Você está na página 1de 188

Organização e Coordenação

de Bombeiro Civil

Brasília-DF.
Elaboração

Marco Aurélio N. da Rocha

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
BOMBEIRO CIVIL.................................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 1
HISTÓRIA, CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO DOS BOMBEIROS CIVIS............................................ 11

CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÃO APLICADA À PROFISSÃO DE BOMBEIRO CIVIL...................................................... 33

CAPÍTULO 3
SELEÇÃO, PERFIL, TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DE BOMBEIROS........................................... 48

UNIDADE II
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS........................... 73

CAPÍTULO 1
ATRIBUIÇÕES LEGAIS E ÁREAS DE ATUAÇÃO DO BOMBEIRO CIVIL............................................. 73

CAPÍTULO 2
ESTRUTURAÇÃO DAS UNIDADES DE BOMBEIRO CIVIL................................................................ 82

CAPÍTULO 3
UTILIZAÇÃO DE SISTEMA DE COMUNICAÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS....................... 87

UNIDADE III
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL................................................................................... 97

CAPÍTULO 1
TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO E ATENDIMENTO............................................................ 97

CAPÍTULO 2
TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS DE VENTILAÇÃO TÁTICA................................................................. 129

CAPÍTULO 3
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL DE BOMBEIRO....................................................... 140
UNIDADE IV
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO........................................................... 162

CAPÍTULO 1
PLANO DE EMERGÊNCIA CONTRA INCÊNDIO........................................................................ 162

CAPÍTULO 2
PLANO DE COMBATE A INCÊNDIOS EM GRANDES EVENTOS................................................... 174

CAPÍTULO 3
CONTROLE DE PÂNICO E EVACUAÇÃO DE PRÉDIOS E ÁREAS................................................ 178

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 185
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução
Como é de ciência de todos, um dos marcos e dos pontos principais da história da
civilização humana foi o conhecimento e domínio do fogo pelo homem. Dessa forma,
conclui-se que a humanidade incorporou o fogo à sua rotina há milhares de anos e, ao
longo da história, foi desenvolvendo técnicas e estratégias para controlá-lo bem como
para lidar com ele de maneira a comprometer cada vez menos a própria integridade.

Entretanto, um dos desafios que ainda buscamos é o pleno controle do fogo. Dessa
forma, equipamentos foram desenvolvidos e estratégias elaboradas para que se previna
o fogo descontrolado, mas, eventualmente, temos uma perda de controle, e ocorre o
que chamamos de incêndio.

Da necessidade de se buscar meios para minimizar os estragos causados pelos


incêndios, a sociedade organizada passou a se preocupar sobre o estudo do fogo de
forma aprofundada, de forma a conhecer e entender quais os meios mais apropriados
para a prevenção e combate.

Assim, podemos dizer que a descoberta do fogo transformou a evolução humana e até
acelerou o desenvolvimento da sociedade, mas por outro lado, este mesmo fogo que
provocou preocupações. Ao sair do controle, ele gera um incêndio que se transforma
em um dos principais problemas ambientais e econômicos, uma vez que causa muitos
prejuízos, com danos à flora e à fauna, à vegetação, ao meio ambiente, às pessoas e à
continuidade operacional do negócio das empresas.

Podemos dizer que o bombeiro civil é o profissional que presta serviço em uma planta
industrial, uma edificação ou em um evento, podendo ser público ou privado. Por
isso, acreditamos que a figura do Bombeiro Profissional Civil é peça importante na
segurança contra incêndio de edificações/instituições e geradora de segurança às
comunidades, mesmo ele tendo função diferente do bombeiro público. Entretanto, a
atuação desses bombeiros deve ser integrada e complementar em caso de emergência.

Desta forma, concluimos que a contratação de bombeiros profissionais civis, quer


seja em edificações quer em eventos, é muito importante, uma vez que eles são
responsáveis pela garantia da segurança das pessoas e do patrimônio, uma vez que
que além das questões preventivas e de resposta a emergência, eles são os maiores
conhecedores dos riscos específicos dos locais bem como dos planos de emergência
contra incêndio da edificação / empresa.

8
Mas, mesmo após a publicação da Lei Federal que regulamentou a profissão de
bombeiro civil, ainda existem lacunas, pois essa Lei não foi regulamentada, deixando
esses profissionais à mercê de legislações estaduais e municipais.

Por isso, nesse material de estudo iremos abordar alguns temas de pouco
conhecimento ainda, nos detendo em especial às questões envolvendo a organização
e a coordenação de bombeiros profissionais civis.

Objetivos
»» Falar sobre a história dos bombeiros (públicos e privados), conceitos,
termos técnicos e classificação dos tipos de bombeiros existentes.

»» Estudar as normas e legislações aplicadas à profissão dos Bombeiros


Profissionais Civis.

»» Abordar o perfil para seleção de bombeiros, treinamentos e níveis de


capacitação.

»» Listar as atribuições legais e áreas de atuação dos bombeiros bem como a


forma de estruturação das unidades de bombeiros.

»» Tratar da utilização de sistema de comunicação e acionamento.

»» Abordar as condutas operacionais de resposta e controle, as técnicas


de combate e atendimento, as técnicas e estratégias de ventilação e a
utilização dos equipamentos de proteção individual e coletivo.

»» Apresentar e expor as condicionantes dos planos de emergência contra


incêndio, de combate a incêndios em grandes eventos e controle de
pânico.

»» Tratar de temas relativos à evacuação de prédios e áreas e a técnicas


comportamentais.

9
10
BOMBEIRO CIVIL UNIDADE I

CAPÍTULO 1
História, conceitos e classificação dos
bombeiros civis

História da brigada de incêndio e bombeiro


no mundo
»» Em 70 a.C.: Roma ─ Primeira brigada particular para combate a incêndios
(cônsul Crassus).

»» 24 a.C.: Roma ─ Brigadas de escravos particulares para combate a


incêndios (diretor de polícia Rufus);

»» 21 a.C.: Roma ─ Guarnição de 600 escravos para defender a cidade de


Roma (Imperador Augustus).

Podemos, dessa forma, concluir que a prevenção de incêndios teve inicio já na Roma
Antiga.

Sabemos que, pelo estudo da história humana, o fogo é vital à nossa sobrevivência,
no entanto era dominado em algumas situações e em outras não. Daí surgiu a
necessidade de se organizar os primeiros grupos contra incêndios, originados pela
necessidade de evitar possíveis incêndios e perdas insubstituíveis.

Nos tempos passados, a extinção de incêndios de grandes proporções ou até de


médio porte era uma missão quase impossível, tendo em vista a precariedade dos
recursos materiais e por não se conhecer os elementos do fogo, algo que só foi
estabelecido por volta do ano de 1774 por Antoine Lavoisier, cientista francês que
formulou a teoria da combustão e descobriu que o fogo é uma reação química. Este
cientista observou que, quando o oxigênio entra em contato com uma substância
inflamável, produzia-se a combustão (PINCELI, 2001).

11
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Embora mesmo nos primórdios fossemos sabedores da importância da prevenção


de incêndios, sendo que ela era realizada por homens que não sabiam trabalhar
especificamente na extinção de um incêndio. Esses homens desempenhavam funções
diversas como sapadores, que trabalhavam cavando trincheiras e valas, e também
como vigias pelas ruas das cidades, de noite e de dia, para tentar detectar incêndio
ou encontrá-lo em fase inicial. Nesse período, já se verificava que a prevenção
tornava-se a melhor solução contra o fogo, que após sair do controle do homem se
tornava um incêndio destruidor.

Dom Pedro II oficializou o Corpo de Bombeiros Provisório da Corte por meio de um


decreto imperial em 2 de julho de 1856, data que se transformou no dia do Bombeiro
e também é dedicada à Semana de Prevenção a Incêndios no Brasil. A partir de
1880, os Corpos de Bombeiros ganharam um caráter militar, sendo hierarquizada
sua organização. Eles somente vieram a perder sua condição de militar durante as
Revoluções de 1930 e 1932, uma vez que eram considerados uma ameaça ao poder
bélico do Brasil. Mas, em 1964, em plena Ditadura Militar no Brasil, voltaram a ter
caráter militar e integrar as Polícias Militares. A partir da Constituição Federal do
Brasil de 1988, os Corpos de Bombeiros Militares ficaram subordinados aos governos
estaduais, incorporando a responsabilidade também pela Defesa Civil.

Portanto, no Brasil, os corpos de bombeiros estaduais, ao contrário do Corpo de


Bombeiros da Capital Federal, que desde o início foi concebido com completa
autonomia, foram criados dentro da estrutura dos estados, e, algumas vezes, vinculados
às polícias militares. Em 1915, a legislação federal permitiu que as forças militarizadas
dos Estados pudessem ser incorporadas às Forças Armadas em especial ao Exército
Brasileiro, em caso de necessidade de mobilização nacional.

Em 1917, a Polícia e o Corpo de Bombeiros da Capital Federal se tornaram


oficialmente forças auxiliares e reservas do Exército, condição posteriormente
estendida aos Estados. Nesse período, os Corpos de Bombeiros, como integrantes
das Forças Estaduais, participaram dos principais conflitos armados que atingiram
o país.

Com a promulgação da Constituição Federal do Brasil, em 1988, que culminou com


o fim dos Governos Militares, a autonomia para administrar as Forças de Segurança
Pública passou a ser do próprio Estado da forma que melhor considerasse procedente.
A maioria dos estados fez a opção de desvincular os Corpos de Bombeiros das Polícias
Militares.

Dessa forma, os bombeiros, juntamente com os policiais militares, tornaram-se


“forças auxiliares e reserva do Exército, que são subordinados, juntamente com

12
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

as polícias civis, instituto de perícia e serviço penitenciário, aos Governadores dos


Estados, do Distrito Federal e dos Territórios” (BRASIL, 1988). Com a estatização
dessas corporações, cada estado fica responsável por gerir as normas estabelecidas
para a função dos profissionais, e os bombeiros, então, devem segui-las.

Mesmo com as normas estaduais já aprovadas, que garantem deveres e direitos


dos bombeiros, é sabido que as corporações de bombeiros do Brasil sempre se
defrontaram com muitos problemas, no que tange à estrutura física de suas
instalações, à falta de material humano, à necessidade de equipamentos com
melhores tecnologias, entre outros. Infelizmente, essa precariedade presente
no departamento que se refere aos Corpos de Bombeiros de todo o Brasil só se
torna relevante para ser discutida e melhorada quando ocorre uma tragédia que
é assistida atenciosamente na mídia. Assim, observa-se que a evolução nas leis
preventivas contra incêndio e pânico, e nos aparelhamentos e investimentos em
material humano, como aumento de efetivo e aprimoramento dos militares na área
operacional dos corpos de bombeiros, ocorreu sempre após um trágico incidente,
acompanhado pela mídia escrita, falada ou televisiva. Isso ocorreu com o incêndio
na Inglaterra em 1666 que destruiu grande parte da cidade de Londres deixando
milhares de pessoas desabrigadas, é mister falar que, antes desse incêndio, Londres
não possuía nenhum sistema nem equipes de proteção contra incêndio, mas a partir
desse evento começaram a ser repensadas as questões de proteção contra o fogo,
não só na Inglaterra, mas na Europa como um todo.

A partir desse evento as companhias de seguro começaram a formar brigadas


particulares para proteger as propriedades de seus clientes, bem como cobrar que
medidas preventivas e de segurança fossem implantadas.

O mesmo aconteceu aqui no Brasil, pois a partir das tragédias associadas a incêndios
ocorridos nos anos 70, envolvendo os sinistros dos edifícios Andraus e Joelma em São
Paulo e das Lojas Renner em Porto Alegre no Rio Grande do Sul, que modificações
significativas em vários aspectos fundamentais para a Segurança contra Incêndio
e Pânico foram implementadas. A normalização e a legislação foram melhoradas, as
práticas de projeto avançaram e os corpos de bombeiros foram mais aparelhados.

A Prefeitura de São Paulo, logo após a tragédia do edifício Joelma, publicou o Decreto
no 10878 que “Institui normas especiais para a segurança dos edifícios, a serem
observadas na elaboração dos projetos e na execução, bem como no equipamento
e no funcionamento, e dispõe ainda sobre sua aplicação em caráter prioritário.”
(MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, 1974).

Fonte: Corpo de Bombeiros da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<http://www.brigadamilitar.rs.gov.br/bombeiros>. Acesso em: maio 2007.

13
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Surgimento do bombeiro no Brasil

No Brasil, as primeiras unidades de combate a incêndios surgiram somente após a


ocorrência de grandes incêndios, como o ocorrido em 1732, que destruiu parte do
Mosteiro de São Bento, próximo onde hoje é a Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Naquele
tempo, já eram escassos os recursos para controlar grandes incêndios, mais ainda
tendo em vista que as casas e construções da época eram, na sua maioria, construídas
em madeira, fazendo com que as chamas se propagassem rapidamente pelos becos,
ruas e vielas estreitas e não regulares. O sistema de alarme da época no Brasil era
similar ao de outros países, sendo realizado por meio dos sinos das igrejas, sinal este
que alertava as milícias; os aguadeiros, que vinham com suas pipas; bem como os
voluntários, que auxiliavam carregando baldes que iam passando de mão em mão da
fonte de água até a frente de combate.

A dificuldade aumentava quando o incêndio ocorria durante o turno da noite, o que


geralmente fazia um elevado número de vítimas, pois a iluminação inadequada e em
alguns locais precária, dificultava o abandono dos locais sinistrados.

“Hoje, os Bombeiros não só atuam combatendo incêndios, mas realizam


atendimentos de urgência (atendimentos pré-hospitalar) de vítima de traumas,
salvamentos em altura e em meio aquático, resgate veicular e em espaços
confinados, emergência com produtos perigosos em rodovias e em indústrias, além
das atividades de defesa civil”.

Fonte: Corpo de Bombeiros do Paraná. Disponível em: <http:// http://www.bombeiros.


pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2>. Acesso em: novembro 2018.

Datas históricas e relevantes

»» 23 de agosto de 1395, data da criação de legislação específica referente à


prevenção e combate ao fogo por João I, Rei de Portugal.

»» Na data de 2 de julho de 1856, houve a promulgação do Decreto no 1.775,


assinado por D. Pedro II, criando oficialmente o primeiro Corpo de
Bombeiros do Brasil.

»» Fundada em 13 de julho de 1892, a Sociedade Corpo de Bombeiros


Voluntários de Joinville, constituiu-se, dessa forma, na mais antiga
corporação de bombeiros voluntários do Brasil e da América latina.

»» Na data de 24 de junho de 1977 foi fundada a corporação de bombeiro


voluntário de Nova Prata no estado do Rio Grande do Sul, denominada

14
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

então de “Sociedade Civil Corpo de Bombeiros Voluntários de Nova


Prata”.

Assim, podemos concluir que a história dos Bombeiros no Brasil iniciou no Rio de
Janeiro no século XVI. Ficou claro que a denominação “Bombeiro” foi atribuída tendo
em vista as atividades de manuseio de bombas d’água.

Situação atual dos corpos de bombeiros no Brasil

A Constituição Federal do Brasil (1988b), em conformidade com o artigo 144, estabelece


responsabilidades aos Corpos de Bombeiros dos estados.

“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares [...]

§6o As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças


auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as
polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios. (BRASIL, 1988)”
Fonte: Constituição Federal, 1988.

Outros dispositivos constitucionais que têm certa afinidade com a atividade de


bombeiros em geral são:

Art. 22, inciso XXVIII, ao deferir, privativamente à União, a competência


de legislar sobre defesa civil, dentre outros temas;

Art. 23, ao definir a competência comum da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios para “proteger o meio ambiente
e combater a poluição em qualquer de suas formas” (inciso VI) e
“preservar as florestas, a fauna e a flora” (inciso VII);

15
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Art. 24, ao estabelecer a competência concorrente da União, dos


Estados e do Distrito Federal para legislar sobre “florestas, caça,
pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição” (inciso
VI). (ROCHA, 2009).

O trabalho de um bombeiro, além do que consta na lei, é de suma relevância para os


cidadãos, pois ele atua em diversas áreas de salvamento.

Segundo estudo do Governo Federal, acontecem cerca de 200 mil incêndios por ano no
Brasil, mais de 500 por dia. Em Tocantins, das 139 cidades do estado, apenas cinco têm
bombeiros e, caso aconteça um incêndio em um prédio, pode faltar um equipamento
importante, pois algumas corporações não têm escadas do tipo Magirus, que ajudam
no resgate de vítimas e no combate a incêndios em lugares altos.

Carência de bombeiros em municípios brasileiros

Mesmo na história de alguns dos Corpos de Bombeiros mais importantes do país, há


registros de que o bombeiro está muito ligado a interesses políticos. Sabe-se que, de
1936 a 1941, os Corpos de Bombeiros de alguns Estados, como o de São Paulo, foram
subordinados ao executivo municipal. Através do Decreto-Lei no 9 de 25 de junho de
1966, que “Dispõe sobre a organização da Política Militar e do Corpo de Bombeiros do
Distrito Federal, e dá outras providências”, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal
passou a ser subordinado ao prefeito do Distrito Federal, pois alguns políticos na época
acreditavam que as leis de prevenção contra incêndio não eram responsabilidade do
Estado e sim dos municípios. Com isso, os governadores não queriam se responsabilizar
pelo custeio da implantação dos Corpos de Bombeiros que eram instituições públicas
estaduais.

Segundo o coronel Carlos Eduardo Poças Amorim Casa Nova, comandante-geral do


Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco e presidente da Ligabom (Liga Nacional
dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil), a escassez de bombeiros no Brasil ocorre
principalmente em função dos custos de instalação e manutenção das unidades e da
aquisição de veículos e equipamentos.

Os bombeiros estão presentes nas capitais brasileiras e nas principais cidades das
regiões metropolitanas dos Estados, além de em boa parte das cidades litorâneas, já
que os bombeiros exercem também a função de salva-vidas nessas localidades. Já os
municípios que não possuem unidades de bombeiros precisam buscar alternativas,
como a instalação de unidades de bombeiros municipais, de bombeiros voluntários
ou de bombeiros civis. Portanto, é compreensível que os atuais bombeiros brasileiros

16
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

tenham muita dificuldade para atenderem às demandas das ocorrências de atividades


de prevenção contra incêndio e pânico, atendimento pré-hospitalar, salvamento
veicular, em altura, em meio líquido e em estruturas colapsadas, além das atividades
de defesa civil, visto que o número de bombeiros para socorro dos incidentes é
insuficiente.

No Brasil, o serviço de bombeiro mais conhecido é o militarizado, em que o profissional


deve prestar o concurso e passar por um curso de formação. O processo de seleção de
bombeiros voluntários no Brasil não tem um critério padrão, deve-se solicitar apoio e
dados da defesa civil e dos bombeiros militares de cidades próximas à que será instalado
o corpo voluntário. Em países como Portugal, tido como referência para o Brasil no que
concerne a atividades voluntárias, basta o interessado com a idade mínima de 18 anos
e máxima de 45 se deslocar até uma unidade de Bombeiros da sua área de residência
e efetuar sua inscrição para trabalhar como estagiário, ficando, dessa forma, obrigado
a ter frequência com aproveitamento do Curso de Instrução Inicial de Bombeiro.
Este curso é composto por seis módulos com um total de 250 horas de formação, e o
voluntário poderá prestar serviço até completar 65 anos de idade.

Também temos a figura importante do bombeiro civil, que é empregado nas empresas
e/ou eventos. Muitas vezes, ele participa de atendimento público como voluntário ou
contratado, ou ainda como funcionário municipal.

Vê-se uma solução não muito distante capaz de aumentar o efetivo de bombeiros na
maioria das cidades brasileiras, as quais podem, por meio de seus representantes
políticos, buscar apoio para a aprovação de leis que deixam ou aproximam a
organização dos bombeiros do Brasil à dos bombeiros de países desenvolvidos, nos
quais se sabe que a forma de trabalho e de atendimento dos profissionais é à favor da
vida e contra as tragédias causadas pelo fogo.

É pela melhoria do mundo que concerne o aprimoramento profissional, de


maquinário e aparelhagens, e que requer o número de bombeiro por habitantes
de acordo com o que é estabelecido pelos organismos internacionais, como a
Organização das Nações Unidas (ONU) e a National Fire Protection Association
(NFPA). Na maioria dos países desenvolvidos, o serviço prestado para prevenção de
incêndio e pânico é feito por civis e não por militares, o que ressalta a incidência em
trabalho voluntário presente nestas regiões no mundo.

As Corporações de Bombeiros Voluntários são sociedades civis autônomas, de direito


privado, com certificado de entidade filantrópica que sobrevivem de contribuições e
doações da comunidade em geral e de pessoas jurídicas. Trata-se de uma subvenção
municipal, que conquistou, também institucionalmente, o direito de receber,

17
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

sistematicamente, uma subvenção financeira do Governo Estadual desde 1991


(ABVESC, 2017).

Consta na legislação brasileira que qualquer tipo de trabalho voluntário tem


legalidade assegurada pelo art. 5o, incisos XVII e XVIII, da Constituição da República
Federativa do Brasil:

“art. 5o XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada


a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma
da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
interferência estatal em seu funcionamento” (BRASIL, 1988a)

A Lei Federal no 9608 de 18 de fevereiro de 1998, que diz:

“Art. 1o Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade


não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de
qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que
tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos
ou de assistência social, inclusive mutualidade.

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício,


nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.

Art. 2o O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de


termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do
serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu
exercício.

Art. 3o O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas


despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades
voluntárias.

Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar


expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço
voluntário (BRASIL, 1998).”

Sabe-se que, para que os bombeiros nacionais atendam a todas as ocorrências sem
sobrecarga de trabalho, fazendo vistorias, salvamentos, socorro, atendimentos
pré-hospitalares e emitindo Autos de Vistoria, sem deixar edificações de recepção
de público sem vistoria por motivo de falta de efetivo e talvez sanar os problemas de
criação e instalação, como os que ocorreram no passado – é preciso um maior número
de profissionais atuantes.

A ONU recomenda no mínimo um bombeiro para cada grupo de 1000 habitantes. No


entanto, não é isso que acontece nos municípios brasileiros. Nem todos municípios

18
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

brasileiros têm posto de bombeiros. O Brasil, com seus 5.570 municípios com cerca
de mais de 207 milhões de habitantes (IBGE, 2016), há somente 784 postos de
bombeiros, que comportam, ao todo, 69.048 profissionais. Assim, pode-se constatar
que a relação entre bombeiro por habitante brasileiro está desproporcional ao que é
recomendado pela ONU, como mostram os dados do ano de 2012 de algumas cidades
do Brasil:

Tabela 1. Quantidade de postos de bombeiros em alguns municípios do Brasil em 2012.

Cidade População Postos de bombeiros


São Paulo 11.253.503 42
Guarulhos (SP) 1.221.979 4
Jaraguá do Sul, (SC) 143.250 4
Santa Maria (RS) 261.031 1
Joinville (SC) 515.250 10
Florianópolis (SC) 421.240 5
São José (SC) 209.804 1
Osasco (SP) 666.740 1
São Vendelino (RS) 1.944 1
Fonte: ARAÚJO, 2013

A tabela acima mostra o município de Santa Maria, com 261.031 habitantes, onde
aconteceu o trágico incêndio na Boate Kiss e que possui apenas um quartel de Bombeiro
Militar, quantidade muito inferior ao que possui o município de Jaraguá do Sul, que,
com 143.250 habitantes, possui quatro Postos de Bombeiros Voluntários, quatro vezes
mais que em Santa Maria, e o mesmo número de quartéis de Bombeiros Militares de
Guarulhos que atende 1.221.979 habitantes (ARAUJO, 2013).

Ao comparar os dados de quantidade de postos de bombeiros pelo número de


habitantes de alguns municípios do Brasil (Tabela 1) com algumas cidades estrangeiras
(Tabela 2), constata-se que a diferença na quantidade de postos por habitantes supera
a diferença nacional, como mostra a seguinte tabela:

Tabela 2. Quantidade de postos de bombeiros em cidades estrangeiras.

Cidade População Postos de bombeiros


Nova York (1996) 11.000.000 270
Dallas (1996) 1.100.000 104
Fonte: ARAUJO, 2013.

Como está apresentado na tabela acima, as cidades de Nova York e Dallas, em 1996,
possuíam mais unidades de postos de bombeiros que qualquer uma das cidades
brasileiras apresentadas. O número de postos de bombeiros não determina a quantidade
de bombeiros atuantes em cada cidade para o auxílio do seu respectivo número de

19
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

habitantes, mas já possibilita um entendimento de que há um elevado número de


profissionais por posto, o que está mais próximo ao recomendado pela ONU.

A tabela abaixo apresenta o número de habitantes, de postos de bombeiros, de


bombeiros e de municípios por estado brasileiro.

Tabela 3. Número de municípios com quartel de Bombeiro Militar e número de Bombeiros Militar por estado do

Brasil, dados do IBGE.

Municípios Municípios
Número de Número de
Estado População com Corpo de sem Corpos de
Municípios Bombeiros
Bombeiros Bombeiro
RS 497 10.693.929 95 402 2.277
SC 295 6.248.436 99 196 2.300
PR 399 10.444.526 107 292 3.000
SP 645 41.262.199 141 504 10.028
RJ 92 15.989.929 49 43 16.500
MG 853 19.597.330 53 800 5.300
ES 78 3.514.952 11 67 1.128
MS 79 2.449.024 24 55 1.288
GO 246 6.003.788 35 211 2.480
DF 01 2.570.160 01 00 5.500
MT 141 3.035.122 17 124 980
TO 139 1.383.445 05 134 436
MA 217 6.574.789 07 210 1.170
PI 224 3.118.360 04 220 347
CE 184 8.452.381 15 169 1.530
RN 167 3.168.027 06 161 645
PB 223 3.766.528 08 215 1.283
PE 185 8.796.448 22 163 2.893
AL 102 3.120.494 07 95 1.349
SE 75 2.068.017 05 70 636
BA 417 14.016.906 20 397 2.185
AC 22 733.559 05 17 329
AM 62 3.483.985 06 56 550
RO 52 1.562.409 14 38 657
RR 15 450.479 02 13 260
PA 144 7.581.051 21 123 3.120
AP 16 669.526 05 11 877
Fonte: ARAUJO, 2013.

Constata-se que o Estado de São Paulo apresenta uma população de 41.262.199


habitantes distribuídos nos seus 645 municípios, tendo o equivalente a um bombeiro
para cada 4.114 habitantes, conforme os dados de 2012. O Estado do Rio Grande do
Sul, possui 497 municípios e conta com uma população de 10.693.929 habitantes,
perfazendo o total de um bombeiro para cada 4.696 habitantes, quantidade de

20
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

bombeiros esta bem abaixo da do Estado do Rio de Janeiro, o qual possui um bombeiro
militar para cada 969 habitantes. Rio de Janeiro só fica atrás do Distrito Federal, que
conta com um bombeiro para cada 467 habitantes. Esses dados são preocupantes e
demonstram que o quantitativo de bombeiros deve ser aumentado em todos os estados
da federação.

Nota-se que, exceto o Distrito Federal, nenhum estado tem posto de bombeiro em
todos os seus municípios, o que é muito preocupante, visto que em muitos locais
a distância de municípios sem postos de bombeiros e algum posto de bombeiros
é medida em muitos quilômetros. Embora Rio de Janeiro e o Estado do Amapá,
junto com Brasília sejam os únicos estados que seguem os padrões internacionais
estabelecidos pela ONU, várias cidades do Rio de Janeiro e do Amapá ainda não
possuem postos de bombeiros.

A falta de corpos de bombeiros providos pelo poder público estimulou a criação


de grupos de bombeiros voluntários em inúmeros municípios brasileiros. Essa
iniciativa surgiu na Região Sul do país, e a agregação das sociedades de bombeiros
civis fortaleceu o modelo, contribuindo para sua expansão, o que gerou a
Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina (Abvesc) e a Federação
Sulriograndense de Bombeiros Voluntários (Voluntersul). No entanto, se comparado
o número de municípios brasileiros com postos de bombeiros ao número dos
municípios portugueses, observa-se que a falta de postos em municípios do Brasil é
incomparavelmente maior que a de Portugal, como mostra a tabela a seguir:

Tabela 4. Comparação entre Brasil e Portugal.

Municípios
Número de Municípios sem Número de
País População com Corpo de
Municípios Corpo de Bombeiro Bombeiros
Bombeiros
Brasil 5.570 207.000.000 784 4.786 69.048
Portugal 377 10.000.000 376 1 40.000
Fonte: ARAUJO, 2013.

Apesar desta estimativa, os brasileiros, atualmente, estão se voluntariando para o


trabalho de bombeiro, e isto tem se propagado bastante. O primeiro deles, e que está
dando certo há 125 anos, está localizado na cidade de Joinville em Santa Catarina,
que foi inaugurado em 1892, chamado Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de
Joinville (SCBVJ). Verifica-se que dois em cada três bombeiros no Estado de Santa
Catarina são bombeiros civis e voluntários, além disso, já existem mais de 50 grupos de
bombeiros civis e voluntários no Brasil (ABVESC, 1969).

21
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Os bombeiros civis também têm se organizado em quase todo o país. Atualmente,


existe a Associação Nacional de Bombeiros Civis, com sede na Cidade de São Paulo,
bem como associações de bombeiros civis estaduais e do Distrito Federal. Em
contrapartida, os Bombeiros Militares do Brasil tentaram organizar uma associação
unindo os militares e os civis, bem como voluntários, no ano de 2015. Foi denominada
de Liga de Bombeiro Brasileiro (LBB), contudo, a associação não ficou muito tempo
congregando, pois os militares não aceitaram as tratativas dos não militares, e, com
isso, a associação foi dissolvida e os militares fundaram a Ligabom (Liga Nacional de
Bombeiros Militares), com sede em Brasília.

Nota-se que há grupos que não veem com bons olhos o surgimento e o crescimento
dos bombeiros voluntários e civis em todos os locais de grandes centros no Brasil. Isso
ocorre, embora se tenhao certeza de que eles podem ser a solução para levar o serviço
de bombeiros a lugares ainda nunca assistidos por um bombeiro, quer seja militar,
voluntário ou civil.

É do conhecimento de todos que as autoridade dos poderes executivos e legislativos


de todos os Estados do Brasil e as próprias corporações de bombeiros militares que
o efetivo das corporações dos bombeiros militares hoje no país está muito aquém
dos padrões exigidos pela empresa norte-americana National Fire Protection
Association (NFPA), que é referência mundial no que diz respeito à tecnologia da
legislação contra incêndio e pela ONU, que é referência mundial no tocante a leis
contra incêndio e defesa civil. Contudo, como não existe mecanismo para cobrar
com rigor essa exigência referencial, atualmente o número de bombeiros em todo
o território é de mais ou menos 68.555, militares que, se dividido pela população
brasileira - de aproximadamente 202.768.562, em 2014, segundo levantamentos do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – no Brasil, há um bombeiro
para cada 2.958 habitantes. O ideal seria de, no mínimo, um bombeiro para cada
1.000 habitantes, muito menos do que se preconiza. Esse déficit é muito grande e não
existe um planejamento que oferece solução a curto prazo.

Verificou-se que a solução dessa problemática não é simples, pois há alguns


obstáculos a serem vencidos, como: a extensa área territorial do Brasil com poucos
bombeiros atuantes; e a falta de interesse político, pois no país foi criada até uma
legislação que estabelece somente o contingente máximo para a corporação, mas
não define o número mínimo exigido. Com essa brecha na lei, alguns estados
podem criar postos de bombeiros com apenas um militar. Dessa forma, vê-se
que a segurança pública, a defesa e a saúde civis não são levadas a sério pelos
líderes governamentais, os quais não se preocupam em direcionar suas ações a
profissionais de tamanha relevância em uma sociedade que devia atender toda a
população brasileira, inclusive os menos favorecidos e marginalizados.

22
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

O que se percebe com essa situação é que os profissionais ficam sobrecarregados, pois
estão com demanda de chamados para ocorrências que surgem inesgotavelmente.
Embora as corporações não tenham a quantidade de pessoas para cumprir a missão
a eles determinada pela Constituição, seguem se entregando ao esgotamento físico e
mental do serviço de combatente de bombeiros que, na maioria das vezes, é braçal.
Assim, o profissional se desdobra dia após dia dando resposta à sociedade para as
demandas das ocorrências de atividades de prevenção contra incêndio e pânico, de
atendimentos pré-hospitalares em caso de trauma, de salvamentos em altura e em meio
líquido, além das atividades de busca e defesa civil.

Conceitos, definições e termos técnicos

Conceito de incêndio

De acordo com a norma internacional ISO 8421-1, que apresenta os termos gerais
sobre fogo, incêndio significa “a combustão rápida disseminando-se de forma
descontrolada no tempo e espaço, produzindo gases, chamas, calor e fumaça”. Nesse
contexto, o Brasil possui um histórico de grandes incêndios que provocaram, além de
danos patrimoniais, danos ao ambiente e milhares de mortes.

Dessa forma, antes de combater um incêndio, faz-se necessário entendê-lo,


analisando suas características principais para compreender a necessidade de
instalação de um sistema de segurança contra incêndio e pânico eficiente capaz de
prevenir a ocorrência de sinistros.

Primeiramente é necessário conhecer quais são as causas que iniciam um incêndio,


que pode ser provocado de forma direta pelo homem ou não. Fagundes (2013)
classifica as causas em quatro grupos:

1. Causas humanas (culposas e criminosas) – A causa humana culposa


é provocada pela ação direta do homem por negligência, imprudência
ou imperícia. A causa criminosa é aquela realizada de forma voluntária
quando o agente, motivado por problemas psicológicos e materiais,
provoca um incêndio ou explosão, sendo muitas vezes denominado de
“incendiarismo”. Além dos listados acima, muitos são os motivos que
levam uma pessoa a provocar um incêndio: vingança, motivos financeiros,
destruição de documentos, ocultação de crimes etc.;

2. Causas naturais – Ocorrem pelos chamados fenômenos naturais,


tais como raios elétricos, descargas atmosféricas, terremotos, erupções

23
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

vulcânicas, desabamentos cujo controle foge dos procedimentos


preventivos;

3. Causas acidentais (elétricas, mecânicas e químicas) – Ocorrem


geralmente como resultante de falhas ocasionais, mesmo que muitas
vezes se tenham tomado as devidas medidas preventivas. Entretanto,
tendo em vista diversos fatores independentes à vontade alheia, eles
ocorrem.

4. Causas industriais – Podemos dizer que o risco de incêndios


industriais tem aumentado em face ao uso de novos materiais e projetos
de edificações, alicerçado pelo aumento notório do consumo de energia,
em que uma das fontes de energia é a calorífica. Após a Revolução
Industrial, os países que desenvolveram parques industriais notaram
um crescimento exponencial nos casos de incêndios, sobretudo nos
centros urbanos os quais foram criados, muitas vezes, unicamente para
atender à demanda de mão de obra para as indústrias.

As causas criminosas, acidentais, naturais ou industriais que dão início a um


incêndio encontram como forma de propagação no ambiente de ocorrência do
sinistro inúmeros fatores que concorrem ao seu desenvolvimento que são, segundo
Seito et al. (2008):

»» Forma geométrica e dimensões da sala ou local;

»» Área e superfície específicas dos materiais combustíveis envolvidos no


sinistro;

»» Distribuição uniforme dos materiais combustíveis no local do evento;

»» Quantidade de material combustível permanente ou temporário;

»» Características físico/químicas dos materiais envolvidos;

»» Local de início do incêndio;

»» Condições climáticas (temperatura e umidade relativa)

»» Aberturas de ventilação do ambiente;

»» Aberturas e meio de deslocamento entre ambientes e propagação do


incêndio;

»» Projeto arquitetônico do ambiente e ou edifício;

24
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

»» Medidas de prevenção de incêndio existentes;

»» Medidas de proteção ativa e passiva contra incêndio instaladas.

Os incêndios causados pela ação do homem, por falhas técnicas ou por acidentes
naturais, têm cinco fases que vão desde o princípio da combustão até o momento em
que o fogo diminui, descritas por Oliveira (2005), como:

»» Fase de ignição – A ignição do fogo trata do tempo/período em que


os quatro elementos essenciais do tetraedro do fogo se unem para dar
início à combustão. Neste ponto, o incêndio é pequeno e geralmente fica
restrito ao combustível que se incendiou primeiro. Podemos dizer que,
tanto os incêndios interiores quanto os exteriores, são originados a partir
de algum tipo de ignição;

»» Fase do crescimento do fogo – Pouco depois da ignição, o calor gerado


no foco inicial se propaga, sendo fator determinante para o aquecimento
gradual de todo o ambiente, iniciando a formação de uma coluna de gases
aquecidos sobre o combustível que está sendo queimado;

»» Fase da ignição súbita generalizada – Esta fase é uma etapa de


transição entre a fase do crescimento e o desenvolvimento completo do
incêndio. Essa fase se desenvolve, via de regra, pelo crescimento gradual do
incêndio e se manifesta por dois fenômenos distintos, variando conforme
o percentual de comburente (oxigênio) presente no ambiente. Havendo
uma oxigenação adequada com semelhante elevação de temperatura,
o incêndio poderá progredir para uma ignição súbita generalizada, ao
contrário, se a oxigenação é inadequada e a temperatura permanece em
elevação, podemos progredir para uma ignição explosiva;

»» Fase do desenvolvimento completo – Podemos dizer que esta


fase ocorre com o desenvolvimento completo do incêndio. Isso ocorre
quando todos os materiais combustíveis de um determinado espaço
físico são envolvidos pelo fogo. Durante este tempo de queima, todos os
combustíveis presentes no ambiente liberam a máxima quantidade de
calor alta e este calor é irradiado aos demais combustíveis presentes, os
quais irão produzir grandes volumes de gases e fumaça aquecida;

»» Fase da diminuição – À medida que o incêndio consome todos os


combustíveis disponíveis no ambiente, a taxa de liberação de calor começa
a diminuir, transformado-se num incêndio dito como controlado, por falta

25
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

de material combustível. Como acontece uma diminuição das chamas, há


uma redução das temperaturas do ambiente como um todo, no entanto,
as brasas residuais continuam a manter elevadas temperaturas por um
bom tempo.

Assim, já conhecendo as causas naturais, técnicas ou criminosas, e analisando as fases,


faz-se necessário conhecer as cinco classes de incêndios existentes para elaborar um
plano eficiente, são elas:

»» Classe A – São os incêndios ocorridos em materiais fibrosos ou


combustíveis sólidos. Apresentam como característica a queima em razão
do seu volume, isto é, em superfície e profundidade, e deixam resíduos
(cinzas ou brasas), sendo, geralmente, apagados por resfriamento. Ex:
Madeira, papel e borracha.

»» Classe B – Incêndios em líquidos combustível ou gases inflamáveis,


apresentando como característica queimar apenas na superfície, não
gerando resíduos, podendo ser controlado por extinção química e
por abafamento. Ex: GLP, gasolina, querosene, tolueno, nafta, diesel,
petróleo, éter, propago, butano, metano etc.

»» Classe C – São os incêndios ocorridos em materiais energizados,


oferecem alto risco à vida na ação de combate, devido à presença de
eletricidade, são apagados por agentes extintores que não conduzem
eletricidade. Ex: transformadores, motores etc.

»» Classe D – São incêndios ocorridos em metais pirofóricos, irradiam


uma forte luz e são muito difíceis de serem apagados, sendo contidos por
abafamento, água e espuma e não devem ser usados para combate. Ex:
Magnésio, potássio, alumínio em pó etc.

»» Classe K – São os oriundos de gorduras e óleos utilizados para fritura


e cozimento de alimentos. Em outros países são usados extintores
específicos, no Brasila a técnica mais indicada é o combate através do
abafamento. Ex: Incêndio em cozinhas quando os óleos, banhas, graxas e
gorduras são aquecidos.

Por fim, ao conhecer os elementos básicos relacionados à fogo e incêndio e ao histórico


de incêndios no Brasil durantes as últimas décadas que fizeram com que a legislação
e normas vigentes tivessem que ser modernizadas, no próximo capítulo será realizado
um breve estudo sobre incêndios no Brasil e as leis que regulamentam os sistemas de

26
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

segurança contra incêndio e pânico, principalmente sobre a normatização vigente no


que tange à figura do bombeiro profissional civil.

Algumas definições são fornecidas pela NBR 14608 (bombeiro profissional civil):

»» Área construída: Somatório de todas as áreas ocupáveis e cobertas de


uma edificação, incluindo-se também as áreas cobertas e não ocupáveis
que tenham produto armazenado com carga de incêndio acima 300
MJ/m2.

»» Bombeiro: Pessoa treinada e capacitada que presta serviços de


prevenção e atendimento a emergências, atuando na proteção da vida,
do meio ambiente e do patrimônio.

»» Bombeiro profissional civil: Bombeiro que presta serviço em uma


planta ou evento.

»» Bombeiro público: Bombeiro pertencente a uma corporação


governamental militar ou civil de atendimento a emergências.

»» Bombeiro voluntário: Bombeiro pertencente a uma Organização


Não Governamental (ONG) ou Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público (OSCIP), que presta serviços de atendimento a
emergências públicas.

»» Brigada de incêndio: Grupo organizado de pessoas preferencialmente


voluntárias ou indicadas, treinadas e capacitadas para atuar na
prevenção e no combate ao princípio de incêndio, abandono de área e
primeirossocorros, dentro de uma área preestabelecida na planta.

»» Combate a incêndio: Conjunto de ações destinadas a extinguir ou


isolar o princípio de incêndio com uso de equipamentos manuais ou
automáticos.

»» Emergência: Situação com potencial de provocar lesões pessoais ou


danos à saúde, ao meio ambiente ou ao patrimônio, ou combinação
destas.

»» EPI: Equipamento de proteção individual.

»» EPR: Equipamento de proteção respiratória.

»» Evento: Acontecimento programado em determinado local que reúne


grande quantidade de pessoas.

27
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

»» Exercício simulado: Exercício prático realizado periodicamente para


manter a equipe de emergência (brigada, bombeiro profissional civil,
grupo de apoio etc.) e os ocupantes das edificações em condições de
enfrentar uma situação real de emergência.

»» Plano de emergência contra incêndio: Consultar a ABNT NBR


15219.

»» Perigo: Situação com potencial de provocar lesões pessoais ou danos à


saúde, ao meio ambiente ou ao patrimônio, ou combinação destas.

»» Planta: Local onde estão situadas uma ou mais edificações ou área a ser
utilizada para um determinado evento ou ocupação.

»» Prevenção de incêndio: Uma série de medidas destinadas a evitar o


surgimento de um incêndio, dificultar sua propagação e facilitar a sua
extinção.

»» Responsável pela implantação do bombeiro profissional civil


da planta: Responsável pela ocupação da planta ou quem ele designar,
por escrito.

»» Risco: Propriedade de um perigo promover danos, com possibilidade


de perdas humanas, ambientais, materiais e/ou econômicas, resultante
da combinação entre frequência esperada e consequência dessas perdas.

»» Risco alto: Planta com carga de incêndio acima de 1 200 MJ/m².

»» Risco baixo: Planta com carga de incêndio até 300 MJ/m².

»» Risco iminente: Risco que requer ação imediata.

»» Risco médio: Planta com carga de incêndio entre 300 MJ/m2 e 1 200
MJ/m².

»» Sinistro: Ocorrência proveniente de risco que resulte em prejuízo ou


dano.

»» Tempo resposta: Lapso de tempo entre o recebimento de um


comunicado de incêndio ou outra emergência e a chegada do socorro
especializado no local.

(Fonte: ABNT NBR 14608:2007)

28
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Classificação

Podemos dizer que Bombeiros são membros de instituições de Proteção e Defesa Civil,
profissionais capacitados e preparados para atuar em ocorrência de incêndios (urbanos
e/ou industriais), objetivando atender e resgatar pessoas, proteger o patrimônio e
preservar o meio-ambiente.

A Lei no 11.901 de 12 de janeiro de 2009, classificou as funções dos Bombeiros Civis,


sendo que esta classificação está disposta no art. 4o em:

»» Bombeiro Civil, nível básico: Combatente direto ou não do fogo. Neste


nível de classificação o profissional pode atuar na função se realizar
treinamento de formação como bombeiro profissional civil atendendo
o previsto na NBR 14608:2007, bem como algumas especificidades de
determinados estados.

»» Bombeiro Civil Líder: A referida Lei fala que esse nível diz respeito
ao Técnico em prevenção e combate, o qual será o comandante da
guarnição/equipe durante o horário de trabalho. Aqui fica um tema para
debatermos, uma vez que ainda não temos essa formação específica
prevista na Lei em nível de formação técnica/pós ensino médio. Por
isso, muitas empresas utilizam a figura do técnico de segurança do
trabalho para ocupar cumulativamente essa vaga, o que pode parecer
algo normal, mas, se formos ver à luz da legislação que trata da profissão
de técnico de segurança, pode ser caracterizado desvio de função se
este profissional estiver computado no quantitativo da composição do
SESMT conforme prevê a NR-4 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Além disso, podemos dizer que tecnicamente esse profissional (técnico
de segurança do trabalho) tem sua formação voltada às questões
preventivas de saúde, segurança e higiene ocupacional. Na sua formação,
ele tem competências de preparação e atendimento a emergências, mas
acreditamos que não com carga horária e especificidade suficientes para
fornecer a esse profissional a devida “proficiência” de forma que possa
ocupar cumulativamente a função de Técnico em prevenção e combate.

A profissão de Técnico de Segurança do Trabalho é regulamentada pelo Decreto no


92.530, de 9 de abril de 1986. Esse decreto regulamenta a Lei no 7.410, de 27 de novembro
de 1985, que dispõe sobre a especialização de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia
de Segurança do Trabalho, a profissão de Técnico de Segurança do Trabalho e dá outras
providências.

29
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 61,


item III, da Constituição, e tendo em vista o disposto no artigo 4o da Lei no 7.410, de 27
de novembro de 1985.

DECRETA

Art. 2o - O exercício da profissão de Técnico de Segurança do Trabalho


é permitido, exclusivamente:

I - ao portador de certificado de conclusão de curso de Técnico de


Segurança do Trabalho ministrado no País em estabelecimento de
ensino de 2o grau;

II - ao portador de certificado de conclusão de curso de Supervisor de


Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário pelo Ministério
do Trabalho;

III - ao possuidor de registro de Supervisor de Segurança do Trabalho,


expedido pelo Ministério do Trabalho até 180 dias da extinção do curso
referido no item anterior.

As atribuições do Técnico de Segurança do Trabalho atendem ao disposto no art. 6o


do Decreto no 92.530, de 9 de abril de 1986, que deu competência ao Ministério do
Trabalho para definir as atividades do Técnico de Segurança do Trabalho:

Art. 1o - As atividades do Técnico de Segurança do Trabalho são as


seguintes:

I - informar o empregador, através de parecer técnico, sobre os riscos


exigentes nos ambientes de trabalho, bem como orientá-los sobre as
medidas de eliminação e neutralização;

II - informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem


como as medidas de eliminação e neutralização;

III - analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os


fatores de risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do
trabalho e a presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador,
propondo sua eliminação ou seu controle;

IV - executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e


avaliar os resultantes alcançados, adequando-os estratégias utilizadas
de maneira a integrar o processo prevencionista em uma planificação,
beneficiando o trabalhador;

30
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

V - executar programas de prevenção de acidentes do trabalho,


doenças profissionais e do trabalho nos ambientes de trabalho, com
a participação dos trabalhadores, acompanhando e avaliando seus
resultados, bem como sugerindo constante atualização dos mesmos
estabelecendo procedimentos a serem seguidos;

VI - promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras,


reuniões, treinamentos e utilizar outros recursos de ordem didática e
pedagógica com o objetivo de divulgar as normas de segurança e higiene
do trabalho, assuntos técnicos, visando evitar acidentes do trabalho,
doenças profissionais e do trabalho;

VII - executar as normas de segurança referentes a projetos de


construção, aplicação, reforma, arranjos físicos e de fluxos, com vistas à
observância das medidas de segurança e higiene do trabalho, inclusive
por terceiros;

VIII- encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos,


documentação, dados estatísticos, resultados de análises e avaliações,
materiais de apoio técnico, educacional e outros de divulgação para
conhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador;

IX - indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção


contra incêndio, recursos audiovisuais e didáticos e outros materiais
considerados indispensáveis, de acordo com a legislação vigente, dentro
das qualidades e especificações técnicas recomendadas, avaliando seu
desempenho;

X - cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto


ao tratamento e destinação dos resíduos industriais, incentivando e
conscientizando o trabalhador da sua importância para a vida;

XI - orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas,


quanto aos procedimentos de segurança e higiene do trabalho previstos
na legislação ou constantes em contratos de prestação de serviço;

XII - executar as atividades ligadas à segurança e higiene do trabalho


utilizando métodos e técnicas científicas, observando dispositivos
legais e institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução
permanente dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das
condições do ambiente, para preservar a integridade física e mental dos
trabalhadores;

31
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

XIII - levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho,


doenças profissionais e do trabalho, calcular a freqüência e a gravidade
destes para ajustes das ações prevencionistas, normas regulamentos e
outros dispositivos de ordem técnica, que permitam a proteção coletiva
e individual;

XIV - articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelo


recursos humanos, fornecendo-lhes resultados de levantamento
técnicos de riscos das áreas e atividades para subsidiar a adoação de
medidas de prevenção a nível de pessoal;

XV - informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades


insalubre, perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos
específicos, bem como as medidas e alternativas de eliminação ou
neutralização dos mesmos;

XVI - avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer


técnico que subsidie o planejamento e a organização do trabalho de
forma segura para o trabalhador;

XVII - articula-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à


prevenção de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho.

XVIII - particular de seminários, treinamento, congressos e cursos


visando o intercâmbio e o aperfeiçoamento profissional.
(Fonte: Decreto no 92.530/1986)

Segundo a NBR 14608 (bombeiro Civil), temos ainda o Bombeiro Civil Mestre,
que é aquele profissional de nível superior (formado em engenharia) que possui
pós-graduação em nível de especialização em prevenção e combate a incêndio. Ele está
imbuído da responsabilidade e tem atribuição de ser o responsável pelo Departamento
de Prevenção e Combate a Incêndio.

(Fonte: Lei no 11.901/2009)

32
CAPÍTULO 2
Legislação aplicada à profissão de
bombeiro civil

Legislação de incêndio no Brasil


No ano de 1961, foi registrado, no país, o primeiro grande incêndio, no Gran Circus
Norte-Americano, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Porém, somente a partir de
1975 surgiu a primeira regulamentação sobre aspectos relacionados à segurança contra
incêndio e pânico no Brasil, após os sinistros ocorridos nos edifícios Joelma e Andraus,
em São Paulo.

Com o passar das décadas, a legislação e as normas foram sendo desenvolvidas e


modernizadas de acordo com as exigências, ficando a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) designada a criar a primeira normatização nacional para projetos
de estrutura metálicas a serem adotadas para os edifícios altos bem como para a
compartimentação horizontal e vertical.

Segue abaixo uma lista dos principais incêndios ocorridos no Brasil, que vitimaram
milhares de pessoas de acordo com Previdelli (2013, p. 1) e fizeram com que as
autoridades criassem mecanismo de prevenção contra incêndio e pânico:

»» 1961 - Gran Circus Norte-Americano (RJ) – Um ex-funcionário


do Circo, junto com dois comparsas, usou gasolina para colocar fogo na
lona, feita de uma composição com parafina. Esses produtos propiciaram
rapidez no princípio do incêndio, fazendo com que o circo literalmente
desabasse por cima de cerca de três mil pessoas presentes no local. O
resultado foi de 503 óbitos, sendo que 70% eram crianças. Resultou,
ainda, em mais de mil pessoas feridas.

»» 1972 - Edifício Andraus (SP) – Incêndio que teve início por uma causa
até hoje não conhecida - acredita-se que tenha iniciado por uma sobrecarga
no sistema elétrico ou curto-circuito - se espalhando rapidamente pela
edificação, chegando a causar explosões, fazendo o edifício tremer. Teve
como resultado a morte de 16 pessoas e cerca de 330 feridos.

»» 1974 - Edifício Joelma (SP) – Incêndio que teve seu inicio 12o andar
em virtude de um curto-circuito num ar-condicionado, se espalhando

33
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

rapidamente pelos móveis de madeira presentes no local, pisos


acarpetados e forros internos compostos por fibra sintética. Esse incêndio
vitimou mais de 180 pessoas, o que reacendeu as discussões sobre a
real necessidade de segurança em prédios e preparo para prevenção e
combate a incêndios.

»» 1976 - Lojas Renner (RS) – Incêndio ocorrido no prédio onde


funcionava a Loja Renner na Capital Gaúcha, matou 41 pessoas e deixou
outras 60 feridas.

»» 1981 - Edifício Grande Avenida (SP) – Incêndio ocorrido em 14 de


fevereiro de 1981, num sábado de Carnaval. Resultou em destruição de
todos os andares do edifício, dezessete pessoas mortas e outras 53 feridas,
encorajando novas leis de segurança contra incêndios, principalmente na
região da Avenida Paulista.

»» 1984 - Vazamento em Cubatão (SP) – Vazamento de mais de


quinhentos litros de gasolina no mangue próximo a uma comunidade
denominada “Vila Socó” em Cubatão. Logo após o vazamento, uma ignição
causou o incêndio do produto inflamável matando vários moradores.
Foram oficialmente 93 mortes, mas algumas fontes falam em mais de
quinhentas vítimas, sobretudo crianças.

»» 1986 - Edifício Andorinha (RJ) – Um prédio no centro da cidade


sofreu um curto-circuito no sistema elétrico gerando um incêndio que
matou 21 pessoas e feriu mais de 50.

»» 2000 - Creche Uruguaiana (RS) – Um incêndio ocorrido num


aquecedor de uma creche na cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul,
vitimou doze crianças, com idades entre 2 e 4 anos. Duas funcionárias da
escola (inclusive a diretora) foram presas.

»» 2001 - Show no Canecão Mineiro (MG) – A queima de fogos de


artifício no palco do Canecão em Belo Horizonte gerou um incêndio que
matou sete pessoas e deixou mais de 300 feridos. Segundo levantamento,
o local não tinha alvará para funcionamento. O proprietário da casa de
Show, um produtor e dois músicos foram condenados.

»» 2013 - Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul – O


incêndio causado por um sinalizador disparado no palco da boate na
madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, na Boate Kiss matou 242 pessoas

34
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

(a maioria por intoxicação, asfixia bioquímica e mecânica dentro da casa


lotada) deixando mais de 600 pessoas feridas. A tragédia foi a segunda
maior do Brasil em número de vítimas fatais.

Sobre a figura do Bombeiro Profissional Civil temos várias citações em legislações


estaduais, municipais e federal, além da norma norteadora do tema que é a NBR 14608
(bombeiro profissional civil) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
citaremos abaixo as normas mais importantes para a profissão.

NBR 14608:2007 (bombeiro profissional civil)

Esse Norma Brasileira, NBR 14608, foi elaborada no Comitê Brasileiro de Segurança
contra Incêndio (ABNT/CB-24), pela Comissão de Estudo de Brigada contra Incêndio
(CE-24:203.02), sendo que o projeto circulou em Consulta Nacional. Esta Norma
estabelece regras para o Curso de Formação dos Bombeiros Civis, sendo que as práticas
previstas no programa de treinamento devem ser o mais próximas possível de eventos
reais, levando em consideração a inclusão de procedimentos técnicos operacionais
bem como medição da capacidade física e psicológica dos alunos durante a execução
das oficinas. Estabelece, ainda, os requisitos mínimos para podermos dimensionar o
número mínimo de bombeiros profissionais civis em uma planta/edificação, além dos
requisitos de sua formação, qualificação, reciclagem e área de atuação, sendo esses
assuntos tratatados em capítulo especifico.

Lei no 11.901, de 12 de janeiro de 2009

Lei que dispõe sobre a profissão de Bombeiro Civil:

Art. 1o O exercício da profissão de Bombeiro Civil reger-se-á pelo


disposto nesta Lei.

Art. 2o Considera-se Bombeiro Civil aquele que, habilitado nos termos


desta Lei, exerça, em caráter habitual, função remunerada e exclusiva
de prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado
diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de
economia mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços
de prevenção e combate a incêndio.

§ 2o No atendimento a sinistros em que atuem, em conjunto, os


Bombeiros Civis e o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a
direção das ações caberão, com exclusividade e em qualquer hipótese,
à corporação militar.

35
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Art. 4o As funções de Bombeiro Civil são assim classificadas:

I - Bombeiro Civil, nível básico, combatente direto ou não do fogo;

II - Bombeiro Civil Líder, o formado como técnico em prevenção


e combate a incêndio, em nível de ensino médio, comandante de
guarnição em seu horário de trabalho;

III - Bombeiro Civil Mestre, o formado em engenharia com


especialização em prevenção e combate a incêndio, responsável pelo
Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio.

Art. 5o A jornada do Bombeiro Civil é de 12 (doze) horas de trabalho


por 36 (trinta e seis) horas de descanso, num total de 36 (trinta e seis)
horas semanais.

Art. 6o É assegurado ao Bombeiro Civil:

I - uniforme especial a expensas do empregador;

II - seguro de vida em grupo, estipulado pelo empregador;

III - adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento) do salário


mensal sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa;

IV - o direito à reciclagem periódica.

Art. 8o As empresas especializadas e os cursos de formação de


Bombeiro Civil, bem como os cursos técnicos de segundo grau de
prevenção e combate a incêndio que infringirem as disposições desta
Lei, ficarão sujeitos às seguintes penalidades:

I - advertência;

III - proibição temporária de funcionamento;

IV - cancelamento da autorização e registro para funcionar.

Art. 9o As empresas e demais entidades que se utilizem do serviço de


Bombeiro Civil poderão firmar convênios com os Corpos de Bombeiros
Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, para
assistência técnica a seus profissionais.
(Fonte: Lei no 11.901/2009)

36
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Legislações Estaduais

Lei Complementar no 14.376, de 26 de dezembro de 2013.

Estabelece normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra


Incêndios nas edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do
Rio Grande do Sul e dá outras providências.

Dos Objetivos e das Disposições Preliminares:

Art. 1o Ficam estabelecidas, através desta Lei Complementar, para as


edificações e áreas de risco de incêndio no Estado do Rio Grande do
Sul, as normas sobre Segurança, Prevenção e Proteção contra Incêndio,
competências, atribuições, fiscalizações e sanções administrativas
decorrentes do seu descumprimento.

Parágrafo único. A presente Lei Complementar baliza a atuação das


administrações públicas municipais e a edição de legislações locais,
dado que se trata de lei complementar na forma dos arts. 24 e 30 da
Constituição Federal e art. 130 da Constituição do Estado.

Art. 2o São objetivos desta Lei Complementar:

I - preservar e proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de


risco, em caso de incêndio;

II - estabelecer um conjunto de medidas eficientes de prevenção contra


incêndio;

III - dificultar a propagação do incêndio, preservando a vida, reduzindo


danos ao meio ambiente e ao patrimônio;

IV - proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;

V - dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros


Militar do Estado Rio Grande do Sul (CBMRS);

VI - proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações e áreas de


risco de incêndio;

VII - definir as responsabilidades e competências de legislar em âmbito


estadual, respeitando as dos demais entes federados;

VIII - estabelecer as responsabilidades dos órgãos competentes pelo


licenciamento, prevenção e fiscalização contra incêndios e sinistros
deles decorrentes;

37
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

IX - definir as vistorias, os licenciamentos e as fiscalizações às


edificações e áreas de risco de incêndio;

X - determinar as sanções nos casos de descumprimento desta Lei


Complementar.

Art. 3o As medidas de segurança contra incêndio nas edificações e


áreas de risco de incêndio atenderão ao previsto no art. 144, § 5o, “in
fine”, da Constituição Federal e art. 130 da Constituição do Estado.

Das Competências, atribuições e responsabilidades:

Art. 10. Compete ao CBMRS, ouvido seu corpo técnico, regulamentar,


analisar, vistoriar, fiscalizar, aprovar as medidas de segurança, expedir
o APPCI e aplicar as sanções previstas nesta Lei Complementar, bem
como estudar e pesquisar medidas de segurança contra incêndio
em edificações e áreas de risco de incêndio. (Redação dada pela Lei
Complementar no 14.924/2016)

Art. 13. O proprietário ou o responsável pelo uso da edificação


obriga-se a manter as medidas de segurança contra incêndio,
em condições de utilização, providenciando sua manutenção e
adequação a esta Lei Complementar. (Redação dada pela Lei
Complementar n o14.924/2016)

Art. 15. Os eventos temporários em espaços abertos com afluência


de público deverão ter seu uso regulado pelas administrações
municipais, atendendo às Resoluções Técnicas do CBMRS.

Art. 17. Compete ao CBMRS e ao município, em qualquer tempo,


se constatado caso de risco aos usuários e ao funcionamento da
edificação, a sua interdição.

Art. 18. Será obrigatória a constituição de Brigada de Incêndio nas


edificações, levando em consideração um percentual da população
fixa, estabelecido de acordo com o grupo e a divisão de ocupação,
conforme Resolução Técnica do CBMRS ou normas técnicas vigentes.

Parágrafo único. Os locais de eventos ou reuniões com mais de 400


(quatrocentas) pessoas ficam obrigados a dispor da presença de
Bombeiro ou Brigadista, de acordo com Resolução Técnica do CBMRS.
(Redação dada pela Lei Complementar no 14.555/2014).
(Fonte: Lei no 14.376/2013)

38
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Portanto, podemos concluir que, durante a realização de eventos temporários ou


outros tipos de eventos que reúnam mais de duzentas pessoas, conforme prevê a lei
14.376/2013, para contratação de profissionais de prevenção de incêndio deve ser
levado em consideração o exposto acima. Importante lembrarmos que todo trabalhador
que exercer uma função remunerada em qualquer local tem necessidade do respectivo
registro profissional de sua atividade em carteira de trabalho (CTPS), ou contrato de
trabalho, constando inclusive o número do Código Brasileiro de Ocupações (CBO) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Desta forma, algumas correntes afirmam que
o brigadista de incêndio, por não ser uma profissão regulamentada, somente poderia
atuar supletivamente em princípio de incêndio, quando o evento fosse de caráter
interno da empresa à qual ele faça parte, conforme a NBR 14276 (Brigada de Incêndio
– Requisitos). Assim, quando no evento houver necessidade de contrato terceirizado de
profissionais para a atividade de prevenção e combate a incêndio, somente poderão ser
utilizados os serviços de profissionais BOMBEIROS CIVIS legalmente habilitados para
a função, conforme prevê a lei 11.901/2009.

Lei 15.180 de 23 de outubro de 2013

Em 23 de outubro de 2013, o Governo do Estado de São Paulo sancionou a Lei


estadual no 15.180 e institucionalizou a parceria com o Corpo de Bombeiros da Polícia
Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP), tornando-o responsável por credenciar
estabelecimentos especializados na formação do Bombeiro Civil. Seguem trechos da
referida Lei:

Art. 1o. O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São


Paulo será o órgão responsável por promover o credenciamento de
estabelecimentos civis destinados à formação do Bombeiro Civil.

Parágrafo único. O credenciamento se dará após prévia demonstração


do atendimento das normas técnicas quanto aos respectivos currículos,
estruturas físicas e condições de segurança.

Artigo 2o. O credenciamento de instrutores e avaliadores também é de


responsabilidade do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado,
mediante prévia avaliação.

Artigo 3o. As condições de credenciamento, o período de validade e os


casos de cassação do credenciamento serão regulamentados pelo Corpo
de Bombeiros da Polícia Militar do Estado.

39
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Artigo 4o. As despesas decorrentes da aplicação desta lei serão


atendidas com recursos próprios do orçamento vigente, suplementados
se necessário.
(Fonte: Lei 15.180/2013)

Instrução Técnica no 17 (IT 17 – CBMESP)

O objetivo da IT 17 é estabelecer condições mínimas para a composição, formação,


implantação, treinamento e reciclagem da brigada de incêndio, bem como os requisitos
mínimos para o dimensionamento da quantidade de Bombeiro Civil para atuar em
edificações e áreas de risco. A Instrução prevê avaliação da brigada de incêndios a ser
feita pelo Corpo de Bombeiros durante vistoria técnica.

O Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico


(COSCIP) – Decreto no 897 de 21 de setembro de
1976

Esse decreto tem por objetivo estabelecer requisitos de segurança indispensáveis


para as edificações construídas no Estado do Rio de Janeiro, bem como as
legislações complementares mais utilizadas:

Decreto Lei Estadual no 247 – 21/7/1975

Atribui competência ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de


Janeiro (CBMERJ) para realizar estudos, planejar, executar e fiscalizar
normas que disciplinam a segurança das pessoas e seus bens contra
incêndio e pânico em todo o Estado do Rio de Janeiro.

Resolução SEDEC no 279, de 11/1/2005

Dispõe sobre a avaliação e a habilitação do Bombeiro Profissional Civil:

Art. 1o O serviço particular especializado em prevenção e combate


a incêndio, bem como, o atendimento em serviços de emergências
setoriais, que doravante serão tratados como Brigadas de Incêndio (BI),
no território do Estado do Rio de Janeiro, terão seu dimensionamento
especificado segundo as condições estabelecidas nesta Resolução,
objetivando atender às peculiaridades da natureza do serviço.

Art. 2o. Para efeito desta Resolução define-se como:

I - Brigada de Incêndio (BI) - o grupo organizado de pessoas treinadas e


capacitadas para atuar na prevenção e combate a incêndio, bem como,

40
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

no atendimento de emergências setoriais, sendo composta de Bombeiro


Profissional Civil (BPC) e Brigadista Voluntário de Incêndio (BVI).

II - Bombeiro Profissional Civil (BPC) - aquele que, devidamente


habilitado no CBMERJ, presta serviços de prevenção e combate a
incêndio e atendimento de emergências setoriais, com dedicação
exclusiva em Brigada de Incêndio (BI).

III - Brigadista Voluntário de Incêndio (BVI) - aquele que, pertencente


à população fixa do local objeto da proteção, é treinado e capacitado a
exercer, sem exclusividade, as atividades básicas de prevenção e combate
a incêndios, assim como no atendimento a emergências setoriais.

IV - Equipe de Emergência (EE) - o grupo composto por Brigadistas


Voluntários de Incêndio (BVI).

Art. 3o. As Brigadas de Incêndio (BI) somente serão aceitas quando


satisfizerem as condições desta Resolução e da Marca de Conformidade
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por ocasião da
solicitação do Certificado da Aprovação do CBMERJ.

Art. 4o. Compete ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de


Janeiro (CBMERJ) a avaliação e a habilitação do Bombeiro Profissional
Civil (BPC).

Dimensionamento do Efetivo de Bombeiro Profissional Civil:

Art. 18 - Para o dimensionamento do efetivo de Bombeiro Profissional


Civil (BPC) de uma Brigada de Incêndio (BI), por turno de trabalho,
deve-se levar em consideração o disposto na tabela-1 Anexa à Resolução.

Art. 19 - Estarão isentas da adoção de Bombeiro Profissional Civil


(BPC) as edificações descritas na tabela-1 Anexa à presente Resolução
quando possuírem área total construída até 10.000 m² (dez mil metros
quadrados).

Parágrafo Único - Para as edificações dispostas no item 5 da tabela


– 1 Anexa à Resolução a área descrita no caput do presente artigo
aplicarse-á tão somente às áreas comerciais.

Art. 20 - Ao dimensionamento do efetivo de Bombeiro Profissional Civil


(BPC), previsto na tabela-1 Anexa à presente Resolução, deverão ser
aplicadas as seguintes majorações:

41
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

I - as edificações com enquadramento nos itens 1, 2, 3 e 4, exceto


as edificações industriais e residenciais coletivas, cuja área total
construída seja superior a 30.000 m² (trinta mil metros quadrados),
ao quantitativo previsto deverá ser acrescido 01(um) Bombeiro
Profissional Civil (BPC) para cada 30.000 m² ou fração excedente;

II - as edificações industriais, com enquadramento nos itens 2 e 4,


que estejam classificadas na letra “b” do subitem 4.2 do anexo I à
Resolução SEDEC no109/93 (risco médio – rede preventiva), cuja
área total construída seja superior a 30.000m² (trinta mil metros
quadrados), ao quantitativo previsto deverá ser acrescido 01 (um)
Bombeiro Profissional Civil (BPC) para cada 30.000 m².

III - as edificações industriais, com enquadramento nos itens 2 e


4, que estejam classificadas no subitem 4.3 do anexo I à Resolução
SEDEC no 109/1993 (risco grande), cuja área total construída seja
superior a 20.000 m² (vinte mil metros quadrados), ao quantitativo
previsto deverá ser acrescido 01 (um) Bombeiro Profissional Civil
(BPC) para cada 20.000 m² ou fração excedente;

IV - as edificações com enquadramento no item 5, cujo somatório


das áreas comerciais seja superior a 30.000 m² (trinta mil metros
quadrados), ao quantitativo previsto deverá ser acrescido 01 (um)
Bombeiro Profissional Civil (BPC) para cada 30.000 m² ou fração
excedente;

V - as edificações com enquadramento no item 6, cuja área total


construída seja superior a 20.000 m² (vinte mil metros quadrados),
ao quantitativo previsto deverá ser acrescido 01 (um) Bombeiro
Profissional Civil (BPC) para cada 20.000 m² ou fração excedente.

Art. 21 - As edificações, especificadas a seguir estão isentas da majoração


do efetivo de Bombeiro Profissional Civil (BPC):

I - as edificações residenciais coletivas com enquadramento nos itens


1-A e 3-A;

II - as edificações industriais com enquadramento nos itens 2 e 4, que


estejam classificadas na letra “a” do subitem 4.2 do anexo I à Resolução
SEDEC no109/1993 (risco médio – canalização preventiva).

Art. 22 - Quando em uma mesma edificação existir mais de uma


classificação quanto à ocupação o dimensionamento do efetivo de

42
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Bombeiro Profissional Civil (BPC) será feito considerando aquele que


conduzir ao maior efetivo.

Parágrafo Único - Excetua-se do caput do artigo as edificações com


enquadramento nos artigos 16 e 17 da presente Resolução.
(Fonte: Resolução SEDEC no 279, de 11/1/2005)

Portaria CBMERJ no 383, de 10/3/2005

Regulamenta os dispositivos da Resolução no 279/2005, que trata a


avaliação e a habilitação do Bombeiro Profissional Civil.

Legislações Municipais

Lei Municipal no 16.312 de 17 de novembro de 2015

A Lei Municipal no. 16.312 instituiu, no âmbito do município de São Paulo, a


obrigatoriedade de manutenção de equipes de brigada profissional, composta por
Bombeiros Civis, nos seguintes estabelecimentos: shopping center; casa de shows e
espetáculos; hipermercado; grandes lojas de departamento; campus universitário;
qualquer estabelecimento de reunião pública educacional ou evento em área pública
ou privada que receba grande concentração de pessoas, em número acima de 1.000
(mil) ou com circulação média de 1.500 (mil e quinhentas) pessoas por dia; demais
edificações ou plantas cuja ocupação ou uso exija a presença de bombeiro civil, conforme
Legislação Estadual de Proteção contra Incêndios do Corpo de Bombeiros da Polícia
Militar do Estado de São Paulo.

Nos locais onde tenha circulação de pessoas do sexo feminino, pelo menos um membro
da equipe deverá ser mulher. A lei está em vigor e prevê multa ao estabelecimento
que descumpri-la.

Lei Municipal no 7.955 de 17 de novembro de 2015

A Lei Municipal no 7.955 dispõe sobre a obrigatoriedade de manutenção de unidades


de combate a incêndio e primeiros socorros, compostas por corpos de bombeiros
civis em alguns estabelecimentos no município de Rio Grande no estado do Rio
Grande do Sul.

Art. 1o. Dispõe sobre a obrigatoriedade de manutenção de uma unidade


de combate a incêndio e de primeiros socorros, composta por Corpo de
Bombeiros Civis, nos estabelecimentos que esta Lei menciona.

43
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Art. 2o. Os estabelecimentos a que se refere o art. 1o são:

I - Shopping Center;

II - Casa de shows e espetáculos;

III - Hipermercado;

IV - Grandes lojas de departamentos;

V - Campus universitário;

VI - Empresa de grande porte instalada em imóvel com área


construída superior a 3.000m² (três mil metros quadrados);

VII - Qualquer estabelecimento que receba diariamente concentração


de pessoas em número acima de 1.000 (mil) ou com circulação média
de 1.500 (um mil e quinhentas) pessoas. (Redação dada pela Lei no
8176/2017)

§ 1o Para os fins do disposto nesta lei, considera-se:

I - Shopping Center: empreendimento empresarial, com reunião de lojas


comerciais, restaurantes, cinemas, em um só conjunto arquitetônico;

II - Casa de shows e espetáculos: empreendimento destinado à


realização de shows artísticos e/ou apresentação de peças teatrais e de
reuniões públicas, em local cuja capacidade de lotação seja superior a
3.000 (três mil) lugares;

III - Hipermercado: supermercado grande, aqueles com área superior


a 3.000m² (três mil metros quadrados) que, além dos produtos
tradicionais, venda outros eletrodomésticos e roupas;

IV - Campus universitário: conjunto de faculdades e/ou escolas para


especialização profissional e científica, instalado em imóvel com área
superior a 3.000m² (três mil metros quadrados).

§ 2o No caso de hipermercados ou de outro estabelecimento mencionado


nesta Lei, que seja associado a shopping center, a unidade de combate
a incêndio poderá ser única, atendendo o shopping center e o
estabelecimento associado.

§ 3o Os órgãos públicos, observados as normas de contratação de


servidor público ou de terceirização de serviços, enquadram-se nas
disposições desta Lei e sua regulamentação.

44
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Art. 3o. No que tange à organização, cada unidade de combate a incêndio


deverá ser estruturada do seguinte modo:

I - recurso de pessoal: a equipe de bombeiro civil contratada


deverá atender aos termos da legislação estadual vigente e a NBR
14.608/ABNT. (Redação dada pela Lei no 8176/2017).

II - Equipamentos obrigatórios:

a) Pelo menos 1 (uma) máscara autônoma por bombeiro civil;

b) Balão de oxigênio;

c) Material de corte, tal como marreta e machado;

d) Equipamentos de proteção individual;

e) Kit completo de primeiros socorros;

f) Detector móvel de Gás Liquefeito de Petróleo.

Art. 4o. Todo o evento a ser realizado no âmbito do Município do Rio


Grande, que necessite de Alvará de Funcionamento, deve possuir um
Responsável Técnico pela segurança contra incêndio e pânico.

Art. 5o. Durante o processo de concessão do Alvará de Funcionamento


para estabelecimentos ou para a realização de atividades eventuais,
a Administração Municipal deverá instruir o interessado a requerer
consulta prévia junto ao Corpo de Bombeiros Militar e do Estado do Rio
Grande do Sul para vistoria das instalações, visando o cumprimento
das exigências básicas de segurança contra incêndio e pânico.

Art. 6o. Os estabelecimentos que tiverem mais de um bombeiro civil


deverão constituir um Bombeiro Chefe. (Redação dada pela Lei no
8176/2017).

Art. 7o. Compete aos Bombeiros Civis:

I - Ações de prevenção:

a) Avaliar os riscos existentes;

b) Elaborar relatório das irregularidades encontradas;

c) Treinar a população para o abandono da edificação;

d) Inspecionar periodicamente os equipamentos de proteção;

45
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

e) Planejar com antecedência os exercícios necessários à proteção


contra incêndio e pânico nas instalações onde atuam;

f) Planejar ações de prevenção de incêndio e acidentes em geral;


g) Programar plano de combate a incêndio e abandono de área para as
instalações onde atua.

II - Ações de emergência:

a) Identificar a situação de ameaça ou risco de acidentes nas áreas de


sua atuação;

b) Auxiliar no abandono de edificação;

c) Verificar constantemente a situação dos sistemas de sinalização,


iluminação, alarmes e portas de emergência;

d) Combater os princípios de incêndios em sua fase inicial na


edificação e em suas imediações;

e) Atuar no controle de pânico;

f) Prestar os primeiros socorros;

g) Realizar a retirada de materiais para reduzir as perdas


patrimoniais devido a sinistros;

h) Interromper o abastecimento de energia elétrica e gás quando da


ocorrência de sinistro ou a qualquer momento em caso de perigo;

i) Estar sempre em condições de auxiliar o Corpo de Bombeiros Militar


do Estado.

Art. 8o. O descumprimento das normas dispostas nesta Lei sujeita


o infrator às seguintes penalidades, a serem aplicadas, isolada ou
cumulativamente, sem prejuízo das ações penais cabíveis:

I - Advertência;

II - Multa, a ser definida em regulamento pelo Chefe do Executivo


Municipal;

III - Interdição do estabelecimento;

IV - Proibição da atividade;

V - Revogação de autorização ou de alvará de funcionamento.

46
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Art. 9o. O prazo para que seja sanada a irregularidade é de, no


máximo, 30 (trinta) dias, após o recebimento de advertência ou
multa.

Art. 10o. Aplica-se a esta Lei, supletivamente, a Lei Federal no 11.901 de


12 de janeiro de 2009.
(Fonte: Lei Municipal no 7.955 de 17 de novembro de 2015)

47
CAPÍTULO 3
Seleção, perfil, treinamento e
capacitação de bombeiros

Seleção e treinamento
O processo de seleção de bombeiros voluntários no Brasil não tem um critério padrão,
portanto, devemos seguir a legislação já mencionada no capítulo anterior.

No que se refere a bombeiro civil, a Lei Federal no 11.901 de 12 de janeiro de 2009


ratificou o Bombeiro Civil como profissão, mas infelizmente não trouxe de forma clara
como deve ser o processo de seleção, deixando esse entendimento por conta da NBR
14608:2007 (Bombeiro Profissional Civil), que mesmo não sendo tão clara como a NBR
14276 (Brigada de Incêndio – Requisitos) quanto à seleção de candidatos, versa sobre
os requisitos para se dimensionar o número mínimo de bombeiros profissionais civis,
sua formação, qualificação, reciclagem e atuação. Por isso, é mister observar ainda as
Legislações de âmbito estadual e municipal específicas sobre o tema, algumas já vistas
anteriormente aqui.

Critérios básicos que podem ser utilizados para seleção de bombeiros

a. possuir boa condição física/mental e boa saúde;

b. bom condicionamento físico;

c. ter mais de 18 anos;

d. ser alfabetizado;

e. possuir e demonstrar controle e equilíbrio emocional para lidar com


situações críticas e risco;

f. desejo de ajudar o próximo (servir a uma dada população)

Critérios acessórios recomendáveis

a. ter raciocínio rápido e lógico;

b. ter disciplina e saber seguir e cumprir ordens e regras estabelecidas;

c. ter coragem e sobretudo capacidade de trabalhar sob pressão;

48
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

d. ter espírito de liderança;

e. boa capacidade de relacionamento interpessoal e trabalhar em equipe.

Perfil do bombeiro civil

Não temos nenhuma Norma que referencie o perfil esperado desse profissional, mas
podemos definir e listar algumas características básicas que podem nortear o perfil
desejado desse importante profissional:

»» Boa capacidade de relacionamento e de interação com equipes e grupos


de trabalho.

»» Facilidade de se adaptar e demonstrar comportamento com controle e


estabilidade emocional além de resistência ao estresse.

»» Capacidade de adotar comportamentos assertivos com o objetivo de


atender e cumprir as metas e as normas de segurança e procedimentos
operacionais.

»» Facilidade de adaptar-se a mudanças bem como aos diferentes contextos


e áreas de atuação.

»» Capacidade de tomar decisões sobre as soluções adequadas em situações


de emergência e crise.

A ética na profissão de bombeiro civil

Sempre que estamos diante de seres humanos, nos deparamos com a discussão da
questão da ética, uma vez que ela é elemento indissolúvel e da construção da condição
de sobrevivência humana, harmonia entre comunidades e convivência de grupos.
A ética pode ser definida desta forma como um conjunto de normas que regulam o
comportamento de grupos que convivem em comunidades ou não, e o bombeiro
civil, por ser um profissional que lidará com pessoas, deve ter esse conhecimento e
entendimento muito claros, e, sobretudo pautar suas ações baseado nos preceitos éticos
e morais esperados.

Nas sociedades feudais, por exemplo, a ética referia-se a um conjunto de representação


religiosa da relação social de produção. A ética social, naquela concepção de sociedade,
era de ordem religiosa. Ela consistia em seguir as normas de uma ordem estabelecida
por Deus e ter, fundamentalmente, uma moral de conformismo. A sociedade não era
entendida como construção humana.
49
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Nas sociedades vinculadas ao capitalismo globalizado, a ética refere-se a uma


construção humana fundamentada, segundo Max Weber (1992), numa ética
protestante, em que a austeridade – que significa utilizar o necessário e não consumir
de maneira ostensiva – se torna um elemento constituinte e determinante. Nesse caso,
a religião apresenta-se como papel ideológico na reprodução da relação capitalista,
gerando submissão do trabalho ao capital.

Mas o que podemos entender propriamente por ética, sabendo que vivemos em um
mundo capitalista globalizado, excludente e opressor?

A primeira observação que deve ser feita é que ela não se confunde com a moral.
A moral entende-se como regulação dos valores e comportamentos considerados
legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, uma tradição
cultural etc. Portanto, apresenta-se como um fenômeno social particular, sem o
compromisso com a universalidade. A ética pode ser entendida como o julgamento
da validade das morais. Dessa forma apresentando-se como uma reflexão sobre as
questões de moralidade, não sendo ela apenas teórica. A ética, nesse caso, deve ser
entendida, ainda, como um conjunto de princípios e disposições voltado para a ação,
cuja missão principal é ser norteadora das ações humanas. Ela existe para servir de
referência para os que vivem em sociedade, de tal forma que esta sociedade possa se
tornar cada vez mais humana.

Assim, tanto a ética como a moral, sendo distintamente reconhecidas, não se colocam
como um conjunto de verdades fixas e imutáveis, pois ambas apresentam um caráter
histórico e social.

Diante do que se pretende trabalhar na disciplina, outra preocupação importante é


saber quais são as tarefas da ética. Elas podem ser resumidas da seguinte maneira:

»» reguladora do desenvolvimento histórico e cultural da humanidade como


um todo;

»» na ausência da ética, ou seja, sem referência aos princípios humanitários


fundamentais comuns a todos aos povos, comunidades, nações, religiões
etc., a humanidade já teria se destruído por suas próprias ações e omissões;

»» em seu sentido etimológico – Ethos: ética em grego –, designa a morada


humana, significando tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente
para que haja uma convivência harmoniosa, respeitosa e saudável: que
seja sustentável do ponto de vista material, com integridade psicológica e
espiritualmente fecunda.

50
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Um exemplo paradigmático de princípio ético é a Declaração Universal dos Direitos


Humanos, promulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1948. Para
nós, que vivemos numa sociedade marcadamente capitalista, em que predomina uma
postura extremamente individualista, é preciso que cada cidadão incorpore esses
princípios de forma a se tornar uma prática constante no seu cotidiano, de forma a
nortear através deles suas ações e comportamento.

Desta forma há uma consequência inevitável: frequentemente, os princípios


norteadores da ética entram em colisão e conflito com a moralidade vigente. E, a
moral vigente, sob pressão dos interesses econômicos e de mercado, está sujeita a
constantes e graves degenerações.

Os artigos apresentados na Declaração Universal dos Direitos Humanos trazem à


tona o entendimento do que deveria ser uma vivência humana com reconhecimento e
valorização da dimensão humana na sua totalidade.

Podemos dizer que existem diversas áreas de atuação da ética, as que mais se destacam
são:

»» Ética e convivência humana: há necessidade de ética porque há o


outro ser humano. A atitude ética é de amor pela humanidade.

»» Ética e justiça social: um sistema econômico-político-jurídico que


produz, estruturalmente, desigualdades, injustiças, discriminações,
exclusões de direitos, entre outros, é eticamente mau, por mais que seja
legalmente (moralmente) constituído.

»» Ética e sistema econômico: o sistema econômico é o fator mais


determinante de toda a ordem (e desordem) social. Quando existe
uma reprodução da miséria estrutural, a ética diz que são necessárias
transformações radicais e globais na estrutura do sistema econômico.

»» Ética e meio ambiente: o trabalho é a ação humana que transforma a


natureza para o homem. Mas, para que o trabalho cumpra essa finalidade
de sustentar e humanizar o homem, ele deve se realizar de modo
autossustentável para a natureza e para o homem. Preservar e cuidar do
meio ambiente é uma responsabilidade ética diante da natureza humana.

»» Ética e educação: toda educação é uma ação interativa: faz-se mediante


informações, comunicação, diálogo entre seres humanos. Em toda
educação, há um outro em relação. Em toda educação, por tudo isso, a
ética está implicada.

51
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

»» Ética e cidadania: a cidadania nem sempre é uma realidade efetiva


nem é para todos. A efetivação da cidadania e a consciência coletiva
dessa condição são indicadores do desenvolvimento moral e ético de
uma sociedade.

»» Ética e política: política é a ação humana que deve ter por objetivo
a realização plena dos direitos e, portanto, da cidadania para todos. O
projeto da política, assim, é o de realizar a ética, fazendo coincidir com
ela a realização da vontade coletiva dos cidadãos, o interesse público.

»» Ética e corrupção: a corrupção, seja ativa ou passiva, é a força contrária,


o contrafluxo destruidor da ordem social. É a negação radical da ética,
porque destrói na raiz as instituições criadas para realizar direitos.
A corrupção é antiética. Indignar-se, resistir e combater a corrupção é
um dos principais desafios éticos da política.

Por isso, resgatar a importância dos valores e o papel da ética, enquanto


reconhecimento de princípios universais que valorizam a vida na sua totalidade, é
uma tarefa que compete a todos aqueles que têm sensibilidade e empatia para com
o sofrimento e as angústias do ser humano e, porque não dizer, da própria natureza,
e mais ainda em se tratando de um profissional que tão nobre missão desempenha
como o bombeiro profissional civil. com isso, tratar do tema da ética na profissão de
bombeiro é tão fundamental quanto realizar descobertas científicas e tecnológicas de
novos equipamentos, novos aprendizados técnico/operacionais e estudos futuros. Mas
não basta o desenvolvimento do assunto no mundo acadêmico; é preciso perceber
que existem implicações, que exigem ações concretas e levem os seres humanos a se
comprometerem com a transformação da sociedade, fazendo-a cada vez mais humana
e eticamente sustentável.

Habilidades técnicas, físicas, emocionais e


cognitivas para seleção de bombeiros

Os candidatos à função de bombeiro civil devem ser selecionados, no mínimo, de


forma a atender ao maior número de critérios descritos a seguir:

a. Controle e domínio psicoemocional para o controle das emergências e


destreza psicomotora para o manuseio de equipamentos e vestimentas
de proteção e atendimento;

b. Capacidade de entendimento e avaliação de risco;

c. Aptidão para o cumprimento de normas e procedimentos visando a


própria segurança e também dos colegas e/ou vítimas;

52
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

d. Espírito de liderança, iniciativa e pró-atividade, dinamismo e facilidade


de expressão;

e. Bom relacionamento interpessoal;

f. Elevado espírito de grupo (equipe);

g. Bom condicionamento e disposição física e adequada saúde física e


mental.

Requisitos de saúde física e mental

Devem ser elaborados e estabelecidos procedimentos e normas de conduta escritas


visando à manutenção da segurança e saúde ocupacional dos bombeiros, visando
prevenir acidentes, danos pessoais, exposições, bem como reduzir a severidade desses
acidentes.

Ao estabelecer uma política de avaliação física e mental, descrevendo as exigências


e predicados de desempenho físico e de saúde relacionados às atividades a serem
desenvolvidas assegura-se que os bombeiros estejam em condições de executar os
deveres de resposta exigidos, reduzindo e/ou minimizando o risco de danos e doenças
ocupacionais.

Requisitos médicos

O bombeiro deve ser admitido após apresentação do atestado médico (atestado de


saúde ocupacional – ASO), e deve levar em consideração os riscos ocupacionais
inerentes à profissão bem como as tarefas que o bombeiro irá executar.

Todo Bombeiro que exerça atividades operacionais de combate a incêndios e outras


críticas de resposta a emergência, deve passar por avaliação anual em conformidade
com a NR-7 (PCMSO). Depois de cada afastamento médico, devem ser realizados os
exames médicos específicos em conformidade com o Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional (PCMSO) de acordo com a Norma Regulamentadora do Ministério
do Trabalho número 7.

Condicionamento físico

O condicionamento físico é um dos fatores mais importantes para o


desenvolvimento de qualquer atividade humana e, sem ele, algumas tarefas são
praticamente impossíveis de serem realizadas, sobretudo aquelas desenvolvidas
por profissionais de resposta a emergência onde se enquadra o bombeiro civil.

53
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Sentir-se disposto, ter saúde e estar com o corpo em forma podem ser objetivos
daqueles que se exercitam e pensam em uma melhor qualidade de vida, porém, para
os bombeiros de aeródromos, o condicionamento físico faz parte do diaadia e deve
ser uma meta. Ressalta-se que um bom condicionamento físico é conquistado com
constância e dedicação; o respeito ao limite físico de cada um é fundamental para que
não ocorram problemas de ordem muscular e articulares.

Avaliação de Aptidão Física – AAF

Algumas empresas estão exigindo avaliação de aptidão física para contratação de


bombeiros profissionais civis, sendo que esta avaliação só poderá se feita após a emissão
do ASO (Atestado de Saúde Ocupacional), e este considerar o candidato APTO após
avaliação dos exames complementares pelo médico examinador.

As avaliações de aptidão devem ser realizadas em academias de ginástica e ser


conduzidas por profissional de Educação Física, devidamente habilitado e registrado
no conselho de classe.

Treinamento de bombeiro profissional civil

O Bombeiro Civil deve receber capacitação periódica, direcionada e específica de


forma que tenha atributos, conhecimentos e domínio das suas atribuições, de forma a
poder lidar com as mais variadas e diferentes situações de risco e cenários acidentais
previstos. Deve ainda conhecer preventivamente os riscos e perigos inerentes às
atividades a serem desenvolvidas, e planejar medidas, estratégias e formas de proteção
e, quando ocorrerem, deve saber como atender de forma a minimizar os impactos e
danos. Ele deve participar de simulados teóricos e práticos nas suas bases/postos
de trabalho, devendo ter como perfil a capacidade de identificar antecipadamente as
situações de perigo, avaliar riscos iminentes e planejar rotas para abandono de prédio
e evacuação de áreas.

O Bombeiro Civil, quando em atividade no seu posto de trabalho, pode ser acionado
a qualquer momento para atender uma emergência. Por isso, deve estar sempre
preparado realizar os atendimentos em todas as situações possíveis de acordo com
os cenários acidentais previamente identificados, minimizar danos e prejuízos ao
patrimônio, e acima de tudo, salvaguardar a vida humana. Por isso, um treinamento
adequado, eficiente, responsável e de qualidade é indispensável à profissão.
Acreditamos que, face aos possíveis cenários acidentais e exposição a possíveis
situações de risco, desde simples a complexas, o Bombeiro Civil precisa ter, além de
aptidão técnica e intelectual, saúde e vigor físico, bem como equilíbrio emocional para

54
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

lidar com operações de salvamento, primeiros socorros e combate a incêndio. Isso


pode vir a ser feito em locais elevados, de difícil acesso ou em ambientes confinados
com emprego de equipamentos que necessitem de uso da força humana e, em certo
ponto, ter alguma robustez física, pois lidará com extintores de incêndio, mangueira
de combate pressurizada, transporte e movimentação de macas e outras ferramentas
pesadas.

O plano de treinamento do bombeiro civil deveria incluir formação inicial e meios


para aprimoramento constante das técnicas de prevenção, resgate, salvamento
e combate a incêndio por meio de aulas teóricas e oficinas práticas objetivando,
dessa forma, manter as equipes preparadas para o enfrentamento de situações de
emergência reais.

Lembramos que a NBR 14608 no seu item 4.14 fala que, durante a reciclagem, o
bombeiro pode ser dispensado de realizar a parte prática do treinamento de combate
a incêndio e primeiros-socorros, se ele for aprovado em avaliação em que atinja no
mínimo 80% de aproveitamento.

Capacitação do bombeiro profissional civil

Segundo a NBR 14604:2007, os bombeiros profissionais civis devem ser qualificados


conforme os riscos específicos de seu local de trabalho. O treinamento deve ter uma
carga horária teórico/prática de, no mínimo, 210 horas de treinamento, sendo 94 horas
de aulas teóricas e 116 horas de aulas práticas. O aproveitamento mínimo aceitável
para conclusão de curso será de 80%, sendo válido por 12 meses. O treinamento deve
ser renovado sempre que expirar esse prazo, ou seja, ser realizado treinamento de
atualização (reciclagem).

Formação do bombeiro profissional civil

Conforme dito acima, os candidatos a bombeiro profissional civil devem frequentar


curso com carga horária mínima definida no Anexo B da NBR 14608 (Bombeiro
Profissional Civil).

A validade de cada módulo do treinamento de bombeiro profissional civil é de, no


máximo, 12 meses e a avaliação teórica deve ser realizada na forma escrita, podendo
ser em múltipla escolha. A avaliação prática deve ser realizada de acordo com o
desempenho do aluno nos exercícios realizados. Os candidatos que concluírem
cada um dos módulos com aproveitamento mínimo de 80% em cada uma das
avaliações (teórica e prática) definida no Anexo B da NBR 14608 devem receber
certificado de bombeiro profissional civil, expedido por profissional habilitado.

55
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Nos certificados dos cursos de formação de bombeiros civis devem constar


obrigatoriamente os dados abaixo descritos:

a. nome completo do treinando com RG (registro geral);

b. carga horária realizada;

c. período de treinamento;

d. nome completo, formação, Registro Conselho de Classe, RG (registro


geral) e/ou CPF (cadastro de pessoa física) do instrutor;

e. data de expedição do certificado;

f. citar que o certificado está em conformidade com a NBR 14.608:2007.

Níveis de formação

»» Formação educacional: Ensino superior completo para o Bombeiro


Civil Mestre, médio completo para o Bombeiro Civil Líder e básico para
os demais.

»» Tempo de experiência: Não definido, mas conforme risco e complexidade


do segmento e da planta onde irá atuar pode ser preterido.

Requisitos mínimos para os instrutores de curso de


formação de bombeiro civil

Instrutor em atividades operacionais de bombeiro


profissional civil

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio;

»» Formação em atividades operacionais de bombeiro profissional civil


com carga horária mínima de 40 h, realizada em instituição oficial de
ensino nacional ou estrangeira, ou empresa de formação e especialização
de equipes de emergência, legalmente constituída, ou profissional
que tenha ministrado cursos de atividades operacionais de bombeiro
profissional civil para bombeiros profissionais civis nos últimos cinco
anos, confirmados por atestado de capacitação técnica emitido por
instituição ou empresa de notório reconhecimento no Brasil, ou bombeiro

56
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

profissional civil com cinco anos de experiência no assunto, confirmados


por atestado de capacitação técnica emitido por instituição ou empresa
de notório reconhecimento no Brasil;

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino nacional ou estrangeira.

Instrutor em EPI e EPR

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio;

»» Formação em EPI e EPR com carga horária mínima de 40 h, realizada


em instituição oficial de ensino, nacional ou estrangeira, ou empresa
de formação e especialização de equipes de emergência, legalmente
constituída, ou profissional que tenha ministrado cursos de EPI e EPR
para bombeiros profissionais civis nos últimos cinco anos, confirmados
por atestado de capacitação técnica emitido por instituição ou empresa
de notório reconhecimento no Brasil;

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino, nacional ou estrangeira.

Instrutor em equipamentos de combate a incêndio

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio;

»» Formação em equipamentos de combate a incêndio com carga horária


mínima de 40 h, realizada em instituição oficial de ensino nacional ou
estrangeira, ou empresa de formação e especialização de equipes de
emergência, legalmente constituída, ou profissional que tenha ministrado
cursos de equipamentos de combate a incêndio para bombeiros
profissionais civis nos últimos cinco anos, confirmados por atestado
de capacitação técnica emitido por instituição ou empresa de notório
reconhecimento no Brasil;

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino, nacional ou estrangeira.

57
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Instrutor em fundamentos de análise de risco

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio;

»» Formação em fundamentos de análise de risco com carga horária


mínima de 140 h, realizada em instituição oficial de ensino, nacional
ou estrangeira, ou empresa de formação e especialização de equipes de
emergência, legalmente constituída, ou profissional que tenha ministrado
fundamentos de análise de risco para bombeiros profissionais civis nos
últimos cinco anos, confirmados por atestado de capacitação técnica
emitido por instituição ou empresa de notório reconhecimento no Brasil;

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino, nacional ou estrangeira.

Instrutor em prevenção e combate a incêndio

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio;

»» Formação em prevenção e combate a incêndio com carga horária


mínima de 200 h, realizada em instituição oficial de ensino, nacional
ou estrangeira, ou empresa de formação e especialização de equipes de
emergência, legalmente constituída, ou profissional que tenha ministrado
cursos de prevenção e combate a incêndio para bombeiros profissionais
civis nos últimos cinco anos, confirmados por atestado de capacitação
técnica emitido por instituição ou empresa de notório reconhecimento
no Brasil;

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino, nacional ou estrangeira.

Instrutor em primeirossocorros

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio;

»» Formação em primeiros-socorros com carga horária mínima de 240


h, realizada em instituição oficial de ensino, nacional ou estrangeira,

58
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

ou empresa de formação e especialização de equipes de emergência,


legalmente constituída, ou profissional que tenha ministrado
primeiros-socorros para bombeiros profissionais civis nos últimos
cinco anos, confirmados por atestado de capacitação técnica emitido
por instituição ou empresa de notório reconhecimento no Brasil.

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino, nacional ou estrangeira.

Instrutor em produtos perigosos

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio;

»» Formação em produtos perigosos com carga horária mínima de 80 h,


realizada em instituição oficial de ensino, nacional ou estrangeira,
ou empresa de formação e especialização de equipes de emergência,
legalmente constituída, ou profissional que tenha ministrado produtos
perigosos para bombeiros profissionais civis nos últimos cinco anos,
confirmados por atestado de capacitação técnica emitido por instituição
ou empresa de notório reconhecimento no Brasil;

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino, nacional ou estrangeira.

Instrutor em salvamento terrestre e altura

Profissional com:

»» Nível escolar igual ou superior ao ensino médio:

»» Formação em salvamento terrestre com carga horária mínima de 80


h, realizada em instituição oficial de ensino, nacional ou estrangeira,
ou empresa de formação e especialização de equipes de emergência,
legalmente constituída, ou profissional que tenha ministrado salvamento
terrestre para bombeiros profissionais civis nos últimos cinco anos,
confirmados por atestado de capacitação técnica emitido por instituição
ou empresa de notório reconhecimento no Brasil;

»» Formação em técnicas de ensino com carga horária mínima de 40 h em


instituição de ensino, nacional ou Estrangeira.

(Fonte: ABNT NBR 14608:2007)

59
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Importante destacar que a NBR 14608:2007 (Bombeiro Profissional Civil) define


o dimensionamento dos instrutores e auxiliares do instrutor para cada tipo de
treinamento, sendo que, na parte teórica de incêndio e de primeirossocorros,
é necessário um instrutor para cada grupo de 30 alunos; na parte prática de
incêndio 2 instrutores e 2 auxiliares do instrutor para grupo de 30 alunos e na
prática de primeiros socorros se faz necessário 1 instrutor e 1 auxiliar para cada
grupo de 10 alunos.

Currículo mínimo do curso de formação de


bombeiros profissionais civis

Tabela 5. Prevenção e combate a incêndio - Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h

1 Conhecer a importância e os objetivos gerais do


1 NA NA
Introdução curso; histórico e estatísticas de incêndios.

Conhecer os aspectos legais (normas,


2 Aspectos regulamentações e legislações em todas as
1 NA NA
legais esferas governamentais pertinentes) relacionados à
responsabilidade do bombeiro profissional civil.

Conhecer os quatro elementos formadores da


combustão, as formas de propagação do calor, as
temperaturas do fogo, os métodos de extinção do
3 Teoria do
fogo, a classificação dos incêndios, os principais 3 NA NA
fogo
agentes extintores, unidade extintora e capacidade
extintora, as fases do combate ao fogo, o
Flashover, o Backdraft, o Bleve e o Boil Over.

Conhecer os conceitos gerais de prevenção,


educação e proteção contra incêndio; noções
de proteção passiva e proteção ativa: isolamento
de risco, compartimentação vertical e horizontal; Demonstrar os principais procedimentos para
noções de resistência das estruturas e dos o funcionamento do sistema de meios de fuga:
4 Proteção materiais ao fogo; e Auto de Vistoria do Corpo de saídas de emergência, escadas de segurança,
contra Bombeiros (AVCB). 4 corredores e rotas de fuga; dos sistemas de 4
incêndio Conhecer os equipamentos fixos e portáteis iluminação de emergência; do elevador de
de combate a incêndio, saídas de emergência, segurança; dos meios de aviso, detecção e
escadas de segurança, corredores e rotas de fuga, alarme de incêndio; da sinalização de emergência.
sistemas de iluminação de emergência, elevador
de segurança, meios de aviso,detecção e alarme
de incêndio e sinalização de emergência.

60
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Conhecer as principais técnicas de busca e Demonstrar as principais técnicas de busca
exploração da área em sinistro, ventilação e exploração da área em sinistro, ventilação
natural ou forçada (pressão negativa, venturi e natural ou forçada (pressão negativa, venturi e
positiva), entradas forçadas, resgate de vítimas, positiva), entradas forçadas, resgate de vítimas,
confinamento, isolamento, salvatagem, combate confinamento, isolamento, salvatagem, combate
5 Técnica com emprego correto dos tipos de jatos de com emprego correto dos tipos de jatos de
e tática de água (neblina, cone de força e sólido), emprego, água (neblina, cone de força e sólido), emprego,
4 8
combate a dimensionamento e técnicas de aplicação de dimensionamento e técnicas de aplicação de
incêndio espuma mecânica e rescaldo de incêndio. espuma mecânica e rescaldo de incêndio.
Demonstrar a montagem de uma linha direta de Demonstrar a montagem de uma linha direta de
combate a incêndio, a partir de um hidrante e/ou combate a incêndio, a partir de um hidrante e/ou
viatura, linha adutora e linha siamesa. viatura, linha adutora e linha siamesa.
Demonstrar o uso de linha de água para ataque Demonstrar o uso de linha de água para ataque
direto, ataque indireto e ataque combinado. direto, ataque indireto e ataque combinado
6 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma. 1 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 2
Total 14 Total 14
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 6. Equipamentos de combate a incêndio e auxiliares – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária H
Conhecer os tipos e a operação de: extintores Demonstrar na prática a operação de: extintores
(portáteis e extintores sobre rodas, com carga (portáteis e extintores sobre rodas, com carga
de água, pó BC, pó ABC, CO2, halotrom etc.), de água, pó BC, pó ABC, CO2, halotrom etc.),
hidrantes (predial, de coluna e subterrâneo), hidrantes (predial, de coluna e subterrâneo),
mangotinho, mangueiras de incêndio (tipos I, mangotinho, mangueiras de incêndio (tipos I,
1 Equipamento
II, III, IV e V), chaves de mangueira (simples e II, III, IV e V), chaves de mangueira (simples e
de operação 4 8
mista), redutores, tampões e adaptadores para mista), redutores, tampões e adaptadores para
manual
mangueiras e hidrantes, derivantes, válvula de mangueiras e hidrantes, derivantes, válvula de
recalque, passagem de nível, barrilete, esguichos recalque, passagem de nível, barrilete, esguichos
(de jato sólido, regulável, formador e auto-edutor (de jato sólido, regulável, formador e auto-edutor
de espuma) e proporcionadores de espuma (de de espuma) e proporcionadores de espuma (de
linha e de sistema). linha e de sistema).
Demonstrar na prática o conhecimento dos
2 Conhecer os equipamentos e os principais
equipamentos e os principais procedimentos de
Equipamentos procedimentos de emergência para o correto
emergência para o correto funcionamento de
de Sistema funcionamento de bombas (elétricas e a
2 bombas (elétricas e a combustão), chuveiros 4
fixo e combustão), chuveiros automáticos (sprinklers)
automáticos (sprinklers) e sistemas fixos de
operação e sistemas fixos de combate a incêndio (com
combate a incêndio (com espuma mecânica,
automática espuma mecânica, gases etc.)
gases etc.)
Conhecer como transportar e armar uma escada
Demonstrar na prática como transportar e
prolongável. Conhecer como operar no mínimo as
armar uma escada prolongável; como operar
seguintes ferramentas de corte, arrombamento e
ferramentas de corte, arrombamento e remoção
3 remoção (machado, machado-picareta, corta-a-
(machado, machado-picareta, corta-a-frio,
Equipamentos frio, croque, alavanca simples, alavanca pé-de- 2 4
croque, alavanca simples, alavanca pé-de-cabra
auxiliares cabra e ferramentas hidráulicas de corte e tração).
e ferramentas hidráulicas de corte e tração);
Conhecer lanternas e refletores portáteis para
como operar lanternas e refletores portáteis para
iluminação. Conhecer o emprego de uma lona
iluminação; como usar uma lona para salvatagem.
para salvatagem.
4 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 2
Total 9 Total 18
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

61
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Tabela 7. Atividades operacionais de bombeiro profissional civil – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática

Carga Carga
Módulo Objetivos: Objetivos:
horária horária

Ao final deste módulo o aluno deve: Ao final deste módulo o aluno deve:
H h

Conhecer as principais atribuições do bombeiro


profssional civil estabelecidas nesta Norma.

Conhecer os sistemas de comunicação por


voz (fixa e móvel) e dados. Conhecer o código
alfabeto fonético. Conhecer o código de pronúncia
de números.

Conhecer os procedimentos de inspeção


preventiva. Conhecer um relatório padronizado
de acompanhamento de trabalhos de risco, de
inspeções e de acidentes. Conhecer os padrões
de inspeção visual e de teste de funcionamento Demonstrar na prática como operar os
de extintores de incêndio, conforme Normas sistemas de comunicação por voz (fixa e
Brasileiras específicas para cada tipo de extintor. móvel) e dados, usando o código alfabeto
Conhecer como são realizados os teste de fonético e o código de pronúncia de
abertura e vedação de um hidrante predial. números. Exercitar o preenchimento de
relatórios padronizados de acompanhamento
de trabalhos de risco, de inspeções e de
1 Atividades Conhecer como é feito o preenchimento de
acidentes. Demonstrar na prática como são
administrativas um relatório de incêndio em conformidade 2 4
realizados os testes de abertura e vedação de
e operacionais com a ABNT NBR 14023. Conhecer os
um hidrante predial. Exercitar o preenchimento
procedimentos para efetuar a troca de um bico
de um relatório de incêndio em conformidade
de chuveiro automático (sprinklers). Conhecer
com a ABNT NBR 14023.
as recomendações para inspeção, manutenção
e cuidados com as mangueiras de incêndio,
conforme as Normas ABNT NBR 11861 e Demonstrar na prática os procedimentos
ABNT NBR 12779. Conhecer os procedimentos para efetuar a troca de um bico de chuveiro
para acionar os serviços públicos locais de automático (sprinklers).
atendimento a emergências (Corpo de Bombeiros,
SAMU, Defesa Civil, Polícia, Agência Ambiental e/
ou outras de responsabilidade local). Conhecer
os tipos de pára-raio e os procedimentos
de inspeção visual nos cabos e conectores.
Conhecer as características, tipos, princípios de
funcionamento e os procedimentos de segurança
e emergência em caldeiras e vasos sob pressão.

Conhecer os geradores, conjuntos motobomba


e motoventiladores, suas aplicações, operação e
manutenção preventiva.

1 Atividades Conhecer os tipos de armazenagem e instalações


administrativas de gases (no mínimo GN, GLP, oxigênio, acetileno,
e operacionais nitrogênio, cloro e amônia) e procedimentos de
(continuação) emergência

Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta


2 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 2
Norma

Total 3 Total 6

Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

62
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Tabela 8. EPI e EPR – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Conhecer os equipamentos de proteção individual
para proteção da cabeça, olhos e face, proteção
auditiva, proteção respiratória, tronco, membros
superiores, membros inferiores e corpo inteiro,
1 EPI 2 Vestir os EPIs 2
em conformidade com as Normas Brasileiras
específicas para combate a incêndio, nacionais
e, na falta de Normas Brasileiras, adotar Normas
Internacionais
Conhecer e saber a origem e os riscos de
exposição a no mínimo os seguintes tipos de
gases: asfixiantes – gás
liquefeito de petróleo (GLP), gás metano (CH4),
dióxido de carbono (CO2) e acetileno; gases
tóxicos - monóxido
de carbono (CO), sulfidrico (H2S) e cianídrico Demonstrar a utilização (montar o equipamento,
(HCN) e gases irritantes ou corrosivos - amônia equipar-se e deslocar-se com e sem vítima,
(NH2) e cloro. demonstrar o equipamento), higienização
2 EPR 2 4
Conhecer as características de atmosfera e limpeza dos equipamentos de proteção
insalubre por concentração de O2. Conhecer a respiratória Exercitar o cálculo da autonomia do
utilização e a higienização e limpeza dos seguintes conjunto máscara autônoma
equipamentos de proteção respiratória: máscaras
filtrantes e conjunto de mascara autônoma de
ar respirável e máscara dedicada para vítima
(carona). Saber calcular a autonomia do conjunto
máscara autônoma. Conhecer e saber identificar
a finalidade dos dados impressos nos cilindros de
ar respirável.
3 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 4
Total 5 Total 10
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 9. Salvamento terrestre – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1 Conhecer os princípios de funcionamento de um
Emergências elevador e as emergências específicas, conforme 1 NA NA
em elevador recomendações de cada fabricante de elevador
Conhecer os principais riscos no pouso de Demonstrar os principais
2 Prevenção helicóptero e os principais procedimentos procedimentos de segurança para balizamento,
em área de de segurança para balizamento, embarque e
2 embarque e desembarque de passageiros 4
pouso de desembarque de passageiros e procedimentos e procedimentos de controle em caso de
helicópteros de controle em caso de emergência, envolvendo emergência, envolvendo incêndio e resgate de
incêndio e resgate de vítimas vítimas
Conhecer as principais recomendações de
um plano de emergência, relativas a uma
3 Plano de emergência contra incêndio, hostilidades em
1 NA NA
emergência casos de ameaças de bombas e terrorismo, uma
emergência de abandono de área em uma planta,
conforme ABNT NBR 15219

63
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos: Carga Objetivos: Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
4 Resgate Conhecer as normas e procedimentos para
de vítimas resgate de vítimas em espaços Aplicar as técnicas e os equipamentos para
8 8
em espaços resgate de vítimas em espaços confinados
confinados confinados
5 Resgate de
Conhecer as técnicas para resgate de vítimas em Aplicar as técnicas e utilizer os equipamentos para
vítimas em 8 8
altura resgate de vítimas em altura
altura
6 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 2 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 4
Total 22 Total 24
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 10. Produtos Perigosos – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática

Módulo Objetivos: Objetivos:


Carga Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h

Conhecer a legislação que regulamenta


a identificação, transporte, armazenagem,
1 Legislação 1 NA NA
manipulação e as emergências envolvendo
produtos perigosos

Conhecer as classes de riscos, os sistemas de


2 Conceitos identificação, painel de segurança, rótulo de risco, 1 NA NA
ficha de emergência e FISPQ

3 Guia de
Conhecer e saber consultar o manual de
procedimento
emergências com produtos perigosos da ABIQUIM 1 NA NA
s de
/PRÓ-QUÍMICA
emergências

Demonstrar na prática o conhecimento dos


Conhecer os equipamentos de proteção individual
equipamentos de proteção individual e respiratória
4 EPI e EPR e respiratória nível A, B e C específicos para 2 4
nível A, B e C, específicos para atendimento a
atendimento a produtos perigosos
produtos perigosos

Conhecer o sistema de organização da área


do sinistro em zonas de segurança, apoio e de Demonstrar na prática a aplicação e utilização
acesso limitado (quente, morna e fria) Conhecer de barreiras de contenção, absorção, mantas
5 Ações os equipamentos e métodos de contenção e absorventes, matérias adsorventes e absorventes
2 4
operacionais confinamento de derramamento de produtos orgânicos Demonstrar na prática as técnicas
perigosos Conhecer as técnicas de resgate de de resgate de vítimas contaminadas e
vítimas contaminadas por produtos perigosos e descontaminação de vítimas e ambientes
descontaminação de vítimas e ambientes

6 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 2

Total 8 Total 10
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

64
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Tabela 11. Primeiros socorros – Conteúdo programático.

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: Horária h Ao final deste módulo o aluno deve: Horária h
Conhecer a legislação que regulamenta os
1 Legislação
procedimentos de primeiros-socorros para o 1 NA NA
específica
nível equivalente a Bombeiro profissional civil
Conhecer os procedimentos para avaliação da
segurança do local, número de vítimas e os
procedimentos de biossegurança. Conhecer os
procedimentos para acionamento dos serviços
2
públicos e privados de socorro de vítimas e
Procedimentos 1 NA NA
as ações para localização dos hospitais de
iniciais
referência nas proximidades do local de trabalho.
Conhecer os procedimentos para o planejamento
das ações conforme definido previamente no
plano de emergência da planta
Avaliar e reconhecer os riscos iminentes, os
3 Avaliação Conhecer os riscos iminentes, os mecanismos de
1 mecanismos de lesão, número de vítimas e o 1
inicial lesão, número de vítimas e o exame físico destas
exame físico destas
Conhecer os sinais e sintomas de obstruções Conhecer os sinais e sintomas de obstruções
4 Vias aéreas em adultos, crianças e bebês conscientes e 1 em adultos, crianças e bebês conscientes e 1
inconscientes inconscientes, e promover a desobstrução
5 RCP
Conhecer as técnicas de RCP para adultos,
(reanimação 1 Praticar as técnicas de RCP 3
crianças e bebês
cardiopulmonar)
Conhecer equipamentos semi- automáticos para Utilizar equipamentos semi- automáticos para
6 AED/DEA 4 4
desfribilação externa precoce desfribilação externa precoce
7 Estado de Conhecer os sinais, sintomas e técnicas de Aplicar as técnicas de prevenção e tratamento do
2 2
choque prevenção e tratamento estado de choque
8 Hemorragias Conhecer as técnicas de hemostasia 2 Aplicar as técnicas de contenção de hemorragias 2
Conhecer as fraturas abertas e fechadas e
9 Fraturas técnicas de 2 Aplicar as técnicas de imobilizações 4
imobilizações
10 Ferimentos Identificar os tipos de ferimentos localizados 1 Aplicar os cuidados específicos em ferimentos 1
Conhecer os tipos (térmicas, químicas e elétricas)
11 e os Aplicar as técnicas e procedimentos de socorro
2 1
Queimaduras graus (primeiro, segundo e terceiro) das de queimaduras
queimaduras
Reconhecer AVC (Acidente Vascular Cerebral),
12 Emergências
dispnéias, crises hiper e hipotensiva, IAM (infarto 2 Aplicar as técnicas de atendimento 1
clínicas
agudo do miocárdio), diabetes e hipoglicemia
13
Movimentação, Conhecer as técnicas de transporte de vítimas
Aplicar as técnicas de movimentação, remoção e
remoção e clínicas e traumáticas com suspeita de lesão na 2 4
transporte de vítima
transporte de coluna vertebral
vítimas
14 Pessoas Conhecer as técnicas de abordagem, cuidados e
com mobilidade condução de acordo com o plano de emergência 1 NA NA
reduzida da planta
15 Protocolo
Conhecer as ações de avaliação, zoneamento,
com incidente Aplicar na prática as técnicas que envolvam
triagem e método start para acidentes e 2 2
com múltiplas múltiplas vítimas
incidentes que envolvam múltiplas vítimas
vítimas

65
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Parte Teórica Parte Prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: Horária h Ao final deste módulo o aluno deve: Horária h
Conhecer a reação das pessoas em situações
16 Psicologia
de emergências e a administração do estresse
em 2 NA NA
após incidentes críticos para os profissionais de
emergências
emergência
Obter aprovação conforme
17 Avaliação 2 Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 4
4.1.2.3 desta Norma
Total 29 Total 30
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 12. Fundamentos da análise de riscos – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte Prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
01 Conhecer os conceitos e ferramentas para
Fundamentos melhorar a percepção e a identificação dos
2 NA NA
da análise de perigos, bem como análise e avaliação de riscos e
riscos sua conseqüente minimização ou eliminação

Discutir os riscos específicos e o plano de


Participar de visita supervisionada pelo instrutor
emergência contra incêndio de no mínimo os
02 Riscos em no mínimo um dos seguintes tipos de planta:
seguintes tipos de planta: serviço de hospedagem,
específicos de 1 serviço de hospedagem, comercial, shopping 4
comercial, shopping center, indústria química,
plantas center, indústria química, indústria metalúrgica,
indústria metalúrgica, depósito e local de reunião
depósito e local de reunião pública
pública

03 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.2.3 desta Norma 1 NA NA


Total 4 Total 4
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 13. Reciclagem do módulo da Tabela B.1 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1
Introdução,
aspectos Rever os conceitos dos itens 01, 02 e 03 da
1 NA NA
legais e Tabela B.1
teoria do
fogo
2 Proteção
Demonstrar na prática o conhecimento dos os
contra Rever os conceitos do item 04 da Tabela B.1 1 2
conceitos do item 04 da Tabela B.1
incêndio
3 Técnica
e tática de Demonstrar na prática conhecimento dos
Rever os conceitos do item 05 da Tabela B.1 1 4
combate a conceitos do item 04 da Tabela B.1
incêndio
6 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 2
Total 4 Total 8
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

66
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Tabela 14. Reciclagem do módulo da Tabela B.2 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1 Equipamento
Demonstrar na prática o conhecimento dos
de operação Rever os conceitos do item 01 da Tabela B.2 1 4
conceitos do item 01 da Tabela B.2
manual
2
Equipamentos
Demonstrar na prática o conhecimento dos
de Sistema fixo Rever os conceitos do item 02 da Tabela B.2 1 1
conceitos do item 02 da Tabela B.2
e operação
automática
3
Demonstrar na prática o conhecimento dos
Equipamentos Rever os conceitos do item 03 da Tabela B.2 1 1
conceitos do item 03 da Tabela B.2
auxiliaries
Obter aprovação conforme
4 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 2
4.1.4.1 desta Norma.
Total 4 Total 8
Fonte: (BNT NBR 14608:2007).

Tabela 15. Reciclagem do módulo da Tabela B.3 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1 Atividades
Demonstrar na prática o conhecimento dos
administrativas Rever os conceitos do item 01 da Tabela B.3 1 1
conceitos do item 01 da Tabela B.3
e operacionais
2 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1
Total 2 Total 2
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 16. Reciclagem do módulo da Tabela B.4 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Demonstrar na prática o conhecimento dos
1 EPI Rever os conceitos do item 01 da Tabela B.4 0 1
conceitos do item 01 da Tabela B.4
Demonstrar na prática o conhecimento dos
2 EPR Rever os conceitos do item 02 da Tabela B.4 1 2
conceitos do item 02 da Tabela B.4
3 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1
Total 2 Total 4
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

67
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Tabela 17. Reciclagem do módulo da Tabela B.5 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1 Emergências
em elevador Rever os conceitos dos itens 01 e 03 da Tabela
1 NA NA
e plano de B.5
emergência
2 Prevenção
em área de Demonstrar na prática o conhecimento dos
Rever os conceitos do item 02 da Tabela B.5 1 1
pouso de conceitos do item 02 da Tabela B.5
helicópteros
3 Resgate
de vítimas Aplicar as técnicas e os equipamentos para
Rever os conceitos do item 04 da Tabela B.5 2 6
em espaços resgate de vítimas em espaços confinados
confinados
4 Resgate de
Aplicar as técnicas e utilizar os equipamentos
vítimas em Rever os conceitos do item 05 da Tabela B.5 2 6
para resgate de vítimas em altura
altura
6 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 2 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 3
Total 8 Total 16
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 18. Reciclagem do módulo da Tabela B.6 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária H Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1 Legislação,
conceitos
e guia de Rever os conceitos dos itens 01, 02 e 03 da
1 NA NA
procedimentos Tabela B.6
de
emergências
Demonstrar na prática o conhecimento dos
2 EPI e EPR Rever os conceitos do item 04 da Tabela B.6 1 4
conceitos do item 04 da Tabela B.6
3 Ações Demonstrar na prática o conhecimento dos
Rever os conceitos do item 05 da Tabela B.6 1 2
operacionais conceitos do item 05 da Tabela B.6
4 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 2
Total 4 Total 8
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 19. Reciclagem do módulo da Tabela B.7 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1 Legislação NA
específica e Rever os conceitos dos itens 01 e 02 da Tabela
1 NA
procedimentos B.7
iniciais
2 Avaliação 2
Rever os conceitos dos itens 03, 04 e 05 da Demonstrar na prática o conhecimento dos
inicial, vias 1
Tabela B.7 conceitos dos itens 03, 04 e 05 da Tabela B.7
aéreas e RCP

68
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
Demonstrar na prática o conhecimento dos 4
3 AED/DEA Rever os conceitos do item 06 da Tabela B.7 1
conceitos do item 06 da Tabela B.7
4 Estado 4
de choque,
hemorragias, Demonstrar na prática o conhecimento dos
Rever os conceitos dos itens 07, 08, 09, 10, 11
fraturas, 4 conceitos dos itens 07, 08, 09, 10, 11 e 12 da
e 12 da Tabela B.7
queimaduras Tabela B.7
e emergências
clínicas
5 4
Movimentação,
remoção e
transporte
de vítimas,
pessoas com Rever os conceitos dos itens 13, 14 e 15 da Demonstrar na prática o conhecimento dos
1
mobilidade Tabela B.7 conceitos dos itens 13 e 14 da Tabela B.7
reduzida e
protocolo
com incidente
com múltiplas
vítimas
6 Psicologia
Rever os conceitos do item 16 da Tabela 7 do
em 1 NA NA
Anexo B
emergências
7 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma. 4
Total 10 Total 18
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 20. Reciclagem dos módulos da Tabela B.8 – Conteúdo programático.

Parte teórica Parte prática


Módulo Objetivos Carga Objetivos Carga
Ao final deste módulo o aluno deve: horária h Ao final deste módulo o aluno deve: horária h
1 Análise
de riscos
Rever os conceitos dos itens 01 e 02 da Tabela
e riscos 1 NA NA
B.8
específicos
da planta
2 Avaliação Obter aprovação conforme 4.1.4.1 desta Norma 1 NA NA
Total 2 Total 0
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

Tabela 21. Dimensionamento de instrutores e auxiliares do instrutor por módulo de treinamento.

Módulo Numero de instrutores e auxiliares


Parte teórica de incêndio Um instrutor para grupo de 30 alunos
Parte teórica de primeiros-socorros Um instrutor para grupo de 30 alunos
Parte prática de incêndio Dois instrutores e dois auxiliares do instrutor para grupo de 30 alunos
Parte prática de primeiros-socorros Um instrutor e um auxiliar para cada grupo de 10 alunos
Fonte: (ABNT NBR 14608:2007).

69
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

Educação, treinamento e simulados

A empresa, por meio do bombeiro profissional mestre, deve desenvolver uma


programação para prover treinamento, educação e simulados, na periodicidade descrita
nos padrões operacionais e necessidades de cada local.

Na elaboração de instrução de bombeiro, na prática, pode ser difícil prover


treinamento, capacitação, educação ou simulados de forma individual para cada
bombeiro. Por isso, os planos de reciclagem devem ter a flexibilidade necessária,
sendo ainda recomendado matrizes de capacitação trimestrais, semestrais ou anuais,
dependendo do que o caso prático requer.

Educação e treinamento

Cada treinamento de capacitação tem por objetivo capacitar o bombeiro, de forma


a desenvolver um nível de desempenho adequado às suas funções de bombeiro
civil, funções estas como, combate a incêndios, conhecimento dos equipamentos de
prevenção e combate. Estas habilidades e conhecimentos, obtidos nos treinamentos
de capacitação e/ou aperfeiçoamento bem como a eficaz performance do treinamento,
devem ser compatíveis com as necessidades de atuação do bombeiro, devendo estar
essas particularidades previstas no planejamento operacional. Ele deve ser realizado
obrigatoriamente antes de sua participação em operações de resposta a emergências.

Os bombeiros profissionais civis não executarão atividades operacionais de


controle de emergência, para a qual não há treinamento específico de acordo com o
programa de instrução próprio, a qualidade da formação e a frequência de treinos,
assegurando que os bombeiros profissionais civis sejam capazes de executar as
atividades dentro das técnicas e práticas preconizadas como adequadas, de maneira
segura para eles e para sua equipe de trabalho.

O Bombeiro Civil Mestre deve verificar e atestar a qualificação dos instrutores, quanto
à sua capacitação e ao treinamento oferecido, sendo que os bombeiros líderes devem
receber treinamento em nível de capacitação proporcional com suas atribuições e
responsabilidades. Esse nível de capacitação deve ser mais abrangente e completo
que a dos demais bombeiros da equipe.

O coordenador de treinamento dos bombeiros deve ser um empregado com


conhecimento reconhecido ou com certificado de bombeiro mestre ou, na ausência
destes, de bombeiro líder. Quando a equipe de bombeiro receber treinamento
oriundo de organizações externas à empresa, o coordenador designado, deve se
certificar e garantir que a entidade seja responsável pelo treinamento e que seus

70
BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE I

instrutores, sejam habilitados e capacitados, atestando suas referências profissionais


nos assuntos abordados bem como sua real proficiência. Esse treinamento deve
ser preparado, planejado e realizado, tendo por base os padrões desejados de
desempenho, que foram aprovados no regulamento da organização, devendo estar
em conformidade com a legislação e conceitos técnicos pertinentes.

Simulados

Os simulados são necessários para avaliar se os bombeiros atendem, na prática, por


meio de avaliação dos exercícios, o programa de capacitação e educação, e se estão
adequados às suas atribuições e necessidades. Os assuntos e aprendizados ensinados
devem ser avaliados, registrados e documentados, sendo que pode ser realizado um
treinamento adicional visando melhoria da performance, se esta estiver abaixo do
padrão estabelecido.

Podemos dizer que simulados de emergência não podem ser considerados como
instrumento para avaliações de treinamentos, porém, podem ser utilizados (não
com o objetivo principal) para incorporar um grau de avaliação do bombeiro, bem
como para verificar a eficácia e tratar medidas para melhoria através da elaboração
de planos de ação.

Escolas de formações de bombeiros civis

As escolas de formação para bombeiros civis surgiram da necessidade do mercado.


De um lado, o panorama de insegurança na atividade empresarial e no serviço
público começa a gerar prejuízos com danos humanos e patrimoniais, sendo que
alguns são de natureza irreparável.

Com isto, o Ministério do Trabalho e do Emprego, com as Normas Regulamentadoras


de cunho obrigatório, e a Justiça do Trabalho, com suas exigências rigorosas
pela segurança e saúde no ambiente de trabalho, assumem posturas exigindo dos
empresários melhoria neste aspecto imprescindível para o bom êxito de toda e
qualquer atividade.

Por outro lado, com novas tecnologias, a emergente realidade desqualificava os


profissionais já existentes que não sanavam sinistros por desconhecimento da
matéria, gerando desemprego, retirando os olhos dos empresários da classe em
crescimento, gerando desconfiança nos clientes e ferindo o compromisso com o
interesse social.

71
UNIDADE I │ BOMBEIRO CIVIL

A partir daí, as escolas com formação, autorização e fiscalização do Corpo dos


Bombeiros Militares emergiram fortalecendo a categoria e confirmando a ascensão
deste profissional no mercado de trabalho.

Atualmente, graças às normas e exigências, a formação do bombeiro civil evoluiu


muito. Podemos lembrar que, nos anos 80 e 90, se fazia o curso de Bombeiro Civil em
um final de semana, depois em uma semana e hoje leva em média de 3 a 6 meses.

Hoje, a formação dos bombeiros civis é composta de um quadro mínimo de


conteúdo, que inclui:

»» Prevenção e Combate a Incêndios e Auxiliares.

»» EPI (Equipamento de Proteção Individual).

»» EPR (Equipamento de Proteção Respiratória).

»» Atividades de Bombeiro Civil.

»» Salvamento Vertical, Terrestre e em Espaços Confinados.

»» Produtos Perigosos.

»» Primeiros Socorros.

»» Fundamentos e Análises de Risco.

»» Práticas em Campos e Visitas Técnicas.

Por fim, de acordo com o quadro apresentado e o somatório da insuficiência e não


atribuição do Bombeiro Militar em determinadas atividades é que encontramos a
outra importância do Bombeiro Civil na sociedade civil organizada.

72
DIMENSIONAMENTO,
ATRIBUIÇÕES,
COMPOSIÇÃO E UNIDADE II
ACIONAMENTO DE
BOMBEIROS

CAPÍTULO 1
Atribuições legais e áreas de atuação
do bombeiro civil

Atribuições e áreas de atuação do bombeiro


civil
Como já dissemos, o bombeiro civil é o profissional pertencente à área de Segurança
Contra Incêndio (SCI) que pode prestar suas atividades laborais de serviço em uma
unidade industrial, prédio/edificação de empresas públicas e/ou privadas ou ainda
em eventos. Para isso, o exercício da profissão em território nacional foi sancionado
pela lei no 11.901, de 12 de janeiro de 2009 a qual traz a definição do cargo, suas
classificações e seus direitos.

Podemos dizer que o Bombeiro Civil é um profissional de suma importância na


segurança contra incêndio e pânico, mas para que possa desempenhar suas atribuições
a contento deve estar devidamente preparado, e ser conhecedor dos pontos críticos
e dos riscos de onde está exercendo suas atividades laborais Ele deve ter pleno
conhecimento e domínio de operação dos sistemas de segurança contra incêndio tais
como canhões, alarmes, extintores de incêndio, hidrantes e mangotinhos, chuveiros
automáticos etc.

O bombeiro deve, primeiramente, focar na prevenção para que a emergência em si


não ocorra, pois temos a máxima que “o sinistro surge, onde a prevenção falha”, para
isso é importante conhecer alguns pontos relevantes.

73
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

Adaptabilidade do bombeiro civil

O bombeiro civil, por ser um ser humano, é um ser capaz de adaptar-se às situações
mais diversas e adversas. A educabilidade permite a ele situar-se de tal forma
que, mesmo nas situações mais difíceis, seja possível encontrar uma forma, uma
possibilidade, um atalho para reencontrar o caminho ou adaptar-se em outro modo
de viver ou em um ambiente distinto.

Podemos dizer que, atualmente, não nos basta ver e compreender o que está
ocorrendo à nossa volta, precisamos estar preparados e ter uma adequação específica
para determinada tarefa ou profissão. Mesmo assim, isso não nos garantirá um lugar
no mercado de trabalho, pois, para isso, é necessário aprender, ter habilidades e
competências e colocá-las em prática sempre que possível e necessário.

Sabemos que, a cada dia, o mercado de trabalho, em especial o da profissão de


bombeiro profissional civil, requer qualificação, conhecimento técnico aprofundado e,
em alguns casos, especializado, sendo necessária formação profissional comprovada.
Ao mesmo tempo, se faz necessária uma melhor relação interpessoal, direta, objetiva
e intensa.

Atividades básicas

Listaremos algumas atividades que podem ser realizadas pelo bombeiro


profissional civil durante seu turno de trabalho e seus predicados mínimos:

a. Ações de prevenção:

»» Conhecer o plano de resposta a emergência do local;

O bombeiro profissional civil, assim como a brigada de incêndio, deve ter amplo
conhecimento do plano de emergência. O profissional deve ter bem claros e definidos
os procedimentos a serem adotados durante uma emergência, não sendo de sua
competência a implementação do plano de resposta a emergência. Entretanto, ele deve
gerar informações para que seja o plano bem elaborado e exequível.

»» Identificar os perigos e analisar os riscos inerentes existentes;

A identificação adequada dos riscos e perigos é fundamental para a antecipação das


ações que serão executadas quando do acionamento.

»» Inspecionar e vistoriar periodicamente o sistema de prevenção e combate


a incêndio;

74
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

Deverá ser rotina das equipes, realizar com frequência uma varredura nos diversos
equipamentos de segurança contra incêndio (SCI) do local. Este deve ser registrado
no sistema de controle da unidade que pode ser banco de dados informatizado ou até
mesmo uma planilha com as datas das inspeções e observações pertinentes.

»» Inspecionar periodicamente as saídas de emergência e rotas de fuga,


analisando sua fluidez, liberação de acesso e adequada sinalização;

»» Elaborar, coordenar e participar dos exercícios simulados parciais e/ou


completos;

»» Registrar suas atividades operacionais diárias, relatando as irregularidades


e inconsistências encontradas, com propostas e medidas corretivas
adequadas e posterior verificação da execução;

»» A geração de relatórios quando do atendimento de incidentes, acidentes


emergências ou até mesmo de desvios identificados das inspeções, deve
ser adequadamente registrado. Muitos bombeiros desconhecem que a
NBR 14023 exige o preenchimento de registros diários da atividade do
bombeiro, sendo que, em caso de emergência consumada que gere algum
dano, estes registros podem e devem servir de base para a investigação do
sinistro bem como para avaliação de seguradoras, se for o caso.

»» Apresentar, quando necessário e/ou solicitado, sugestões para adequação


e melhorias nos sistemas de prevenção e combate a incêndios e rotinas
operacionais, visando a garantia da segurança do local;

»» Participar das atividades de avaliação, liberação e acompanhamento das


atividades de risco compatíveis com sua formação.

Rotina de trabalho

O bombeiro deve ter conhecimento pleno do local de trabalho bem como da


localização dos equipamentos de segurança e de emergência, informar ocorrências
ao próximo bombeiro do turno quando da passagem de serviço, participar, sempre
que convocado e acionado, dos treinamentos e exercícios simulados.

Algumas tarefas e predicados pessoais que devem ser levados em consideração:

»» Capacidade operacional para realizar atendimento a emergências,


suporte básico à vida, com realização de primeiros socorros, resgates e
transporte de vítimas se necessário.

75
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

»» Combate a incêndio e incursão em locais com chamas.

»» Testes de rotina em equipamentos e comunicação imediata em caso de


identificação de falhas.

»» Realização de tarefas pertinentes à função, de rotina ou emergenciais.

»» Conferência da localização do plano de intervenção de incêndio e/ou do


plano de emergência da unidade.

»» Realização de atividades correlatas inerentes ao cargo e de acordo com


a necessidade da empresa, desde que não configurem desvio de função.

Áreas de atuação

Muitas são as áreas em que pode atuar o profissional Bombeiro Civil. Apesar de terem
sido inicialmente constituídos com a função principal de combate a incêndios, as
funções dos bombeiros alargaram-se para quase todas as áreas da defesa civil e proteção
das comunidades, com atuação muito constante em atendimentos de urgências e
emergências pré-hospitalares (primeiros socorros).

Existem, como já vimos, vários tipos de bombeiros profissionais, e suas atividades se


darão de acordo com o regime de contrato ao qual eles forem abrangidos:

»» Bombeiros Militares: São bombeiros profissionais, remunerados,


pertencentes a uma instituição militar;

»» Bombeiros Civis: São bombeiros remunerados ligados a instituições


públicas ou privadas, sem, contudo, serem subordinados às normas
militares;

»» Bombeiro voluntário: São bombeiros que, embora treinados e realizando


atividades muitas vezes similares aos bombeiros públicos militares, não
são remunerados pelo exercício de suas atividades.

»» Bombeiro comunitário: no trabalho comunitário, apesar de também ser


feito sem remuneração, essa atividade se assemelha muito a do Bombeiro
voluntário.

As seguintes são algumas áreas onde o Bombeiro Profissional Civil pode atuar
dependendo das especificações, nível de capacitação e necessidades:

»» Prevenção e combate a incêndios florestais (pertencendo à equipe de


brigada florestal, inclusive).

76
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

»» Prevenção e combate a incêndios urbanos.

»» Prevenção e combate a incêndios industriais.

»» Prevenção e combate a incêndio em aeródromos.

»» Resgate em altura e em espaços confinados.

»» Emergência médica pré-hospitalar (Atendimento Pré-hospitalar).

»» Salvamento aquático ou afogamentos.

»» Desencarceramento em acidentes rodoviários e ferroviários (Resgate


Veicular).

»» Intervenção em ocorrências com produtos perigosos (emergências


químicas).

»» Intervenção em ocorrências com gás.

»» Captura de animais que ofereçam risco.

»» Resgate de corpos ou bens submersos.

»» Prevenção contra incêndio e pânico.

Temos ainda a figura do Bombeiro de Aeródromo. No passado esses eram


bombeiros pertencentes ao próprio Aeroporto ou à Infraero, eram concursados e
específicos para a função.

Atualmente, em alguns aeroportos, essa missão foi repassada aos bombeiros


militares, através de convênios firmados, e, em outros aeroportos, estão sendo
contratados bombeiros profissionais civis para executarem as atividades de
prevenção e combate a emergências.

Bombeiro de Aeródromo: São bombeiros remunerados ligados a instituições


públicas, militares ou empresas privadas, sem, contudo, serem subordinados às
normas militares.

História do bombeiro de aeródromo

Tudo começa na obrigatoriedade do Brasil garantir padrões de segurança para


a aviação civil em nível internacional, por ser um dos países signatários da ICAO
(Organização Internacional da Aviação Civil).

77
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

A ICAO estabelece padrões também para o serviço de salvamento e combate a


incêndio, especialmente em seu Anexo 14. Cabe ressaltar que ‘anexo’ é o termo
utilizado para definir os documentos normativos mais importantes da ICAO.

Em nível nacional, tivemos, no passado, a DIRENG (Diretoria de Engenharia da


Aeronáutica) como órgão central do sistema contra incêndio, a qual respondia pela
normatização e fiscalização do serviço nos aeroportos brasileiros.

Com a criação da ANAC, em 2005, esta passou a exercer a atividade no âmbito dos
aeroportos civis brasileiros.

O Código Brasileiro de Aeronáutica faz menção a alguns pontos nesta questão,


especialmente da necessidade de atender aos parâmetros estabelecidos nos acordos
internacionais.

As características das Aeronaves e as dimensões dos aeroportos determinam os


equipamentos adequados para a utilização no salvamento, e, deste modo, temos a
convicção de que os Serviços Contra incêndio e Salvamento, bem como o perfil dos
profissionais que desempenham as atividades de salvamento e combate a incêndios
nos aeroportos estão atendendo às normas vigentes. Essa determinação é baseada no
NPCR (Nível de Proteção Contraincêndio Requerido).

Nível de Proteção Contraincêndio Requerido para o aeródromo é uma classificação


numérica ou alfanumérica, que se baseia no grau de risco peculiar às operações do
aeródromo, e que corresponde à categoria desse para fins de prevenção, salvamento e
combate a incêndio. O Nível de Proteção Contraincêndio Requerido para o aeródromo
está relacionado com as aeronaves que o utilizam, suas dimensões, e sua classificação
quanto às categorias de certificação, conforme definido nos RBAC (Regulamento
Brasileiro de Aviação Civil) 23 e RBAC 25 ou regulação que venha substituí-los, sendo
expresso por uma classificação numérica, obtida a partir da avaliação conjunta desses
requisitos.

O bombeiro de aeródromo tem como objetivo “abrir uma rota de fuga para os
passageiros e salvar as vidas que estão lá. Essa é a principal finalidade dele: salvar
vidas. Ele abre o corredor de fuga e eventualmente entra na aeronave para resgatar os
passageiros que estão lá dentro”.

Portanto, a equipe de bombeiros de aeródromo precisa estar adequadamente


treinada para desempenhar suas funções de forma eficiente tendo que participar
dos exercícios de simulação de incêndios reais compatíveis com os tipos de aeronave
e de equipamentos de salvamento e combate a incêndio em uso no aeródromo,
incluindo incêndios alimentados por combustível sob pressão.

78
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

CBA-2 Curso de Habilitação de Bombeiro de


Aeródromo 2

O objetivo principal do serviço de salvamento e combate a incêndio, sempre será o de


salvar vidas humanas. Por este motivo, a disponibilidade de meios para lidar com um
acidente ou incidente aeronáutico que aconteça em um aeródromo, ou em seu entorno,
assume uma importância decisiva, pois é dentro dessa área que existem as maiores
chances de que vidas sejam salvas.

Deve-se sempre assumir a possibilidade e a necessidade de extinção de um incêndio


que possa ocorrer imediatamente após uma emergência aeronáutica, ou a qualquer
tempo durante a realização de atividades de resgate e salvamento.

Os fatores mais importantes que influenciam a eficiência do salvamento em um


acidente aeronáutico com sobreviventes são: o treinamento recebido, a eficácia dos
equipamentos e a velocidade com a qual o pessoal e os equipamentos designados para
o salvamento e combate a incêndio podem ser disponibilizados.

A condição necessária para que o salvamento seja eficaz e tudo ocorra dentro do que
prescreve a Resolução no 279 Curso de Habilitação de Bombeiro de Aeródromo 2
(CBA-2).

Essa certificação e os requisitos operacionais visam permitir a capacitação de


recursos humanos para o Serviço de Prevenção, Salvamento e Combate a Incêndio
em Aeródromo Civis.

Um treinamento intensivo tem o objetivo de adaptar os profissionais que têm


formação e experiência na área de Salvamento e Combate a Incêndio para executarem
as atividades operacionais específicas de prevenção, salvamento e combate a incêndio
em aeródromos. Deve buscar garantir a manutenção do nível técnico adequado dos
profissionais, de modo que as ações inerentes às atividades de combate a incêndio
estejam em consonância com as normas nacionais e internacionais, com elevado grau
de qualidade e eficiência. A realização desses cursos ocorre em absoluta consonância
com a legislação ambiental vigente. Ao final do treinamento é realizada atividade
prática com fogo, mediante autorização dos Órgãos Ambientais.

A Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC e a


Resolução no 279

Em 27 de setembro de 2005, com a Lei no 11.182, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sancionou a Criação da Agência Nacional da Avião Civil (ANAC) .

79
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

A nova Agência substituiu o Departamento de Aviação Civil (DAC) como autoridade


de aviação civil e regulador do transporte aéreo no país. O DAC foi um departamento
integrante da estrutura administrativa do Ministério da Aeronáutica até 1999.

A missão da ANAC é garantir a todos os brasileiros a segurança e a excelência da


aviação civil. Na sua criação a ANAC ficou vinculada à Secretária de Aviação Civil da
Presidência da República com as seguintes características.

»» Autarquia especial.

»» Independência administrativa.

»» Personalidade Jurídica própria.

»» Patrimônio e Receitas próprios para executar atividades típicas da


Administração Pública.

»» Mandato fixo de seus dirigentes que atuam em colegiado.

Por fim, a ANAC tem como atribuição regular e fiscalizar as atividades de aviação
civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária. Para tal, o órgão deve observar
e implementar as orientações, diretrizes e políticas estabelecidas pelo governo
federal, adotando as medidas necessárias ao atendimento do interesse público e ao
desenvolvimento da aviação. A atividade regulatória da ANAC pode ser dividida em
duas vertentes: a regulação técnica e a regulação econômica.

A regulação técnica ocupa papel de destaque na Agência e busca principalmente


a garantia da segurança aos passageiros e usuários da Aviação Civil, por meio de
regulamentos que tratam da certificação e fiscalização da indústria. Isto decorre da
necessidade de que as operações aéreas cumpram rígidos requisitos de segurança e de
treinamento de mão de obra. Já a regulação econômica refere-se ao monitoramento
e possíveis intervenções no mercado de modo a buscar a máxima eficiência. Para
tanto, são emitidos regulamentos que abrangem não somente as empresas aéreas, mas
também os operadores de aeródromos.

A Resolução 279

A Resolução no 279 da ANAC estabelece critérios quanto à implantação, operação


e manutenção do Serviço de Prevenção, Salvamento e Combate a Incêndio em
Aeródromo Civis (SESCINC). Essa resolução é conhecida no mundo da aviação e
considerada a cartilha de bolso do bombeiro de aeródromo, o livro por excelência dos
bombeiros. Nela se encontra a descrição da localização do SESCINC, sua organização,

80
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

seu funcionamento. A infraestrutura da Sessão Contra Incêndio, o Nível de proteção


requerida de qualquer aeroporto, tudo sobre a disposição dos bombeiros (quantidades,
bombeiro mestre, bombeiro chefe de equipe, bombeiro resgate, bombeiro comunicador,
vestimentas, equipamentos de proteção individual, equipamento de proteção
respiratória, instrumentos utilizados, a certidões de documentos necessários para o
bombeiro, cursos de capacitação, curso de especialização e outros).

Ela indica a quantidade de carros contraincêndio exigida, agentes extintores


necessários, carro de apoio, carro de resgaste e salvamento. Enfim, a Resolução no 279
é o documento que todos que compõem o SESCINC precisam estudar constantemente,
pois representa A CARTA MAGNA do Bombeiro de Aeródromo.

Evidentemente, como podemos verificar por tudo que foi exposto, o Bombeiro Civil
não atua apenas na prevenção e combate a incêndio, mas também, avalia os riscos
existentes nos ambientes de trabalho, inspeciona periodicamente os equipamentos de
proteção passiva e ativa, implementa plano de emergência e de abandono, interrompe
o fornecimento de energia elétrica e gás liquefeito de petróleo quando da ocorrência de
sinistro, atua no resgate de pessoas em situação de perigo iminente, emergência médica
pré-hospitalar, salvamento aquático, intervenção em acidentes elétricos, hidráulicos e
com produtos químicos, prevenção e acompanhamento em determinadas atividades
como solda, trabalhos em altura e em espaços confinados, enfim, atua em diversas
atividades relacionadas à prevenção de acidentes.

81
CAPÍTULO 2
Estruturação das unidades de bombeiro
civil

Estrutura da Unidade de Bombeiros


Essa estrutura define a materialização do corpo da equipe de bombeiros civis e deve:

a. elaborar um fluxograma de organização, para facilitar o conhecimento


das funções;

b. estabelecer os limite de responsabilidades e atribuições;

c. definir turnos de trabalho que o bombeiro deverá cumprir;

d. definir e listar o tipo, a quantidade e a periodicidade dos treinos a serem


realizados;

e. definir o número de bombeiros a serem treinados.

Estrutura Funcional da Equipe de Bombeiros

A Estrutura Funcional de Bombeiros será a seguinte:

a. Administrador da Equipe – Bombeiro Civil Mestre.

b. Líder da Equipe – Bombeiro Civil Líder.

c. Assistente da Equipe.

d. Membros da Equipe de Bombeiros.

Bombeiro civil mestre


Além das atribuições legais e técnicas previstas, e mesmo não tendo nada oficial,
podemos dizer que o Bombeiro Mestre é responsável por:

a. desenvolver programas estabelecidos de fiscalização para acompanhar


os itens de risco identificados pela equipe de bombeiros, no plano de
segurança global, contido dentro do planejamento operaciona;

b. determinar o tamanho e a organização da equipe de bombeiros, baseada


na análise de risco feita;

82
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

c. coordenar, programar e realizar reuniões com as equipes de bombeiros;

d. elaborar e gerir programa de inspeção para equipamentos de proteção


contra incêndio;

e. coordenar a implantação de relatórios necessários ao


registro de resultados de atendimentos e instrução completa
(teoria-treinamento-simulado);

f. manter contato com autoridades públicas das áreas de emergência;

g. informar sobre os riscos específicos dos materiais e processos perigosos


adicionais a que a equipe possa ser exposta eventualmente ou que não
estejam no plano de segurança elaborado;

h. fixar e definir as exigências de trabalho requeridas para melhorar a


performance da equipe e a qualidade do atendimento;

i. escolher os líderes das equipes de intervenção.

Bombeiro civil líder

O Bombeiro Civil Líder será responsável por:

a. estabelecer um canal de comando dentro da equipe de bombeiros para


situações de sua ausência;

b. ajudar no processo de seleção dos membros da equipe de bombeiros;

c. estabelecer e manter a lista atualizada dos bombeiros da unidade;

d. selecionar líderes assistentes conforme o tamanho da equipe de bombeiros


e mantê-los informados de todas as novidades do turno;

e. desenvolver pré-planos de emergência para riscos específicos locais


e obter, junto ao bombeiro mestre, informações sobre materiais e
processos perigosos eventuais, que a equipe de bombeiros ao atuar possa
ser exposta;

f. selecionar e manter os equipamentos e a equipe de bombeiros;

g. relatar para a administração superior a situação da equipe de bombeiros


quanto à instituição de operações pelo menos uma vez por ano propondo
mudanças ou não;

h. ajudar nas investigações de incêndios quando solicitado.

83
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

Assistente do bombeiro líder

O assistente do líder é um bombeiro pertencente à equipe que deve estar pronto para
realizar as atividades iniciadas pelo bombeiro líder bem como substituí-lo na sua
ausência, por isso a necessidade que tenha capacitação de nível médio.

Membros da brigada

a. serão selecionados dentre os funcionários treinados, capacitados e


habilitados que sejam legalmente contratados;

b. todos os bombeiros devem trabalhar em regime de cooperação,


participando ativamente e obedecendo às ordens e determinações do
plano operacional padrão.

Bombeiro membro de apoio

Se a equipe for grande e contar com membros de apoio suficientes, esses devem estar
prontos para prestar apoio aos demais membros da equipe. Para isso devem demonstrar
conhecimento pleno dos planos de emergência e abandono, de análise de riscos antes
de um incidente e devem conhecer o dever e as técnicas adequadas de resposta.

Os bombeiros mestres e/ou líderes ou seus representantes devem estar certos de que
os bombeiros que fazem a função de apoio também devem estar capacitados e prontos
para atender as missões designadas a eles.

Figura 1. Exemplo organograma funcional.

Bombeiro Civil Mestre

Assistente do Bombeiro
Bombeiro Civil Líder
Lider

Bombeiro (Operacional) Bombeiro (Apoio)

Fonte: o Autor (2018).

84
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

Dimensionamento das equipes de bombeiros

O dimensionamento do número de bombeiros por edificação/empresa é tema


específico tratado em algumas legislações estaduais e municipais como já visto no
tocante ao estudo da legislação, mas, em casos omissos ou onde não houver legislação
pertinente, pode ser utilizado o dimensionamento previsto na NBR 14.608:2007.

Nas plantas onde não existe um Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio


instalado, a atividade de bombeiro às vezes fica vinculada à estrutura da segurança do
trabalho e/ou segurança patrimonial da empresa.

Quantitativo de bombeiros profissionais civis por


local de trabalho

A quantificação dos bombeiros civis levará em conta a divisão de ocupação, o grau


de risco e a área total construída da unidade conforme exposto no anexo A da NBR
14608:2007.

Conforme já vimos, o Bombeiro Civil Mestre é o responsável pelo Departamento de


Prevenção e Combate a Incêndio, por isso ele deve planejar e implantar de forma
adequada o serviço de bombeiro, bem como monitorar e analisar o seu funcionamento,
de forma a atender os preceitos e objetivos da função de bombeiro civil.

A NBR 14.608/2007 traz um passo a passo visando exemplificar e auxiliar no


desenvolvimento das etapas de implantação de bombeiros civis nas empresas e
instituições.

Tabela 22. Etapas de Implantação de Bombeiros Civis.

O que Como Quem


Designando por escrito

Designar o responsável pelo bombeiro NOTA: Se o responsável pela ocupação


01 da planta não designar alguém, ele será Responsável pela ocupação da planta
profissional civil da planta
automaticamente o responsável pela brigada
de incêndio da planta.
Estabelecendo o grau de risco de cada setor
da planta, usando a Tabela do Anexo C ou
Estabelecer a composição do bombeiro a fórmula do Anexo D verificando, no Anexo Responsável pelo bombeiro profissional civil
02
profissional civil A, em quais divisões cada setor da planta se da planta
enquadra definindo o número de bombeiros
profissionais civis da planta, usando o Anexo A
Treinar o bombeiro profissional civil na parte
Atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em prevenção e combate a
03 teórica e prática em prevenção e combate a
Tabela B.1 e à ABNT NBR 14277 incêndio
incêndio
Treinar o bombeiro profissional civil na
Atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em equipamentos de combate a
04 parte teórica e prática em equipamentos de
Tabela B.2 e à ABNT NBR 14277 incêndio e auxiliares
combate a incêndio e auxiliares

85
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

O que Como Quem


Treinar o bombeiro profissional civil na parte
Atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em atividades operacionais de
05 teórica e prática em atividades operacionais
Tabela B.3 bombeiro profissional civil
de bombeiro profissional civil
Treinar o bombeiro profissional civil na
Atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em equipamentos de proteção
06 parte teórica e prática em equipamentos de
Tabela B.4 individual e respiratória
proteção individual e respiratória
Treinar o bombeiro profissional civil na parte Atendendo ao conteúdo programático da
07 Instrutor em salvamento terrestre
teórica e prática em salvamento terrestre Tabela B.5
Treinar o bombeiro profissional civil na parte Atendendo ao conteúdo programático da
08 Instrutor em produtos perigosos
teórica e prática em produtos perigosos Tabela B.6
Treinar o bombeiro profissional civil na parte Atendendo ao conteúdo programático da
09 Instrutor em primeiros-socorros
teórica e prática em primeiros-socorros Tabela B.7
Treinar o bombeiro profissional civil na parte
Atendendo ao conteúdo programático da Instrutor em fundamentos de análise de
10 teórica e prática em fundamentos de análise
Tabela B.8 riscos
de riscos
Cumprir as atribuições e os procedimentos Atendendo à ABNT NBR 14276 e ao plano de
11 Bombeiros profissionais civis
básicos e complementares de incêndio emergência contra incêndio da planta
Realizar reuniões ordinárias, reuniões Atendendo ao Plano de Emergência contra
12 Bombeiros profissionais civis
extraordinárias e exercícios simulados Incêndio da planta e à ABNT NBR 15219
Garantir a reciclagem do treinamento dos Responsável pelos bombeiros profissionais
13 Atendendo a 4.1.4
bombeiros profissionais civis civis
Fonte: ABNT NBR 14608:2007.

86
CAPÍTULO 3
Utilização de sistema de comunicação
e acionamento de bombeiros

Todas as atividades dos bombeiros requerem conhecimento e facilidade nas


comunicações. Assim, é de suma importância ter domínio e conhecer o papel das
comunicações como apoio nas operações de resposta a emergência, os meios de
comunicação e os procedimentos corretos para a sua utilização em proveito do serviço
de socorro, podemos dizer que comunicar resulta na troca de mensagens coerentes e
claras entre os diversos agentes interventores envolvidos.

A mensagem deve, portanto, garantir o atendimento do objeto da comunicação, ou


seja, assegurar a melhor transferência possível de informação.

O status de prioridade é uma característica da mensagem muito importante para os


bombeiros envolvidos, pois está relacionada com a maior ou menor urgência da sua
intervenção, ou seja, as mensagens mais urgentes estão associadas às comunicações
relacionadas com operações de socorro e, dentro destas, às que se referem ao risco
de vida.

Para que se consiga estabelecer um processo de comunicação é necessário que haja


pelo menos três elementos:

»» Emissor;

»» Receptor;

»» Canal de comunicação.

O emissor é o elemento que fornece uma informação qualquer. É, portanto, a fonte de


uma dada informação.

O receptor é o elemento que recebe certa quantidade de informação. É, portanto, o


destinatário da informação.

O elemento é o canal de comunicação por onde flui a informação entre o emissor e


o receptor. Podemos dizer que o conjunto de processos e de meios que suportam o
fluxo de informação entre o emissor e o receptor pode ser definido como canal de
comunicação.

87
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

Comunicações via rádio

Sinais de rádio

As comunicações via rádio utilizam equipamentos que emitem sinais que se


propagam sob a forma de ondas. Podemos dizer que o som propaga-se sob a forma
de ondas sonoras, sendo que o som propriamente dito corresponde a uma vibração
mecânica que se transmite (propaga-se) e, por ser de natureza mecânica, pode se
deslocar por meios sólidos, líquidos ou gasosos. O sinal de rádio diferencia-se do
som por ser de natureza eletromagnética e não mecânica, não necessitando desta
forma do ar ou outro meio material para se propagar. Podemos dizer então que os
sinais de rádio podem viajar no espaço fora da atmosfera onde não existe matéria.

A comunicação via rádio ocorre quando um receptor (equipamento) capta o sinal


eletromagnético emitido pelo emissor (outro equipamento).

Um fator complicador é que existem variados sinais de rádio oriundos de diversas


fontes e sendo usado por diversas classes como, por exemplo: bombeiros, polícia,
aeronáutica, Exército, Marinha, táxis, radioamadores, redes de transportes,
radiodifusão, televisão etc.

Propagação de rádio

Um sinal de rádio (onda eletromagnética) propaga-se a uma velocidade de cerca de


300.000 Km/s, isto é, à velocidade da luz. Na prática, há fatores que influenciam a
propagação, dos quais se destacam os seguintes:

»» Distância;

»» Condições atmosféricas;

»» Características do terreno;

»» Ruído.

Podemos dizer que, quanto maior for a distância entre o emissor e o receptor, mais
fraco será o sinal de rádio que chegará a esse receptor. Não devemos esquecer que
as condições atmosféricas podem influenciar também na propagação das ondas
eletromagnéticas na atmosfera, sendo que os trovões, em virtude de sua natureza
elétrica, se destacam como os que mais influenciam na adequada propagação das
comunicações de rádio em especial nas frequências usualmente operadas pelos

88
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

bombeiros (VHF). Por isso, como medida de segurança, quando da ocorrência de


trovoadas com incidentes de descargas elétricas atmosféricas (raios), devemos
suspender as comunicações via rádio, exceto se forem utilizados meios fixos
protegidos por SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas).

Quanto maiores forem os obstáculos entre emissor e receptor, mais difícil será
obviamente a comunicação adequada entre eles. Por isso, concluímos que,
se as características do terreno interferem e muito na propagação das ondas
eletromagnéticas, elas também podem atrapalhar o processo de transmissão via
rádio.

Alfabeto fonético internacional

O Alfabeto Fonético serve como meio auxiliar da transmissão, se aplica quando há


necessidade de soletrar palavras ou outro conjunto de letras com risco de dificultar
seu entendimento. A sua utilização padronizada permite o uso de palavras diversas
pelos operadores para indicar uma letra, ou seja, cria uma padronização para as
comunicações. Entretanto, não devemos esquecer que seu objetivo principal é auxiliar
no entendimento e correta compreensão da mensagem, de tal forma que não reste
dúvida quanto ao seu conteúdo bem como quanto à grafia das palavras que fazem parte
da mensagem.

Segue abaixo o Alfabeto Fonético Internacional, o qual visa padronizar o soletramento


das palavras para evitar dúvidas sobre o conteúdo da mensagem:

Tabela 23. Alfabeto Fonético.

Letra. Palavra. Pronúncia


A Alpha Alfa
B Bravo Bravo
C Charlie Charlie
D Delta Delta
E Echo Eco
F Fox-trot Foxe-trote
G Golf Golfe
H Hotel Hotel
I Índia Índia
J Juliete
K Kilo Quilo
L Lima Lima
M Mike Maike
N november November
O Oscar Oscar

89
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

Letra. Palavra. Pronúncia


P Papa Papa
Q Quebec Quebeque
R Romeo Romeo
S Sierra Sierra
T Tango Tango
U Uniform Uniforme
V Victor Vikitor
W Whiskey Uisquei
X x-ray Xirai
Y Yankee Ianque
Z Zulu Zulu
Fonte: Manual de gerenciamento de Emergências – CBMES.

Podemos dizer que a pronúncia apresentada acima é relativa ao jeito como as


palavras devem ser faladas.

No tocante à sinalização gráfica da pontuação, deve ser enunciada do jeito como


são chamados comumente; como, por exemplo; ponto, vírgula, ponto-e-vírgula,
dois- pontos;

»» Este alfabeto foi ligeiramente adaptado na pronúncia das letras “F” e “X”.

»» Já o Alfabeto Fonético Internacional não deve ser utilizado para a


formação de prefixos, para esse fim os usuários devem ter um “Padrão
Fonético Exclusivo”. Devem ficar de fora desta apenas as pré-existentes e
que já estão autorizadas pelos entes.

»» Se houver necessidade, para iniciar o soletramento pelo Alfabeto Fonético


Internacional, deve-se falar a palavra “SOLETRANDO” antes da palavra
ou sequência que será transmitida.

»» Mas devemos atentar que o adequado é só a parte da mensagem cujas


palavras possam ser mal interpretadas ou que tragam dificuldades na
recepção corretas, sejam transmitidas usando-se o alfabeto fonético.

»» É válido salientar que, para se obter êxito na transmissão adequada e


correta das mensagens, faz-se necessário que tanto o emitente, quanto
o receptor, tenham pleno domínio e conhecimento desse alfabeto. Não
devemos utilizar o alfabeto fonético para soletrar siglas, abreviaturas ou
palavras que sejam largamente conhecidas, ou, ainda, outras em que não
haja possibilidade de serem confundidas por sua pronúncia ou correta
grafia.

90
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

Algarismos fonéticos

No tocante aos algarismos, que ao se combinarem formam os números, deve ser usada
a fonética abaixo descrita:

Tabela 24. Algarismos Fonéticos.

Algarismos Fonética
1 Um
2 Dois
3 Três
4 Quatro
5 Cinco
6 Seis
7 Sete
8 Oito
9 Nove
0 Zero
Fonte: Manual de gerenciamento de Emergências – CBMES.

Quando houver presença de sequência de algarismos iguais em um mesmo número,


deve ser pronunciado com as palavras “duplo” ou “triplo”, de acordo com a repetição
de dois ou de três algarismos na mesma sequência. Mas se o número de algarismos
repetidos em sequência for superior a três, deverá ser usada uma combinação
especial, com as palavras entre si (duplo-triplo, triplo-triplo); ou, ainda do nome do
próprio algarismo seguido da palavra “TRIPLO”.

Seguem no quadro abaixo exemplos de aplicação:

Tabela 25. Sequência de dois e de três algarismos iguais (emprego das palavras “duplo” e “triplo”).

Número Fonética
100 Uno Duplo Zero
2001 Dois Duplo Zero Uno
166 Uno Duplo Meia
33348 Triplo Três Quatro Oito
22777 Duplo Dois Triplo Sete
Fonte: Manual de gerenciamento de Emergências – CBMES.

Tabela 26. Para cinco algarismos, deverá ser usada a combinação das palavras “duplo” e “triplo”.

Número Fonética
2222 Dois Triplo Dois
5555 Cinco Triplo Cinco
66666 Duplo Meia Triplo Meia
Fonte: Manual de gerenciamento de Emergências – CBMES.

91
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

Código Q

O código Q é outra forma convencional que visa auxiliar na transmissão das


mensagens, é empregado para economia de textos, bem como para dar maior
celeridade e agilidade às comunicações via rádio, sendo largamente utilizado
entre os entes de segurança e emergência. Podemos dizer que o “Código Q” é uma
coleção padronizada de três letras, todas começando com a letra “Q” as quais trazem
significados específicos.

As três letras do código Q eram usadas para se fazer uma questão de forma
abreviada e então respondê-la da mesma forma. Por exemplo, “QSL?” significa:”
Você recebeu a minha mensagem?” “QSL” era a resposta confirmando “Sim, recebi
a sua mensagem”.

Esse código, muito utilizado nos dias atuais pelos profissionais de emergência,
foi criado pelo governo britânico por volta de 1909, na forma de uma listagem de
abreviaturas como forma de preparação para utilização em navios britânicos e
estações costeiras licenciadas pela Agência Postal Geral”. Esse código veio facilitar a
comunicação entre operadores de rádios marítimos que falavam línguas diferentes,
desta forma foi adotado internacionalmente e de forma muito rápida. Essa lista de
abreviações perfazia um total de quarenta e cinco códigos, para serem usados na
radio comunicação. Esse código foi incluído no serviço de regulação afixado à terceira
convenção internacional de radiotelegrafia, convenção ocorrida em Londres, assinada
em 5 de julho de 1912, e que se tornou efetiva em 1 de julho de 1913.

Única ressalva a se fazer é que os códigos Q compreendidos entre QAA-QNZ são


reservados para uso exclusivo aeronáutico, os compreendidos entre; QOA-QOZ para
uso marítimo e os compreendidos entre; QRA-QUZ para todos os demais serviços.

Abaixo apresentaremos uma coletânea dos códigos que mais se aplicam ao interesse
do bombeiro civil. Pode haver ligeiras adaptações ou diferenças, mas sempre sem
afetar os significados originais.

Tabela 27. Resumo código Q.

Pergunta Resposta ou informação


QAP Permaneça na escuta ou estou na escuta
QRA Qual o nome da sua estação ou operador? O nome da minha estação ou meu nome é...
A que horas pensa chegar a... (ou estar sobre...) (lugar) Obs.: No Penso chegar a... (lugar) (ou estar sobre...) às... horas. Obs.: No
QRE CBMES utiliza-se como: CBMES utiliza-se como:
Posso realizar a refeição? Realizo ou realizarei a refeição.
QRF Qual a hora de chegada em...? A hora de chegada em...é

92
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

Pergunta Resposta ou informação


A clareza de seus sinais (ou dos sinais de) é:
1. Má
2. Escassa
QRK Qual a clareza dos meus sinais (ou de...) ?
3. Passável
4. Boa
5. Excelente
Estou ocupado (ou ocupado com...).
QRL Você está ocupado?
Favor não interferer
Sofre interferência:
1. Nulas
2. Ligeira
QRM Está sendo interferido?
3. Moderada
4. Severa
5. Extrema
QRV Está preparado? Estou preparado.
Eu o chamarei novamente às... horas, em ...KHz(ou ...MHz) ou
Quando você chamará novamente? Obs.: No CBMES utiliza-se canal. Obs : No CBMES utiliza-se como:
QRX
como: Posso aguardar?
Aguarde...
A intensidade dos seus sinais (ou dos sinais de ...) é:
1. Apenas perceptível
Qual a intensidade de meus sinais(ou dos sinais de...)? 2. Fraca
QSA Obs.: No CBMES utiliza-se como: 3. Satisfatória
Qual a clareza e intensidade de meus sinais (ou dos sinais de...)? 4. Boa
5. Ótima
Obs.: No CBMES utiliza-se como clareza e intensidade.
QSB A intensidade de meus sinais varia? A intensidade de seus sinais varia.
QSJ Qual a taxa ou valor a ser cobrado para ...? A taxa ou valor a ser cobrado é...
QSL Pode acusar recebimento? Acuso recebimento.

Devo repetir o último telegrama ou msg quetransmiti para você Repita o último telegrama ou msg que você enviou para mim(ou
QSM
(ou algum telegrama anterior)? telegrama(s) número(s)...).

QSO Pode comunicar-me diretamente (ou por retransmissão) com...? Posso comunicar-me diretamente (ou por retransmissão) com... .

Transmita em outra freqüência ou em ... KHz (ou... MHz) ou em


QSY Devo transmitir em outra freqüência ou canal?
outro canal?
QTA Devo cancelar a mensagem? Cancele a mensagem.
QTC Quantos telegramas ou msg para transmitir? Tenho ... telegramas ou msg para transmitir (ou para ...).
Qual é a sua posição em latitude e longitude (ou de acordo com Minha posição é ... de latitude, ... de longitude(ou de acorde com
QTH
qualquer outra indicação) ou localização? qualquer outra indicação) ou minha localização é.

Qual é o itinerário ou roteiro? Obs : No CBMES utiliza-se como: Meu itinerário ou roteiro é... Obs: No CBMES utiliza-se:
QTI
Qual o número de telefone ou posso comunicar-se por telefone? Meu número de telefone é/Comunique-se por telefone

QTR Qual é a hora certa? A hora certa é ... horas.


Fonte: Manual de gerenciamento de Emergências – CBMES.

93
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

Relatório e registro de atividades de bombeiro


A missão principal das equipes de emergência, em especial dos bombeiros, é relativa
à prevenção de incêndios. Por isso eles devem receber treinamentos e instruções
adequadas e específicas. Mas, tanto as questões de prevenção quanto as de combate
só poderão ser alcançadas na sua totalidade se alicerçadas e norteadas por dados
e estatísticas confiáveis, que possam orientar e indicar as prováveis causas dos
incêndios. Para a produção de estatísticas confiáveis devemos usar os registros e
relatórios elaborados pelos profissionais de forma adequada, os quais representam
fontes importantes de informações sobre ocorrências de incêndio.

Podemos dizer que os relatórios das atividades de prevenção e combate


representam a retroalimentação da fase operacional das rotinas das atividades de
bombeiros, abastecendo desta forma os sistemas das unidades com informações
valiosas sobre prevenção e ações de controle e combate.

O relatório, por registrar as atividades e experiência positivas e até negativas,


permite que se façam avaliações e posteriores correções. Portanto, é um item
fundamental na evolução e melhoria nos serviços prestados por bombeiros e
demais profissionais de resposta a emergência e segurança.

Os relatórios poderão ainda ser utilizados para avaliações futuras, podendo ser
requeridos pelo Poder Judiciário, pelas seguradoras etc. Por isso, o relatório deve ser
bem elaborado e o mais completo e fidedigno com os acontecidos possível, devendo ser
observado dentre tantos predicados os abaixo descritos:

»» Redação: redação clara, concisa, culta, devendo atentar para a gramática


e a correção ao escrever;

»» Evitar colocar no relatório opiniões particulares ou do ponto de vista


pessoal, detendo-se somente ao que foi presenciado e observado;

»» Detalhar e especificar os danos materiais acontecidos com riqueza de


detalhes;

»» Utilizar sempre que possível terminologias técnico-científicas;

»» Não atribuir culpas ou responsabilidades, uma vez que não é o objeto


alvo do relatório;

»» Fazer croquis, esboços, ilustrando o local da ocorrência, relacionando os


recursos que foram utilizados (recursos humanos e materiais);

»» Detalhar em forma de relato como se deram as atividades de extinção e


rescaldo, constando, inclusive, o que foi movimentado e deslocado pelas
equipes durante a fase de extinção.

94
DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS │ UNIDADE II

Registro de ocorrências

Uma atividade que também não pode ser esquecida é a de relatar as ocorrências
atendidas. Existem muitas formas e procedimentos de comunicação e relatos de
ocorrências utilizados por unidades de bombeiros militares e civis. Apresentaremos
um resumo de registro de atividades desenvolvidas por bombeiros de acordo com a
NBR 14.023 de dezembro de 1997.

O documento “Registro de Atividades de Bombeiros” deve ser constituído dos dados


mínimos a serem coletados nas missões peculiares de bombeiros, sejam essas de
combate a incêndio, busca e salvamento, prevenção ou atendimento pré-hospitalar.

Os dados mínimos que devem ser relatados são os abaixo descritos:

a. Dados da entidade relatora;

b. Dados sobre o registro da ocorrência;

c. Dados sobre o local da ocorrência;

d. Dados sobre as atividades realizadas durante o incidente ou emergência:

›› Combate a incêndio;

›› Salvamento; e

›› Prevenção e auxílio;

e. Dados sobre as vítimas;

f. Dados sobre recursos empregados;

g. Histórico/resumo da ocorrência;

h. Dados complementares;

i. Dados e informações básicas sobre o responsável pelo preenchimento.

Dados mínimos do registro de atividades de


bombeiros
Podemos dizer que esses dados se dividem em dois tipos:

a. Aqueles que, devido à sua individualidade e exclusividade devem ser


preenchidos de forma escrita;

95
UNIDADE II │ DIMENSIONAMENTO, ATRIBUIÇÕES, COMPOSIÇÃO E ACIONAMENTO DE BOMBEIROS

b. Aqueles que possuem colunas a serem preenchidas, oferecendo


alternativas, onde uma ou mais podem ser marcadas, de acordo com a
necessidade e caso específico.

Dados da entidade relatora

Os dados devem sempre contar com a adequada identificação de quem relatou, devendo
ser composto por:

a. Nome da entidade relatora;

b. Endereço da entidade relatora (rua, número, complemento, bairro, CEP,


município, UF e telefone);

Dados sobre o registro da ocorrência

A composição básica do registro da ocorrência deve conter, no mínimo:

a. Registro numérico das ocorrências atendidas, conforme padrão adotado


pela entidade relatora, de forma a ter um registro que possa ser rastreado
por numeração;

b. Quantitativo e numeração das folhas dos livros ou documentos utilizados


para realizar o registro; e

c. Situação temporal presenciada quando da chegada ao local da ocorrência:

›› Com intervenção;

›› Sem intervenção, devido a falso comunicado (trote) ou resolução da


demanda.

As atividades de bombeiros devem ser classificadas, de acordo com sua característica,


em:

a. Prevenção e combate a incêndio;

b. Salvamento;

c. Prevenção e auxílio.

Além disso, as atividades listadas nas alíneas acima podem incluir ou não a atividade
de atendimento a vítimas.

96
CONDUTAS
OPERACIONAIS DE UNIDADE III
BOMBEIRO CIVIL

CAPÍTULO 1
Técnicas de combate a incêndio e
atendimento

Combate a incêndio
O Combate a Princípio de Incêndio é uma das matérias mais importantes das
equipes de bombeiro e mais comuns, diga-se de passagem, pois sempre que houver a
necessidade do combate inicial ao sinistro, os bombeiros deverão estar plenamente
capacitados e familiarizados com as técnicas e estratégias apropriadas para a
identificação do tipo e classe de incêndio, recursos fixos e móveis de combate, bem
como forma mais adequada para sua extinção:

»» Conhecer os equipamentos;

»» Conhecer a utilização correta;

A técnica de extinção de incêndios refere-se ao uso adequado dos recursos


disponíveis para controlar os incêndios de forma segura e reduzindo ou
minimizando os danos colaterais durante as ações de combate.

Os bombeiros devem estar preparados para atuar com agilidade e eficiência


nas solicitações do bombeiro líder ou pelo comandante da equipe. Este nível de
entrosamento só é alcançado quando há empenho nos simulados e treinamentos
por parte das equipes e bombeiros que operam juntos. A familiarização e o domínio
dos equipamentos de emergência só são possíveis através de estudos e de instruções
constantes.

A equipe de bombeiros da planta deve funcionar realmente como um grupo de


trabalho, onde cada um faz sua parte e ainda auxilia o outro, mas cada um tem suas
atribuições definidas, a saber:

97
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

»» O Bombeiro Civil Mestre e/ou Líder toma decisões para o desenvolvimento


tático, assiste e supervisiona os integrantes da guarnição quanto aos
procedimentos técnicos (técnica aplicada);

»» Os Chefes de linha e os Auxiliares de Linha, armam as linhas determinadas,


operam os esguichos e realizam outras missões, conforme determinação
do bombeiro mestre/líder.

As técnicas de combate serão determinadas de acordo com as particularidades de


cada classe e tipo de incêndio bem como suas características específicas. As linhas de
combate devem ser usadas de preferência em combates internos, ou seja, no interior
da edificação.

O acesso ao interior das edificações deve ser evitado quando houver risco iminente
e visível para as equipes de bombeiros como a possibilidade de desabamento por
abalo térmico, calor em excesso, dificuldade de visibilidade, riscos de explosividade de
gases e vapores, presença de produtos químicos perigosos sem a proteção individual
adequada.

Conhecendo os equipamentos de prevenção e


combate a incêndio

Figura 2. Equipamentos.

Extintor de pó para classes ABC


É o extintor mais moderno no mercado, que atende a todas as classes de incêndio. O pó especial é capaz de combater
princípios de incêndio em materiais sólidos, líquidos inflamáveis e equipamentos energizados. É o extintor usado atualmente
nos veículos automotivos.

Extintor com água pressurizada


É indicado para incêndios de classe A (madeira, papel, tecido, materiais sólidos em geral). A água age por resfriamento e
abafamento, dependendo da maneira como é aplicada.

Extintor com gás carbônico


Indicado para incêndios de classe C (equipamento elétrico energizado), por não ser condutor de eletricidade. Pode ser
usado também em incêndios de classes A e B.

98
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Extintor com pó químico seco


Indicado para incêndio de classe B (líquido inflamáveis). Age por quebra da reação química em abafamento. Pode ser
usado também em incêndios de classes A e C.

Extintor com pó químico especial


Indicado para incêndios de classe D (metais inflamáveis). Age por abafamento.

Fonte:<http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/novo/Downloads/Cartilha_de_Orientacao.pdf>.

Aparelhos extintores utilizados

Figura 3. Portáteis – Água Pressurizada (AP).

Capacidade: 10 litros de água, que é expelida por meio de


pressão interna.
Agente extintor: água.
Alcance do jato: +- 15m a 18m. Tempo de duração: +- 61s
a 67s. Aplicação: incêndio classe “A”. Método de extinção:
resfriamento.

Fonte:<http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/novo/Downloads/Cartilha_de_Orientacao.pdf>.

Figura 4. Portáteis – Pó Químico Seco (PQS).

Capacidade: 1kg, 2kg, 4kg, 6kg, 8kg, 12kg, que é expelido por meio de pressão
interna gerada por um gás inerte, contido no recipiente.
Agente extintor: bicarbonato de sódio. Alcance do Jato: +- 6m.
Tempo de duração: +- 14s a 20s.
Aplicação: incêndios classes “B” e “C”.
Método de extinção: Quebra da reação química em cadeia/abafamento.

Fonte:<http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/novo/Downloads/Cartilha_de_Orientacao.pdf>.

99
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Figura 5. Portáteis – Gás Carbônico (CO2).

Agente extintor: CO2 liquefeito sob pressão.


Alcance do Jato: +- 3m.
Tempo de duração: +- 15s a 19s.
Aplicação: incêndios classes “B e C”
Método de extinção: abafamento.

Fonte: <http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/novo/Downloads/Cartilha_de_Orientacao.pdf>.

Técnicas de utilização adequada


Os combustíveis possuem características distintas e, portanto, queimam de formas
diferentes.

Para melhor entendimento, são divididos em quatro classes de incêndio, conforme o


tipo de material que queima:

»» Classe A – incêndio que envolve materiais sólidos geralmente de natureza


orgânica, como madeira, papel, borracha, plástico, tecido etc.

»» Combustíveis que queimam em razão de seu volume e deixam resíduos


quando queimados (brasas, cinzas, carvão), queimando tanto na
superfície como em profundidade.

O método de extinção mais eficiente para este tipo de incêndio é o resfriamento com
água, apesar de existirem pós para sua extinção. Espuma também pode ser utilizada,
apesar de não obter a mesma eficácia.

Figura 6. Incêndio em materiais sólidos.

Fonte: Manual de Fundamentos de Bombeiros – CBPMESP.

»» Classe B – incêndios envolvendo líquidos inflamáveis e gases


combustíveis como óleo, gasolina, querosene, tolueno, xileno, alcoóis,
cetonas, éteres etc.

100
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

»» Esse tipo de incêndio caracteriza-se por não deixar resíduos após a


queima, queimando apenas na superfície.

Os métodos de extinção mais eficientes para este tipo de combustível são o abafamento
e o isolamento dos vapores com emprego de espuma e a quebra da reação química em
cadeia com utilização de pó químico seco.

Figura 7. Incêndio em líquidos inflamáveis.

Fonte: Manual de Fundamentos de Bombeiros – CBPMESP.

»» Classe C – representado por qualquer incêndio ocorrido em equipamentos


elétricos energizados, como motores, computadores, centrais lógicas
programáveis, máquinas elétricas, quadros de força e de comando,
aparelhos de televisão, subestações rebaixadoras etc.

»» Ao ser desligado o circuito elétrico, o incêndio passa a ser de classe A, mas


há de se atentar que, mesmo após a desenergização, alguns equipamentos
manterão energia residual, devendo ser tratados como classe “C”.

»» Importante: não jogue água em fogo de classe C (material elétrico


energizado), porque a água é boa condutora de eletricidade.

Caso não seja possível cortar a energia, deve ser empregado preferencialmente um agente
extintor que não seja condutor elétrico. Caso isso não seja possível, devem-se adotar
os cuidados necessários para combater com algum agente com baixa condutividade
elétrica.

Figura 8. Equipamento elétrico energizado.

Fonte: Manual de Fundamentos de Bombeiros – CBPMESP.

101
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

»» Classe D – incêndio resultante de combustão de metais que inflamam


facilmente (pirofóricos), como alumínio em pó, magnésio, titânio, zinco,
zircônio, antimônio, lítio, selênio, carbonato de potássio etc.

»» Esses combustíveis são caracterizados pela queima em altas temperaturas


e por reagirem com alguns agentes extintores (principalmente a água),
por isso não se deve utilizar água neste incêndio, pois esses metais reagem
de forma violenta.

O combate deste tipo de combustível requer uma análise das características específicas
do material que está em combustão. Comumente se usa Pó Químico especial para
metais pirofóricos, limalha de aço e areia.

Figura 9. Incêndio em metal combustível e/ou pirofórico.

Fonte: Manual de Fundamentos de Bombeiros – CBPMESP.

Deslocamento para atendimento e controle da


emergência

As operações de controle de incêndios desenvolvem-se de forma sequencial, através das


fases abaixo descritas, as quais se constituem na chamada “marcha geral” das operações
de combate:

»» Reconhecimento e avaliação inicial;

»» Busca e salvamento (search and rescue);

»» Estabelecimento das estratégias e dos meios de atuação;

»» Técnicas de combate a incêndio e proteção;

»» Rescaldo;

»» Vigilância e acompanhamento.

102
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Todas essas diferentes fases, descritas nos pontos seguintes, devem ser seguidas
em qualquer operação de combate a incêndios, com exceção das relativas a
salvamento e vigilância, as quais poderão não ser necessárias.

No entanto, não é possível estabelecer regras e procedimentos comuns no combate


a incêndios urbanos e industriais. Torna-se, portanto, necessário conhecermos
antecipadamente a natureza dos produtos presentes na unidade industrial onde
ocorreu o incêndio, conhecer suas propriedades e características químico-físicas,
toxicidade, graus de temperaturas, contato com a água etc.

De outra forma, durante o atendimento a uma emergência numa unidade industrial,


qualquer atuação sem conhecimento dos riscos existentes pode ser fator gerador de
acidentes que podem ser leves ou de alta gravidade e, eventualmente, ser gerador de
necessidade de evacuação de populações e afetar a integridade de materiais muito
além do perímetro da empresa. Por isso, sempre que possível, o atendimento dos
bombeiros deve ser coordenado com os serviços de segurança da empresa.

O comandante das operações de emergência (COE) deve que ter competência para
determinar a melhor forma de atuação e de como proceder durante a intervenção.
Ao bombeiro operacional compete cumprir à risca as ordens do COE, bem como
desenvolver as manobras operacionais indicadas da melhor forma possível e sempre
levando em consideração a segurança própria e dos demais envolvidos.

Fase do reconhecimento e avaliação inicial


O reconhecimento é a primeira das fases quando do deslocamento para início das
atividades de controle da emergência e é primordial para o sucesso da missão por mais
simples que possa parecer.

Essa fase consiste na avaliação, tão próxima quanto possível, das condições em que
está ocorrendo o sinistro, de forma a poder identificar e dimensionar as ações de
controle a serem tomadas. Dessa forma, se garante uma maior probabilidade de
êxito nas operações de resgate e salvamento bem como nas operações de combate a
incêndio. A fase do reconhecimento inicia com o acionamento da chamada de socorro,
que pode perdurar no percurso dos veículos de bombeiros para o local do incêndio,
desde que exista para isso contato visual com estes.

Mas, é no teatro de operações (TO) que o recolhimento de informações, através


do reconhecimento, é mais farto e com maior riqueza de detalhes, tendo maior
credibilidade. O bombeiro mestre e/ou o líder, dependendo de quem estiver no turno,
ao chegar ao teatro de operações — primeiro comandante das operações (CO) — será o
responsável por efetuar o reconhecimento (fig. 13).

103
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Figura 10. Fase do reconhecimento.

Fonte: Combate a Incêndio Urbano – ENB.

Apesar dessa responsabilidade do primeiro comandante das operações, qualquer


bombeiro civil envolvido no combate ao incêndio deve colaborar na recolha de
informações sempre que tal seja solicitado pelo CO. As informações que se obtêm vão
determinar as ações a serem executadas.

Geralmente, os dados essenciais para fazer um bom reconhecimento são:

»» Existência de vítimas ou pessoas em perigo;

»» Tamanho, tipo de construção e grau de ocupação;

»» Altura e área edificada;

»» Delimitação das áreas com maior risco;

»» Localização e delimitação da extensão dos incêndios;

»» Locais que podem ser atingidos pelo incêndio (exposições);

»» Condicionantes para abastecimento de água para as operações de


combate;

»» Condições geográficas e meteorológicas;

»» Condições de acesso de viaturas e saída de pessoal;

»» Existência de produtos perigosos e com risco específico.

Efeitos físico-químicos do calor


Como já vimos, o calor é uma forma de energia que altera a temperatura e é gerada pela
transformação de outras formas de energia. A energia de ativação está intimamente
ligada à temperatura, proporcionando o seu aumento. O calor gerado irá produzir

104
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

efeitos físicos e químicos nos corpos e efeitos fisiológicos nos seres vivos. Como os
que veremos a seguir:

Aumento/diminuição da temperatura

O aumento ou diminuição da temperatura acontece em função do calor, que é


uma forma de energia transferida de um corpo de maior temperatura para um de
menor temperatura. Este fenômeno desenvolve-se com maior rapidez nos corpos
considerados bons condutores de calor e mais lentamente nos corpos considerados
maus condutores.

Dilatação/contração térmica

Podemos definir dilatação ou contração térmica como o fenômeno pelo qual


os corpos aumentam ou diminuem suas dimensões conforme o aumento ou
diminuição de temperatura. A dilatação (contração) pode ser linear, quando apenas
uma dimensão tem aumentos (contração) consideráveis; superficial, quando duas
dimensões têm aumentos (contração) consideráveis; e volumétrica, quando as três
dimensões têm aumentos (contração) consideráveis.

Por isso, a compreensão e o entendimento dessas características do comportamento


dos materiais é fundamental quando executamos as atividades de combate a
incêndios, já que, se as estruturas sofrem dilatação quando aquecidas, sofrem
contração quando resfriadas, de forma que a utilização da água deve ser feita
racionalmente para que não gere um colapso na estrutura do local sinistrado.

Efeitos fisiológicos do calor nos seres humanos

Faz-se necessário, ainda que neste momento de forma superficial, uma breve explanação
no sentido de alertar os bombeiros militares quanto aos principais efeitos que a
combustão pode causar aos seres humanos.

O calor, por si só, pode promover mudanças nos ambientes em que esteja atuando.
Como ele decorre da combustão e esta consome comburente, uma das primeiras
implicações é a deficiência de oxigênio no local, especialmente se este for fechado.

A elevação da temperatura, por outro lado, é um fator de extrema importância a ser


abordado e compreendido no caso de incêndios, pois torna o ar no ambiente inadequado
para a respiração sem a devida proteção. Podem, inclusive, em casos extremos onde
haja a negligência do uso de equipamento necessário, gerar queimaduras em vias
aéreas que podem até levar à morte.

105
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

A fadiga em decorrência da exposição ao calor é um fator importante a ser levado


em consideração para as atividades de bombeiro já que este processo de desgaste é
potencializado por estes fatores adversos.

A combustão gera também a fumaça e esta carreia muitas partículas em sua


composição. Algumas partículas são irritantes, mas existem aquelas que podem ser
fatais ao bombeiro que venha a inalá-las. A penetração delas no organismo depende
de seu tamanho.

Um fator fundamental a ser compreendido pelo bombeiro é o relacionado à presença


de gases nocivos produzidos pela combustão. Em um incêndio existe principalmente
a produção de gases tóxicos – que reagem com células e tecidos prejudicando o
carreamento de oxigênio no organismo, e de gases asfixiantes – que deslocam o
oxigênio do ambiente, diminuindo a concentração deste gás e trazendo risco à vida.

Baseados nesses conhecimentos, percebemos que, de forma alguma, o equipamento de


proteção respiratória (EPR) deve ser ignorado em caso de incêndio, pois além dos gases
presentes no sinistro serem nocivos ou até mesmo letais, muitos deles são inodoros e
incolores o que não permite que o bombeiro, utilizando seus próprios sentidos, possa
identificá-los ou quantificá-los.

Os principais gases produzidos em um incêndio são o monóxido de carbono (CO),


dióxido de carbono (CO2), dióxido de nitrogênio (NO2), acroleína, dióxido de
enxofre (SO2), ácido cianídrico (HCN), ácido clorídrico (HCl) e amônia (NH3).

Devemos sempre lembrar que se, na fase do reconhecimento, for identificado que
há pessoas que requerem atendimento e existem salvamentos a serem efetuados,
deve ser dada prioridade a essas operações, dando o comandante das operações de
emergência (COE) as determinações às equipes envolvidas nas operações, mesmo que
para isso tenha que interromper o reconhecimento. Posteriormente, o comandante
das operações de emergência deve prosseguir com o reconhecimento, juntamente com
as ações de resgate e salvamento.

Do mesmo modo, se existirem bombeiros em número suficiente, o comandante das


operações de emergência pode, após ter efetuado um reconhecimento mais simples
e rápido, elaborar o plano de operação e dar as instruções adequadas às equipes que
iram desenvolver as ações. Em seguida, eventualmente acompanhando os membros da
equipe que acessam as edificações, procede-se a um reconhecimento mais profundo,
detalhado e exaustivo, denominado de reconhecimento em profundidade.

Em incêndios que tenham grandes áreas a serem reconhecidas, o COE pode delegar a
outros bombeiros em especial ao bombeiro civil líder o reconhecimento por setores/
áreas da edificação.

106
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Fase da busca e salvamento

O salvamento de vidas em perigo é uma fase prioritária no desenrolar das operações


de socorro, e deve ser realizado logo após a ciência ou informação de que existem,
ou há suspeita de que existam, vítimas ou pessoas correndo risco ou em perigo.
Isso representa um fator decisivo na determinação da tática e dos procedimentos
operacionais a serem usados no teatro de operações (TO), vindo a necessidade de
realizar operações de salvamento retardar as operações restantes.

Sabemos que nem todos os incêndios apresentam risco iminente para as pessoas.
Esse risco está relacionado com:

»» Presença de substâncias tóxicas, de chamas, ou calor intenso resultantes


da combustão que podem afetar as pessoas presentes no local;

»» Risco de desabamento da edificação por choque estrutural ou abalo


térmico bem como presença de partes da estrutura do edifício que podem
atingir as pessoas;

»» Risco de ser atingido por estilhaços de vidros e queda de mobiliários e de


outras partes e componentes do prédio.

Durante a ocorrência de incêndios podem estarem presentes algumas ameaças para


as pessoas que estão no interior do prédio. Assim esses riscos têm de ser corretamente
avaliados, a fim de poder ser dado o adequado andamento das ações de proteção,
combate e evacuação no sentido de reduzir os riscos e salvaguardar a vida humana,
sendo esta uma missão de suma importância para o comandante das operações.

Quando se nota que há necessidade de ações de resgate e salvamento, pode-se utilizar


muitas técnicas e táticas distintas, mas, a priori podemos citar:

Quando se usa e se recorre aos próprios meios físicos da edificação (meio


interior)

Neste meio podem ser usados meios auxiliares como as escadas internas e externas
do prédio ou livres do edifício, de forma a ser deslocada ou transportada a população
para a parte exterior.

É a estratégia mais eficaz e segura, e deve ser empregada sempre que possível face
às condições do incêndio e do edifício. Deve-se sempre atentar para que nunca seja
prevista utilização de elevadores como meio de evacuação de pessoas.

107
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Quando se utiliza e recorre aos meios exteriores à edificação

É preconizado sempre que não for possível realizar as operações de resgate e


salvamento pelos meios próprios do edifício, atuando nesta fase com o uso dos recursos
e meios específicos de salvamento dos bombeiros, desenvolvendo o que chamamos de
manobras de salvamento e salvamento técnico.

Figura 11. Operações de salvamento.

Fonte: Combate a Incêndio Urbano – ENB.

Este método é mais demorado e implica as manobras tratadas anteriormente, com


o emprego de meios auxiliares como escadas de ganchos, escadas extensíveis, cintos
ou outros equipamentos específicos para resgate e salvamento, escadas giratórias ou
plataformas elevatórias.

No que chamamos de operações de salvamento, estão incluídas também as ações


desenvolvidas no interior do prédio para buscar, localizar e salvar possíveis vítimas,
sempre que se fizer necessário em face de existência de pessoas em situação de perigo.
A essas ações designamos de busca e salvamento (search and rescue).

Fase do estabelecimento das estratégias e dos


meios de atuação

O comandante das operações (Bombeiro civil mestre e/ou líder), com base na
informação recolhida na fase do reconhecimento, define as estratégicas de ação, as
táticas operacionais e estabelece um plano de ação, transmitindo aos demais membros
da equipe as diferentes atividades a serem desenvolvidas.

Para executar as várias tarefas necessárias, os membros da equipe passam ao


estabelecimento dos meios de ação (fig. 16).

108
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Figura 12. Estabelecimento dos meios de ação.

Fonte: Combate a Incêndio Urbano – ENB.

Os membros da equipe devem compartilhar esforços para desenvolver as técnicas e


manobras definidas, pela ordem de prioridade estabelecida pelo comandante das
operações, sempre sob o comando do respectivo líder de equipe.

Dentre os meios de ação a serem estabelecidos pela equipe, merecem destaque os


seguintes:

»» Meios de salvamento, como já referido.

»» Meios de socorro de urgência (APH).

»» Montagem de estabelecimento (linhas de mangueira) para combate ao


incêndio e para proteção da equipe.

»» Emprego de ventilação tática, visando a garantia da extração controlada


da fumaça, calor e gases quentes oriundos do processo de combustão
para o meio externo do prédio.

»» Acesso pela parte externa da edificação, como os que necessitam utilização


de escadas ou plataformas elevatórias.

»» Recursos para entrada forçada, visando garantir acesso aos locais onde
não seja possível por outra forma.

»» Recursos para apoio ao abastecimento de água usada no combate


(linhas de mangueira para abastecimento, tanques, reserva técnica de
incêndio etc.).

Técnicas de combate a incêndio e proteção


(segurança)

No combate inicial a um incêndio urbano ou industrial, algumas ações são


imprescindíveis para evitar o desenvolvimento do foco de incêndio:

109
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

»» Não permitir a progressão rápida do incêndio, evitando desta forma que


ele se propague para áreas contíguas expostas aos seus efeitos.

»» Realizar o combate e controle do incêndio.

Num incêndio onde este ainda esteja incipiente (pequenas proporções), devemos
tentar, sempre que possível, quebrar o ritmo da progressão atuando diretamente
sobre as chamas. Se não for possível, devemos priorizar fornecer proteção às
exposições evitando novos focos e, só após, focar os meios plenos de combate para
as chamas até que a extinção seja completa.

Nesta fase podemos citar três itens relevantes:

»» Circunscrição – Podemos dizer que um dado incêndio está circunscrito,


quando os recursos para seu controle estejam dispostos de forma a evitar
que o incêndio se alastre para além da área inicial dita zona quente;

»» Domínio – Podemos dizer que um incêndio pode ser reconhecido como


dominado quando são evidentes os sinais de redução do seu porte e
desenvolvimento face as ações desencadeadas bem como os meios de
ataque. As chamas diminuem visivelmente e a fumaça apresenta uma
cor mais clara, próxima a esbranquiçada, o que se dá graças ao vapor
resultante da aplicação da água;

»» Extinção – Podemos dizer que um incêndio somente pode ser dito como
extinto quando os principais focos deixarem de estar ativos, praticamente
não havendo presença de chamas.

Estratégias de combate
O comandante das operações (CO) definirá quais as melhores tática, técnicas e
estratégias a serem empregadas para o controle do evento de incêndio, levando em
consideração as condições e a fase em que o incêndio está e quais recursos e meios
estão presentes no local. Poderá optar pelas duas estratégias de combate a incêndios
que são a ofensiva e a defensiva.

Estratégia ofensiva
Essa estratégia consiste em atacar o foco do incêndio de forma direta, empregando
todos os meios e recursos disponíveis e adequados visando bloquear seu
desenvolvimento, deixando-o restrito à menor área possível. Em incêndios
estruturais (urbanos), essa estratégia consiste na montagem e disponibilização das
linhas de mangueira para ataque direto no interior da edificação.

110
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

É uma estratégia muito eficaz, mas só deve ser empregada quando as condicionantes
de segurança do prédio, intensidade e dimensão do sinistro assim permitirem.

Por isso, sempre que possível e seguro, essa estratégia deve ser empregada,
racionalizando os recursos disponíveis, de forma a deslocar as chamas, a fumaça, os
gases e vapores oriundos do processo de combustão para fora da edificação, podendo
ser combinadas as operações de combate (extinção) com as de ventilação tática (natural
e/ou forçada).

Se houver pessoas no interior da edificação, a estratégia ofensiva é a mais


recomendada, podendo seu emprego ser de caráter obrigatório.

Estratégia defensiva

Quando não for possível o emprego da estratégia ofensiva, ou as condicionantes


exigirem o emprego da estratégia defensiva, ou seja, se a intensidade e dimensão do
sinistro, os problemas relativos a recursos materiais e meios disponíveis, a falta de
segurança para execução da ação ofensiva assim recomendarem, devemos recorrer à
estratégia defensiva, a qual se desenvolve do lado de fora, sem acesso ao interior da
edificação afetada.

Serão empregados jatos de água através de portas, janelas ou outras aberturas ou,
ainda, através de aberturas e partes destruídas do teto ou parede dos prédios, de forma
a fazer geração de vapores de água que irão resfriar e abafar o fogo. Essa estratégia não
deve ser aplicada quando ainda existam pessoas no interior do prédio que necessite
retirada rápida e/ou resgate, mesmo que sejam os próprios respondendores, pois ela
poderá ser geradora de risco grave e iminente.

Pode ainda ser necessário o emprego dessa técnica sob circunstâncias particulares
e específicas, as quais podem levar o comandante das operações a optar por ela,
realizando a proteção exterior, não fazendo combate direto ao incêndio. Podemos
destacar como exemplo de situações que levam o comando a optar por essa estratégia:

»» Risco de explosão iminente (BLEVE).

»» Presença de substâncias químicas tóxicas ou outros produtos perigosos


no interior da edificação, os quais podem apresentar riscos elevados aos
respondedores.

»» Risco iminente de desabamento, total ou parcial, do prédio.

111
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Métodos de ataque

O método direto consiste na aplicação de jato sólido ou compacto diretamente à base


do fogo sobre a fase sólida do combustível visando resfriá-lo abaixo do seu ponto de
fulgor.

Aplica-se quando o foco de incêndio é visível e pode ser atingido de forma direta,
com eficácia, pela projeção da água do esguicho. Na fase inicial dos incêndios esta é a
alternativa mais empregada e tem se monstrado muito eficaz.

A regulação do esguicho deve ser efetuada de modo a que a água seja aplicada sobre
os materiais incendiados de acordo com as circunstâncias do incêndio. Apresentam-se
duas situações típicas:

»» Aplicação em jato compacto (jato pleno ou direto), utilizado quando


a intensidade das chamas for maior, uma vez que permite a aplicação
dos jatos de água a uma distância maior, permitindo ainda uma maior
penetração nos combustíveis envolvidos (sólidos), evitando a vaporização
até se atingir o foco de incêndio. Devem ser empregados jatos curtos
direcionados à base do foco de incêndio, até que sua intensidade diminua.
Sempre que possível deve-se evitar usar água em excesso, a fim de não
causar danos aos materiais do interior e reduzir a geração de vapores de
água aquecidos.

»» Quando a intensidade do fogo for um pouco menor, deve-se aplicar água


na forma pulverizada, normalmente em neblina (cone de ataque e/ou
de força), regulando-se a abertura do esguicho de forma a controlar a
geração do cone de água (mais compacto ou mais neblina) sempre em
função da distância de ataque, e da intensidade do calor, de forma que a
água alcance o foco de incêndio, no estado líquido, atingindo os corpos
em combustão.

Podemos dizer que o ataque direto é o mais eficiente uso de água em incêndio em
queima livre, para isso o bombeiro deve estar próximo ao incêndio, utilizando jato
compacto ou chuveiro (30º ou menos), sempre direcionando o ataque para a base do
fogo, até sua extinção. Não se deve utilizar água em excesso, após extintas as chamas.

Em locais com pouca ou nenhuma ventilação, o bombeiro deve usar jatos


intermitentes e de curta duração, até a extinção do fogo. Os jatos não devem ser
empregados por muito tempo, evitando alterar o movimento dos gases e o balanço
térmico. O balanço térmico é o movimento dos gases aquecidos até o teto e a

112
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

expansão do vapor de água em todas as áreas, após a aplicação dos jatos de água,
fazendo com que haja uma brusca redução da temperatura local. Se o jato é aplicado
por muito tempo, o vapor começa a se condensar, precipitando a fumaça ao piso,
havendo a perda de visibilidade, ou seja, a fumaça, os gases e os vapores oriundos
da combustão que normalmente ficariam ao nível do teto, descem ao nível de solo
(piso) ocupando o lugar do ar fresco.

Ataque indireto

É o método que permite a equalização térmica do ambiente, usando a vaporização


da água. Deve ser utilizado sem entrar no ambiente e quando o ambiente estiver
confinado e com alta temperatura, com ou sem fogo. Devemos atentar pois esta pode
ser uma condição ideal para o surgimento de uma explosão ambiental (Flashover ou
backdraft).

Podemos dizer que esse método consiste na aplicação da água, dirigindo-a para as
paredes e teto do compartimento superaquecido, objetivando realizar a máxima
vaporização, uma vez que esse é o local onde a temperatura estará mais alta. Podemos
dizer que a extinção do incêndio se dará por efeito de abafamento, como resultado da
grande geração de vapor de água produzida pela vaporização e não agindo diretamente
na fase sólida. Também não se deve usar água em demasia a fim de evitar resfriar
demais as superfícies pois isso impede a geração de vapores e água. É necessário
atentar para não gear também vapor em excesso.

A sua aplicação típica ocorre quando o foco de incêndio é muito intenso ou quando
não é possível atingir diretamente o combustível que está queimando. Exige uma
melhor técnica na manobra dos esguichos especiais, pois apresenta maiores riscos do
que o método de ataque direto.

Deve ser dada atenção especial à grande quantidade de vapor de água produzida
(cerca de 1750 L para cada litro de água que se vaporize totalmente), por isso a
importância da ventilação tática.

O método de ataque indireto não deve ser aplicado quando existem, ou se suspeita
que possam existir, pessoas nas imediações do foco de incêndio pois pode tornar
o ambiente de alto risco para elas. Isso se deve à presença da fumaça e aos gases
de combustão serem arrefecidos e baixarem em direção ao pavimento, bem como à
geração de vapor de água aquecidos a alta temperatura. A visibilidade no local pode,
também, ser agravada pela combinação da fumaça e de vapor de água mais próximos
do pavimento.

113
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Se não existirem condições para garantir uma boa ventilação tática, o método de
ataque indireto também não deveria ser usado. Sem uma boa ventilação, fica difícil
extrair a fumaça e os gases de combustão produzidos no incêndio e o vapor de água
resultante do método de extinção criará um ambiente de baixa visibilidade e mais
agressivo, dificultando a eficácia da extinção bem como colocando em risco a segurança
dos bombeiros.

No ataque indireto, o esguicho será acionado por um período de 20s a 30s, no


máximo. Não deve ser utilizado excesso de água.

Para cálculo da quantidade de água a ser empregada em um compartimento, deve ser


levada em consideração a seguinte fórmula:

Q = 1,5 * V onde, Q = lpm [vazão]

V = A (área) * h (altura) [volume do ambiente (m3)]


Ex. Um sala com as medidas:

L =10 m
c =24m
h =3 m

Q = 1 . 080 lpm

Logo: Q = 1,5 *[(24 * 10) * 3].

Essa vazão deve ser aplicada por 30s. Um esguicho especial ou regulável de 38 mm,
com 5,5 Kgf/cm2 ≈ (80 psi) de pressão, descarrega aproximadamente 360 lpm. Logo,
será necessário utilizar 3 esguichos simultaneamente por 30s, procurando atingir todo
o teto do ambiente.

Após a aplicação da água, o bombeiro aguarda a equalização da temperatura do


ambiente, isto é, que as labaredas diminuam e se reduzam a focos isolados para maior
facilidade de combate. Isso poderá ser constatado através de:

»» falta de luminosidade intensa das labaredas;

»» baixo nível de ruído oriundo da queima dos materiais.

A estabilização do local será rápida, o respondedor identificará claramente os sinais


logo após a aplicação de água.

114
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Após a estabilização do ambiente, deve o bombeiro acessar o local com seu esguicho
fechado, realizar a extinção dos focos residuais com emprego de jatos intermitentes
de curta duração, jatos estes que devem ser direcionados à base do fogo. Durante o
desenvolvimento dessa fase, deve ser atentado para que o volume de água empregado
no combate seja o mais reduzido possível e que a eficácia da técnica permita. Sempre
que for utilizado o esguicho, esse deve ser aberto e fechado de forma lenta e progressiva,
evitando desta forma possíveis golpes de aríete.

Quando da aplicação da água por qualquer abertura da edificação, os bombeiros


devem se manter fora da linha de abertura para se protegerem da expulsão dos gases
e vapores quentes, os quais sairão pelas aberturas.

Ataque combinado

Essa forma de combate deve ser empregada quando o incêndio ocorre em um


ambiente confinado que não apresenta risco de explosão ambiental, mas que tenha
ambiente superaquecido, permitindo desta forma a geração de vapor para apoio na
extinção (abafamento e resfriamento).

Essa forma de ataque consiste na geração do vapor de água oriundo do processo de


evaporação, combinada com o jato direcionado à base dos materiais incendiados.

O esguicho deve ser regulado de forma que fique entre 30º a 60º de inclinação, sendo
operado e movimentado em forma de círculo, a fim de atingir o teto, a parede, o piso e
a parede oposta e novamente o teto.

No ataque combinado, os bombeiros devem ficar abaixados, o que facilita a


movimentação circular que caracteriza este ataque. Quando não houver mais geração
de vapor, utiliza-se o ataque direto para a extinção dos focos remanescentes.

Podemos dizer que esse método consiste na associação da técnica de produção de


vapor, característica do método de ataque indireto, à aplicação de água diretamente
sobre os materiais que estão queimando, ou seja, emprego alternado das técnicas de
ataque direto e indireto.

O método de ataque combinado é recomendável na fase de combustão livre (ou de


propagação) de um incêndio, na qual a produção de chamas e a temperatura ao nível
do teto são elevadas.

Ao utilizar-se apenas um esguicho, deve-se aplicar, em primeiro lugar, jato ou neblina


com pouca dispersão sobre a fumaça e gases aquecidos próximos do teto e, depois,
incidir sobre os materiais queimando na parte de baixo da edificação.
115
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Se a área estiver bem envolvida pelo incêndio e dispuser de boa ventilação, deve-se
aplicar jato sobre o teto “varrendo-o” de lado a lado. Tal manobra permitirá quebrar
o jato, arrefecendo as camadas superiores e fazendo cair água sobre os materiais
queimando no pavimento.

O esguicho pode, também, realizar três movimentos típicos, consoante as


características dos locais e as condições do incêndio:

»» Em «T» – varrendo as camadas superiores, segundo uma linha horizontal,


baixando na vertical da área onde o foco de incêndio for mais intenso;

»» Em «Z» – varrendo as camadas superiores, segundo uma linha horizontal,


baixando na diagonal do compartimento até o pavimento, onde se efetua
o jato em outra linha horizontal;

»» Em «O» – o jato começa por atingir o teto e efetua, em seguida, um


movimento circular passando por uma das paredes, piso e a outra parede.

Figura 13. Ataque combinado.

Fonte: Combate a Incêndio Urbano – ENB.

A letra “Z” é empregada em locais com àrea aproximada de 30m2, devendo começar
pelo teto, descendo pelas paredes, e terminando próximo ao piso.

Usa-se a letra “O”, de forma a fazer um círculo, atingindo o teto, a parede, o piso, a
parede oposta e novamente o teto. É empregado em áreas de 20m2.

A Letra “T” é empregada em locais que apresentam área menor (10m2), deve ser iniciado
pelo teto e indo até próximo do piso.

A utilização adequada das letras visa poder atingir todas as superfícies da edificação
e da mesma forma reduzir o volume de água aplicado. Cada letra dura no máximo 2
segundos: começa no alto, resfriando o teto, continua resfriando as paredes e finda
pouco antes de alcançar o chão.

116
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Seleção das linhas de ataque

O resultado do combate com emprego de jatos de ataque com aplicação de água só


será exitoso se a quantidade de linhas, volumes e formas de aplicação forem adequadas
e suficientes. Para tanto, a seleção de linhas e jatos dependerá das necessidades da
situação, tais como:

»» volume de água disponível e necessário para extinção;

»» alcance do jato;

»» número de pessoas disponíveis para as manobras de linhas;

»» mobilidade;

»» tática e técnica escolhida.

Seria errôneo escolher uma linha direta de 38 mm (1 ½”), ou ainda o mangotinho,


para atacar o incêndio em uma grande indústria totalmente envolvida por fogo. O
ataque não teria o volume de água nem o jato o alcance mínimo necessários para
resfriar. Da mesma forma, seria errado combater um incêndio num cômodo de uma
residência familiar com emprego de linha de combate com mangueiras de 63 mm (2
½”), descarregando cerca de 940 litros por minuto, ou armar o estabelecimento com
esse mesmo tipo de mangueira sem ter reserva técnica de água adequada disponível.

A característica das linhas de ataque, que possibilita análise característica dos jatos
para a escolha do melhor jato, está explicitada na tabela abaixo:

Tabela 28. Características das linhas de ataque.

Tipo (dimensão) Mangotinho 38 mm 63 mm canhão


(16 à 25 mm) (1 ½ “) (2 ½ “)
Vazão (lpm) 39 a 114 190 a 454 560 a 946 1325 a 7.570

Alcance do Jato (m) 8 a 15 8 a 15 15 a 30 30 a 60

Número de Bombeiros 1 1 ou 2 2 ou 4 1

Mobilidade Excelente Boa Reduzida a moderada Reduzida ou nula

Controle de Perdas Excelente Bom Moderado Difícil

Controle de Direção Excelente Excelente Bom Bom

Quando usar 1 2 3 4

Menor que 1 De 1 a 3 compartimentos 1 piso ou mais Grandes estruturas


Área Efetiva Estimada
compartimento totalmente envolvidos totalmente envolvidas

Fonte: Manual de Combate a Incêndio – CBM/RS.

117
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Proteção da exposição
Exposições são todos os locais, interiores ou exteriores de um edifício em risco de
poderem ser afeitados pelo incêndio ou pelas suas consequências (calor, fumaça e gases
de combustão etc.).

A proteção das possíveis exposições será a primeira medida a ser tomada após as
operações de resgate e salvamento das pessoas que estejam em perigo.

Mesmo que seja difícil em alguns momentos da ocorrência identificar adequadamente


as situações que ameaçam a segurança e saúde por riscos das exposições, a verificação
correta do seu grau de risco só deve acontecer quando se pode determinar com mais
exatidão a localização e a extensão do sinistro.

Na estratégia de combate ofensivo, a proteção das exposições consegue-se através do


adequado posicionamento dos esguichos utilizados no combate ao incêndio.

Num ambiente sinistrado, existem seis áreas com risco de exposição interior. Essas
áreas estão relacionadas por ordem cronológica de risco, levando em consideração o
sentido de propagação das chamas:

»» Acima.

»» À frente, no sentido de maior progressão horizontal.

»» À esquerda, em relação ao sentido de maior progressão horizontal.

»» À direita, em relação ao sentido de maior progressão horizontal.

»» Atrás, isto é, no sentido oposto ao de maior progressão horizontal.

»» Abaixo.

Proteção integral
A proteção, integrada na fase de ataque e proteção, tem como objetivo minimizar os
estragos materiais no edifício e no seu recheio.

Esses danos materiais podem ter várias causas, tais como:

»» Queima por ação do próprio fogo.

»» Ação da fumaça, gases de combustão e vapor de água.

»» Estragos resultantes dos agentes extintores utilizados, com destaque


para a água.

118
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

»» Colapso de elementos de construção (estruturais e de compartimentação),


queda ou quebra de materiais diversos etc.

»» Condicionantes atmosféricos (temporal, chuva, descargas elétricas


atmoféricas, entre outros), que podem resultar em destruição das
construções, como a cobertura, portas, paredes, janelas etc.

Em muitos casos, os danos diretos do incêndio são inferiores aos restantes danos
mencionados. Os bombeiros, a par das ações de ataque ao incêndio, têm a obrigação de
zelar para que esses estragos sejam reduzidos ao mínimo.

As ações de proteção podem desenvolver-se em três fases distintas:

»» Fase I – junto com o combate ao incêndio, visando prevenir, da melhor


forma, os danos materiais. Não é raro ter que se retirar do local objetos,
materiais ou equipamentos, muitas vezes valiosos e sensíveis.

»» Fase II – após a fase I, normalmente com o incêndio já extinto, prevenindo


mais danos e minimizando os já existentes.

»» Fase III – após a fase II, prevenindo danos adicionais.

As ações de proteção mais frequentes na fase I são:

»» Transporte de objetos, materiais, produtos ou equipamentos com alto


valor monetário, sensíveis e vitais para algum processo, os quais podem
estar em situação de risco, para outros locais mais seguros da edificação
ou de preferência para o ambiente externo (área segura).

»» Fechamento das portas, janelas e demais aberturas, quando possível, de


forma a minimizar os danos provocados pela fumaça, gases e vapores
oriundos do processo de combustão bem como pelo vapor de água
gerado. A ventilação pode contribuir para as ações de proteção, uma vez
que realiza a extração de gases, vapores e fumaça aquecida do ambiente.

»» Transferência das águas do combate para locais onde as chances de


provocar danos estruturais sejam mais amenas ou reduzidas ou abertura
de valas e escavações para escoamento das águas, evitando acúmulo de
danos colateriais.

Na fase II, incluem-se ações como:

»» Proteção de espaços do edifício ou de edifícios vizinhos não afetados


pelo incêndio, dos danos colaterais resultantes das operações de
combate.

119
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

»» Esgotamento de água (em particular no subsolo), secagem de materiais e


sua colocação em locais seguros.

»» Prevenção contra risco de quedas e demolição de elementos construtivos


da edificação bem como movimentação de escombros ou de outros
materiais, sobretudo os que possam gerar acidentes pessoais e causar
danos em locais que não foram atingidos pelas chamas.

Na fase III, destacam-se ações de natureza preventiva face a danos resultantes de:

»» Eventos atmosféricos – proteção de telhados colapsados, janelas e portas


destruídas etc.

»» Acesso não autorizado/Intrusão – realizando a segurança dos locais até


que as forças de segurança pública cheguem ao local e façam o adequado
controle.

Rescaldo

Essa fase consiste numa parte final integrante ao controle do incêndio, sendo de
suma importância, haja vista que não podemos considerar o incêndio plenamente
extinto se ainda persistirem as mínimas condições para que ele possa reiniciar.

O rescaldo visa garantir que toda a combustão foi eliminada, de forma a não existir
mais o risco evidente de reignição.

A remoção de entulhos, resíduos e escombros da edificação afetada objetivando


detectar corpos que ainda estão e combustão é importante para garantir a eliminação
de todos os focos de incêndio.

Em locais onde não seja possível remover os escombros para verificar focos de
incêndio, podemos realizar o resfriamento e alagarmos o local com água, devendo
ser corretamente avaliado o volume de água que será empregado nessa operação.
Deve-se evitar que esse volume seja inadequado gerador de danos como, danos nos
pisos inferiores e colapso e coque estrutural de pavimentos.

Deve-se aplicar água com aditivos “molhados” em espaços onde existe combustão
proveniente de focos ocultos por elementos de construção como, por exemplo, em
paredes, tetos e pavimentos construídos ou revestidos com materiais combustíveis

120
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

(madeira, cortiça, plásticos etc.). Neste, como noutros casos, é importante a utilização
de material de sapador para pôr a descoberto focos de incêndio ocultos.

Vigilância

Em incêndios de grande vulto, as operações de controle não findam com o rescaldo.


Após a operação de rescaldo, muitas vezes se faz necessário manter equipes de
bombeiros no local, exercendo uma ação de vigilância sobre todos os espaços
atingidos pelo incêndio, de modo que, nas horas seguintes, qualquer tendência para
reignição seja, de imediato, anulada por essas equipes. Esta atividade pode perdurar
por vários dias.

Ignição da fumaça

É a ignição dos produtos do processo de combustão que possuem energia suficiente


para se inflamarem, independente do contato com fonte de calor (flameover), ou que
se inflamam em contato com fontes de calor (flashfire).

No primeiro, a fumaça encontra-se aquecida acima de seu ponto de ignição, porém,


em decorrência do consumo de comburente pelo processo de combustão, a mistura
entre ela e o oxigênio não estará adequada para queima.

Essa fumaça aquecida desloca-se em direção a alguma abertura em busca de


oxigênio e, ao se misturar com o comburente, entra em ignição de forma imediata e
espontânea. A isso damos o nome de “ignição espontânea da fumaça”.

Justamente pela falta de oxigênio dentro do ambiente, somente haverá a presença de


chamas na fumaça a partir da realização de qualquer abertura na edificação.

A ignição da fumaça se difere do backdraft porque neste o ar se movimenta em direção


ao incêndio, enquanto no flameover a fumaça proveniente do incêndio se desloca
buscando comburente.

No flashfire, a fumaça combustível está misturada adequadamente com o


comburente, porém, não está aquecida o suficiente para entrar em ignição sem o
contato com algum agente ígneo. Dessa maneira, ao se movimentar nos ambientes
sinistrados, essa fumaça poderá entrar em contato com uma fonte de calor,
propiciando sua ignição.

121
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

A guarnição deve ter atenção redobrada haja vista que mesmo com pouca fumaça
visível no ambiente, é possível ocorrer sua ignição. A ignição da fumaça decorre
principalmente de:

»» Colapso de estruturas da edificação sinistrada, o que faz com que a fumaça


que antes estava confinada chegue a uma fonte de calor ou mesmo ao
oxigêncio.

»» Curto circuito da rede elétrica ou faiscamento de equipamentos


motomecanizados presentes no ambiente incendiado.

»» Uso incorreto de ventilação por pressão positiva, que poderá direcionar a


fumaça para um ambiente onde haja algum tipo de agente ígneo.

»» Uso de jatos de água de forma indiscriminada e incorreta, uma vez que o


deslocamento de ar que acompanha os jatos pode deslocar a fumaça para
locais que contenham fontes de calor.

»» Ação de rescaldo mal conduzida, tendo em vista que o rescaldo pode


deixar à mostra materiais incandescentes com potencial para incendiar
a fumaça.

Figura 14. Ignição de Fumaça.

Fonte: <https://www.fireblast.com/fire-training-props/>. Acesso em: 11/1/2018.

Resumo das fases de atendimento de socorro

Consideramos como fases do socorro, as atitudes básicas e ações desenvolvidas, desde


o recebimento de uma solicitação, até o regresso da equipe de bombeiros à base/posto
de permanência, após o cumprimento da missão.

122
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Fluxograma 1. Fases do Socorro.

AVISO
Recepção/Confirmação/alarme

Partida

Reconhecimento

Estabelecimento

Controle/Ataque

Inspeção Rescaldo

Inspeção Final

Recolha de Material

TÉRMINO
Desmobilização/Retorno à Base
Fonte: o Autor (2018).

Aviso

É a solicitação da presença do socorro a um evento que, devido às suas características


de ameaça de destruição de bens ou de vidas, exija a intervenção do Corpo de
Bombeiros.

O aviso pode ser pessoal (quando o solicitante comparece à base do


bombeiro/posto de permanência), ou através de um meio de comunicação (telefone,
alarme, rádio etc.), sendo o telefone e o contato verbal os mais usuais.

Recepção

A recepção do aviso é realizada pelo bombeiro no seu turno de trabalho, sendo


atribuição dele executar a rotina do serviço para um pronto atendimento. O aviso

123
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

recebido é transcrito em formulário próprio com todos os dados necessários


e as informações complementares, tais como: evento, local, hora, solicitante
etc. Simultaneamente ao preenchimento do formulário, é acionada a equipe de
intervenção, ou, se for apenas o próprio, este se deslocará para o local da ocorrência.

Confirmação

O Comandante da Emergência (Bombeiro Civil Mestre/Líder) quando presente, faz a


confirmação do aviso, completando as informações colhidas pelo bombeiro, e ordena o
acionamento do material e pessoal necessários ao pleno atendimento.

A confirmação é dispensada nas solicitações que envolvam emergências graves e


urgentes que coloquem em risco a integridade física da vitima.

Alarme

O acionamento do alarme da campainha é de responsabilidade do bombeiro do turno


quando aplicável e/ou necessário, devendo estar no procedimento da unidade de
bombeiro.

Partida

Ao ser dado sinal de alarme e/ou acionado na base, o pessoal do socorro se deslocará
para o local da ocorrência. Durante o trajeto para atendimento, em qualquer horário, se
forem usadas viaturas, essas manterão os sinalizadores (giroscópio) e os faróis ligados.

As viaturas, no perímetro urbano, não deverão ultrapassar a velocidade de 60km/h,


guardando entre si uma distância de 30m e, em estradas e vias de fluxo rápido, a
velocidade de 80km/h sem comprometer a segurança do socorro.

Reconhecimento

O serviço de reconhecimento é feito pelo comandante da equipe (bombeiro civil


mestre) com o auxílio do chefe da guarnição empenhada (bombeiro civil líder).

Estabelecimento

Nesta fase, são distribuídas as ações efetivas de trabalho aos bombeiros de todos os
equipamentos e máquinas que serão utilizados na extinção de incêndio ou na realização
de salvamentos. No estabelecimento, procurar-se-á, ainda, manter estrategicamente

124
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

todo o pessoal e o material disponível, o que é facilitado pela maneira ordenada e


uniforme com que serão dispostas as viaturas.

Controle/ataque

O ataque é o momento em que todo o dispositivo, composto de material e pessoal, inicia


as suas ações dinâmicas. O salvamento poderá constituir-se na principal preocupação
do comandante da equipe, desde que haja pessoas em perigo iminente. Sendo
assim, haverá situações em que o comandante da equipe procederá ao salvamento
simultaneamente com o ataque, aproveitando a ação para atenuar os efeitos do fogo e
facilitar a atuação dos homens que terão que extingui-lo.

Nos incêndios, logo que os chefes de linha atinjam os locais a eles determinados,
inicia-se, imediatamente, o ataque. Quando o foco do incêndio não for além de um
compartimento e não houver perigo do fogo se propagar rapidamente, deve-se proceder
ao ataque com o sistema preventivo do prédio com a utilização da bomba portátil ou
com o mangotinho, a fim de evitar o desgaste do material maior.

Se, ao contrário, o incêndio for muito violento e for possível combatê-lo por todos os
lados simultaneamente, serão empregados todos os esforços e recursos para atacá-lo
nos pontos mais ameaçados e pelos quais o fogo possa propagar-se aos prédios vizinhos.

A proteção dos bens ainda não atingidos pelo fogo deverá ser sempre a preocupação
maior do comandante do socorro, utilizando, para essas ações, a guarnição de
salvamento e outros militares disponíveis no evento.

O ataque deve ser desenvolvido de forma a circunscrever a área sinistrada. As


mangueiras deverão estar dispostas de forma a permitir o fluxo pleno de água, o que
se obtém com a supressão das quinas que provocam retenção. Deve ser evitada ao
máximo a ação de agentes agressivos às mangueiras, bem como a passagem de veículos
sobre elas, principalmente, nas juntas.

Inspeção e rescaldo

É uma fase específica da operação de combate a incêndio.

O Comandante da equipe, após a extinção do incêndio, fará uma vistoria visando


constatar se há necessidade de proceder ao escoamento da água nos andares
superiores ou à remoção de entulhos. Cabe ainda, nesta vistoria, determinar ou não
a operação do rescaldo, que é o resfriamento completo do local sinistrado para evitar
reacendimento das chamas.

125
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Inspeção final

Havendo necessidade das ações abordadas no item anterior, o comandante da


equipe procederá a uma inspeção final, onde constatará a realização e a eficiência dos
trabalhos executados após a primeira vistoria, e observará o risco de desabamento
das estruturas. Caso isso seja detectado, ele acionará a defesa civil.

Ambas as inspeções deverão ser procedidas, sem que seja desfeito o


estabelecimento, mantendo, enquanto isto, todo o dispositivo tático nos
respectivos postos de combate.

Recolhimento do material

A execução dessa fase é de responsabilidade do chefe de equipe, porém, é realizada


com a participação de todos os componentes das equipes de intervenção.

Todos os materiais devem ser colocados junto aos seus locais de origem para
conferência, sendo feitas as anotações.

Regresso

Durante o regresso do socorro, deve-se ficar atento a novas chamadas, dedicando um


tempo para reestabelecimento das equipes, mas sem descuidar da condição de pronto
emprego.

As anotações são responsabilidade dos chefes de equipe, podendo esses, delegá-las aos
seus auxiliares.

Condições de trabalho do bombeiro

O aumento da proteção gera esforços adicionais com os quais o bombeiro terá que lidar,
o aumento do peso a ser carregado, a perda do tato, a mobilidade e a destreza, são
fatores agravantes às condições de trabalho impostas aos bombeiros.

Moretti (2003, apud OLIVEIRA, 2008), em pesquisas laboratoriais na UNIFESP,


mostrou que o uso de EPI e de EPR, gera uma alta sobrecarga. O uso desses equipamentos
pode provocar um acréscimo de peso entre 22kg a 27kg, podendo reduzir a capacidade
cardiorrespiratória dos envolvidos em até 30%.

A desidratação e os desequilíbrios eletrolíticos, tendo em vista o esforço gerado, podem


se apresentar durante as operações, sobretudo as que se desenvolvem por muito tempo

126
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

em locais quentes e confinados. Por isso deve-se ter protocolos e programas de saúde
e segurança que preconizem a reabilitação, hidratação e pausas ativas durante as
operações, inclusive em treinamentos realizados.

Podemos considerar que os bombeiros devem saber tanto quanto atletas profissionais
sobre o descanso, hidratação e resistência.

Para repor as reservas energéticas da melhor forma e proporcionar o aumento de


glicogênio em nosso corpo, alguns médicos recomendam suplementos com hidratos
de carbono e sódio, uma vez que eles aceleram esse processo e repõem os eletrólitos
pedidos pelo organismo. A NFPA 1583 estabelece algumas ocasiões essenciais de
hidratação ou reposição hídrica mínima de acordo com o quadro abaixo:

Quadro 1. Hidratação x Atividade desenvolvida.

ATIVIDADE TIPO DE REPOSIÇÃO MÍNIMA

Hidratação prévia para atividades planejadas »» No mínimo: 500 ml de líquidos 2 horas antes do treinamento.

»» Água na maioria das vezes;


Bebidas esportivas após as primeiras horas de intenso trabalho ou 3 horas de
duração total do incidente;
Hidratação durante incêndios ou treinamentos
(simulados/simulacros) »» Consumir de preferência pequenas quantidades (60 a 120 ml) com muita
frequência.
»» O tempo de esvaziamento gástrico típico limita a ingestão de líquidos a não
mais de 1 litro por hora.

Fonte: NFPA1583:2005.

A NFPA 1584:2015, estabelece recomendações importantes quanto à relação entre


períodos de trabalho e descanso em incêndios estruturais, treinamentos ou simulados
com guarnição de incêndio. De acordo com essa norma é vital que se tenha um
ambiente mais ameno para descanso e hidratação, de forma a garantir uma melhor
recuperação biológica e mental dos profissionais.

Requisitos preconizados para locais de Hidratação e Reabilitação:

»» Ambiente adequado para guarda de líquidos e eletrolíticos para reposição


hídrica.

»» Ambiente sem presença de fumaça e protegido do calor.

»» Local para remoção do EPRA (Equipamento de Proteção Respiratória


Autônoma).

»» Assentos para a guarnição que entra ou retorna da cena.

127
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

»» Equipe de Suporte Avançado (ESA) para atendimento específico dos


bombeiros militares e civis envolvidos no incêndio.

A relação trabalho-descanso deve ser um componente presente no gerenciamento


no incidente, baseando-se em intervalos de descanso conforme estabelecido pela
NFPA 1584:2015. Durante as operações de combate e/ou exercícios que gerem
grandes desgastes fisiológicos, devem ser feitos intervalos de 10 ou 20 minutos para
recuperação músculo esquelética e hidratação, sempre que possível deve ser seguida
a tabela abaixo:

Quadro 2. Hidratação mínima de acordo com a atividade desenvolvida.

INTERVALO CARGA DE TRABALHO


Mínimo de 10 minutos de auto- »» Consumo de 1 (um) cilindro EPR de 30 minutos;
reabilitação »» 20 minutos de trabalho intenso sem EPR.
(descanso com hidratação)
»» Consumo de até 2 (dois) cilindros de EPR de 30 minutos;
»» Consumo de 1 (um) cilindro EPR de 45 minutos;
Mínimo de 20 minutos de
repouso (com hidratação) em »» 40 minutos de trabalho sem EPR; a pelo menos;
uma área de reabilitação »» Quando uma área de reabilitação é estabelecida, nenhum membro deve retornar ao incêndio antes
de ser medicamente avaliado, hidratado por pelo menos 10 minutos na reabilitação, e limpo pelo
pessoal da Equipe de Reabilitação.
Fonte: NFPA 1584:2015.

O chefe de emergência, que pode ser o Bombeiro Civil Mestre e, na ausência


desse, o Bombeiro Líder, é a máxima autoridade no estabelecimento durante as
emergências. Consequentemente, é ele quem decide quanto ao momento da
evacuação do estabelecimento. Quando da chegada do Bombeiro Público (civil
ou militar), ele se reportará a esse, ficando à disposição para auxiliar e fornecer o
suporte adequado.

A partir do centro de comunicações do estabelecimento e dependendo


da informação recebida pelo chefe de intervenção quanto à evolução da
emergência, o chefe de emergência envia à área sinistrada as ajudas internas
disponíveis e busca a ajuda externa necessária a seu controle.

128
CAPÍTULO 2
Técnicas e estratégias de ventilação
tática

A ventilação tática é aquela utilizada nas operações de combate a incêndios com


objetivo de remoção e dispersão dos aerodipersóides em especial a fumaça, gases e
vapores quentes presentes no local. Ela proporciona uma substituição dos produtos da
combustão por ar puro, facilitando, desta forma, a ação dos bombeiros.

São tipos de ventilação:

»» Ventilação natural.

»» Ventilação forçada.

Um dos pontos mais relevantes a ser observado pelo comandante das operações de
emergência, durante uma ocorrência de incêndio, é a influência que a movimentação da
fumaça no interior da edificação incendiada tem sobre a dinâmica do incêndio.

É importante observar que qualquer abertura feita na edificação incendiada irá


possibilitar a entrada de ar fresco, rico em oxigênio, e que isto alimenta a combustão.
Assim, desde que exista uma entrada de ar no ambiente, pode-se dizer que ele está
sendo ventilado. A equipe de bombeiros deve promover o controle dessa inserção de ar
na edificação sinistrada, além de direcionar o fluxo da fumaça, e tentar prever o efeito
que essa ação irá exercer sobre a dinâmica do incêndio.

Dessa forma, podemos conceituar Ventilação Tática como:

O controle do fluxo de ar fresco para dentro da edificação incendiada, de forma planejada


e controlada, visando a remoção e direcionamento da fumaça por uma saída adequada,
objetivando beneficiar as operações de combate a incêndio.

Fatores de movimentação dos gases

Para uma ventilação tática efetiva, é importante que a equipe de bombeiros tenha
conhecimento dos fatores que determinam como ocorrerá a movimentação da fumaça
dentro da edificação incendiada, que são:

129
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Sobrepressão do compartimento incendiado


Ocorre devido ao aquecimento dos fluidos (gases, vapores e líquidos) dentro do
compartimento incendiado, resultando em um aumento do seu volume. Isso faz a
pressão dentro do compartimento ficar maior do que a pressão atmosférica, no exterior
da edificação, e empurra os gases e vapores para fora através de qualquer abertura
existente.

Empuxo
Ao serem aquecidos, os fluidos aumentam seu volume, mas mantém sua massa, isso
os torna menos densos. Devido ao empuxo, os fluidos mais densos (mais pesados)
ocupam a parte inferior do compartimento e os menos densos (mais leves) sobem.
Disso se originam as correntes de convecção.

Em termos práticos, é devido ao empuxo que a fumaça (aquecida pela combustão)


sobe até o teto da edificação incendiada e, encontrando essa barreira, se espalha,
ocupando toda a região mais alta, até que encontre uma saída. Isso é chamado de
efeito cogumelo.

Pressão negativa nos corredores e escadas


Quando um fluido está em movimento por um caminho e ocorre um estreitamento
da seção no percurso, conforme o Princípio de Bernoulli, ocorre uma aceleração
desse fluído e uma queda da pressão dentro desse segmento.

Durante o incêndio, a fumaça que se desloca dentro da edificação, quando passa por
uma caixa de escada ou corredor (estreitamento em seu percurso), ganha velocidade.
Ocorre então uma queda da pressão dentro desses segmentos, isso gera um efeito de
sucção da fumaça para esses compartimentos.

Direção do vento
A direção será um fator preponderante e determinante para sabermos por qual
abertura ocorrerá a entrada de ar externo fresco no prédio, assim como por onde
predominantemente a fumaça irá sair, além do destino a ser tomado pela fumaça
quando sair da edificação.

Avaliação da necessidade ou não da ventilação


tática
Uma das primeiras atividades a serem executadas pelo bombeiro líder, ao chegar
no local do incêndio, é realizar um reconhecimento do cenário da ocorrência,

130
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

buscando levantar o máximo de informações possíveis para subsidiar o


planejamento das operações, para que consiga definir qual a melhor estratégia
e emprego tático dos recursos que tem disponíveis, além de estabelecer as
prioridades táticas da ocorrência. A estratégia e a tática devem ser baseadas nos
problemas presentes no incidente.

Nesse contexto, o comandante do socorro deve considerar a possibilidade de se


executarem as técnicas de ventilação tática, haja vista os benefícios que isto pode gerar
para a ocorrência, quando bem executadas.

Contudo, alguns fatores devem ser observados antes de começar a ventilar a edificação,
pois, fornecer ao incêndio oxigênio sem que se conheçam plenamente os efeitos da
ventilação no local pode gerar danos maiores bem como propiciar acidentes pessoais,
podendo inclusive ser fator gerador de descontrole do incêndio.

Dentre os fatores a serem levados em consideração, antes que se comece a ventilar o


local do incêndio, podemos destacar:

Segurança: o fator vital a ser levado em consideração pelo comandante da operação:

»» durante a realização das aberturas, as quais devem preferencialmente ser


realizadas pelo exterior;

»» ao adentrar no compartimento a ser ventilado;

»» deve ser escolhida uma rota de fuga para os bombeiros etc.

Além disso, deve ser observada a segurança das vítimas que ainda estejam na edificação.

Localização do foco: para que se execute a ventilação tática da edificação sinistrada, é


importante que se tenha conhecimento de onde os focos do incêndio estão localizados
e suas extensões, para, assim, tentar prever o efeito que a ventilação irá produzir
sobre eles;

Direção do vento: o vento é um dos elementos que determinam a direção da fumaça,


portanto não se deve começar uma manobra de ventilação sem observá-lo.

A aproximação dos bombeiros da edificação incendiada deve ser preferencialmente a


favor do vento (com o vento nas costas), sendo obrigatório observar essa recomendação
quando for realizar abertura para a ventilação vertical;

Percurso da fumaça na edificação: observar qual o caminho da fumaça na edificação.


Isso ajuda a definir qual a melhor técnica de ventilação para o local, prever o risco

131
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

de propagação do incêndio para outros compartimentos da edificação ou para


edificações vizinhas.

Deve-se ter cuidado especial com dutos e fossos, que podem conduzir a fumaça para
outros compartimentos distantes do ambiente incendiado, e com tetos falsos, que
podem acumular fumaça e gerar situação de risco para os bombeiros;

Aberturas para a extração da fumaça: sempre que possível e existir, as aberturas


presentes na edificação devem ser utilizadas, desta forma evitamos danos desnecessários
provocados por aberturas forçadas.

A abertura para a saída de fumaça deve ser realizada o mais próximo possível do foco,
para evitar o deslocamento desnecessário de fumaça por compartimentos ainda não
afetados pelo incêndio, além de potencializar a extração da fumaça.

Tamanho das aberturas: deve ser observada a proporção entre as aberturas, para que
o suprimento de ar não seja grande em relação à quantidade de fumaça retirada do
compartimento incendiado.

A abertura para a saída de fumaça deve ser feita antes da que será usada para a entrada
de ar fresco e uma abertura grande é melhor do que várias aberturas pequenas.

Comunicação da equipe de bombeiros: para que a execução das técnicas de ventilação


tática seja segura, é imprescindível que toda a equipe de bombeiros esteja ciente
do procedimento, principalmente aqueles que irão adentrar, ou já adentraram, na
edificação sinistrada.

As técnicas de ventilação tática só devem começar após as linhas de combate estarem


pressurizadas, a não ser que seja uma situação de emergência para apoiar a equipe que
irá realizar o salvamento.

Independentemente de quais técnicas de ventilação tática serão utilizadas, em nenhum


caso será dispensado o uso do EPRA durante as operações de combate a incêndio.

Vantagens da ventilação tática

Uma vez tomados os cuidados necessários para a renovação do ar no ambiente


sinistrado e realizada de forma correta, a ventilação tática traz importantes benefícios
no combate ao incêndio. Por exemplo:

»» Melhora a visibilidade para as operações e para as rotas de escape.

»» Reduz o risco de flashover e de backdraft.

»» Auxilia na dissipação do calor do ambiente por extração.

132
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Flashover: Não temos uma tradução adequada para o Português, mas podemos dizer
que se refere a uma queima rápida dos produtos oriundos da combustão no ambiente,
sendo que, nessa fase, o calor estará presente e poderá ficar absorvido no teto dos
prédios e nas partes mais altas das paredes, podendo ser irradiado no decorrer do tempo
para as partes mais baixas, gerando o aquecimento gradual dos gases combustíveis
presentes no local, e, quando estes alcançarem sua temperatura de ignição, o recinto
será instantaneamente tomado pelo fogo.

Esse evento ocorrerá próximo ao final da fase inicial e ao início da queima livre, em que
a temperatura presente pode estar entre de 500ºC e 800ºC. Por isso, o indicativo da
ocorrência de um flashover não é muito claro e depende basicamente da experiência dos
bombeiros que estiverem atuando na emergência. Da mesma forma como no backdraft,
sua ocorrência poderá ser controlada pelo uso adequado da ventilação vertical ou pelo
emprego de linhas de ataque adequadamente montadas e controladas, e ainda por meio
de suporte de ventilação horizontal.

Podemos definir então que flashover é quando todos os materiais que se encontram no
local, pela ação da fumaça que está quente e é inflamável, ignitam após pirolizar.

É o momento em que todo o ambiente entra em combustão súbita e repentina.

Considerando as características da fumaça, já abordadas nesse manual, pode-se elencar


diversos aspectos positivos de ventilar um compartimento incendiado:

Quente:

»» Fornece melhoria nas condições de trabalho e conforto, pois retira o calor


proveniente dos produtos da combustão, bem como o vapor da água
utilizada nas operações de combate e rescaldo;

»» Limita os danos provocados pelo incêndio, pois, ao remover a fumaça,


evita-se a irradiação de calor para os combustíveis que ainda não
entraram, limitando desta forma a propagação do incêndio.

Opaca:

»» Ao se retirar a fumaça da edificação sinistrada, as condições de visibilidade


melhoram consideravelmente. Isso facilita a saída de vítimas que estejam
conscientes, da mesma maneira que facilita as operações de busca e
salvamento;

»» Com uma visibilidade melhor, o combate direto pode ser executado de


forma mais precisa.

133
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Móvel:

»» Conhecendo os fatores de movimentação da fumaça, o bombeiro poderá


determinar qual o melhor caminho a ser percorrido pela fumaça,
deslocando para o caminho que seja melhor para a eficácia das ações de
controle.

Inflamável:

»» Presença de gases inflamáveis presentes na fumaça originada da


combustão incompleta, desta forma ao ser realizada a ventilação adequada,
essa fumaça é diluída, reduzindo a concentração dos gases inflamáveis.
Diminui, assim, de forma considerável, o risco de um comportamento
extremo do fogo, uma vez que além de deixar a fumaça menos inflamável,
gera a retirada de calor.

Tóxica:

»» Torna a atmosfera interior menos tóxica para as equipes de resposta bem


como para pessoas (vítimas) que estão no interior do ambiente, gerando
mais segurança e contribuindo para a sobrevida dos ocupantes do local.

Riscos de Intoxicação por fumaça

Primeiramente, podemos dizer que fumaça é a mistura de gases, vapores e partículas


sólidas finamente divididas, transportadas pelo ar e por gases desprendidos dos
materiais que queimam, sendo que sua composição química é altamente complexa,
bem como seu mecanismo de formação.

Os efeitos fisiológicos da redução do oxigênio (hipóxia) produzem sinais e sintomas


no homem que vão desde o aumento do ritmo respiratório, falta de coordenação, dor
de cabeça (cefaleia), fadiga, enjoo, inconsciência, até morte em poucos minutos por
falha respiratória e insuficiência cardíaca. Por isso, concluímos que a fumaça, incluindo
os demais gases tóxicos, representa a principal causa de mortes em incêndios, sendo
responsável por cerca de 50% a 75% de óbitos.

Os gases tóxicos específicos que podem ser liberados em um incêndio variam muito,
de acordo com alguns fatores principais, como a natureza do combustível, a taxa de
calor, a taxa ou velocidade de aquecimento, a temperatura dos gases desprendidos e
as concentrações de oxigênio. Por isso, os profissionais de resposta a emergência que
venham a trabalhar em locais onde pode existir a deficiência de oxigênio e/ou presença
de substâncias tóxicas, presença de gases, materiais particulados em suspensão no ar
134
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

ou mesmo a variação da concentração de oxigênio devem obrigatoriamente fazer uso


do equipamento de proteção respiratória que forneça a adequada proteção em termos
de suprimento de ar para as operações a serem realizadas.

Devem ser observados aspectos para a correta indicação, tais como presença e
percentual de oxigênio no ambiente, existência de contaminantes, classe toxicológica
e, se possível, verificar sua concentração, questões de confinamento de ambiente
(incêndio urbano e em espaços confinados), arranjo físico, dificuldade de locomoção e
mobilidade e tempo de faina.

Devemos lembrar que, em caso de dúvidas ou desconhecimento do grau de exposição


e/ou contaminação, deverá sempre ser indicada a proteção máxima, não devendo
ser esquecido que, mesmo que seja possível realizar o combate sem o uso do EPI
adequado, alguns tipos de lesão, como a respiratória por inalação da fumaça,
podem manifestar-se horas ou dias depois do evento e causar danos irreversíveis ao
respondedor.

Como já dissemos, a composição química da fumaça é muito complexa e variável, uma


vez que é influenciada por diversos fatores, entre eles a composição química do(s)
material(ais) em combustão, oxigenação e nível de energia (calor) no processo. Por isso,
podemos dizer que a toxicidade da fumaça depende das substâncias que a compõem,
sendo que a mais comum é o monóxido de carbono (CO), que pode ser presenciado
em quase todos os incêndios, pois é resultante da combustão incompleta dos materiais
combustíveis que têm carbono com sua base, como madeira, tecidos, plásticos, líquidos
inflamáveis, gases combustíveis etc. O efeito tóxico desse contaminante é a asfixia
bioquímica, pois ele substitui o oxigênio no processo de oxigenação efetuado pela
hemoglobina. Sabemos que a anóxia produzida pelo monóxido de carbono não cessa
pela inalação do ar puro, como no caso dos asfixiantes simples.

Outro agente que representa risco significativo nos incêndios é o gás cianídrico, (cianeto
ou cianureto de hidrogênio) o qual é produzido quando em presença de materiais que
contenham nitrogênio em sua estrutura molecular e que sofrem decomposição pelo
calor, sendo os mais comuns de produzirem gás cianídrico na sua queima a seda,
náilon, poliuretano, acrilonitrila, butadieno e estireno. Esse agente (gás cianídrico),
bem como outros compostos cianógenos, têm a capacidade de bloquear a atividade
de todas as formas de seres vivos, exercendo uma ação inibidora de oxigenação nas
células vivas do corpo.

Podemos ainda encontrar em incêndios os óxidos de nitrogênio (NOx) representados


por uma grande variedade de óxidos, sendo as formas mais comuns o monóxido
de nitrogênio (N2O), o óxido de nitrogênio (NO) e o dióxido de nitrogênio (NO2)

135
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

produzidos, principalmente, pela queima de nitrato de celulose e decomposição de


nitratos inorgânicos. Esses contaminantes pertencem à família dos irritantes, mas
tornam-se anestésicos e atacam particularmente o aparelho respiratório, podendo,
ainda, em contato com a umidade das mucosas, formar ácidos como o nitroso e o nítrico.

O grande complicador nos combates em ambientes com presença de fumaça e demais


contaminantes tóxicos é relativo à autonomia dos equipamentos de proteção respiratória
(máscaras autônomas), uma vez que o controle da emergência muitas vezes exige
tempo superior à autonomia do equipamento, necessitando trocar os cilindros. Somos
sabedores de que, em algumas localidades, há poucos equipamentos reserva, e alguns
não contam nem com compressores para realizar a recarga, tendo que ser enviados a
outras localidades, prejudicando a adequada resposta.

Concluímos que, se não dispusermos do adequado aparato de proteção respiratória,


a operação, que já é perigosa, pode trazer riscos iminentes aos respondedores, pois
o grau de tolerância do homem para exposição a gases tóxicos, fumaças, vapores,
partículas ou ainda à deficiência de oxigênio é bem limitado. Algumas substâncias
podem prejudicar ou mesmo destruir partes do trato respiratório; outras podem
ser absorvidas pela corrente sanguínea, gerando danos aos demais órgãos do corpo
humano. Por isso, reforçamos que, quando não houver procedimento operacional
ou não puderem ser avaliadas as condicionantes para indicar a adequada proteção,
quando for o contaminante ou sua concentração desconhecida ou apresentar ainda
concentração IPVS (Imediatamente Perigosa à Vida e à Saúde), deverá ser utilizado
obrigatoriamente aparelho (máscara) autônomo de respiração, com pressão positiva
(PA ou SCBA – Self Contained Breathing Apparatus).

Não podemos esquecer que, sempre que indicarmos um respirador com o suprimento
de ar, deve ser considerada a distância que o trabalhador precisará percorrer até
alcançar uma área não contaminada, devendo também ser considerados os obstáculos e
os equipamentos que se encontram na área, tendo em vista que a autonomia do sistema
varia de acordo com o volume do cilindro, pressão de recarga, nível de treinamento e
condições físicas do respondedor, além do nível do esforço físico desenvolvido pelo
combatente em relação à carga de trabalho executada.

Classificação da ventilação tática

Para facilitar o estudo da ventilação tática, as técnicas foram classificadas considerando


aspectos, como: o efeito que se busca produzir sobre o foco de incêndio; o plano que se
localiza a abertura para a saída de fumaça; se utiliza algum equipamento mecânico para
ser executada e o número de aberturas.

136
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Vale ressaltar que uma classificação não exclui as outras. Por exemplo, um único
procedimento de ventilação pode ser classificado como: horizontal (quanto ao plano
das aberturas), cruzada (com a saída de fumaça distinta da qual se tem a entrada de
ar fresco), forçada (quanto aos meios usados) e ofensiva (quanto ao efeito que busca
produzir sobre o foco).

Classificação quanto ao plano das aberturas

Ventilação tática horizontal: é aquela em que a abertura para a saída de fumaça se


encontra no mesmo plano que a abertura para a entrada de ar fresco, nas paredes do
compartimento incendiado.

Essa modalidade de ventilação é recomendada para locais onde não seja seguro fazer
aberturas no teto; quando o foco de incêndio não tiver se desenvolvido muito ou quando
a fumaça produzida não tenha se deslocado para pavimentos superiores.

Vantagens da ventilação tática horizontal:

»» Pode ser facilmente empregada, haja vista que, geralmente, podem ser
utilizadas as aberturas existentes na edificação, como portas e janelas.

»» Menor tempo para ser executada, pois, ainda que seja necessária uma
abertura forçada, esta é mais fácil de ser feita.

Desvantagens da ventilação tática horizontal:

»» Possui menor eficiência em relação à ventilação vertical.

»» Se o compartimento a ser ventilado tiver um teto muito alto, a eficiência


da ventilação fica bastante comprometida se as aberturas não forem
próximas do teto.

»» Não é indicada para compartimentos que apresentem risco de


comportamento extremo do fogo, principalmente se for aplicar ventilação
natural.

»» Se a abertura da entrada e saída de ar estiverem no mesmo lado, reduz a


eficácia da extração da fumaça do local.

Ventilação tática vertical: a abertura para extração da fumaça é realizada num plano
superior à de entrada de ar fresco (no teto; na parede, rente ao teto ou em pavimento
superior).

137
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

É indicada para incêndios em que o fogo tenha se propagado para o teto; para edificações
verticais onde existam poços e dutos; para edificações que possuem o teto alto; para
locais com risco de comportamento extremo do fogo.

Figura 15. Abertura feita no teto – Ventilação vertical.

Fonte: Manual de Formação Inicial de Bombeiros Vol. XII.

Não é adequado fazer uso de jatos de água pelas aberturas usada para a extração de
fumaça. Os jatos de água só podem ser aplicados paralelos à abertura, seja para acelerar
o fluxo da fumaça ou para extinguir partículas incandescentes ou impedir a ignição da
fumaça.

Vantagens da ventilação tática vertical:

»» Como a abertura é feita onde a fumaça está mais concentrada, sua eficiência
é maior em relação à ventilação horizontal, produzindo rapidamente o
efeito desejado;

»» Para locais que apresentem risco de comportamento extremo do fogo, é


a modalidade de ventilação mais indicada, tendo sempre o cuidado de
limitar a abertura pela qual entrará o ar fresco.

Desvantagens da ventilação tática vertical:

»» Normalmente as edificações não possuem aberturas em seu teto, o que


torna necessário que a abertura seja forçada e isso demanda maior tempo;

»» Risco de queda dentro do incêndio da equipe de bombeiros que irá


realizar a abertura para a saída de fumaça;
138
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

»» São necessários equipamentos especiais para se realizar a abertura para


saída de fumaça, como escadas e auto plataformas, além dos materiais
necessários para forçar a abertura.

Problemas da ventilação inadequada

Entende-se por ventilação inadequada os procedimentos que contrariam os


métodos cientificamente validados, sendo que a ventilação inadequada num
ambiente incendiado pode ser fator gerador de inúmeros riscos, além de ocasionar
muitas desvantagens, tais como:

»» Aumento do volume de fumaça e gases aquecidos, com proporcional


elevação da temperatura, favorecendo a propagação mais rápida do
incêndio;

»» Ser fator dificultador e complicador na fase de controle da situação;

»» Complicar e dificultar a execução das operações de resgate e salvamento,


bem como combate a incêndio;

»» Propiciar risco de ambiente com predisposição a riscos de explosões


ambientais, tendo em vista a presença de fumaça e gases aquecidos e de
temperaturas elevadas;

»» Abalos térmicos, estruturais e demais danos provocados pela ação do


calor, dos gases e da fumaça bem como pelo emprego de água de combate.

Por isso, conclui-se que uma ventilação tecnicamente adequada, vertical e horizontal,
permitirá que a fumaça e os gases combustíveis sejam extraídos do ambiente,
prevenindo-se a ocorrência do backdraft.

139
CAPÍTULO 3
Equipamento de proteção individual de
bombeiro

Há até relativamente pouco tempo, as atividades realizadas pelos bombeiros


deixavam implícito que necessariamente se assumisse a existência de determinados
perigos ou riscos à segurança física ou à saúde das pessoas, inerentes ao posto de
trabalho. Afortunadamente, a sociedade evoluiu a ponto de, na atualidade, não se
pressupor, do mesmo modo como antes, a presença desses riscos associados ao
trabalho, mas se exigindo algumas melhorias substanciais das condições nas quais
esse trabalho se realiza.

Essas melhorias foram e continuam sendo de tal magnitude que tornaram possível a
eliminação de um número muito importante de riscos associados ao âmbito profissional,
sobretudo nas operações de combate a incêndio. Prova disso é que, à medida que
nossa sociedade evolui em muitos e diferentes aspectos, vai adquirindo maiores cotas
de segurança e saúde nos locais e postos de trabalho, chegando os trabalhadores a
considerar como um direito fundamental tanto a manutenção da saúde nos termos
assinalados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto adequadas condições
de trabalho.

Porém, basta analisar, ano após ano, as estatísticas sobre acidente de trabalho para
observar que a realidade cotidiana nos mostra que, em muitas ocasiões, não se
atingiram as cotas perseguidas nesse campo.

A partir desse ponto, há que se considerar que, em virtude de a saúde estar


intimamente relacionada ao trabalho e mais concretamente ao modo com que ele é
executado, seria conveniente estudar detalhadamente as condições a ele relacionadas
a incidirem diretamente na saúde dos trabalhadores.

Em primeiro lugar, depois de conceber a saúde como um conceito a ser


necessariamente considerado sob uma perspectiva integral, não parece o mais
acertado analisar as condições de trabalho e suas repercussões na saúde apenas
com o estudo de uma série de disciplinas sobre prevenção de riscos de trabalho,
isoladas entre si e voltadas principalmente à luta contra os acidentes de trabalho ou
contra as enfermidades profissionais, respectivamente, mas parecendo mais óbvio
estudá-las sob uma ótica global. Essa ótica é a que hoje se costuma conhecer como
condições de trabalho, conceito ao qual nos referiremos mais adiante.

140
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Nesse contexto, na hora de realizar os estudos voltados à melhoria das condições


de trabalho dos bombeiros, quer sejam públicos ou privados, devem ser levadas em
consideração não somente aquelas condições destinadas a evitar acidentes de trabalho
e enfermidades profissionais, como também aquelas outras destinadas a fazer com que
o trabalho se realize em condições tais a não representarem prejuízos de tipo físico,
mental ou social. Ao mesmo tempo se requer que as distintas exigências das tarefas
realizadas estejam em perfeita consonância com as capacidades das pessoas que as
realizam.

Convencionalmente se veio utilizando uma série de disciplinas preventivas dirigidas


basicamente a identificar, prevenir e controlar aqueles riscos que poderiam chegar a
provocar acidentes de trabalho e enfermidades profissionais:

»» Segurança laboral ou no trabalho: considerada como aquela disciplina


preventiva que estuda todos os riscos e as condições materiais relacionadas
ao trabalho que podem chegar a afetar direta ou indiretamente a
integridade física dos trabalhadores. Seu objetivo é melhorar as condições
de trabalho, até conseguir tornar impossível ou, no mínimo, muito difícil
a ocorrência de um acidente;

»» Higiene industrial e/ou ocupacional: considerada como aquela disciplina


preventiva cujo objetivo fundamental é identificar, avaliar e controlar
as concentrações dos diferentes contaminantes, no caráter físico, no
químico ou no biológico, presentes nos postos de trabalho e que podem
chegar a provocar determinadas alterações na saúde dos trabalhadores;

»» Medicina do trabalho: considerada como aquela disciplina que, partindo


do conhecimento do funcionamento do corpo humano e do meio em
que ele desenvolve sua atividade, nesse caso o profissional, tem como
objetivos a promoção da saúde (ou prevenção contra a perda de saúde), a
cura das enfermidades e a reabilitação.

Apenas com o concurso dessas disciplinas, seja independentes ou conjuntas, não é


possível enfrentar as condições de trabalho que podem afetar a saúde dos trabalhadores,
considerando-se como saúde o equilíbrio dos aspectos físicos, psíquicos e sociais.

Posteriormente, as novas exigências das tarefas realizadas pelos bombeiros e demais


profissionais de resposta a emergência levaram a ergonomia a considerar em seu
campo de aplicação aspectos muito diversos. Por exemplo, os relacionados ao tempo
de trabalho (horário, pausas, ritmos), assim como os temas associados à própria
organização do trabalho, que, por sua vez, podem influir no comportamento humano
(Psicossociologia do Trabalho).

141
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Ainda que cada uma dessas técnicas preventivas tenha objetivos perfeitamente
definidos e um campo de atuação totalmente delimitado, na prática se estabelece o
grande problema de não se poder considerar fronteiras precisas entre cada uma delas,
tendo-se que ampliar os citados limites para poder enfrentar a problemática existente
em cada situação.

A partir dessas novas necessidades se dá a incorporação ao estudo das condições


de trabalho de outras ciências ou disciplinas convencionais como a engenharia, a
arquitetura, a física, a química, a biologia, a sociologia e a psicologia, entre outras, que
permitem abordar esses estudos sob a visão integral requerida pelo próprio conceito
de saúde em seu sentido multidisciplinar. Da mesma forma, se pode desenvolver
novos modelos de métodos de trabalho que permitam avançar de modo adequado no
desenvolvimento integral dos trabalhadores.

Contudo, a todos esses elementos de trabalho falta um fundamental que é o próprio


trabalhador visto como elemento ativo nesses modelos. Por essa razão pode-se integrar
a participação em prol da melhoria das condições de trabalho, e torna-se necessário,
por sua vez, que possam se articular todas aquelas ações voltadas à criação de uma
cultura nesse campo, de modo que se permita avançar continuamente na ideia de uma
melhoria contínua das condições de trabalho.

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)


Segundo a NR-6 (EPI) do Ministério do Trabalho, considera-se Equipamento de
Proteção Individual todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho.

Desta forma, entende-se como Equipamento Conjugado de Proteção Individual, todo


aquele composto por vários dispositivos que o fabricante tenha associado contra
um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetíveis de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

O item 6.2 da NR-6 afirma que o equipamento de proteção individual, de fabricação


nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do
Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo órgão nacional competente em matéria de
segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

A NR-6, no seu item 6.3, diz que a empresa é obrigada a fornecer aos empregados,
gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e
funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

142
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

a. sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção


contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do
trabalho;

b. enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo


implantadas; e,

c. para atender a situações de emergência.

Dessa forma, atendidas as peculiaridades de cada atividade profissional, e observado o


disposto no item 6.3, o empregador deve fornecer aos trabalhadores os EPI adequados.

Quanto às questões de responsabilidades está exposto na NR-6 que:

Responsabilidades do empregador

Cabe ao empregador quanto ao EPI:

a. adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

b. exigir seu uso;

c. fornecer ao trabalhador somente o equipamento aprovado pelo órgão


nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d. orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e


conservação;

e. substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f. responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,

g. comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

h. registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros,


fichas ou sistema eletrônico.

Responsabilidades do trabalhador

Cabe ao empregado quanto ao EPI:

a. usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

b. responsabilizar-se pela guarda e conservação;

143
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

c. comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para


uso; e,

d. cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

Fonte: NR-6 (EPI) - Portaria SIT no 25, de 15 de outubro de 2001.

Portanto, podemos concluir que o equipamento de proteção individual (EPI) é todo


o dispositivo de uso individual destinado a proteger a saúde e a integridade física do
bombeiro. A utilização do EPI não evita o acidente, mas minimiza seus efeitos.

Por isso, para minimizar os riscos a que está submetido, diminuindo a sua
vulnerabilidade, o bombeiro SEMPRE deverá utilizar os equipamentos de proteção
individual adequados aos riscos inerentes às operações de resposta.

Como vimos, a NR-6, no seu item 6.2, nos traz a informação de que o equipamento
de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à
venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação(CA), expedido pelo
órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério
do Trabalho e Emprego. Mesmo alguns EPIs utilizados por bombeiros públicos ou
privados já possuírem o referido Certificado de Aprovação. Ainda existem muitos
que não possuem, até porque a NR-6 não é muito específica a respeito desse tipo de
proteção, bem como pensamento de alguns que essa Norma Regulamentadora não se
aplica aos profissionais regidos por legislação específica e não pela CLT (Consolidação
das Leis Trabalhistas). Mas podemos dizer que, em geral, os equipamentos de proteção
utilizados nas operações de combate a incêndio seguem as especificações das normas
técnicas americanas da National Fire Protection Association (NFPA) ou Normas
Européias (EN).

Os EPIs essenciais, utilizados pelos bombeiros para o combate a incêndio, são:

»» Conjunto de aproximação (trajes de combate a incêndio).

»» Botas de combate a incêndio.

»» Capacete de proteção.

»» Balaclava.

»» Luvas de combate a incêndio.

»» Equipamento de proteção respiratória (EPR).

144
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Conjuntos de aproximação

As vestimentas para combate a incêndios estrutural têm composição diversificada,


sendo suas fibras constituídas por diversos materiais e destinadas à proteção do
bombeiro ou brigadista contra queimaduras na pele, exaustão pelo calor, golpe de
calor e ferimentos por ação de instrumentos cortantes ou perfurantes.

Figura 16. Calça e Blusão (3/4) em PBI.

Fonte: <http://www.sossul.com.br/roupas-bombeiros>. Acesso em: 22/1/2018.

De acordo com a Norma Americana NFPA 1971/2007, os trajes e luvas utilizados


para operações de combate a incêndios têm que obrigatoriamente satisfazer requisito
mínimo de isolamento térmico chamado de performance de proteção térmica (TPP, do
inglês Termal Protective Performance). Esses testes visam avaliar o nível de isolamento
das três principais camadas dos trajes de combate a incêndios, devendo, para isso, ser
níveis estabelecidos de forma a permitir que os usuários possam evadir das condições
mais severas de temperatura no local da ocorrência, isentos de lesões como as que
ocorrem nos fenômenos flashovers e backdrafts, e oferecer resistência a temperaturas
superiores a 250°C por pelo menos 10 segundos. (DINIZ FILHO, 2011).

Portanto, o traje, para possuir certificação pela norma NFPA 1971, deve oferecer
proteção térmica com valores de TPP > 35 (conjunto de materiais tecido exterior +
barreira de umidade + barreira térmica), resistência a chama, sendo que tanto os
tecidos como os acessórios utilizados na confecção e montagem dos trajes não devem
se inflamar ou fundir e não devem encolher mais de 10% e cada camada deve ser
testada por separado antes e depois do procedimento de lavagem. Ainda tem que ter
resistência à rotura do material externo e resistência à penetração de água com
barreira de umidade com resistência > 172 KPa, além de possuir elevada resistência à
tração do material externo e material do revestimento da gola.

145
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Além da Norma Americana NFPA 1971, os trajes de aproximação são ensaiados de


acordo com a Norma Europeia EN 469:2005, com níveis de desempenho Xf2, Xr2, Y2,
Z2 assim como as propriedades eletrostáticas conforme norma EN 1149-5 2008.

Quadro 3. Diagrama Xf, Xr, Y, Z.

Incêndios estruturais Nível


Xf - Transferência de calor por chamas 1 ou 2
Xr - Transferência de calor por radiação 1 ou 2
Y - Resistência a penetração de água 1 ou 2

Z - Resistência ao vapor de água 1 ou 2

Xf 2 Xr2 Y2 Z2
Fonte: EN 469:2005.

Particularidades sobre os trajes de aproximação


(roupas de bombeiro)

Bombeiros, brigadistas e demais profissionais de resposta a emergência habitualmente


empenham-se em atividades de risco. Dentre estas, a de combate a incêndio é uma
das mais perigosas e desgastante pela exposição a altas temperaturas, realização de
grande esforço físico por período prolongado sem mencionar riscos de queimaduras
e intoxicações, aliado ao uso de equipamentos de proteção individual e respiratória
(EPI e EPR) perda de altas taxas de suor, de eletrólitos e depleção de altas taxas de
substratos energéticos.

Nas atividades de combate a incêndio, os respondedores usam equipamentos de


proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção respiratória (EPR), pois eles
encontram ambientes muito agressivos com presença de temperaturas elevadas,
umidade, fumaças tóxicas, gases e vapores aquecidos, executam atividades que
demandam muita força física e desgaste emocional. Por isso, se o não uso dos
equipamentos de proteção pode expor os respondedores aos diversos riscos de
acidentes e lesões inerentes aos ambientes das ocorrências de incêndio, por outro,
o aumento do nível de proteção gera esforços adicionais, tais como o aumento do
peso a ser carregado, perda do tato, mobilidade e destreza e o aumento do estresse
fisiológico.

Podemos dizer que os trajes de proteção geram um isolamento do respondedor


com o ambiente externo, dificultando a ação dos mecanismos normais de perda
de calor que ocorrem sobretudo pela ação da condução e evaporação do suor. Em
dias quentes, com umidade alta e em condições de intensa atividade de trabalho,

146
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

haverá um aumento da tensão térmica no corpo, por isso a fabricação, especificação


e utilização correta do adequado traje de proteção para combate a incêndio é de
vital importância para esses profissionais, quer seja para viabilizar o adequado
atendimento, quer para garantir seu conforto e fornecer a devida proteção á sua
saúde e segurança.

O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) por parte dos Bombeiros no


atendimento de ocorrências tem alterado o perfil dos atendimentos. Especificamente
nas ocorrências de incêndios em edificações, o uso de conjuntos de aproximação
permitiu o emprego de uma tática mais agressiva no controle aos incêndios.
Entretanto, o seu uso é recente pois até pouco tempo o EPI utilizado no atendimento
das ocorrências de incêndio se limitava às capas 7/8 em algumas organizações de
bombeiros. Houve um tempo em que os Bombeiros realizavam a extinção do incêndio
usando a vestimenta do dia a dia que eram macacões de brim 100% algodão, luvas de
vaqueta, botinas de couro e capacetes de fibra de vidro. Nessas condições não tínhamos
uma proteção adequada, fazendo com que a tática de combate ficasse restrita a um
ataque indireto (defensivo), fora da edificação.

Como já tratamos anteriormente, não podemos esquecer que, num incêndio, estamos
expostos a diversos riscos, ameaças e situações que podem provocar lesões ou
danos nas pessoas, propriedades ou sistemas, como chamas, calor, vapor, quedas de
partes da estrutura, telhas, líquidos aquecidos, objetos pontiagudos, gases tóxicos
provenientes da combustão, entre outros dependendo da característica da edificação
e da sua ocupação. Como forma de minimizar esses riscos de forma a enfrentar esses
perigos e ameaças, o respondedor necessita diminuir a sua vulnerabilidade, ou seja,
determinar o quanto pessoas e propriedades podem ser afetadas, a fim de tornar o
risco aceitável, tornando a operação segura. Por isso, podemos concluir que o conjunto
de aproximação para combate a incêndio estrutural, também chamado de roupa
de combate a incêndio, veio para não só garantir a segurança do respondedor, mas
também influenciar diretamente na técnica operacional a ser empregada garantindo a
qualidade e eficácia no controle da emergência.

Certificação do traje

A certificação de um traje envolve o exame minucioso de sua construção, acessórios,


costuras, selagem da barreira de umidade, respirabilidade e muitos outros itens. Isto
significa que o conjunto todo deve ser certificado e não somente seus componentes
individualmente. Outro item que devemos atentar é que os trajes de aproximação
devem ser confeccionados de material resistente às chamas e retardante ao fogo e
que ofereça proteção térmica. Deve ser composto de capa e calça e sabemos que sua

147
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

função principal é proteção contra os efeitos das chamas e do calor no organismo que
podem ocasionar queimaduras. Ele também oferece proteção contra riscos de cortes,
arranhões, lacerações e demais ferimentos, só que o traje térmico tem sua proteção
assegurada pela adequada combinação das camadas de tecido e de ar. Desta forma,
deve-se, sempre que possível, gerar compressão do tecido do traje, sendo desejável
que ele seja capaz de evitar que transpiração em excesso (suor) produzida evapore em
demasia.

Mesmo sabendo da qualidade de proteção dos trajes, há um costume quase mundial


entre os combatentes de se molharem para entrar no incêndio, a água aplicada no
traje dá uma sensação de frescor e segurança quando entramos em um local com
altas temperaturas. Entretanto, diversos estudos concluem que durante a exposição
ao calor ambiente, a temperatura do traje molhado se elevará mais rapidamente do
que se estivesse seco podendo causar sérias queimaduras por contato, já que a taxa de
absorção de calor pela água é cerca de 25 vezes maior que pelo ar.

Por isso é uma prática inadequada molhar os respondedores antes do combate ou até
mesmo durante a realização de exercícios práticos.

Estudos indicam que nos atendimento a emergências, em especial as realizadas


pelos bombeiros nas atividades de combate a incêndios, há um esforço físico intenso
que aliado às condições ambientais desfavoráveis e ao uso dos equipamentos de
proteção, pode fazer com que a temperatura corpórea se eleve perigosamente,
por isso cada vez mais temos estudos sendo direcionados para essa vertente bem
como avanços tecnológicos na construção de novos trajes de proteção. Por isso, não
devemos esquecer que num esforço fisiológico para equilibrar a temperatura no
nosso corpo pode perder grande quantidade de líquidos e sais minerais, os quais
são fundamentais para a realização de diversas atividades orgânicas essenciais à
vida. Esse evidente desequilíbrio faz ocorrer uma perda de desempenho físico e risco
imediato à saúde e à vida. Devemos atentar que, ao contrário de muitas atividades
laborais, os profissionais de resposta a emergência, sobre tudo os bombeiros, não
podem escolher o tempo ou condições para que essas sejam realizadas. Uma vez que
os trajes de combate são feitos com materiais isolantes, a exposição do respondedor
a alta temperatura deve ser prevista como uma forma de compensação para alívio
do calor acumulado no interior do traje já que esses trajes possuem barreiras de
proteção contra umidade sem transpiração ou barreiras térmicas espessas e pesadas.
Essas barreiras impedem e/ou limitam a retirada da umidade da transpiração, a
qual é responsável pelo transporte de grande parte do calor do corpo e, se esse
calor é mantido no interior do conjunto, a temperatura corporal pode atingir níveis
perigosos.

148
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Os trajes mais novos já trazem acessórios como o DRD (Drag Rescue Device) os
quais ainda são pouco conhecidos e utilizados. Este sistema fornece estrutura
mecânica para arraste de emergência se por ventura um respondedor não puder se
deslocar pelos seus próprios meios de local que oferece risco de vida. Esses acessórios
começaram a ser inseridos nos trajes de combate após o atentado às torres gêmeas
em 11 de setembro onde pessoas menos avantajadas fisicamente, puderam resgatar
seu parceiro de um local com risco estrutural com emprego do DRD.

Infelizmente a maioria das empresas de treinamento, corpos de bombeiros e equipes


de brigadistas de empresas, muitas vezes, por falta de dotação orçamentária,
desconhecimento, falta de poder de convencimento do custo beneficio ou ainda por
omissão do fabricante de equipamentos, não consideram importante utilizar trajes
de combate a incêndios estruturais com certificação Internacional (Norte Americana
ou Européia). Esse fato deveria ser revisto uma vez que a Indumentária de Proteção
a Incêndios Estruturais foi feita para indicar os aspectos mínimos de proteção para
que um respondedor esteja o mais protegido possível frente a um incêndio. Deste
equipamento depende a vida do respondedor e isto é de grande importância para ser
levado em conta durante a cotação e especificação na hora de decidir a compra.

Tipos de roupas

Os trajes de aproximação ou a comumente chamada Roupa de Combate a Incêndio,


varia muito de acordo com o tipo de ocorrência e cenário acidental, haja vista que em
cenários urbanos e industriais existem muitos agentes modificadores envolvidos, mas
é mister que em qualquer desses cenários, exceto o combate a incêndios florestais,
deveria o respondedor usar proteção total. Essa proteção é composta por calça, capa
protetora, botas, capacete, bala-clava, cinto multiuso e luvas, equipamentos e acessórios
confeccionados em materiais resistentes ao fogo e ao calor. O uso desse EPI fornece
proteção contra uma variedade de riscos bem como aumenta a resistência de exposição
ao calor.

O Traje de Aproximação e o equipamento de proteção respiratória (EPR) oferecem


proteção, criando uma barreira entre o combatente e os possíveis riscos existentes no
local de atuação do bombeiro.

Mas, da mesma forma que os trajes de proteção oferecem certa proteção aos bombeiros
relativos a alguns riscos de acidentes e lesões inerentes aos ambientes laborais, por
outro lado, esse aumento de proteção gera esforços adicionais, tais como o aumento
do peso a ser transportado, perda de tato, e de mobilidade. Além disso, há redução
da destreza e motricidade fina e, em especial, aumento do estresse fisiológico pelo

149
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

calor, uma vez que os trajes de proteção praticamente isolam o bombeiro do ambiente
externo, dificultando os mecanismos de perda de calor corporal que ocorrem
principalmente por condução e evaporação do suor. Foster e Roberts (1994, apud
BRAGA, 2010), propuseram um modo de classificar as condições de estresse térmico a
que os bombeiros estão submetidos. São elas:

»» De rotina: Condição de operação mais comum para o Respondedor.

›› Limite de 25 minutos a 100ºC na roupa com radiação térmica limite


de 1 kW/m2.

»» De perigo: Quando o bombeiro irá trabalhar por um período curto de


tempo em alta temperatura em combinação com alta radiação térmica.

›› Limite de 1 minuto a 160ºC na roupa com radiação térmica de 4


kW/m2. Um limite intermediário foi criado para representar as
condições que podem ser toleradas por até 10 minutos.

»» Extremas: Ocorre tipicamente em situação de resgate, ou, no pior caso, da


fuga em uma situação de generalização do incêndio. Acontece na região
acima de 1 minuto a 160ºC na roupa com radiação térmica de 4 kW/m2 e
abaixo de 235ºC e 10 kW/m2 e

»» Críticas: São condições acima de 235ºC na roupa e radiação térmica


acima de 10 kW/m2. Nessa condição está presente o risco de morte.

Fonte: J. A. Foster e G. V. Roberts (1994, apud BRAGA, 2010)

Tenho discutido na pós-graduação de incêndio florestal na Faculdade Unyleya


sobre questões relativas a uniforme de combate, sobretudo no que se refere a suas
propriedades térmicas, pois a transmissão de calor através de um tecido tem relação
com a quantidade de ar existente no tecido e sua distribuição na estrutura, bem como
com a condutibilidade térmica das fibras. Nesse caso a transmissão pode ocorrer não
só pela condução, através do tecido, mas também por radiação, através dos espaços de
ar existentes nas fibras. Como a condutibilidade térmica encontra-se relacionada com a
espessura do tecido, no caso dos florestais, isso dificulta ainda mais, pois quanto mais
espesso, menos conforto, agilidade e maleabilidade. Entretanto, se na área urbana e
industrial já é difícil a compra e utilização de adequado traje de combate, por várias
razões, desde pouco conhecimento ou conhecimento de domínio de poucos, questões
de custo/beneficio e sobretudo norma que torne compulsório o uso, imaginem na
área florestal, onde o EPI de combate tradicional se torna inviável, face a seu peso,
dificuldade de deslocamento ágil e rápido, maleabilidade e conforto térmico?

150
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Acredito que existem trajes de alta qualidade em nosso país, com grandes inovações
tecnológicas, mas de outro lado temos visto equipes de resposta a emergências com
EPIs sem certificação e de baixa qualidade, isso tudo se resolveria se houvesse uma
norma de âmbito federal que versasse sobre fabricação, especificações mínima e
sobretudo obrigatoriedade de uso desse importante EPI para aqueles que respondem a
emergências expondo-se diariamente a riscos graves e iminentes.

Botas de combate a incêndio

As botas de combate a incêndio devem oferecer proteção para os pés quanto a


queimaduras, ferimentos por perfurações nos pés e pernas, além de proteção contra
substâncias químicas que possam haver no local de ocorrência sem, contudo, reduzir
a capacidade de maneabilidade do bombeiro. Deve, ainda, ser confortável, leve e de
fácil colocação. A bota deve ser reforçada por dentro por palmilha preferencialmente
anti-perfuração (kevlar ou similar) e almofada para maior conforto do usuário. Deve
ter resistência a produtos químicos e ser provida de uma alça resistente que permita
colocá-la com firmeza e rapidez.

Temos no mercado as botas tradicionais de combate a incêndio (botas de bombeiros),


fabricadas em borracha vulcanizada, espuma e forro térmicos, com isolante de espuma
de PU, solado com desenho antiderrapante, retardante de chamas, resistente a abrasivos
e com isolamento elétrico para tensões de 600 Volts até mais elevadas.

Figura 17. Bota de Bombeiro (borracha vulcanizada).

Fonte: <http://www.sossul.com.br/botas>. Acesso em: 22/1/2018.

Mas está em franca ascensão a utilização de outros tipos de botas atualmente, como
as fabricadas em couro, as quais, além de apresentarem o mesmo nível de proteção,
ainda fornecem mais conforto e maleabilidade, sobretudo quando se requer grande
tempo de utilização. Como exemplo podemos citar as confeccionadas em couro bovino
hidrofugado com espessuras variadas, sendo resistentes a chamas (produto antichama),

151
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

resistente também à infiltração de água conforme norma ISO 20.344 bem como a alta
temperaturas, possuindo solado vulcanizado composto de borracha supernitrílica.

Figura 18. Bota de Bombeiro (couro hidrofugado).

Fonte: <http://www.sossul.com.br/bota-cwl-fire-10>. Acesso em: 22/1/2018.

Capacete de combate a incêndio

O capacete de combate a incêndio estrutural tem por objetivo a proteção à pele quanto
a queimaduras de face e pescoço provocados pelo calor radiante do incêndio, além dos
traumatismos de cabeça gerados por objetos perfurantes ou cortantes. Podem ser de
modelos norte-americanos ou europeus. O capacete deve oferecer a possibilidade para
acoplagem de itens acessórios (opcionais).

Figura 19. Capacete Padrão Americano.

Fonte: <http://www.sossul.com.br/capacete-hercules>. Acesso em: 22/1/2018.

Exemplo de Composição e Peças de Reposição

1. Casco em termoplástico ULTEM®.

2. Carneira em ABS com interior em espuma de URETANO.

3. Viseira em policarbonato “opticamente correto” em 4” ou 6”.

152
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

4. Protetor de orelhas/pescoço em NOMEX®.

5. Jugular em NOMEX® com ajuste rápido.

6. Testeira em algodão retardante de chamas.

7. Adesivos refletivos em Scotchlite ® 3M.

8. Argola em aço para fixação em suporte após o uso

Normas regulamentadoras:

»» EN14458:2004;

»» EN 443:2008;

»» NFPA 1971-2000.

Luvas de combate a incêndio

As luvas de combate a incêndio são confeccionadas para atender às condições de


segurança para a adequada proteção das mãos, principalmente quanto a exposições ao
calor ou ferimentos provocados por cortes, arranhões e perfurações.

Com base no princípio da proteção por fluxo de calor por convecção e irradiação, as
luvas de combate a incêndio urbano são dotadas de camadas sobrepostas.

Algumas luvas são revestidas por fora com camada de couro submetida a tratamento
visando suportar temperaturas elevadas e ainda apresentam camada interna,
normalmente em meta ou paramida.

Pode-se aumentar a eficiência das luvas colocando membranas impermeáveis e


respiráveis entre o revestimento externo da luva e seu forro.

Normas regulamentadoras:

»» Normas EN 659:2003 e A1 2008;

»» Normas EN 388 e EN 407;

»» NFPA 1971:2000.

153
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Figura 20. Luva de Combate a Incêndio.

Fonte: <http://www.jobeluv.com.br/index.php?p=8_13>. Acesso em: 22/1/2018.

Balaclava de proteção

A balaclava para proteção de incêndio é confeccionada em material retardante às


chamas, é utilizada para proteção da cabeça, face, pescoço e orelhas. No incêndio
estrutural deve ter abas longas para garantir que nenhuma parte fique desprotegida.

A figura abaixo trás um exemplo de especificação de uma balaclava, denominada de


capuz de malha de fibra de aramida com fio batido NX 30 X 10/P, com duas camadas de
200g/m2, na cor cru, antichama, abertura total na face, comprimento total com aba de
40 cm e largura de cabeça de 24 cm, sendo que esta resiste temperatura de até 300o C.

Figura 21. Balaclava de Proteção.

Fonte: <http://www.sossul.com.br/capuz-balaclava>. Acesso em: 22/1/2018.

Equipamento de Proteção Respiratória Autônoma


(EPRA)

O equipamento autônomo de respiração, ou máscara autônoma de circuito aberto é


um equipamento de proteção respiratória (self contained breathing apparatus – SCBA)
utilizado para suprir uma demanda de ar respirável durante um período.

154
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

O uso do equipamento de proteção respiratória é imprescindível em algumas operações


de resposta a emergência. O EPRA tem como objetivo proteger os combatentes dos
perigos decorrentes do incêndio, como intoxicação por fumaça, asfixia, queimaduras de
face e das vias aéreas bem como redução da visibilidade.

Para trabalhos em incêndios estruturais, os equipamentos de proteção respiratória


devem utilizar somente máscaras autônomas de circuito aberto de demanda com
pressão positiva, proporcionando uma maior proteção respiratória aos bombeiros.

Normas regulamentadoras:

»» NFPA 1981 e 1982;

»» NBR 13716 – Equipamento de proteção respiratória – Máscara autônoma


de ar comprimido com circuito aberto.

»» Norma Europeia – NE 137;

Autonomia do EPRA

O tempo de autonomia do EPRA é condicionado à pressão do ar, ao volume do cilindro


e à atividade (consumo de ar), dado em minutos.

Devemos atentar que a intensidade de esforço durante a atividade interferirá


diretamente no consumo do usuário do equipamento.

Sistema para conversão de unidades de Pressão:

1 Bar = 14,7 Psi = 1Atm = 10,33Mca = 1Kgf/cm2 = 760 mm Hg = 101,32Kpa

Lembramos que 1Bar equivale a 14,7 Psi mas, para fins de cálculos, adotamos que 1Bar
é igual a 15 Psi.

3000 Psi = 200 Bar


15
Fórmula para calcular autonomia do EPR:

Tempo = Pressão (P) X Volume (V) do cilindro dividido pela taxa média de consumo
(C) em minutos. T= PxV/C

Para aplicarmos a fórmula acima, o ideal é trabalharmos com a pressão em Bar.


O volume hidrostático do cilindro será dado em litros, o consumo de ar em litros por
minuto, e o tempo em minutos.

155
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

Dessa forma, se usarmos um EPR que dá uma leitura em Psi, temos que transformar
para Bar se quisermos aplicar corretamente a fórmula.

Como já falamos o volume do cilindro é dado em litros, portanto um cilindro de


6,8litros com 300 Bar de pressão nos dará: 300 x 6.8 = 2040 litros de ar pressurizado
num cilindro cujo volume é de 6,8 litros.

Mas devemos atentar que há outros fatores, além do grau de trabalho, que podem
influenciar no consumo do bombeiro e consequentemente na autonomia do EPRA.

»» Condição física do bombeiro.

»» A respiração pode ser afetada por sentimentos de estresse, pânico,


excitação, medo ou outros fatores emocionais.

»» O grau de treinamento ou experiência que o bombeiro tem com o


Equipamento.

»» Se o cilindro está ou não totalmente cheio no início do turno de trabalho;

»» A condição do EPRA.

»» Pressão atmosférica.

Partes do EPRA

No Brasil, várias empresas fabricam equipamentos de proteção respiratória para


utilização em incêndio estrutural, cada uma delas tem diferentes características de
projeto ou construção mecânica. De maneira geral, existem 4 (quatro) conjuntos
principais de componentes do EPRA:

»» Conjunto do Suporte dorsal tipo mochila: utilizado como suporte do


conjunto redutor de pressão com correia permitindo o encaixe do cilindro
e serve de base a outros conjuntos.

»» Conjunto da peça facial: inclui lente da peça facial e válvula de exalação. A


máscara é anexada ao regulador de respiração que mantém uma pressão
positiva dentro da máscara em todos os momentos.

»» Conjunto do cilindro de ar: Cilindro, válvula e manômetro.

»» Conjunto regulador de respiração: inclui mangueira de alta pressão e


alarme de baixa pressão.

156
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Figura 22. Equipamento de Proteção Respiratória.

Fonte: <http://br.msasafety.com/search?text=mascara+autonoma&_requestConfirmationToken=ca47c3ab81f3312402b6113
c0bac72b88228eddd >. Acesso em: 22/1/2018.

O suporte dorsal visa manter o cilindro de ar fixado nas costas do bombeiro de forma
confortável e com segurança. Tirantes ajustáveis fornecem um ajuste seguro para
tamanhos variados. Os tirantes abdominais são projetados para ajudar a distribuir
corretamente o peso do cilindro para os quadris.

O peso dos cilindros de ar varia de acordo com cada fabricante e depende do material
usado para produzir o cilindro. Os fabricantes oferecem cilindros de vários tamanhos,
capacidades e recursos para corresponder às suas variadas aplicações nas respostas.

O ar do cilindro viaja através da mangueira de alta pressão para o regulador.

O regulador reduz a pressão do ar do cilindro para um pouco acima da pressão


atmosférica (1 Atm = 1 Bar = 14,7 PSI) controlando o fluxo de ar para atender às exigências
respiratórias do usuário. Quando o bombeiro inala, um diferencial de pressão é criado
no regulador. O diafragma do aparelho move-se para dentro, inclinando a válvula de
admissão para que o ar de baixa pressão possa fluir para a peça facial.

O diafragma é então mantido aberto, o que cria a pressão positiva. A expiração move o
diafragma de volta à posição fechada.

Um manômetro luminescente mostra a pressão de ar que permanece no cilindro, é


montado numa posição de fácil visualização para o bombeiro. Por exigência normativa,
os equipamentos devem ter um alarme sonoro que soa quando a pressão do cilindro
diminui para aproximadamente um quarto da pressão nominal máxima do cilindro,
dependendo do fabricante.

O conjunto da peça facial fornece proteção contra queimaduras faciais e respiratórias


e mantém ar fresco no processo respiratório. Esse conjunto é composto basicamente
da lente da peça facial (visor panorâmico), uma válvula de exalação e uma mangueira
de baixa pressão para transportar o ar do regulador para a peça facial. A lente da peça

157
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

facial é feita de plástico de segurança transparente e está conectada a uma máscara de


borracha flexível.

A lente deve ser protegida contra arranhões durante o uso e armazenamento. Algumas
peças faciais têm um diafragma de voz para tornar a comunicação mais clara. A válvula
de exalação é simples, de sentido único, que libera uma respiração exalada sem admitir
qualquer atmosfera externa contaminada.

Preparação para utilização do equipamento

Na passagem de serviço, durante a conferência de materiais e equipamentos, os


componentes da guarnição de incêndio deverão realizar inspeção e testes necessários
no EPRA, objetivando o seu perfeito funcionamento durante as operações de incêndio.

O comandante da guarnição de incêndio deve garantir que nenhuma etapa seja


negligenciada. Por protocolo, quatro passos básicos de inspeção e testes devem ser
desenvolvidos para garantir a segurança e eficácia do equipamento no local do sinistro.

1. Inspeção visual detalhada.

2. Vedação – Teste de alta e média pressão.

3. Teste do Alarme Sonoro.

4. Vedação da Peça Facial e conexão do regulador de respiração.

Inspeção visual detalhada

A inspeção visual detalhada é a verificação das condições do EPRA, objetivando a


identificação de alterações externas no equipamento. A inspeção é dividida em quatro
etapas básicas que compreendem os quatro conjuntos do EPRA.

Inspeção no conjunto do suporte dorsal tipo mochila:

»» tirantes – observação de rasgos ou cortes que possam comprometer a


estabilidade no uso do equipamento;

»» trava das fivelas – verificar a sua perfeita conexão e fixação;

»» anel de vedação – observar a sua correta colocação, rachaduras ou mesmo


a sua existência.

158
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Inspeção no conjunto da peça facial:

»» Tirantes – rasgos, cortes, colocação correta (embaraçamento);

»» Visor panorâmico – arranhões, fissuras ou trincamento;

»» Válvula de exalação – fixação ou obstrução por corpo estranho, sujeiras


etc;

»» Conexão do regulador – travamento, obstrução, sujeira etc;

»» Borracha seladora – cortes ou rasgos.

Inspeção no conjunto do cilindro de ar:

»» Cilindro – amassados, manchas escuras.

»» Volante (válvula) – abertura e travamento.

»» Manômetro do cilindro – visualização, dano no leitor.

Inspeção no conjunto do regulador de respiração:

»» Mangueira de alta pressão – cortes, rasgos etc.

»» Alarme de baixa pressão – obstrução por corpo estranho, sujeira etc.

»» Válvula de fluxo de ar – travamento e destravamento do botão de


passagem do fluxo de ar, obstruções, sujeiras etc.

Teste de vedação de alta e média pressão:

1. Conectar a válvula de demanda ao acoplamento de média pressão.

2. Travar o botão do bloqueio do fluxo de ar (sistema by-pass).

3. Abrir a válvula do cilindro com cerca de 2 voltas da manopla.

4. Fazer a leitura do manômetro: pressão mínima 270 bar em cilindros de


300 bar.

5. Fechar a válvula.

6. Observar leitura da pressão no manômetro luminescente para verificar


vazamentos.

7. Comparar as leituras de pressão entre manômetro luminescente e o


manômetro do cilindro.

159
UNIDADE III │ CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL

O equipamento é considerado vedado se a pressão não cair mais do que 10 Bar,


no período de 1 minuto.

Controle de alarme sonoro:

1. Abrir rapidamente a válvula do cilindro e fechá-la e em seguida.

2. Acionar a função de by-pass da válvula de demanda ou realizar a vedação


com a palma da mão.

3. Liberar o ar do sistema gradativamente até que o ar comece a passar.

4. Observar o manômetro; o sinal de aviso deve soar em 55 ± 5 Bar. O início


deste apito é uma indicação para que o bombeiro abandone imediatamente
o local de combate ao incêndio.

Vedação da peça facial e conexão do regulador de respiração:

1. Travar o botão do sistema by-pass do regulador de respiração.

2. Abrir a válvula do cilindro com cerca de 2 voltas da manopla.

3. Sem colocá-la no rosto, conectar o regulador de respiração na peça facial.

4. Puxar suavemente para testar a trava do regulador.

5. Desconectar o regulador de respiração.

6. Colocar a peça facial no rosto e ajustar os tirantes.

7. Conectar o regulador de respiração à peça facial.

8. Fazer inspiração para verificar vedação, havendo selagem satisfatória a


máscara virá de encontro ao rosto.

Paramentação (equipagem) com os equipamentos


de proteção individual

Visando garantir uma paramentação correta com os ajustes necessários, bem como
a redução do tempo de resposta às ocorrências de incêndio, se faz necessário que a
equipe desenvolva um procedimento de uniformização e paramentação para o pronto
emprego e que realize treinamentos periódicos.

160
CONDUTAS OPERACIONAIS DE BOMBEIRO CIVIL │ UNIDADE III

Quadro 4. Sequência de equipagem.

PEÇA DESCRIÇÃO FIGURA


»» Posicione as botas no solo;
»» Coloque o braço dentro da perna da calça;
Arranjo prévio da Bota »» Segure a alça da bota com uma mão enquanto a outra
e Calça faz movimento para descer a perna da calça até que a
alça da bota fique visível.
»» Repita o processo na outra extremidade.

»» Vista a calça;
Calça »» Coloque o suspensório ajustando ao tamanho;
»» Ajuste o velcro da calça;

»» Vista a balaclava de maneira que a abertura fique


Balaclava ajustada com a visão;
»» Ajuste a aba da balaclava na região do ombro;

»» Posicione a capa com a parte posterior voltada para o


seu corpo;
»» Coloque ambas as mãos por dentro das mangas e
gire-a para trás do corpo introduzindo os braços na
manga;
»» Posicione os braços a frente horizontalmente para que o
ajuste dos braços se dê naturalmente;
Capa de Aproximação
»» Introduza o dedo na alça da capa para proteção dos
braços;
»» Se necessário ajuste a balaclava para que a aba fique
completamente por baixo da capa de aproximação;
»» Feche o zíper e velcro começando
»» de baixo para cima;
»» Puxe a balaclava ajustando-a na peça facial;
Balaclava
»» Ajuste a gola da capa de aproximação, se necessário;

»» Coloque o capacete de forma que a proteção da nuca


fique externa à capa de aproximação;
Capacete »» Prenda o encaixe, de maneira que a alça permaneça
sobre o queixo do bombeiro abaixo do regulador de
respiração;

»» Trave o regulador, bloqueando o fluxo de ar para


abertura do cilindro;
Fluxo de ar
»» Abra completamente o registro do cilindro;
»» Por fim, coloque as luvas de proteção.

Fonte: Fundamento de Combate a Incêndio CBMGO, 1ª Edição, 2016.

161
CONTROLE DE
INCÊNDIO E PÂNICO E UNIDADE IV
CONDUTAS DE GESTÃO

CAPÍTULO 1
Plano de emergência contra incêndio

Norma de referências
No Brasil, para a elaboração de Planos de Emergência contra Incêndio utilizamos como
referência a NBR 15219:2005 (Plano de Emergência contra Incêndio – Requisitos) da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), norma esta que foi elaborada no
Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio (ABNT/CB- 24), pela Comissão de
Estudo de Brigada de Incêndio (CE-24:203.02).

A NR 15219:2005 da ABNT surgiu da necessidade de se padronizarem os planos


de emergência contra incêndio através da adoção de padrões mínimos, ficando as
organizações livres para agregar outros, de acordo com as suas necessidades e/ou
riscos envolvidos. Com isso, visa-se otimizar as ações próprias e dos socorros públicos
ou de terceiros e tem como objetivo estabelece os requisitos mínimos para a elaboração,
implantação, manutenção e revisão de um plano de emergência contra incêndio, visando
proteger a vida e o patrimônio, bem como reduzir as consequências sociais do sinistro
e os danos ao meio ambiente.

Fonte: NBR 15219:2005

Objetivo do plano de emergência contra incêndio

Podemos dizer que o plano de emergência contra incêndio tem como objetivo principal
demonstrar como proceder em ocorrência de situações de emergência e evacuação,
como estabelecer procedimentos eficazes para atendimento a situações de emergência
que possam ocorrer dentro das instalações das empresas/instituições. Visa assegurar
a integridade física das pessoas e clientes bem como minimizar os impactos e
consequências ao meio ambiente e às instalações, garantindo inclusive a continuidade

162
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

operacional das empresas. Visa ainda estabelecer estratégias, diretrizes, procedimentos


e orientações para preparo e resposta a situações emergenciais, estabelecendo
procedimentos técnicos e conhecimento pleno sobre os recursos disponíveis para
as equipes de resposta a emergências envolvendo operações de combate a incêndio,
primeiros socorros e evacuação no perímetro das instalações ou que possam ocorrer
nas dependências da unidade.

Requisitos para elaboração do plano de emergência


contra incêndio

O plano de emergência contra incêndio deve ser elaborado para toda e qualquer
planta, com exceção das edificações residenciais uni familiares.

O plano de emergência contra incêndio deve ser elaborado por escrito por profissional
habilitado, levando-se em conta os seguintes aspectos:

»» Localização (por exemplo: urbana, rural, características da vizinhança,


distâncias de outras edificações e/ou riscos, distância da unidade do
Corpo de Bombeiros, existência de Plano de Auxílio Mútuo – PAM etc.).

»» Construção (por exemplo: alvenaria, concreto, metálica, madeira etc.).

»» Ocupação (por exemplo: industrial, comercial, residencial, escolar etc.).

»» População (por exemplo: fixa, flutuante, características, cultura etc.).

»» Característica de funcionamento (horários e turnos de trabalho e os dias


e horários fora do expediente).

»» Pessoas portadoras de deficiências.

»» Outros riscos específicos inerentes à atividade.

»» Recursos humanos (por exemplo: brigada de incêndio, bombeiros


profissionais civis, grupos de apoio etc.) e materiais existentes (por
exemplo: extintores de incêndio, iluminação de emergência, sinalização,
saídas de emergência, sistema de hidrantes, chuveiros automáticos,
sistema de detecção e alarme de incêndio etc.).

Fonte: NBR 15219:2005

O plano de emergência contra incêndio deve ter ligação com outros planos de emergência,
como o Plano de Emergência Individual (PEI), Plano de Atendimento de Emergência
(PAE) e com outros planos mais simples que possam estar presentes, por exemplo:

163
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

»» Incêndio e explosões;

»» Enchentes e inundações;

»» Atentados terroristas e domésticos;

»» Vazamentos de produtos químicos etc.

Implantação do plano de emergência contra


incêndio
Para a adequada implantação do plano, sempre que possível devem ser atendidas as
seguintes condicionantes:

»» Apresentação, divulgação aos setores e treinamento.

»» Realização de exercícios simulados de emergência com uso do plano.

»» Lista e relação dos procedimentos básicos a serem seguidos nas


emergências.

Divulgação e treinamento
O plano de emergência contra incêndio deve ser divulgado por meio de uma preleção
e de um manual básico que deve ser distribuído aos ocupantes da planta (população
fixa), de forma a garantir que todos tenham conhecimento dos procedimentos a
serem executados em caso de emergência. Para a população flutuante pode ser dado
esse informe de forma mais simples ou objetiva, sendo que os visitantes devem ser
informados formalmente sobre o plano de emergência contra incêndio da planta por
meio de panfletos, vídeos e/ou palestras.

O plano de emergência contra incêndio deve fazer parte dos treinamentos de formação,
treinamentos periódicos e reuniões ordinárias dos membros da brigada de incêndio,
dos bombeiros profissionais civis, do grupo de apoio etc.

Uma cópia do plano de emergência deve estar disponível para consulta em situações
de emergência para os profissionais qualificados em local de permanência humana
constante (por exemplo: portaria, sala de segurança etc.).

A representação gráfica contida no plano de emergência contra incêndio, com destaque


para as rotas de fuga e saídas de emergência, deve estar afixada na entrada principal e
em locais estratégicos de cada edificação, de forma a divulgar o plano e facilitar o seu
entendimento.
Fonte: NBR 15219:2005

164
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Exercícios simulados

Segundo a NBR 15219:2005, exercícios simulados de abandono de área, parciais


e completos devem ser realizados nos locais de trabalho, contando sempre com a
participação dos presentes. Os simulados terão como periodicidade o prazo máximo
de seis meses para simulados parciais e 12 meses para simulados completos, para as
plantas com risco baixo e médio. Logo após a realização do simulado, deve ser realizada
reunião extraordinária, com vistas a avaliação e montagem de planos de ação para os
desvios evidenciados durante a realização do simulado. Dessa reunião de análise crítica,
deve ser redigida uma ata na qual deve constar:

»» Data, horário e tipo de evento.

»» Tempo na fase de abandono/evacuação.

»» Tempo despendido no retorno às operações.

»» Tempo despendido no atendimento a vitimas (se houver).

»» Como se deu a atuação dos profissionais envolvidos nas ações de


prevenção e atendimento.

»» Comportamento observado na população a ser evacuada.

»» Se houve participação dos Bombeiros Militares bem como tempo de


chegada.

»» Se contou com ajuda externa (Plano de Auxílio Mútuo, Defesa Civil etc.).

»» Se foram presenciadas falhas de equipamentos.

»» Se foram presenciadas falhas operacionais.

Particularidades sobre planejamento e realização


de simulados de emergência

Os exercícios simulados de emergências são conjuntos de atividades que visam


representar um determinado cenário acidental bem como a implementação das
respectivas ações de resposta para controle de emergência.

Esses simulados podem ser de duas formas: programados ou não programados.

a. Simulados programados: São aqueles onde todos os envolvidos no


exercício têm conhecimento prévio da data e do cenário acidental.

165
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

b. Simulados não programados: São os exercícios em que o conhecimento


do cenário a ser testado e do momento de sua realização é restrito a um
grupo reduzido de pessoas.

As empresas, com base nos cenários acidentais e nos estudos de análise de riscos de
acordo com seus planos de resposta a emergências, podem programarem, planejarem e
realizarem simulados de várias classificações como:

»» Simulado de Comunicação: A intenção e o objetivo é realizar a verificação


de todo o processo de comunicação das partes interessadas (interna e
externamente), verificando o nível de comunicação dedicado em face de
uma emergência, objetivando como funciona o sistema de comunicação
e o fluxo de acionamento em caso de emergência, sendo que a frequência
mínima de realização deve ser uma vez a cada semestre, no mínimo.

»» Simulado de Acionamento e Mobilização de Recursos: Nesse tipo


de simulado o objetivo é a verificação da eficácia no processo de
acionamento das equipes de resposta, da disponibilidade dos materiais
e dos equipamentos, próprios e/ou de terceiros necessários ao controle
da emergência, bem como o tempo de resposta e as condições de pronto
emprego dos recursos materiais. Os recursos são apenas mobilizados e
avaliam-se o tempo e as dificuldades encontradas, não sendo utilizados.

»» Simulado de Sala de Treinamento (simulado de mesa): Nesse tipo de


simulado, objetivamos fazer um pré-evento que antecede ao simulado
operacional, ou seja, é um exercício onde todas as ações reais são
desenvolvidas através de maquetes, mapas, plantas de localização,
imagens virtuais, mas sem acesso à área operacional. É uma forma de
se avaliar o conhecimento de todos os envolvidos, em suas respectivas
atribuições para o controle da emergência, e as atividades operacionais
são desencadeadas por meio de dramatização em sala. Esse simulado
recebe comumente a designação de Table Top.

»» Simulado de Campo: Denominado também de Simulado Operacional,


envolve a mobilização de pessoas e recursos materiais, simulando
ações de gerenciamento e controle de ocorrências em diversos níveis de
dificuldades, requerendo intensa preparação e envolvimento de recursos
materiais e humanos. Esse é o dito simulado prático, onde tudo que foi
estudado, planejado, programado e esperado é executado através de ações
padronizadas de resposta, respaldadas por procedimentos operacionais e
diretrizes estabelecidas nos planos de resposta a emergências.

166
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Não devemos esquecer que um simulado deve imitar uma situação real, ou seja, deve
se aproximar o máximo possível de uma situação real listada na análise de risco da
unidade.

No entanto, muitas vezes, um simulado prático é estruturado e desenvolvido como


se fosse uma encenação, representando uma montagem e representação, visando
algumas vezes iludir, impressionar ou até mesmo mostrar uma eficácia que não é
verdadeira. É o que se denomina comumente de “show mulados”, onde conhecemos
os cenários, sabemos o que será cobrado, como proceder e muitas vezes as equipes
estão ao lado do cenário prontas para responder à ocorrência. Com isso, foge-se
do objetivo real que é testar a nossa resposta e ver as dificuldades para, através de
identificação dos pontos de melhoria, montar planos de ações visando melhorar os
itens para que os problemas no “simulado” não ocorram no atendimento real. Ou
seja, ao enganarmos outros com os “show mulados”, estamos também nos enganando
e gerando uma falsa sensação de estarmos preparados, não sendo este o objetivo real
de um exercício simulado operacional.

Outro fator a levar em consideração é que a prática dos simulados deve se aproximar
o máximo possível do real, mas nunca podemos nos esquecer da segurança das
operações, pois já vimos acidentes de trabalho e também ambientais por excessos e
falta de cuidados quando da realização de simulados operacionais de campo.

Os simulados podem contar com muitas fases e partes, dependendo do tipo de


simulado e de sua envergadura. Na maioria das vezes possuem quatro fases distintas,
sendo elas:

»» Planejamento (programação e definição).

»» Organização (montagem e definição das condicionantes e estratégias).

»» Realização (execução do exercício).

»» Avaliação (análise crítica).

Na fase de planejamento são definidos os objetivos, escopo (tipo de simulado), datas,


participantes etc.

Na fase da organização define-se quem participará bem como o cenário acidental


baseado na análise de riscos da empresa e do Plano de Emergência (impacto ambiental,
vítimas), a atuação de cada participante, empresa e entidade, recursos a serem
disponibilizados e utilizados, cronologia, equipe de avaliadores etc.

167
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

Já na fase operacional de execução, o exercício será desenvolvido conforme o


planejamento prévio realizado.

Restando a fase de avaliação onde os membros participantes devem se reunir


e realizar uma análise crítica do exercício, a partir do que foi observado e listado
pela equipe de avaliadores e pela própria equipe de execução, permitindo, assim,
aprimoramento e melhoria contínua dos processos.

Tipos de avaliações que podem ser realizadas após


o simulado

Os exercícios simulados devem ser avaliados em reuniões de análise crítica realizadas


imediatamente após a sua execução.

Havendo participação das comunidades vizinhas e/ou entidades externas, essas


devem ser envolvidas na avaliação dos resultados obtidos nos exercícios simulados.

Essa avaliação é de suma importância, pois serão discutidos e listados os pontos


fortes e os a melhorar, desta forma será montado um plano de ação com descrição dos
pontos a melhorar, prazos e responsáveis pelo atendimento, objetivando a melhoria
contínua dos processos operacionais de emergência.

Simulados com e sem comunicação prévia

Segundo a NBR 15219:2005 (Plano de Emergência contra Incêndio – Requisitos),


os exercícios simulados devem ser programados com ou sem comunicação prévia
para a população. Sobre isso teceremos alguns comentários baseados em nosso
entendimento através de experiências vivenciadas.

Alguns simulados devem ser feitos sem comunicação prévia, objetivando verificar
o nível de preparação das equipes de resposta bem como o pronto emprego dos
recursos materiais e se o plano de emergência é do conhecimento de todos e é
seguido em caso de emergência.

Devemos atentar para que se for realizado simulado sem prévia comunicação, alguém
deve ter ciência dele, sendo recomendado que, além do corpo gerencial, o pessoal da
segurança patrimonial tenha conhecimento do evento, além dos responsáveis pelo
acionamento externo do fluxo de comunicação em caso de emergência, evitando
desta forma que seja involuntariamente comunicados os órgãos externos como se
evento real fosse.

168
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Outro item a lembrar é que sempre que tiver um plano de acionamento em caso de
simulado, nunca se deve esquecer da comunicação inicial que “isso é um simulado”,
pois já presenciamos simulados onde se esquecer de mencionado essas quatro palavras
e, quando vimos, estávamos com um aparato de guerra pronto para uma rápida
intervenção real. Assim, em caso de emergência real em outra localidadem pode não ser
dado um atendimento eficaz pelo alto tempo de resposta e deslocamento de recursos
desnecessários para um simulado.

Falhas mais comuns presenciadas em simulados


de emergência

Uma das falhas evidenciadas quando da programação dos simulados é o não


atendimento aos cenários acidentais elencados nos EAR (estudo de análise de
riscos) ou inexistência de tal estudo, ou a preocupação com cenários baseados em
emergências ocorridas anteriormente.

Por isso, quando do não seguimento pela inexistência de EARs, o cenário acidental
poderá ser criado por grupo de profissionais responsáveis pela segurança e
emergência (bombeiros civis) que possuam expertise no tema e sempre com aval da
alta administração da empresa/unidade.

Outra falha evidenciada é aquela relativa a simulados pró-forma, ou seja, somente


para atender requisitos legais e diretivas de entidades e órgãos públicos, sendo que
desta forma se perde a essência básica do simulado que é a preparação das equipes de
resposta para pronto atendimento em caso de emergência.

Outra falha que temos notado é a falta de envolvimento e comprometimento de alguns


empresários e corpos gerenciais. Se estes não derem o devido valor, o que esperar
dos funcionários da empresa? Não podemos nunca esquecer que temos que trabalhar
alicerçados na prevenção, porque, quando a prevenção falha o sinistro surge. Por isso,
se por qualquer motivo houver uma falha e tivermos uma emergência, devemos estar
preparados e de pronto emprego para atendermos à ocorrência objetivando controlá-la
ou ao menos mitigar seus efeitos e consequências.

É comum vermos também que alguns exercícios simulados, quer sejam de combate,
quer de resgate, abandono e/ou evacuação de área, não seguem as recomendações
dos planos de emergência, sendo que a formação, treinamento e atualização dos
grupos de resposta a emergências, muitas vezes, não são elaborados considerando as
hipóteses acidentais e procedimentos de resposta contidos nos planos de resposta a
emergência.

169
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

Importância do envolvimento dos entes que atuam


na resposta

Temos simulados locais ou de nível básico, em que são realizados exercícios internos
ou intramuros onde são testados o nível de preparação e capacitação dos recursos
humanos responsáveis pelo atendimento a emergências bem como o pronto emprego
dos recursos materiais (equipamentos) à disposição.

Podemos ter também, dependendo o porte da planta/unidade, a necessidade de


Simulados de Grande Porte, onde se fará necessária a participação de órgãos e
entidades envolvidas direta e/ou indiretamente tais como: bombeiros, defesa civil,
órgãos ambientais, policias, PAMs etc.

Desta forma estaremos também mostrando a todos o nosso nível de preparação,


tranquilizando aqueles que são responsáveis legais pelo atendimento bem como a
comunidade e demais envolvidos.

É válido lembrar que se faz necessário durante os exercícios simulados propostos no


cronograma de simulados da unidade, que estejam inseridos os simulados referentes
ao Plano de Abandono e/ou Evacuação. Leva-se em conta os procedimentos para
abandono de área e evacuação de pessoas em unidades industriais, prédios, edificações
ou em outro local de apresente situação de risco como incêndios, explosões, colapsos
estruturais, acidentes naturais, entre outros, objetivando minimizar possíveis impactos
e consequências a força de trabalho muitas vezes graves.

Procedimentos básicos na emergência contra


incêndio

A NBR 15219:2005 (Plano de Emergência contra Incêndio – Requisitos) diz que os


procedimentos básicos na emergência contra incêndio, estão descritos do item 4.2.3.1
ao 4.2.3.10, estando relacionados numa sequência lógica, de forma a serem executados
até por uma pessoa, se necessário.

4.2.3.1 Alerta

Identificada uma situação de emergência, qualquer pessoa pode, pelos


meios de comunicação disponíveis ou alarmes, alertar os ocupantes,
os brigadistas, os bombeiros profissionais civis e o apoio externo.
Este alerta pode ser executado automaticamente em edificações que
possuem sistema de detecção de incêndio.

170
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

4.2.3.2 Análise da situação

Após o alerta, deve ser analisada a situação, desde o início até o final
da emergência, e desencadeados os procedimentos necessários, que
podem ser priorizados ou realizados simultaneamente, de acordo com
os recursos materiais e humanos, disponíveis no local.

4.2.3.3 Apoio externo

O Corpo de Bombeiros e/ou outros órgãos locais devem ser acionados


imediatamente, preferencialmente por um brigadista, e informados do
seguinte:

- nome do solicitante e o número do telefone utilizado;

- endereço completo, pontos de referência e/ou acessos;

- características da emergência, local ou pavimento e eventuais vítimas


e seus estados.

O Corpo de Bombeiros e/ou outros órgãos, quando da sua chegada ao


local, devem ser recepcionados preferencialmente por um bombeiro civil
ou brigadista de incêndio, que deve fornecer as informações necessárias
para otimizar sua entrada e seus procedimentos operacionais.

4.2.3.4 Primeiros-socorros

Prestar os primeiros-socorros às possíveis vítimas, mantendo ou


estabilizando suas funções vitais (por exemplo: SBV - suporte básico
da vida, RCP - ressucitação cardiopulmonar etc.), até que se obtenha o
socorro especializado.

4.2.3.5 Eliminar riscos (corte de fontes de energia e


fechamento de tubulações)

Eliminar os riscos por meio do corte das fontes de energia (por exemplo:
elétrica etc.) e do fechamento das válvulas das tubulações (por exemplo:
GLP, oxi-acetileno, gases, produtos perigosos etc.), quando possível e
necessário, da área sinistrada atingida ou geral.

4.2.3.6 Abandono de área

Proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário,


conforme comunicação preestabelecida, conduzindo a população fixa
e flutuante para o ponto de encontro, ali permanecendo até a definição
final da emergência. O plano deve contemplar ações de abandono para

171
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

portadores de deficiência física permanente ou temporária, bem como


as pessoas que necessitem de auxílio (por exemplo: idosos, gestantes
etc.).

4.2.3.7 Isolamento da área

Isolar fisicamente a área sinistrada, de modo a garantir os trabalhos de


emergência e evitar que pessoas não autorizadas adentrem ao local.

4.2.3.8 Confinamento do incêndio

Confinar o incêndio de modo a evitar a sua propagação e conseqüências.

4.2.3.9 Combate ao incêndio

Proceder ao combate, quando possível, até a extinção do incêndio,


restabelecendo a normalidade.

4.2.3.10 Investigação

Levantar as possíveis causas do alerta e os demais procedimentos


adotados. Emitir relatório conforme ABNT NBR 14023, com o objetivo
de propor medidas preventivas e corretivas para evitar a sua repetição.
Fonte: NBR ABNT 15219:2005

Manutenção do plano de emergência contra


incêndio
Devem ser realizadas reuniões com o coordenador geral da Brigada de Incêndio, os
chefes da Brigada de Incêndio, um representante dos bombeiros profissionais civis e
um representante do grupo de apoio, com registro em ata e envio às áreas competentes
para as providências pertinentes.

Reunião ordinária (mensal)


Na reunião ordinária devem ser discutidos os seguintes itens:

»» calendário dos exercícios de abandono;

»» funções de cada pessoa dentro do plano de emergência contra incêndio;

»» condições de uso dos equipamentos de combate a incêndio;

»» apresentação dos problemas relacionados à prevenção de incêndios,


encontrados nas inspeções, para que sejam feitas propostas corretivas;

»» atualização de técnicas e táticas de combate a incêndios.

172
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Reunião extraordinária

Devem ser realizadas reuniões extraordinárias para análise da situação sempre que:

»» ocorrer um exercício simulado;

»» ocorrer um sinistro;

»» for identificado um risco iminente;

»» ocorrer uma alteração significativa dos processos industriais ou de


serviços, de área ou leiaute ou ainda quando houver a previsão de
execução de serviços que possam gerar algum risco.

Revisão do plano de emergência contra incêndio

O plano de emergência contra incêndio deve ser revisado por profissional habilitado
sempre que ocorrer uma alteração significativa nos processos industriais, processos
de serviços, de área ou leiaute; for constatada a possibilidade de melhoria do plano ou
ainda quando completar 12 meses de sua última revisão.

Fonte: NBR ABNT 15219:2005

Se houver necessidade de revisar o plano de emergência devem ser consultados


o coordenador geral da Brigada de Incêndio, os chefes da Brigada, um
representante dos bombeiros civis, um representante do grupo de apoio e
os profissionais responsáveis pelas alterações significativas nos processos
industriais, processos de serviços, de área ou leiaute. Devem ser consultadas
as atas de reunião ordinárias e extraordinárias bem como os resultados das
auditorias realizadas no plano.

173
CAPÍTULO 2
Plano de combate a incêndios em
grandes eventos

Plano de prevenção para grandes eventos

O conhecimento do perfil dos incêndios em grandes eventos é muito importante


para que seja possível confeccionar um planejamento de prevenção. Mesmo com o
aperfeiçoamento das técnicas de prevenção e combate utilizadas até agora, incêndios
de grande porte continuam a ocorrer nos diversos estados da federação.

Para que seja possível o desenvolvimento de planos de prevenção, é necessário


conhecer o perfil dos incêndios, e é através destas informações que as estatísticas
são geradas e permitem alimentar este estudo. É fundamental saber onde ocorrem
os incêndios, para poder definir as regiões e locais de maior risco, e estabelecer
programas de prevenção para esses locais.

No capítulo anterior, foram estabelecidos os principais itens que se devem considerar


na elaboração dos planos de emergência contra incêndio. A análise da segurança
para o local da realização do evento e as preocupações quanto a público presente
serão comentadas mais à frente. Agora nos deteremos na elaboração do plano de
contingência e de segurança para eventos de grande porte, tendo como base os
parâmetros de um Sistema de Comando de Incidentes (SCI).

O processo de elaboração consiste em estabelecer em que ponto uma organização se


encontra no presente e para onde ela pretende se dirigir no futuro, com as estratégias
ou táticas necessárias para atingir essa condição.

Segundo o general americano Douglas MacArthur (apud Allen ET al., 2003), “sem um
plano, não passamos de turistas”.

MacArthur faz alusão ao grande valor do planejamento em fazer com que uma
organização tenha objetivos específicos, e que possa criar caminhos através dos quais
esses possam ser alcançados. Para definir esses caminhos, é fundamental compreender
todos os fatores, sejam eles internos ou externos, que irão condicionar quaisquer
decisões a serem tomadas.

174
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Etapas de planejamento e organização de eventos

Para a elaboração do plano de segurança para o evento, algumas etapas iniciais


devem ser consideradas. Adotaremos de forma resumida as fases do processo de
planejamento e organização de eventos: concepção, pré-evento, evento em realização
e pós-evento.

Princípios de segurança

Para a elaboração de um plano de segurança para um megaevento, alguns princípios


devem ser levados em conta como estabelecer os riscos, ameaças e vulnerabilidades que
o evento possui, criar um mapa de localização do evento onde deve se diagnosticar as
rotas de fuga, por exemplo, bem como criar um controle de acesso eficiente e confiável.
Portanto, temos que definir cada um desses itens citados.

Definição básica de ameaça e risco

Esses conceitos já foram estudados e devem ser do conhecimento e domínio do


bombeiro civil, mas podemos dizer que o conceito de risco, segundo a norma NBR ISO
31000 (Associação Brasileira de Normas Técnicas) descreve que risco consiste no
efeito ou na incerteza nos objetivos esperados, ou seja, a ocorrência de um desvio no
que seria esperado. O mesmo documento, afirma que o risco poderá assumir a forma de
potenciais acontecimentos ou consequências, ou, ainda, a combinação dos dois.

Desta forma o risco pode ser definido como o desconhecido, a incerteza ou a


possibilidade de perda/dano. Apesar de nem todos os riscos serem negativos, é nestes
que a atenção deverá ser direcionada, visto que são os riscos negativos que, no ponto
de vista da segurança, são os que mais geram impactos em um grande evento.

Quando olhamos para o risco, devemos pensar em algumas variáveis, tais como:

»» O número de pessoas a serem afetadas no local do evento.

»» A extensão que o dano irá provocar na comunidade.

»» A probabilidade de ocorrência do dano.

»» A possibilidade de interrupção do evento.

A norma NBR ISO 31000:2009, afirma que, na definição dos critérios de risco, interessa
incluir os seguintes fatores:

175
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

»» A natureza e os tipos de causas e consequências que podem ocorrer e


como serão medidas.

»» Como a probabilidade será definida.

»» O(s) cronograma(s) da probabilidade e/ou consequência(s).

»» Como o nível de risco deve ser determinado.

»» As opiniões das partes interessadas.

»» O nível em que o risco se torna aceitável ou tolerável.

Dessa forma, torna-se necessário que se identifiquem todos os riscos que podem
ocorrer num evento, classificando-os e categorizando-os segundo a probabilidade de
acontecerem e o nível de impacto que poderão ter. Com esses dados em mãos, é possível
iniciar o planejamento de segurança que deverá ser criado para o evento.

Outras informações que podem ser determinantes para se definir um risco, e


determinante no planejamento de segurança são:

»» Natureza do evento.

»» Tamanho do público e/ou lotação do espaço.

»» Infraestrutura de atendimento médico emergencial, bem como o acesso


e distância aos hospitais.

»» Local do evento (mapa de localização), determinando o acesso do


público, meios de transporte que podem ser utilizados, as rotas de fuga e
de escoamento dessa população.

»» Período de realização do evento como duração, data, dia da semana,


época do ano.

»» A previsão meteorológica para o local do evento.

Nas vistorias a serem realizadas no local do evento (tanto pelos promotores do evento
como pelos responsáveis pela segurança), as vulnerabilidades devem ser descritas,
bem como as medidas para saná-las. Entretanto, nem toda vulnerabilidade pode ser
sanada de “bate pronto”, o que pode levar à conclusão que um determinado evento
pode ou não ser idealizado naquele local.

176
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Outros pontos importantes que devem ser levados em conta ao escolher um local para
o evento são:

»» Local estritamente residencial ou não;

»» Proximidade a locais de pouso de aeronaves como aeroportos e helipontos,


podendo ocasionar sanções pelos órgãos relativos a controle aéreo;

Plano de contingências

O plano tem por objetivo definir as formas de atuação que serão empregadas com
vistas a evitar que os riscos identificados e classificados, se ocorrerem, venham a gerar
perdas de vida humanas bem como danos ao patrimônio.

Os procedimentos padrões para as situações de contingência a serem desempenhados


pelos membros das equipes de segurança e bombeiros são:

»» isolar e sinalizar o local;

»» comunicar o responsável pela empresa e a central de comando;

»» orientar, auxiliar e conduzir a retirada e evacuação das pessoas da


edificação;

»» isolar, sinalizar e preservar o local da ocorrência do evento;

»» acionar os órgãos públicos quando necessário.

Fonte: <http://www.abeoc.org.br/wp-content/uploads/2014/02/cartilha_evento seguro_


web.pdf>.

A função do Plano de contingência é apresentar, de forma clara e objetiva, os


procedimentos que devem ser tomados e desencadeados quando da ocorrência
de um evento grave ou de grande vulto. No plano estarão listados todos os riscos
prováveis e serão definidas, para cada risco, uma estratégia e ação, visando
minimizar os danos.

177
CAPÍTULO 3
Controle de pânico e evacuação de
prédios e áreas

Plano de abandono e evacuação


Este plano tem por finalidade prover a ação ordenada de desocupação (ou evacuação)
da área do evento em caso de incêndios, ameaças de bomba, atentados, desabamentos,
deslizamentos de terra etc., tendo como objetivo principal evitar ocorrências que
possam culminar em perdas de vidas humanas.

Geralmente, o responsável pela elaboração desse plano é o engenheiro de segurança,


mas, com a formação de bombeiros civis mestres, essa atribuição passará a eles.
Deve-se lembrar ainda que, conforme a NBR 15219:2005, o profissional habilitado
para elaborar Plano de Emergência contra Incêndio é aquele com formação em
prevenção, combate a incêndio e abandono de área, com carga horária mínima de
200 h para risco baixo, 300 h para risco médio ou 400 h para plantas de risco alto,
formação em primeiros-socorros com carga horária mínima de 60 h para risco baixo,
120 h para risco médio ou 240 h para risco alto; e análise de risco com carga horária
mínima de 60 h para risco baixo, 100 h para risco médio ou 140 h para risco alto. Pode
ainda ser profissional que tenha elaborado planos de emergência contra incêndio
nos últimos cinco anos, específicos para o risco baixo, médio ou alto, confirmados
por atestado de capacitação técnica emitido por instituição ou empresa de notório
reconhecimento no Brasil.

O o responsável pelo Plano de Abandono deverá construí-lo junto com o gestor de


segurança e equipes de trabalho.

O plano deverá contemplar: rotas de fuga, sinalização, localização dos extintores, equipe
de bombeiros e brigadistas, portas de emergência etc.

O plano de abandono deve ser do conhecimento de toda equipe que trabalha no evento
ou permaneça na edificação e deve ser ensaiado pelas equipes de segurança, bombeiros
e brigadistas.

A NBR 15219:2005 no seu item 4.2.3.6 diz que:

“Deve ser realizado o abandono da área parcial ou total, quando


necessário, conforme comunicação preestabelecida, conduzindo a

178
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

população fixa e flutuante para o ponto de encontro, ali permanecendo


até a definição final da emergência. O plano deve contemplar ações
de abandono para portadores de deficiência física permanente ou
temporária, bem como as pessoas que necessitem de auxílio (por
exemplo: idosos, gestantes etc.)”.
Fonte: NBR ABNT 15219:2005

Evacuação

1. ato ou efeito de evacuar, de sair ou esvaziar;

2. saída ou retirada dos indivíduos presentes em determinado espaço,


edifício etc., geralmente por motivos de segurança;

3. MILITAR. retirada da frente de combate de feridos, doentes etc.

4. MILITAR. abandono de área anteriormente controlada devido a


capitulação ou por motivos estratégicos.

Fonte: <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/
evacua%C3%A7%C3%A3o>.

Entre as funções de uma equipe de bombeiros, encontra-se a de retirar pessoas de um


local que apresente risco iminente e levá-las a um local seguro.

Importante salientar que os membros da equipe de bombeiros não deveriam ser indicados
para qualquer função no grupo de abandono. Mas, por outro lado, devem conhecer e
dominar o plano de abandono de cada área ocupada bem como o planejamento para
evacuação geral da unidade.

Às vezes, face ao porte da edificação, o plano de evacuação deve ser elaborado de acordo
com as especificidades da planta, requerendo que áreas extensas sejam particionadas
em áreas e/ou setores menores, até para facilitar a realização dos simulados. Desta
forma, os planos podem ser parciais ou totais, só que têm que contemplar ações de
abandono levando em conta pessoas portadoras de necessidades especiais quer seja
permanente ou temporária, e outras que requeiram auxílio, como idosos, gestantes,
crianças etc.

Evacuação e abandono de edificações

Abandono de área: Caso seja necessário abandonar a edificação, deve ser acionado
novamente o alarme de incêndio para que se inicie o abandono geral. Os ocupantes do

179
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

andar sinistrado, que já devem estar cientes da emergência, devem ser os primeiros a
descer, em fila e sem tumulto, após o primeiro toque, com um bombeiro ou brigadista
liderando a fila e outro, encerrando.

Antes do abandono definitivo do pavimento, um ou dois bombeiros ou brigadistas


devem verificar se não ficaram ocupantes retardatários e providenciar o fechamento de
portas e/ou janelas, se possível.

Cada pessoa portadora de deficiência física, permanente ou temporária, deve ser


acompanhada por dois bombeiros, brigadistas ou voluntários, previamente designados
pelo Bombeiro Mestre, Líder ou pelo Chefe da Brigada. Todos os demais ocupantes de
cada pavimento, após soar o primeiro alarme, devem parar o que estiverem fazendo,
pegar apenas seus documentos pessoais e agruparem-se no saguão dos elevadores,
organizados em fila direcionada à porta de saída de emergência.

Após o segundo toque do alarme, os ocupantes dos andares devem iniciar a descida,
dando preferência às demais filas, quando cruzarem com elas (como numa rotatória de
trânsito), até a saída (andar térreo), onde devem se deslocar até o ponto de encontro.

A área sinistrada deve ser isolada fisicamente, de modo a garantir os trabalhos de


emergência e evitar que pessoas não autorizadas entrem no local.

Ordem de abandono

O Bombeiro Mestre ou Líder ou, na ausência destes, o responsável máximo da brigada


de incêndio (coordenador geral, chefe da brigada ou líder, conforme o caso) determina
o início do abandono, devendo priorizar os locais sinistrados, os pavimentos superiores
a esses, os setores próximos e os locais de maior risco.

Ninguém espera o acontecimento de um incêndio. Baseado nesta afirmação é preciso


ter um plano de abandono, para ser utilizado em caso de sinistro, pois um incêndio
poderá ocorrer em qualquer lugar.

É importante falar que todo incêndio começa pequeno e, se não for controlado no
início, pode atingir proporções que o próprio Corpo de Bombeiros terá dificuldade em
combater. Portanto, faz-se necessário observar se a edificação possui todos os recursos
destinados a prevenção e combate a incêndio e pânico, de acordo com a legislação
vigente.

A seguir, veremos uma série de orientações que, se seguidas, darão condições aos
ocupantes da edificação, para que possam sair em segurança.

180
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Recomendações gerais para a população da planta em caso de abandono, adotar:

a. acatar as orientações dos bombeiros e brigadistas;

b. manter a calma;

c. caminhar em ordem, sem atropelos;

d. permanecer em silêncio;

e. pessoas em pânico: se não puderem ser acalmadas, devem ser evitadas.


Se possível, avisar um bombeiro e/ou brigadista;

f. nunca voltar para apanhar objetos;

g. ao sair de um lugar, fechar as portas e janelas sem trancá-las;

h. não se afastar dos outros e não parar nos andares;

i. levar consigo os visitantes que estiverem em seu local de trabalho;

j. ao sentir cheiro de gás, não acender ou apagar luzes;

k. deixar a rua e as entradas livres para a ação dos bombeiros e do pessoal


de socorro médico;

l. encaminhar-se ao ponto de encontro e aguardar novas instruções.

Em locais com mais de um pavimento:

a. nunca utilizar o elevador, salvo por orientação da equipe de bombeiros


ou da brigada;

b. descer até o nível da rua e não subir, salvo por orientação do bombeiro
ou da brigada;

c. ao utilizar as escadas, deparando-se com equipes de emergência, dar


passagem pelo lado interno da escada.

Em situações extremas:

a. evitar retirar as roupas mas, se possível, molhá-las;

b. se houver necessidade de atravessar uma barreira de fogo, molhar todo o


corpo, roupas, sapatos e cabelo;

181
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

c. proteger a respiração com um lenço molhado junto à boca e ao nariz e


manter-se sempre o mais próximo do chão, já que é o local com menor
concentração de fumaça;

d. antes de abrir uma porta, verificar se ela não está quente;

e. se ficar preso em algum ambiente, aproximar-se de aberturas externas e


tentar de alguma maneira informar sua localização;

f. nunca saltar;

g. identificar o local do sinistro;

h. obedecer no local do sinistro às ordens de comando das operações;

i. fazer a vistoria de confirmação do abandono de todas as pessoas no andar


do incêndio equipado com extintor de incêndio ou linha de hidrante
armada para sua proteção;

j. utilizar a ala interna das escadas para subida e retirada de vítimas;

k. o bombeiro civil mestre ou o bombeiro líder, ou na ausência destes, o


chefe da brigada, deverá coordenar a sequência de desocupação dos
pavimentos;

l. retornar ao seu local de trabalho somente após o término dos trabalhos


de combate a incêndio.

Filme de Evacuação de Emergência

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DyzdsB7zDCU>.

Como vimos em nosso material, o bombeiro profissional civil ou bombeiro civil é


uma profissão muito importante para a segurança contra incêndio. Essa profissão
já existe há tempos nas nossas indústrias brasileiras, no serviço de proteção
contra incêndio e prestação de socorros de urgência, mas somente em 2009
foi regulamentado e reconhecido como profissão. Com certeza somente após
a regulamentação da profissão de bombeiro civil, foram definidos os direitos
e responsabilidades, inclusive nas esferas civil e criminal, por isso, para exercer
a função de Bombeiro Civil de forma adequada faz-se necessário formação e
treinamento específicos e constantes sobre prevenção, resgate, salvamento e
combate a incêndio.

182
CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO │ UNIDADE IV

Ainda pelo que determina a Lei, o empresário tem rejeitado este profissional
pelo motivo da jornada de trabalho 12x36. Esta posição tem sido justificada pelo
cansaço do profissional, que, na última hora da sua jornada não estaria apto
fisicamente para sanar um sinistro de alto porte e pelos encargos trabalhistas
que seriam altos.

Por fim, os últimos artigos definiram de um lado o que é assegurado aos


bombeiros como: uniforme especial, seguro de vida, adicional de periculosidade
e reciclagem periódica, tudo por responsabilidade de custeio do empregador. E,
por outro lado, comentaram sobre as penalidades como: advertência, proibição
temporária de funcionamento e cancelamento da autorização e registro para
funcionar, que são devidas às empresas e às escolas de formação quando
infringirem as disposições desta lei.

Podemos ver que este material de estudo teve como objetivo falar sobre a história
dos bombeiros, trazer os conceitos, termos técnicos e diferentes classificações de
bombeiros, estudar de forma clara e objetiva as Normas e Legislações aplicáveis
à profissão, ver qual perfil para seleção de bombeiros, treinamentos e níveis
de capacitação, listar as atribuições legais e àreas de atuação dos bombeiros, a
forma de estruturação das unidades de bombeiros, tratar da utilização de sistema
de comunicação e acionamento, abordar as condutas operacionais de resposta
e controle as técnicas de combate e atendimento, técnicas e estratégias de
ventilação e utlização dos equipamentos de proteção individual e coletivo bem
como apresentar e expor as condicionantes dos planos de emergência contra
incêndio, de combate a incêndios em grandes eventos e controle de pânico.

Esperamos que este material seja apenas o início de uma jornada em busca de
melhores informações, condições e mais reconhecimento da profissão, no Brasil.
Infelizmente, não temos ainda a cultura de prevenção e combate a incêndios;
muitas empresas e entidades, acham que é um gasto desnecessário. Pelo
contrário, a missão do bombeiro civil é preservar a segurança e estar a postos
treinado e preparado para o atendimento imediato e prestar o atendimento
de urgência durante uma emergência. A presença deste profissional contribui
com o Corpo de Bombeiros e com a população, a maior beneficiada com essa
profissão, esperamos que todos unam esforços em prol do objetivo principal,
salvar vidas, preservar o meio ambiente e proteger o patrimônio.

Não devemos esquecer que as consequências de um incêndio podem abalar


de forma muito grave a vida de qualquer pessoa tanto emocional quanto
financeiramente, podendo destruir um patrimônio erguido por longos anos

183
UNIDADE IV │ CONTROLE DE INCÊNDIO E PÂNICO E CONDUTAS DE GESTÃO

de muito trabalho, além da fauna e da flora de uma região ou mesmo de um


município todo.

Dessa forma, garantir um nível adequado de segurança contra incêndio nas


edificações é uma tarefa relevante sob o enfoque de proteção à vida, bem
como na prevenção ao pânico e ao patrimônio, função do bombeiro, seja ele
profissional civil, voluntário ou militar.

184
Referências

AMARO, António. Consciência e Cultura de Risco nas Organizações. Revista


Territorium no 12. Coimbra, pp. 5-9, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14276. Programa de


Brigada de Incêndio - Requisitos, ed. 2006.

______. NBR 14277. Instalações e Equipamentos para Treinamentos de Combate a


Incêndios - Requisitos, ed. 2005.

______. NBR 14608. Bombeiro Profissional Civil, ed. 2007.

______. NBR 15219:2005. Plano de Emergência contra Incêndio – Requisitos.

Curso de Formação de Bombeiro Particular. LAJOM – Formação e Especialização.


2012. Brasilia – DF.

Decreto no 46076 de 31 de agosto de 2001, Regulamento de Segurança Contra


Incêndio das Edificações e Áreas de Risco. Dispõe sobre segurança contra
incêndio. Poder executivo. São Paulo, SP, 2001.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, 1999.

DUNN, Vicent. Essentials of Fire Fighting. Fire Fighting Strategy. Estratégia,


Tática e Técnica de Combate a Incêndio.

Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho


Temporário e Terceirizado. Cartilha do Bombeiro Civil. São Paulo, SP, 2017.

_______. CBMRJ – Direção Geral de Ensino e Instrução. Manual Básico do


Bombeiro Militar. Volume 3, Rio de Janeiro,2014.

_______. CBPMESP. Instrução Técnica 17. Brigada de Incêndio, ed. 2017.

_______. CBPMESP. Manual de Fundamentos de Bombeiros, São Paulo: 1998.

_______. CBMRJ. Manual Básico de Bombeiro Militar. Volume III. Rio de


Janeiro: 2014.

_______. CBMDF. Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo II. Brasília:


2014.

185
REFERÊNCIAS

_______. CBMDF. Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo III - Técnicas


de Combate a Incêndio, CBMDF, 2ª Edição. Brasília: 2012.

_______. CBMES. Manual Técnico de Combate a Incêndio Urbano, Espírito


Santo: 2014.

_______. CBMGO. Fundamentos de Combate a Incêndio. 1ª Edição. Goias:


2016.

_______. NFPA. National Fire Protection Association 600. Standart on


Industrial Fire Brigades, edtion, 2000.

_______. NFPA. National Fire Protection Association 1001. Standart for Fire
Fighter Professional Qualification, edtion, 1997.

_______. NFPA. National Fire Protection Association 1971. Standard on


Protective Ensembles for Structural Fire Fighting and Proximity Fire Fighting, edtion,
2018.

_______. NFPA. National Fire Protection Association 1981. Standard on


Open-Circuit Self-Contained Breathing Apparatus (SCBA) for Emergency Services This
standard establishes levels of respiratory protection and functional, edtion, 2019.

_______. NR 23. Proteção Contra Incêndios. Normas Regulamentadoras


Comentadas. 8ª ed.. Vol 2, ver. Ampl. E atual, Rio de Janeiro, 2013.

DE CASTRO, Carlos Ferreira et al. Combate a Incêndios Urbanos e Industriais.


Escola Nacional de Bombeiros (Portugal). Sintra, 2005.

FILHO, Gilberto Villa real. Combate a Incêndios e Controle de Pânico. 1. ed.


Brasília – DF. 2017.

FREITAS, Osvaldo N.; SÁ, José Marques de. Manual técnico-profissional para
bombeiro. 3. ed. Brasília – DF. 1993.

LIMA JUNIOR, Francisco Gomes de. Organização e Gestão de Brigadas de


Incêndio e Coordenação de Corpos de Bombeiros Voluntários. 1. ed. Brasília
– DF. 2017.

_______. Prevenção, Combate a Incêndios, Controle de Pânico e Salvamento


em Eventos de Grande Porte. 1. ed. Brasília – DF. 2017.

MENDES, José, Manuel, (2007) – “Vulnerabilidade Social, Risco e


Segurança das Populações: o Papel do Planeamento”, in Riscos Públicos

186
REFERÊNCIAS

e Industriais, C. Guedes Soares, A. P: Teixeira e P. Antão (Eds.), Edições


Salamandra, Lisboa, pp. 33-44.

RIO DE JANEIRO. Decreto no 897 de 21 de setembro de 1976, Código de Segurança


Contra Incêndio e Pânico – COSCIP e Legislações complementares. Dispõe
sobre segurança contra incêndio e pânico. Poder executivo. Rio de Janeiro, RJ, 1976.

SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo


Capitalismo. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 2000.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo:


Pioneira, 1992.

Sites
<http://www.voluntersul.com.br/conteudos/ver/2/Bombeiros-Voluntarios.html>.

<http://www.cbm.rs.gov.br/legislacao>.

<http://www.brigadamilitar.rs.gov.br/bombeiros>.

<https://leismunicipais.com.br/a/rs/r/rio-grande/lei-ordinaria/2015/795/7955/lei-
ordinaria-n-7955-2015>

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9608.htm>.

<http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/04/ser-bombeiro-voluntario-e-
tradicao-de-mais-125-anos-em-santa-catarina.html>.

<http://globotv.globo.com/rbs-sc/jornal-do-almoco-sc/v/selecao-para-bombeiros-
voluntarios-em-joinville/2413414>.

<http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/a-carreira-de-um-
bombeiro-passo-a-passo>.

<http://www.cbvj.com.br/portugues/home.asp>.

<http://abvesc.atspace.org/>.

<http://www.voluntersul.com.br/>.

<http://www.bombeirosvoluntarios.com.br/site/arquivos_internos/index.php>.

<http://www.bombeiros.pt/legislacao/legislacao.php>.

187
REFERÊNCIAS

< http://www.sossul.com.br/botas>.

<http://www.sossul.com.br/capacete-hercules>.

< http://www.superepi.com.br/luva-para-combate-a-incendio-impermeavel-job-fire-
ca-28833-p603/?afiliadoid=45&varid_603=1215&gclid=EAIaIQobChMI2ZeE69qv3w
IVCQiRCh1fmgCUEAkYASABEgJpXPD_BwE>.

<http://www.jobeluv.com.br/index.php?p=8_13>.

<http://www.balaska.com.br/novosite/produtos/tyvek/tychem_tk.html>.

<http://www.sossul.com.br/capuz-balaclava>.

<http://www.sossul.com.br/roupas-bombeiros>.

<http://br.msasafety.com/search?text=mascara+autonoma&_requestConfirmationT
oken=ca47c3ab81f3312402b6113c0bac72b88228eddd>.

<http://www.sossul.com.br/bota-cwl-fire-10>.

<http://www.sossul.com.br/combate-a-incendio>.

<http:// http://br.msasafety.com/>.

<http://www.defesacivil.ce.gov.br/index.php?option=com_phocadownload&view=ca
tegory&id>.

<http://www.infoleg.gov.ar/infolegInternet/anexos/50000-54999/54903/texact.
htm>.

<http://www.abeoc.org.br/wp-content/uploads/2014/02/cartilha_evento-seguro_
web.pd>.

< https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/evacua%C3%A7%C3%A3o>.

188

Você também pode gostar