações sobre o TPI, de
modo que:

» Cumpre salientar que o TPI não é um órgão da ONU, mas a relação


estabelecida entre eles é muito importante.

No que tange à diferença desse tribunal e outros é que no TPI julgam-se pessoas
maiores de 18 (dezoito) anos, que tenham cometido crimes internacionais, os
crimes mais graves.

Por outro lado, a Corte Internacional de Justiça, que também possui sede em
Haia, é o órgão judiciário das Nações Unidas e tem como competência apreciar
as divergências de um Estado com relação a outro, não a pessoas, a nível criminal
(MIGALHAS, 2010).

Diferença entre as consequências gizadas no


Estatuto de Roma e na Carta da Organização
das Nações Unidas (ONU)
Exitem distinções entre as consequências do Tribunal Penal Internacional, gizado
no Estatuto de Roma, e as implicações da Corte Internacional de Justiça, que está
prevista Carta da Organização das Nações Unidas (ONU).

A diferença é que a Corte Internacional de Justiça, quando não é levada em


consideração, desobedecida, ou quando uma das partes seguidoras deixam de

17
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

cumprir o que lhe é ordenado, a parte prejudicada poderá recorrer ao Conselho


de Segurança. Assim, o conselho poderá encaminhar, caso seja determinada a
necessidade, indicadores para serem executados no cumrpimento da sentença
proferida.

Ademais, a Assembleia Geral, ou representação do conselho já referido, conseguirá


requerer um entendimento da Corte Internacional de Justiça sob alegação de
garantir a ordem jurídica, realizando recomendações de um território para outro.

Por outro lado, as implicações do Tribunal Penal Internacional, gizado no Estatuto


de Roma, no que tange às penalidades em casos de descumprimento do que está
disposto legalmente, poderá aplicar a prisão com tempo elevado, até o limite de
30 (trinta) anos, ou até mesmo a prisão perpétua, a depender da gravidade do
ilícito executado pelo indivíduo.

Além disso, pode-se notar que o Estatuto de Roma dispõe de impactos mais
rígidos em relação ao descumprimento legal, incluindo, também, a viabilidade
da aplicação de multas, supressão de produtos, bens ou haveres frutos de atos
criminosos.

Refletindo tudo que estudamos, iniciaremos com os seguintes


questionamentos:

» Você já tinha ouvido falar nos crimes de genocídio, crimes contra a


humanidade, crime de agressão e crimes de guerra?

» Antes de ler esse capítulo, você já tinha se perguntado sobre quem


julga esses crimes e quais as penalidades aplicadas a eles?

Diante todos os ensinamentos aqui colacionados, você já deve presumir


e saber as atribuições do Tribunal Penal Internacional, mas é importante
salientar que é essa corte que julga e penaliza os crimes acima relacionados.

O Tribunal Penal Internacional surge para julgar o contexto vivenciado na


Segunda Guerra Mundial. Vale ressaltar que já existiam outros tribunais
com atribuições diversas que convergem com o TPI, como o Tribunal
de Nuremberg e o Tribunal de Tóquio. O Tribunal de Nuremberg era
responsável por julgar os crimes cometidos pelo Nazismo.

Ademais, no ano de 1998, na Itália, durante a Conferência de Roma, em


que 120 (cento e vinte) países se reuniram para decidir sobre a criação
do Tribunal Penal Internacional, fruto dessa conferência, também foi o
Estatuto de Roma.

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FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

No ano de 2002, o Tribunal Penal Internacional começa a funcionar em sua


sede na cidade de Haia, nos Países Baixos. No TPI são julgadas pessoas e
não com Estados, assim, quem comete algum crime que se relacione com
os crimes de genocídio, crimes contra a humanidade, crime de agressão
e crimes de guerra. O órgão que será responsável pelo julgamento dos
Estados é o Tribunal Internacional da Justiça.

O tribunal é formado por 3 (três) juízes em sua presidência e 18 (dezoito)


juízes nas divisões judiciais. Outrossim, o TPI não tem caráter obrigatório
para todos os países do mundo, tendo em vista que 106 (cento e seis) países
já adotaram o Estatuto de Roma, sendo signatários desse e cumprindo o
que é gizado.

19
CAPÍTULO 2
O dever de um meio ambiente
saudável – garantia constitucional

A proteção do meio ambiente saudável


mediante as garantias constitucionais
É possível que você já tenha escutado que é responsabilidade de todos os
indivídios cuidar e preservar um meio ambiente saudável. A Constituição Federal
de 1988 giza em seu dispositivo legal essa garantia, atribuindo, assim, a natureza
constitucional dessa responsabilidade.

O direito a usufruir de um ambiente ecologicamente equilibrado está previsto no


artigo 225 da Constituição Federal de 1988 que se encontra vigente, de modo que,

Art. 225. Todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

§1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder


público (art.

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e


prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio


genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético;

III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais


e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção;

IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade


potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;

20
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de


técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida,
a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino


e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas


que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção
de espécies ou submetam os animais à crueldade.

No caput do artigo 225 da CF, traz que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado”, a palavra ‘todos’ corresponde a todos e se reporta
a todos os seres humanos. Trazendo assim, duas teorias em relação aos seres
humanos:

» a ecocêntrica e

» a antropocêntrica.

Na teoria ecocêntrica a natureza está no centro, por outro lado, na teoria


antropocêntrica, o homem está posicionado ao centro.

Ainda nesse caput, é trazida a frase “bem de uso comum do povo”, que traz
que o meio ambiente é de responsabilidade social. Dessa forma, ainda que o
indivíduo tenha uma propriedade e essa seja particular, é necessário que exista
a reponsabilidade social dele para com esse bem, tendo em vista que se aquela
propriedade estiver equilibrada, ela estará fornecendo serviços ambientais para
o planeta e toda humanidade.

Ademais, aquele que explorar recursos minerais, fica obrigado a recuperar o


meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei (art. 225, § 2 o); as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados (art. 225, § 3 o); a Floresta Amazônica,
a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira
são patrimônios nacionais, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao
uso dos recursos naturais (art. 225, § 4o); são indisponíveis as terras devolutas ou
arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção
dos ecossistemas naturais (art. 225, § 5 o); as usinas que operem com reator

21
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão
ser instaladas (art. 225, § 6 o); para fins do disposto na parte final do inciso
VII do § 1 o deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que
utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1 o do
art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial
integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por
lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos (art. 225, § 7 o).

A proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável estão previstos na


Constituição Federal Brasileira, conforme se vê no artigo 225. A legislação
ambiental brasileira possui vários instrumentos que garantem e implentam o
desenvovimento sustentável pelo país.

Esses instrumentos são a forma que a legislação ambiental encontrou para estudar
os impactos ambientais causados pelas atividades econômicas com potencial
poluidor. Além disso, esses instrumentos deixam por escrito uma espécie de
inventário ambiental para as gerações futuras. As gerações futuras têm o direito de
saber como as atividades econômicas estão impactando o meio ambiente em que
vivem.

A falha da legislação ambiental brasileira tem sido mais no ramo fiscalizatório


e punitivo. Quanto ao caratér fiscalizatório da legislação ambiental brasileira,
é compreensível a dificuldade de se fiscalizar o meio ambiente de um país
continental como o nosso. Mas hoje em dia há uma infinidade de ferramentas
tecnológicas que podem ajudar nesse processo fiscalizatório.

É só nos basearmos nos casos de países continentais como Estados Unidos e


Canadá, que fiscalizam com sucesso os seus territórios por meio das ferramentas
tecnológicas de georreferenciamento e por meio do uso de bancos de dados
unificados provenientes das três polícias existentes nesses países.

Uma última consideração a ser feita aqui é sobre as penas previstas no legislação
ambiental brasileira. Trata-se de penas muito brandas, na maior parte dos crimes
ambientais são aplicadas penas menores que 2 anos e o crimonoso ambiental se vê
encorajado a cometer os crimes várias vezes, pois muitas vezes pode recorrer das
penas ou pagar multas ambientais.

A igualdade ambiental
A igualdade ambiental é permitir que todos os indivíduos possam ter um bom
convivío com a natureza, sem privilégios. Significa que, independe da cor da pele,
da classe social, status ou religião.

22
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

A relação entre os indivíduos e o meio ambiente é dotada de direitos e deveres,


bem como a garantia da igualdade ambiental. Nesse passo, a igualdade
ambiental também dispõe que os indivíduos devam estar em um espaço
agradável, respirar um ar puro, poder se exercitar ao ar livre, estar na presença
e ter vegetação próxima, mas nem todos os indivíduos tem o mesmo direito.

Utilizando o exemplo urbano, quando se tem uma parte da população que vive
ao lado de um “lixão”, esses indivíduos acabam sendo mais impactados do que os
indivíduos que estão mais afastados dessa região. O dano ambiental é distribuído
de maneira diferente nos espaços, restando como injustiça ambiental essa
disparidade.

A busca por um ambiente mais justo e equilibrado para todos os cidadãos


norteam movimentos que denunciam a poluição e destruição do meio ambiente.
Por esse motivo que a igualdade ambiental deve ser priorizada na lista de
demandas individuais em relação aos cuidados com os recursos naturais.

O artigo 225 da Constituição Federal (CF) estabelece que todos os indivíduos


têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, o
meio ambiente saudável é um direito de todos, instituido como uma garantia
constitucional, sendo um bem de uso comum do povo, devendo todos serem
escutados na gestão e cuidados desse bem.

É necessário que os cidadãos cobrem os seus direitos ambientais e que também


cumpram as suas responsabilidades com o meio ambiente para garantir a sáude
da natureza. Como gizado na Constituição Federal, a preservação ambiental é um
dever de toda a sociedade.

Vale salientar a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei no 12.305/2010)


e nela também é taxativo de que é um dever da sociedade o controle de resíduos
sólidos, tendo a chamada responsabilidade compartilhada. A coleta seletiva pode
ser utilizada como exemplo de boas práticas e que pode ser realizada de modo
individual.

A influência da inobservância das garantias


constituicionais ao meio ambiente
Não é novidade que as mudanças climáticas estão relacionadas com o crescimento
das cidades, o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis. Ocasionando,
assim, em áreas que já são vulneráveis e sem estrutura sanitária, em espaços
ainda mais ameaçados.

23
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

No Brasil, podemos notar inúmeros desastres nos últimos anos, em 5 de


novembro de 2015, houve o rompimento da barragens de rejeitos do Fundão,
na cidade mineira de Mariana. Essa barragem era de rejeitos de minério de
ferro e pertence à empresa Samarco S. A. Trata-se de um empreendimento
mineiro conjunto que perterce à empresa brasileira Vale S. A. e à empresas
anglo-australiana BHP Billiton.

Sempre houve o problema de rompimento de barragens de rejeitos, mas o


rompimento da barragem do Fundão foi um dos maiores desastres ambientais
dos quais temos notícias.

O impacto ambiental só foi superado em ordem de grandeza pelo rompimento


da barragem de Brumadinho que ocorreu em 25 de janeiro de 2019. A barragem
de Brumadinho situa-se na cidade mineira de Brumadinho e também era uma
barragem de rejeitos de minério de ferro.

No caso do rompimento da barragem de Mariana, houve 18 mortos e 1


desaparecido. Para o desastre do rompimento da barragem de Brumadinho,
sabe-se que até o mês de novembro de 2019, houve 252 mortos e 18
desaparecidos.

Figura 1. Desastre da barragem de Mariana/MG.

Fonte: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/desastre-ambiental-em-mariana/noticia/processos-e-acordos-marcam-30-
meses-do-desastre-da-barragem-de-mariana.ghtml.

24
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Ainda devemos mencionar que, no caso do rompimento da barragem de


Mariana, houve um crime de destruição de grande parte do ecossistema do
Rio Doce. No caso da barragem de Brumadinho a destruição em massa do
ecossistema se deu no Rio Paraopeba.

É lamentável o fato de as barragens pertecerem à mesma empresa e ao fato de os


desastres ambientais terem ocorrido num intervalo de tempo de pouco mais de três
anos. A distância entre as duas barragens é de aproximadamente 127 quilômetros.

Pela destruição em massa dos ecossistemas com o rompimento das duas


barragens, em razão da conduta humana, pode-se, aliás, considerar esses dois
desastres como crime internacional de ecocídio.

Indivíduos como parte do meio ambiente


Para que o meio ambiente continue sendo favorável para nossa habitação, todos os
indivíduos precisam se responsabilizar pela saúde ambiental, um meio ambiente
saudável é um direito humano, com classificação de segunda e terceira geração.

O crescimento acelerado dos grandes centros urbanos, mediante desrespeito


constante aos seus planos diretores, acabam desmatando e poluindo o ambiente,
ocasionado principalmente, pelo desenvolvimento exarcebado.

Faz-se imprescindível que as pessoas compreendam que são parte desse espaço,
que compõe integralmente o meio ambiente. Assim, além da preservação, que é o
primeiro ato que todos os cidadãos devem executar, apresenta-se como proposta
principalmente em comunidades periféricas e bairros com pouca arborização, a
plantação de árvores frutíferas, desde que permitadas pela prefeitura local.

Além de tornar os espaços mais agradáveis mediante a presença de arvóres e


plantações, tornamos cada vez melhor a convivência e preservação do meio
ambiente por meio de pequenas práticas que podem ser executadas diariamente e
em qualquer lugar.

Depois de estudarmos o dever de um meio ambiente saudável como uma


garantia constitucional, você já parou para refletir que a proteção do meio
ambiente é um dever de todos cidadãos e todas as cidadãs?

Relacionaremos aqui algumas dicas para nos auxiliar na preservação do


meio ambiente, levando em consideração as nossas responsabilidades

25
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

para a manutenção de um ambiente saudável e também a categoria desse


como uma garantia constitucional. Vejamos abaixo:

» Ande mais de bicicleta do que de carro, faz bem para o meio


ambiente e pra sua saúde.

» Separe os lixos recicláveis dos não recicláveis.

» Use lâmpadas fluorescentes compactas (LFC).

» Preserve as árvores.

» Cuide dos cursos de água.

» Não pesque onde os animais se reproduzem.

» Não venda animais ilegais.

» Reutilize tudo que for possível.

» Economize água.

» Compre somente o necessário.

26
CAPÍTULO 3
Ação popular o alcance (autor/réu)

Considerações históricas e fundamento


constitucional
Essa espécie de tutela ambiental e minerária está prevista no ordenamento jurídico
desde a Constituição Federal de 1934, tendo sido cria pela Lei no 4.717/1965
(LAP). Atualmente, o constituinte originário incluiu na Constituição da República
Federativa do Brasil (CRFB/88) o inciso LXXIII do art. 5o, no qual determina que
todo cidadão poderá ser parte legítima para a propositura de uma ação popular.

A referida ação tem como finalidade a anulação de determinado ato lesivo ao


patrimônio público, inclusive, de entidade de que o Estado seja participante, ato
lesivo à moralidade administrativa, ao patrimônio cultural e histórico e ao meio
ambiente.

O dispositivo constitucional é explicito ao isentar o legitimado ativo ao pagamento


de custas e demais ônus sucumbenciais, exceto de houver má-fé.

Fundamento legal e objeto da ação popular


Conforme já afirmado, a Lei n o 4.717/1965 é o diploma regulamentador do
dispositivo constitucional acima descrito. Sendo assim, o seu artigo 1 o enumera
o seu objeto dessa ação da seguinte forma: qualquer cidadão será parte
legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de
entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art.
141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os
segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de
instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da
receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito
Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou
entidades subvencionadas pelos cofres públicos (art. 1 o).

27
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

Logo, percebe-se que o objeto desse remédio heroico é a defesa do meio


ambiente, dentre diversos outros motivos detemrinantes, assim como ocorre
com a ação civil pública. Contudo, o aluno irá perceber mais à frente que a lista
de legitimados é mais abrangentes que naquela espécie de ação.

O leitor deve ter em mente que o meio ambiente lesado não se restringe
ao natural, podendo haver a propositura de ação popular na defesa do meio
ambiente artificial (cidades), digital (invasão de espaço virtual sem autorização),
paisagístico e histórico.

Nos termos da conceituação do Conama, contida no inciso XII do Anexo I da


Resolução no 306 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)

XII – Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência


e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural
e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas (inciso XII).

Como exemplo, o Superior Tribunal de Justiça julgou o Conflito de Competência


n o 164.362/MG, em que foi determinada competência da 17ª Vara Federal da
Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, para processar e julgar a ação
popular n o 1001868-13.2019.4.01.3800.

A referida ação foi proposta por um cidadão do Estado de Minas Gerais, que
tinha o objeto de reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de
mineração no município da Brumadinho/MG, perpetrado pela Vale S/A.

A finalidade de trazer tal informação é demonstrar ao aluno do curso que a ação


popular pode ser intentada quando o objeto for ato lesivo ao meio ambiente, com a
natureza desconstitutiva, uma vez que visa possuir a finalidade de anular o ato.

O pedido não fica restrito apenas a uma tutela repressiva, mas também, é
possível a busca de uma solução judicial para impedir que o ato aconteça
(tutela preventiva). O cidadão não ficará restrito aos atos comissivos do agente
poluidor do meio ambiental, podendo impugnar atos omissivos, como ocorreu
no julgamento do Recurso Especial n o 889.766/SP, em 4 de outubro de 2007:

Cuida-se de ação popular em que a parte requer seja condenado


o Estado de São Paulo em obrigação de não fazer, consistente em
abster-se de lançar o esgoto in natura ou com potencial poluente
produzido pela Penitenciária Estadual de Presidente Bernardes,
e também a pagar indenização pelos danos causados aos recursos
hídricos, a ser recolhida ao Fundo Especial de Recuperação dos
Interesses Difusos Lesado (Lei Estadual no 6.536/1989).

28
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Nessa ação popular, um grupo de pessoas questionava o dano ambiental


perpetrado pela conduta omissiva do Estado de São Paulo, ao permitir que
a penitenciária estadual despejasse resíduos poluentes de esgoto em área
imprópria para a população local.

Perceba que a ação popular tinha por objeto um ato lesivo omissivo do Estado
de São Paulo e a indenização pelos danos causados. A referida ação foi julgada
procedente, sendo mantida essa condição até os tribunais superiores.

Legitimidade ativa e passiva

Tanto o fundamento constitucional como o legal determinam que o cidadão é


parte legítima para a propositura de uma ação popular. Segundo o § 3 o do art.
1 o da Lei n o 4.717/1965, a prova da cidadania será feita por título eleitoral ou
documento correspondente.

O cidadão é a pessoa que dispõe de direitos políticos, portanto, o autor deve


estar alistado na justiça eleitoral. Dessa forma, ao estabelecer uma cláusula
geral da forma de comprovação da cidadania, há a possibilidade de se
apresentar qualquer documento que estabeleça uma certeza no julgador da
condição de cidadão por parte do autor da ação popular em que “a prova da
cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com
documento que a ele corresponda” (art. 1, § 3 o ).

Nesse contexto, basta a apresentação do título de eleitor instruindo a petição


inicial da ação popular para que o requisito esteja preenchido. Como exemplo,
na Ação Popular n o 0007535-25.2019.8.19.0061, em trâmite na 3ª Vara da
Comarca de Teresópolis do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, uma pessoa
física ajuizou o processo contra determinado empreendimento imobiliário,
com a finalidade de cancelar o licenciamento ambiental concedido pelo poder
público e a paralisação da obra.

Naquele processo, a tutela judicial ambiental está sendo exercida por um particular
contra a municipalidade de Teresópolis, na defesa de direitos transindividuais.
Diferentemente da ação pública que possui um número restrito de legitimados,
aqui, qualquer cidadão é parte legítima ativa, sendo desnecessário demonstrar
interesse direto.
29
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

O autor juntou uma certidão emitida pela Justiça Eleitoral, com a finalidade de
comprovar a regularidade dos seus direitos políticos, nos termos da parte final do
§ 3o do art. 1o da LAP:

Figura 2. Comprovação de regularidade dos direitos políticos.

Fonte: http://www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaMov.do?v=2&numProcesso=2019.061.007358-7&acessoIP=intern
et&tipoUsuario=.

O processo está disponível em: http://www4.tjrj.jus.br/consultaProcesso


WebV2/consultaMov.do?v=2&numProcesso=2019.061.007358-7&acessoIP=in
ternet&tipoUsuario=.

Logo, a pessoa menor de 16 (dezesseis) anos e estrangeiros não podem ajuizar


uma ação popular no Brasil. A tutela judicial ambiental para esses indivíduos
pode ser exercida em ações individuais e pela via da provocação de determinado
legitimado ativo.

Quanto à legitimidade passiva, o artigo 6o da Lei no 4.717/1965 informa que a ação


popular pode ser proposta contra pessoas públicas e privadas, inclusive as entidades
em que o poder público possui participação societária, servidores públicos,
funcionários, autoridades públicas e administradores que tiverem aprovados o ato
lesivo ao meio ambiente.

Inclui-se na legitimação passiva a autoridade que não aprovou, mas ratificou o ato
de outra autoridade, assim como quem deu oportunidade à lesão, ainda que por
omissão.

30
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

O Ministério Público atuará como fiscal da lei, podendo realizar a produção de


provas, com a manifestação a respeito da responsabilidade civil e/ou criminal dos
envolvidos, nos termos do § 4o do art. 6o da LAP,

§4o O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe


apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil
ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer
hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

No § 3o do art. 6o da LAP está previsto um caso de extromissão da parte, autorizando


a pessoa jurídica de direito público mudar para o polo ativo, caso entenda que
possui interesse na demanda. Assim, trata-se de uma hipótese peculiar e expressa de
litisconsórcio ativo superveniente.

O § 4o do artigo referido acima permite que outro cidadão se habilite como


litisconsorte ativo ou se torne assistente do autor.

Eficácia da sentença de procedência e da


coisa julgada em ação popular ambiental
O pedido principal de uma ação popular ambiental é preponderantemente a
anulação de um ato lesivo ao meio ambiente, podendo haver a condenação pelos
danos causados pelos envolvidos.

Por expressa determinação legal da LAP,

Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular,


decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao
pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática
e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os
funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

Competência de processamento e julgamento


Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do
Conflito de Competência no 47.950/DF, realizado pela Primeira Seção, a CRFB/88
dispõe que qualquer cidadão é parte legítima para realizar a propositura de uma
ação popular, assim como já trabalhado anteriormente.

Por conseguinte, o artigo 5 o da LAP informa que a competência jurisdicional


da ação popular será aferida com a observância da origem do ato impugnado,

31
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação,


processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada
Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao
Estado ou ao Município (art. 5).

Logo, a participação da União no polo passivo de um ato lesivo ao meio ambiente


atrairá a competência da justiça federal. De outra forma, a justiça estadual será a
competente quando houver a impugnação de um ato lesivo perpetrado pelo Estado
ou município.

A Primeira Seção reconheceu em seu acórdão, no julgamento do conflito de


Competência n o 950/DF, que a Lei n o 4.717/1965 não prevê o foro (local),
onde a ação popular deverá ser ajuizada. Sabe-se que no seu artigo 22 há a
determinação do legislador ordinário para que aplique subsidiariamente as
normas do Código de Processo Civil (CPC). Aplicam-se à ação popular as regras
do Código de Processo Civil, naquilo em que não contrariem os dispositivos
dessa lei, nem a natureza específica da ação (art. 22).

Segundo o STJ, como a propositura da ação popular representa um direito


fundamental político, o constituinte originário não quis prejudicar o seu exercício
ao ponto de impedir o acesso à justiça por razões de foro de competência. Em
outras palavras, a finalidade da norma constitucional que criou a ação popular
(inciso LXXIII do art. 5 o) não admite a imposição de entraves na fiscalização
popular do patrimônio público e do meio ambiente.

Nesse sentido, a Primeira Seção do STJ determinou que o foro competente


para processar e julgar a ação popular era a Seção Judiciária do Rio de Janeiro,
ao invés da Seção Judiciária do Distrito Federal, uma vez que o autor possuía
domicílio na capital fluminense.

Acesse o relatório de processo, disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/


revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=2997276&num_
registro=200500125682&data=20070507&tipo=51&formato=PDF.

O § 3o do art. 5o dispõe a regra da prevenção, no caso de propositura de diversas


outras ações populares contra o mesmo legitimado passivo e com os mesmos
fundamentos jurídicos em que “a propositura da ação prevenirá a jurisdição do
juízo para todas as ações, que forem posteriormente intentadas contra as mesmas
partes e sob os mesmos fundamentos” (art. 5o, § 3o).

32
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Diante de todos os estudos e informações colacionadas nesse capítulo,


você já parou para refletir qual a função da ação popular e a sua
importância?

Assim, vale relembrar que a ação popular é um instrumento para exercício


direto da democracia pelos cidadãos brasileiros. É por meio dessa ação
que qualquer cidadão pode pedir a invalidação de ato do poder público
ou de entidade que participe desde que essa viole:

» a moralidade administrativa;

» o meio ambiente;

» entre outros.

Além disso, na ação popular é possível requerer condenação por perdas e


danos dos responsáveis pela violação e lesão causada. Essa ação é uma ação
constitucional, vez que possui expressa previsão no dispositivo legal, no artigo
5o, inciso LXXIII da Constituição Federal.

Ademais, constitui direito individual e fundamental de todo cidadão. No


âmbito infraconstitucional, a ação popular é regulada pela Lei no 4.717/1965,
podendo ser ajuizada por qualquer cidadão brasileiro.

São considerados cidadãos, para esses fins, todos os indivíduos que estão
na plenitude dos seus direitos políticos, devendo ser comprovado com
documentos mediante a petição inicial. Assim, a comprovação é realizada
mediante juntada do título eleitoral, bem como comprovante de votação
das últimas eleições.

O Portal do Âmbito Jurídico (2007) aborda que a utilização da ação popular


para invalidar atos que violem os interesses públicos está adequada à ideia
de cidadania social e à participação política ativa no cidadão na vida da
sociedade.

Dessa forma, cabe a todos a atribuição de fiscalizar o trabalho público,


auxiliando o Estados, junto aos órgãos de controle, em uma boa gestão
pública. Agora ficou mais fácil para você relembrar o que estudamos. Não
deixe de pesquisar e analisar todos os links disponíveis nesse capítulo.

33
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

Ação civil pública o alcance da medida


(competências – autor/réu)

A normatização da ação popular

A fundamentação constitucional da ação civil pública está contida no inciso III


do art. 129 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, gizando
que:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

II – zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços


de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção


do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;

IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou representação


para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos
nesta Constituição;

V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações


indígenas;

VI – expedir notificações nos procedimentos administrativos de


sua competência, requisitando informações e documentos para
instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;

VII – exercer o controle externo da atividade policial, na forma da


lei complementar mencionada no artigo anterior;

VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de


inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
manifestações processuais;

IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que


compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

34
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Ademais, o mesmo artigo acima citado em seus parágrafos dispõe que:

§ 1 o A legitimação do Ministério Público para as ações civis


previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.

§ 2o As funções do Ministério Público só podem ser exercidas


por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da
respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.

§ 3o O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante


concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do
bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e
observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.

§ 4o Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no


art. 93.

§ 5o A distribuição de processos no Ministério Público será imediata.

Embora se trate de um dispositivo referente ao Ministério Público, a legitimidade


para o seu respectivo ajuizamento não está restrita ao “Parquet”. Diversos outros
legitimados podem utilizar desse instrumento de tutela judicial ambiental. A
regulamentação da ação civil pública é disciplinada pela Lei n o 7.347, de 24 de
julho de 1985.

Segundo o seu artigo 1o, o objeto de tutela é o meio ambiente, direitos e bens de
valor artístico, histórico, estético e paisagístico, consumidor, infração da ordem
econômica, infração da ordem urbanística, patrimônio público e social, honra e
dignidade de grupos religiosos, raciais e qualquer outro direito difuso ou coletivo.

Realizando-se uma detida análise do dispositivo legal em questão, percebe-se que


o meio ambiente está contido no inciso I do art. 1o. Ocorre que o aluno deve fazer
um exercício cognitivo, a fim de realizar uma interpretação sistemática do direito
ambiental para perceber que o conceito de meio ambiente compreende um sentido
estrito e outro amplo.

O art. 3o da Lei no 6.938/1981 define meio ambiente da seguinte forma:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e


interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas;

35
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

II – degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das


características do meio ambiente;

III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de


atividades que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões


ambientais estabelecidos;

IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou


privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental;

V – recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais


e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os
elementos da biosfera, a fauna e a flora.

Além da conceituação legal, a doutrina possui diversos outros conceitos que


não se restringem aos aspectos naturais, mas também, aos aspectos culturais e
artificiais. O objetivo prático dessa discussão é de cunho processual, uma vez que
o profissional de direito não restringirá o objeto da sua tutela no inciso I do art. 1o
da Lei no 7.347/1985.

Tal diferenciação é importante para as vias recursais, pois a fundamentação


incorreta pode causar o não recebimento de um recurso especial e extraordinário,
por consequência. Logo, o discente deve entender em qual inciso está o objeto da
sua tutela ambiental para que aplique a norma correta, a fim de que obtenha o
sucesso no Judiciário.

Como exemplo, quando o operador de direito verificar que se trata de uma tutela
ambiental do patrimônio histórico-cultural, como o Pelourinho, na cidade de
Salvador/BA, deverá fundamentar a sua petição inicial com os incisos III e VIII
do art. 1 o da Lei n o 7.347/1985.

Com a finalidade de garantir a plenidute da fundamentação, pode ainda incluir o


inciso IV do mesmo dispositivo: “a qualquer outro interesse difuso ou coletivo”. Tal
opção é uma cláusula genérica que torna todo o rol do art. 1o da Lei no 7.347/1985,

36
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Agravo Interno no


Agravo em Recurso Especial (AgInt no AREsp) no 1517245/MG:

XI - A modalidade de dano tratada na presente demanda é


tipicamente “difusa”, o que não quer dizer que inexistam
prejuízos individuais e coletivos capazes de cobrança judicial
pelos meios próprios. Como se sabe, a Lei n o 7.347/1985 traz
lista “meramente enumerativa” de categorias de danos,
exemplificada com a técnica de citação de “domínios
materiais do universo difuso e coletivo” (meio ambiente;
consumidor; patrimônio histórico-cultural; ordem econômica;
honra e dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;
patrimônio público e social).

A conceituação feita pelo o inciso XII do Anexo I da Resolução no 306 do Conselho


Nacional do Meio Ambiente (Conama) é mais ampla e abrangente, pois inclui
o meio ambiente cultural, histórico de que o meio ambiente é um conjunto de
condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social,
cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas
(Resolução n o 306 do Conama, inciso XII).

Dessa forma, o meio ambiente não fica restrito à esfera natural, podendo a proteção
constitucional se estender para o ambiente artificial, cultural, histórico, paisagístico,
meio ambiente do trabalho e até mesmo o meio ambiente virtual.

Legitimação ativa
Pois bem, ultrapassada essa questão do objeto da ação civil pública, torna-se
importante o leitor saber quais seriam os legitimados para o ajuizamento dessa
respectiva ação. O rol do art. 5o da Lei no 7.347/1985 possui 5 (cinco) diferente
categorias de detentores do poder de propositura.

Dessa forma:

Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação


cautelar:

I – o Ministério Público;

II – a Defensoria Pública;

III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

37
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de


economia mista;

V – a associação que, concomitantemente;

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao


patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor,
à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

Como já mencionado, a legitimidade ativa do Ministério Público transcende a


ordem infraconstitucional, estando contida no inciso III do art. 129 da CRFB/88.
Como usualmente, o MP pode atuar como legitimado ativo e fiscal da lei. segundo
o § 1o do art. 5o da Lei no 7.347/1985, se a proposição da ação civil pública não foi
realizada pelo MP, esse deve atuar como fiscal da lei, imprescindivelmente.

O § 5 o do artigo acima permite o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios


Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados. Com isso, não há a
necessidade do litisconsórcio, o que facilita o ingresso de um MP estadual de um
determinado estado que possua maior interesse sobre a União, a fim de auxiliar
o juíz no julgamento.

A previsão da Defensoria Pública (inciso II) não estava na redação original da


Lei n o 7.347/1985. Tal possibilidade foi incluída pela alteração realizada por
meio da Lei n o 11.448/2007.

Além desse fundamento legal, a Lei Complementar (LCp) n o 132/2009 alterou


o inciso VII da LCp no 80/1994, acrescendo o direito subjetivo de ajuizamento
de ação civil pública como prerrogativa da Defensoria Pública da União
(DPU) “promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de
propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais
homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas
hipossuficientes”.

Segundo o sistema de pesquisa do Superior Tribunal de Justiça, a Defensoria


Pública possui a legitimidade ativa (ampla) para propor ações coletivas quando
tiver por objetos direitos difusos e a legitimidade restrita às pessoas consideradas
necessitadas em casos de direito coletivo em sentido estrito e individuais
homogêneos.

38
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Tal entendimento está exposto no relatório do REsp no 1.192.577/RS. Embora a


“ratio decidendi” se refira aos casos de plano de saúde, o mesmo entendimento
pode ser aplicado para a tutela ambiental.

Acesse o relatório desse Recurso Especial, disponível em: https://ww2.stj.jus.br/


processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=35239
739&num_registro=201000805877&data=20140815&tipo=91&formato=PDF.

Ao realizar a leitura do documento referenciado acima, o aluno perceberá que


o voto do Ministro Relator Luís Felipe Salomão foi confirmado pela Quarta
Turma do STJ com o enfrentamento da interpretação do inciso II do art. 5 o da
Lei n o 7.347/1985.

Em seguida, os incisos III e IV do art. 5 o da Lei n o 7.347/1985 legitimam a


administração direta e alguns integrantes da administração indireta. É natural
que o poder público tenha essa legitimação, quando haja um dano difuso ou
coletivo, a fim de resguardar os direitos subjetivos da população.

O § 2o do art. 5o permite que o poder público se habilite como litisconsorte de


qualquer das partes. Mesmo quando o dano tenha sido causado por uma sociedade
de economia mista de seu patrimonio, poderá o ente público participar como
litisconsorte ativo daquela ação ajuizada.

Como exemplo de um litisconsórcio entre o MP e o poder público, temos o


caso tratado pela Segunda Turma do STJ, no julgamento do AgInt no AREsp
1499874/SC, em que o Ministério Público ajuizou uma ação civil pública contra
a empresa de mineração Carbonífera Belluno Ltda.

Naquela ação julgada originariamente procedente, com o arbitramento de


indenização de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), tinha em seu polo
ativo o litisconsorte o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

O AgInt no AREsp 1499874/SC está disponível em: https://ww2.stj.jus.br/


processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=10356
1987&num_registro=201901318207&data=20191122&tipo=5&formato=PDF.

A legitimidade ativa da associação é seguida de requisitos obrigatórios criados


pelo legislador ordinário. Tais requisitos estão expostos nas alíneas do inciso V
do art. 5 o e são cumulativos.

Para que uma associação possa propor uma ação civil pública tutelando o meio
ambiente, essa deve ter sido criada há pelo menos 1 (um) ano, assim como deve

39
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

estar expresso no seu ato de constituição o objeto de proteção em consonância


com a tutela ambiental que pretende obter do Poder Judiciário.

Por exemplo, para que a população de Brumadinho/MG possa propor uma ação
civil pública tutelando direitos coletivos relacionados ao meio ambiente, deve
ter em seu ato de constituição que uma das finalidades daquela associação é
a tutela do meio ambiente e contra danos causados pela mineração na região,
assim como tenha pelo menos 1 (um) ano da sua constituição.

Segundo o entendimento do STJ no julgamento do REsp 1.468.734-SP, não há


a possibilidade de defesa dos interesses de associados que vierem a ingressar na
coletividade da associação somente após o ajuizamento da ação de conhecimento.

O REsp 1.468.734-SP está disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/


documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=58564352&num_registr
o=201401655732&data=20160315&tipo=5&formato=PDF.

O referido entendimento demonstrado acima provém do julgamento do Recurso


Extraordinário (RExt) no 573.232/SC, sob a relatoria do Ministro Ricardo
Lewandowski, em 14/5/2014.

O Recurso Extraordinário (RExt) no 573.232/SC está disponível em: http://


redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=630085.

No julgamento do REsp n o 1.405.697-MG (em 17/9/2015), a Terceira Turma


decidiu que se houver a dissolução de uma associação que ajuizou determinada
ação civil pública, não será possível a substituição do polo ativo por outra
associação, mesmo que sejam comuns a ambas o interesse discutido naquela
ação coletiva.

Realizando-se uma análise do artigo 5o, percebe-se que a legitimação ativa para a
propositura da ação civil pública é concorrente e disjuntiva. Concorrente porque
admite que diversas autoridades ajuizem tal instrumento de tutela ambiental,
enquanto a característica disjuntiva se deve ao fato de não haver a necessidade dos
legitimados estarem no polo ativo de forma conjunta.

Ainda, a legitimação ativa na ação civil pública é extraordinária, pois o legitimado


estará defendendo o direito alheio em nome próprio por força expressa da
lei. Nesse contexto, haverá a substituição processual, podendo o substituido

40
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

ingressar como assistente litisconsorcial, nos termos do parágrafo único do art.


18 do código de Processo Civil (CPC), gizando que

Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio,


salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído


poderá intervir como assistente litisconsorcial.

O artigo 6o da Lei no 7.347/1985 garante o direito de petição de qualquer pessoa


perante o Ministério Público, com a finalidade de garantir a determinação
constitucional, contida na alínea “a” do inciso XXXIV do art. 5o da CRFB/1988, que

Art. 5o [...]

XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do


pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou


contra ilegalidade ou abuso de poder;

Portanto, mesmo que determinado indivíduo não tenha a legitimação para a tutela
ambiental coletiva em sentido amplo, poderá provocar os órgãos públicos, a fim de
obter uma provocação do Poder Judiciário.

Se os membros do Judicário tomarem conhecimento de danos ambientais durante


o exercício das suas funções, remeterão para os MP as peças necessárias para a
análise do Parquet.

Legitimidade passiva
Para o estudo da legitimação passiva, o aluno deve ter em mente o regramento do
sujeito responsável pelo dano causado, que pode ser uma pessoa física, jurídica,
pública ou privada, desde que possua a responsabilidade pelo evento danoso.

Essa análise deve partir de uma cognição sistemática, pois a Lei n o 7.347/1985
não informa de forma expressa e aprofundada quais seriam essas pessoas. Toda
a pesquisa deve partir das leis especiais que tratam pontualmente do dano ao
meio ambiente enfrentado pelo operador de direito.

Como exemplo, o inciso VII do art. 4 o da Lei n o 6.938/1981 (Lei da Política


Nacional do Meio Ambiente) responsabiliza o poluidor com a estipulação de
obrigações a serem reparadas da seguinte forma:

41
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

Art. 4o [...]

VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de


recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.

Um dispositivo similar foi incluso pelo legislador ordinário no art. 3o da Lei


no 7.347/1985, no qual ficam definidos as naturezas das tutelas a serem garantidas
em determinada ação civil pública

Art. 3o A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro


ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

A maior dificuldade de um operador de direito nesse campo de tutela ambiental é


identificar a responsabilidade de um ente público e a identificação das hipóteses de
litisconsórcio necessário.

A análise sempre deve partir dos fatos e do direito material, para verificar quem
possui a obrigação civil de reparar o dano. Afirma-se isso, pois, em diversos casos
de poluição, não só a pessoa jurídica privada que executa a atividade poluidora é a
única responsável.

Em diversas situações, o poder público falhou na fiscalização ou permitiu que


o agente econômico causasse o dano ao meio ambiente por dolo. Com isso, o
legitimado ativo deverá incluir no polo passivo todos os responsáveis.

Em 2009, a Segunda Turma do STJ reconheceu a responsabilidade da União, em


determinado caso em que ocorrera um dano ambiental em área de restinga (região
fixadora das dunas), decorrente da sua omissão na fiscalização.

Tratou-se do Recurso Especial n o 529.027-SC, proveniente de uma ação civil


pública que tutelava a proteção do meio ambiente, movida pelo Ministério
Público Federal contra 7 (sete) réus e contra o município da São Francisco do
Sul.

Observe-se que não só pessoas físicas e jurídicas foram inclusas no polo passivo,
mas também a municipalidade local e depois houve a inclusão da própria União,
em razão da sua responsabilidade de fiscalização do bem tratado.

Na discussão no referido REsp no 529.027-SC levada pelos operadores de direito


atuantes abordou-se se a responsabilidade ficaria restrita apenas à municipalidade
ou se seria extensiva à União.

42
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Logo, constata-se que no estudo da legitimação passiva, o maior ponto de


dificuldade é verificar a responsabilidade entre os entes públicos, uma vez que a
responsabilidade dos agentes econômicos é estritamente fática e sem delongas.

Competência
O artigo 2o da Lei no 7.347/1985 estabelece a regra da competência do orgão
jurisdicional que irá processar e julgar a demanda proposta, nos seguintes termos:

Art. 2o As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local


onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa.

Parágrafo único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do


juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Conforme se observa na letra da lei, o local do dano é a regra geral para a


determinação do juízo competente. Por uma questão lógica, se houver a
propositura de uma ação civil pública com tutela preventiva por parte de um ou
mais legitimados, o processamento será onde houver o risco do dano ocorrer.

É importante salientar que não há qualquer problema com a norma expressa


legal na jurisprudência. Afirma-se isso, pois o STJ julgou o AgRg nos EDcl no
Conflito de Competência n o 113.788/DF, corroborando a regra estabelecida pelo
legislador ordinário:

DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.


COMPETÊNCIA. ACP. LOCAL DO DANO. A competência
para processar e julgar ação civil pública é absoluta e se dá
em função do local onde ocorreu o dano. O art. 2 o da Lei n o
7.347/1985, que disciplina a Ação Civil Pública (ACP), estabelece
que as ações da referida norma serão propostas no foro do local
onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa. A ratio legis da utilização do local do
dano como critério definidor da competência nas ações coletivas
é proporcionar maior celeridade no processamento, na instrução
e, por conseguinte, no julgamento do feito, dado que é muito
mais fácil apurar o dano e suas provas no juízo em que os fatos
ocorreram. Precedentes citado: CC 97.351-SP, DJe 10/6/2009.
AgRg nos EDcl no CC 113.788-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima, julgado em 14/11/2012.

43
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

O AgRg nos EDcl no Conflito de Competência no 113.788/DF está disponível


em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?compone
nte=ATC&sequencial=25901824&num_registro=201001545950&data=20121
123&tipo=5&formato=PDF.

Diferentemente da regra estabelecida pelo artigo 59 do CPC a respeito da


prevenção, o parágrafo único do art. 2 o da Lei n o 7.347/1985 reconhece como
marco de consideração da prevenção a propositura da ação e não com o registro
e a distribuição em que “o registro ou a distribuição da petição inicial torna
prevento o juízo” (art. 59).

O conceito de propositura vem determinado pelo art. 312 do CPC, que estabelece
que a proposição de uma ação ocorre quando a petição inicial for protocolada, na
forma do art. 240 do CPC.

Assim, considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada,


todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados
no art. 240 depois que for validamente citado (art. 312 do CPC).

A regra especial da prevenção é aplicada quando o dano do agente poluidor


atingir locais que ultrapassem uma comarca ou seção judiciária, em
conformidade com cada justiça a ser processada (estadual e federal).

É importante que o aluno saiba que a ocorrência do dano regional ou nacional atrai
a incidência da norma contida no inciso II do art. 93 da Lei no 8.078/1990, que
determina a competência do foro da capital, nesses casos:

Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente


para a causa a justiça local:

[...]

II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para


os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do
Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.

A Segunda Turma do STJ já enfrentou uma questão levada pela via recursal,
em que houvera a criação de um parque nacional envolvendo dois estados e
nove municípios. A ação civil pública originária da primeira instência teria sido
proposta em um dos municípios envolvidos no dano causado.

44
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Tratou-se do julgamento do Recurso Especial no 1.018.214/PR, em que o Ibama


conseguiu que os autos fossem mandados para o foro da capital, ao invés de
permanecer sendo julgado no interior do Estado do Paraná.

O Recurso Especial no 1.018.214/PR está disponível em: https://ww2.stj.jus.br/


processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=889039
&num_registro=200703062696&data=20090615&formato=PDF.

Embora seja um julgado de 2009, questões ligadas à competência do juízo


processante não costumam ser alteradas ao longo dos anos, como ocorre com as
questões materiais. Outra informação relevante é o fato de as ações civis públicas
que são processadas e julgadas na justiça federal não atrair a competência do
Distrito Federal, por força da norma do inciso II do art. 93 da Lei no 8.078/1990.

Em 2012, a Segunda Seção do STJ julgou o Agravo Interno no Conflito de


Competência n o 118.023/DF, no qual se discutiu a competência pelo julgamento
e processamento de determinada ação civil pública, ajuizada em razão de
degradação ambiental ocorrida na Bacia do Rio Paraíba do Sul.

Em resumo, o STJ entendeu que não atraía a competência da justiça federal do


DF o fato de o dano ter sido de âmbito nacional ou regional. Por conseguinte,
cabe à parte autora escolher o foro de uma das seções em que ocorreu o dano.

Considerações sobre os direitos difusos,


coletivos e individuais homogêneos
A definição legal dos referidos direitos está contida nos incisos de I a III do
art. 81 da Lei n o 8.078/1990. O direito difuso seria representado por direitos
transindividuais, em que os seus titulares são pessoas indeterminadas, ligadas a
uma circunstância de fato.

Como exemplo, a Segunda Turma do STJ julgou o Recurso Especial no 933.002/RJ,


ajuizada pelo Ministério Público Federal, em que pleiteava a manutenção do curso
de ensino médio no período diurno no Colégio São Pedro (no Rio de Janeiro).

Tratou-se de uma típica ação civil pública na defesa de direitos transindividuais,


em que o MPF defendia os direitos de alunos futuros que possuíam a expectativa de
ingressar naquele turno noturno.

Por conseguinte, como esses alunos futuros eram indivíduos não conhecidos ou
não individualizados, a tutela se tratou da defesa de um direito difuso, pois não

45
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

havia a possibilidade de determinar os envolvidos que teriam o direito de um


curso de ensino médio noturno, uma vez que eram “futuros”.

Previsto no inciso II do art. 81 da Lei n o 8.078/1990, o direito coletivo em


sentido estrito são os quem possuem uma natureza indivisível pertencente a um
determinado grupo, classe ou categoria, desde que ligadas entre si por uma certa
relação jurídica básica.

A referida relação desse grupo/categoria também pode ser com a parte contrária.
Como exemplo, quando um dano ambiental ocorrido em uma região de mangue na
praia de Carneiros/PE, por determinada empresa de transporte de combustível,
em que torna a atividade de pesca local impraticável.

A associação de pescadores possui cadastrado todos os profissionais da pesca


da região e pode ingressar com uma ação civil pública, desde que presente os
requisitos legais das alíneas do inciso V do art. 5 o da Lei n o 7.347/1985:

Art. 5o [...]

V - [...]

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei


civil;

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao


patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor,
à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos
raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico.

A relação entre os pescadores está ligada por uma situação jurídica básica (a pesca
em Carneiros). Portanto, a poluição do local da pesca por agente de transporte de
combustível prejudicará as suas atividades de forma indivisível.

Por fim, o direito individual homogêneo está previsto no inciso III do art. 81 da
Lei no 8.078/1990, sendo definido pelo legislador como: “interesses ou direitos
individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”.

Utilizando-se do exemplo dos pescadores, percebe-se que a obrigação de


restaurar o meio ambiente poluído pela empresa transportadora de combustível
detém a natureza de direito coletivo em sentido estrito para os pescadores, pois
é indivisível e determinável aos olhos daquela comunidade de trabalhadores da
pesca.

46
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

Contudo, as indenizações (obrigação de pagar) da empresa poluidora para com


cada um dos pescadores possui a característica de direito individual, ligada a uma
origem comum (derramamento de combustível em Carneiro/PE).

Logo, decorre de um bem jurídico que foi lesado e titularizado por um grupo
determinável ou detemrinado, tendo a característica de coletivo apenas formal
para fins de proteção e tutela no ordenamento jurídico brasileiro.

Normalmente, a doutrina faz o seguinte esquema ilustrativo com a finalidade de


identificar as características dos direitos:

Quadro 2. Características dos direitos.

Difusos Transindividuais Indivisibilidade do objeto Grupo indeterminável

Coletivos em sentido estrito Transindividuais Indivisibilidade do objeto Grupo determinável

Individuais homogêneos Individuais Divisibilidade do objeto Grupo determinável


Fonte: própria autora, s.d.

Conforme já mencionado, um determinado fato jurídico danoso e ambiental não


possui natureza pura e estanque, ou seja, quando ocorre um evento danoso, não
haverá somente uma modalidade de dano: difuso, coletivo em sentido estrito ou
individual homogêneo.

Pode ser que determinado evento possua as três espécies ao mesmo tempo.
Para saber isso, basta observar uma situação que comprometa as atividades
desenvolvidas por um grupo e, ao mesmo tempo, a geração futura (indeterminada).

Tal conclusão já foi observada pelo Tribunal da Cidadania (STJ) no julgamento


do Recurso Especial n o 1.293.606/MG. Embora a Quarta Turma não tenha
tratado de uma demanda ligada ao direito ambiental ou minerário, o precedente
também serve para essa matéria, observe-se parte do acordão:

O CDC expõe as diversas categorias de direitos tuteláveis pela via


coletiva. Com efeito, as tutelas pleiteadas em ações civis públicas
não são necessariamente puras e estanques – ou seja, não é preciso
que se peça, de cada vez, uma tutela referente a direito individual
homogêneo, em outra ação, uma tutela de direitos coletivos
em sentido estrito e, em outra, uma tutela de direitos difusos,
notadamente em ação manejada pelo Ministério Público, que
detém legitimidade ampla no processo coletivo. Sendo verdadeiro
que um determinado direito não pertence, a um só tempo, a mais
de uma categoria, isso não implica afirmar que, no mesmo cenário

47
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

fático ou jurídico conflituoso, violações simultâneas de direitos de


mais de uma espécie não possam ocorrer. Nesse sentido, tanto em
relação aos direitos individuais homogêneos quanto aos coletivos,
há – ou, no mínimo, pode haver – uma relação jurídica comum
subjacente.

O Recurso Especial no 1.293.606/MG está disponível em: https://ww2.stj.jus.


br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=
39165992&num_registro=201102720867&data=20140926&tipo=5&format
o=PDF.

O aluno deve lembrar da existência do Enunciado n o 629 da Súmula do STJ


que informa que, no que se refere ao dano ambiental, há a possibilidade de
condenação do réu à determinada obrigação de fazer ou à de não fazer, de forma
cumulada com a obrigação de indenizar.

Controle difuso de constitucionalidade em


uma ação civil pública
Antes de iniciar este tópico, o aluno deve lembrar que o ordenamento jurídico
brasileiro permite o controle concentrado e o difuso de constitucionalidade. O
primeiro é processado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, possuindo uma
lista de legitimado ativo restrito ao determinado pelo legislado, tendo como objeto
principal a (in)constitucionalidade de uma norma.

Enquanto o controle difuso de constitucionalidade pode ser realizado por


qualquer juízo de primeira instância. Na segunda instância, o controle de
constitucionalidade é restrito pela reserva de plenário, nos termos do art. 97
da CRFB/88 em que “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros
ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público”.

No controle difuso de constitucionalidade, o pedido de inconstitucionalidade é


feito de forma incidental, diferentemente do que ocorre no controle concentrado.
Qualquer legitimado ativo de uma determinada ação (seja ela coletiva ou
individual) pode questionar a validade de uma norma.

No caso específico da tutela ambiental e minerária, um dos legitimados do art. 5 o


da Lei n o 7.347/1985 pode questionar a constitucionalidade de forma incidental
na respectiva ação civil pública.

48
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

EMENTA - AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTROLE INCIDENTAL.


QUESTÃO PREJUDICIAL. POSSIBILIDADE. INOCORRÊNCIA
DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. – O STF reconhece a legitimidade da ação civil
pública como instrumento idôneo de fiscalização incidental da
constitucionalidade (pela via difusa) de quaisquer leis ou atos do
Poder Público, mesmo que contestados em face da Constituição
da República, desde que, no processo coletivo, a discussão
constitucional, longe de identificar-se como objeto único da
demanda, seja qualificado como questão prejudicial, indispensável
à resolução do litígio principal.

Por diversas vezes, o operador de direito se depara com uma norma legal vigente
que está em desacordo com a Constituição Federal. Quando isso ocorre, é
importante que haja a percepção antes do ajuizamento da ação, a fim de que
na petição inicial da ação civil pública seja elaborada de forma a impugnar a
constitucionalidade da norma em questão.

O mais importante a proceder é a identificação da norma considerada


inconstitucional e a inclusão de um tópico incidental fundamentando o
questionamento, pois, caso isso não seja procedido, corre-se o risco de os tribunais
superiores não receberem um eventual recurso por falta de pré-questionamento.

Assim, a renovação da argumentação incidental de inconstitucionalidade deve


seguir em todas as instâncias, à medida que haja o recurso da parte contrária.

Pedido na ação civil pública ambiental e


minerária
Conforme já dito em momento anterior, o legitimado ativo da ação civil pública
pode pedir uma obrigação de pagar, assim como obrigações de fazer e/ou não
fazer, dependendo do dano ocorrido, ou que esteja a ocorrer, nos termos do
art. 3 o da Lei n o 7.347/1985 (LAcp).

De acordo com o art. 4o da LAcp, poderá o pedido ser preventivo, com a finalidade
de obstar o risco iminente da ocorrência do dano ambiental e minerário. Por
exemplo, se o Ministério Público for provocado por um determinado cidadão
que trabalha em empresa de mineração. Se o referido empregado demonstrar
de forma concreta que ocorrerá um derramamento de dejeitos (dejetos +
rejeitos) da mineração que atingirá determinado município das redondezas, o

49
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

Ministério Público poderá ajuizar uma ação civil pública com pedido de tutela
antecipada, com base no risco iminente da ocorrência de um dano irreversível.

Logo, há a possibilidade da realização de pedidos de cunho cautelar, quando é


possível evitar a ocorrência da lesão ao meio ambiente. Dessa maneira, pode haver
a natureza inibitória da tutela ambiental, determinando a obrigação de não fazer
(parar a atividade minerária) e fazer (aplicar medidas de proteção das barragens).

O art. 1o da LAcp prevê a possibilidade da responsabilização do agente poluidor


por danos materiais e extrapatrimoniais. Em específico, o legislador destacou a
possibilidade do pedido requerer indenização por danos morais:

Art. 1o Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da


ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados:

I – ao meio-ambiente;

O Superior Tribunal de Justiça admite a condenação do agente poluidor em dano


moral coletivo, com fundamento no artigo acima. No julgamento do Recurso
Especial no 1.328.753-MG, a Segunda Turma do STJ determinou que é possível a
condenação do responsável em pagar indenização por dano moral coletivo.

Inicialmente, o referido julgado menciona a possibilidade de cumulação


das obrigações de pagar, fazer e não fazer, com fundamento no art. 3 o da Lei
no 7.347/1985. Em um segundo momento, declara-se a utilidade da condenação
em dano moral coletivo, fundamentando no conteúdo ético e intergeracional da
tutela pretendida, pois assegura direitos das gerações presentes e futuras.

Como interprete uniformizador das normas infraconstitucionais, a Segunda


Turma mecniona que o art. 5 o da Decreto-Lei n o 4.657/1942 determina que
a legislação deve atender aos fins sociais a que ela se dirige, assim como às
exigencias do bem comum.

Assim, como o dano ambiental é multifacetário (diversidade do vasto


universo de vítimas), a compensação aos danos extrapatrimoniais pode ser
tutelado na ação civil pública, por meio do pleito de da obrigação de pagar
indenização coletiva, mesmo que se trate de um dano difuso, onde as vítimas
são indeterminadas.

50
FUNDAMENTO JURÍDICO │ UNIDADE I

O Recurso Especial n o 1.328.753-MG está disponível em: https://ww2.stj.


jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequen
cial=28772340&num_registro=201201226231&data=20150203&tipo=5&fo
rmato=PDF.

Quanto à determinabilidade do pedido, o aluno deve ter muita atenção quanto à


aplicação da lei, pois a Lei n o 7.347/1985 não exaure o assunto dos pedidos em
uma ação civil pública. O operador de direito deve buscar as regras de uma petição
inicial, inclusive dos pedidos, no Código de Processo Civil (CPC), aplica-se à ação
civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n o
5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas disposições
(art. 19).

Conforme o inciso IV do art. 319 do CPC, o pedido e suas especificações são


elementos essenciais da petição inicial. A irregularidade ou ausência pode
acarretar no julgamento sem resolução do mérito, em razão da inépcia da inicial.

Para relembrar nossos amplos estudos e proporcionar melhor reflexão,


ressalta-se que a Ação Civil Pública (ACP) é uma ferramenta processual
para garantia dos interesses conhecidos como difusos, coletivos,
individuais homogêneos e transindividuais. Tendo como objetivo previnir
ou reprimir um dano material ou moral, como por exemplo: ao meio
ambiente, ao patrimônio público ou à dignidade de grupos especiais.

Vale ressaltar que a Ação Civil Pública não pode ser utilizada para: interesses
disponíveis; direitos disponíveis e interesses propriamente privados.

A doutrina afirma que essas ações possuem status constitucional, tendo


disposição na Constituição Federal por ter atribuição institucional do
Ministério Público (MP), sendo gizada na Lei de no 7.347/1985.

Além do MP, o artigo 5o da Lei no 7.347/1985 arrola de modo taxativo


entidades que possuem legitimidade concorrente para ajuizar a ACP,
podendo ser citadas:

» Defensoria Pública;

» entes federativos;

» Conselho Federal da OAB;

» autarquias;

51
UNIDADE I │ FUNDAMENTO JURÍDICO

» fundações;

» empresas públicas;

» sociedades de economia mista.

Ainda, a Lei de no 7.347/1985 abrange esse rol para associações com mais
de um ano que possuam entre as suas finalidades os mesmos propósitos
dispostos na referida, como, por exemplo:

» tutela a ordem econômica;

» tutela a livre concorrência;

» tutela ao patrimônio artístico;

» entidades públicas destinadas a ajuizar ações coletivas;

» entre outros.

Como já estudado nesse capítulo, o MP é o principal legitimado quando se


trata de ACP, seja como autor da ação ou como fiscal da lei, utilizando-se
de uma importante ferramenta prevista na Constituição Federal, em seu
artigo 129, inciso III, conhecida como inquérito civil.

O inquérito civil é um procedimento de natureza investigatória


e administrativa, que garante aos membros do MP os poderes de
requisição de qualquer organismo, seja esse público ou privado, assim,
o MP poderá requisitar, se necessário for: certidões, exames, perícias,
testemunhas etc.

Ademais, o polo passivo da ACP, a parte ré poderá ser qualquer


pessoa física ou jurídica que cause danos a quaisquer interesses
coletivos, difusos, individual homogêneo ou transindividuais. A
sentença procedente na ACP beneficia toda a sociedade, podendo ser
condenatória em dinheiro ou cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer.

52
DIREITO PENAL UNIDADE II
AMBIENTAL

CAPÍTULO 1
Desenvolvimento sustentável.
Dogmática penal ambiental. Princípios
fundamentais do direito penal do
ambiente. O bem jurídico ambiente e o
direito comparado. Delitos ambientais.

Desenvolvimento sustentável
A intervenção do Estado sobre o domínio econômico em prol da sustentabilidade
e do desenvolvimento sustentável é estabelecido pelo artigo 174. Com base
nesse último artigo, o governo deverá ser um agente normativo, fiscalizador,
incentivador e executor do planejamento para garantir o desenvolvimento
sustentável.

A legislação ambiental brasileira tem pressionado as empresas a atuarem de


forma a garantir a proteção ambiental. Além disso, temos a grande pressão
exercida pela sociedade brasileira para que as empresas façam as suas atividades
econômicas de forma sustentável. Criou-se uma grande preocupação em manter
o ambiente ecologicamente sustentável por parte da sociedade brasileira.

No ano de 2019, os desastres com barragens de rejeitos de mineradoras e a


contaminação das praias nordestinas por óleo cru de pétroleo tem causado uma
verdadeira comoção por parte de toda a sociedade brasileira.

A resposta das empresas para a pressão da sociedade e do governo brasileiro


resultou na criação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

53
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Figura 3. Desenvolvimento sustentável.

Fonte: http://www.institutopuruna.com.br/ods-onu/.

Nicollela et al. (2004, p. 8) definem o sistema de gestão ambiental como sendo um


conjunto de processos sistematizados de gestão ambiental e que constituem uma
resposta das empresas às pressões do governo e da sociedade para que as empresas
exerçam suas atividades econômicas de forma a garantir um meio ambiente
ecologicamente equilibrado.

Os autores também acrescentam a seguinte a explicação o sistema de gestão


ambiental das empresas:

A gestão ambiental no âmbito das empresas tem significado a


implementação de programas voltados para o desenvolvimento de
tecnologias, a revisão de processos produtivos, o estudo de ciclo de
vida dos produtos e a produção de “produtos verdes”, entre outros,
que buscam cumprir imposições legais, aproveitar oportunidades
de negócios e investir na imagem institucional.

Aqui não serão abordados o tópicos do Direito Ambiental. Para que você aprenda
mais sobre esse tema, há uma vasta literatura a ser consultada. A legislação
ambiental mais recente em vigor pode ser estudada nos trabalhos dos autores
Thomé (2019) e Mekhitarian (2019).

Vamos nos ater às normas que criam o Sistema de Gestão Ambiental nas
empresas brasileiras, pois as essas são produto da pressão e rigidez que o
Direito Ambiental Brasileiro exerce sobre as empresas por meio das legislações
municipais, estaduais e federais.

54
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Segundo Neumann (2010, p. 42), as normas que obrigam as empresas brasileiras


a implantarem um Sistema de Gestão Ambiental estão contidas no sistema de
normas ISO (International Organization for Standartization), que trata-se de
um organismo internacional não governamental com sede em Genebra (Suíça),
representada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Aqui abordaremos brevemente a família de normas ISO 14000, que são as normas
que permitem a implementação de um sistema de gestão ambiental pelas empresas
brasileiras. Essas normas são internacionalmente aceitas e muito utilizadas no
Brasil. Veja o quadro abaixo sobre as famílias de normas ISO 14000.

Quadro 3. Família de normas ISO 14000.

Norma Especificação
ISO 14000 Contexto histórico do desevolvimento da norma ISO. Início da família de normas.
Sistema de Gestão Ambiental. Contém especificações para implantação e guia para o estabelecimento,
ISO 14001
manutenção e avaliação de um sistema de gestão ambiental.
ISO 14004 Sistema de Gestão. Diretrizes gerais.
ISO 14010 Execução de auditorias. Diretrizes gerais.
ISO 14011 Auditorias. Procedimentos para planejamento e execução.
ISO 14012 Auditores. Critérios de qualificação desses executores de auditoriais.
ISO 14020 Rótulos e declarações ambientais. Princípios básicos.
ISO 14021 Autodeclarações ambientais. Termos e definições (rotulagem ambiental).
ISO 14022 Determinação da simbologia para rótulos.
ISO 14023 Rotulagem ambiental. Testes e metodologias de verificações.
ISO 14024 Guias para análises multicriteriais.
ISO 14031 Diretrizes para avaliação de performance ou desemplenho ambiental.
ISO 14032 Avaliação do desempenho ambiental.
ISO 14040 Princípios gerais e requisitos para esclarecer a avaliação do ciclo de vida.
ISO 14041 Inventário para demonstração e análise do ciclo de vida.
ISO 14042 Análise de impactos ambientais.
ISO 14043 Migração dos impactos ambientais, com avaliação do ciclo de vida.
Fonte: Neumann, 2010, p. 43.

Segundo a norma ISO 14001, os objetivos do Sistema de Gestão Ambiental são:

» proteção do meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos


impactos ambientais adversos;

» mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais


na organização;

» auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e outros


requisitos;

55
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

» aumento do desempenho ambiental;

» controle ou influência no modo em que os produtos e serviços da


organização são projetados, fabricados, distribuídos, consumidos e
descartados, utilizando uma perspectiva de ciclo de vida que possa
prevenir o deslocamento involuntário dos impactos ambientais dentro
do ciclo de vida;

» alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem resultar


da implementação de alternativas ambientais que reforçam a posição
da organização no mercado;

» comunicação de informações ambientais para as partes interessadas


pertinentes.

Os objetivos ainda se mantém os mesmos para as outras normas da família de


normas ISO 14000. Não serão abordados os itens de cada norma técnica dessa
família, para consultar e estudar em detalhes cada item das normas ISO 14000,
acesse o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Trataremos agora sobre restrições ao direito de liberdade e propriedade para


proteção de questões de ordem pública e ambientais. Lembra que falamos
anteriomente que o Estado pode intervir em questões de ordem econômica para
garantir a proteção ambiental? Mas como será que o Estado faz isso?

O Estado faz isso por meio do Poder de Polícia do Direito Ambiental. Segundo
as autoras Oliveira e Fernandes (2018, p. 1), é o elemento realizador do direito
fundamental ao ambiente ecologicamente equilibrado. Sobre o Poder de Polícia do
Direito Ambiental, as autoras ainda nos dão a seguinte explicação:

Mediante o Poder de Polícia, restringem-se os direitos individuais


em prol do interesse geral da sociedade, traduzindo-se na
supremacia do interesse coletivo sobre o interesse particular.
De certa forma, o Poder de Polícia procura escudar seguramente
os direitos de liberdade, bem-estar e saúde do cidadão. Embora
limite a liberdade individual, esse poder tem por escopo assegurar
tanto os direitos básicos como a liberdade ao particular.

O Direito Ambiental tem o papel de polícia para poder fazer com que todas
as pessoas usufruam do direito de viver em um ambiente ecologicamente
equilibrado. Por meio da ação do poder de polícia, os órgãos fiscalizadores do
Direito Ambiental fazem com as empresas possam cumprir com todas as suas
obrigações ambientais e também as penalidades para os crimes ambientais.

56
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

O bem jurídico ambiente


A proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável estão previstos na
Constituição Federal Brasileira, conforme se vê no artigo 225. Resgatando
o que estudamos no Capítulo 2 da Unidade I desse material, a legislação
ambiental brasileira possui vários instrumentos que garantem e implentam o
desenvovimento sustentável pelo país.

A responsabilidade de todos os indivíduos de cuidar e preservar um meio ambiente


saudável. A Constituição Federal de 1988 giza em seu dispositivo legal essa
garantia, atribuindo, assim, a natureza constitucional dessa responsabilidade.

Ainda nesse caput, é trazida a frase “bem de uso comum do povo”, que traz
que o meio ambiente é de responsabilidade social. Dessa forma, ainda que o
indivíduo tenha uma propriedade e essa seja particular, é necessário que exista a
reponsabilidade social desse indivíduo para com esse bem, tendo em vista que se
aquela propriedade estiver equilibrada ela estará fornecendo serviços ambientais
para o planeta e toda humanidade.

Delitos ambientais
Os crimes ambientais, inclusive os causados pela mineração, são descritos pelo
Direito Ambiental. A lei sobre crimes ambientais é a conhecida Lei no 9.605, de 12
de fevereiro de 1998. Vejamos abaixo os crimes e suas classificações.

Tipos de crimes contra a fauna

Os crimes contra a fauna são gizados nos artigos de 29 a 37 da Lei no 9.605/1988.


Os crimes contra a fauna consistem em: matar os animais (art. 29), perseguir os
animais (art. 29), praticar a caça profissional (art. 29), realizar a caça e a pesca
de forma predatória (art. 34 e art. 36), apanhar as espécies (art. 29), utilizar os
animais indevidamente (art. 29) e submeter os animais aos maus tratos (art. 32),
poluir a fauna aquática (art. 33), executar pesca predatória (art. 34) e pescar com
uso de explosivos (art. 35).

O ato de pescar é definido pelo art. 36. O art. 37 é incumbido de definir o que
não é considerado como sendo crime de abate animal pela referida lei. Para esses
crimes citados anteriormente, a pena prevista em lei é de 1 a 3 anos, e multa.

57
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Tipos de crimes contra a flora

Os crimes contra a flora são descritos nos artigos de 38 a 53 da Lei no 9.605/1988.


Os crimes contra a flora consistem em: destruir ou danificar a floresta (art. 38),
destruir ou danificar vegetação primária ou secundária do Bioma Mata Atlântica
(art. 38-A), cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente
(art. 39), causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação (art. 40),
provocar incêndio em mata ou floresta (art. 41), fabricar, vender ou transportar
balões (art. 42) e extrair quaisquer espécies minerais de florestas de domínio
público ou consideradas de preservação permanente (art. 44).

Também tratam-se de crimes contra a flora: o corte de madeiras (art. 45),


aquisição e comercialização irregular de produtos florestais (art. 46), cometer
atentado contra a regeneração natural da flora (art. 48), cometer atentado contra
plantas de ornamentação (art. 49), cometer atentado contra a vegetação que
é objeto de especial preservação (art. 50), cometer atentado contra florestas
situadas em terras públicas ou devolutas (art. 50 A), cometer delito de comércio
e emprego irregular de motosserra (art. 51) e a penetração indevida nas Unidades
de Conservação (art. 52).

O art. 53 versa sobre os casos onde deverá haver o aumento da pena nos delitos
contra a flora. É interessante mencionar que o rol de crimes contra a flora é muito
maior do que os crimes ambientais contra a fauna, que estudamos no capítulo
anterior.

Artigo 53 da Lei no 9605/1988

Esse artigo explica os casos em que os crimes ambientais cometidos contra a flora
terão a sua pena aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço). As explicações
detalhadas sobre cada caso em que o crime ambiental contra a flora terá a sua
pena aumentada podem ser vistas no trabalho dos seguintes autores: Steigleder
(2013, pp. 220-224) e Gomes e Maciel (2015, pp. 232-237). Recomenda-se que
você estude as explicações sobre cada item para que possa inteirar-se sobre o
assunto.

Tipos de crimes de poluição

Os crimes de poluição são descritos nos artigos de 54 a 69 da Lei no 9.605/1988.


Os crimes de poluição consistem em: causar a poluição de qualquer natureza
(art. 54), executar pesquisa, lavra ou extração de minerais sem autorização

58
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

(art. 55), contaminar o meio ambiente por meio de uso de substância tóxica
(art. 56), instalação de estabelecimentos poluidores (art. 60), disseminação de
doenças ou pragas (art. 61), causar a destruição de bem protegido por lei (art. 62)
e alterar a estrutura de edificação protegida por lei (art. 63).

Também tratam-se de crimes de poluição: realizar construção em solo não


edificável (art. 64), pichar monumentos ou construções (art. 65), afirmação
falsa em procedimentos de obtenção de licenças ambientais, emissão de licença
ou autorização que esteja em desacordos com as normas ambientais (art. 66),
concessão de licença para empresa que esteja em desacordo com as obrigações
ambientais (art. 67), descumprimento de obrigações ambientais (art. 68) e
dificultar a ação fiscalizadora do poder público.

O art. 58 versa sobre os casos onde deverá haver o aumento da pena nos crimes
de poluição.

Artigo 58 da Lei no 9.605/1988

Esse artigo explica os casos em que os crimes ambientais de caráter poluidor


terão a sua pena aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), ou terão a
suas penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a 1/2 (metade). As explicações
detalhadas sobre cada caso em que os crimes ambientais de poluição devem ter
as suas penas aumentadas podem ser vistas no trabalho dos seguintes autores:
Steigleder (2013, pp. 256-257) e Gomes e Maciel (2015, pp. 247-248).

Recomenda-se que você estude as explicações sobre cada item para que possa
inteirar-se sobre o assunto.

Crimes de mineração

São os seguintes os crimes de mineração:

» crimes contra a fauna (descritos nos artigos 29 a 37 da Lei


no 9.605/1988);

» crimes contra a flora (descritos nos artigos 38 a 53 da Lei


no 9.605/1988);

» crimes de poluição (descritos nos artigos 54 a 69 da Lei


no 9.605/1988).

59
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Os crimes de mineração quanto ao aspecto ambiental consistem no ato de


cometer os crimes mencionados acima. Quando a empresa mineradora exerce
suas atividades mineradoras em descumprimento com as normas descritas nos
artigos de 29 a 69 da Lei no 9.605/1988, ela está cometendo crimes de mineração
contra o meio ambiente.

Ao exercer as suas atividades em desacordo com as normas ambientais, uma


mineração pode estar cometendo um ou mais dos tipos de crimes ambientais que
descrevemos nos capítulos anteriores.

Cumpre salientar que, para cada um dos três tipos de crimes ambientais estudados
anteriormente, a mineração pode estar cometendo um ou mais crimes ambientais
dentro da classe de crime ambiental descrita na lei.

Tabelas dos crimes

Quadro 4. Crime contra a fauna de menor potencial ofensivo.

Artigo Crime ambiental Pena


29 Morte de animais. Detenção de seis meses a um ano, e multa.
29 Venda ilegal de animais. Detenção de seis meses a um ano, e ao pagamento de multa.
29 Perseguição de animais. Detenção de seis meses a um ano.
A pena de detenção de seis meses a um ano, e ao pagamento de
29 Venda ilegal de animais.
multa.
30 Introdução de espécime no país. A detenção de três meses a um ano.
31 Caça profissional. Seis meses a um ano, e multa.
32 Maus tratos aos animais. Detenção de três meses a um ano, e multa.
Fonte: própria autora, s.d.

Quadro 5. Crime contra a flora de menor potencial ofensivo.

Artigo Crime ambiental Pena


41 Provocar incêndio em mata ou floresta. Detenção de seis meses a um ano, e multa.

44 Extrair espécies minerais das florestas. Pena de detenção de seis meses a um ano
45 Corte de madeiras e comercialização ilegal. A pena é de 1 a 2 anos de reclusão, e multa.
48 Atentar contra a vegetação. 6 meses a 1 ano de detenção, e multa.
49 Atentar contra plantas de ornamentação. 3 meses a 1 ano de detenção, ou multa.

50 Atentar contra vegetação a ser objeto de preservação.. Detenção de 3 meses a um ano, e aplicação de multa.

51 Uso irregular de motosserra. A pena é de três meses a um ano de detenção, e multa.


52 Penetração indevida nas Unidades de Conservação. A pena de 6 meses a 1 ano de detenção, e multa.
Fonte: própria autora, s.d.

60
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Quadro 6. Crime de poluição de menor potencial ofensivo.

Artigo Crime ambiental Pena


55 Executar atividades de mineração sem autorização. Detenção de 6 meses a 1 ano, e multa.
Detenção de 1 a 6 meses, ou multa, ou ambas aplicadas de forma
60 Instalação de estabelecimentos poluidores.
cumulativa.
64 Construção em solo não edificável. 6 meses a 1 ano de detenção, e multa.
65 Pichação de monumentos. 3 meses a 1 ano de detenção, e multa.
Fonte: própria autora, s.d.

Mediante estudos desse capítulo, você sabe responder o que é o


desenvolvimento sustentável?

Além de trazer informações valiosas para sua reflexão, vamos refrescar a


sua memória para o que já estudamos, de modo que, o desenvolvimento
sustentável corresponde à harmonia entre o desenvolvimento econômico
e a conservação ambiental.

Dessa forma, os indivíduos devem continuar utilizando os recursos


ambientais atuais de modo que sejam conservados e mantidos para as
futuras gerações, ou seja, a população contemporânea deve utilizar os
bens disponíveis sem comprometer o uso desses recursos no futuro.

Vale ressaltar que os seres humanos possuem grande histórico de


degradação da natureza, principalmente pós Revolução Industrial,
em que ano pós ano as ações humanas passaram a ser cada vez mais
agressivas e danosas para a natureza e o meio ambiente.

Após a Segunda Guerra Mundial, a deterioração se tornou insustentável,


convertendo-se em uma relação desproporcional. Assim, surge o
desenvolvimento sustentável para, de alguma forma, viabilizar a
continuidade da exploração do meio ambiente pelos indivíduos,
almejando uma reparação, ainda que em pequena escala, dos danos e
males causados ao ambiente.

São alguns exemplos:

» reciclagem;

» reutilização de produtos;

» utilização de tecnologias limpas de geração de energia;

» entre outros.

61
CAPÍTULO 2
Biossegurança e direito penal.
Pedagogia do direito penal em matéria
ambiental. Processualística em matéria
ambiental.

A biossegurança
A biossegurança relaciona-se com o meio ambiente, bem como a prevenção e
proteção deste sobre os impactos das atividades humanas. O ponto de partida para
discussão desse assunto é o entendimento de que o indivíduo é parte integrante da
natureza, significa que toda pessoa necessita de um ambiente saudável para sua
sobrevivência.

Nesse sentido, pode-se afirmar que qualquer dano causado ao meio ambiente
provoca necessariamente danos à saúde pública, razão pela qual, todos os seres
humanos devem desenvolver e realizar as suas atividades cumprindo legalmente
as normas estabelecidas e respeitando o meio ambiente.

É nesse contexto que surge a biossegurança, almejando minimizar ou até mesmo


anular os impactos causados pelas ações humanas e até mesmo a sua própria
existência. Assim, iremos abordar os impactos negativos das ações humanas, bem
como a sua redução por meio da biossegurança.

A biossegurança pode ser conceituada como um conjunto de ações necessárias


para diminuição de danos à saúde humana causados por agentes infectantes,
ofensivos ou provinientes das ações humanas ao meio ambiente. Justamente pelo
indivíduo não conseguir conviver socialmente e se desenvolver cientificamente
sem destruir o meio em que vive e como reflexo a própria saúde.

Dessa forma, a biossegurança surge como uma aliança das novas tecnologias e
o princípio ambiental da precaução, já que diante da iminência de riscos à saúde
humana ou ao meio ambiente, ainda que não comprovados, deve-se tomar medidas
acautelatórias.

A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei no 12.305/2010, foi criada com
o objetivo de fornecer instrumentos ao enfrentamento dos principais problemas
ambientais decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos, que porventura
podem contaminar os solos, rios e transmitir doenças.
62
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Essa lei tem como proposta a prática de atos de consumo sustentável que possam
propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização de resíduos sólidos, bem como
a manipulação adequada dos rejeitos que devem ser destinados, vez que podem ser
considerados resíduos sólidos, mas não podem ser reciclados ou reutilizados.

Assim, os influentes oriundos dos estabelecimentos e serviços devem antes de


serem lançados nas redes públicas de esgoto ou em receptores, atender às diretrizes
estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e saneamento.

O ordenamento jurídico pátrio atribui aos poluidores as obrigações permanentes


de cuidar do gerenciamento, transporte, tratamento e destinação final dos
seus resíduos. Porém, condutas diversas têm culminado no amontoamento e
o aterramento dos resíduos sólidos, o descarte dos resíduos líquidos em rios e
mares, bem como o lançamento de gases nocivos na atmosfera.

Dessa forma, deve-se reiterar três pontos essenciais para construção de cidadãos
conscientes, sendo esses:

» Compreensão do que vem a ser biossegurança, que nada mais é


do que a reunião de todos os meios advindos da conduta humana
ou ainda dos instrumentos criados para reduzir ou anular as
atividades que comprometem a saúde dos indivíduos, dos animais
e do meio ambiente. Além disso, a biossegurança resguarda a boa
qualidade do ambiente laboral dos trabalhadores submetidos a
essas atividades.

» Relaciona-se à relevância da intervenção eficaz dessas ferramentas


no que diz respeito ao descarte de resíduos nocivos à população, uma
vez que esses, em contato com o solo, ar ou água, tornam cada vez
mais escassos os recursos naturais.

» Mediante aplicação dos princípios da prevenção e da precaução, é


imprescindível que o Estado por meio de políticas públicas advirta
os responsáveis pelos possíveis danos, fazendo-se imperioso o
respeito às normas regulamentadoras.

Processualística em matéria ambiental


O meio ambiente, como bem jurídico coletivo e de uso comum do povo, do
ponto de vista material, sempre terá natureza difusa e transindividual. Por
outro lado, em sede processualística do Direito Ambiental, o meio ambiente não
necessariamente terá a natureza difusa e transindividual.

63
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Na processualística em matéria ambiental, poderá ser requerida a proteção


desse bem jurídico coletivo e de uso comum do povo de maneira difusa, coletiva
stricto sensu ou individual homogêneo.

Dessa forma, são estabelecidas as espécies nesse sentido, de modo que podem ser:
difusa, coletiva stricto sensu ou individual homogêneo.

» Difusa: quando no processo discutido for requerida a proteção


dos direitos difusos, significa que esse direito envolve pessoas
indeterminadas.

Os titulares do direito são indeterminados, estando ligados a uma


circunstância de fato, como, por exemplo, a poluição de um rio.

O objeto desse direito, quando buscado no processo, é indivisível,


o que é pretendido para um indivíduo é pretendido para todos os
outros da mesma forma, assim como a satisfação desse direito que
será idêntica para todos os titulares dele.

No direito difuso, não se deve separar ou quantificar o que é de cada


indivíduo. Retomando o exemplo dado, diante a poluição de um
rio e o pleito é que esse rio volte a ser saudável, busca-se um objeto
de natureza indivisível, que irá alcançar titulares indeterminados.
A pretensão e o resultado é o mesmo para todos.

» Coletivos stricto sensu: o reconhecimento da proteção no


processo coletivo será referido a titulares que são determinados.
Os indivíduos, nesse caso, são determinados por pertencerem
a um grupo, uma classe ou categoria de pessoas. Do mesmo jeito
que o interesse difuso, o objeto desse direito é indivisível, o que é
pretendido para um indivíduo, é pretendido para todo o grupo de
maneira idêntica, assim como a satisfação será a mesma para todos
os titulares.

O que liga e une os titulares desse direito é sempre uma relação


jurídica base, portanto, é diferente do difuso por não ser uma
circunstância de fato. A relação jurídica base tem que existir antes
da lesão ou antes da ameaça da lesão, podendo ser fruto de uma
relação entre os titulares do direito ou uma relação jurídica base
que existe com a parte contrária.

64
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

» Individuais homogêneos: esse interesse não foi definido na


legislação pátria como um interesse transindividual, gizando
que esses direitos são individuais na essência, mas são coletivos
mediante a forma que são pretendidos em juízo.

O que permite que esses direitos sejam requeridos juntos em juízo


é o fato deles terem sido ligados por uma origem em comum, um
fato de origem comum, ou seja, o mesmo dano envolve os titulares
daquele direito.

Vale ressaltar que esses titulares são determinados, sendo possível


identificar as pessoas que foram atingidas pelo mesmo fato. O objeto
desse interesse, diferente então dos outros dois interesses acima
citados, é divisível.

Dessa forma, nos interesses individuais homogêneos, é necessário


separar e quantificar o que pertence a cada um, tanto que nessas
ações o que é almejado sempre é a reparação de danos, pois esse
indivíduo já sofreu uma lesão individual.

Num primeiro momento, será buscada uma responsabilidade


genérica, porque não é possível quantificar o dano sofrido por
cada indivíduo. Assim, o resultado da ação será reconhecer a
responsabilidade daquele réu. Reconhecida a responsabilidade,
permite-se que os indivíduos se habilitem no processo, liquidem
individualmente o dano sofrido e posteriormente executem.

Insta salientar que cada indivíduo terá um dano em particular em


função do dano a ser discutido na ação.

O bem ambiental, embora difuso, poderá ser requerido das três formas
apresentadas no processo coletivo – difuso, coletivo e individual homogêneo –,
não impedindo que esse bem ambiental seja protegido das três formas, podendo
ser dado de um mesmo fato e mesmo dano ambiental. Viabilizando, assim, a
proteção do meio ambiente por meio de um dos três interesses.

Ocorre que, pode-se existir delimitação da proteção diante da causa e do


pedido que envolvem a identificação, se é um pedido de direito difuso, coletivo
ou individual homogêneo. O que não impede que os indivíduos se valham do
resultado da ação, é justamente por isso a importância do processo coletivo.

65
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Esse capítulo viabilizou os entendimentos sobre a pedagogia do Direito


Penal em matéria ambiental e a processualística em matéria ambiental,
mas você possui algum entendimento em relação ao Princípio do
Poluidor Pagador?

Vale ressaltar que você estudará de modo mais amplo sobre princípios no
Capítulo 3 da Unidade III, então, inicialmente, permita-se refletir sobre as
informações aqui relacionadas.

A preservação do meio ambiente para as gerações presentes e futuras


é um tema que cada dia ganha mais relevância, desde a Conferência
de Estocolmo em 1972, passando pela Rio 92, diversos países tem se
reunido para discutir temas relacionados à proteção do meio ambiente.

No Brasil, a Constituição Federal trouxe em seu artigo 225 diversos


princípios ambientais como forma de limitar a atuação do homem na
natureza, almejando uma máxima proteção ao meio ambiente.

Não restam dúvidas que o principal intuito da legislação é sempre


prevenir os danos ambientais, evitar que ele aconteça. Ocorre que,
quando essa primeira linha de defesa falha, é importante definir quem
vai ser responsável por recuperar o dano causado e quem ficará sujeito às
sanções penais e administrativas cabíveis.

É nesse contexto que apresentamos o princípio do poluidor pagador,


que está expressamente previsto na legislação infraconstitucional,
na Lei n o 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente.

Essa lei impõe para o poluidor e ao predador a obrigação de indenizar e


recuperar os prejuízos que foram causados por suas ações lesivas, tendo
também que atuar para minimizar os efeitos negativos causados por sua
atuação.

Dessa forma, não se trata simplesmente de pagar uma simples


indenização ou garantir que quem pague determinado valor tenha
o direito de poluir. Com base nesse princípio, qualquer pessoa física
ou jurídica, pública ou privada, que direta ou indiretamente cause
qualquer tipo de degradação ambiental vai ser obrigada a reparar o
dano causado.

Significa também, que quem lucra com determinada atividade lesiva ao


meio ambiente, deve responder pelos riscos e ônus dela resultantes. De
modo que se evite uma socialização das perdas e a privatização dos lucros.

66
CAPÍTULO 3
Crises ambientais e direito
ambiental: papel do estado e dos
empreendedores na busca por
soluções

Crises ambientais

É notório a desestabilização ambiental mediante crises e catástrofes que se


tornaram recorrentes na atualidade para todos os indivíduos e para o planeta
como um todo.

Principalmente o aquecimento global, que corresponde à emissão de gases estufas,


gases poluentes na atmosfera, principalmente o gás carbônico, metano e o óxido
nitroso. Assim, por volta do século XIX, a partir do ano de 1800, a emissão de
poluentes na terra começou a crescer de fato.

Esse contexto compreendia a ascensão da Primeira Revolução Industrial, com o


amadurecimento do sistema capitalista, a princípio na Inglaterra e posteriormente
no resto do mundo.

Torna-se complicado falar das crises ambientais sem reportar o modo do


sistema capitalista, de modo que o capitalismo gira entorno da busca central e
permanente do lucro e do capital.

Para atingir o objetivo desse sistema, é necessário maior produção e consumo, o


que acarreta maior emissão de gases poluentes na atmosfera. Os desmatamentos,
a produção excessiva de lixo e o avanço do aquecimento global são fatos concretos,
exibidos diariamente nos veículos midiáticos.

Infelizmente, os efeitos da degradação ambiental permeiam as gerações futuras


e irão perdurar até as próximas gerações, o que pode-se ratificar por meio do
aumento gradativo da temperatura global. Bem como, ondas de disseminação
de mosquitos transmissores de doenças, como exemplo do aedes aegypti,
popularmente conhecido como mosquito-da-dengue ou pernilongo-rajado.

67
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Outra consequência aparente é o aumento do período de secas, que se relaciona


diretamente com o nível de desmatamento do planeta, ou seja, quanto maiores os
desmatamentos, maiores se tornam os períodos de seca e também da perda de água.

Vale ressaltar que os principais responsáveis pelo desmatamento de terras são


os grandes latifundiários, os fazendeiros ricos, almejando maior produção para
obtenção de lucros.

Ademais, o aumento da temperatura do planeta gera como consequência maiores


desastres naturais, como enchentes, tempestades e deslizamentos, pois as nuvens
carregadas de vapor d’água são formadas com maior intensidade.

Outro fenômeno negativo causado é o degelo, que corresponde ao derretimento e


a redução da extensão de gelo do planeta. Além do derretimento de gelo gerar a
emissão de metano, um dos gases poluentes da atmosfera, intensificando assim,
o aquecimento global, o derretimento do gelo proporciona também o aumento do
nível do mar.

Além disso, nos últimos anos, o Brasil se tornou palco de grandes desastres
ambientais por inobservância Estatal e a ganância das grandes empresas e
mineradoras, tendo como consequência a morte de inúmeros indivíduos.

O papel do estado e dos empreendedores na


busca por soluções
Colacionaremos algumas ações estatais que impulsionam o seguimento dos
empreendedores, almejando a proteção e preservação ambiental, são elas:

Poder de polícia ambiental

O tema abordado aqui será o poder de polícia do Direito Ambiental, para poder
entender do que ele se trata. Segundo Da Costa (2010, p. 13), deve-se partir de três
aspectos:

» o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado;

» o dever do Estado e da coletividade em defender o meio ambiente


de forma a deixá-lo em perfeitas condições para as gerações futuras;

» a prescrição de normas impositivas de condutra que asseguram a


efetividade do direito ao meio ambiente ecologicicamente equilibrado.

68
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Retomando ao que aprendemos nos capítulos anteriores, vimos que o artigo 225
da Constituição Federal diz que temos o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado por meio dos seguintes dizeres – todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225).

O parágrafo 3 o do artigo 225 enuncia que as condutas devem ser severamente


punidas, da seguinte forma: “as condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados”.

As polícias ambientais foram criadas para garantir que o cidadão possa usufruir do
direito a um ambiente ecologicamente saudável, como previsto na lei, conforme
enfatizado por Da Costa (2010, p.13) e Victor e Costa (2018, p. 4).

Victor e Costa (2018, p. 5) ainda nos exemplificam quais medidas que os policiais
ambientais podem tomar no execício de suas funções:

» Multar as pessoas que cometem crimes ambientais.

» Apreender animais que foram caçados ilegalmente.

» Aprender flores, frutos e árvores extraídos sem permissão legal.

» Demolir obras que foram cosntruídas de forma irregular com


relação à legislação ambiental.

» Destruir produtos.

» Suspender a venda e fabricação de produtos que estão sendo


produzidos de forma poluidora.

» Entre outros.

É relevante ressaltar a importância da Polícia Ambiental para que se garanta o


direito da sociedade a um ambiente equilibrado, em que as condutas lesivas a ele
são severamente proibidas.

Falando com palavras mais simples e claras, o papel da Polícia Ambiental é o


de fazer cumprir a Lei Ambiental e Política Nacional do Meio Ambiente. Para
que se dê o cuprimento da legislação ambiental, a polícia faz uso do seu caráter
fiscalizatório e punitivo.
69
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Mas é do conhecimento geral que existem três tipos de polícia no Brasil: a Polícia
Militar, a Polícia Civil e a Polícia Federal. Também se sabe que a legislação
ambiental abrange as esferas municipal, estadual e federal. Então, como se dá a
atuação da polícia nessas esferas? Qual é o papel de cada um dos três tipos de
polícias existentes?

Vamos começar pela Polícia Militar. Segundo Leal e Pietrafesa (2008, p. 887),
a Polícia Militar (PM) exerce o papel de polícia administrativa. Para isso, a PM
impõe multas aos infratores, usando os dispositivos que estão previstos nas
legislações ou constituições estaduais.

Os autores também acrescentam que a PM atua por meio de convênios que


possui com os órgãos ambientais nacionais ou locais. Para o cumprimento das
leis ambientais, a PM toma decisões admistrativas baseadas no Poder Executivo
estadual ou municipal.

Quanto à atuação da Polícia Ambiental nas esferas estaduais e federais, os autores


Leal e Pietrafesa (2008, p. 886) nos dão a seguinte explicação:

[...] ou seja, no Departamento de Polícia Federal (DPF) ou na Polícia


Civil (PC) das unidades da Federação, respectivamente, que têm
a incumbência de adotar medidas necessárias para investigação,
prevenção e repressão, além da apuração das infrações penais
lesivas ao Meio Ambiente. Incluem-se nesse contexto os atos contra
a fauna (silvestre e a nativa), pesca, flora, poluição, ordenamento
urbano e patrimônio cultural, pois, afinal, o futuro da raça humana
depende da atual capacidade de preservar o meio ambiente de que
ainda dispomos.

O que seria esse conceito de poder de polícia? Para quem não é da área do Direito
é algo meio abstrato de se compreender. Então, vamos dar uma breve definição
para que quem é leigo possa compreender esse conceito.

O conceito de “poder de polícia” das insituições foi definido pelo artigo 78 do


Código Tributário Nacional, Lei no 5.172/1966, da seguinte forma:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do

70
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

poder público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e


aos direitos individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de


polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio
de poder.

Então, com base no conceito acima, podemos dizer que as Polícias Militar, Civil
e Federal atuam com o intuito de disciplinar ou limitar os direitos individuais do
cidadão e também disciplinar a produção das empresas e a atuação do mercado,
simplesmente com o intuito de se fazer cumprir a legislação ambiental. As
atividades da polícia ambiental visam à garantia da tranquilidade pública, à
permissão de que as empresas realizem suas atividades em conformidade com a
concessão ou autorização do poder público.

As atividades econômicas das empresas, quando realizadas com a devida licença


ou permissão ambiental do órgão competente, não constituem crimes ambientais.
Tem-se a impressão de que as Polícias Militar, Civil e Federal atuam de forma
isolada e não cooperam entre si, não é?

Se isto realmente acontecesse, seria impraticável a garantia do cumprimento


da legislação ambiental no Brasil. Temos um país de dimensões continentais,
o Brasil tem 26 Estados e 1 Distrito Federal. Segundo dados do IBGE (2019), o
Brasil tem 5.570 muncípios. Como você acha que seria possível se fazer cumprir
as leis ambientais se as três policias não trabalhassem em conjunto?

É claro que as polícias trabalham em conjunto para que seja viável a implatanção
da legislação ambiental. Leal e Pietrafesa (2007, p. 11) elucidam que são cada vez
mais comuns as operações conjuntas programadas com a Polícia Civil, a Polícia
Miltar e os órgãos do meio ambiente, como, por exemplo, o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama).

Os autores (2007, p. 11) costumam chamar a Polícia Militar de Polícia


Ambiental, mas não é um termo apropriado, pois as outras polícias (Civil e
Federal) também atuam no cumprimento das leis ambientais. Chamar apenas
uma das polícias de Polícia Ambiental é ignorar a atuação das outras polícias
e menosprezar a igual importância que as três polícias exercem para que se
garanta o direito de todos a um ambiente ecologicamente equilibrado.

71
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Para exemplificar a atuação da Polícia Ambiental, falaremos sobre como a polícia


tem agido com muita eficiência no combate do crime ambiental de tráfico de
animais no Brasil.

No estado de Goiás, é muito comum a prática do crime de tráfico de animais


silvestres. Essa prática tem sido comum em todos os estados brasileiros, devido
à diversidade da fauna brasileira. Porém, no Estado de Goiás, a Polícia Militar
tem agido com extrema eficiência e maestria no combate a esse tipo de crime
ambiental contra a fauna, que é descrito no artigo 29 da Lei n o 9.605/1988.

Matos e De Oliveira (2019, p. 8) esclarecem que a polícia militar goiana faz uso de
ferramentas tecnológicas avançadas para o combate ao crime de tráfico de animais.
Essas ferramentas são: ferramentas de análise criminal, georreferenciamento,
monitoramento de ações operacionais e sociais integradas e de inteligência e de
integração de um banco de dados.

Sabe-se que o uso dessas ferramentas tecnológicas é extremamente oneroso


para a polícia, porém, os resultados são extremamente satisfatórios, visto que
isso facilita o trabalho da polícia. Para se ter uma ideia da importância desse
tipo de investimento, Matos e De Oliveira (2019, p. 8) explicam que, por meio
dessas ferramentas, a Polícia Militar goiana conseguiu ter um registro mais
rápido, eficiente e limpo dos atos crimonosos. Além disso, por meio da estatística
criminal, a Secretaria Pública do Estado de Goiás – SSP/GO, que é um órgão
da Polícia Civil, consegue ter acesso aos números dos boletins de ocorrências
policiais.

Vê-se que há uma integração entre as Polícias Militar e Civil para combater de
forma eficaz a criminalidade ambiental em Goiás.

Veja a seguir o exemplo da atuação da Polícia Militar goiana que nos é dado por
Matos e De Oliveira (2019, p. 9):

Um exemplo de atuação da Policia Militar Ambiental foi em


janeiro de 2017, no município de Aparecida de Goiânia/GO,
onde foi apreendido, em uma quitinete, 33 animais silvestres em
condições inadequadas. Os animais estavam dentro de caixas e as
suspeitas foram que eles seriam vendidos ilegalmente. Dentre os
animais encontrados, havia quatro aranhas caranguejeiras, quatro
iguanas, nove jabutis e 16 serpentes – adultos e filhotes. Os animais
apreendidos na quitinete foram encaminhados ao Cetas – Centro de
Triagem de Animais Silvestres.

72
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Os exemplos anteriormente mencionados são apenas para elucidar a importância


do trabalho em conjunto das polícias para que se combatam os crimes ambientais
no Brasil. São muitos casos de sucesso no combate aos crimes ambientais em que
houve a força tarefa entre as três polícias e foram usados os recursos tecnológicos
mais avançados que existem.

Não nos estenderemos mais com exemplos, apesar desse assunto ser interessante
de ser estudado. O objetivo deste capítulo é explicar a importância da atuação da
polícia no Direito Ambiental de forma a garantir o equílibrio do meio ambiente
como direito fundamental a todo cidadão brasileiro.

Cabe a você estudar mais sobre os casos de sucesso ou até mesmo os casos de
insucesso da polícia no cumprimento das leis ambientais brasileiras. Trata-se de
um assunto importante e com vasta literatura científica publicada sobre ele.

Os instrumentos administrativos de proteção


ambiental na Política Nacional do Meio Ambiente
(zoneamento ambiental, licenciamento ambiental,
estudo prévio de impacto ambiental e sanções
administrativas)

A Política Nacional do Meio Ambiente é definida pela Lei n o 6.938, de 31


de agosto de 1981. Conforme descreve o artigo 2 o dessa lei, o objetivo da
Política Nacional do Meio Ambiente é preservar, melhorar e recuperar a
qualidade ambiental propícia à vida. Essa política visa ao desenvolvimento
socioeconomico do país, de forma a garantir a proteção da dignidade da vida
humana. Para a dignidade da vida humana, presume-se a vivência em um
ambiente ecologicamente saudável.

Por meio do artigo 1o dessa lei, foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(Sisnama) e foi instituído o Cadastro de Defesa Ambiental. O artigo 2o dessa lei
criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Essa lei possui diversos instrumentos para sua aplicação. Os instrumentos da


Política Nacional do Meio Ambiental são os citados no artigo 9o, de modo que:

Art. 9o São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II – o zoneamento ambiental;

III – a avaliação de impactos ambientais;

73
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou


potencialmente poluidoras;

V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a


criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da
qualidade ambiental;

VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos


pelo poder público federal, estadual e municipal, tais como áreas
de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas
extrativistas;

VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de


Defesa Ambiental;

IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não


cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da
degradação ambiental;

X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente,


a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – Ibama;

XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio


Ambiente, obrigando-se o poder público a produzí-las, quando
inexistentes;

XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente


poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais;

XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão


ambiental, seguro ambiental e outros.

Neste capítulo, serão abordados apenas os seguintes instrumentos da Política


Nacional do Meio Ambiente:

» zoneamento ambiental;

» estudo prévio de impacto ambiental;

» licenciamento ambiental.

Também serão abordadas, aqui, as sanções administrativas referentes a esses três


instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente.

74
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

O zoneamento ambiental está previsto no artigo 9o da Lei no 6938/1981. O


zoneamento ambiental é definido por meio do Decreto no 4297/2002.

O licenciamento ambiental é descrito no art. 10 da Lei no 6938/1981 desta forma:

Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento


de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão
de prévio licenciamento ambiental.

Mas o que seria exatamente o licenciamento ambiental? Vamos ver a definição


bem didática para que possamos entender do que se trata esse instrumento. Para
Honaiser (2009, p. 1), o licenciamento ambiental consiste em uma avaliação
prévia de projetos ou atividades, quer sejam as atividades do poder público
ou atividades particulares. Essa avaliação analisa se a instalação, operação
ou mesmo ampliação dos empreendimentos irá causar algum dado ao meio
ambiente.

Percebe-se que o licenciamento ambiental é de extrema importância para o poder


público e para a sociedade civil. Farias (2006, p. 431) define o licenciamento
ambiental como sendo um mecanismo que prova a interface entre o empreendedor
e o Estado.

Além disso, o autor acrescenta que a atividade da empresa pode ter interferência
na estrutura do meio ambiente, por isso, essa atividade empreendedora deverá
ser realizado em conformidade com os objetivos que se encontram na Política
Nacional do Meio Ambiente, definidos pela Lei n o 6938, de 31 de agosto de 1981.

O autor Farias (2006, p. 431) ainda defende a ideia de que o licenciamento é


considerado como sendo o instrumento mais efetivo da Política Nacional do Meio
Ambiental. Isto devido ao fato de que esse instrumento propicia a articulação
entre os outros intrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, tais como:
a avaliação de impactos ambientais, os padrões de qualidade ambiental e o
zoneamento urbanístico ambiental. Esses instrumentos foram citados no artigo
9 o da Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Convém mencionar que o licenciamento ambiental é composto pela obtenção


de três tipos de licenças: licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e licença
de operação (LO). Essas três licenças são definidas pelo artigo 19 do Decreto
n o 99.274, de 6 de junho de 1990. Segundo esse decreto, as três licenças são
definidas da seguinte forma:

75
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Art. 19. O poder público, no exercício de sua competência de


controle, expedirá as seguintes licenças:

I – Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de


atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas
fases de localização, instalação e operação, observados os planos
municipais, estaduais ou federais de uso do solo.

II – Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação,


de acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo
aprovado.

III – Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações


necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento
de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o
previsto nas Licenças Prévia e de Instalação.

Uma consideração importante sobre o licenciamento ambiental é feita por Lopes


e Santo (2019, p. 131). Esses autores afirmam que o licenciamento ambiental,
em conjunto com a fiscalização, pode ser considerado como sendo a principal
manifestação do poder de polícia exercido pelo Estado sobre as atividades que
utlizam os recursos naturais ambientais.

Para se obter detalhes técnicos sobre os procedimentos a serem realizados para se


obter o licenciamento ambiental das atividades empreendedoras, recomenda-se a
leitura dos trabalhos de Farias (2019) e Fiorillo (2019).

Agora, vamos à definição do último instrumento da Política Nacional do Meio


Ambiente a ser estudado. Vamos definir o instrumento chamado Estudo Prévio de
Impacto Ambiental.

O Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) ou simplesmente Estudo de


Impacto Ambiental (EIA) era conhecido como Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA) até a promulgação da Constituição Federal de 1988, conforme explica
Souza (2003, p. 27).

Nos referiremos ao Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) pelo seu


nome mais simplificado e recorrente na literatura, que é o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), por meio da Resolução


n o 1/1986, especifica quais atividades empreendedoras que são obrigadas a

76
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

apresentar o EIA. O artigo 2 o dessa resolução, por meio do seu item IX, define
que a atividade de extração de minério deverá apresentar o EIA.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) costuma ser acompanhado do seu respectivo


Relatório de Impacto Ambiental (Rima). A referência a estes dois relatórios se
dá pela sigla EIA/Rima. Souza (2019) define o conceito de Impacto Ambiental
como sendo quaisquer alterações (efeitos), benéficas ou não, causadas no meio
ambiente por meio das atividades humanas. No trabalho dessa autora, é possível
ver quais são os itens que devem constar da elaboração do EIA-Rima, conforme
as exigências da legislação ambiental.

A apresentação do Eia-Rima é uma exigência para que se obtenha o licenciamento


ambiental. Sobre isto os Lopes e Santo (2019, p. 142) fazem a seguinte elucidação:

Em específico, o EIA/RIMA é instrumento de grande importância


para a proteção ambiental e para o processo de licenciamento
ambiental e está previsto na Constituição Federal de 1988, no
art. 225, § 1o, IV. Ele deverá ocorrer antes de eventual concessão
de licença prévia e ser realizado por equipe multidisciplinar. O
conteúdo do EIA é amplo e técnico, e o do RIMA deverá refletir
o resultado do EIA, de forma mais acessível, para que qualquer
pessoa possa apreciar, conforme Resolução n o 1/1986 do Conama.

Tanto a apresentação do EIA-Rima como o licenciamento ambiental são atividades


obrigatórias para as atividades que estão descritas na Resolução no 1/1986, do
Conama.

O artigo 11 da Resolução n o 237, de 19 de dezembro de 1997, determina que todos


os estudos necessários para se obter o licenciamento ambiental deverão ser
feitos por técnicos habilitados e que estudos deverão ser pagos pelo empreendor.
Esse artigo também esclarece que tanto os técnicos que assinam os estudos
como os donos do empreendimento são responsáveis pelas informações que
são apresentadas e sofrerão as devidas sanções administrativas, civis e penais
cabíveis na legislação.

O artigo 69-A da Lei no 9.605/1998 considera que se trata de crime ambiental o


ato de elaborar ou apresentar o relatório ambiental total ou parcial que contenha
informações que sejam falsas ou enganosas, ou até mesmo omitir informações.
Os relatórios a que esse artigo se refere são os EIA-Rima a ser apresentados no
processo de licenciamento ambiental.

77
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Para esse crime ambiental, a pena é de 3 a 6 anos de reclusão, e multa. Se


houver algum dano significativo ao meio ambiente, a pena para esse crime
será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). Visto que houve o uso de
informações falsas, incompletas ou enganosas intencionalmente.

Todas as sanções administrativas para o empreendedor que apresenta o


EIA-Rima que não esteja em conformidade com a lei, estão descritas no artigo 72
da Lei no 9.605/1998. Os técnicos que assinam o Eia-Rima que não se encontra
em conformidade respondem aos Conselhos Profissionais a que pertencem a sua
categoria profissional e também sofrerão sanções do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama).

Bem, finalizamos este capítulo por aqui e recomendo que você estude os seguintes
relatórios de EIA-Rima:

» Rima do Projeto de Expansão da Fábrica de Três Lagoas – MS da


Empresa Eldorado (2019).

» EIA do Processo no 110 apresentado à CETESB, em 26 de abril de


2019. Número do processo eletronico: CETESB 036415/2019-43.

A teoria da dupla imputação


É entendimento pacífico tanto do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) que pessoas jurídicas podem cometer crimes
ambientais e serem responsabilizadas penalmente.

Segundo os Tribunais Superiores, o art. 225, § 3o da Constituição Federal se traduz


em um mandato de criminalização para os ofensores de bens ambientais. Em
que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados” (art. 225, §3º).

Nesse contexto, a Lei no 9.605/1998 em seu artigo 3º, surgiu em decorrência do


dispositivo constitucional e regulamentou a possibilidade de imputação penal às
pessoas jurídicas por crimes ambientais. Assim,

Art. 3o as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa,


civil e penalmente conforme o disposto nessa lei, nos casos em
que a infração seja cometida por decisão de seu representante
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou
benefício da sua entidade.

78
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não


exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do
mesmo fato.

De acordo com a referida lei, para que pessoas jurídicas sejam resposabilizadas
por crime ambiental, é necessário que se observe o preenchimento de dois
requisitos de forma cumulativa: é preciso que a infração penal tenha sido
cometida pelo representante legal, ou contratual, ou também por decisão do
colegiado da pessoa jurídica; e que a infração penal seja cometida no interesse
ou benefício da entidade.

Insta salientar que a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a


responsabiliade das pessoas físicas, autores, coautores ou partícipes do mesmo
fato.

Parte da doutrina defende que a responsabilidade da pessoa jurídica só pode


ocorrer em conjunto com a responsabilidade da pessoa física, que tenha atuado
em seu nome e em seu benefício.

Nesse sentido, o Ministério Público não poderia oferecer a denúncia apenas contra a
pessoa jurídica, devendo identificar obrigatoriamente as pessoas físicas que tenham
participado do delito.

É isso que defende a teoria da dupla imputação, assim, é condição necessária que
exista a denúncia e condenação para ambos, pessoa física e pessoa jurídica.

Vale ressaltar que o STJ, durante muito tempo, adotou a teoria da dupla imputação,
mesmo no ano de 2013, o STF tendo se manifestado pelo tema, não acatando o
entendimento do STJ. Para saber mais sobre o entendimento do STF, estude o RE
548.181/PR.

O RE 548.181/PR está disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/


paginador.jsp?docTP=TP&docID=7087018.

Nesse julgamento, o STF, por três votos a dois, admitiu a possibilidade de


condenação da pessoa jurídica e absolvição da pessoa física, até mesmo do
gestor da empresa. Isso significa que o STF desvinculou a responsabilidade da
pessoa jurídica da responsabilidade das pessoas físicas, supostamente autoras e
partícipes do delito ambiental.
79
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Em evolução jurisprundencial, o STJ aderiu ao atendimento do STF em junho de


2015, por isso, atualmente, as duas cortes desconsideram a necessidade de dupla
imputação em crimes ambientais praticados por pessoas jurídicas.

Diante todas informações acima colacionadas, relacionando as crises


ambientais e as consequências apresentadas pelo direito ambiental,
você já aprendeu que é uma garantia constitucional a manutenção
sustentável do meio ambiente, mas qual o papel do Estado e dos
empreendedores na busca por soluções mais sustentáveis?

É possível que uma empresa ou um empreendedor combine o respeito ao


meio ambiente, igualdade social e sucesso comercial?

Elencamos boas práticas que são impulsionadas pelo desenvolvimento


sustentável, de modo que esse cria valores como:

» a atualização de ferramentas de produção;

» redução da utilização de energia e água;

» a oferta de produtos ecoprojetados e embalagens utilizando


apenas o necessário;

» economia de materiais e custos de envio;

» prestando atenção nos funcionários com empatia;

» aumentando a qualidade de vida no trabalho;

» auxiliando os funcionários a desenvolver suas competências;

» fortalecimento do comprometimento;

» criação de produtos acessíveis para a população mais vulnerável;

» abertura de novos mercados de modo adequado;

» monitoramento das condições de trabalho oferecidas por


fornecedores e subempreiteiros minimiza riscos prejudiciais à
imagem da empresa.

Dessa forma, faz-se necessário que mais empreendedores e empresas


compreendam que possuem responsabilidades econômicas, sociais e
ambientais, estando comprometidos em fazer a diferença, podendo aproveitar
mais essa chance para criar novos valores e obter mais sucesso mediante a
utilização do desenvolvimento sustentável.

80
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Compliance ambiental: visão empresarial

Definição do termo ‘compliance’

O termo ‘compliance’ significa estar de acordo com as regras, seja estar em


cumprimento de uma legislação, uma norma técnica, um certificado ISO ou até
mesmo às normas internas de uma empresa. Muitas vezes, as grandes potências
multinacionais possuem política definida para os países europeus, norte americanos
e acabam aplicando-os também no Brasil.

O compliance é toda a instrumentação da empresa para seguir essas regras e


validar que todos os processos internos estejam ocorrendo de acordo com o que
fora estabelecido nas políticas e regras estipuladas.

Compliance ambiental

No caso do compliance ambiental a atuação se torna presente nos casos


associados à gestão de resíduos, gestão de efluentes, questões relacionadas ao
meio ambiente e o vínculo desse com as pessoas.

A legislação ambiental no Brasil reúne todas as atividades de uma empresa,


desde a extração da matéria-prima, processo produtivo e distribuição dos
produtos, até a chegada desse item às mãos do seu consumidor final.

Assim, em muitos casos, quando a logística de verificação é reversa, o produto é


retirado das mãos do cliente para o retorno da indústria, a fim de garantir que
aquele material será devidamente descartado e reciclado.

A compliance ambiental forma um arcabouço jurídico complexo, no qual as


empresas possuem um grande desafio para cumprir todas as regras estipuladas
e já estabelecidas. Nesse aspecto, a compliance é uma ferramenta fundamental,
compondo uma importante área das empresas na garantia de cumprimento às
diretrizes ambientais.

Sendo vista equivocadamente como um instrumento negativo, que impõe processos


e burocracia, a compliance ambiental é fundamental para validar procedimentos
empresariais, mantendo a ordem e adequação dessas.

81
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Relações estabelecidas pela compliance


ambiental

No que tange à gestão ambiental da compliance, vale ressaltar que existem


ferramentas que contribuem na rotina empresarial, concentrando todas as
informações que estão dispersas entre os seguintes interlocutores:

» operadores logísticos;

» fábricas;

» empresas;

» diversos fornecedores;

» entre outros.

Essa concentração das relações estabelecidas são determinadas em apenas um local,


dessa forma, a maioria das empresas utilizam plataformas para auxiliar nessa gestão.
Programas ou organizações que trabalham de forma específica com a compliance
ambiental.

Assim, torna-se cada vez mais viável a gestão de uma plataforma que une geradores e
seus diversos fornecedores, sejam esses transpotadores, gerenciadores de resíduos
e os destinatários finais, bem como:

» todas as licenças;

» certificados finais;

» Sistema de Manifesto de Transporte de Resíduos – MTRs.

Compreendendo todos em uma única plataforma, viabiliza-se a realização de


auditoria em tempo real de todos os processos empresariais. Ademais, auxilia-se
também no processo de compliance, almejando garantir que todas as empresas
estejam de acordo com a legislação.

A compliance ambiental como exigência

A comunidade internacional exige do Brasil e de suas empresas preocupação


especial às questões relacionadas ao meio ambiente, tal como a proteção dos
patrimônios nacionais que são a Floresta Amazônica brasileira, Mata Atlântica,
Serra do Mar, Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira Brasileira.

82
DIREITO PENAL AMBIENTAL │ UNIDADE II

Atentando-se em investigar se os produtos que são exportados pelo Brasil, como a


carne, soja e milho, são produzidos de maneira sustentável e de modo consciente.
Esse controle internacional é relacionado à produção. As empresas comerciais
que atuam como intermediárias, conhecidas como tradings, necessitam garantir
que realizam as compras de fazendas que estão cumprindo a compliance.

Desse modo, como forma de exemplificar o que foi dito acima, os frigoríficos
brasileiros precisam garantir para os seus compradores do exterior que as fazendas
que repassaram o produto seguem a compliance. Os bancos devem certificar que
estão financiando produtores que estão seguindo a compliance.

Importância da compliance ambiental nas


empresas

A compliance ambiental viabiliza a garantia, por exemplo, de que a compra


de uma matéria-prima, independente de qual seja a sua commoditie ou que a
concessão de créditos esteja cumprindo diversos critérios, como sobreposição
daquele território com terras indígenas, desmatamento, trabalho escravo etc.

Figura 4. Compliance ambiental como método prolífico para sustentabilidade.

Fonte: https://jonyrio.jusbrasil.com.br/artigos/514454399/compliance-ambiental-como-metodo-prolifico-para-a-
sustentabilidade-empresarial.

A inobservância desses critérios pode manchar e acabar com a boa reputação de um


grande banco, um grande varejista, de uma indústria de insumos ou de quaisquer
empresas, que muitas vezes possuem em sua marca o principal ativo.

Vale ressaltar que as questões socioambientais têm grande relevância atualmente,


apresentando-se de modo latente nos indivíduos, que almejam a preservação e
conservação do meio ambiente.

83
UNIDADE II │ DIREITO PENAL AMBIENTAL

Assim, a compliance ambiental permite a participação empresarial nas


campanhas de monitoramento que dispõem como plano de fundo do país ter um
desenvolvimento sustentável, bem como a contribuição para redução dos efeitos
do aquecimento global.

A preocupação com o desenvolvimento sustentável possibilitou a criação da


ferramenta de compliance que permite avaliar toda a cadeia produtiva, como,
por exemplo, se uma propriedade rural que forneceu matéria-prima para todos
os elos da cadeia está em compliance com o que a regulação impõe em termos de
desmatamento, terras indígenas, entre outros, é de suma importância.

Depois de todas as valiosas informações aqui estudadas e realização da


leitura atenta desse capítulo, responda aos questionamentos abaixo:

» O termo ‘compliance’ é utilizado de modo usual na mídia e diversos


meios de veiculação social, mas você já sabia o que significava?

» Você tinha ideia da importância da compliance na esfera ambiental?

» Como a compliance afeta a vida das empresas?

Para a sua reflexão, colacionamos algumas informações para compor os seus


conhecimentos, dessa forma, cumpre salientar que o termo ‘compliance’ foi
impulsionado depois da Operação Lava Jato, que em sua investigação fora
implatada a ferramenta da compliance.

No âmbito ambiental, a compliance é utilizada como instrumento


para cumprimento de leis e normas, tendo como função a prevenção,
fazendo assim, a detectação e constação de problemas relacionados à
degradação do meio ambiente. Assim, a compliance ambiental aborda
principalmente os princípios da prevenção e duplo pagador.

Ante o exposto, conclui-se que a finalidade da compliance ambiental é utilizar


o instrumento de fiscalização, prevenção e aplicação da legislação dentro
da organização, para que haja o resguardo do meio ambiente e, com isso,
diminuição dos riscos empresariais.

84
TUTELA JUDICIAL I UNIDADE III

CAPÍTULO 1
A tutela processual diferenciada
em sede ambiental e o direito ao
desenvolvimento sustentável

A tutela processual diferenciada em sede


ambiental
As tutelas processuais diferenciadas são aquelas que subsidiam procedimentos
diferentes ao procedimento comum e ordinário. Afastando-se, assim, do modo
sistemático, pois almejam assegurar um processo mais célere, intencionando
atingir efetiva contribuição jurisdicional (GOLDBERG, 2016).

Dessa forma, compreende-se que as tutelas processuais diferenciadas são


procedimentos excepcionais, sendo requeridos em casos específicos e de
extrema relevância social, buscando atender interesses de um bem maior, como
nos casos de proteção ambiental (GOLDBERG, 2016).

Ademais, as tutelas processuais diferenciadas viabilizam conveniências mediante


implementação desses procedimentos diferenciados dos tradicionais, possibilitando,
muitas vezes, uma resolução mais rápida e adequada, garantindo a preservação e
conservação ambiental (THEODORO, 2016).

Compensação ambiental
A compensação ambiental é um dos mais importantes instrumentos utilizados
para defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações,
sendo gizada no artigo 36 da Lei n o 9.985/2000.
85
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

Art 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos


de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto
ambiental e respectivo relatório (EIA/RIMA), o empreendedor
é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de
conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o
disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.

§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para


esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos
totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o
percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com
o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.

§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades


de conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas
apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo
inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de
conservação.

§ 3 o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação


específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que
se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante
autorização do órgão responsável por sua administração, e a
unidade afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção
Integral, deverá ser uma das beneficiárias da compensação
definida neste artigo.

§ 4o A obrigação de que trata o caput deste artigo poderá, em virtude


do interesse público, ser cumprida em unidades de conservação de
posse e domínio públicos do grupo de Uso Sustentável, especialmente
as localizadas na Amazônia Legal.

Além disso, a compensação ambiental nada mais é do que uma contrapartida


que um empreendimento de significativo impacto ambiental deve pagar pela
utilização e exploração de recursos ambientais.

Dessa forma, o empreendendor é obrigado a apoiar a implantação de uma


unidade de conservação de uso integral. A compensação ambiental, portanto, tem
fundamento no princípio do usuário pagador e deve ser paga logo no momento
da licença de instalação, mesmo que ainda não se saiba se haverá efetivamente a
poluição ou danos causados ao meio ambiente.

86
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

É por esse motivo que a compensação ambiental está intimamente ligada ao


princípio da prevenção no Direito Ambiental, pois haverá o pagamento por danos
inevitáveis e imprescindíveis à realização do empreendimento.

Os danos ambientais que deverão ser ressarcidos pelo particular, por meio da
recuperação do meio ambiente ou do pagamento de alguma indenização, se
fundamenta no princípio do poluidor pagador.

Vale ressaltar que existe uma divergência sobre se a compensação ambiental


se trata de preço público, tributo ou indenização. Alguns entendem que
o Supremo Tribunal Federal, ao reconhecer a constitucionalidade do
instituto da compensação ambiental, entendeu que a natureza jurídica seria
de compartilhamento de despesas. Para entender um pouco mais sobre o
posicionamento do STF na ADI n o 3378/2008.

O AG.REG. na Reclamação 12.887/SC está disponível e: http://redir.stf.jus.br/


paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=4816827.

Ademais, parte da doutrina entende que a compensação ambiental tem natureza


jurídica reparatória de danos ambientais futuros. Segundo o Superior Tribunal
de Justiça, o dano ambiental que já foi alvo de uma compensação anterior não
gera uma nova responsabilidade civil do empreendendor, sob pena de dupla
punição.

Será possível essa responsabilização posterior quando o dano ambiental não


estiver previsto no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) e
também não tiver sido alvo de compensação ambiental.

Insta salientar que o STF entendeu inconstitucional a parte do texto legal que diz
que o percentual não pode ser inferior à ½% (meio por cento) dos custos totais para
implementação do empreendimento ou da atividade.

Desse modo, o valor da compensação compartilhamento deve ser fixada


proporcionalmente ao dano ambiental causado, observando o contraditório e a
ampla defesa.

Planejamento e direito ao desenvolvimento


sustentável
Marco e Mezzaroba (2017, pp. 334-340) dizem que o desenvolvimento sustentável
é uma responsabilidade e ao mesmo tempo um direito fundamental do ser humano.
Mas do que se trata o conceito de desenvolvimento sustentável?

87
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

Hoje, usar a expressão ‘desenvolvimento sustentável’ está na moda, mas ela não
é atual como se pensa. Na década de 1990, Baroni (1992, p. 16) já chamava
atenção para o modismo de se usar a expressão ‘desenvovimento sustentável’
sem ao menos compreender o que ela significa.

Segundo a autora, tem-se a seguinte definição para o termo desenvolvimento


sustentável:

Ao final, a definição de desenvolvimento sustentável adotada


pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(WCED) fica sendo: “desenvolvimento sustentável é o
desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer as habilidades das futuras gerações de satisfazerem
suas necessidades”.

Essa definição é extremamente vaga e abstrata. Montibeller Filho (1993, p. 135) nos
fornece a seguinte definição de desenvolvimento sustentável:

É desenvolvimento, porque não se reduz a um simples crescimento


quantitativo. Pelo contrário, faz intervir a qualidade das relações
humanas com o ambiente natural, e a necessidade de conciliar a
evolução dos valores socioculturais com a rejeição de todo processo
que leva à deculturação. É sustentável, porque deve responder às
necessidades da população atual, sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de responderem às suas.

A definição dada pelo Montibeller Filho (1993, p. 135) é mais clara e concisa do que
a definição dada por Baroni (1992, p. 16), mas devemos considerar que o contexto
histórico e econômico, há quase 30 anos, era completamente diferente do contexto
histórico-econômico atual.

No início da década de 1990 não tínhamos atingido o ápice do consumismo,


atingido nos dias de hoje. A internet foi a principal ferramenta para se propagar a
cultura do consumismo, e hoje estamos da iminência do esgostamento de muitos
dos recursos naturais dos quais dependemos.

Vamos a uma definição mais recente do desenvolvimento sustentável.

Para Chipindo (2018), o desenvovimento sustentável requer a promoção de


valores que estimulem os padrões de consumo dentro dos limites ecologicamente
possíveis, aos quais todas as pessoas possam respirar razoavelmente. O
desenvolvimento econômico também demanda que as sociedades satisfaçam às
suas necessidades humanas incrementando o potencial produtivo e assegurando
oportunidades equitativas para todos.

88
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

Essa definição de Chipondo (2018) foi a definição menos técnica e mais concreta
que se pode encontrar na literatura sobre o desenvolvimento sustentável. Essa
definição levou em conta a desigualdade social entre países pobres e ricos. E
também levou em consideração a grande desigualdade social existente nos países.

Sabe-se muito bem que é mais fácil implantar políticas de desenvolvimento


sustentável em países ricos do que em países pobres, onde as pessoas não têm
acesso às condições básicas que garantam a dignidade da vida humana.

Uma interessante coloção é feita por Molina (2019, p. 85), segundo a autora, o
desenvolvimento sustentável é essencial à continuidade da vida humana, e a sua
abrangência nas esferas social, política, ambiental e econômica, fez emergir a
necessidade de elaboração de indicadores que são capazes de mensurar quanto os
países estão sendo sustentáveis, e por meio da análises desses índices, é possível
implementar políticas com o objetivo de manter a sustentabilidade.

Qual o papel do Direito Ambiental brasileiro para garantia do desenvolvimento


sustentável? Reis (2018, p. 4) explica que o Direito Ambiental atua para garantir o
desenvolvimento sustentável da seguinte maneira:

Em virtude dos vários tratamentos dados ao Desenvolvimento


Sustentável, a legislação ambiental deve ser aplicada da
maneira mais próxima de resguardar o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, posto que, isso guarda a premissa
maior da proteção ambiental: qualidade de vida (grifo nosso)
e já mencionada. A exploração racional e a preservação dos
recursos naturais, juntos, compõem exatamente a ideia do
desenvolvimento sustentável, isto é, a busca do desenvolvimento
sem violar a sustentabilidade do meio ambiente.

Reis (2018, p. 4) ainda enfatiza que o desenvolvimento sustentável, em conjunto


com as práticas de proteção ambiental, é endossado pelos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente. Os instrumentos a que o autor se refere são
o Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima), o
licenciamento ambiental e a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).

Devemos compreender que a apresentação do Eia-Rima e a obtenção do


licenciamento ambiental não se trata de cumprir apenas as exigências ambientais
burocráticas. Esses instrumentos são a forma que a legislação ambiental
encontrou para estudar os impactos ambientais causados pelas atividades
econômicas com potencial poluidor.

89
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

Além disso, esses instrumentos deixam por escrito uma espécie de inventário
ambiental para as gerações futuras. As gerações futuras têm o direito de saber como
as atividades econômicas estão impactando o meio ambiente em que vivem.

Terminamos esse capítulo por aqui, e deixamos para que você reflita sobre o
que foi aprendido, com base nos estudos mais aprofundados sobre a legislação
ambiental e sobre os crimes minerários mais recorrentes, e propor as soluções
para que desastres ambientais possam sempre ser evitados e que se garanta a
sobrevivência de uma atividade econômica tão importante, quanto é a mineração,
para o desenvolvimento econômico sustentável da economia brasileira.

Após estudarmos esse capítulo que versa sobre tutela processual


diferenciada em sede ambiental e o direito ao desenvolvimento
sustentável, vamos continuar refletindo sobre o que é esse direito ao
desenvolvimento sustentável?

De que forma ele se dá e como se tornou usual com o passar dos anos?

A ideia do desenvolvimento sustentável surge no final da década de


1980, como resposta ao crescimento mundial dos problemas sociais e
ambientais. Com a globalização, o abismo de desigualdade entre países
ricos e pobres aumenta significativamente dia após dia, tendo a projeção
para o crescimento populacional alarmante.

Ante essa breve exposição, fomentamos alguns questionamentos:

» Como serão alimentadas as pessoas que irão nascer nos próximos


anos?

» Todos os indivíduos terão o fornecimento de água potável?

» Qual será o status dos cuidados relacionados à saúde?

» A maioria dos indivíduos terão acesso à educação?

» Como proteger a biodiversidade?

» Quais ações poderão ser realizadas contra as alterações


climáticas?

» Como ter certeza de que o desenvolvimento industrial representa


o progresso para todos os indivíduos?

90
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

A proposta apresentada para refletirmos sobre essas perguntas é de um


novo desenvolvimento, uma variação do modelo tradicional chamado de
desenvolvimento sustentável. O termo ‘desenvolvimento sustentável’ foi
definido oficialmente no ano de 1987 como parte das preparações da ECO 92.

Assim, o desenvolvimento sustentável significa que o crescimento deve


dar-se com a natureza e ao ser humano. O objetivo apresentado por
essa nova forma de pensar em relação ao desenvolvimento só é viável
diante da interseção de 3 (três) importantes pilares:

» a proteção ambiental;

» a responsabilidade social;

» objetivos econômicos.

91
CAPÍTULO 2
As relações entre o princípio do
desenvolvimento sustentável, em
todas as suas dimensões, e as teorias
processuais

O princípio do desenvolvimento sustentável,


suas dimensões e teorias
Inicialmente, cumpre salientar que o direito ambiental é tratado também dentro dos
direitos humanos, tendo em vista que o bem-estar e dignidade da pessoa humana
são uma preocupação legal. Para isso, é necessário garantir que o espaço que esse
indivíduo está alocado é preservado e possui um desenvolvimento sustentável.

Assim, o ser humano está inserido em um ecossistema, o qual também deve ser
assegurado. Diante à necessidade de sobrevivência e grande exploração para
obtenção de lucros, os indivíduos exploram o ecossistema e suas ações reverberam
em ações negativas para as presentes e futuras gerações.

É nesse cenário que se insere o direito humano ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado. A preocupação mundial com esse direito internacional ao meio
ambiente equilibrado se inicia na década de 1970, quando a Organização
das Nações Unidas (ONU) no ano de 1972, em Estocolmo, capital da Suécia,
realizou-se a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano.

Na Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, foram fixados princípios para


serem seguidos por países membros da ONU, almejando proteger a dignidade da
pessoa humana por meio da proteção ao meio ambiente.

Diante o primeiro princípio da Declaração de Estocolmo foi disposta a


equiparação do direito ao meio ambiente equilibrado a outros direitos
fundamentais, como o princípio da igualdade e o princípio da liberdade.

Dessa forma, viabilizou-se a elevação do patamar de proteção do meio ambiente


equilibrado ao lado dos direitos fundamentais, fixando no plano internacional a
possibilidade de vislumbrar a dignidade da pessoa humana por meio do respeito e
garantia ao meio ambiente.
92
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

Ademais, cumpre salientar que não foi apenas no ano de 1972 que a ONU começou
a se preocupar em fixar uma espécie de política universal de proteção ao meio
ambiente, tendo em vista que no ano de 1987, por meio do Relatório Brundtland,
houve a necessidade da fixação do que seria ideal para um desenvolvimento
sustentável.

O Relatório Brundtland compreendeu que diante a necessidade de desenvolvimento


junto ou em conjunto à exploração do meio ambiente, seria imprescindível não
pensar somente nas presentes gerações, mas também nas futuras.

Por isso é impulsionado o ideal de desenvolvimento sustentável, fixando a


possibilidade de explorar o meio ambiente e recursos naturais, mas levando em
consideração que esses não poderão ser esgotados, tendo em vista que as futuras
gerações também necessitarão do meio ambiente.

Na soma do princípio ao meio ambiente ecologicamente equilibrado com o direito


ao desenvolvimento sustentável, é fixada uma agenda global, que no ano de 1992 é
titular de um evento, a ECO 92, RIO 92 ou a Cúpula da Terra, evento que ganhou
notoriedade no sistema global de proteção dos direitos humanos.

A Cúpula da Terra reuniu países engajados na necessidade de estabelecer


diretrizes para alcançar a efetiva proteção do meio ambiente. Esse evento
viabilizou o início e elaboração de três Conferências da ONU:

» a primeira tendo como foco a biodiversidade;

» a segunda em relação ao processo de desertificação;

» a terceira refere-se às alterações climáticas.

Insta salientar que as mudanças climáticas cada vez mais afetam o dia a dia de todos
os indivíduos, com reflexos que podem ofender a dignidade da pessoa humana.
É nesse cenário de proteção ao meio ambiente que o ano de 2015 ganha relevo
no cenário internacional, como um ano que fixou duas oportunidades, metas e
objetivos a serem seguidos por países, almejando a proteção do meio ambiente.

No mês de setembro do ano de 2015, foram gizados 17 (dezessete) objetivos para o


desenvolvimento sustentável, esses objetivos tem como pilares três perspectivas:

» o meio ambiente;

» a economia;

» o desenvolvimento.

93
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

Os países se uniram na Cúpula do Desenvolvimento Sustentável para firmar


17 (dezessete) objetivos que deverão ser cumpridos e realizados até o ano de
2030, ou seja, uma concretização da proteção aos direitos humanos por meio do
desenvolvimento sustentável e respeito ao meio ambiente.

Em dezembro de 2015, em uma reunião da COP21, a Conferência das Partes da


nossa Convenção sobre mudanças climáticas da ONU, foram estabelecidas novas
diretrizes para 197 (cento e noventa e sete) países presentes que ratificaram e
assinaram o texto do Acordo de Paris, almejando a redução da temperatura média
global.

O Brasil é um dos países signatários do Acordo de Paris de 2015, que entrou


em vigor no ano de 2016, após ter atingido os requisitos mínimos da entrada
em vigência. Ainda no ano de 2016, buscando indicar uma concretização desse
plano do Acordo de Paris, o Brasil, na COP22, subsequente reunião das partes
da Conferência sobre mudanças climáticas, anunciou como faria as alterações no
âmbito interno.

Dessa forma, o Brasil noticiou que faria a política de fiscalização para que no ano
de 2030 seja atingida a taxa 0 de desmatamento da Amazônia Legal. De acordo
com Elton Alisson (2019), outro objetivo proposto pelo país no cenário nacional
e internacional é o reflorestamento de 12.000.000 (doze milhões) de hectares das
florestas brasileiras que se somam aos esforços de atingir 45% (quarenta e cinco
por cento) da matriz energética brasileira com energia renovável e limpa.

Destarte, diante esses três objetivos apresentados pelo Brasil, almeja-se no ano de
2030 atingir a redução de até 43% (quarenta e três por cento) a emissão de gases
de efeito estufa, gases que promovem a alterção climática do nosso planeta.

É importante relembrar que o Brasil dispõe de previsão legal de respeito ao meio


ambiente como dignidade da pessoa humana mediante garantia constitucional.
Prevendo expressamente a necessidade e o dever de proteger o meio ambiente
para as presentes e futuras gerações, não sendo uma obrigação somente da
administração pública, mas da coletividade como um todo.

Avaliando todo conteúdo disponível nesse capítulo, o que você entende


pelo princípio do desenvolvimento sustentável?

Traremos mais uma dimensão do princípio do desenvolvimento


sustentável, dessa vez, relacionando-a ao novo pregão, regulado pelo
Decreto de n o 10.024/2019. Faremos, então, um paralelo com o Decreto
n o 5.450/2005.

94
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

Vale ressaltar que o princípio do desenvolvimento sustentável não estava


disposto no Decreto no 5.450/2005, sendo incluído mediante artigo 2o
do Decreto de no 10.024/2019, determinando que o desenvolvimento
sustentável seja observado no processo de contratação, considerando as
dimensões:

» econômica;

» social;

» ambiental;

» cultural.

Ademais, o parágrafo 1 o do artigo 2 o do mesmo decreto, dispõe que o


desenvolvimento sustentável deverá estar de acordo com os planos de
gestão sustentável, cuja as regras para elaboração estão previstas na IN
n o 10, de 12 de novembro de 2012, da SLTI do extinto MPOG.

O artigo 3 o da Lei n o 8.666/1993 aborda o conceito de desenvolvimento


nacional sustentável, tendo regulamentação no âmbito federal pelo
Decreto de n o 7.746/2012, ampliando, assim, as garantias legais que
asseguram o princípio do desenvolvimento sustentável.

Diante todas essas informações, você consegue perceber a pluralidade de


intepretações do princípio do desenvolvimento sustentável? Reflita sobre
suas demais aplicações.

95
CAPÍTULO 3
Correlação entre os princípios do
Direito Ambiental e os do Direito
Processual

Princípios do Direito Ambiental


Toda disciplina jurídica tem o seu conjunto de princípios. Ao iniciar qualquer
matéria, é necessário que sejam conheçidos e identificados os princípios que a
norteam. Apesar de delinearmos alguns princípios abaixo, o Direito Ambiental
ainda não possui uma sistematização, uma uniformidade entre os doutrinadores e
os principais autores sobre o assunto.

Dessa forma, você estudará os princípios mais importantes e significativos para o


estudo dessa disciplina.

Princípio do meio ambiente ecologicamente


equilibrado como direito fundamental

O princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental


é o princípio mais importante do Direito Ambiental. Quando se refere ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, faz-se analogia à vida, seria a sadia qualidade
de vida.

O indivíduo só pode ter uma qualidade de vida sadia quando se tem um ambiente
ecologicamente equilibrado, salubre, devidamente propício ao convívio da natureza e
os seres vivos. Esse princípio é a matriz do Direito Ambiental, a partir dele é possível
interpretar os demais princípios.

Ademais, ainda que o princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado


não esteja gizado no artigo 5o da Constituição Federal, esse princípio constitui
um direito fundamental de todos os indivíduos, ressalta-se que o próprio artigo
referido dá abertura em seu dispositivo para intepretação de “novos” direitos
fundamentais.

Princípio do desenvolvimento sustentável

Como visto anteriormente, o princípio do desenvolvimento sustentável é


baseado em um tripé que consiste no – crescimento econômico, equidade social

96
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

e preservação ambiental. O desenvolvimento sustentável pode ser conceituado


como o crescimento que atende às necessidades das gerações presentes sem
comprometer as necessidades das gerações futuras.

Assim, os indivíduos devem utilizar os recursos naturais no momento presente


sem proporcionar consequências negativas para as próximas gerações,
compatibilizando as atividades econômicas e a proteção ambiental.

Destarte, é garantido o desenvolvimento para toda a sociedade, desde que esse


crescimento seja sustentável e equilibrado, baseando-se no comprometimento de
resguardar os bens naturais e proteção do meio ambiente.

Princípio da responsabilidade intergeracional

Alguns autores inserem dentro do princípio do desenvolvimento sustentável o


princípio da equidade ou da responsabilidade intergeracional. Por outro lado, parte
da doutrina impulsiona a responsabilidade intergeracional como um princípio
próprio, singular e autônomo. Essa responsabilidade consiste na tutela da presente
e das futuras gerações.

Tratando-se de um princípio ou subprincípio ético, pela responsabilidade


intergeracional ser um diálogo realizado entre os ascendentes e seus descendentes,
utilizando os recursos ambientais pensando nas gerações futuras, não podendo
esgotá-los.

Princípio da função socioambiental da


propriedade

A Constituição Federal, em seu artigo 5o, garante como direito fundamental a


propriedade, compreendendo também, que essa propriedade deverá cumprir a sua
função social, seja a propriedade urbana ou rural, essa deverá cumprir sua função
coletiva.

O princípio da função socioambiental da propriedade significa que a propriedade,


urbana ou rural, deve atender à função socioambiental, que é a proteção do
meio ambiente. Exemplificando: se um indivíduo tiver uma área de preservação
permanente em sua propriedade rural, ele deverá observar e proteger esse espaço.

Nas propriedades urbanas, as propriedades para cumprir a sua função


socioambiental devem seguir o Plano Diretor estabelecido pelo seu município.
É o Plano Diretor que disciplina todo o processo de ocupação de uma cidade.
97
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

De modo geral, para efetivar a função socioambiental nas propriedades é necessário


que:

» não polua;

» não degrade;

» não emita sons além dos limites toleráveis;

» entre outros.

Em contrapartida, se a propriedade está degradada, desmatada, faz-se


imprescindível recuperá-la, sendo uma obrigação de fazer para esse indivíduo
que detém uma propriedade que não está em cumprimento da função
socioambiental.

Princípio da prevenção

O princípio da prevenção advém do verbo prevenir, que é agir antecipadamente.


O indivíduo poderá agir de modo antecipado quando possui dados, informações ou
pesquisas ambientais.

De modo que, o princípio da prevenção lida com um risco conhecido, um dano que
já ocorreu anteriormente, como uma atividade de garimpo, atividade minerária,
que implica em degradação ambiental, risco já conhecido por essas atividades
causarem significativos impactos negativos na natureza.

O Direito Ambiental é uma matéria eminentemente preventiva, pois só a reparação


não basta, deve haver sua manutenção e tutela ambiental, tendo em vista que a
maioria dos danos ambientais possuem caráter irreversível.

Exemplificando, se existe um desmatamento em uma floresta ou área centenária,


é possível restabelecer esse espaço como era anteriormente? Existindo um
desmatamento que tem como consequência a extinção de uma espécie da fauna
ou flora, é possível restabelecer o status anterior? A resposta para os dois
questionamentos é negativa.

98
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

Nesse passo, o Direito Ambiental tenta evitar os danos ambientais, minimizar o


impacto negativo ao ambiente, reduzindo ao máximo a degradação imposta pelos
seres humanos irresponsáveis e atividades econômicas.

Princípio da precaução

O princípio da precaução, ao contrário do da prevenção, lida com danos e riscos


incertos e abstratos, atividades que ainda não aconteceram, que não se têm dados e
informações seguras.

Assim, no princípio da prevenção, o dano é certo, conhecido e seguro, no princípio da


precaução o dano é incerto, desconhecido e inseguro.

Almejando ser ainda mais objetiva, enquanto no princípio da prevenção o risco


é conhecido por já existirem pesquisas e retornos científicos, no princípio da
precaução se tem a incerteza científica, ainda não se tem dados ou informações
conclusivas sobre a potencialidade do dano de uma atividade.

Dessa forma, em um cenário de desconhecimento das ações por ausência


de informações, deve-se ter precaução, tendo em vista que não deve ser feita
nenhuma intervenção no meio ambiente se não houver certeza dos impactos que
irá causar.

Princípio do poluidor pagador

O princípio do poluidor pagador pode ser definido por uma frase que é a
“internalização das externalidades negativas” (RODRIGUES, 2005). Quando se é
utilizada a palavra internalização, refere-se aos processos produtivos, em relação
à palavra externalidade, coloca-se aquilo que está fora do processo produtivo,
vejamos:

» Internalização = a processos produtivos.

» Externalidades = tudo aquilo que está fora dos processos


produtivos.

Assim, o princípio do poluidor pagador é um princípio cautelar, um princípio


econômico aplicado à atividade ambiental.

99
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

Exemplificando, existe uma fábrica que causou danos diretos à uma cidade por
se preocupar exclusivamente com o seu processo produtivo, emitindo gases na
atmosfera, resíduos sólidos ou ainda influentes no rio que passa naquela cidade.

Dessa forma, o princípio do poluidor pagador determina que aquele indivíduo que
desempenhar atividade econômica deve, dentro do seu custo de produção interno,
quantificar tudo que é denominado como externalidade negativa.

Colocando assim, dentro dos seus custos, os filtros para reduzir a emissão dos
gases, descartar corretamente os resíduos, tratar os influentes para que os outros
cidadãos e a natureza não arquem com os custos da atividade econômica desse
empreendedor ou empresa.

Ademais, ainda que esse empreendedor ou empresa adote todas as medidas


cautelares e procedimentos a fim de evitar e minimizar os impactos negativos ao
meio ambiente, caso esse dano ainda assim venha a ocorrer, ele será responsável
pela degradação e obrigado a repará-la.

Já vimos os princípios basilares do Direito Ambiental e como eles se


correlacionam com os demais princípios do Direito Processual. Vamos
ampliar um pouco mais nosso aprendizado e refletir como esses princípios
se relacionam como o aquecimento global?

Você já tinha parado para pensar nessa hipótese de correlação? Existe


pertinência do aquecimento global com os princípios do Direito Ambiental?

Diante nossos estudos, torna-se mais fácil identificar que existe sim uma
correlação entre o aquecimento global e os princípios do Direito Ambiental,
principalmente com os princípios da prevenção e da responsabilidade
intergeracional.

O princípio da prevenção lida com a certeza científica, trabalhando com


o risco conhecido e certo, pois sabemos os impactos do aquecimento
global e como ele influência nos aspectos gerais do meio ambiente. Assim,
devem-se tomar todas as medidas de prevenção para buscar minimizar
os danos causados, almejando reduzir ainda mais as consequências que
propiciam o aquecimento global.

Alargando também, a aplicação do princípio da responsabilidade


intergeracional, em que é responsabilidade de todos os indivíduos, por
meio da prevenção, reduzir os danos do aquecimento global para as
gerações futuras.

100
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

Tutela judicial eficaz e proteção ao meio


ambiente, inclusive as tutelas de urgência.
Amplo acesso à jurisdição em defesa do
direito material ambiental

Tutela judicial eficaz e proteção ao meio ambiente

A discussão sobre a proteção do meio ambiente aparece cada vez mais dentro da
perspectiva da sociedade global com considerável importância. Sendo necessário
então analisar os principais aspectos e dados da sociedade ao meio ambiente, tendo
em vista que o meio ambiente abarca toda a noção da vida e os seus fundamentos.

Os direitos humanos, almejando a preservação da vida, irão se encaixar na ideia


de que é necessária maior proteção ao meio ambiente, pretendendo a própria
sobrevivência e preservação do ser humano.

Assim, a importância de cuidar do meio ambiente é extrema, estando essa colocada


como um direito fundamental e amparo dentro dos direitos humanos, sendo o meio
ambiente a base para preservação de toda espécie humana.

O doutrinador José Afonso da Silva (2014) aponta que o meio ambiente se


constitui da interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais
que vão propiciar o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas
diversas formas.

Dessa forma, o estudo e análise dos fundamentos do meio ambiente não têm
enfatiza apenas as ciências biológicas, sendo necessário o envolvimento das
ciências jurídicas no que diz respeito às questões relacionadas às estruturas
legais e formas de aplicação da preservação do meio ambiente.

É a partir disso que surge o Direito Ambiental, tomando forma e com objetivo da
maior preservação do meio ambiente e a melhoria da vida dos seres pertencentes a
esse meio.

Dessa forma, o Direito Ambiental compõe um ramo do direito que tem como
principal propósito regular e proteger o meio ambiente por meio de novos
mecanismos de adequação do Direito.

No âmbito nacional, a proteção jurídica do meio ambiente é considerada como


antropocêntrica alargada, por verificar o direito ao meio ambiente equilibrado
como um bem de interesse da coletividade, essencial para elevar a qualidade de
vida sadia.

101
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

Assim, o ordenamento jurídico, além da proteção a capacidade de aproveitamento


do meio ambiente, de forma simultânea, objetiva tutelar o meio ambiente para
manter o equilíbrio ecológico e a sua capacidade como uma forma de proteção
específica e autônoma.

Independentemente do benefício que advenha para o ser humano, no Direito


Ambiental, o meio ambiente é o espaço que vai ocupar o lugar de destaque na
terceira dimensão dos direitos, que são considerados como metaindividuais,
coletivos, difusos, direitos de solidariedade.

O que caracteriza essa classificação de direitos é a passagem da titularidade, na


qual o indivíduo permanecerá e irá oportunizar a garantia das próximas gerações,
remetendo, assim, ao estudo já realizado da garantia intergeracional.

Tutela de urgência

A tutela provisória é um provimento judicial – decisão judicial – concedido


em caráter não definitivo, ou seja, antes que seja tomada uma decisão final no
processo, antes que seja exarada uma sentença.

O artigo 294 do Código de Processo Civil (CPC) giza que

Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência.

Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou


antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou
incidental.

Em outras palavras, é disposto que a tutela provisória pode ser dividida em


tutela de urgência e tutela de evidência. Essa tutela de urgência ainda pode ser
dividida em tutela de urgência antecipada e tutela de urgência cautelar.

No caso da tutela de urgência antecipada, é adiantado um provimento judicial que


seria dado só ao final do processo, ou seja, o juízo adianta para uma das partes o
próprio direito material que está sendo discutido.

A tutela de urgência cautelar possui uma finalidade instrumental, buscando assim,


garantir que o processo chegue ao seu final com condições de entregar aquilo que a
parte está pedindo.

102
TUTELA JUDICIAL I │ UNIDADE III

Com base no artigo 300 do CPC, a tutela de urgência pode ser concedida
quando tiver elementos que indiquem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou risco ao resultado útil do processo.

De qualquer modo, a distinção é mais teórica desde a promulgação do CPC, no


ano de 2015, tendo em vista que ambas as tutelas têm um tratamento semelhante
e podem ser concedidas tanto em caráter antecedente como incidental.

Vale ressaltar o artigo 304 do CPC, que prevê a estabilização da tutela antecipada
caso a parte contrária não recorra. Para rever essa estabilização, a parte tem a
possibilidade de entrar com uma ação própria no prazo de dois anos.

Além disso, a tutela de evidência está prevista no artigo 311 do CPC. Nesse caso,
não é necessário demonstrar o perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo. Como o próprio nome da tutela aborda, a plausibilidade do direito é
evidente, podendo ser concedida em quatro hipóteses:

» Quando houver um abuso de direito de defesa ou, então, quando tiver


um manifesto propósito protelatório da parte. Ou seja, quando a parte
estiver retardando o andamento do processo.

» Refere-se aos casos em que as alegações de fato feitas nos processos


puderem ser comprovadas de forma documental e se já houver uma
tese firmada em julgamentos de casos repetitivos ou em súmula
vinculante.

» Sendo bem específica, essa hipótese tem a ver com o pedido fundado
em prova documental que está relacionada a um contrato de depósito.

» Por fim, apresenta-se o caso da petição inicial que contém uma série
de documentos que atestam os fatos alegados pelo autor e que o réu
não conseguiu opor alguma prova que fosse capaz de gerar uma dúvida
razoável.

No âmbito do direito ambiental, devido os princípios que asseguram a existência


e tutela ao meio ambiente, principalmente os princípios da precaução e
prevenção, são observados e impulsionados nos processos judiciais que versam
sobre a matéria.

Ademais, os princípios citados são acentuados nas tutelas específicas de urgência,


especialmente quando viabilizam o afastamento da lesão ou do próprio ato ilícito,
que são as ações inibitórias, afastando, assim, a execução ou concretização do dano
ambiental (GENEROSO, 2006).

103
UNIDADE III │ TUTELA JUDICIAL I

Desse modo, faz-se mister reportar inicialmente que as garantias/tutelas


judiciais ambientais não constituem somente na reparação dos atos lesivos ao
meio ambiente, mas, principalmente, em evitar a ocorrência da ameaça ou lesão
ao bem jurídico popular.

Significa que, apesar das tutelas judiciais ambientais serem reconhecidas por
atuarem diretamente na reparação dos danos ambientais, é primazia garantir
a inexistência desses danos, impedindo que elas ocorram e destruam o meio
ambiente.

É nesse sentido que as tutelas judiciais ambientais de urgência versam, refletindo


na imposição impeditiva de ocorrência do dano ou que sejam cessados com
brevidade os atos lesivos, afastando, assim, a geração de prejuízo e maiores danos
ao meio ambiente e aos seres que nele habitam (GENEROSO, 2006).

Em muitas ocorrências os danos ambientais não são evitados de ocorrer, nesses


casos se torna obrigatória a restituição e reparação dos prejuízos causados. Essa
restituição e reparação deve garantir o status quo ante, em que a natureza deve
ser restabelecida como estava antes da ocorrência danosa.

Dessa forma, a reparação deve garantir e ser feita para que o meio ambiente esteja
in natura, não sendo possível, o individuo pagar ao poder público para que seja
realizada a devida compensação. A compensação se faz quando não é possível
restabelecer o estado ambiental anterior, sendo, então, uma indenização pelos
danos causados (GENEROSO, 2006).

A difereção estabelecida entre as tutelas pretende garantir a preservação e


conservação ambiental, as tutelas de urgência possibilitam que o risco iminente
de lesão seja suspenso ou finalizado. Desse modo, o aspecto jurídico que
caracteriza a urgência é o carater irreversível dos danos que podem ser causados.

Depois de todas as valiosas informações aqui estudadas, cumpre


salientar que colacionamos estudos relacionados à tutela e à proteção
ao meio ambiente, mas agora, estimulando a sua reflexão no que tange
a responsabilidade civil por dano ambiental, você tem conhecimento
sobre esse assunto?

Caso a resposta seja negativa, não se preocupe, explicaremos logo mais


sobre o assunto, em reposta positiva, o que você acha de somarmos nossos
conhecimentos e realizar mais uma leitura?

Reflita sobre esses questionamentos e vamos para a nossa próxima


unidade, lá você encontrará a resposta dessas indagações.

104
TUTELA JUDICIAL – UNIDADE IV
PRERROGATIVAS

CAPÍTULO 1
Tutela jurisdicional coletiva e condições
de ação no processo coletivo

Tutela jurisdicional coletiva


A questão de processo coletivo é uma preocupação mundial, iniciada nos anos
1970. Com a discussão relacionada a necessidade de reconhecer uma terceira
categoria de direitos, que não se encaixa na definição de direito público nem do
direito privado.

Essa categoria é reconhecida pelo que denominamos de direitos transindividuais,


metaindividuais, coletivo lato sensu ou ainda difusos. São direitos que na verdade
transcendem a ordem individual, pertencem a todos.

A proteção desses direitos não pode ser estabelecida apenas para um indivíduo,
tendo em vista que esse buscará a resolução e proteção a uma lesão de modo
individual, nem somente ao ente público, porque não estaria garantindo a
efetividade dessa proteção.

Assim, pode-se afirmar que a discussão desses direitos precede a discussão dos
direitos ambientais. Dessa forma, o direito comparado propõe:

» Estender a legitimação para agir, entender que mais de um ente precisa


estabelecer a garantia desses direitos, quando mais institutos possam
assegurar essa efetividade, melhor ele será.

» A necessidade de compreender que por estar tratando de um direito


que envolve uma coletividade de pessoas, faz-se imprescindível que
seja criada uma estrutura processual em que a coisa julgada vá para

105
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

fora do processo e alcance todos os indivíduos que estejam vivendo a


mesma situação.

» Diante um ano ambiental significativo, pode-se buscar mediante


ação uma reparação in natura desse dano, mas nada impede que
seja requerida uma condenação pecuniária em razão dos efeitos do
dano causado. Assim, o pedido tem que ser cumulativo, pois além
da reparação in natura existe o dano extrapatrimonial, visto que
os efeitos desse dano podem ser sentidos pela geração atual e pelas
futuras.

Ademais, a condenação pecuniária referida não visa atingir um indivíduo de


modo particular, mas a coletividade, possibilitando a destinação da possível
condenação para um fundo que visa à proteção da coletividade, almejando
reparar outros direitos difusos ou coletivos que tenham sido atingidos.

Poderes dos magistrados


É necessário que nos casos de tutela jurisdicional coletiva os magistrados tenham
seus poderes ampliados, estendo-os ao máximo, principalmente quando esses
processos envolverem casos de responsabilidade civil.

Significa dizer que os magistrados devem ter amplos poderes instrutórios,


podendo, muitas vezes, alterar o pedido, ampliando o objeto dessas ações, já que
o interesse é de toda coletividade.

Quando se é reconhecida a extensão dos poderes dos magistrados não poderá


ser alegada a nulidade da sentença, tendo em vista que no processo coletivo não
haveria que se falar em decisão citra petita, ultra petita e extra petita.

Os magistrados teriam amplos poderes para garantir os direitos coletivos que


haviam sofrido alguma lesão.

Condições da ação
No Brasil, a primeira lei que revoluciona de alguma maneira a ação judiciária
voltada para uma perspectiva individual liberal, que foi a Lei da Ação Popular,
Lei n o 4.717, de 29 de junho de 1965.

A lei revoluciona no sentido de conferir legitimidade primeiro ao cidadão para


proteger, em 1965, o patrimônio público. Assim, o cidadão visava ao patrimônio
público, mas em nome de toda a coletividade.

106
TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS │ UNIDADE IV

Depois da Lei da Ação Popular, foi gizada a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981,
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, e dá outras providências.

Na linha do direito comparado, em matéria ambiental, sempre que puder


identificar o poluidor, ele responderá à coletividade de forma objetiva,
independentemente de culpa.

Dessa forma, propõe-se que a responsabilidade seja do tipo integral, sendo


necessário comprovar o nexo de causalidade. Uma vez comprovado esse nexo, não
existe nenhuma causa que o poluidor possa alegar que o exima de indenizar.

Nesse sentido, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente confere ao Ministério


Público a legitimidade para proteção desses direitos. Caminhando na linha do
direito comparado, depois da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, foi
promulgada a Lei da Ação Civil Pública, disposta pela Lei no 7.347, de 24 de julho
de 1985.

A Lei da Ação Civil Pública é iminentemente instrumental e processual, apresentando


campo de ação próprio e restrito, definido em seu artigo 1o de modo que,

Art. 1o Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da


ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e
patrimoniais causados:

I – ao meio-ambiente;

II – ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico


e paisagístico;

IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;

V – por infração da ordem econômica;

VI – à ordem urbanística;

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;

VIII – ao patrimônio público e social;

Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular
pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de
natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.

107
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

Na ocasião, ainda no ano de 1985, essa Lei sofreu um veto presidencial. Inicialmente
ela vem com o texto assegurando o meio ambiente, o consumidor, o patrimônio
histórico cultural e gizava um dispositivo que dizia “e qualquer outro interesse
difuso e coletivo”.

A intenção do legislador era informar que não seriam apenas os diretos ali
taxados que estariam garantidos, mas qualquer direito entendido como difuso
ou coletivo, mas sofreu veto e o campo de atuação da Ação Civil Pública, em
1985, ficou restrito aos direitos estabelecidos no artigo 1 o.

Depois da Lei da Ação Civil Pública, foi promulgada a Constituição Federal de


1988, que permite a revolução em relação ao que se tinha de cenário brasileiro à
proteção e tutela ambiental. A CF/88 modifica o que é gizado, assegurando em
seu artigo 5 o a viabilidade de garantia das ações coletivas.

Dessa forma, é garantido o direito de ação sempre que algum direito seja lesado
ou ameaçado. E qual direito a CF aborda? O direito individual e coletivo. Assim, a
própria Constituição reconhece a existência dessas novas garantias.

Diante todas as informações presentes nesse capítulo, você já parou para


refletir sobre a importância da tutela jurisdicional coletiva?

Há muitas ações individuais para um mesmo pedido, os processos de


danos ambientais são apenas um exemplo dos diversos que possibilitam
a utilização da tutela jurisdicional coletiva. Imagine se não existisse
essa viabilidade? Seriam inúmeras solicitações idênticas que chegariam
diariamente aos tribuinais de todo Brasil.

Como consequência, teriamos uma realidade que sobrecarregaria ainda


mais o judiciário, bem como respostas mais demoradas para as ações. A
tutela jurisdicional coletiva permite que sejam somadas em apenas uma
ação as solicitações da mesma matéria que tenham o mesmo polo passivo.

108
CAPÍTULO 2
Ônus de prova em processos
ambientais e o dilema do “estado da
ciência”

A relação das provas em processos ambientais


A coisa julgada na tutela jurisdicional coletiva ambiental será colocada para
fora do processo, terá efeito erga omnes, que tem efeito ou vale para todos os
indivíduos. Além disso, não terá somente o efeito erga omnes, uma coisa julgada
no evento segundo probatione.

Significa que, caso as provas apresentadas nos processos coletivos não forem
suficientes não se opera a coisa julgada. Assim, nova ação poderá ser ingressada
com o mesmo fundamento, valendo-se de novas provas.

Ônus da prova
Em uma relação processual é muito comum que surjam vários fatos controvertidos
que necessitem de provas para o juiz estar apto a julgar o processo. No Código
de Processo Civil, em seu artigo 373, é gizado o que se chama de distribuição
estática do ônus da prova.

O artigo dispõe que,

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou


extintivo do direito do autor.

Além disso,

§ 1o Nos casos previstos em lei, ou diante de peculiaridades da


causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade
de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade
de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir
o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de
se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

109
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

§ 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação


em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou
excessivamente difícil.

§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer


por convenção das partes, salvo quando:

I – recair sobre direito indisponível da parte;

II – tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

§ 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou


durante o processo.

Assim, o próprio CPC diz que cabe ao próprio autor da ação comprovar os fatos
constitutivos do seu direito, e ao réu a comprovação dos fatos modificativos,
extintivos ou impeditivos do direito do autor.

Nesse sentido, o ônus da prova é um encargo processual indicando quem será o


responsável pela produção da prova e quem será prejudicado caso ela não seja
produzida. Apesar da previsão do CPC ser estática, existe a possibilidade de
inversão do ônus da prova, são três espécies comuns de inversão do ônus da prova:

» A convencional, desde que seja estabelecida em comum acordo entre


as partes e que não se trate de um direito indisponível e nem torne
muito difícil a prova do fato pelo autor ou pelo réu.

» A legal ocorre quando a própria lei especifica os casos em que


haverá a inversão do ônus da prova.

» A judicial, quando é reconhecida a existência de uma parte processual


mais fraca, hipossuficiente, os juízes devem, nos casos em que as
alegações forem verossímeis, inverter o ônus da prova.

Inversão do ônus da prova em processos


ambientais
Vale ressaltar a importância das informações colacionadas nesse tópico diante
morosidade do reconhecimento dos tribunais brasileiros, que em sua garantia
legal deve ser respeitada e aplicada nas ações coletivas, que é a possibilidade da
inversão do ônus da prova.
110
TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS │ UNIDADE IV

Embora a possibilidade de inversão do ônus da prova ter sido estabelecida no


Código de Defesa do Consumidor como direito básico deste, por ser uma regra
processual, pode-se estender a aplicação da inversão do ônus da prova para a
proteção de todos os interesses transindividuais.

Em outras palavras, significa dizer que é permitido o uso da inversão do ônus


da prova nas ações coletivas que almejam a tutela ambiental. Podendo ser
reconhecida também pela denominação de carga dinâmica do ônus da prova, o
ônus deverá ser atribuído para quem de fato tem a facilidade de produzir a prova.

Dessa forma, pode-se afirmar que é findada a alegação de que o Ministério Público,
ao propor uma representação coletiva mediante ação judicial, deve antecipar os
honorários periciais. Vale ressaltar que a alegação apresentada vigorou por muito
tempo nas decisões do Superior Tribunal de Justiça, perdendo força por volta do
ano de 2016.

Além disso, no ano de 2018, mediante a Súmula n o 618, o STJ entendeu que a
inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental, tendo
como referência a Súmula 618, CORTE ESPECIAL, julgada em 24/10/2018,
DJe 30/10/2018.

Assim, a consequência prática nos processos ambientais é que os autores dessas


ações precisarão estabelecer em petição inicial o nexo de causalidade entre a
atividade oriunda do réu e os fatos que estão acontecendo.

Pleiteando, assim, na petição inaugural, a inversão do ônus da prova, fazendo


com que a pessoa física ou jurídica que degradou o meio ambiente ou demonstrou
ameaça a esse bem jurídico comum, demonstre que a atividade desenvolvida por
esses não causou os danos constatados pelo autor da ação.

O entendimento do STJ ratificou a atividade mais adequada para os processos


de cunho ambiental, pois nada mais justo que as empresas, ou indivíduos réus,
produzam provas para demonstrar a existência ou não dos danos alegados por
outro indivíduo ou até mesmo a coletividade.

Em sua maioria, o polo passivo das ações ambientais são empresas de direito
privado, podendo ser pública e até mesmo pessoa física, identificada nesses
processos como poluidor direto.

O poluidor direto é aquele que causa danos por suas ações, já o poluidor indireto
é, na maioria das vezes, o poder público que não fiscalizou como deveria ter feito,
não realizando adequadamente a sua função de garantir a preservação do meio
ambiente.

111
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

Por falarmos em ônus de prova em processos ambientais, é preciso refletir


sobre um instituto não muito discutido. Nos capítulos anteriores você já
estudou sobre o princípio do poluidor pagador, mas você já ouviu falar
sobre o princípio do usuário pagador e como ele se relaciona no processo
ambiental?

Para impulsionar sua reflexão, vamos resgatar e aprender um pouco mais


sobre esse princípio? Afinal, conhecimento nunca é demais, não é mesmo?

Apesar de terem nomes parecidos, o princípio do usuário pagador não se


confunde com o princípio do poluidor pagador. Pelo princípio do poluidor
pagador, como já estudamos anteriormente, o poluidor é responsável pelos
custos sociais dos danos causados pela sua atividade ou empreendimento.

Diferentemente, o princípio do usuário pagador significa que as pessoas


que utilizem os recursos naturais devem pagar pela sua utilização, ainda
que não haja poluição, como ocorre com o uso racional da água.

É importante destacar que a princípio não é possível comprar água,


pois, de acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída
pela Lei no 9.433/1997, a água é um bem de domínio público inalienável,
devendo se pagar apenas pelo seu uso ou outras despesas, como ocorre
com o tratamento de água.

Nesse sentindo, o princípio do usuário pagador tem como finalidade a


racionalização do uso dos recursos naturais. Apesar de não possuir nenhuma
previsão expressa na legislação, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a
existência do princípio do usuário pagador. Para saber um pouco mais sobre
esse entendimento, leia atentamente a ADI 3.378.

Vale salientar que é também um dos objetivos da Lei da Política Nacional


do Meio Ambiente (Lei n o 6.938/1981) no inciso VII, do artigo 4 o,
estabelecer que os usuários contribuam para a utilização dos recursos
naturais que tenham fins econômicos.

Destaca-se que é uma tendência mundial a cobrança pela utilização


dos recursos naturais, ainda mais os recursos que são mais escassos.
Por fim, existe uma notória finalidade de arrecadar recursos a serem
revertidos ao meio ambiente e, também, de funcionar como uma medida
socioeducativa para inibir o desperdiço.

112
CAPÍTULO 3
Liquidação do dano ambiental, a
execução dos títulos ambientais e a
coisa julgada ambiental

Liquidação do dano ambiental e a


responsabilidade civil
A natureza jurídica da responsabilidade civil por dano ambiental é objetiva, sendo
aplicada a teoria do risco integral, conforme previsão legal do parágrafo primeiro
do artigo 14 na Lei no 6.938/1981, e também na Constituição Federal, no parágrafo
terceiro do artigo 225, que gizam da seguinte forma:

Art. 225 [...]

§ 3o As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados. (CF/1988)

Art. 14. [...]

§ 1o Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo,


é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa,
a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e
a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público
da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio
ambiente. (Lei n o 6.938/1981).

Vale destacar que o poluidor é pessoa física ou jurídica, de direito público ou


privado, que cause direta ou indiretamente, por meio, de sua atividade ou
empreendimento, danos ao meio ambiente.

O Superior Tribunal de Justiça, inclusive, possui entendimento consolidado no


sentindo em que não se aplica em casos de danos ambientais as excludentes da
responsabilidade civil por se aplicar a teoria do risco integral, ou seja, nem o caso
fortuito, nem a força maior, nem a culpa exclusiva da vítima podem afastar o dever
de reparar o meio ambiente.
113
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

Leia posteriormente, para aprofundar o assunto, o RESP 1.114.398-PR,


disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21249564/
recurso- especial-resp-1114398-pr-2009-0067989-1-stj/inteiro-teor-
21249565?ref=juris-tabs.

Nesse sentido, colaciona-se o RESP 1.354.536-SE, disponível em: http://


esamcuberlandia.com.br/revistaidea/index.php/idea/article/view/108.

O pressuposto para aplicação da teoria do risco integral é de quem explora atividade


econômica se põe na condição de garantidor, devendo, assim, assumir os riscos para
com a saúde e o meio ambiente. É a aplicação conjunta, portanto, do princípio da
prevenção e do poluidor pagador.

É importante destacar que a responsabilização civil não tem a função de punir o


degradador, mas de reparar o meio ambiente. O STJ já entendeu que não se pode
conferir a reparação civil dos danos ambientais em caráter punitivo, pois essa é a
função do Direito Penal e do Direito Administrativo.

Para saber ainda mais, leia o RESP 578.797-RS, disponível em: https://stj.
jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19374652/recurso-especial-resp-578797-
rs-2003-0162662-0/inteiro-teor-19374653?ref=juris-tabs.

Insta salientar, que a responsabilidade civil por dano ambiental é solidária, então,
diante uma ação coletiva, não existe obrigatoriedade de formação do litisconsórcio.
Assim, qualquer um dos possíveis autores de determinada ação coletiva na seara do
Direito Ambiental pode demandar os poluidores isoladamente ou em conjunto.

Representação legal na execução e


liquidação processual ambiental
Todos os processos coletivos podem ser executados, os indivíduos que tenham
sido lesados em função do dano causado ao meio ambiente podem demandar
habilitação e execução individualmente sofridos.

Nesses casos, quem promoverá a habilitação, liquidação e execução são os


advogados que deverão ser devidamente constituídos nos autos dessas ações,
representando os indivíduos mediante demandas apresentadas.

Nas ações coletivas, a representação será realizada por órgãos públicos


legitimados. Então, não se pode retirar o papel que cada um vai ter no contexto
processual coletivo.

114
TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS │ UNIDADE IV

Viabilidade da composição extrajudicial


Visando à maior efetivação dos direitos transindividuais, viabiliza-se a concretização
desses direitos pelas vias judiciais e extrajudiciais. Dessa forma, é possível que haja
uma transação visando à coletividade, denominado de Termo de Ajustamento de
Conduta Ambiental.

O referido termo, por motivos óbvios, não irá transacionar o direito material, até
porque a discussão estabelecida nessa unidade não se refere ao direito privado,
gizado nos moldes tradicionais.

A transação aqui referida irá exigir daquele indivíduo que pode poluir o meio
ambiente os seus devidos ajustes às exigências legais. Pode-se perceber que
essa transação está limitada aos interesses da coletividade, não sendo permitido
dispor essa exigência no Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental.

No que tange à representação desses Termos de Ajustamento de Conduta Ambiental,


somente os órgãos públicos legitimados podem fazê-la. Entende-se, portanto, que
cabe exclusivamente aos órgãos públicos legitimados representar os Termos de
Ajustamento de Conduta Ambiental fora dos processos judiciais.

É gizada na legislação pátria que para assegurar os direitos transindividuais


todos os provimentos jurisdicionais são possíveis. Assim, para garantir esses
direitos, podem ser ingressadas ações: de obrigação de fazer, obrigação de não
fazer, condenação em dinheiro, condenatória, declaratória, construtiva, executiva,
mandamental, entre outras.

Coisa julgada
A Lei no 4.717/65 prevê em seu artigo 18 sobre a coisa julgada, de modo que

Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível “erga


omnes”, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente
por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão poderá
intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova.

A coisa julgada será colocada para fora do processo, terá efeito erga omnes, que
tem efeito ou vale para todos os indivíduos. Ademais, a coisa julgada não terá
somente esse efeito, mas será um evento segundo probatione.

115
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

Coisa julgada na ação popular


O pedido principal de uma ação popular ambiental é preponderantemente a
anulação de um ato lesivo ao meio ambiente, podendo haver a condenação pelos
danos causados pelos envolvidos.

Por expressa determinação legal da LAP,

Art. 11. A sentença que, julgando procedente a ação popular,


decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao
pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática
e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os
funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa.

Limitação da coisa julgada


Ademais, os critérios de competência são de suma importância por estar
relacionado às questões dos tribunais que se referem à limitação da coisa
julgada.

O Art. 16 da Lei da Ação Civil Pública dispõe que

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites
da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido
for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico
fundamento, valendo-se de nova prova.

Esse artigo, em 1985, quando estabelecido em lei, em conformidade com o Direito


Comparado, apresenta a ideia de que a coisa julgada, na tutela jurisdicional
coletiva, será colocada para fora do processo com efeito erga omnes.

Posteriormente, o dispositivo legal foi alterado pela Lei no 9.494/1997, reportando


que a coisa julgada na tutela jurisdicional coletiva terá efeito erga omnes, mas
limitando-o para o órgão que prolata a decisão.

A Lei no 9.494/1997, de 10 de setembro de 1997, disciplina a aplicação da tutela


antecipada contra a Fazenda Pública, altera a Lei no 7.347, de 24 de julho de
1985, e dá outras providências, considerada como uma lei extremamente política,
considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

116
TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS │ UNIDADE IV

Em outras palavras, na existência de um dano de âmbito nacional, é necessário


promover ações em todos os estados em que esse dano pode ser verificado. Pois,
segundo o artigo 16 o da Lei da Ação Civil Pública, caso a ação seja ingressada na
Bahia, a decisão só valerá para o órgão que prolatou a decisão, ou seja, somente
na Bahia.

A seguir, você pode ler um artigo muito interessante acerca do tema


abordado, intitulado “Sentença e a coisa julgada no Direito Ambiental”,
disponível em: https://giulima08.jusbrasil.com.br/artigos/340334904/
sentenca-e-a-coisa-julgada-no-direito-ambiental.

Não deixe de absorver mais conhecimento sobre esse estudo. Boa reflexão!

Garantias constitucionais ambientais

A normatização constitucional

Como vimos anteriormente, o artigo 225 da Constituição Federal dispõe sobre


as garantias constitucionais ambientais. Neumann (2010, p. 12) explica que o
artigo 170 da Constituição Federal estabelece o regime jurídico constituicional e a
proteção ambiental.

Conhecida também como a Constituição Cidadã, promulgada logo após a Ditadura


Militar, quando a sociedade ainda estava muito aflita pelos ataques do Estado e
abuso de poder exercido, a CF de 88 evidencia grande preocupação com os direitos
humanos e como relacionar as suas garantias de modo eficaz, destinando um
capítulo inteiro para discussão legal sobre o meio ambiente.

O artigo 225 ordena que temos o direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, de modo que

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

Cumpre salientar alguns termos trazidos na Carta Magna brasileira, no que


tange o meio ambiente ser um bem de uso comum do povo, corresponde que o
meio ambiente não é um bem de natureza espacial, mas um bem comum, sendo

117
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

essencial para manutenção de uma sociedade com vida sadia, indispensável para
que os indivíduos tenham uma condição de existência favorável. Além de ser
responsabilidade do poder público e de toda sociedade.

Vejamos, a letra de lei não direciona de modo exclusivo para o poder público ou para
sociedade, mas de modo conjunto e coletivo. Ademais, é dever conjunto do poder
público e da sociedade defender e preservar o meio ambiente para a presente e para as
futuras gerações.

Assim, pode-se afirmar que os destinatários desses direitos humanos fundamentais


de terceira dimensão são as gerações atuais e futuras, compreendendo pessoas
físicas, jurídicas e também o poder público.

A proteção do meio ambiente como dever


fundamental

A força constitucional dos direitos fundamentais por vezes acaba restringindo a


existência dos deveres fundamentais. Apesar de não ser dada atenção semelhante
aos demais deveres quando comparados aos direitos fundamentais, sob a
perspectiva doutrinária e jurisprudencial, os direitos fundamentais constituem
uma categoria autônoma.

Essa categoria é de grande relevância, principalmente por concretizar um


estado de bem-estar social e até mesmo de efeticação dos próprios direitos
fundamentais. No texto constitucional brasileiro, um dos textos mais
transparentes são o de proteção e defesa do meio ambiente.

A noção de deveres está associada à ideia de que a atitude individual depende do


bem-estar da coletividade, o que demonstra, de certa forma, um senso ou uma noção
de consciência comunitária de responsabilidade social.

Os deveres fundamentais constituem situações jurídicas em que há uma vinculação


com determinado comportamento, seja esse um comportamento de agir ou de não
agir. A Constituição Federal estabelece as hipóteses de deveres fundamentais.

Podendo ser citado como exemplo o artigo 144, que trata sobre a segurança
pública, não como uma responsabilidade apenas da sociedade, mas um dever do
Estado e de responsabilidade de todos, da mesma forma que é instituída a relação
constitucional com o meio ambiente.

A expressão “responsabilidade de todos” resta demonstrando o conteúdo


de dever fundamental. Colacionando como mais um exemplo, o artigo 205,

118
TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS │ UNIDADE IV

que versa sobre a educação como um direito de todos e dever do Estado, mas
também uma convocação dos cidadãos como um incentivo à participação da
sociedade de garantir o desenvolvimento da pessoa.

Ademais, o artigo 216 em seu §1o, concebe sobre a proteção do patrimônio cultural
brasileiro mediante uma colaboração da sociedade. Dessa forma, com alguns
exemplos ficou mais fácil evidenciar a relação dos deveres fundamentais.

A solidariedade intergeracional presente na


proteção ao meio ambiente

De modo específico aos direitos fundamentais de solidariedade, um dos


fundamentos para sua existência, é a associação dos indivíduos com um objetivo
comum, que é atingir esse estado de bem-estar social.

O filósofo prussiano, Immanuel Kant, coloca os deveres de solidariedade na categoria


de deveres de virtude para com os outros. Então, os deveres fundamentais, de uma
maneira muito ampla, denotam uma carga de desenvolvimento e de empenho da
coletividade que acaba se convertendo em solidariedade (SCHERER, 2011).

Restando, assim, a concretização de direitos fundamentais, como se fosse de uma


maneira complementar à tarefa do Estado de efetivação dos direitos fundamentais.
Dessa forma, seria a sociedade cooperando com o Estado na concretização de
direitos.

Nesse sentido, os deveres fundamentais de solidariedade apresentam como


finalidade atingir um elenco de membros da sociedade que de alguma maneira
se encontram em situação adversa ou conjuntura menos favorável em relação aos
demais.

Caracterizando-se, então, como um direito positivo, de colaboração mútua ou


expressão de empatia que é convertida em ação, no sentido de minimizar a
intensidade de prejuízo que esse grupo de pessoas, em situações de vulnerabilidade,
apresenta.

No ordenamento jurídico brasileiro, é possível traçar interpretações a partir dos


dispositivos referentes aos deveres fundamentais que ligam esses comportamentos
à solidariedade, como o próprio dever de preservação do meio ambiente.

Tendo em vista que cabe a toda coletividade a defesa e proteção do meio ambiente,
mas não tão somente à atual geração, mas também às gerações futuras, o que
reflete na modalidade de solidariedade intergeracional.

119
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

O meio ambiente ecologicamente equilibrado se configura como um direito


de todos os indivíduos, representando também um direito e dever que requer a
solidariedade para sua devida concretização.

Assim, a solidariedade envolvida no dever de proteção ao meio ambiente é


especial por ser um dever da geração presente para com ela própria, mas, também,
pensando e tendo em vista as próximas gerações e seus sucessores.

O comportamento da comunidade contemporânea produz efeitos presentes e


futuros, as próximas gerações serão afetadas por tudo que ocorre nesse momento
de forma positiva ou negativa, a depender da conduta dos indivíduos.

O dever fundamental de solidariedade intergeracional que é materializado pela


proteção do meio ambiente constitui então como uma ferramenta essêncial para
garantir o bem estar social para a geração presente e as gerações futuras.

Classificação dos direitos humanos em


gerações ou dimensões
Nesse passo, cumpre salientar as classificações das gerações ou dimensões
dos direitos humanos fundamentais, tendo em vista nossa afirmação anterior,
incluindo o meio ambiente na terceira geração. Vejamos:

» A primeira geração dos direitos humanos fundamentais está


relacionada aos direitos civis e políticos de cada indivíduo.

» A segunda geração dos direitos humanos fundamentais está


relacionada aos direitos sociais e coletivos.

» A terceira geração dos direitos humanos fundamentais está


relacionada aos direitos ambientais e direitos do consumidor.

» A quarta geração dos direitos humanos fundamentais está relacionada


aos direitos à ciência, genética e tecnologia.

Princípios como garantias constitucionais


ambientais
Além disso, é possível identificar na própria Constituição Federal diferentes
princípios relacionados ao meio ambiente. Como o princípio da notificação
ambiental, no qual o poder público tem que notificar aquele indivíduo que está
degradando o meio ambiente.

120
TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS │ UNIDADE IV

Relacionamos também, o princípio da educação, em que, mais uma vez, é


responsabilidade do poder público informar e formar os indivíduos de modo
educado para conviver e preservar o meio ambiente, tornando oportuna a vivência
nesse espaço.

Ademais, os próximos três princípios colacionados são de cunho autoexplicativo,


são eles: princípio da prevenção, princípio precaução e o princípio participação.
De modo que é realizado o chamamento de responsabilidade em conjunto do
poder público e sociedade em preservar, precaver e participar do meio ambiente
de modo saudável e adequado.

O princípio do poluidor pagador aduz na Constituição Federal que “aquele que


explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado,
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei” (art. 225, § 2 o). Assim, o indivíduo que lesionar ou danificar o meio
ambiente ficará obrigado a repará-lo nos termos na lei, mediante solução técnica
exigida pelo órgão competente.

Exemplificando, uma pessoa provocou desmatamento em uma região para


exploração mineral ou realizou algum aproveitamento financeiro através do
meio ambiente, provocando danos a esse espaço. Esse individuo deverá restituir
e reparar os prejuízos causados, estando essa pessoa obrigada a fazer com que
aquele ambiente retorne ao status quo ante, não sendo possível, o individuo
pagará ao poder público para que seja realizada a devida compensação.

São princípios garantidos na Constituição Federal: o desenvolvimento


sustentável, princípio da obrigatoriedade e participação do Estado e o princípio
da informação, em que todos os cidadãos devem estar cientes do que ocorre
no meio ambiente, ainda que não afete diretamente a área em que reside, pois
o espaço, como um todo, é integrado e acaba indiretamente infuenciando nos
outros.

Destarte, é garantia constitucional ambiental como patrimônios nacionais:

» a Floresta Amazônica brasileira;

» a Mata Atlântica;

» a Serra do Mar;

» o Pantanal Mato-Grossense;

» a Zona Costeira Brasileira.

121
UNIDADE IV │ TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS

Outrossim, segundo o Supremo Tribunal Federal, o meio ambiente é um direito


de terceira geração na classificação dos direitos fundamentais em gerações ou
dimensões. Para Gabriel Wedy (2017), a garantia dos direitos fundamentais de
terceira geração está relacionada à efetivação das obrigações fundamentais de
proteção ao meio ambiente.

Para saber mais, acesse e leia a Ação Direta de Inconstitucionalidade


4.983/CE, disponível em: https://www.migalhas.com.br/arquivos/2017/3/
art20170328-04.pdf.

Ao realizar a leitura do documento referenciado acima, o aluno perceberá


a fundamentação e os votos que restaram por considerar inconstitucional a
prática da vaquejada, o que aborda também a garantia do meio ambiente como
um direito de terceira geração.

Nesse momento oportuno para mais uma reflexão, iremos resgatar o que
estudamos no Capítulo 2 da Unidade I, assim, já é superado o entendimento
de que é dever de todos os indivíduos garantir um meio ambiente saudável,
relembrando que isso independe da nossa vontade, é uma garantia
constitucional.

Relacionaremos, aqui, mais 11 dicas para viabilizar maior atuação de toda


sociedade, respeitando, também, as garantias constitucionais ambientais. São
elas:

» Compartilhe o transporte, dê carona, divida táxis, combine com


seus amigos ou familiares de ir a pé, de ônibus ou bicicleta
para lugares que vocês sempre vão. Dessa forma, além de
você economizar combustível, terá mais uma oportunidade
de colocar a conversa em dia com as pessoas mais próximas e
queridas que estão ao seu redor.

» Caso tenha sido inevitável sair de carro ou moto, não deixe de


respeitar todos no trânsito. Para que seja seguro e que as pessoas
possam sair de bicicleta ou a pé, é necessário que os indivíduos
motorizados não saiam por aí atropelando as outras pessoas.

» Quando for comprar um equipamento, seja inteligente e faça as


contas para ver se irá valer a pena, ainda que os mais econômicos
sejam mais caros, ao longo do tempo a economia valerá a pena.
Essa mesma informação vale também para as lâmpadas, pois as de
leds e fluorescentes são muito mais econômicas que as lâmpadas
comuns.

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TUTELA JUDICIAL – PRERROGATIVAS │ UNIDADE IV

» Usem combustíveis de origem renovável, o etanol produzido


no Brasil emite muito menos gases de efeito estufa do que a
gasolina. Além disso, parte do carbono emitido pela produção
e consumo do etanol é reutilizado e consumido pela própria
plantação de cana.

» Não jogue lixo pelas janelas dos carros, ônibus, ou até mesmo
quando você está andando pelas ruas. As bitucas de cigarros
jogadas acessas no chão podem provocar incêndios, que além de
perigosos, emitem muito carbono.

» Se você não consegue evitar a utilização de veículos, cuide bem


dele, o motor estando regulado e os pneus bem calibrados você
poderá reduzir drásticamente a emissão de poluentes.

» Gere menos lixo, separando o que é reciclável, doando ou


vendendo objetos úteis que você não vai usar mais. Ainda, outra
dica para gerar menos lixo, é utilizar menos embalagens e trocar
as sacolas plásticas por sacolas retornáveis ou de pano.

» Com menos lixo e com a reciclagem, teremos menos gases


de efeito estufa nos aterros e também menos gastos com
matéria-prima nas indústrias, gerando menos poluição.

» Use a tecnologia ao seu favor, ao invés de sair de casa utilizando


carros, motos, táxis ou avião para realizar uma reunião, você poderá
fazer por vídeo ou teleconferência, economizando muito.

» Outra coisa importante que você poderá fazer é gastar menos


energia, deixando as telas de proteção desligadas nos monitores de
computador, colocando-os no modo de – suspender ou hibernar;

» Alimente-se de forma consciente e inteligente, buscando


conhecer a origem da sua alimentação, consumindo produtos
plantados ou produzidos perto da sua casa, isso significa que
foram usados menos transportes, menos combustível e geraram
menos carbono. Vale ressaltar que muita energia já é gasta para
a produção de alimentos, então, desperdiçar menos é ser mais
eficiente em tudo que podemos fazer.

123
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