Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. INTRODUÇÃO
1
2.1 Remoção do material altamente compreensível
2
2.2 Sobrecarga temporária
Sempre visando diminuir o prazo para ocorrência dos recalques devido ao adensamento da
camada de argila mole, também se utiliza desta solução que se baseia em aumentar
temporariamente a espessura do aterro de implantação do empreendimento, aumentando
os recalques para que os mesmos ocorram até o período estipulado como aceitável durante
a construção do empreendimento.
Segundo Márcio Almeida, “a sobrecarga temporária irá aumentar a velocidade dos
recalques primários e compensar total ou parcialmente os recalques secundários”. Desta
forma, essa solução também equaciona a questão do recalque secundário.
Esta solução pode ser exemplificada através da figura 02, onde as linhas tracejadas
representam o aterro de implantação do empreendimento e seus recalques, e as linhas
contínuas este mesmo aterro, porém com um acréscimo de altura, a sobrecarga temporária.
Nota-se que para um mesmo tempo t1, tanto o recalque quanto a sobrecarga são maiores
do que na situação sem sobrecarga. Desta forma, calculam-se os valores de recalques até o
prazo estipulado, e em seguida estes recalques para alturas pré-estabelecidas de
sobrecarga. Assim, busca-se atingir o valor do recalque calculado inicialmente, porém com o
uso da sobrecarga.
3
Tempo Recalque x Sobrecarga
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0cm 50cm 100cm 150cm 200cm 250cm 300cm
4
O processo é constituído pela cravação dos geodrenos, com auxílio de equipamento, e
utilização de mandril, o qual é retirado após atingir-se a cota de ponta desejada.
Na figura 04 apresenta-se uma ilustração de um corte típico com instalação de geodrenos e
um detalhe com suas membranas. A figura 05 ilustra o geodreno instalado e as figuras 06 e
07 uma situação de instalação em campo:
5
Desta forma, é possível verificar que o uso de geodrenos associados com sobrecarga
temporária possui uma real capacidade de redução dos prazos de ocorrência dos recalques,
assim como demostrado na figura 08, ilustrando a vantagem da utilização de drenos
verticais para aceleração de recalques por adensamento, quando se compara a evolução
dos recalques com o tempo de um aterro com e sem drenos sobre uma espessa camada de
solos moles.
6
2.3.4 Pré-carregamento por vácuo
Esta solução surgiu há mais de meio século e tem como função criar um aumento na tensão
efetiva do solo mole através de aplicação de uma pressão ininterrupta de vácuo, a qual
chega até a camada de solo mole por meio de drenos verticais. Este incremento de tensão
efetiva substitui a sobrecarga temporária e acelera o adensamento e, consequentemente, os
recalques.
Nesta técnica é utilizado um sistema de bombeamento com eficiência da ordem de 70-75%,
resultando em um valor de sucção medido entre 70 e 75kPa. Desta forma, considerando um
aterro de 17kPa, esta solução substituiria uma sobrecarga provisória de aproximadamente
4,0m de espessura. Atingidos os recalques previstos, o sistema é desligado e não há
necessidade de bota-fora. A tensão total em um solo saturado não se altera durante o
processo, conforme é possível verificar na equação a seguir:
𝜎𝑡 = (𝜎 ′ + ∆𝜎 ′ ) + (𝑢 − ∆𝑢)
Onde,
∆𝜎 ′ = ∆𝑢 = ∆𝜎𝑣𝑎𝑐
∆𝜎𝑣𝑎𝑐 = incremento na tensão de vácuo aplicada
Existem duas técnicas para o pré-carregamento por vácuo. A primeira é um sistema com
membranas, figura 09, que exige a escavação de uma vala no perímetro da área a ser
tratada, a qual deve ser escavada abaixo do nível do lençol freático.
Outro sistema também é utilizado no pré-carregamento por vácuo, não sendo necessária a
utilização de membrana e trincheira periférica. Neste, os drenos horizontais são ligados a
um sistema de tubulações.
7
Os tubos devem ser impermeáveis até aproximadamente 0,50m dentro da camada de solo
mole, visando diminuir perdas de pressão.
A principal vantagem desta técnica sem utilização de membrana é a eliminação da
“trincheira periférica”, o que pode ser muito relevante para casos com limitação de espaço. A
figura 10 ilustra uma situação de sistema de pré-carregamento por vácuo sem utilização de
membranas:
8
O EPS tem sido o material mais utilizado, porém, existe uma real preocupação com a
utilização deste método em função da possibilidade flutuação em caso de elevação do nível
d’água.
Apesar desta solução ser utilizada com frequência na Europa e Canadá, em aterro sobre
solos moles no Brasil, a utilização deste método ainda é pouco estudada e difundida,
também em função da preocupação com a variação do nível d’água.
Além disso, o custo de transporte pode ser um fator preponderante para inviabilizar esta
solução
9
Inicialmente o equipamento é posicionado e nivelado após execução do aterro de conquista,
em casos de solo mole na superfície. A brita presente no reservatório é lançada na
tremonha do vibrador que é em seguida fechada, a utilização de ar comprimido permite o
fluxo contínuo da brita até o orifício de saída. O vibrador é introduzido através da insuflação
de ar comprimido, comprimindo o solo ao seu redor, e atingindo a cota prevista, a ponta é
aberta e inicia-se a formação da coluna, a qual é compactada durante todo o processo, o
qual pode ser verificado na figura 11.
Analogamente ao dreno fibroquímico, as colunas de brita irão atuar como elemento
drenante, acelerando os recalques devido ao adensamento. Além disso, com o
melhoramento do solo, este método também irá reduzir a ordem de grandeza destes
recalques.
Existem estudos e casos reais que apontam que esta solução estabiliza o aterro sobre o
solo mole mais rapidamente do que em obras com drenos verticais, entretanto, como todos
os métodos, este também apresenta algumas restrições, dentro das quais se destaca aqui o
fato da existência de uma resistência mínima de 𝑆𝑢 , abaixo da qual não é possível o
emprego desta solução. Tal fato é devido à ausência de garantia de homogeneidade da
coluna, uma vez que a argila de baixa resistência não drenada poderá causar grandes
diminuições de seção ou até a interceptação da mesma.
10
Figura 12 – Coluna granular encamisada – integridade (Huesker, 2014.)
De acordo com Revista Fundações & Geotecnia, 2013, na implantação de uma rodovia em
São José dos Campos, onde o subsolo era composto por duas camadas de solo mole,
separadas por uma camada de areia siltosa, foi adotada a solução com colunas de brita
encamisadas, com aproximadamente 10m de profundidade. Os recalques medidos foram da
ordem de 100mm e a estabilização ocorreu em apenas 6 meses.
A estabilização dos recalques ocorreu em 3 meses, com valores de até 20cm.
As figuras 13, 14 e 15 ilustram parte do processo executivo, com a cravação da camisa
metálica, instalação do revestimento e coluna finalizada.
11
2.6 – Aterro estaqueado com uso de geossintético
O aterro estaqueado com uso de geossintético é uma evolução da solução proposta por
Terzagui, onde a carga de um aterro era transmitida às estacas por arqueamento, através
dos capitéis. Esta solução quase não transmite acréscimo de tensão ao solo mole e
portanto, os recalques por adensamento são muito pequenos, isso quando não são nulos
A figura 16 apresenta um esquema geral do processo de aterro estaqueado com uso de
geossintético.
A solução de aterro estaqueado, quando comparado com aterros convencionais, tem melhor
custo benefício para camadas espessas de argila mole, conforme é possível verificar na
figura 17:
12
Figura 17 –Aterro sobre estacas reforçado x Aterro sobre drenos (MARQUES, 2014.)
Este método tem como principais vantagens: sem tempo de adensamento; prazos
construtivos inferiores aos de outras técnicas; ao contrário de aterros convencionais,
desempenho de aterro estruturado melhora com o aumento da altura do aterro; menores
volumes de aterro pois não é preciso acelerar e/ou compensar recalques; menor
interferência com o meio ambiente em função dos menores volumes de material de jazida e
bota-fora.
Uns dos pontos que podem ser considerados como uma desvantagem do método é a
necessidade de se verificar os carregamentos horizontais nas estacas ao longo da
profundidade (efeito Tschebotarioff) em função do possível adensamento de aterros vizinhos
ao aterro estruturado.
Para um desempenho global satisfatório, recomenda-se que a espessura do aterro ℎ𝑎𝑡 seja
igual ou maior do que 70% do vão (s-b) entre capitéis. Além disso, existem algumas
recomendações geométricas (MARQUES, 2014):
13
- h = altura do aterro
Depois de admitida uma determinada geometria com base nas recomendações acima, dois
cálculos são necessários para dimensionamento do aterro estruturado:
a) Cálculo das tensões verticais sobre o geossintético;
b) Dimensionamento do geossintético, em geral geogrelha.
Diversos métodos foram propostos para dimensionamento de aterros estruturados, desta
forma destacam-se neste trabalho dois deles:
Método de Russell e Pierpoint (1997): É uma adaptação do método de Terzaghi, onde o
coeficiente de empuxo no aterro foi adotado igual a 1. Desta forma, a equação para cálculo
da tensão fica conforme descrito abaixo:
Onde,
q = sobrecarga uniforme na superfície por unidade de área (kN/m²);
𝐾𝑎𝑎𝑡 = coeficiente de empuxo no aterro;
∅𝑎𝑡 = ângulo de atrito interno do aterro
O método de Kempfert et al. (2004) também é utilizado para cálculo da tensão vertical
atuante sobre o geossintético, e é baseado na teoria da elasticidade. Através do ábaco
proposto na figura 19 é possível calcular estas tensões verticais.
14
Figura 19 –Cálculo de tensões verticais sobre o reforço (ALMEIDA, 2010.)
Para cálculo do esforço de tração atuante no reforço, T, também existem diversos métodos,
sendo que alguns autores partem de uma deformação específica (𝜀), o que não produz
valores consistentes, segundo McGuire e Filz (apud Almeida, 2010). Desta forma, as
equações são baseadas no valor de módulo do reforço J a ser utilizado.
No método da parábola, onde é admitido que a deformação do reforço tem formato
parabólico, o valor de T é dado pela equação:
Pesquisas indicaram que o método das parábolas resulta em maiores valores de esforços
de tração do que o método da membrana tensionada.
15
adensamento através deste aglomerante, o qual irá reagir com a água dos vazios do solo e
provocar o adensamento.
Existem algumas variações no processo executivo em função de limitação de profundidade
atingida, associação com outros métodos, entre outros fatores. Desta forma, temos
determinadas variações de nomenclatura com base em tais características.
Um dos processos é denominado Dry-Mix. É oriundo da Finlândia e utiliza uma escavadeira
hidráulica com um misturador na extremidade para criar uma mistura mecânica e
monitorada com o solo mole, utilizando cimento ou cal, e a água dos vazios do solo,
conforme figura 20. Este procedimento tem uma limitação de profundidade de 6m.
Além da limitação de profundidade, este método, conhecido no Brasil como Stabtec, pode
não ser viável em situações de presença de solo resistente na camada superior ao solo
mole, impedindo seu avanço.
Outro processo de injeções de consolidação surgiu na Escandinávia e Japão e é conhecido
como Deep mixing. Este cria colunas de solo-cimento com diâmetros controlados, de
maneira semelhante ao jet grouting, porém com menor consumo de aglomerante, maior
precisão nos diâmetros das colunas e menor prazo de execução.
O método consiste na criação de colunas de aglomerante misturado ao solo mole, tornando
este solo menos compressível e adensando o mesmo. A figura 21 apresenta um
equipamento de injeção para criação das colunas.
A mistura pode ser executada pelo método úmido ou método seco. Em geral, para situações
de argilas muito moles, o método seco é mais apropriado, uma vez que o teor de umidade
16
do solo é suficiente para proporcionar a reação química de ligantes estabilizadores injetados
na forma seca com o solo e nas águas dos vazios das partículas.
O consumo de cimento varia em função das propriedades do solo mole, porém, uma faixa
de valor típico estaria entre 150 e 350kg de cimento por metro cúbico de solo a ser tratado,
de acordo com informações de uma das grandes empresas executoras do método.
Outra solução para acelerar o adensamento e ainda melhorar as propriedades dos solos é
denominada CPR, consolidação profunda radial, patenteada por uma empresa brasileira. O
princípio executivo é o mesmo, porém o emprego de geodrenos verticais associados à
criação de colunas de solo-cimento facilita a dissipação da poropressão.
3. ESTUDO DE CASO
17
Este aterro de implantação sobre estas camadas de solo muito mole implicou na
necessidade de um estudo de adensamento para estabilização deste aterro.
A figura 22 apresenta um perfil geológico típico presente na região do empreendimento,
verificado através da sondagem de simples reconhecimento SP125.
Os dados para dimensionamento e os valores dos recalques e tempos de ocorrência para
tal perfil de sondagem são:
• Altura do aterro de implantação a ser executado: 2,50m
• Espessura das camadas de argila muito mole:
-Primeira camada: 2,00m
-Segunda camada: 2,05m
• Recalque por adensamento previsto: 28cm
• Tempo de ocorrência para 90% do recalque: aproximadamente 4 anos
Após diversas análises decidiu-se, juntamente com o cliente, utilizar a solução com CPR
(Consolidação Profunda Radial), a qual foi finalizada em Agosto de 2014. No mês seguinte o
aterro foi lançado e em 18.09.2014 iniciaram-se as medições, conforme figuras 23 e 24.
18
Figura 22 –Sondagem SP125
20
Desta forma, nota-se que nesta obra de aterro sobre solo mole, onde existia uma
previsão de recalque médio de 18,5cm em 7 anos, a solução com CPR atingiu a
estabilização deste aterro com recalques inferiores a 2,3cm em 4 meses.
O consumo de aglomerante também é um fator importante na distinção dos métodos e
muito relevante em função dos custos envolvidos. A metodologia de injeções de
consolidação, em geral, é uma opção também aos prazos executivos, uma vez que,
em geral, estabiliza o aterro em poucos meses. Este fator pode ser preponderante
também em casos de empreendimentos imobiliários, tendo em vista que cada vez de
uma maneira mais significativa, os prazos podem ser mais relevantes do que os
custos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
21
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARQUES, Maria Esther Soares. Curso “Obras sobre Solos Moles”. COPPE/URFJ,
2014
Revista Fundações & Obras Geotécnicas – Ano2 N°14 – Artigo: Fundações de pátios
de estocagem com colunas confinadas com geotêxtil e reforços horizontais em áreas
de solos moles, 2013.
22