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Patologia das Estruturas

Brasília-DF.
Elaboração

Daniela Glizt S. de Carvalho, M.A.

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
ESTRUTURAS DE CONCRETO................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 1
LINHA DO TEMPO E EVOLUÇÃO ............................................................................................. 11

CAPÍTULO 2
MATERIAIS DE COMPÕEM A MISTURA ..................................................................................... 15

CAPÍTULO 3
NORMAS TÉCNICAS ............................................................................................................... 28

UNIDADE II
PATOLOGIA.......................................................................................................................................... 30

CAPÍTULO 1
PATOLOGIAS EM CONCRETO ARMADO................................................................................... 30

CAPÍTULO 2
AGENTES CAUSADORES ......................................................................................................... 38

CAPÍTULO 3
ANÁLISE DAS POSSÍVEIS CAUSAS.............................................................................................. 46

UNIDADE III
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS.................................. 51

CAPÍTULO 1
FISSURAS E EFLORESCÊNCIAS ................................................................................................. 51

CAPÍTULO 2
CORROSÃO DE ARMADURAS E FLECHAS EXCESSIVAS.............................................................. 58

CAPÍTULO 3
MANCHAS NO CONCRETO APARENTE E NINHOS DE CONCRETAGEM...................................... 64
UNIDADE IV
ESTRUTURAS METÁLICAS........................................................................................................................ 69

CAPÍTULO 1
PERFIL DO SETOR – PROJETOS E MONTAGEM.......................................................................... 71

CAPÍTULO 2
MONTAGEM DA ESTRUTURA METÁLICA..................................................................................... 78

CAPÍTULO 3
PATOLOGIAS NAS ESTRUTURAS DE AÇO................................................................................... 81

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 87
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução

A construção civil passou por um excelente momento de crescimento até meados


de 2014, impulsionada pelo crescimento da economia que disponibilizou crédito
à população com menor poder aquisitivo por meio do programa habitacional
“Minha Casa, Minha Vida” e juros mais competitivos para empresários do
setor, gerando um número expressivo de empreendimentos imobiliários. O
setor também praticamente “ferveu” com obras ligadas a infraestrutura urbana
objetivando atender à Copa do Mundo, beneficiando muitos estados brasileiros,
e, especificamente na cidade do Rio de Janeiro, houve o incremento das obras
ligadas às Olimpíadas de 2016.

Somente com a Copa do Mundo, estima-se um investimento na ordem de 35


bilhões, e este número poderia ter sido muito maior se toda a infraestrutura
programada tivesse sido efetivamente entregue no período previsto. Não só o
setor de construção, mas toda a cadeia produtiva foi beneficiada neste período.

Atrelado a esse desenvolvimento econômico, as construções imprimiram novos


parâmetros de velocidade executiva, ou seja, a necessidade de cumprimento
de menores prazos para entrega dos empreendimentos elevaram a qualidade
dos planejamentos, busca por aprimoramento tecnológico, padronização dos
materiais e serviços com custos enxutos, e à manutenção de um excelente padrão
de qualidade.

Muitas empresas deixaram a construção artesanal e passaram a pensar e


principalmente a agir como a indústria, considerando o empreendimento com
diversas linhas de produção. Para tanto, a existência dos projetos executivos nas
diversas disciplinas envolvidas, totalmente compatibilizados e detalhados, se faz
necessária antes do início da construção. Essas mesmas empresas conseguiram
obter excelentes resultados durante o período econômico crescente.

Outra observação importante no período foi que, com o acréscimo das exigências
dos consumidores – impulsionados pelo CDC (Código de Defesa do Consumidor)
e, claro, pelo elevado investimento em um sonho, a casa própria –, exigir
adequado padrão de qualidade passou a ser a nova realidade a ser atendida pelas
incorporadoras e construtoras.

Todavia, é importante ressaltar que, assim como qualquer produto, a edificação


também tem um ciclo de vida útil, que sofrerá influência devido à qualidade de

8
sua construção e, principalmente, à existência ou não de manutenções periódicas.
Sobre a qualidade da construção, caberá ao construtor providenciar as correções e
reparos necessários. A existência de uma patologia poderá ocorrer devido a vários
fatores: falhas no projeto, má qualidade de materiais, mão de obra inadequada,
falta de planejamento etc. Negligenciar as correções refletirá, para o proprietário,
na desvalorização do seu imóvel; já para a construtora, resultará em propaganda
negativa, comprometendo assim vendas futuras.

Com relação às manutenções periódicas, durante a vida útil do empreendimento,


dependerá do condomínio, mas é importante ressaltar que, quanto mais rápida a
resolução dos pequenos problemas, melhor será possível evitar os grandes.

Entre as patologias mais comuns observadas na construção civil, podemos


ressaltar as nas estruturas de concreto, que podem ou não influenciar a
durabilidade e a segurança da edificação.

Objetivos
Este material objetiva atender os requisitos propostos pela ementa do curso
apresentando:

» Conceito e tipos de patologias.

» Verificação dos principais agentes causadores.

» Apresentação das manifestações patológicas.

» Diagnósticos, recuperação e custos para reparos dos danos.

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10
ESTRUTURAS DE UNIDADE I
CONCRETO

CAPÍTULO 1
Linha do tempo e evolução

Um tipo de concreto obtido com a mistura de cal e pozolana já era utilizado na


Roma antiga, porém esses materiais eram somente provenientes da extração
natural de cinzas vulcânicas, acrescidas de cal e água do mar; o material resultante
se tornava mais forte com o acréscimo de tempo.

Figura 1. Roma antiga.

Fonte: http://www.minutoengenharia.com.br/uploads/posts/595/como-era-feito-o-concreto-da-roma-antiga.jpg.

A produção industrializada do cimento Portland se iniciou na Inglaterra em


princípios do século XVIII; assim, foi possível pensar em dosagens especificas de
agregados e cimentos endurecidos a partir da adição de água. A pedra endurecida
ficou conhecida como concreto simples.
11
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

Mesmo com a sua anterior utilização, somente em 1824 foi desenvolvido um


processo para a produção do cimento Portland, cujo idealizador foi o empreiteiro
Joseph Aspdin. Podemos verificar, a seguir, as imagens dos fornos desenvolvidos
para a produção. O material recebeu esse nome devido à semelhança com pedras
calcárias da Ilha de Portland, na Inglaterra.

Figura 2. Fornos de aparência de garrafas.

Fonte: https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.028/748/pt.

Podemos citar outras datas marcantes na evolução e utilização do concreto pelo


mundo:
Figura 3. Evolução do concreto – linha do tempo.

Uso de Ensaios sobre o Compra da Teoria de Utilização


material concreto armado patente de dimensionamento de do concreto
semelhante e publicação de Monier e elementos em concreto em escala
ao concreto resultados (Haytt) revenda armado (Mörsch) mundial

Barco em argamassa de Protensão Desenvolvimento dos


cimento, areia e fios de de armadura princípios do concreto
arame (Lambot) (Döhring) protendido (Mörsch e Koenen)
Tempos
romanos 187 188 188 194
184 190 191
9 7 4 8 0 2 5

1824 186 187 188 189 190 192


Vasos de 1 8 6 2 4
Patentes de 8
Fabricação flores Novas Primeira Reconhecimento
do cimento patentes e viga com norma sobre da importância
em
Portland divulgação armação o concreto da protensão na
argamassa armado
(Aspidin) do (Hennebique) construção civil
de cimento,
areia e malha concreto
de aço, início em outros Wayss compra patentes de Monier, funda
da divulgação países empresa que realiza ensaios e publica resultados
do concreto (Monier) que inspiram Koenen a desenvolver uma base de
(Monier) cálculo para o concreto

Fonte: PORTO; FERNANDES, 2015.

12
ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

Concreto armado no Brasil


Apesar de inventado na Europa, o concreto armado foi amplamente difundido em
diversos países, chegando ao Brasil no final do século XIX.

Primeiramente aplicado em tubulações hidráulicas, passou rapidamente a ser


utilizado nas edificações, permitindo que verticalizações atingissem grandes alturas,
vencessem grandes vãos etc. Importante destacar que os cálculos estruturais, a
princípio, eram desenvolvidos no exterior. Entre os edifícios altos (mais de 100
metros) construídos no Brasil utilizando o concreto armado, na década de 1930,
podemos destacas o edifício Martinelli, na cidade de São Paulo, e o edifício
conhecido como A Noite, no município do Rio de Janeiro, este considerado como
um mirante da cidade por muitos anos.

Figura 4. Edifício A Noite – 102 metros de altura.

Fonte: https://diariodorio.com/wp-content/uploads/2015/05/A-Noite-Edificio.jpg.

Em 1924, ocorreu uma expansão da utilização do concreto armado no Brasil a


partir da associação entre a Companhia Construtora em Cimento Armado e a
empresa Wayss & Freytag, possibilitando também a formação de engenheiros
brasileiros. Apesar do desenvolvimento de outros materiais para execução das
estruturas, o concreto foi e é ainda hoje muito utilizado no Brasil.
13
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

Quando falamos nas propriedades plásticas do concreto, não podemos deixar


de mencionar que um dos maiores arquitetos brasileiros: Oscar Niemeyer foi um
pioneiro na exploração dessas propriedades, utilizando muitas curvas e formas
ousadas em seus projetos, viabilizadas a partir da utilização do concreto armado.

14
CAPÍTULO 2
Materiais que compõem a mistura

Devido a sua qualidade, flexibilidade e resistência, o concreto é amplamente


utilizado na construção civil no Brasil e em outros países. Contudo, sua eficiência é
reduzida à medida que há baixa qualidade em sua mensuração, emprego e aplicação.
Para estudarmos as patologias encontradas no concreto armado, se faz necessário
iniciarmos conceituando os elementos envolvidos.

Figura 5. Misturas: Concreto – Pasta – Argamassa.

Concreto = aglomerantes + água + agregado miúdo + agregado graúdo

Pasta

Argamassa

Fonte: (CLÍMACO, 2008, p.33 – adaptado).

Conhecemos como “concreto simples” a mistura acima descrita, cuja durabilidade


é semelhante à da pedra natural; possui excelente resistência a compressão,
ainda de fácil trabalhabilidade, transporte e moldagem. Todavia, quando a
força solicitada é de tração, passa a resistir de 1/5 a 1/15 quando comparada à
resistência à compressão.

Após estudos visando aumentar a resistência à tração, principalmente em peças


submetidas a flexão, a mistura passaria a utilizar barras de aço, surgindo assim o
concreto armado. A ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas –, em sua
publicação NBR 6118 (2003) – Projeto de Estrutura de Concreto – Procedimento,
apresenta as seguintes definições sobre o tema.

» Elementos de concreto simples estrutural: elementos


estruturais elaborados com concreto que não possuem qualquer
tipo de armadura, ou que a possuem em quantidade inferior ao
mínimo exigido para o concreto armado.

15
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

» Elementos de concreto armado: aqueles cujo comportamento


estrutural depende da aderência entre o concreto e armadura, e nos
quais não se aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da
materialização dessa aderência.

Figura 6. a. Concreto simples b. Concreto armado.

Concreto Compressão

fissuras armaduras Tração

Fonte: http://arquitetandoestruturas.weebly.com/uploads/7/4/0/3/74037971/9443831.jpg?488.

Mas, antes de citar todas as normas envolvidas na fabricação e execução dos


diversos serviços que utilizam o concreto simples ou armado, é preciso conceituar
os elementos que compõem essa mistura, conforme apresentado na Figura 6.

Cimento Portland
Anteriormente mencionado neste texto, apresentamos, a seguir, o processo
de fabricação do cimento Portland com maior detalhamento. Atualmente
encontramos variações mais específicas do produto inicial, ou seja, além do
cimento comum, encontramos no mercado os cimentos especiais e compostos.

A temperatura para a obtenção do cimento tipo Portland, por meio da calcinação,


chega a em torno de 1.500 °C. Para sua obtenção, temos, na mistura, calcário,
argila composta por quantidades de alumínio e ferro, e a gipsita com elevado teor
de finura, conhecida como “material controlador da pega”.

Obtemos, após o resfriamento desses insumos, um produto aglomerado em partes


com dimensão variáveis de 2 a 20 mm – somente após a moagem desse material
final, que possui o nome de clínquer, é que temos o cimento Portland.

16
ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

Cimento Portland comum (CPI/CPI-S)

O cimento Portland é o mais usual, uma vez que é utilizado sempre que as
características da construção não exigem propriedades especiais, como atingir
uma resistência ainda mais elevada ou a um determinado agente agressivo.

Sua classificação é dada por CP 1-25, CP 1-32 e CP 1-40, conforme a resistência (em
MPa), alcançada aos 28 dias. A verificação é realizada por meio de corpos-de-prova
moldados rompidos pelo método MB-1 (NBR – 7215).

Cimento Portland de alta resistência inicial


(CP V-ARI)

Utilizado quando se necessita de alta resistência inicial, trata-se do aglomerante


hidráulico. Pode obter essa característica: por alteração da composição química;
por um maior tempo de cozedura e temperaturas mais elevadas; intensificando-se o
processo de moagem do clínquer.

Esse material é recomendável quando a peça estrutural necessitar desformar


rapidamente por questões emergenciais, por exemplo. Todavia, como este cimento
desprende um maior calor de hidratação do que o cimento CPI, é possível o
aparecimento de fissuras. Outro problema observado diz respeito ao seu maior
teor de Ca(OH), o que pode representar uma menor durabilidade do que o cimento
comum.

Cimento Portland de alto-forno (CP III)

É o resultado da mistura de clínquer, ainda não passada pelo processo de moagem


final com a escória de alto-forno. Ou seja, os dois materiais passam juntos
pela moagem final. Uma das suas vantagens em relação ao cimento comum diz
respeito ao calor de hidratação, que, neste caso, é mais lento, sendo também
mais resistente a sulfatos.

É importante ressaltar que o aparecimento das vantagens ocorre somente quando


a substituição pela escória for superior a 40% da mistura total. Sua indicação é
para concretagem de grandes peças; essa quantidade de escória, todavia, pode
resultar em um endurecimento mais lento, o que pode incrementar o processo de
cura.

17
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

Cimento Portland resistente aos sulfatos

O material resistente a sulfatos deve possuir uma composição diferenciada na


mistura quando comparado à utilização de cimento comum. Entre as principais
alterações, destacamos que:

» o teor de C3A do clínquer seja igual ou inferior a 8%, e cujo teor


de adições carbonáticas seja igual ou inferior a 5% da massa do
aglomerante total;

» o teor de escória granulada de alto-forno (CP III) esteja entre 60% e


70%;

» o teor de materiais pozolânicos (CP IV) esteja entre 25% e 40%;

» tenham antecedentes com base em resultados de ensaios de longa


duração, ou referências de obras que comprovadamente indiquem
resistência a sulfatos.

Cimento Portland pozolânico (CPIV)

Para a produção deste material, é utilizada a mistura do clínquer de cimento e


cimentos pozolânicos, variando o percentual de utilização deste material em
relação à mistura entre 15% e 50%.

Estes materiais pozolânicos podem ser naturais (cinzas vulcânicas) ou produzidos


artificialmente (cinzas resultantes da combustão do carvão). Constituídos por sílica
e alumina, quando em contato com hidróxido de cálcio e água, formam um material
análogo ao cimento

Cimento Portland branco estrutural (CPB)

Conhecido mais como cimento branco, principalmente devido a sua coloração,


uma vez que possui baixos teores de óxido de ferro e manganês, é alcançado por
processo de moagem e resfriamento diferenciado do cimento Portland comum.
Para que seja considerado cimento branco, deve possuir um índice de brancura
superior a 78%. Esse cimento é regulamentado pela norma NBR 12989 e possui
duas subdivisões: o cimento Portland branco estrutural e o não estrutural.

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ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

A produção do cimento branco utiliza calcário branco, e a sua resistência é


muito superior ao produto tradicional. Mais utilizado em projetos nos quais
temos a moldagem de peças específicas (arquitetura mais arrojada), devido a sua
flexibilidade.

Figura 7. Cimentos brasileiro e normas.

Designações Classes Norma ABNT

CP I-25

Cimento Portland comum CP I-32 NBR – 5732

CP I-40

CP I-S-25

Cimento Portland comum CP I-S-32 NBR – 5732

CP I-S-40

CP II-E-25

Cimento Portland composto CP II-E-32 NBR – 11578

CP II-E-40

CP II-Z-25

Cimento Portland composto CP II-Z-32 NBR – 11578

CP II-Z-40

CP II-F25

Cimento Portland composto CP II-F-32 NBR – 11578

CP II-F-40

CP III – 25

Cimento Portland de alto-forno CP III – 32 NBR – 5735

CP III – 40

CP IV – 25
Cimento Portland pozolânico NBR – 5736
CP IV – 32

Cimento Portland de alta CP V – ARI NBR – 5733


resistência inicial

Fonte: (SOUZA; RIPPER, 1998).

19
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

Figura 8. Resistência e durabilidade dos cimentos fabricados no Brasil.

Influências Comum e Alto-forno Pozolânico ARI Resistente Branco


composto aos estrutural
sulfatos

Resistência à Padrão Menor nos Menor nos Muito Padrão Padrão


compressão primeiros primeiros maior nos
dias e dias e maior primeiros
maior no no final da dias
final da cura
cura

Calor gerado na Padrão Menor Menor Maior Padrão Maior


reação cimento x
água

Impermeabilidade Padrão Maior Maior Padrão Padrão Padrão

Resistência aos Padrão Maior Maior Menor Maior Menor


agentes agressivos

Durabilidade Padrão Maior Maior Padrão Menor Padrão

Fonte: http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/sistemas-construtivos/3/concreto-preparado-na-obra/execucao/58/
concreto-preparado-na-obra.html.

O crescimento da produção de cimento pelo mundo é continua, China, Índia e


Estados Unidos, juntos respondem por 66 por cento de todo cimento produzido
no mundo.

Figura 9. Vendas em milhões de toneladas.


VENDAS EM MILHÕES DE TONELADAS

120

VENDAS EM MILHÕES DE TONELADAS


100
2016 X 2017
80

60

40

20

Lafarge Holcim HeidelbergCement Cemex UltraTech Cement Dangote

1° semestre 2016
1° semestre 2017

Fonte: https://cimento.org/wp-content/uploads/2017/09/Vendas-Cimento-dos-Maiores-do-mundo-em-2017-768x483.png.

20
ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

Água
A quantidade de água utilizada na mistura define o que se chama de “fator
água/cimento” (Figura 10), que influencia diretamente na resistência final do
concreto.

A estrutura pode desenvolver sintomas patológicos graves caso seja empregada


água não-potável ou com forte presença de cloretos, pois pode contribuir de modo
significativo para o efeito corrosivo nas armaduras de aço.

Figura 10. Decréscimo da resistência à compressão com o aumento do fator água/cimento.

50
50
Resistência à compressão –
à compreensão – MPa

40
40

30
30

20
20
Resistência

20
10
MPA

0
0
0,4 0,4 0,6 0,6 0,8 10,8 1,2 1 1,2
Relação água/
Relação cimento
água/cimento

Fonte: (SOUZA; RIPPER, 1998).

Agregados
A utilização de agregados nas misturas de concreto aumenta sua resistência
quanto aos esforços mecânicos, além de reduzir a retração na peça. Considerados
inicialmente inertes, é sabido que possuem características químicas e físicas que
são capazes de intervir no comportamento do concreto.

Quando da sua utilização, devem ser verificados o teor de umidade – uma vez que
pode alterar o fator água/cimento – e a existência de materiais que podem conter
carbono ou torrões de argila, que reduzem a qualidade da mistura final.

A granulometria utilizada deve ser tal que permita a trabalhabilidade e


uniformidade, tendo grande influência sobre a qualidade final. Assim, torna-se
possível uma importante redução da quantidade de pasta de cimento para uma
produção de material com excelente qualidade.
21
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

Os agregados utilizados no concreto de cimento Portland são os graúdos (britas)


e os miúdos (areias), cada um com determinada função e propriedade específica.
Para os agregados miúdos, o ideal é termos um material com boa distribuição
granulométrica, não somente de um único tamanho. Outro fator importante que
já foi comentado anteriormente é o fator água/cimento; logo, saber o teor de
umidade da areia é essencial para não comprometer a durabilidade e a resistência
da estrutura.

Figura 11. Agregados para concreto.

Fonte: https://www.visualconcretos.com.br/wp-content/uploads/2018/11/agregados-para-concreto-768x330.jpg.

A areia é necessária para possibilitar as reações químicas do cimento, as quais


são chamadas de “reações de hidratação”, que irão garantir as propriedades de
resistência e durabilidade do concreto. Também têm a função de proporcionar seu
manuseio.

Já para os agregados graúdos (britas), devemos verificar a dimensão das peças


a serem concretadas, bem como se serão ou não armadas (utilização de aço na
estrutura), visando a utilização de dimensões adequadas. É importante que
não haja uma grande quantidade de material pulverulento, uma vez que pode
exigir uma maior quantidade de água, ocasionando assim acréscimo de cimento
Portland na mistura e consequente aumento do custo.

Outro controle que se faz necessário é do formato dos grãos. Para tanto, temos
que verificar o índice de forma do agregado, que é a relação entre a maior e
a menor dimensão de grão (altura e comprimento). O resultado melhor será o
menor índice de forma, pois teremos uma redução de vazios, o que também terá
grande influência no consumo do cimento e, consequentemente, no custo final
da mistura.

22
ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

Aditivos
Os aditivos utilizados na mistura do concreto de cimento Portland têm como
objetivo melhorar as propriedades do concreto fresco, mas também após o
seu endurecimento. As substâncias químicas que compõem os aditivos serão
misturadas ao concreto em dosagens previamente estudadas para que, no
momento da utilização, seu preparo seja facilitado.

Entre as principais vantagens dos aditivos podemos destacar:

» aumento da plasticidade do concreto sem acréscimo de água;

» redução da segregação e exsudação;

» aumento ou redução rápida do incremento da resistência;

» redução do calor de hidratação; e

» aumento da durabilidade do concreto.

Figura 12. Adição de aditivo ao concreto.

Fonte: https://s3.amazonaws.com/mapa-da-obra-producao/wp-content/uploads/2018/12/aditivos-de-concreto.jpg.

A utilização dos aditivos no concreto é importante para a construção civil, sua


utilização sendo possível em pequenas, médias e grandes obras, principalmente à
medida que se almeja uma excelente qualidade final.

A adição deste produto é feita durante o processo de preparação da mistura,


em quantidade não superior a 5% em relação à massa do material. Normalmente
apresenta-se em forma liquida ou em pó.

23
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

Aço
O aço é obtido através da mistura de minério de ferro, coque (retirado de
carvão mineral), e fundentes (como as “castinas”, que são argilas calcárias,que
funcionam também como corretor de pH), que são sintetizados em um
equipamento chamado alto-forno, sob temperaturas da ordem de 1500 ºC
(FREITAS, 2007). O aço é uma liga de ferro e carbono adicionada a outros
elementos como o silício, fósforo enxofre etc., sendo que seu teor de carbono
pode variar de 0% a 1,7%.

O aço adere ao concreto, não permitindo que haja nenhum tipo de escorregamento
do vergalhão interno das peças. Sua aderência decorre da existência das nervuras
ou entalhes na barra. Para dessa aderência entre aço e concreto, é utilizada uma
medida quantitativa baseada no coeficiente de conformação superficial das barras
(η), conforme a NBR 7480:2007 a qual estabelece seus valores mínimos.

Figura 13. Valores mínimos de η para φ ≥ 10 mm conforme a NBR 7480:2007.

Categoria CA-25 CA-50 CA-60

Coeficiente de conformação
superficial para Ø ≥ 10mm 1,00 1,50 1,50

Fonte: http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/concreto/Textos/03%20Acos.pdf.

Para as barras lisas, também é possível encontrar este efeito, em razão das
irregularidades existentes próprias destas barras quando do processo de laminação.

Figura 14. Barras de aço para a construção civil.

Fonte: https://www.redfer.com.br/images/artigos/barras-de-aco-para-construcao-civil.jpg.

24
ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

Quando executado em uma espessura mínima, conhecida como “cobrimento”, e a


relação de água e cimento estiverem dimensionados adequadamente, a interação
entre os dois permite a proteção da armadura tanto fisicamente (cobrimento da
armadura) como quimicamente (alcalinidade do concreto).

Para que seja utilizado na construção civil, o aço deve possuir as seguintes
características:

» boa resistência a corrosão;

» elevado valor da relação entre limite de resistência e limite de


escoamento;

» homogeneidade;

» ductilidade; e

» soldabilidade.

Vantagens e desvantagens do uso do


concreto simples ou armado
Como todo procedimento ou material empregado, a utilização do concreto armado
nas obras possui vantagens e desvantagens. Bastos (2006) cita as vantagens no seu
uso:

» Economia: especialmente no Brasil, os seus componentes são


facilmente encontrados e relativamente a baixo custo.

» Conservação: em geral, o concreto apresenta boa durabilidade,


desde que seja utilizado com a dosagem correta. É muito importante a
execução de cobrimentos mínimos para as armaduras.

» Adaptabilidade: favorece a arquitetura, por sua fácil modelagem.

» Rapidez de construção: a execução e o recobrimento são


relativamente rápidos.

» Segurança contra o fogo: é assegurada caso haja um cobrimento


mínimo adequado.

» Impermeabilidade: é assegurada desde que dosado e executado de


forma correta.

25
UNIDADE I │ ESTRUTURAS DE CONCRETO

» Resistência a choques e vibrações: os problemas de desgaste


mecânico e fadiga são menores.

Também encontramos uma série de desvantagens na utilização do concreto,


tendo como as principais:

» peso próprio elevado, relativamente à resistência;

» reformas e adaptações de difícil execução;

» fissuração (ocorre e deve ser controlada); e

» baixo grau de proteção térmica, transmite calor e som.

Quanto à durabilidade do concreto, será necessário avaliar diversos aspectos


quando da fabricação e seus materiais, aplicação, projeto etc.

Durabilidade da estrutura

Em certos ambientes, a estrutura é relativamente afetada por ações físicas, como


a variação de temperatura e ação da água, além de outros elementos químicos,
como elementos ácidos, sulfatos e cloretos. Com a interação dessas ações químicas
diretamente na estrutura, seu estado inicial será modificando e não exercerá a
funcionalidade inicialmente projetada que o aço tem com o concreto.

Podemos analisar se a estrutura foi projetada adequadamente, desde sua


concepção de projeto, no qual podemos considerar diversos fatores para
determinarmos o quão durável ela é.

Envelhecimento e deterioração

Agressividade em ambientes

Para determinar a agressividade, a norma da ABNT NBR 6118 2003 relaciona


as ações físicas e químicas nos ambientes que interagem diretamente com
os elementos estruturais, independentemente de serem ações mecânicas,
hidráulicas e outras previstas em seu dimensionamento. Podem ser classificadas
de acordo com o ambiente e risco de deterioração da estrutura, de um nível de
risco insignificante até um grau elevado de deterioração.

Em ambientes mais agressivos, essa interação entre elementos estruturais


funciona de forma diferente, além de sua durabilidade e fatores externos que nela
implicam.

26
ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

Em áreas litorâneas, as construções próximas ao mar estão predispostas a fatores


ambientais, que acabam sendo agressivos às estruturas de concreto armado, o que,
muitas vezes, é maior na parte externa do que na estrutura interna do elemento.

27
CAPÍTULO 3
Normas técnicas

A normatização brasileira foi criada em 1940 e nomeada ABNT (Associação


Brasileira de Normas Técnicas), tendo sua primeira norma denominada como
NB-1.

Com relação especificamente à execução e utilização do concreto, temos uma


série de normas técnicas visando uma padronização, a mantendo e indicando
materiais de qualidade para as obras. Antes dessa padronização, tínhamos
muitos problemas com relação ao insumo utilizado e consequentemente ao
produto final.

Tal mudança agregou qualidade tanto para consumidores como para as empresas,
e seus fornecedores possuem padrão estabelecido de excelência. As exigências para
adequação e fornecimento por parte das usinas é grande; todavia, resultam no
crescimento das indústrias.

O concreto se difere de acordo com a especialidade, seja uma obra de pequeno


ou médio porte, seja uma obra industrial, seja uma obra de infraestrutura, como
rodovias e pontes. Cada obra dessas tem suas normas técnicas específicas e bem
regulamentadas.

Essas normas são chamadas de NBR, abreviação para “Normas Brasileiras”. A NBR
não está vinculada somente ao concreto, mas estabelece diretrizes e orientações
acerca de milhares de materiais, produtos e serviços.

Figura 15. Industria de cimento Portland.

Fonte: https://blog.apl.eng.br/wp-content/uploads/2018/08/233285-norma-abnt-as-exigencias-tecnicas-para-o-concreto-de-
cimento-portland.jpg.

28
ESTRUTURAS DE CONCRETO │ UNIDADE I

Especificamente para projetos de concreto – sendo este simples, armado ou


protendido – utilizamos a norma NBR 6118 (2003), que estabelece os requisitos
exigíveis para as estruturas. Além da NBR 6118 (2003), podemos citar uma série
de normas específicas para a fabricação e utilização do concreto, entre as quais
destacamos:

» NBR 6118 (2003): Projeto de estruturas de concreto – Procedimento.

» NBR 9607 (1986): Provas de carga em estruturas de concreto armado


e protendido.

» NBR 7480 (1996): Barras e fios de aço destinados a armaduras para


concreto armado.

» NBR 6122 (1988): Forças devido ao vento em edificações –


Procedimento.

» NBR 6120 (1980): Cargas para o cálculo de estruturas de


edificações.

» NBR 14931 (2003): Execução de estruturas de concreto –


Procedimento.

» NBR 8548 (1984): Barras de aço destinadas a armaduras para


concreto armado com emenda mecânica ou por solda – Determinação
da resistência à tração.

» NBR 7211 (2005): Agregados para concreto – Especificação.

» NBR 7191 (1982): Execução de desenhos para obras de concreto


simples ou armado.

» NBR 12654 (1992): Controle tecnológico de materiais componentes


do concreto.

» NBR 12655 (1996): Concreto – Preparo, controle e recebimento.

29
PATOLOGIA UNIDADE II

Quando remetemos ao conceito de “patologia” encontramos, em diversos


dicionários, o significado relacionado à ciência médica, ou seja, como a
ciência que estuda a origem, os sintomas e a natureza das doenças. De modo
geral, podemos dizer que a definição leva ao entendimento de investigação e
classificação das causas, processos, sintomas etc.

CAPÍTULO 1
Patologias em concreto armado

Mencionamos o surgimento do concreto e todos os benefícios que apresenta, o


que fez com que sua utilização se expandisse. À medida desse aumento, foi sendo
verificado o aparecimento de manifestações patológicas, que tinham diversas
origens, dentre elas a utilização de mão de obra com baixa qualificação, além de
má qualidade e má utilização do próprio material.

Não só no Brasil como em todo mundo, ocorreu a utilização em massa do


concreto armando, inicialmente focado em habitações, executadas com cada vez
maior velocidade, e também em obras de arte, sendo possível vencer grandes
vãos. Visando melhor entendimento, se faz necessário apresentar o conceito de
patologia em concreto armado utilizado por estudiosos no tema.

Segundo Helene (1992), se entende por patologia do concreto armado a


ciência que estuda os mecanismos, sintomas, origens e causas dos problemas
patológicos que podem ser encontrados em estruturas de concreto armado.
Lembrando que, para qualquer dano, existe a possiblidade de vários fatores
serem responsáveis. Estes danos podem causar desde apenas alguns incômodos
para aqueles que irão utilizar a obra posteriormente ao seu término – tais
como pequenas infiltrações – até problemas que podem levar, em seu pior
cenário, ao colapso da estrutura.

30
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Figura 16. Patologia – nicho de concretagem.

Fonte: https://www.ecivilnet.com/dicionario/images/nicho-de-concretagem.jpg.

Uma obra, da mesma forma que um ser vivo, encontra-se submetida à ação de
elementos tais como calor, umidade, ventos, geadas etc., além de ter que suportar
ações mecânicas, que podem cansá-la, fadigá-la e inclusive feri-la (CÁNOVAS, 1988).

Objetivamente, as causas da deterioração podem ser as mais diversas,


do envelhecimento “natural” da estrutura aos acidentes, e, até mesmo, a
irresponsabilidade de alguns profissionais, que optam pela utilização de materiais
fora das especificações, na maioria das vezes, por alegadas razões econômicas
(SOUZA, 1998).

É importante destacar que, apesar de ser um material inerte, o concreto armado


está sujeito a ocorrência de manifestações patológicas ao longo de sua vida. Isso
ocorre devido às interações entre os diversos elementos que o constituem, o
cimento, agregados graúdos e miúdos e aditivos. Essa mistura, em conjunto com
diversos agentes externos, tais como ácidos, gases, e micro-organismos, podem
resultar em diversos problemas na estrutura, com maior ou menor gravidade.

A partir do início da construção, ela está suscetível à ocorrência de falhas das


mais diversas naturezas, associadas a várias causas, como falta de mão de obra
qualificada, controle de qualidade reduzido, execução da obra com pouca ou quase
nenhuma qualidade, condições ruins de trabalho para os funcionários, materiais
de má qualidade, irresponsabilidade técnica dos responsáveis que executam
e coordenam a obra e até mesmo possíveis sabotagens. Podem-se citar como

31
UNIDADE II │ PATOLOGIA

exemplos de patologias geradas por erros na execução de estruturas de concreto


armado: falta de barras de aço – gerando trincas nas vigas –, mau escoramento das
formas – gerando trincas – e a não vibração correta do concreto (TAKATA, 2009).

Na maioria das vezes, apenas quando a estrutura está com aspecto ruim,
apresentando anomalias, é que se busca verificar a causa para posterior tomada
de decisão sobre o que é urgente e imediato e o que pode esperar.

Acidentes

Edifício Palace 2

O, construído pela empresa do deputado Sérgio Naya, com 22 andares e 174


apartamentos, desabou em 1998. Entre as hipóteses sobre o ocorrido, destacamos:

» falta de manutenção;

» material e execução (pilares e vigas segregados) de baixa qualidade;

» “erro” de projeto (subdimensionamento de pilares);

» deficiência no cobrimento que protege o concreto da corrosão; e

» ausência de estribos suplementares.

A imprensa, na ocasião, (LINCOLINS, 2019) informou que a empresa já havia


sido processada quatro vezes antes do desabamento pela má construção, o que
impediu a obra de receber o habite-se da prefeitura.

Figura 17. Edifício Palace 2 – RJ.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/d/df/Palace_II.jpg.

32
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Desabamento do Pavilhão da Gameleira

Em 4 de fevereiro de 1971, em Belo Horizonte, houve uma dificuldade na retirada


do cimbramento das escoras centrais do Pavilhão da Gameleira. Imaginou-se
que seria devido ao recalque das fundações e iniciou-se a retirada primeiramente
junto aos apoios, caminhando para o centro. Houve surgimento de fissuras
junto a V103 e V203, mas manteve-se a orientação de retirada das escoras
do apoio para o centro. Vistoria identificou que o recalque nas fundações era
insignificante (TARDIVO, 2019).

Figura 18. Pavilhão da Gameleira.

Fonte: https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/pavilhao-da-gameleira-desabamento-deixou-65-mortos-50-feridos-
em-1971-18608430.

Em pouco tempo, ocorreu o desabamento das vigas, sem aviso prévio. Os


recalques insignificantes tornaram-se a causa do acidente (depois corrigido).
Constatou-se que, no topo dos pilares, havia uma grande concentração de barras,
principal indício da causa do acidente. As barras estavam limpas e o concreto
esmigalhado, não formando o chamado “concreto armado”, juntamente com a
falta de detalhe de fretagem, agravada pela variação da temperatura referente a
uma viga de 65 m. A análise do projeto indicou tensões excessivas em serviço na
região onde não se observou aderência na vistoria.

Edifício Andrea

Outro acidente mais recente foi o do Edifício Andrea, em Fortaleza, que desabou em
outubro de 2019. Segundo relatos (FREITAS, 2019), já havia ocorrido uma reforma
estrutural no prédio oito meses antes do ocorrido. Todavia, os reparos não foram
suficientes, sendo necessária nova contração. Logo após o início das atividades,
porém, o prédio desabou.

33
UNIDADE II │ PATOLOGIA

Figura 19. Edifício Andrea – CE (características do empreendimento).

7 andares
Edifício Andrea
cobertura
Desabamento ocorreu às 10h28
172,20 m2 – área comum
de 36,51 m2 O imóvel foi registrado em 1982

12 apartamentos

136,44 m2 cada área


comum de 28,86 m2

Imagens mostram as colunas danificadas

Fonte: hhttps://s2.glbimg.com/bNIX2H2XiQpQnvPlYJuFOindseE=/0x0:1600x4350/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/
v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/M/A/Nzkm5VRSOa1BqMb5boWA/queda-predio-
fortaleza-vale.jpg.

Transcorridos alguns meses do ocorrido, ainda não foi divulgado relatório da perícia
que foi executado no local, não sendo possível, então, afirmar que o desmoronamento
ocorreu quando dos inícios da atividade referente à segunda reforma. Se sabe com
certeza que nove pessoas perderam a vida nesta ocorrência.

Figura 20. Edifício Andrea – CE (após o desmoronamento).

Fonte: https://s2.glbimg.com/5yIHw-8UWKTHyLnVU6D6mQisMTE=/0x0:1280x720/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/
AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/k/D/PJCJejRrGXMZOGvfXJDg/whatsapp-image-2019-10-
16-at-13.01.02.jpeg.

34
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Tipos de patologias

Em poucos parágrafos, foi possível observar as diversas possibilidades de


ocorrências que prejudicam a vida útil de um projeto. Essas manifestações
poderão aparecer em qualquer momento e de diversas maneiras, tanto em
múltiplos elementos estruturais quanto nas fundações.

O projeto de engenharia envolve não só as disciplinas tradicionais, mas


também fatores como meio ambiente, estética, custos, impacto social, evolução
tecnológica e otimização. Não existe projeto menos ou mais importante. O que
existem são estruturas grandes e pequenas. Todos devem ser tratados com os
mesmos requisitos de segurança, qualidade e utilização.

Para evitar a ocorrência das patologias e, com isso, incrementar a vida útil do
projeto, poderemos investir em:

» um bom desenvolvimento do projeto;

» correto planejamento da execução;

» qualidade dos materiais e da mão de obra;

» manutenção periódica; e

» adaptações planejadas.

As manifestações patológicas são verificadas por meio de sinais que podem vir a
aparecer em peças estruturais, conjunto de peças ou ainda em outro componente,
porém tendo como problema inicial uma peça estrutural, como, por exemplo,
rompimento de uma tubulação em decorrência de uma manifestação na estrutura.

De acordo com Pedro et al. (2002), a origem das patologias pode ser classificada em:

» Congênitas: são aquelas originárias da fase de projeto em função


da não observância das normas técnicas ou erro e omissões dos
profissionais, que resultam em falhas no detalhamento e concepção
inadequada.

35
UNIDADE II │ PATOLOGIA

Figura 21. Projeto estrutural – investimento.

Fonte: https://www.guiadaengenharia.com/wp-content/uploads/2018/11/projeto-estrutural-etapas.jpg.

» Construtivas: sua origem está relacionada à fase de execução da


obra, resultante do emprego de mão de obra despreparada, produtos
não certificados e ausência de metodologia adequadas.

Figura 22. Falhas construtivas.

Fonte: hhttps://diariodonordeste.verdesmares.com.br/image/contentid/policy:1.2162621:1590244772/rachaduras-risco-cair-
casa-predio.jpg?f=16x9&$p$f=6bc1af8.

» Adquiridas: ocorrem durante a vida útil, sendo resultado da exposição


ao meio em que se inserem, podendo ser naturais, decorrentes da
agressividade do meio ou decorrentes da ação humana.

36
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Figura 23. Danos estruturais provocados por raios.

Fonte: https://thorusengenharia.com.br/wp-content/uploads/2018/05/raio-1.jpg.

» Acidentais: caracterizadas pela ocorrência de algum fenômeno


atípico, resultado de uma solicitação incomum.

37
CAPÍTULO 2
Agentes causadores

Quando da deterioração do concreto, é necessário verificar as diversas possibilidades


quanto aos possíveis agentes causadores do problema. Normalmente, não há somente
um provocando a redução do desempenho estrutural. Entre os possíveis agentes,
destacamos:

» Mecânicos: abalos sísmicos, alterações na configuração do terreno,


sobrecarga na estrutura.

Figura 24. Danos estruturais provocados por abalos sísmicos.

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/upload/conteudo/terremoto_12.jpg.

» Químicos: maresia, poluição do ar, acúmulo de água na estrutura,


variação da temperatura, umidade relativa do ar, radiação solar, chuva.

» Biológicos: fungos e bactérias.

» Físicos (do material): escolha errada, incorreto dimensionamento.

38
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Para que seja possível identificar corretamente as manifestações patológicas e,


assim, colher subsídios necessários à definição da causa e reparos, é necessário
atentar para as seguintes etapas:

» vistorias no local;

» determinação da existência e da gravidade do problema patológico;

» caracterização da peça sujeita a manifestação patológica;

» definição do desempenho esperado e comparação com ele; e

» definição de medidas de segurança.

Vistoria no local: para a correta inspeção no local, é importante seguir um


procedimento. Para tanto, ter em mãos uma ficha padrão para levantamento local
é fator importante. Para inspeção de pontes e viadutos, utilizamos parâmetros
da NBR9452/2016, que apresenta quatro tipos de inspeções, quatro tipos de
parâmetros e cinco notas para classificações.

A inspeção de estruturas de concreto é um conjunto de procedimentos técnicos e


especializados que compreende na coleta de dados necessários à formulação de
um diagnóstico e prognóstico da estrutura, visando manter ou reestabelecer os
requisitos de segurança estrutural, de funcionalidade e de durabilidade.

39
UNIDADE II │ PATOLOGIA

Figura 25. Exemplo de ficha de inspeção visual.


I – Caracterís�cas do local
Empreendimento
Localização
II – Caracterização
Geométrica
a. traçado re�líneo em curva normal esconsa

b. inclinação Longitudinal em nível em rampa

Transversal em nível superelevação


III - Caracterís�ca da Estrutura
a. superestrutura concreto aço s/acesso ___________

b. mesoestrutura concreto aço s/acesso _______


c. infraestrutura concreto aço s/acesso _______
IV - Caracterís�ca da Estrutura

Neoprene metálico art.freyssinet chumbo

inexistente s/acesso em bom estado em mal estado

V - Caracterís�ca da Estrutura

estável instável com recalque ___________

VI - Caracterização do Pavimento

em mal
asfál�co concreto em bom estado estado

VII - Caracterização das juntas de dilatação


a. encontros bom estado recobertas rompidas ___________

b. intermediárias mal estado recobertas rompidas _______


VIII - Caracterização dos guardas rodas e guardas corpo
a. guarda rodas: bom estado deteriorado inexistente ___________

b. guarda corpo: mal estado deteriorado inexistente _______


IX - Anomalias verificadas
condição Conservação longarinas transversinas lajes pilares
fissuras
flechas
infiltração
corrosão
segregação
exposição
desaprumo
rompimento
deformação

X - Avaliação da Obra

quadro de fissuração obs.: ___________


obra em bom estado obs.: ___________
fechas excessivas obs.: ___________
obra preocupante obs.: ___________
recalques de fundações obs.: ___________
manter observação obs.: ___________
deformação excessiva obs.: ___________
requer vistoria especial obs.: ___________

Fonte: Notas de aula.

40
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Nem toda a estrutura será uma ponte, porém é importante montar uma ficha que
contenha dados importantes para análise posterior. A etapa de é fundamental para
caracterização dos problemas.

Para tanto, quando no local, é importante verificar junto tanto às pessoas envolvidas
no processo de produção quanto às que habitam o local, vizinhos etc.

Para melhor conceituação das manifestações patológicas, ensaios no local e


laboratoriais deverão ser realizados.

Entre os ensaios solicitados para a verificação das patologias em concreto,


destacamos:

» resistividade;

» esclerometria;

» ultrassom;

» profundidade de carbonatação;

» concentração de cloretos;

» resistência a compressão; e

» porosidade.

Ensaio de resistividade elétrica

Esse ensaio é ligado à passagem da corrente elétrica pelo material – no caso, o


concreto. Para que a realização desse ensaio seja possível, é necessário que o
responsável pelo ensaio realize algumas equações:

» resistividade elétrica: 𝜌 = 1/σ;

» resistência do material: 𝑅 = 𝜌. 𝑙/ 𝐴; e

» diferença de potencial: 𝑉 = 𝑅.I.

41
UNIDADE II │ PATOLOGIA

Figura 26. Ensaio de resistividade elétrica.

Fonte de corrente
alternada Amperímetro

Voltímetro

Eletrodos

Linhas equipotenciais
Linhas de fluxo de
correntes

Fonte: (HOPE, 2005).

Ensaio de esclerometria

Esse método é utilizado para determinar valor próximo da resistência em relação


à compressão superficial do concreto em seu estado endurecido ou uniforme. O
ensaio embasa-se em uma massa martelo que é estimulada a chocar-se com a área
de ensaio.

Figura 27. Ensaio de esclerometria.

Corpo
Trava
Indicador

Martelo

Mola

Êmbolo

Instrumento Corpo O O martelo


pronto para o impulsionado em martelo é sofre
ensaio direção ao objeto solto reflexão
de ensaio

Fonte: Mehta; Monteiro, 2008.

42
PATOLOGIA │ UNIDADE II

É uma das técnicas mais difundidas em todo o mundo para a avaliação da


homogeneidade do concreto – NBR 7584/82 –, correlacionando a resistência ao
choque (dureza superficial) e a resistência à compressão do material.

Figura 28. Ensaio de esclerometria.

Fonte: http://www.concrelab.com.br/wp-content/uploads/2018/11/ENSAIO-DE-ESCLEROMETRIA-768x280.jpg.

Ensaio de ultrassom

O ensaio de ultrassom tem por objetivo denunciar erros e problemas na parte


interior do concreto, sendo utilizadas as diretrizes da NBR 8802/1994, segundo a
qual verificamos:

» a homogeneidade do concreto (qualidade e uniformidade);

» falhas internas (ninhos e vazios); e

» variações das propriedades do concreto.

Figura 29. Equipamento de ensaio de ultrassom.

Fonte: (MALHOTRA; CARINO, 2004).

43
UNIDADE II │ PATOLOGIA

Figura 30. Modos de transmissão segundo a NBR 8802 (1994).

Transmissão direta Transmissão indireta Transmissão semi-direta

Fonte: (MALHOTRA; CARINO, 2004).

Na Figura 30, observamos:

» transmissão direta, com transdutores em faces opostas;

» transmissão indireta, com transdutores na mesma face; e

» transmissão indireta, com transdutores em face adjacentes.

Profundidade de carbonatação

Causada por um componente químico presente nas cidades, a carbonatação é um


dos mecanismos mais recorrentes de deterioração do concreto armado. O dióxido de
carbono, existente no ar, penetra nos poros do concreto e reage com o hidróxido de
cálcio formando carbonato de cálcio e água.

A carbonatação progride com a frente paralela à superfície. Quando a frente de


carbonatação atravessa o cobrimento das armaduras, estas ficam despassivadas
(devido à perda de alcalinidade), permitindo o início da sua corrosão (desde que
existam água e oxigênio), comprometendo, desse modo, a durabilidade do concreto.

Figura 31. Ação da carbonatação.

Superfície com graus variáveis de


permeabilidade aos fluídos e gases

Co2

Profundidade depende de vários parâmetros

Criação de duas
camadas distintas pH = 12,6

pH = 8,3

Fonte: (LIBÓRIO, 1998).


44
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Para os ensaios nas armaduras do concreto, existem alguns testes a serem


realizados, dentre os quais, destacamos:

» localização e espessura de recobrimento;

» perda de diâmetro e seu imite elástico;

» medição de potenciais; e

» medição da velocidade de corrosão.

Todos esses ensaios referentes às armaduras do concreto existem para denunciar


as patologias que possam causar problemas estruturais e danificar a vida útil do
concreto armado.

Os ENDs (ensaios não destrutivos) são teste realizados em peças que estão
de alguma forma lesadas, através de seus princípios físicos, mantendo as
características físicas, químicas, mecânicas ou dimensionais e, assim, não
interferindo no uso posterior.

45
CAPÍTULO 3
Análise das possíveis causas

Para a verificação das possíveis causas, será necessário, após a realização de


visita técnica in loco e elaboração de ficha cadastral das patologias:

» Verificar bibliografias tecnológicas e cientificas.

» Gerar hipóteses sobre a questão objetivando o entendimento da


origem, causas e ocorrências que levam à redução do desempenho da
peça.

» Verificação da necessidade de intervir no dano patológico de modo


rápido para não causar qualquer ocorrência de acidentes.

» Definir a melhor terapia para recomposição da peça.

» Considerar possíveis graus de incertezas sobre os reparos.

Projeto: é importante termos um projeto coerente com as necessidades propostas


pela arquitetura e resolvermos por completo itens relacionados a durabilidade,
funcionalidade e segurança, pois a falta de definição nesta fase pode acarretar:

» emprego de materiais inadequados, tais como a utilização de aço


sem a proteção adequada para ambientes marinhos;

» projetos pouco eficientes quanto a relação água-cimento, carregamentos,


altura de recobrimento;

» verificação incorreta da fadiga, fissuração e deslocamentos (flechas)

» falta de detalhamento das peças em geral, comprometendo o nível de


informações e especificações.

46
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Figura 32. Procedimento para reparo de pilar em área marítima

Fonte: http://www.engeplus.com.br/cache/noticia/0087/0087113/suspeita-de-deterioracao-do-pilar-da-ponte-de-laguna-e-
esclarecida.jpg?t=20150316184710.

Figura 33. Dimensionamento equivocado da armadura.

Fonte: Notas de aula.

Execução: sendo a obra pequena ou grande, controlar sua execução não é


tarefa fácil. Muitas vezes, o profissional responsável pelo acompanhamento
desenvolve múltiplas tarefas, impossibilitando o seu controle efetivo no decorrer
das atividades. Além da falta efetiva de fiscalização, podemos acrescentar outras
ocorrências no momento da execução:

» falta de controle de qualidade do concreto e outros materiais;

» incorreto recobrimento da armadura;

47
UNIDADE II │ PATOLOGIA

» utilização de mão de obra sem qualificação para função exercida;

» mal acompanhamento de projetista ou consultor durante a execução;

» falta de cimbramento e/ou escoramento;

» sabotagem.

Figura 34. Baixa qualidade de mão de obra.

Fonte: Notas de aula.

Figura 35. Falta de fiscalização.

Fonte: Notas de aula.

48
PATOLOGIA │ UNIDADE II

Manutenção: a NBR 5674 apresenta os procedimentos da manutenção para as


edificações, sendo a responsabilidade do proprietário ou de algum contratado.
Logo, alguns aspectos tornam-se relevantes quanto à organização dos serviços de
manutenção:

» verificação da sobrecarga de projetos;

» intemperes – impermeabilização, corrosão da armadura;

» verificação de possíveis reparos, pois materiais possuem vida útil;

» infiltrações, que podem levar a danos na estrutura.

Figura 36. Rompimento de pilar.

Fonte: https://s2.glbimg.com/POhpRgaJBfEFI9mDux5aJBbYRns=/0x0:1000x750/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/
AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/y/Q/NhYK0eS3CNBH71rqstrw/whatsapp-image-2018-02-
22-at-16.28.55.jpeg.

Figura 37. Principais causas das patologias no concreto armado.

Principais Causas da Patologias

7%
11%
45%
15%

22%

Falha de projeto Falha na execução


Má qualidade dos materiais Má utilização pelo usuário
Outros

Fonte: IGC Perícias, 2017.

49
UNIDADE II │ PATOLOGIA

Após a ocorrência de um dano na estrutura, o processo de recuperação poderá


acarretar custos elevados, e, muitas vezes, o prazo para a sua execução pode ser
extenso, levando à necessidade de retirada dos moradores do local.

Figura 38. Lei de evolução dos custos, Lei de Sitter.

MANUTENÇÃO
CORRETIVA

MANUTENÇÃO PREVENTIVA

TEMPO

EXECUÇÃO

PROJETO

1 5 25 CUSTO RELATIVO 125


Fonte: (SITTER, 1984; HELENE, 2003).

50
PRINCIPAIS
OCORRÊNCIAS
PATOLÓGICAS EM UNIDADE III
CONCRETO ARMADO
E TERAPIAS

Aqui trataremos da apresentação das principais ocorrências patológicas em


concreto armado, bem como suas possíveis terapias. Apresentaremos as causas
principais logo a seguir; é necessário, porém, apresentarmos os conceitos de
terapia.

De acordo a ata do XI Seminário Internacional de Educação Física e Saúde (2015),


encontramos a origem da palavra “terapia”: vem do termo grego “therapeía”, que
significa “método de tratar doenças e distúrbios”.

» Estudam-se as correções e soluções das patologias.

» Diagnóstico deve ser bem conduzido, conhecendo as características e


funcionalidades do local a ser tratado.

» Escolha dos materiais e técnicas a serem utilizados deve ser cuidadosa.

» Deve haver um programa de manutenção periódica.

CAPÍTULO 1
Fissuras e eflorescências

Com a utilização de aços de alta resistência nas estruturas de concreto armado, o


estudo da fissuração passou a ter uma importância maior nos projetos correntes.

Quando se dimensiona uma viga de concreto armado, parte-se de uma das


hipóteses básicas: que o concreto não resiste à tração. Através desta hipótese,
chega-se à hipótese matemática de que o concreto tracionado fissura. As
fissuras podem aparecer ao longo dos anos, meses ou horas.

51
UNIDADE III │ PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS

Em estruturas de concreto armado, verificarmos o aparecimento de fissuras


na superfície. A espessura de fissura é de 0,5 mm; quando essa abertura
está entre 0,5 e 1,5 mm é chamada de trinca; e abertura superior a 1,5 mm
até 5 mm já se considera uma rachadura. Logo percebemos que nem todas as
ocorrências de aberturas nas superfícies podem ser chamadas de rachaduras.
Para complementar as possibilidades, ainda encontramos as fendas e as cortes.

A abertura de fissuras na superfície de uma estrutura de concreto armado


compromete sua utilização tanto na redução de sua durabilidade quanto no
prejuízo ao seu funcionamento e estética.

Figura 39. Exemplos de fissuras nas estruturas.

Fonte: Notas de aula.

A abertura de fissuras é prejudicial à durabilidade e função do meio em que a


estrutura se encontra.

Em menor ou maior intensidade, as aberturas na superfície são possíveis


problemas para a estrutura em concreto e podem ser agravadas à medida que
entram agentes agressivos por elas.

Figura 40. Anomalia x abertura da superfície.

Anomalia Abertura (mm)

Fissura até 0,5

Trinca de 0,5 a 1,5

Rachadura 1,5 a 5,0

Fenda 5,0 a 10,0

Brecha acima de 10

Fonte: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/wp-content/uploads/artigo-cientifico/pdf/inspecao-de-uma-ponte.pdf.

52
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

Figura 41. Fissurômetro.

Fonte: http://www.fissurometros.pt/imagenes/FI125.jpg.

Existem diversas possibilidades para o aparecimento das fissuras, sendo estas:

» retração hidráulica;

» variações das temperaturas;

» flexão;

» compressão;

» cisalhamento;

» cargas concentradas; e

» retração.

Figura 42. Exemplo de fissuras em função da solicitação.

torção
flexão

Fissuras de flexão

Fissuras ao longo da barra


tração
Perda de aderência

cortante Cargas concentradas

Fonte: (VIEIRA, 2017 apud SOUZA; RIPPER, 1998).

53
UNIDADE III │ PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS

As fissuras tendem a causar a sensação de comprometimento na estrutura


para os moradores, além de questões estéticas e de segurança poderem vir a ser
comprometidas.

Tal situação pode se tornar insalubre à medida que pode percolar umidade e deixar
o ambiente comprometido. É necessário considerar a redução da durabilidade de
estrutura em muitos casos.

Figura 43. Exemplos de fissuras nas estruturas.

Fonte: https://www.aecweb.com.br/tematico/img_figuras/estrutura-de-concreto-com-fissura$$15642.jpg.

Em peças que perdem a rigidez devido à fissuração, como é o caso das peças
torcidas, devem-se analisar os efeitos da redistribuição de esforços no restante
da estrutura e limitar-se a fissuração, com dimensões e detalhamento das
armações.

Figura 44. Diagrama de momento fletor.

Diagrama de momento elástico

M
elástico
M plástico

M
elástico M plástico

Diagrama de momento fletor

CONSIDERANDO REDIDTRIBUIÇÃO DE APOIOS

Fonte: Notas de aula.

54
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

Quando as fissuras são encontradas em reservatórios, a estanqueidade é um dos


aspectos mais importantes. O critério recomendado é que se verifique o estado
limite da abertura das fissuras.

A estrutura deve ter dimensões tais que se considere a seção homogênea, fissurada,
com a armadura calculada desprezando a resistência à tração do concreto, com
tensões baixas de tração nas armaduras (Estádio II).

Os estádios podem ser definidos como vários estágios de tensão pelo qual um
elemento fletido passa, desde o carregamento inicial até a ruptura. A Figura
43 descreve o comportamento de uma viga simplesmente apoiada submetida a
um carregamento externo crescente, a partir do zero. Os estágios de tensão são
quatro, cada um apresentado particularmente:

» Estádio Ia – o concreto resiste à tração com diagrama triangular.

» Estádio Ib – corresponde ao início da fissuração no concreto


tracionado.

» Estádio II – despreza-se a colaboração do concreto à tração.

» Estádio III – corresponde ao início da plastificação (esmagamento) do


concreto à compressão.

Figura 45. Estádios.

Fonte: Notas de aula.

O restauro nas fissuras só poderá ocorrer à medida que a causa tenha sido
constatada e os agentes causadores eliminados, sendo necessária a execução dos
procedimentos de reparo só após essa ocorrência, lembrando que o processo de
identificação levará a diversas possibilidades.

55
UNIDADE III │ PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS

Todavia, o fechamento da trinca deverá ser executado seguindo a diretriz proposta


a seguir tanto para peças estruturais, vigas e pilares quanto para alvenarias
estruturais ou de vedação.

» Realizar remoção do revestimento existente em uma largura


aproximada de 25 cm em ambas as direções da fissura.

» A limpeza na região deverá ser realizada com o auxílio de uma


trincha, retirando materiais soltos e sujeiras.

» Estender e fixar tela do tipo “deployeé”, ou eletrossoldada, uma tira


larga que deve transpassar a trinca em torno de 20 cm para cada
lado, estando estendida. Devem ser presas na estrutura com auxílio
de pregos ou cravos metálicos.

» A área deverá ser chapiscada.

» Posteriormente deve ser executado o revestimento em argamassa.

Figura 46. Recuperação de fissuras e trincas.

pilar Argamassa de assentamento

bloco

Tela soldada
chapisco

bloco
Tela soldada
pilar

Fonte: https://www.custodaconstrucao.com/etapas-obra-e-valor/.

A eflorescência ocorre à medida que a qualidade da mistura do concreto não


esteja adequada, ou seja, quantidades de água (teor de unidade) ou de aditivos
não estão corretos ou, ainda, impurezas na areia, juntas de dilatação, levam ao
comprometimento da qualidade da estrutura.

Quando da eflorescência, há a formação de depósitos salinos na superfície do


concreto, resultantes das infiltrações de água ou de intempéries. A constituição
química é de metais alcalinos e alcalino-ferrosos. Caso haja a incidência destes
sais na estrutura do concreto por águas pluviais ou ainda devido a saturação
do solo, ocorre acúmulo destes na superfície da peça até que a água, evapore
formando depósitos salinos.
56
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

A formação de manchas “esbranquiçadas” na superfície da estrutura altera


a aparência do local; em determinadas superfícies, pode resultar em uma
degradação acentuada do material.

Figura 47. Eflorescência.

Fonte: https://cimentomaua.com.br/wp-content/uploads/2018/01/2ndary_efflorescence_07-1024x652.jpg.

Para o reparo e limpeza da área afetada pela eflorescência, utilizam-se ácidos


(sulfâmico e ou acéticos) que removem bem as manchas; todavia, é necessário
verificar a quantidade adequada bem como a forma correta de utilização, para
não ocorrer mais manchas ou, ainda, corroer as superfícies, causando assim outra
anomalias. Para tanto, se faz necessário entrar em contato com os fabricantes.

Após a aplicação dos ácidos deve-se lavar o local com água abundante. É importante
descobrir inicialmente a infiltração da água, pois, caso seja a causa da umidade,
somente dessa forma ela não retornará. Em algumas situações, dependendo do
grau de comprometimento da peça, será necessário executar uma nova camada de
regularização (chapisco e emboço).

Figura 48. Limpeza após a aplicação de ácidos.

Fonte: https://cimentomaua.com.br/wp-content/uploads/2018/01/img1_2013-10-08_13-48-17.jpg.

57
CAPÍTULO 2
Corrosão de armaduras e flechas
excessivas

A processo de corrosão da armadura (quando há perda da seção do aço) ocorre


quando há formação de corrosão por óxido de ferro expansivo no entorno das
armaduras. Tal situação pode aumentar o volume original da peça de 8 a 10 vezes,
levando ao rompimento do concreto, e ficando, assim, a armadura exposta, sendo
atacada por agentes agressivos.

As armaduras das peças de concreto armado são quase que invariavelmente


colocadas nas proximidades de suas superfícies. Em caso de cobrimentos
insuficientes, as armaduras ficarão sujeitas à presença de água e de ar, podendo
desencadear-se então um processo de corrosão, que tende a abranger toda a
extensão mal protegida da armadura.

Figura 49. Armadura exposta.

Fonte: https://www.aecweb.com.br/tematico/img_figuras/concreto-corrosao$$13232.jpg.

A oxidação da armadura ocorre lentamente, quando existe excesso de umidade,


intemperes, gases nocivos, baixa qualidade do concreto e altura de recobrimento
inferior à necessidade recomendada em projeto.

58
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

Figura 50. Deterioração progressiva devida à corrosão das armaduras.

Penetração de agentes agressivos Fissuração devida às forças de


por difusão, absorção ou expansão dos produtos de corrosão
permeabilidade

Lascamento do concreto e corrosão Lascamento acentuado a redução


acentuada significativa de secção da armadura

Fonte: (COMIM; ESTACECHEN, 2017 apud HELENE, 1986).

O processo de carbonatação ocorre nas peças estruturais expostas nos grandes


centros urbanos, tais como as pontes e viadutos, devido principalmente à poluição
dessas cidades. A falta de manutenção faz que o ataque seja progressivo, chegando
às armaduras, o que pode levar à ocorrência de acidentes.

Figura 51. A perda de fragmentos de concreto do viaduto sobre a Linha Amarela é ameaça para motoristas.

Fonte: https://ogimg.infoglobo.com.br/in/2875947-b4d-61e/FT1086A/652/A-perda-de-fragmentos-de-concreto-do-viaduto-
sobre-a-Linha-Amarela-e-ameaca-para-motoristas-Foto-Marcelo-CarnavalAgencia-O-Globo.jpg.

59
UNIDADE III │ PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS

O processo de manutenção em qualquer tipo de construção é fundamental para a


permanência da vida útil das peças, ou seja, atuar na prevenção poderá ser muito
mais econômico do que investir no reparo. Para seu tratamento, é essencial a
contratação de profissional experiente e qualificado. Segundo Júnior (2008):

Além de remover as oxidações, precisa-se reconstruir o cobrimento


das armaduras com concreto bem adensado. Este cobrimento tem a
finalidade de: impedir a penetração de umidade, oxigênio e agentes
agressivos até as armaduras; recompor a área da secção de concreto
original; propiciar um meio que garanta a manutenção da capa
passivadora no aço (Júnior, 2008, p. 5).

Para que ocorra uma melhor visualização e identificação da patologia e posterior


reparo, será necessária a execução da limpeza da superfície do concreto com
lixamento mecânico da superfície. Em seguida, serão executados:

» Reparos: para cada ocorrência, será necessária a aplicação de técnica


específica de reparo de modo que cuidados com relação a segurança
sejam tomados, bem como o não comprometimento da estrutura.

» Estucamento: corrigida a patologia, será necessário recompor o local.


A utilização de argamassa aditivada e polimento é um processo bem
difundido, pois preenche os poros e cria uma superfície uniforme.

» Acabamento: o acabamento poderá seguir a proposta original da


estrutura. Para pontes e viadutos, aplica-se verniz acrílico à base de
água ou solvente ou outra especificação; todavia, é essencial aplicar
um sistema protetor de acabamento para proteção da peça.

Figura 52. Reparos na armadura.

Fonte: https://www.tecnosilbr.com.br/wp-content/uploads/2017/12/corrosao-de-armaduras.jpg.

60
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

A fase de projeto é fundamental para o dimensionamento das peças de concreto


armado. Para realiza-lo, o profissional deve possuir expertise e demandar tempo
para a concepção de um projeto eficiente e com vistas à economia do investimento,
porém preservando a segurança.

A flechas excessivas podem ser resultado de um dimensionamento equivocado


da estrutura ou, ainda, de uma possível vibração no terreno. Como resultado,
aparecem fissuras; dependendo das causas e da dimensão da fissura (flecha),
trincas e rachaduras – nos elementos como vigas, pilares e lajes (peças estruturais)
– podem ou não causar riscos a edificações e seus habitantes. Mesmo quando
visualmente não merecem atenção, deve ser providenciado o controle da abertura
da fissura e posterior manutenção do local.

Figura 53. Fissuração típica em viga solicitada a flexão.

Fonte: https://guideengenharia.com.br/wp-content/uploads/2.png.

Inicia-se normalmente com a presença de fissura, sintoma usual desta patologia


com orientação bem definida e aumento progressivo das aberturas, que afetam, por
ordem decrescente de ocorrência, paredes, tetos e pavimentos. Também pode haver
empolamento/destacamento nos revestimentos e soltura de tijolos, em casos mais
graves.

Figura 54. Esmagamento da peça de concreto armado.

Fonte: https://guideengenharia.com.br/wp-content/uploads/4.png.

61
UNIDADE III │ PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS

Quanto à possível terapia, será necessário avaliar e analisar as particularidades da


estrutura que sofrerá a intervenção e, posteriormente, avaliar as diversas técnicas
existentes, para escolher a que seja melhor à situação.

Dentre os inúmeros métodos utilizados para reforçar elementos estruturais,


os mais comuns são: encamisamento (acréscimo de concreto com ou sem
armadura); adição de perfis ou chapas metálicas; protensão externa; e colagem
de mantas de fibra de carbono (SOTO, 2013).

Figura 55. Sequência de fotos – encamisamento do pilar.

Fonte: http://www.ct.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2015/TCC_FERNANDO%20LUIZ%20ZUCCHI.pdf.

Para prevenção das fissura,s será necessário atentar para:

» cobrimento: maior tempo para a camada carbonatada chegar ao aço;

» concreto menos permeável;

» menor relação água/cimento e maior fck;

» tipo de cimento;

» cuidados com formas arquitetônicas e drenagem;

» proteção superficial do concreto e revestimentos;

» armaduras especialmente passivas;

» aços revestidos (epóxi, galvanização);

» aços inoxidáveis;

» armaduras de fibras (carbono, vidro, kevlar);

62
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

» cuidados no uso de aditivos que contenham em sua fórmula o cloreto


de cálcio; e

» cuidados especiais se o concreto estiver sujeito a correntes elétricas.

63
CAPÍTULO 3
Manchas no concreto aparente e
ninhos de concretagem

Umidade excessiva, oxidação nas armaduras, proliferação de fungos e bolores e


demais agentes agressivos podem provocar manchas no concreto aparente.

Quando o dano não se refere a oxidação da armadura, teremos consequências mais


visuais, tornando a aparência do concreto desgastada e cheia de manchas

Figura 56. Manchas no concreto aparente de uma fachada.

Fonte: https://images.adsttc.com/media/images/5b5f/5b79/f197/cc3b/cf00/0239/slideshow/FAUUSP_Vilanova_Artigas_Flickr_
Fernando_Stanklus.jpg?1532975988.

Normalmente, a terapia para essa patologia é simples: uma limpeza no local, com
aplicação de jatos de água ou produtos específicos e nova pintura ou verniz. Já em
casos mais graves, será necessário verificar com mais detalhe o problema, promover
um lixamento mecânico e posterior recomposição da superfície.

No mercado, encontramos diversas opções de verniz, que destacamos a seguir:

» verniz antipichação.

» verniz poliuretano;

» verniz acrílico a base de água;

64
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

» verniz acrílico a base de solvente; e

» silicone líquido silano-siloxano.

Figura 57. Tratamento no concreto aparente.

Fonte: https://www.amengenharia.eng.br/img/servicos/tratamento-de-concreto-aparente/tratamento-de-concreto-aparente.
jpg.

As principais falhas ocorrem durante o processo de concretagem e levam ao


aparecimento dos ninhos de concretagem, conhecidos também como brocas e
bicheiras. Para Marcelli (2007), o adensamento do concreto tem a finalidade de
eliminar os vazios, melhorando o preenchimento da forma da peça concretada,
deixando o concreto mais denso e compacto. A qualidade do adensamento impacta
diretamente na resistência do concreto.

Em obras de menor porte, pode-se executar o adensamento manual. Em áreas maiores,


porém, se faz necessária a utilização de vibradores. Uma ocorrência que leva também
a essa patologia diz respeito ao detalhamento da armadura: erros como excesso
de armadura provocam a impossibilidade de vibrar o concreto dentro das formas,

65
UNIDADE III │ PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS

retendo assim a argamassa e britas. Outros problemas que podem proporcionar os


aparecimentos de bicheiras são:

» falhas nas vedações das formas;

» traço do concreto; e

» lançamento do concreto.

Figura 58. Ninhos de concretagem.

Fonte: http://www.construcaocivil.info/wp-content/uploads/2015/04/Ninho-de-concretagem-tambem-conhecido-como-broca-
ou-bicheira-em-um-reservatorio-inferior-com-89-m3.-.jpg.

A durabilidade e a resistência do concreto ficam comprometidas à medida que o


material fica segregado, e, em casos mais graves, podem aparecer as armaduras de
aço, sujeitas a sofrer grandes deformações e até mesmo a colapsar a estrutura.

A recuperação da estrutura estará ligada à complexidade da peça. Em


determinados casos, é possível realizar uma limpeza no local, retirando todo
o material segregado, preparando toda a área de aderência e aplicando um
microconcreto ou graute, com características semelhantes às existente no local.

Lembramos que o graute é um material formulado para que, com a simples mistura
adequada das partes, em proporções bem definidas, torne-se fluido e autoadensável
no estado fresco e aderente, resistente e sem retração no estado endurecido.

Não só as caraterísticas do concreto para aplicação (qualidade e fluidez) devem


ser observada, mas em todo o processo de aplicação deverá ser utilizada mão de
obra qualificada e feito acompanhamento de responsável técnico. As situações
mais graves poderão levar a reconstrução das peças, elevando os custos dos
reparos.

66
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS │ UNIDADE III

Figura 59. Correto adensamento do concreto.

Fonte: http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/upload/imagens/PR_concret02d%20-%20Distribuir%20o%20concreto%20
uniformemente.jpg.

A ocorrência das patologias que mais atingem o concreto armado é apresentada


no gráfico a seguir (Figura 60), sendo que a mais comum são as manchas nas
superfícies, pois estão em contato constante com intempéries e com as más
condições ambientais

Figura 60. Patologias mais recorrentes no concreto armado.

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM ESTRUTURAS


DE CONCRETO ARMADO
Degradação
química Manchas
Flechas 7%
Exessivas superficiais
10% 22%

Ninhos
20% Físsuras -
ativas e
passivas
21%
Corrosão na
armadura
20%
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTLDCUz3XxVC2g8OIljSnHxyzOVmaKaxoeVlyXg_
CRST2Q9SXBo&usqp=CAU.

Os custos envolvidos nos reparos mencionados acima, bem com o processo


de correção, poderão variar desde pequenos reparos (baixo investimento)
a recuperação de maior grandeza na estrutura (alto investimento). O
investimento em programas de manutenção progressiva e medidas protetoras
é menos expressivo, devendo ser a melhor orientação, junto aos proprietários e
administradores das obras.

67
UNIDADE III │ PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO E TERAPIAS

Seguir as normas estabelecidas que regulamentam as construções é fator


predominante para evitar qualquer problema. Ainda sobre a norma NBR 6118, a
tabela 6.1 (Figura 61) indica a classe de agressividade ambiental, que deve ser
considerada pelo projetista:

Figura 61. Tabela 6.1 NBR 6118 – Classe de agressividade ambiental (CAA).

Classe de
agressividade Agressividade Classificação geral do tipo de Risco de deterioração
ambiental ambiente para efeito de projeto da estrutura

Rural
I Fraca Insignificante
Submersa

II Moderada Urbana (1) (2) Pequeno

Marinha (1)
III Forte Grande
Industrial (1) (2)

Industrial (1) (3)


IV Muito Forte Elevado
Respingos de Maré
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para ambientes
1 internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviços em apartamentos, residências e conjuntos
comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em regiões de clima seco com
2 umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambiente
predominantemente secos, ou regiões onde chove raramente.

3 Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em industrias de celulose e


papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas

Fonte: https://neoipsum.com.br/wp-content/uploads/2019/09/6.1.jpg.

68
ESTRUTURAS UNIDADE IV
METÁLICAS

No Brasil, tendo em vista a maior utilização de estruturas de concreto, a


construção metálica é menos conhecida, pois, no início do desenvolvimento
dos grandes edifícios e pontes, a indústria siderúrgica era pouco desenvolvida
nacionalmente, tornando a importação do material muito cara.

Com uma estrutura totalmente fabricada na Bélgica, o viaduto Santa Efigênia,


localizado no Vale do Anhangabaú em São Paulo, foi construído entre os anos de
1911 e 1913. Todo o material chegou ao porto de Santos e subiu a Serra do Mar
com muita dificuldade pela estrada de ferro S. Paulo Railway. A supervisão da
construção ficou a cargo Johann Grundt, mestre de obras alemão.

Figura 62. Viaduto Santa Efigênia.

Fonte: https://metalica.com.br/wp-content/uploads/2019/09/pontes-historia-7.jpg.

69
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

Com maior investimento nas obras executadas em concreto armado, somente a


partir de 2003 houve um efetivo incremento no setor do metal, o que aqueceu o
mercado tanto com novas oportunidades como alternativas executivas – visando
vencer as exigências – quanto com maior produtividade e consequentemente
menor prazo de entrega.

Esse amadurecimento do setor refletiu em investimento em mão de obra


qualificada, obras ambientalmente pensadas e sistemas de construção
industrializados, permitindo a utilização de estruturas metálicas (aço) em
diversos setores da construção civil.

70
CAPÍTULO 1
Perfil do setor – projetos e montagem

A partir de 2011, o CBCA – Centro Brasileiro em Aço – e a ABCEM – Associação


Brasileira de Construção Metálica – desenvolvem pesquisa com fabricantes de
estrutura de aço visando qualificar as informações sobre o setor.

Na pesquisa de 2016, ano base de 2015, contou com a participação de 324


empresas no setor, que subsidiaram informações referentes a:

» localização das empresas;

» área específica de atuação;

» volume de produção;

» capacidade produtiva instalada;

» tipos de certificação;

» número de funcionários;

» terceirização de serviços e atividades;

» faturamento bruto anual; e

» expectativa de crescimento.

Localização das empresas (participação na


produção)

Em termos de produção, as empresas fabricantes de estruturas em aço também


estão concentradas na região Sudeste, com 60% das indústrias, e na região Sul,
com 24%.
71
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

Figura 63. Localização das empresas.

PARTICIPAÇÃO NA
ESTADOS PRODUÇÃO
Sudeste 60%
SP 29%
MG 19%
ES 7%
RJ 5%
Sul 24%
RS 17%
SC 5%
PR 2%
Nordeste 8%
BA 4%
CE 3%
PE 1%
PB 0%
MA 0%
SE 0%
PI 0%
Centro-Oeste 5%
GO 2%
DF 1%
MT 2%
MS 0%
Norte 3%
PA 0%
AM 1%
RO 2%
TOTAL 100%

PARTICIPAÇÃO NA PRODUÇÃO
5% 3%
8%

24%
60%

Sudeste SuL Nordeste Centro-Oeste Norte

Fonte: Notas de aula.

72
ESTRUTURAS METÁLICAS │ UNIDADE IV

Áreas de atuação

Podemos observar, através dos infográficos, o comparativo entre as áreas de


atuação e tipos de construção nos últimos anos. Devido à participação de novas
empresas a partir de 2015, a atuação em estruturas de médio e pequeno porte foi
acrescida de 6%, e a atuação em obras de grande porte cresceu 4%. Já o setor de
construções industriais pesadas e obras especiais cai gradativamente a cada ano.

Figura 64. Estrutura das empresas.

Figura 53 – Áreas de atuação x tipos de construção


Estrutura de grande porte Construções industriais
pesadas e obras especiais

2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015

Estrutura de médio porte Estrutura de pequeno porte


Fonte: Notas de aula

2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: Notas de aula.

Em 2015, a capacidade produtiva instalada em aço foi de 2,112 milhões de


toneladas, porém já é possível notar uma desaceleração do setor a partir de
2014, em torno de 2%

Figura 65. Capacidade produtiva.

1.654 1.414 1522 1.966 2.112

milhão t milhão
milhã t milhão t milhão t
milhã
milh
milhão t
milhã
milh

2011 2012 2016 2014 2015


Fonte: Notas de aula.

73
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

Quando ao faturamento do setor, apesar de as empresas muitas vezes não


apresentarem os seus números reais, estima-se um faturamento na ordem
de 6,9 bilhões neste setor somente em 2015, mesmo considerando a queda
proveniente do período de recessão da economia.

Figura 66. Faturamento.


8,9

9,00 9,10
6,9

2012 2013 2014 2015


Fonte: Notas de aula.

Fatores que influenciam no custo de uma


estrutura metálica
Sendo o aço vendido em kg ou ton, ou seja, com muitas variáveis que acabam por
influenciar significativamente o custo das peças finais fabricadas, relacionamos os
fatores relevantes a respeito dos custos:

» seleção de sistema estrutural;

» projeto dos elementos estruturais individuais;

» projeto e detalhe das ligações;

» processo a ser usado na fabricação;

» especificação para a fabricação e montagem;

» sistema de pintura e proteção à correção;

» sistema de proteção contra incêndio;

» padrão de segurança do trabalho exigido pelo contratante; entre outros.

Segundo a NBR 8800 – Projetos de estruturas de aço e estrutura mistas de aço e


concreto de edifícios –, entende-se por “projeto” o conjunto de especificações,
cálculos estruturais, desenho de projeto, de fabricação e montagem dos elementos
de aço e os desenhos de forma e armação referente às partes de concreto.

74
ESTRUTURAS METÁLICAS │ UNIDADE IV

Figura 67. Estrutura mista aço e concreto.

Fonte: https://www.cimentoitambe.com.br/wp-content/uploads/2017/09/estrutura-mista2_pilar.jpg.

Nas informações gerais do projeto de estrutura metálica, deve-se:

» Constar desenhos de projeto os quais indiquem as normas


complementares utilizadas bem como especifiquem todos os materiais
estruturais empregados.

» Indicar os dados relativos às ações adotadas e aos esforços solicitantes


de cálculo a serem resistidos sobretudo pelas fundações.

» Nas ligações parafusadas, indicar tipos de parafuso, contendo a bitola e


o comprimento e, em parafusos de alta resistência, tipo de protensão e
tabela de torque.

» Caracterizar ligações soldadas por simbologia adequada que contenha


informações completas para sua execução, de acordo com as normas
técnicas AWS A2.1 A2.4 e ABNT TB-2.

» Constar nos desenhos de projeto as contraflechas de vigas, treliças de


banzos paralelos e tesouras de cobertura.

É importante ressaltar que, em obras que contenham peças maiores, os projetos


já devem conter os pontos de onde ocorrerá o içamento bem como informar a
sequência de montagem preferencial, e outras situações que possam afetar a
segurança da estrutura também devem estar descritas (sistema de montagem e
desmontagem).

75
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

Aspectos particulares ao empreendimento que devem ser de conhecimento do


projetista no ato de sua contratação:

» fornecimento de energia;

» acessibilidade para cargas;

» área de estocagem para as peças fabricadas;

» interface com estrutura de suporte e compatibilidade com sistemas


complementares (águas pluviais, dutos, equipamentos); e

» prazos, considerando a interdependência fundamental com o sistema


de ligação estrutural e método executivo de montagem de obra.

A verificação das fundações ou das vigas de suporte deve possuir precisão, pois
elas influenciarão a qualidade dimensional da montagem, do detalhamento e da
fabricação da estrutura. Chumbadores, insertos ou outros aparelhos de fixação
das colunas às bases normalmente são instalados por terceiros, mas devem ser
verificados pelo montador antes de se iniciar a montagem.

Dependendo do tipo, uma falha na fundação poderá inviabilizar a montagem,


exigindo adequações ou nova execução de blocos de fundação, vigas e até novas
perfurações de estacas, refletindo no preço e prazo da obra.

Questões relacionadas ao alinhamento, prumo e nivelamento para a fixação das


vigas e perfis metálicos são fundamentais, tais como:

» Os gabaritos devem ser fixados na parte superior das formas.

» As formas devem estar firmemente contidas, de modo a não se


deslocarem antes ou durante a concretagem.

» Para garantir que os chumbadores não se desloquem do prumo, as


extremidades inferiores devem manter a distância correta em relação
às formas, usando travamento tridimensional nos chumbadores.

» As estruturas devem ser montadas a partir de um mesmo plano


horizontal de referência. As fundações devem ser verificadas através
da topografia antes do início da montagem.

76
ESTRUTURAS METÁLICAS │ UNIDADE IV

Figura 68. Arranques da estrutura metálica.

Fonte: Notas de aula.

» Se a diferença da base mais alta para a mais baixa exceder 50 mm,


pode ser necessária alguma intervenção, seja para complementar as
bases mais baixas, seja para reduzir a altura das mais altas.

» Verificar se as roscas dos chumbadores das bases estão em condições


de fixar as porcas das placas de base.

» Cada base pode receber dois ou mais calços, que devem estar
perfeitamente nivelados entre si para não introduzir erro de prumos
nas colunas.

» Para correção de pequenos erros, calços e cunhas de aço poderão ser


confeccionados ou utilizados e introduzidos entre as placas e bases.

77
CAPÍTULO 2
Montagem da estrutura metálica

A fase final de uma estrutura metálica é a sua montagem. Após todo o estudo
e desenvolvimento dos projetos e fabricação das peças, estas chegam na obra
para execução da montagem. O investimento nesta etapa é em torno de 30%
em relação ao total gasto no projeto e, caso haja alguma incompatibilidade, os
investimentos serão muito maiores. O planejamento será de acordo com o tipo
de projeto desenvolvido e seguirá as seguintes etapas.

» definição do processo de montagem (esquema construtivo);

» equipamentos a serem utilizados (locação);

» prazo; e

» medidas de segurança recomentadas durante a implantação.

Figura 69. Montagem de estrutura metálica.

Fonte: Notas de aula.

Após a verificação das condições da fundação, locação dos chumbadores e


entrega do material já fabricado, é preciso apresentar:

» pátio de estocagem de fácil acesso e próximo ao local de montagem;

» acessos para os equipamentos e caminhões;

» fornecimento de energia elétrica;

78
ESTRUTURAS METÁLICAS │ UNIDADE IV

» meio ambiente de trabalho seguindo a legislação vigente;

» formação de equipes e liberação de frentes de trabalho;

» compatibilização com outros sistemas;

» turnos e horários de trabalho, entre outros.

Figura 70. Área de estocagem.

Fonte: Notas de aula.

Para a montagem, deverão ser verificados preliminarmente:

» alinhamento;

» nivelamento;

» esquadro; e

» prumo.

Figura 71. Montagem de estrutura metálica.

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-euSMXh3EFwY/WgI7q7N9cqI/AAAAAAAAA-0/fBF-clyyCjE4Qgd5HOMRRsXDlKHp80NjACLcBGAs/
s1600/estrutura.jpg.

79
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

O içamento das peças é uma etapa que merece atenção, uma vez que envolve
aspectos relacionados à segurança, sendo necessário conhecer todas as cargas e
esforços envolvidos. Essas informações deverão ser repassadas aos fornecedores
dos equipamentos para o correto dimensionamento dos guindastes e gruas. Estes
deverão:

» Calcular a carga.

» Calcular o centro de gravidade.

» Definir os acessórios de içamento (cabos, manilhas, viga equalizadora,


barra espaçadora etc.).

» Compor as forças.

Figura 72. Içamento de estrutura metálica.

Fonte: http://guinchocadserv.com.br/wp-content/uploads/2016/05/cadserv-guincho-teresina-22-1024x600.jpg.

80
CAPÍTULO 3
Patologias nas estruturas de aço

Na construção civil, o maior interesse se dá sobre os aços estruturais de média


e alta resistência mecânica, termo designado de todos os aços que, devido a sua
resistência, ductilidade e outras propriedades, são adequados para a utilização em
elementos da construção civil sujeitos a carregamento.

Figura 73. Classificação – tensão de escoamento.

Limite de escoamento mínimo,


Tipo Mpa

Aço carbono de média resistência 195 a 259

Aço de Alta resistência e baixa liga 290 a 345

Aço ligados tratados termicamente 630 a 700

Fonte: https://metalica.com.br/wp-content/uploads/2019/09/acos-estruturais-04.jpg.

Quando falamos em manifestações patológicas em estruturas metálicas, é


importante ressaltar que poderão ocorrer por causas diversas:

» falhas de projeto e de detalhamento;

» falhas nos processos e detalhes construtivos;

» qualidade ou utilização inadequada dos materiais;

» falhas de manutenção ou ausência de manutenção preventiva;

» sobrecarga ou concentração de tensões;

» utilização indevida da estrutura; e

» variações térmicas.

As mais usuais encontradas nas estruturas aço são:

» Corrosões: são classificadas como localizada ou generalizada, mas


também podemos encontrar algumas variações que assumem outras
formas e aparências superficiais, com formação mais ou menos
irregular, ou ainda com formação de fissuras ou formação de pites.

81
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

Iniciaremos apresentando os conceitos das corrosões localizadas e


generalizadas e posteriormente a Figura 73, que contém estas e as
demais possibilidades.

› Corrosão localizada: está ligada a drenagem das águas pluviais


bem como a deficiências nos detalhes construtivos, levando ao
acúmulo de umidade, água e agentes agressivos.

Figura 74. Corrosão localizada.

Fonte: http://www1.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistainiciacao/wp-content/uploads/2016/11/15.175_IC.pdf.

› Corrosão generalizada: causada pela falta de utilização de


proteção contra o processo de correção.

Figura 75. Corrosão generalizada.

Fonte: http://incopre.com.br/wp-content/uploads/2015/09/corrosao-concreto-2.jpg.

82
ESTRUTURAS METÁLICAS │ UNIDADE IV

Figura 76. Tipos de corrosão.

Fonte: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/wp-content/uploads/2019/10/tipos-de-corros%C3%A3o.png.

» Flambagem local ou global: causada pelo uso de modelos


estruturais incorretos para a verificação da estabilidade, ou
deficiências no enrijecimento local de chapas, ou ainda por efeitos
de imperfeições geométricas não consideradas nos cálculos e
projetos.

» Fratura e propagação de fraturas: falhas iniciadas devido


a concentração de tensões, a detalhes de projetos equivocados,
a defeitos nas soldas, ou a possíveis variações de tensões não
mensuradas em projeto.

» Deformações excessivas: neste cas,o temos sobrecargas ou efeitos


térmicos não previstos no projeto original, ou ainda deficiências na
disposição de travejamentos.

Figura 77. Deformações excessivas.

Fonte: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3144/tde-04092008-155911/publico/6_cap.pdf.

83
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

Incompatibilidade de projetos

A falta de comunicação entre os projetistas e tempo hábil para desenvolvimento do


projeto leva a incompatibilidades somente percebidas quando da montagem. Na
Figura 75, vemos um exemplo desse problema ocorrendo entre as disciplinas de
estrutura de aço e estrutura de concreto.

Figura 78. Incompatibilidade de projetos.

Fonte: https://www.researchgate.net/publication/308180886/figure/fig1/AS:540484147703810@1505872870503/FIGURA-1-
Situacao-de-falhas-na-estrutura-metalica-devido-a-incompatibilidade-de-projeto.png.

Falha de gabarito

Uma das falhas recorrentes diz respeito ao gabarito das furações para passagens
dos parafusos, que muitas vezes não estão com o diâmetro correto ou no local
adequado, conforme demostram as imagens abaixo.

Figura 79. (a) Falha no gabarito de furação – (b) Furos não previstos nos projetos.

Fonte: https://www.abcem.org.br/construmetal/2012/arquivos/Cont-tecnicas/apresentacoes/31_FALHAS-E-PATOLOGIAS-NAS-
ESTRUTURAS-METALICAS.pdf.

84
ESTRUTURAS METÁLICAS │ UNIDADE IV

Falta de parafusos

A fiscalização durante o processo de montagem deve ser constante, para evitar a


ocorrência de falhas como a falta de parafuso de ligação em uma estrutura.

Figura 80. Falta de parafusos.

Fonte: https://www.abcem.org.br/construmetal/2012/arquivos/Cont-tecnicas/apresentacoes/31_FALHAS-E-PATOLOGIAS-NAS-
ESTRUTURAS-METALICAS.pdf.

Subdimensionamento de peças estruturais

Os erros de projeto ou em suas revisões podem impactar em perdas de peças


estruturais e, muitas vezes, chegar a colapsar a estrutura.

Figura 81. Subdimensionamento de peças estruturais.

Fonte: https://www.abcem.org.br/construmetal/2012/arquivos/Cont-tecnicas/apresentacoes/31_FALHAS-E-PATOLOGIAS-NAS-
ESTRUTURAS-METALICAS.pdf.

85
UNIDADE IV │ ESTRUTURAS METÁLICAS

Em resumo, as principais falhas ocorridas nas estruturas metálicas são:

» falhas de projeto e de detalhamento;

» falhas nos processos e detalhes construtivos;

» falhas de manutenção ou ausência de manutenção preventiva; e

» utilização indevida da estrutura.

Figura 82. Falhas (%).

Uso Cálculo,
11% Detalhamento,
Materiais Plantas Executivas
16% e Construtivas,
Plantas de
Montagem
41%

Erros de re-
orientação,
Modificação de
projeto, Não
cumprimento de
normas, Falta de
definição de projeto,
Modificação nos
materiais
32%

Cálculo, Detalhamento, Plantas Executivas e Construtivas, Plantas de Montagem

Erros de re-orientação, Modificação de projeto, Não cumprimento de normas, Falta de definição


de projeto, Modificação nos materiais
Materiais

Uso

Fonte: https://www.abcem.org.br/construmetal/2012/arquivos/Cont-tecnicas/apresentacoes/31_FALHAS-E-PATOLOGIAS-NAS-
ESTRUTURAS-METALICAS.pdf.

Ao longo do texto, foi possível verificar que podemos incorrer em falhas nas
diversas etapas de uma obra, desde o projeto, passando pela construção, até a
sua manutenção. Sendo assim, executar um projeto e obras dentro das normas
técnicas e seguir boas práticas de manutenção são ações efetivas para a vida útil
de uma construção.

86
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