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Biossegurança

Brasília-DF.
Elaboração

Amanda Piovesan Ucci

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS.................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
RESPONSABILIDADES................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 2
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)...................................................................... 13

CAPÍTULO 3
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA................................................................................ 18

UNIDADE II
PROTEÇÃO DO AMBIENTE E DE TRABALHO E DO MEIO AMBIENTE.......................................................... 26

CAPÍTULO 1
PROTEÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO................................................................................. 26

CAPÍTULO 2
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE.............................................................................................. 28

UNIDADE III
MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS......................................................... 36

CAPÍTULO 1
MANIPULAÇÃO DE REAGENTES QUÍMICOS.............................................................................. 36

CAPÍTULO 2
MANIPULAÇÃO DE MATERIAL BIOLÓGICO............................................................................... 39

UNIDADE IV
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA..................................... 45

CAPÍTULO 1
CLASSE DE RISCO 1, 2, 3 E 4.................................................................................................. 45

CAPÍTULO 2
NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA 1, 2, 3 E 4..................................................................................... 63
UNIDADE V
TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO.......................................................................... 66

CAPÍTULO 1
TRANSPORTE DE MATERIAL BIOLÓGICO................................................................................... 66

CAPÍTULO 2
DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO....................................................................................... 72

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 79

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 81
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

6
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Sejam bem vindos ao Caderno de Estudos de Biossegurança. Nessa disciplina serão
abordados conceitos sobre a importância da biossegurança no ambiente de trabalho
e no meio ambiente, a fim de se preservar tanto a saúde pública quanto a do meio
ambiente. Durante a disciplina será conceituado um conjunto de ações referente à
prevenção, minimização e eliminação de riscos dos profissionais em diversos setores
de serviços da saúde e cuidados com o meio ambiente em geral.

Sabe-se que laboratórios de pesquisa, laboratórios de análises clínica, hospitais,


dentre outros, são ambientes considerados extremamente hostis. Geralmente, esse
ambiente é composto por pessoas, reagentes e soluções, diversos microrganismos,
amostras variadas, livros, papéis e vários outros componentes. A vasta diversidade
desses elementos, as interações entre os fatores humanos, ambientais, educacionais,
tecnológicos e normativos podem favorecer a ocorrência de acidentes. Devido a essa
variedade de elementos que podem ser encontrados em um mesmo espaço e suas
possíveis interações, surgiram normas específicas e técnicas de boa conduta em
laboratórios que proporcionam o funcionamento desse sistema de forma adequada
e segura, com o objetivo de minimizar ocorrências desagradáveis ao trabalhador,
comunidade e meio ambiente. Para que essa segurança seja efetiva, deve-se adotar
algumas condutas necessárias, tais quais:

»» disciplina;

»» respeito às normas e legislações pertinentes;

»» consciência ética;

»» trabalhar respeitando as medidas de biossegurança.

Assim, o termo biossegurança envolve três bases principais: respeito à vida, valores
éticos e responsabilidade social. Para que essas bases possam ser respeitadas, é de
extrema importância o entendimento do conceito de risco, perigo e acidente:

»» Perigo: é a probabilidade de causar dano. Existe quando uma situação é


desconhecida ou mal conhecida.

»» Risco: é a probabilidade de concretização do perigo. É mediado pelo


conhecimento da situação e pode ser prevenido.

»» Acidente: é a concretização do risco.

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Objetivos
»» Garantir a segurança dos trabalhadores e do meio ambiente.

»» Descrever rotinas de trabalho com a minimização de riscos.

»» Conhecer avaliação de risco para a saúde e segurança do trabalho.

»» Conhecer a legislação básica de saúde e segurança do trabalho.

»» Promover medidas de prevenção de acidentes no ambiente laboral.

»» Entender a importância da aplicação das normas de biossegurança no


ambiente laboral.

»» Identificar os riscos de infecção/contaminação e saber como controlá-los.

»» Fornecer o aprendizado e crescimento do estudante na sua área


profissional.

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BIOSSEGURANÇA:
DEFINIÇÕES E UNIDADE I
INSTRUMENTOS

CAPÍTULO 1
Responsabilidades

Desde o século XIX, com a instituição de escolas médicas e ciência experimental,


algumas noções sobre os benefícios e riscos inerentes à execução de trabalhos
científicos, principalmente em laboratórios, estavam sendo elaboradas. No entanto,
o termo biossegurança começou a ser empregado no Brasil somente a partir das
décadas de 1970 e 1980, momento em que a biossegurança foi estruturada como área
específica em decorrência aos numerosos relatos de infecções graves ocorridas em
ambientes de trabalho, juntamente com o aumento da preocupação relacionada às
possíveis consequências da experimentação com animais, plantas e microrganismos
que pudessem ser trazidos ao homem e/ou ao meio ambiente.

A origem do conceito de biossegurança foi marcada pela comunidade científica durante


uma conferência em Asilomar, na Califórnia, momento em que se iniciou uma discussão
sobre impactos da engenharia genética na sociedade. Foi a partir dessa reunião que
se originaram as normas de biossegurança do National Institute of Health (NIH), dos
Estados Unidos da América. Segundo Goldin (1997), a reunião foi um “marco na história
da ética aplicada à pesquisa, pois foi a primeira vez que se discutiu os aspectos de
proteção aos pesquisadores e demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realiza
o projeto de pesquisa”. A partir desse momento, a definição para o termo biossegurança
sofreu algumas alterações de acordo com o foco de atenção do período.

Na década de 1970, como a atenção era voltada para a saúde do trabalhador –


considerando os riscos biológicos no ambiente ocupacional – a Organização Mundial
da Saúde (OMS), usou a seguinte definição para o termo: “práticas preventivas para o
trabalho em contenção a nível laboratorial, com agentes patogênicos para o homem”.
Posteriormente, na década de 1980, a OMS incluiu à definição os chamados riscos
periféricos encontrados em ambientes laboratoriais que trabalham com agentes

10
BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

patogênicos para o homem, considerando também os riscos químicos, físicos,


radioativos e ergonômicos.

Logo em seguida, na década de 1990, a biossegurança sofreu mudanças significativas.


Em um seminário no Instituto Pasteur, em Paris, (INSERM, 1991) foi observada a
incorporação de temas como, por exemplo, ética na pesquisa, meio ambiente, animais
e processos envolvendo a tecnologia do DNA recombinante. Baseada nessa linha, em
que o foco está relacionado tanto com o ambiente ocupacional como com a proteção
ambiental e a qualidade, surge outra definição para o termo: “a biossegurança é o
conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos
inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços, visando à saúde do homem, dos animais, preservação do meio
ambiente e a qualidade dos resultados (TEIXEIRA; VALLE, 1996).

No Brasil, a Lei de Biossegurança no 11.105, de 24 de março de 2005, estabelece


diretrizes para o controle das atividades e produtos originados através da técnica do
DNA recombinante, a qual envolve Organismos Geneticamente Modificados (OGM).
Assim, a Constituição Federal estabelece normas para o uso das técnicas de engenharia
genética e liberação no meio ambiente de OGM, sendo então citado no Art. 1o da Lei
supracitada:

Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização


sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte,
a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a
pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente
e o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus
derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área
de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana,
animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a
proteção do meio ambiente.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão que regula a lei


acima, foi criada em 1995 e é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI). A CTNBio é composta por diversos profissionais de vários Ministérios e
indústrias tecnológicas, estabelece não somente normas às atividades que envolvem
qualquer tipo de manipulação com OGMs em território nacional (SCHOLZE, 1999) –
a fim de minimizar possíveis riscos e também as reações – como também as relações
de organismos não geneticamente modificados com a promoção da saúde no meio
ambiente, ambiente de trabalho e na comunidade em geral. A lei estabelece, ainda,
que compete aos órgãos de fiscalização do Ministério da Saúde, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente a fiscalização
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UNIDADE I │BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS

e monitoramento das atividades que envolvem os OGMs, tanto quanto em relação à


emissão de registro quanto a comercialização/liberação no meio ambiente. Deste modo,
a CTNBio, mediante solicitações encaminhadas, é responsável pela emissão de parecer
técnico sobre a segurança dos produtos e processos relacionados com a engenharia
genética, contemplando os seguintes aspectos:

»» riscos para a saúde humana;

»» riscos relacionados à sanidade vegetal e animal;

»» riscos ao meio ambiente.

Posteriormente, para complementação, em fevereiro de 2002, foi criada a Comissão


de Biossegurança na Saúde (CBS) que tem como objetivo determinar estratégias de
atuação, avaliação e acompanhamento de medidas de biossegurança, buscando o
entendimento no âmbito do Ministério da Saúde e instituições que lidam com o tema.

Outra definição para o termo biossegurança é aquela estabelecida pela Agência Nacional
da Vigilância Sanitária (ANVISA) como “Condição de segurança alcançada por um
conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes
às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente.”.

Por fim, dentre as várias definições para biossegurança, a questão que fundamenta o
termo é a garantia de que todo e qualquer procedimento científico seja seguro para
os profissionais executores, os pacientes (quando houver) e para o meio ambiente,
não excluído, no entanto, a geração de resultados de qualidade. Para que suas ações
sejam efetivas, é necessária a informação de todas as partes envolvidas em atividades
de risco. É importante que as diretrizes atuais sejam praticadas de maneira correta
para minimizar os riscos existentes, pois a existência de leis não garante a ausência de
riscos. Os elementos básicos para a contenção/controle dos agentes de risco podem ser
resumidos nos seguintes aspectos:

»» observação de práticas e técnicas padronizadas;

»» conhecimento prévio dos riscos;

»» treinamento de segurança apropriado;

»» manual de biossegurança contendo a identificação dos riscos,


procedimento para a minimização dos riscos, especificação de práticas
específicas, entre outros;

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BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

»» boas práticas laboratoriais (ou no ambiente de trabalho) e princípios de


biossegurança aplicados ao trabalho em desenvolvimento.

Por fim, o coordenador, diretor ou chefe do laboratório ou ambiente de trabalho é


responsável pela segurança e deve, por sua vez, assegurar a implementação das Normas
de Biossegurança e Boa Conduta em Laboratório a fim de garantir o bem estar dos
trabalhadores. Os funcionários devem executar as normas exigidas, pois a segurança é
uma responsabilidade de cada indivíduo.

O meio laboral deve conter uma Comissão de Biossegurança a qual deve possuir, por
sua vez, as seguintes responsabilidades em biossegurança:

»» Baseado na legislação vigente e suas revisões (quando houver e se


necessário) deve ser preparado um manual de biossegurança.

»» O manual de biossegurança deve ser distribuído a todos os laboratórios


que tenham envolvimento direto ou indireto com a rotina, inclusive
setores burocráticos.

»» Caso haja acidente, sua causa deve ser investigada a fim de encontrar
soluções que minimizem sua repetição.

»» Coordenar a coleta e descarte de rejeitos.

»» Fornecer e garantir o treinamento dos funcionários.

Além da Comissão de Biossegurança, as responsabilidades do chefe do setor ou do


coordenador são as seguintes:

»» Identificar os riscos decorrentes das atividades do seu setor e relatar à


Comissão de Biossegurança.

»» Assegurar a realização das atividades de biossegurança.

»» Fornecer treinamento de biossegurança aos trabalhadores do setor.

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CAPÍTULO 2
Equipamentos de Proteção Individual
(EPI)

Segundo a Norma Regulamentadora 6 (NR 6), os Equipamentos de Proteção Individual


(EPI) são produtos ou dispositivos utilizados por trabalhadores para a proteção aos
riscos de ameaça à segurança e saúde no trabalho. São equipamentos de uso individual,
empregados para proteger os trabalhadores do contato com agentes infecciosos, tóxicos
ou corrosivos a fim de evitar a contaminação. Eles só podem ser comercializados
e utilizados com a indicação do Certificado de Aprovação (CA), expedido pelo órgão
nacional competente relacionado à segurança e saúde no Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE). É regulamentado pela Portaria no 485, de 11 de novembro de 2005, que
aprova a NR 32 (Segurança no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde) do Ministério
do Trabalho e Emprego, competindo ao profissional a sua utilização e conservação.
Deste modo, EPIs podem ser definidos como:

Qualquer equipamento destinado a ser usado ou detido pelo trabalhador


para a sua proteção contra um ou mais riscos susceptíveis de ameaçar a
sua segurança ou saúde no trabalho, bem como qualquer complemento
ou acessório destinado para tal fim.
(R.D. 773/1997 Art. 2o)

São considerados exemplos de Equipamento de Proteção Individual (EPI):

Luvas
As luvas são usadas para a prevenção contra a contaminação das mãos durante a
manipulação de materiais contaminados, atuando como uma barreira de proteção e
reduzindo a probabilidade dos microrganismos que estão presentes nas mãos de serem
transmitidos durante o procedimento realizado. Assim, o uso das luvas é importante
para todos que trabalham em ambiente laboratorial, manipulando amostras biológicas,
preparando soluções, fazendo atendimento ao paciente ou lavagem de material. É
importante que o descarte da luva seja feito quando há suspeita de contaminação ou
quando sua integridade estiver comprometida. Não se deve usar luvas fora da área de
trabalho, para abrir portas ou atender telefone. Além disso, o uso das luvas não substitui
a lavagem das mãos, sendo esse outro fator a ser considerado.

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BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

Luvas de nitrila (nitrílica)

As luvas de nitrila não contêm proteínas do látex e são bastante resistentes. Por serem
resistentes aos produtos solventes, vários óleos e alguns ácidos, seu uso é recomendado
para preparo de soluções, lavagem de material e em ambientes de manufatura.
Geralmente são fabricadas sem pó, nas cores azul, roxa e branca.

Luvas de látex

O uso de luvas de látex ou silicone descartável é recomendado durante procedimentos


que necessitam de proteção específica contra material biológico, ou seja, chance de
contato com sangue, dejetos, microrganismos, fluidos do corpo, mucosas, lesões e
animais de laboratório. Elas devem ser descartadas de maneira segura, após o uso. No
mercado, elas podem ser encontradas com ou sem pó (talco), estéril ou não estéril.

Luvas de vinil

As luvas produzidas em vinil (ou cloreto de vinila) são fortes e podem ser reutilizadas.
O vinil usado na fabricação é um polímero sintético resistente, portanto, seu uso é
recomendado para limpezas em geral por ser uma barreira contra microrganismos.

Luvas de fio de kevlar tricotado

Utilizadas para trabalhos a temperaturas até 250°C.

Luvas térmicas de nylon

Utilizadas para trabalhos a temperaturas até - 35°C.

Figura 1. Luvas de nitrila, látex e vinil.

Figura adaptada e disponível em: <http://canalsuperepi.com.br/luvas-de-procedimento-vinil-latex-nitrilica-procedimento-


artigo/>.

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UNIDADE I │BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS

Avental
Existem vários tipos de jaleco que são usados como barreira de proteção com o objetivo
de reduzir as oportunidades de contato com microrganismos ou substâncias nocivas.
O uso de jaleco protege a pele do contato com fluidos corpóreos, sangue, material
infectado etc. O jaleco deve:

»» ser de uso constante em laboratório;

»» ser de mangas longas confeccionados com algodão ou fibra sintética não


inflamável, preferencialmente;

»» ser usado somente em área de trabalho e nunca em ônibus, refeitório,


elevadores, copas, toaletes e outros locais públicos;

»» ser descontaminado antes de lavado.

Avental Impermeável

Evita a contaminação do vestuário.

Figura 2. Avental.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.cordovaisc.com/product/mpl100-defender-ii-lab-coat/>.

Máscaras e respiradores
Utilizados para a proteção de boca e nariz da inalação ou respingos de substâncias
químicas voláteis, tóxicas ou partículas em aerossol.

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BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

Máscara do tipo cirúrgico

Não possuem filtro, porém, protegem o aparelho respiratório no manuseio de material


biológico.

Máscara com sistema de filtração

Compostas por camadas de fibras sintéticas impermeáveis a fluidos, com densidade e


porosidade capazes de atuar como barreira a microrganismos transportados pelo ar
(aerossóis) com eficiência de filtração maior ou igual a 95% partículas de 0,3 μm.

Respirador
Devem ser usados durante a manipulação de reagentes químicos voláteis ou em áreas
de contaminação com aerossóis de material biológico para a proteção do aparelho
respiratório. Veja exemplos de máscaras e respiradores na figura 3.

Figura 3. Máscaras e respiradores.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.prevencaonline.net>.

Óculos de proteção
Protegem os olhos contra respingos de substâncias químicas, partículas, material
biológico ou exposição a radiações perigosas, como a luz ultravioleta (UV).

Protetor facial
Protege a face contra respingos de substâncias químicas, partículas e material biológico,
raios ultravioleta (UV). Devem ter o visor de acrílico, ser leve e resistente.

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UNIDADE I │BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS

Figura 4. Óculos de proteção.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.allaboutvision.com/safety/safety-glasses.htm>.

Figura 5. Protetor facial.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.nabiltools.com/nab/product-category/products/safety-products/>.

Outros tipos de equipamentos de proteção individual usados são:

»» protetor auricular;

»» protetor de membros inferiores (perneiras, calças e calçados


impermeáveis, botas com cano longo, pró-pé);

»» protetor de cabeça (capacete);

»» protetor de tronco (coletes);

»» protetor de corpo inteiro (macacão, cinturão de segurança).

É obrigação do empregador adquirir o EPI, fornecer somente EPI aprovado pelo órgão
nacional competente, orientar e treinar o trabalhador quanto ao uso e conservação, exigir
o uso, substituir EPI extraviado ou danificado, responsabilizar-se por sua manutenção
e higienização e comunicar ao MTE sobre qualquer irregularidade observada.

É obrigação do empregado usar o EPI, responsabilizar-se por sua guarda e conservação,


comunicar qualquer alteração imprópria para uso e cumprir as determinações do
empregador em relação ao uso adequado do equipamento.
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CAPÍTULO 3
Equipamentos de Proteção Coletiva

Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), como o próprio nome diz, são dispositivos
de proteção, no âmbito coletivo, dos trabalhadores expostos a determinados riscos. Os
principais objetivos de EPC são:

»» preservar a integridade física dos trabalhadores e indivíduos que estão no


ambiente de trabalho;

»» diminuir as perdas, melhorar as condições de trabalho e aumentar a


produtividade;

»» minimizar os riscos inerentes ao processo de produção no ambiente de


trabalho.

Assim, o uso de EPC proporciona, além da proteção aos trabalhadores e terceiros, a


melhoria nas condições de trabalho, com maior produtividade e qualidade, e a redução
de acidentes de trabalho. Dentre os exemplos de EPC pode-se citar (RICHMOND et al.,
2001):

Kit de primeiros socorros


Deve ser composto por material indicado.

Lava-olhos
Utilizado para lavar os olhos em casos de respingos ou salpicos acidentais. Podem fazer
parte do chuveiro ou não.

Chuveiro de emergência
Chuveiro para banho em local de fácil acesso em casos de acidentes com fogo ou
produtos químicos.

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UNIDADE I │BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS

Vaso ou balde de areia


Utilizado sobre o derramamento de álcalis para sua neutralização.

Dispositivo de pipetagem
Dispositivos para sucção de pipetas como, por exemplo, pipetador automático, pera de
borracha e outros.

Cabines de segurança biológica (CSB)

Figura 6. Chuveiro de emergência e lava-olhos.

Figura adaptada e disponível em: <http://catalogo.merse.com.br/catalogo_merse/equipamentos/chuveiro_emergencia.


htm>.

Figura 7. Dispositivo de pipetagem.

Figura adaptada e disponível em: <http://centraldelaboratorios.files.wordpress.com/2013/04/dispositivos-auxiliares-para-


pipetar.jpg>.

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BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

As Cabines de Segurança Biológica (CSB) constituem o principal equipamento de


contenção física para agentes infecciosos. São projetadas com sistema de filtração de
ar para a proteção do material e do profissional, segurança na área de trabalho em
diversos ensaios, principalmente para a manipulação de substâncias tóxicas, materiais
biológicos infectantes e cultura de células.

As CSB possuem filtros de alta eficiência. O mais comum é o chamado HEPA (High
Efficiency Particulate Air) que possui eficiência de 99,93% para partículas de 0,3 μm
de diâmetro, chamada de MPPS (Maximum Penetration Particulate Size). Como as
CSB são projetadas de acordo com o tipo de microrganismo ou produto que vai ser
manipulado, as CSB são classificadas em três diferentes tipos:

»» Classe I;

»» Classe II (subdividida em A, B1, B2 e B3); e

»» Classe III.

Cabine de Segurança Biológica de Classe I

É a forma mais simples de cabine. O fluxo do ar ocorre de fora para dentro, sem a
recirculação do ar. Ela é recomendada para trabalho com microrganismos de baixo a
moderado risco. A presença do filtro HEPA permite que o ar seja filtrado antes de ser
liberado no laboratório ou ambiente de trabalho.

Cabine de Segurança Biológica de Classe II

Também conhecida como capela de fluxo laminar, possuem uma área de trabalho isenta
de contaminação externa devido ao seu fluxo de ar unidirecional. Assim, devido a esta
corrente de ar limpo (alto grau de limpeza), é garantida a manipulação com segurança
dos materiais biológicos ou estéreis que não podem ser contaminados.

Cabine de Classe II A

É utilizada para manipulação de microrganismos de riscos biológicos de classes I e


II protegendo tanto o operador quanto o produto. Não é utilizada com substâncias
tóxicas, explosivas, inflamáveis ou radioativas devido a grande porcentagem de ar
(aproximadamente 70%) que é recirculado para o interior da cabine após passagem
por filtro HEPA.

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Cabine de Classe II B1

Esse tipo de cabine protege o produto, o operador e o meio ambiente. É permitida a


manipulação de microrganismos de classe I, II e III e operações de risco moderado com
materiais químicos, voláteis e agentes biológicos tratados com baixas quantidades de
produtos tóxicos ou químicos.

Figura 8. Cabine de Segurança Biológica de Classe I.

A) abertura frontal. B) vidraça corrediça. C) filtro HEPA para exaustão. D) espaço de exaustão.

Fonte: Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories, 2009.

22
BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

Figura 9. Cabine de Segurança Biológica de Classe II A

A) abertura frontal. B) vidraça corrediça. C) filtro HEPA para exaustão. D) filtro HEPA para suprimento de ar. E) espaço posterior.
F) ventilador.

Fonte: Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories, 2009.

Cabine de Classe II B2

Esse tipo de cabine também protege o produto, o operador e o meio ambiente. Pode
ser usada com materiais que liberam odores, agentes biológicos tratados com produtos
químicos e radioativos, operações de risco moderado e permite manipulação de
microrganismos de risco biológico de classes I, II e III. Também é utilizada durante a
homogeneização e/ou centrifugação de materiais de risco biológico.

23
UNIDADE I │BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS

Figura 10. Cabine de Segurança Biológica de Classe II B1.

A) abertura frontal. B) vidraça corrediça. C) filtro HEPA para exaustão. D) filtro HEPA para suprimento de ar. E) espaço de
exaustão com pressão negativa. F) ventilador. G) filtro HEPA adicional para suprimento de ar.

Fonte: Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories, 2009.

Cabine de Classe II B3

Protege o produto, o operador e o meio ambiente e é bastante semelhante à Cabine de


Classe II A. É recomendada para a manipulação de microrganismos de risco biológico
de classes I, II e III e pode ser usada na presença de pequenas quantidades de materiais
químicos voláteis, tóxicos e traços de radioatividade.

Cabine de Segurança Biológica de Classe III

Essa é uma cabine de contenção máxima que proporciona a máxima proteção ao


produto, operador e meio ambiente. É indicada para a manipulação de microrganismo
de risco de classes III e IV, como, por exemplo, vírus de febres hemorrágicas. A operação
é realizada com luvas de borracha que são acopladas à cabine. Ela é totalmente fechada,
possui ventilação própria, à prova de escape de ar, opera com pressão negativa e é
construída em material de aço inox.

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BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

Figura 11. Cabine de Segurança Biológica de Classe II B2.

A) abertura frontal. B) vidraça corrediça. C) filtro HEPA para exaustão. D) filtro HEPA para suprimento de ar. E) espaço de
exaustão com pressão negativa.

Fonte: Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories, 2009.

Figura 12. Cabine de Segurança Biológica de Classe II B3.

A) abertura frontal. B) vidraça corrediça. C) filtro HEPA para exaustão. D) filtro HEPA para suprimento de ar. E) espaço de
exaustão com pressão negativa.

Fonte: Adaptada de Richmond e colaboradores, 2001.

25
UNIDADE I │BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS

Figura 13. Cabine de Segurança Biológica de Classe III.

A) compartimento para fixação de luvas longas de borracha à cabine. B) vidraça corrediça. C) filtro HEPA para exaustão. D)
filtro HEPA para suprimento de ar. E) autoclave dupla saída na extremidade ou caixa de passagem da cabine. O sistema de
exaustão da cabine precisa ser conectado a um sistema de exaustão independente.

Fonte: Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories, 2009.

A escolha da CSB depende do microrganismo a ser manipulado, das substâncias a


serem utilizadas e do tipo de proteção pretendida (do produto, do operador, de ambos).
A tabela 1 compara os tipos de CSB e suas características quanto ao uso e ao tipo de
proteção desejada ou necessária:

Tabela 1. Tipos de Cabines de Segurança Biológica e suas comparações.

Velocidade Substâncias Níveis de Proteção do


Tipo Padrão de fluxo do ar
frontal químicas Biossegurança Produto
Classe I (frente aberta) 75 Frontal (através de filtro HEPA) Não 2e3 Não
70% ar recirculado (através
Classe II A 75 de HEPA) e exaustão (através Não 2e3 Sim
de HEPA)
30% ar recirculado (através de
Sim (baixos níveis
Classe II B1 100 HEPA) e exaustão (através de 2e3 Sim
e volatilidade)
HEPA e dutos)
Sem recirculação de ar,
Classe II B2 100 exaustão (através de HEPA e Sim 2e3 Sim
dutos)
Igual às Cabine II A porém com
Classe II B3 100 pressão negative e exaustão Sim 2e3 Sim
(através de dutos)
Entrada e saída de ar através
Classe III _ Sim 4e5 Sim
de filtro HEPA 2

Fonte: Adaptada de Richmond e colaboradores, 2000.

26
PROTEÇÃO DO
AMBIENTE E DE UNIDADE II
TRABALHO E DO
MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO 1
Proteção do ambiente de trabalho

Você conhece a diferença entre ambiente de trabalho e meio ambiente de


trabalho?

Vários autores definem o termo “ambiente de trabalho”:

Segundo Celso Antônio Pachecco Fiorillo (2002), o ambiente de trabalho é o local


onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não,
cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que
comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente
da condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade,
celetistas, servidores públicos, autônomos etc.

Já na visão de José Afonso da Silva (1995), “meio ambiente de trabalho” é o local em


que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade está, por isso, em
íntima dependência da qualidade daquele ambiente.

Meio ambiente de trabalho é definido ainda, como o conjunto de fatores físicos,


climáticos ou qualquer outro que, interligado ou não, está presente e envolve o local de
trabalho da pessoa (SANTOS, 2000).

Apesar das pequenas diferenças nas definições, o meio ambiente de trabalho deve ser
saudável e os trabalhadores e gestores devem colaborar para a proteção, melhoria e
bem-estar dos trabalhadores; além da execução de práticas de sustentabilidade desse
ambiente.

27
UNIDADE II │PROTEÇÃO DO AMBIENTE E DE TRABALHO E DO MEIO AMBIENTE

Retornando ao conceito de biossegurança, foi inicialmente aplicada com o objetivo


de indicar e/ou identificar um conjunto de ações necessárias para diminuir os riscos
inerentes a exposição de agentes infecciosos ou de natureza física a fim de manter o
ambiente saudável. Assim, a biossegurança tornou-se um tema interdisciplinar, pois
integra diversas áreas de conhecimento como a biotecnologia, biologia, ecologia,
sociologia, epidemiologia, bioética etc. Desse modo, a discussão em diferentes áreas de
conhecimento leva em consideração as constantes mudanças decorrentes da intervenção
humana e avanços científicos e tecnológicos.

Segundo o Artigo 1o da Constituição Brasileira, o trabalho é, efetivamente, um fator de


inclusão social.

“A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito…”
(Art. 1°, CF/1988)

Assim, o Artigo 1o tem como fundamentos:

I. a soberania;

II. a cidadania;

III a dignidade da pessoa humana;

IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V. o pluralismo político.

A partir dos preceitos III e IV do Artigo 1o da Constituição Federal, é pertinente a reflexão


sobre os esforços de uma empresa ou indústria para que sejam atingidos os meios de
produção, ou seja, a produtividade de obtenção de lucros por meio da inserção do
indivíduo no ambiente de trabalho. No entanto, a sociedade deve desenvolver esforços
pra não agredir o meio laboral e o meio ambiente natural além de promover ações
que visam à melhoria de ambos os ambientes. Desse modo, o trabalhador é capaz de
produzir com qualidade e em quantidade, sem riscos de lesões ou doenças ocupacionais.

28
CAPÍTULO 2
Proteção do meio ambiente

Após algumas catástrofes ambientais houve um aumento da conscientização da


sociedade em relação ao meio ambiente. Condutas mais responsáveis ocorreram, por
exemplo, após os acidentes de Chernobyl, na ex-URSS; de Bopahl, na Índia; o de Three
Islands, nos EUA e dos efeitos graves causados pela modificação do homem no meio
ambiente, causando seu desequilíbrio.

Existem medidas de proteção ambiental que devem ser sempre executadas a fim de
proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais presentes. Tais
medidas fornecem uma melhoria da qualidade de vida da população e devem ser
estabelecidas em áreas de domínio público ou privado.

As medidas listadas abaixo são simples, porém, colaboram amplamente com a proteção
do meio ambiente:

»» Reciclagem: geralmente, o lixo que não é reciclado vai para um aterro e,


consequentemente, gera gás metano e CO2 (dióxido de carbono). Além
disso, os produtos provenientes de material reciclado requerem menos
energia durante a sua produção. Os resíduos recicláveis podem ter sua
matéria-prima reciclada, o que gera uma grande economia de recursos
naturais e financeiros.

»» A queima de lixo lança hidrocarbonetos e CO2 na atmosfera, agravando a


poluição já existente.

»» Os filtros de ares-condicionados devem ser limpos regularmente, pois,


além de propagarem determinados microrganismos, filtros sujos lançam
uma quantidade maior de CO2 na atmosfera.

»» Deixar aparelhos fora da tomada quando não estão sendo usados. Quando
deixados em modo standby há um consumo de energia que pode variar
de 15% a 40% da energia utilizada quando em uso.

»» Dar preferencia a eletrodomésticos de baixo consumo de energia.

»» Substituir lâmpadas incandescentes por fluorescentes ou LED para


economia de energia.

»» Descartar devidamente lixo comum, material contaminado e material


químico.

29
UNIDADE II │PROTEÇÃO DO AMBIENTE E DE TRABALHO E DO MEIO AMBIENTE

Outro importante processo de degradação do meio ambiente é o chamado Efeito Estufa.


Ele é um fenômeno natural do planeta Terra para manter o equilíbrio da temperatura.
Porém, o aumento descontrolado da temperatura ambiente pode ser provocado por
ações humana como, por exemplo, lançamento de gases poluentes na atmosfera. Esses
gases são gerados por meio da queima de combustíveis fósseis, produção industrial,
queima de árvores, entre outros. Assim, gases como CO2 e CO (monóxido de carbono),
CH4 (metano), N2O (óxido nitroso) e o CFC (clorofluorcarboneto) desequilibram o
sistema climático da Terra por meio da potencialização do aumento da temperatura
terrestre, causando elevação do nível médio dos oceanos, aumento da frequência das
tempestades, ondas de calor, alteração do sistema de chuvas, alteração nos ecossistemas
e extinção de espécies, proliferação de doenças, perdas na agricultura, entre outros.

Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos


existentes no ambiente de trabalho, que, dependendo da sua natureza,
concentração ou intensidade, e tempo de exposição, são capazes de causar
danos à saúde (CARVALHO, 1999).

Para maiores informações sobre gestão e avaliação de risco ambiental acesse


o link <http://static.scielo.org/scielobooks/ffk9n/pdf/brilhante-9788575412411.
pdf>.

Descarte de materiais contaminados


A geração de resíduos provenientes das atividades humanas, apesar de fazer parte
da própria história do homem, aumentou a partir da segunda metade do século XX
devido aos novos padrões de consumo da sociedade industrial e avanço tecnológico.
Por isso, a fim de garantir o desenvolvimento sustentável e a preservação da saúde
pública, questões sobre política pública e legislação têm sido discutidas. Segundo
a RDC ANVISA no 306/2004 e a Resolução CONAMA no 358/2005, os geradores de
Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) que estão relacionados com o atendimento à saúde
humana e animal são classificados em função de suas características e possíveis riscos
que podem acarretar ao meio ambiente. Porém, essa classificação pode sofrer algumas
modificações à medida que novos tipos de resíduos surgem devido à descoberta de
novas características dos resíduos e novas metodologias empregadas.

Assim, de acordo com a RDC ANVISA no 306/2004 e a Resolução CONAMA no


358/2005, os RSS são classificados em cinco grupos:

30
BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS│ UNIDADE I

Grupo A

Resíduos com possível presença de agentes biológicos que podem apresentar risco de
infecção. Este grupo é classificado em A1, A2, A3, A4 e A5. Saiba mais sobre o descarte
do Grupo A no Capítulo 2 da Unidade V dessa apostila.

Grupo B

Esse grupo abrange resíduos que contém substancias químicas que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características
de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Enquadram-se nesse
grupo produtos hormonais e antimicrobianos, citostáticos, imunossupressores,
antirretrovirais, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados, reveladores e
fixadores (para revelação de imagem) e demais produtos considerados perigosos,
segundo a classificação da NBR 10.004 da ABNT. Para esse grupo, o descarte deve ser
realizado da seguinte maneira:

»» Resíduos Químicos Líquidos Não Perigosos: caso não estejam


contaminados com algum tipo de produto diferente, eles podem ser
descartados na rede de esgoto desde que os limites estabelecidos nos
decretos estaduais nos 8.468/1976 e 10.755/1997 sejam respeitados.

»» Resíduos Químicos Líquidos Perigosos: os materiais não


contaminados com outros produtos devem ser mantidos em suas
embalagens originais ou embalagens próprias, sendo preenchido até
90% ou 3/4 de sua capacidade total.

»» Resíduos Químicos Sólidos: esses materiais (filtros com precipitado


perigoso, luvas utilizadas em manuseio de substâncias perigosas, por
exemplo) devem ser acondicionados em recipientes de material adequado
ou caixa para perfurocortantes.

Grupo C

Materiais que são resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos


em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas normas do
Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Enquadram-se nesse grupo, os rejeitos
radioativos ou contaminados com radionuclídeos conforme a resolução CNEN-6.05.
Todos os materiais radioativos devem conter o símbolo da radioatividade na embalagem,
frasco ou local de manipulação.

31
UNIDADE I │BIOSSEGURANÇA: DEFINIÇÕES E INSTRUMENTOS

Figura 14. Símbolo de radioatividade.

Fonte: <http://pixabay.com/en/radioactive-nuclear-irradiant-98737/>.

Grupo D

Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico, podem ser
equiparados aos resíduos domiciliares. Enquadram-se neste grupo, papel de uso
sanitário e fralda, absorventes higiênicos, resto alimentar, resíduos provenientes das
áreas administrativas, dentre outros.

Grupo E

Materiais perfurocortantes ou escarificantes. Enquadram-se neste grupo as lâminas


de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, lâminas de bisturi, tubos capilares,
lâminas e lamínulas, utensílios de vidro quebrados (pipetas, placas de Petri etc.) e
outros similares. Para fins de descarte, esses materiais devem ser acondicionados em
recipientes providos de tampa e material resistente à punctura, ruptura ou vazamento.
Normalmente, são usadas caixas do tipo Descarpack ou Descartex. Tais caixas possuem
uma linha tracejada que acusa o limite de material que pode ser acondicionado. Ao
atingir a marca, a caixa deve ser fechada e acondicionada até o momento da coleta.

32
PROTEÇÃO DO AMBIENTE E DE TRABALHO E DO MEIO AMBIENTE│UNIDADE II

Figura 14. Coletor para perfurocortantes.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.fibracirurgica.com.br>.

A Resolução da Diretoria Colegiada no 306, de 7 de dezembro de 2004, está


disponível em : <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/10d6dd0047
4597439fb6df3fbc4c6735/RDC+Nº+306,+DE+7+DE+DEZEMBRO+DE+2004.
pdf?MOD=AJPERES>.

Portanto, como visto acima, os materiais ou equipamentos contaminados devem ser


descartados de maneira adequada. A eliminação e destinação corretas de materiais
contaminados visa à proteção do meio ambiente e, consequentemente, da saúde
pública, considerando os princípios da biossegurança em empregar medidas técnicas,
administrativas e normativas para prevenir acidentes. Para que esse descarte seja
realizado de maneira apropriada, existe a Norma Técnica Brasileira (NBR 10.004)
que classifica os resíduos a fim de separá-los em diferentes grupos, conforme a suas
características, para seu destino final apropriado. Desse modo, os resíduos são divididos,
de acordo com sua periculosidade em:

Resíduos Classe I – Perigosos


Apresentam risco à saúde pública ou ao ambiente. São caracterizados por possuírem
uma das seguintes propriedades: inflamabilidade, reatividade, corrosividade, toxicidade
e patogenicidade. Por exemplo: ácidos, solventes, pilhas e baterias, resíduos oleosos.

33
UNIDADE II │PROTEÇÃO DO AMBIENTE E DE TRABALHO E DO MEIO AMBIENTE

Resíduos Classe II – Não Perigosos

Resíduos de Classe II A – Não inertes

Estes resíduos podem possuir propriedades como combustilidade, biodegradabilidade


ou solubilidade, no entanto, não pertencem ao grupo de resíduos I. Por exemplo: papel,
papelão.

Resíduos de Classe II B – Inertes

Os resíduos de Classe II B não possuem nenhum dos seus constituintes solubilizados


quando submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada
(e temperatura ambiente) em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de
água. Por exemplo: isopor, vidros, latas de alumínio.

Figura 15. Descarte de Materiais.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.resol.com.br/cartilha11/gerenciamento_etapas.php>.

Descarte de material químico


Conforme as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 12.809 e
10.004, qualquer resíduo que não for classificado como perigoso pode ser tratado como
lixo comum, podendo ser descartado, dessa maneira, no lixo regular. Porém, tratando-
se de resíduos químicos, devem ser atendidas as normas fixas dos procedimentos
exigíveis para garantir as condições de higiene e segurança durante a coleta, manuseio,
condicionamento e descarte do produto.

34
PROTEÇÃO DO AMBIENTE E DE TRABALHO E DO MEIO AMBIENTE│UNIDADE II

Material químico ou resíduo químico é aquele que contêm substâncias químicas que
podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Enquadram-
se nessa categoria os seguintes grupos de compostos:

»» Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos;


antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores;
antirretrovirais (quando descartados por serviços de saúde, farmácias,
drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os resíduos
e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria
MS 344/98 e suas atualizações).

»» Resíduos de saneantes, desinfetantes, resíduos contendo metais pesados,


reagentes para laboratório, inclusive os recipientes contaminados por
esses.

»» Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).

»» Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises


clínicas.

»» Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR


10.004/2004 da ABNT e Resolução no 420/2004 Agência Nacional de
Transporte Terrestre (ANTT).

O descarte de resíduos químicos deve ser feito de maneira a não colocar em risco a
integridade dos ensaios, a saúde das pessoas e a preservação do meio ambiente. Deve,
também, ser considerada a ocorrência de possíveis reações que podem ser desencadeadas
pelas misturas dos produtos químicos. Portanto, seguem algumas orientações para o
descarte seguro e correto de soluções ou reagentes.

»» Diluir os peróxidos antes do descarte. Eles não devem ser descartados


na forma pura. Caso a quantidade seja pequena (até 25 gramas) pode-se
descartar seguida da diluição com 2% de água ou estocadas em frascos
de polietileno contendo solução aquosa de um agente redutor (sulfato
ferroso ou bissulfeto de sódio) para, desta forma, ser manuseado como
resíduo químico.

»» Não se deve misturar os peróxidos com outros resíduos.

»» Nunca despejar peróxidos diretamente na pia.

35
UNIDADE II │PROTEÇÃO DO AMBIENTE E DE TRABALHO E DO MEIO AMBIENTE

»» Soluções alcalinas e ácidas devem ser neutralizadas antes de serem


despejadas.

»» Produtos de limpeza comum em laboratório, como o Extran, por exemplo,


são autodegradáveis, não contaminam o meio ambiente e não interferem
no tratamento biológico de água.

»» O tetrahidrofurano, dioxano e ciclohexano devem ser descartados de 6 a


12 meses após o início do seu uso.

»» O éter etílico, o éter isorpopílico, o éter metil-terc-butílico, o cloreto de


vinilideno divinil acetileno devem ser descartados entre 3 e 6 meses após
o início do seu uso.

»» Substâncias químicas que não possuem toxicidade podem ser despejadas


na pia desde que sejam diluídas anteriormente.

»» Ácidos orgânicos e soluções aquosas podem ser devidamente neutralizadas


com bicarbonato de sódio ou hidróxido de sódio.

»» Solventes orgânicos devem ser estocados em recipientes próprios para


serem recuperados e reaproveitados. Caso não seja possível, devem ser
destruídos por uma empresa licenciada.

»» Resíduos que são inflamáveis necessitam ser estocados em recipientes à


prova de fogo e descartados em recipientes adequados para o descarte de
líquidos inflamáveis.

Todo o recipiente coletor deve ser de material estável, resistente, devidamente fechado
e identificado com símbolo de risco, além de não ultrapassar 80% do volume do frasco
coletor.

Os resíduos químicos devem ser armazenados de acordo com a NBR 12.235 da ABNT.
Deve haver, em local de fácil visualização, a identificação de “abrigo de resíduos
químicos”, a sinalização de segurança com símbolo baseado na norma NBR 7500
da ABNT. O lugar deve ter ventilação, armário de EPI, extintores de incêndio e ser
construído de alvenaria.

36
MANEJO DE
MATERIAIS
QUÍMICOS, UNIDADE III
BIOLÓGICOS E
RADIOATIVOS

CAPÍTULO 1
Manipulação de reagentes químicos

Sabendo que não somente as características físico-químicas, mas também a reatividade


e a toxicidade são específicas para cada substância química, não se pode estabelecer uma
regra geral para garantir a segurança durante o manuseio de reagentes químicos. Desse
modo, para a manipulação segura dessas substâncias é necessário, além de avaliar as
características supracitadas, considerar a sua disposição final.

Sabe-se que a interação entre dois ou mais produtos químicos pode resultar em uma
reação química violenta. Portanto, deve-se considerar que as reações com o oxigênio, por
exemplo, podem produzir substâncias tóxicas, calor, combustão e até mesmo explosão.
Assim, para a prevenção de tais riscos, devido à natureza química dos produtos, é
necessário o conhecimento de substâncias químicas chamadas de incompatíveis.

Tabela 2. Substâncias químicas incompatíveis.

Substância Incompatibilidade Reação


Bases fortes Neutralização exotérmica
Ácidos minerais fortes Cianetos Liberação de gás cianídrico
Hipoclorito de sódio Liberação de cloro
Ácido nítrico Matéria orgânica Oxidação violenta
Matéria orgânica Oxidação
Água oxigenada
Metais Decomposição

Tabela adaptada e disponível em:<http://www.fiocruz.br/biossegurancahospitalar/dados/material11.htm>

37
UNIDADE III │MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS

Tabela 3. Produtos tóxicos utilizados em laboratório.

Grau de risco
Substância
Inalação Ingestão Irritação cutânea Irritação ocular
Ácido cianídrico 4 4 2 4
Ácido fluorídrico 4 4 4 4
Ácido fórmico 4 3 4 4
Ácido oxálico 3 3 3 3
Acroleína 4 3 3 4
Anidrido ftálico 3 - 2 3
Anilina 3 3 2 2
Benzeno 3 2 2 2
Bromo 4 4 4 4
Cianeto de potássio - 4 3 4
Cloro 4 - 3 4
Cloronitrobenzeno 4 3 3 3
Etanolamina 3 2 2 3
Fenol 2 3 4 4
Flúor 4 - 4 4
Formaldeído 3 3 3 3
Hidrocarbonetos poli-halogenados 4 3 2 3
Iodo 4 4 4 4
Iodometano 4 - - -
Isocianatos 4 - 3 3
Mercúrio 4 1 - 1
Nitrobenzeno - 4 3 4
Piridina 3 2 2 3
Toluidina 3 3 2 2
Vapores nitrosos 4 - 2 3

1) Lesão mínima. 2) Lesão leve. 3) Lesão moderada. 4) Lesão grave.

Tabela adaptada e disponível em: <http://www.iq.unesp.br/Home/manual-2008.pdf>.

A tabela acima mostra os diferentes graus de risco quando em contato com determinadas
substâncias.

É recomendado procurar informações toxicológicas sobre todos os produtos químicos


que serão utilizados durante o trabalho que será executado, antes do início de sua
operação. Os agentes químicos podem ser introduzidos no organismo de três maneiras:
inalação, ingestão e absorção (cutânea, por exemplo). Caso, durante a execução do
trabalho, ocorra sintomas como tontura, náuseas ou dor de cabeça, a operação deve ser
interrompida imediatamente.

Os produtos químicos devem conter símbolos informativos e com fácil visualização.


O conhecimento desses pictogramas nas embalagens dos produtos químicos ajuda na

38
MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS│ UNIDADE III

prevenção de doenças e lesões. Assim, a identificação e compreensão dos pictogramas


rotulados nas embalagens e frascos devem ser cuidadosamente estudados.

Figura 16. Pictograma de perigo e classes de perigos relacionados.

Figura adaptada e disponível em: <http://tsht.wikispaces.com/3778+-+Agentes+qu%C3%ADmicos+e+biológicos>

Após a leitura atenta do texto acima acesse o link <https://www.youtube.com/


watch?v=DJ6mNrgISQc> que comenta sobre o gerenciamento, segurança e
descarte de resíduos químicos.

39
CAPÍTULO 2
Manipulação de material biológico

Venenos ou toxinas
Além dos agentes infecciosos de pessoas, animais e plantas, os venenos ou toxinas
podem ser produzidos por microrganismos e tornarem-se perigosos e causarem
doenças sérias ou fatais às pessoas e/ou animais. Assim, procedimentos normativos
devem ser oferecidos em ambientes que possuem tais substâncias a fim de minimizar
as oportunidades de acidentes em laboratório. Essas normas, segundo o Manual de
Biossegurança em laboratórios biomédicos e de microbiologia e a Fundação Nacional
da Saúde (FUNASA), Ministério da Saúde – Segurança Epidemiológica, incluem:

»» Revisar as normas e os procedimentos de segurança regularmente.

»» Revisar as normas e os procedimentos de segurança quando ocorrer


incidente ou quando for detectada uma nova ameaça.

»» Envolver profissionais com experiência.

»» Separar as áreas de laboratório e tratamento de animais de áreas públicas.

»» Permitir entrada somente aos trabalhadores, estudantes, cientistas e


profissionais requeridos para a realização de determinada função.

»» Ter conhecimento das pessoas que frequentam o local.

Fluidos biológicos
Existem precauções básicas que devem ser utilizadas durante a manipulação de sangue,
secreções e contato com mucosas e pele que não estejam íntegras. Essas são medidas de
prevenção que incluem a utilização de EPI a fim de reduzir a exposição do profissional
aos fluidos biológicos durante determinado procedimento, incluindo cuidados especiais
com manipulação de descarte de materiais perfurocortantes.

Os EPI utilizados para a manipulação de fluidos biológicos incluem luvas, máscaras,


gorros, óculos de proteção, avental e calçado apropriado. A utilização de EPI é
recomendada durante os seguintes procedimentos:

40
MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS│ UNIDADE III

»» Exame de paciente que inclui contato com sangue, fluidos corporais,


mucosas ou pele não íntegra.

»» Coleta de exames de sangue, urina e fezes.

»» Realização de curativos.

»» Aplicações de medicamento.

»» Punção ou dissecção venosa.

»» Aspiração de vias aéreas e entubação traqueal.

»» Endoscopia.

»» Broncoscopia.

»» Procedimentos dentários.

Em caso de exposição ao material biológico, deve-se imediatamente realizar os


procedimentos necessários recomendados que são específicos a cada tipo de exposição.

Tecidos e órgãos
Ao se trabalhar com células, tecidos e órgãos deve ser preparado um procedimento com
todas as especificações a serem realizadas, inclusive orientações de possíveis riscos.
Apesar do baixo número de casos documentados sobre infecção em funcionários que
manipulam cultura de células, como por exemplo, a do macaco Rhesus, há um risco em
adquirir uma infecção por meio de exposição ao sangue humano, líquidos corporais e
aerossóis. Dentre potenciais riscos associados às células e tecidos humanos destacam-
se os patógenos de sangue HBV e HIV. Em relação à infecção por agentes presentes em
tecidos humanos, destaca-se o Mycobacterium tuberculosis, que pode estar presente
nos tecidos pulmonares. Em casos de autoinoculação as células humanas tumorais
também podem oferecer riscos potenciais.

Além do risco biológico, em laboratórios onde há cultivo de células, existem os riscos


químicos (substâncias tóxicas) e físicos. Assim, em trabalhos envolvendo órgãos,
tecidos ou células humanas primárias, em que a presença de um agente infeccioso pode
ser desconhecida, é recomendável o Nível de Biossegurança 2 (Capítulo 2, Unidade
4). O trabalho deve ser realizado em Cabine de Segurança Biológica e todo o material
utilizado deve ser descontaminado antes de ser descartado. Tanto culturas como tecidos
ou amostras de fluidos corpóreos potencialmente infecciosos devem ser estocados em

41
UNIDADE III │MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS

recipientes que evitem vazamento durante qualquer manuseio. As técnicas de assepsia


são de grande importância, uma vez que reduzem a probabilidade de contaminação ou
infecção. Geralmente, as células são cultivadas em meio rico, portanto, a probabilidade
de propagação de microrganismos é grande.

Existem algumas técnicas básicas para a manutenção de células vivas:

»» Para evitar a morte celular, quando essas se encontram em frascos de


cultivo, é importante manter um número ideal de células que permita o
crescimento normal da monocamada e não haver morte.

»» Verificar o número de passagens caso seja preciso manter as características


iniciais do tecido original

Microrganismos
Microrganismos ou micróbios são organismos que podem ou não causar doenças. Os
microrganismos causadores de doenças podem ser de vários tipos, por exemplo:

»» Protozoários: podem causar diarreia, doença de Chagas.

»» Fungos: podem causar micoses de pele.

»» Bactérias: podem causar pneumonia, tuberculose, etc.

»» Vírus: podem causar a AIDS, hepatite, gripe, entre outras enfermidades.

O chamado risco biológico pode ser causado por um microrganismo que, em contato
com o homem, pode causar doença. Fontes de contaminação dos manipuladores,
segundo o Manual de Biosseguraça em Laboratórios de Saúde Pública (1998), podem
estar relacionadas com:

»» agentes patogênicos selvagens;

»» agentes patogênicos recombinantes;

»» amostras biológicas;

»» agentes patogênicos atenuados;

»» animais.

42
MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS│ UNIDADE III

Figura 17. Risco Biológico.

Figura adaptada e disponível em: <http://br.freepik.com/vetores-gratis/simbolo-de-risco-biologico_517794.htm>

Para que a infecção ocorra é necessária a inter-relação entre a presença do


agente, dose de infectividade, resistência do hospedeiro, porta de entrada e a
via de transmissão.

Após a leitura atenta do texto acima acesse o link <http://www.denniskunkel.


com/index.php> que comenta sobre vários microrganismos e contém uma
biblioteca de imagens microscópicas.

Segurança biológica das centrífugas


As centrífugas de laboratórios são equipamentos muito utilizados em laboratórios de
genética, microbiologia, biologia molecular, hematologia, biologia celular, biotecnologia
etc. As centrífugas tem a capacidade de separar elementos com precisão e rapidez por
meio de sistemas de rotação de alta velocidade. O material a ser analisado é colocado
em tubos apropriados para as amostras serem separadas da maneira desejada.

Há vários tipos de centrífugas no mercado. Todas possuem o mesmo método de


funcionamento. No entanto, dependendo do teste a ser realizado ou do resultado a ser
obtido, as centrífugas podem ser adaptadas e equipadas de acordo com a necessidade
ou exigência do procedimento. Assim, podem ser encontradas centrífugas dos seguintes
tipos:

Centrífuga de bancada

É recomendada para testes que são realizados com diversos tipos de amostras, não
necessariamente em um único procedimento. Podem ser utilizados frascos de diversos
tamanhos e volumes, uma vez que muitas centrífugas oferecem a utilização de mais um
rotor, possibilitando variações tanto no volume da amostra quanto da velocidade.

43
UNIDADE III │MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS

Centrífuga de refrigeração

Existem amostras que requerem controle da temperatura. Assim, as centrífugas


refrigeradas mantém a refrigeração adequada durante o procedimento, a fim de fornecer
qualidade da técnica e, consequentemente, do resultado também.

Centrífuga para hematócrito

Hematócrito é um exame que tem a capacidade de identificar a quantidade de glóbulos


vermelhos existentes em uma amostra. Durante esse procedimento, o material a ser
analisado é transferido para um tubo capilar e, após a sua centrifugação, é possível a
obtenção da porcentagem de hemácias na amostra.

Centrífuga para microplacas

Caso haja necessidade de centrifugar microplacas, existem centrífugas especiais que


permitem seu encaixe. Antes do processo de centrifugação as placas devem ser seladas
com tampas ou borrachas de vedação.

Centrífuga para butirômetro

Esse tipo de centrífuga é recomendada para procedimentos com butirômetros. É


utilizado para a determinação do teor de gordura no leite, por exemplo.

Para o bom funcionamento mecânico das centrífugas e uma correta operação de um


modelo específico, é sempre recomendado seguir as instruções do fabricante. No
entanto, existem instruções gerais que devem ser seguidas (Manual de Segurança
Biológica em Laboratório, OMS, 2004):

»» Os tubos (ou microplacas) devem ter pesos correspondentes para o


equilíbrio do porta-tubos ou placas.

»» Quando não forem utilizados todos os porta-tubos, é necessário manter


uma distância equivalente entre os tubos para manter o equilíbrio da
centrífuga.

»» Verificar o modo de funcionamento da centrífuga com o rotor a ser


utilizado.

»» Verificar se há sinal de corrosão nos porta-tubos e rotores.

44
MANEJO DE MATERIAIS QUÍMICOS, BIOLÓGICOS E RADIOATIVOS│ UNIDADE III

»» Os rotores e alguns frascos não são descartáveis. Deste modo, caso


contaminados, devem ser descontaminados logo após o uso.

»» Sempre verificar se os tubos ou placas estão bem fechados para não haver
projeção de partículas infecciosas no ar.

Devido ao grande número de acidentes envolvendo centrífuga, entre eles a quebra de


tubos e, consequentemente, a formação de aerossol – que pode, por sua vez, expor os
trabalhadores e pesquisadores à agentes infecciosos –, o manuseio de centrífugas deve
ser de maneira atenciosa e segura em relação à segurança biológica.

45
CLASSES DE RISCO
DOS AGENTES
BIOLÓGICOS UNIDADE IV
E NÍVEIS DE
BIOSSEGURANÇA

CAPÍTULO 1
Classe de Risco 1, 2, 3 e 4

Os agentes biológicos considerados patogênicos, tanto para o homem quanto para


animais, são distribuídos em classes de risco biológico – essas são divididas em 4
classes diferentes. Essa classificação é feita de acordo com o risco biológico baseado em
critérios como: estabilidade do agente, endemia, maneira de transmissão, gravidade da
infecção, disseminação no meio ambiente.

Também são considerados critérios de avaliação dos riscos, a disponibilidade de medidas


profiláticas e de tratamentos eficazes, caso aconteça a exposição dos indivíduos ao risco;
além dos procedimentos técnicos realizados e dos fatores inerentes aos indivíduos que
atuam nos laboratórios (BRASIL, 2006).

Conforme o grau de patogenicidade, os agentes biológicos são classificados em classes


de risco definidas como:

Classe de risco 1
Compreendem os agentes que não possuem capacidade de causar doença em pessoas ou
animais sadios comprovadamente. São organismos de baixo risco individual e coletivo.

Classe de risco 2
Compreendem os agentes que possuem capacidade de causar doença em pessoas ou
animais, embora não apresentem riscos mais sérios aos profissionais, animais e meio
ambiente. São organismos de risco individual moderado e risco coletivo limitado.

46
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

Classe de risco 3
Compreendem os agentes que normalmente causam doenças graves em humanos ou
animais, no entanto, tais doenças podem ser tratadas com medicamentos ou terapias.
São organismos de risco individual alto e risco coletivo moderado.

Classe de risco 4
Compreendem agentes que causam doenças graves em homens e animais, e podem
ser disseminadas na comunidade e meio ambiente. Esses agentes são, principalmente,
representados pelos vírus. São organismos de alto risco individual e coletivo.

Segundo o Manual de Procedimentos para a Manipulação de Microrganismos


Patogênicos e/ou Recombinantes da FIOCRUZ (2005), os organismos que compreendem
as diferentes classes de risco estão listados abaixo:

Classe de risco 1
A classe de risco 1 é representada por agentes biológicos que não estão incluídos nas
classes de risco 2, 3 e 4. Incluem os agentes que não demonstram capacidade de causar
doenças no homem e animais. A ausência de um determinado agente biológico nas
classes de risco 2, 3 e 4 não significa a inclusão automática na classe de risco 1. Deve-se
fazer uma avaliação de risco que é baseada em diversos critérios, como por exemplo,
as propriedades conhecidas de organismos pertencentes ao mesmo gênero ou família.

Classe de risco 2

Bactérias

Acinetobacter baumannii (anteriormente Acinetobacter calcoaceticus);

Actinobacillus (todas as espécies);

Actinomadura madurae,

A. pelletieri;

Actinomyces spp,

A. gerencseriae,

A.israelli,

47
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Actinomyces pyogenes (anteriormente Corynebacterium pyogenes);

Aeromonas hydrophila;

Amycolata autotrophica;

Archanobacterium haemolyticum (anteriormente Corynebacterium haemolyticum);

Bacteroides fragilis;

Bartonella (Rochalimea) spp,

B. bacilliformis,

B. henselae,

B. vinsonii,

B. quintana;

Borrelia spp,

B. anserina,

B.burgdorferi,

B. duttoni,

B. persicus,

B. recurrentis,

B. theileri,

B.vincenti;

Bordetella bronchiseptica,

B. parapertussis,

B. pertussis;

Burkholderia spp (anteriormente espécies de Pseudomonas exceto aquelas inseridas


na classe 3);

Campylobacter spp,

C.septicum,

C. coli,

C. fetus,

C. jejuni;

Cardiobacterium hominis;

Chlamydia pneumoniae,
48
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

C. trachomatis;

Clostridium spp, (C. chauvoei , C. haemolyticum, C. histolyticum, C. novyi, C.


perfringens; C. tetani, C. septicum );

Corynebacterium spp,

C. diphtheriae,

C. equi,

C. haemolyticum,

C. minutissimum,

C.pyogenes,

C. pseudotuberculosis,

C. renale;

Dermatophilus congolensis;

Edwardsiella tarda;

Ehrlichia spp, Ehrlichia sennetsu (Rickettsia sennetsu);

Eikenella corrodens;

Enterobacter aerogenes/cloacae;

Enterococcus spp;

Erysipelothrix rhusiopathiae;

Escherichia coli (todas as cepas enteropatogênicas, enterotoxigênicas, enteroinvasivas


e cepa detentoras do antígeno K 1);

Haemophilus ducreyi, H. influenzae; Helicobacter pylori;

Klebsiella (todas as espécies);

Legionella, incluindo a L. pneumophila; Leptospira interrogans (todos os sorotipos);


Listeria (todas as espécies);

Moraxella (todas as espécies);

Mycobacterium (todas as espécies, exceto as listadas na Classe 3),

Mycobacterium avium/intracellulare,

M. cheloni,

M. fortuitum,

M. kansasii,

49
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

M. malmoense,

M. marinum,

M. paratuberculosis,

M. scrofulaceum,

M. simiae,

M. szulgai,

M. xenopi,

M. asiaticum,

M.bovis BCG vacinal,

M. leprae;

Mycoplasma (todas as espécies, exceto Mycoplasma mycoides mycoides e Mycoplasma


agalactiae classificados como risco 4),

Mycoplasma caviae,

M. hominis,

M. pneumoniae;

Neisseria gonorrhoea,

N. meningitidis;

Nocardia asteroides,

N. brasiliensis,

N. otitidiscaviarum,

N. transvalensis,

N. farcinica,

N. nova;

Pasteurella spp,

P. multocida;

Peptostreptococcus anaerobius; Plesiomonas shigelloides; Porphyromonas spp;

Prevotella spp;

Proteus mirabilis,

P. penneri,

P. vulgaris;
50
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

Providencia spp,

P. alcalifaciens,

P. rettgeri;

Rhodococcus equi;

Salmonella spp (todos os sorovares);

Serpulina spp;

Shigella spp.(S. boydii, S. dysenteriae, S. flexneri, S. sonnei );

Sphaerophorus necrophorus;

Staphylococcus aureus;

Streptobacillus moniliformis;

Streptococcus spp,

S. pneumoniae,

S. pyogenes,

S. suis;

Treponema spp,

T. carateum,

T. pallidum,

T. pertenue;

Vibrio spp,

V. cholerae 01 e 0139,

V. vulnificus,

V. parahaemolyticus;

Yersinia spp,

Y. enterocolitica,

Y. pseudotuberculosis

Parasitas

Acanthamoeba castellani;

Ancylostoma humano e animal, incluindo A. duodenale, A. ceylanicum;

51
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Angiostrongylus spp,

A. cantonensis,

A. costaricensis;

Ascaris, A. lumbricoides, A. suum;

Babesia, incluindo B. microti, B. divergens;

Balantidium coli;

Brugia, incluindo B malayi, B. timori, B. pahangi;

Capillaria spp,

C. philippinensis;

Clonorchis sinensis,

C. viverrini;

Coccidia;

Cryptosporidium spp, C. parvum;

Cyclospora cayetanensis;

Cysticercus cellulosae (cisto hidático, larva de T. solium);

Dipetalonema streptocerca;

Diphyllobothrium latum;

Dracunculus medinensis;

Echinococcus, incluindo E. granulosus, E. multilocularis, E. vogeli; Entamoeba


histolytica;

Enterobius;

Fasciola , incluindo F. gigantica, F. hepática;

Fasciolopsis buski;

Giardia spp,

G. lamblia (Giardia intestinalis);

Heterophyes;

Hymenolepis, incluindo H. diminuta, H. nana;

Isospora;

Leishmania spp,

L. major,
52
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

L. mexicana,

L. peruvania,

L. tropica,

L. ethiopia,

L. brasiliensis,

L. donovani;

Loa loa;

Mansonella ozzardi, M. perstans;

Microsporidium;

Naegleria fowleri, N. gruberi;

Necator, incluindo N. americanus;

Onchocerca, incluindo O. volvulus; Opisthorchis (todas as espécies);

Paragonimus westermani;

Plasmodium, incluindo as espécies símias, P. cynomolgi, P. falciparum, P. malariae,


P. ovale, P. vivax;

Sarcocystis, incluindo S. suihominis;

Schistosoma haematobium,

S. intercalatum,

S. japonicum,

S. mansoni,

S. mekongi;

Strongyloides, incluindo S. stercoralis;

Taenia solium, T. saginata;

Toxocara, incluindo T. canis;

Toxoplasma, incluindo T. gondii;

Trichinella spiralis;

Trichuris trichiura;

Trypanosoma, incluindo T. brucei brucei, T.brucei gambiense, T. brucei rhodesiense,


T.cruzi;

Wuchereria bancrofti 26

53
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Fungos

Aspergillus flavus, A. fumigatus;

Blastomyces dermatitidis (na fase de esporulação apresenta maior risco de infecção);

Candida albicans, C. tropicalis;

Cladophialophora carrioni (Cladosporium carrioni),

Cladophialophora bantiana (Xylophora bantiana, Cladosporium bantianum ou C.


trichoides);

Cryptococcus neoformans,

Cryptococcus neoformans var. gattii (Filobasidiella bacillispora),

Cryptococcus neoformans var. neoformans (Filobasidiella neoformans var.


neoformans);

Emmonsia parva var. crescens,

Emmonsia parva var. parva;

Epidermophyton spp,

E. floccosum;

Exophiala dermatitidis;

Fonsecaea compacta,

F. pedrosoi;

Madurella spp, M. grisea,

M. mycetomatis;

Microsporum spp,

M. canis,

M. aldouinii;

Neotestudina rosatii;

Paracoccidioides brasiliensis (na fase de esporulação apresenta maior risco de infecção);

Penicillium marneffei;

Pneumocystis carinii;

Scedosporium apiospermum (Pseudallescheria boidii),

Scedosporium prolificans (inflatum);

Sporothrix schenckii;
54
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

Trichophyton spp,

Trichophyton rubrum.

Fungos emergentes e oportunistas

Acremonium falciforme,

A. kiliense,

A. potronii,

A. recifei,

A. roseogriseum;

Alternaria anamorfo de Pleospora infectoria;

Aphanoascus fulvescens;

Aspergillus amstelodami,

A. caesiellus,

A. candidus,

A. carneus,

A. glaucus,

A. oryzae,

A. penicillioides,

A. restrictus,

A. sydowi,

A. terreus,

A. unguis,

A. versicolor;

Beauveria bassiana;

Candida pulcherrima,

C. lipolytica,

C. ravautii,

C. viswanathii;

Chaetomium spp;

55
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Chaetoconidium spp;

Chaetosphaeronema larense;

Cladosporium cladosporioides;

Conidiobolus incongruus;

Coprinus cinereus;

Cunninghamella geniculata;

Curvularia pallescens,

C. senegalensis;

Cylindrocarpon tonkinense;

Drechslera spp;

Exophiala moniliae;

Fusarium dimerum, F. nivale;

Geotrichum candidum;

Hansenula polymorpha;

Lasiodiplodia theobromae;

Microascus desmosporus;

Mucor rouxianus;

Mycelia sterilia;

Mycocentrospora acerina;

Oidiodendron cerealis;

Paecilomyces lilacinus,

P. viridis,

P. variotii;

Penicillium chrysogenum,

P. citrinum,

P. commune,

P. expansum,

P. spinulosum;

Phialophora hoffmannii,

56
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

P. parasitica,

P. repens;

Phoma hibernica;

Phyllosticta spp,

P. ovalis;

Pyrenochaeta unguis-hominis;

Rhizoctonia spp;

Rhodotorula pilimanae,

R. rubra;

Schizophyllum commune;

Scopulariops acremonium,

S. brumptii;

Stenella araguata;

Taeniolella stilbospora;

Tetraploa spp;

Trichosporon capitatum;

Tritirachium oryzae;

Volutella cinerescens.

Vírus

Adenovírus humanos, caninos e de aves;

Arenavirus do Velho Mundo: vírus Ippy, Mobala, Coriomeningite linfocitária (amostras


não neurotrópicas);

Arenavirus do Novo Mundo (complexo Tacaribe) vírus Amapari, Latino, Paraná,


Pichinde, Flechal, Tamiami, exceto os classificados nos níveis 3 e 4;

Astrovirus; Birnavirus, incluindo vírus Gumboro e vírus relacionados;

Bunyavirus incluindo Grupo Anopheles A (Arumateua, Caraipé, Lukuni, Tacaiuma,


Trombetas, Tucurui);Grupo Bunyawera (Iaco, Kairi, Macauã, Maguari, Sororoca,
Tucunduba, Taiassuí, Xingu);Grupo da encefalite da California :La Crosse, Snow
hare, San Angelo, Tahyna, Lumbo, Inkoo; Grupo Melao: Jamestown Canyon, South

57
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

River, Keystone, Serra do Navio, Trivittatus, Guaroa; Grupo C :Apeu, Caraparu, Itaqui,
Marituba, Murutucu, Nepuyo, Oriboca; Grupo Capim: Capim, Acara, Benevides,
Benfica, Guajará, Moriche; Grupo Guamá: Ananindeua, Bimiti, Catú, Guamá, Mirim,
Moju, Timboteua;Grupo Simbu: Jatobal, Oropouche, Utinga; vírus Turlock, Belem,
Mojuí dos Campos, Pará e Santarém;

Circovirus incluindo vírus TT e vírus relacionados;

Hantavirus incluindo Prospect Hill, Puumala e demais Hantavírus, exceto os


classificadas no nível 3;

Nairovirus incluindo Hazara;

Phlebovirus incluindo os vírus Alenquer, Ambé, Anhangá, Ariquemes, Belterra, Bujarú,

Candirú, Icoarací, Itaituba, Itaporanga, Jacundá, Joa, Morumbi, Munguba, Oriximina,


Pacuí, Serra Norte, Tapará, Turuna, Uriurana, Urucuri, Napoles, Toscana, Uukuvírus;

Norovirus incluindo o agente de Norwalk e vírus Saporo; Vírus da hepatite E;

Coronavirus incluindo vírus humanos, gastroenterite de suínos, hepatite murina,

Coronavirus de bovinos, caninos, ratos e coelhos, peritonite infecciosa felina, bronquite


infecciosa aviária;

Flaviviridae gênero Flavivirus incluindo vírus Dengue tipos 1, 2, 3 e 4, vírus da Febre


Amarela vacinal, West Nile, Kunjin, Bussuquara, Cacipacoré, Ilhéus, encefalite de São
Luis; gênero Hepacivirus incluindo o vírus da hepatite C

Pestivirus incluindo os vírus da diarreia bovina e peste suína clássica, Orthohepadnavirus


incluindo o vírus da Hepatite B;

Herpesvirus incluindo Citomegalovírus, Herpes simplex 1 e 2, vírus Epstein-Barr,


Varicela-Zoster, Herpes vírus tipo 6- HHV6, Herpes vírus tipo 7- HHV7, Herpes vírus
tipo 8 – HHV8;

Orthomyxovirus incluindo vírus da Influenza A, B e C, exceto amostras aviárias asiáticas


de influenza A como H5N1, classificadas em nível 4;

Orthomyxovirus transmitidos por carrapatos: vírus Dhori e Thogoto; Polyomavirus


incluindo vírus BK e JC e vírus símio 40 (SV40);

Papillomavirus incluindo os vírus de papilomas humanos;

58
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

Paramyxovirus incluindo vírus do Sarampo, Cachumba, Nipah, Parainfluenza 1, 2, 3


e 4, vírus Respiratório Sincicial e doença de New-Castle, exceto amostras asiáticas,
classificadas no nível 4;

Parvovirus incluindo Parvovirus humano B-19;

Picornavirus incluindo vírus da Poliomielite, vírus da conjuntivite hemorrágica aguda


(AHC), vírus Coxsackie, vírus ECHO, Rhinovirus e vírus da hepatite A.

Poxvirus incluindo Vaccinia e vírus relacionados; Cowpox e vírus relacionados isolados


de felinos domesticos e de animais selvagens, nodulo do ordenhador, Cotia, Molusco
contagioso, Buffalopox, vírus Orf, Yatapox ( Tana e Yaba ), Parapoxvírus, Poxvírus de
caprinos, suínos e aves, Myxoma.

Retrovírus (classificados em nível 2 apenas para sorologia, para as demais operações de


manejo em laboratório estes vírus devem ser considerados como de risco biológico 3 )
incluindo os vírus da imunodeficiência humana HIV-1 e HIV-2, vírus linfotrópicos da
célula T do adulto HTLV-1, HTLV-2 e vírus de primatas não humanos.

Rhabdovirus incluindo vírus da Raiva (amostras de vírus fixo), Grupo da Estomatite


Vesicular (Indiana VSV-1, Cocal VSV 2, Alagoas VSV 3, Maraba VSV 4, Carajás, Juruna,
Marabá, Piry), Grupo Hart Park (Hart Park, Mosqueiro), Grupo Timbó (Timbó, Chaco,
Sena Madureira), Grupo Mussuril (Cuiabá, Marco), vírus Duvenhage, Aruac, Inhangapi,
Xiburema.

Reovirus gênero Orthoreovirus incluindo Reovirus tipos 1,2 e 3, Coltivirus, gênero


Rotavirus, Reovirus isolados na Amazonia dos grupos Changuinola e Corriparta, vírus
Ieri, Itupiranga e Tembé.

Togavirus gêneroAlphavirus incluindo vírus Bebaru, O’nyong-nyong, Chikungunya,


Ross River, Semliki, Sindbis, encefalite equina Venezuela (amostra TC 83),
encefalomielite equina ocidental, encefalomielite equina oriental, Aurá, Mucambo,
Mayaro, Pixuna, Una.

Togavirus gênero Rubivirus incluindo o vírus da rubeola.

Vírus oncogênicos de baixo risco

Adenovírus 7-Simian virus 40 (Ad7-SV40),

Adenovírus 1 aviário (CELO vírus),

Herpesvirus de cobaias,

59
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Lucke virus de rãs, vírus Mason-Pfizer símio,

Vírus do sarcoma de Rous, vírus do fibroma de Shope,

Vírus da doença de Marek,

Vírus da leucose bovina enzoótica

Vírus da leucemia de hamsters, murinos e ratos,

Vírus da leucose aviária,

Vírus de papilomas bovinos,

Vírus de sarcomas caninos e murinos,

Vírus de tumores mamários de camundongos.

Oncogênicos de risco moderado

Adenovírus 2-Simian vírus 40 (Ad2-SV40),

Vírus Epstein-Barr (EBV),

Vírus da leucemia de gibões (GaLV),

Vírus da leucemia felina (FeLV),

Vírus do sarcoma felino (FeSV),

Vírus do sarcoma de símios (SSV) – 1,

Vírus Yaba.

Classe de risco 3

Bactérias

Bacillus anthracis;

Bartonella (todas as espécies);

Brucella (todas as espécies);

Burkholderia mallei (Pseudomonas mallei),

Burkholderia pseudomallei (Pseudomonas pseudomallei);

Chlamydia psittaci;

Clostridium botulinum;

60
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

Coxiella burnetii;

Escherichia coli, cepas verotoxigênicas como 0157:H7;

Francisella tularensis (tipo A);

Hemophilus equigenitalis;

M. bovis (todas as cepas, exceto a BCG), M. tuberculosis;

Pasteurella multocida tipo B (amostra buffalo e outras cepas virulentas);

Rickettsia akari,

R. australis,

R. canada,

R. conorii,

R. montana,

R. prowazeckii,

R. rickettsii,

R.siberica,

R. tsutsugamushi,

R. typhi (R. mooseri);

Yersinia pestis.

Fungos

Coccidioides immitis (culturas esporuladas; solo contaminado);

Histoplasma capsulatum (todos os tipos, inclusive a variedade duboisii).

Vírus e Prions

Arenavirus do Velho Mundo incluindo Linfocoriomeningite (amostras neurotrópicas);

Arenavirus do Novo Mundo exceto os classificados nos níveis 2 e 4;

Hantavirus incluindo vírus Andes, Juquitiba, Dobrava (Belgrado), Hantaan, Seoul, Sin
Nombre, outras amostras do grupo recentemente isoladas;

Flavivirus incluindo vírus da Febre Amarela não vacinal, Murray Valley, Encefalite
Japonesa B, Powassan, Rocio, Sal Vieja, San Perlita, Spondweni;

61
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Herpesvirus incluindo Rhadinovirus (Herpesvirus de Ateles, Herpesvirus de Saimiri );

Lyssavirus vírus da Raiva (amostras de rua);

Retrovirus incluindo os vírus da imunodeficiência humana HIV-1 e HIV-2, vírus


linfotrópico da célula T do adulto HTLV-1 e HTLV-2 e vírus de primatas não humanos;

Togavirus: Encefalite equina Venezuela (exceto a amostra vacinal TC-83);

Príons incluindo agentes de encefalopatias espongiformes transmissíveis: encefalopatia


espongiforme bovina, scrapie e outras doenças animais relacionadas, doença de
Creutzfeldt-Jakob, insônia familiar fatal, síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker,
Kuru;

Oncornavirus C e D.

Classe de risco 4

Vírus e outros agentes

Arenavírus agentes de febres hemorrágicas (Criméia-Congo, Lassa, Junin, Machupo,


Sabiá, Guanarito e outros vírus relacionados);

Asfivirus incluindo peste suína africana;

Encefalites transmitidas por carrapatos (vírus da encefalite primavera-verão russa,


vírus da doença da floresta de Kyasanur, febre hemorrágica de Omsk, vírus da encefalite
da Europa Central com suas várias amostras);

Filovirus incluindo vírus Marburg, Ebola (todas as cepas) e outros vírus relacionados;
Herpesvirus do macaco (vírus B);
Orbivirus incluindo vírus da peste equina africana e vírus da língua azul;

Vírus da aftosa com seus diversos tipos e variantes;

Varíola major e alastrim, varíola do macaco (monkey-pox), varíola do camelo (camel-


pox) ;

Vírus da doença hemorrágica de coelhos;

Vírus da enterite viral dos patos, gansos e cisnes;

Vírus da febre catarral maligna de bovinos e cervos;

Vírus da hepatite viral do pato tipos 1, 2 e 3;

62
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

Vírus da lumpy skin;


Vírus da cólera suína;
Vírus da doença de Borna;
Vírus da doença de New-Castle (amostras asiáticas);
Vírus da doença de Teschen;
Vírus da doença Nairobi do carneiro e vírus relacionados como Ganjam e Dugbe;
Vírus da doença vesicular do suíno;
Vírus da doença de Wesselbron;
Vírus da febre do vale do Rift;
Vírus da febre efêmera de bovinos;
Vírus da febre petequial infecciosa bovina;
Vírus da peste equina africana;
Vírus da peste dos pequenos ruminantes;
Vírus da peste bovina;
Vírus da peste suína clássica (amostra selvagem);
Vírus da influenza aviária (amostras epizooticas como H5N1) Vírus da peste aviária;
Vírus do louping ill de ovinos;
Mycoplasma agalactiae (caprinos e ovinos);
Mycoplasma mycoides mycoides (pleuropneumonia bovina);
Cowdria ruminatium (heart water).
Thaileria annulata,
T.bovis,
T.hirci,
T.parva e agentes relacionados Trypanosoma evansi, T.vivax.

Como os microrganismos podem penetrar no hospedeiro?

As vias de penetração dos agentes biológicos podem ser:

»» aérea;

»» oral;

»» cutânea;

»» ocular.

63
CAPÍTULO 2
Nível de Biossegurança 1, 2, 3 e 4

Conhecendo os critérios de avaliação dos riscos biológicos, quais são as maneiras


de contenção necessárias para a manipulação de microrganismos?

Existem quatro níveis de biossegurança ou de biocontenção que devem ser atendidos


para a manipulação de microrganismos. Esses são denominados: NB-1, NB-2, NB-3 e
NB-4. Os níveis de biossegurança estão ordenados de maneira crescente, de acordo com o
maior grau de contenção e complexidade relacionado ao nível de proteção. Em qualquer
experimento ou procedimento, o nível de biossegurança deve ser determinado levando
em consideração o organismo que possui a maior classe de risco durante a execução
do trabalho. Na ausência do conhecimento do potencial patogênico do microrganismo,
deve-se analisar detalhadamente todos os passos do experimento/procedimento.

Assim, os principais requisitos que são exigidos para os níveis de biossegurança em


trabalhos envolvendo microrganismos ou animais de laboratório podem ser encontrados
abaixo. Os níveis de biossegurança estão designados em ordem crescente, de acordo
com o grau de proteção aos trabalhadores e ao meio ambiente.

NB-1: Nível de Biossegurança 1


Esse nível de biossegurança é recomendado para trabalhos envolvendo microrganismos
de classe de risco 1, ou seja, aqueles que não causam doenças em humanos ou animais,
normalmente. Assim, os procedimentos que devem ser adotados nesse nível de
biossegurança são aqueles adequados aos trabalhos com agentes bem conhecidos e
caracterizados. O trabalho pode ser conduzido na bancada desde que sejam adotadas
as boas práticas laboratoriais.

NB-2: Nível de Biossegurança 2


Esse nível de biossegurança é requerido durante o trabalho com microrganismos de
classe de risco 2, ou seja, aqueles que são capazes de causar doenças em seres humanos ou
animais porém que não apresentam riscos graves aos trabalhadores e ao meio ambiente.
O risco de contaminação é pequeno e existem medidas de prevenção e tratamentos
efetivos. A salmonela é um exemplo de microrganismo designado para este nível de

64
CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA │ UNIDADE IV

contenção. O nível de biossegurança 2 é bem semelhante ao nível de biossegurança 1,


porém, além das boas práticas laboratoriais, algumas medidas específicas de segurança
devem ser adotadas:

»» os trabalhadores devem ter um treinamento específico no manejo dos


agentes patogênicos;

»» o acesso ao local de trabalho deve ser restrito ou limitado;

»» o símbolo de “Risco Biológico” deve ser exposto na entrada do laboratório;

»» os equipamentos de segurança (EPI e EPC) e as instalações do local


devem ser aplicáveis aos padrões dos agentes designados para o nível de
biossegurança 2.

NB-3: Nível de Biossegurança 3


Esse nível de biossegurança é requerido durante o trabalho com microrganismos de
classe de risco 3, ou seja, aqueles que geralmente causam doenças em seres humanos ou
animais, podendo representar elevado risco individual e baixo risco para a comunidade.
Os agentes envolvidos podem causar doenças sérias ou potencialmente fatais, no
entanto, existem medidas de prevenção e tratamento. Os vírus da imunodeficiência
humana HIV-1 e HIV-2 são exemplos de microrganismos determinados para este nível.
O nível de biossegurança 3 possui semelhanças com o nível de biossegurança 1 e o
nível de biossegurança 2, porém algumas medidas de segurança específicas devem ser
acrescentadas a fim de minimizar os riscos que podem ser causados. Assim, além das
boas práticas laboratoriais e dos padrões estabelecidos para os laboratórios de NB-1 e
NB-2, as seguintes recomendações listadas devem ser aplicadas:

»» o acesso ao laboratório deve ser rigorosamente controlado;


»» é obrigatório o uso de EPI como roupas de proteção específica, máscaras,
luvas, gorros e propés;
»» o símbolo de “Risco Biológico” deve ser exposto na entrada do laboratório;
»» as superfícies de trabalho devem ser descontaminadas;
»» os trabalhadores devem receber um treinamento apropriado sobre a
manipulação dos agentes e riscos potenciais associados ao trabalho que
está sendo desenvolvido;
»» as manipulações com materiais infecciosos devem ser obrigatoriamente
conduzidas dentro de cabines de segurança biológica de Classe II ou de
Classe III.

65
UNIDADE IV │ CLASSES DE RISCO DOS AGENTES BIOLÓGICOS E NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

NB-4: Nível de Biossegurança 4


Esse nível de biossegurança é requerido durante o trabalho com microrganismos de
classe de risco 4, ou seja, os agentes que causam doenças graves em homens e animais.
Tais agentes infecciosos são extremamente perigosos e podem ser transmitidos por
aerossóis, como por exemplo, o vírus ebola e influenza. O nível de biossegurança 4
possui semelhanças com o nível de biossegurança 1, o nível de biossegurança 2 e o nível
de biossegurança 3, além das suas especificidades citadas a seguir:

»» recomenda-se o funcionamento do laboratório (contenção máxima) sob


controle de autoridades sanitárias;

»» a equipe de trabalho deve receber treinamento específico direcionado


para a manipulação dos agentes infecciosos;

»» o acesso ao laboratório deve ser limitado e controlado;

»» o trabalho deve ser realizado em Cabine de Segurança Biológica de Classe


III;

»» todos os resíduos gerados devem ser obrigatoriamente esterilizados antes


de serem retirados do laboratório;

»» as pessoas que frequentam o laboratório devem ser imunizadas e


examinadas periodicamente;

»» a entrada e saída das pessoas deve ocorrer após uso de chuveiro e troca
de roupas.

66
TRANSPORTE
OU DESCARTE UNIDADE V
DE MATERIAL
BIOLÓGICO

CAPÍTULO 1
Transporte de material biológico

Por que é importante o desenvolvimento de boas relações de trabalho entre o


grupo dos remetentes, das companhias de transporte e dos destinatários?

Conforme consta no portal da Anvisa <http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/


home>, o transporte de material biológico é um dos pontos críticos para assegurar a
qualidade e a segurança de produtos sujeitos a vigilância sanitária. Alterações ocorridas
durante o transporte do material, como por exemplo, mudanças na temperatura
padrão da amostra ou tempo de transporte pré-determinado podem acarretar em erros
e influenciar as análises a serem realizadas. Além disso, o material também pode ser
deteriorado ou contaminado trazendo graves problemas durante o tratamento ou análise
diagnóstica do paciente. Não menos importante é o risco de infecção dos trabalhadores
que transportam o material ou da população que, de alguma forma, possa entrar em
contato com o material biológico em caso de acidente. Deste modo, o transporte deve
ser extremamente seguro para evitar riscos de contaminação, tanto de pessoas quanto
do meio ambiente em situações de avaria.

Por isso, deve-se ter atenção especial com as embalagens durante o transporte. Em
relação à embalagem e transporte, materiais biológicos incluem:

»» todos os cultivos que contém ou que são suspeitos de conterem qualquer


agente que pode causar infecção;
»» amostras de humanos ou animais que contenham tais agentes em
quantidades suficientes para causar infecção caso alguém seja exposto
devido a falhas no transporte;

67
UNIDADE V │ TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO

»» amostra de paciente com doença de causa desconhecida;

»» qualquer espécie que seja classificada como agente infeccioso.

A fim de regularizar o transporte de material biológico, órgãos como a Gerência Geral


de Sangue, outros Tecidos e Órgãos (GGSTO) em parceria com várias áreas da Anvisa, o
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), Agências Reguladoras de Transporte,
transportadoras, dentre outros, determinaram requisitos a serem cumpridos a fim de
manter a qualidade e segurança dos materiais biológicos que estão em processo de
transporte. Como consequência, foi proposto o Regulamento Sanitário para o transporte
de material biológico de caráter humano, descrito na RDC Anvisa no 20, de 10 de abril
de 2014, conforme descrito abaixo:

Esta Resolução possui o objetivo de definir e estabelecer padrões


sanitários para o transporte de material biológico de origem humana
em suas diferentes modalidades e formas, sem prejuízo do disposto em
outras normas vigentes peculiares a cada material e modo de transporte,
para garantir a segurança, minimizar os riscos sanitários e preservar a
integridade do material transportado.
(Art.1o, RDC no 20/2014)

Em caso específico para transporte de sangue e componentes, foi publicada a Portaria


Conjunta com a Secretaria de Assistência à Saúde (SAS)/Anvisa/MS no 370, de 7 de
maio de 2014, que dispõe sobre regulamento técnico sanitário para o seu transporte.
Assim como anteriormente, nesse caso, a regulamentação também deve ser aplicada a
todo remetente, transportador, destinatário e demais pessoas envolvidas no processo
de transporte de sangue e componentes. Essa Portaria prevê a autorização para o
transporte interestadual de sangue e hemocompetentes, sendo essa uma autorização
especial para fins transfusionais.

O sangue e componentes devem ser primeiramente acondicionados de forma devida


para então serem transportados. O remetente é o responsável pelo acondicionamento
e rotulagem de material que será transportado. As informações relativas ao risco e
conservação do material também são de responsabilidade do remetente.

O documento abaixo é o exemplo de um informativo para o transporte de


sangue e hemocomponentes no território brasileiro e está disponível no portal
da Anvisa.

68
TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO │ UNIDADE V

Informativo transporte interestadual de


sangue e hemocomponentes no território
brasileiro
A legislação sanitária define que o transporte interestadual de material sob
vigilância sanitária deve ser regularizado junto à vigilância sanitária (VISA)
federal, no caso, a Anvisa.

O transporte de sangue e componentes deve ser considerado como uma


atividade de distribuição inerente ao processo hemoterápico, sendo prerrogativa
legal segundo a Lei no 10205/2001, art.3, parágrafo 2, que prevê que

os órgãos e entidades que executam ou venham a executar


atividades hemoterápicas estão sujeitos, obrigatoriamente, à
autorização anual concedida, em cada nível de governo, pelo
Órgão de Vigilância Sanitária, obedecidas as normas estabelecidas.

Trata-se de uma autorização concedida ao serviço de hemoterapia remetente


para exercer no âmbito de suas atividades o transporte interestadual de sangue
e componentes para fins transfusionais, de processamento e armazenamento
de hemocomponentes e triagem laboratorial.

Esta autorização terá validade de um ano. A validade anual da autorização que


trata a Portaria no 370/2014 está condicionada a validade do documento de
licenciamento sanitário dos serviços de hemoterapia envolvidos, bem como a
regularização do transportador.

Sendo assim, para o referido processo regulatório, a Anvisa estabelece as


exigências para solicitação de autorização para o serviço de hemoterapia exercer
atividade de transporte de sangue e hemocomponentes de âmbito interestadual
segundo Portaria Conjunta Anvisa/MS no 370/2014:

1. Formulário específico de peticionamento disponível no site da Anvisa,


na área de Sangue, Tecidos e Órgãos.

2. Documento emitido pela VISA competente, relativo às condições


sanitárias do serviço de hemoterapia remetente e destinatário.
Poderá ser enviada cópia do comprovante oficial de licenciamento
sanitário vigente emitido pelo órgão de vigilância sanitária mediante
o cumprimento dos requisitos técnicos sanitários definidos na RDC
no 34/2014, Portaria no 2.712/2013 e demais legislações sanitárias
referentes.

69
UNIDADE V │ TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO

3. Documento emitido pela VISA competente do serviço de hemoterapia


remetente e do destinatário com a avaliação da capacidade técnica
e operacional instalada para realização da atividade de transporte
interestadual, recebimento e armazenamento desse material
biológico. A forma e o conteúdo deste documento serão definidos
pela VISA competente devendo se basear nos critérios da RDC no
20/2014 e da Portaria Conjunta Anvisa/MS no 370/2014.

4. Documento que comprove o acordo feito com a VISA competente


sobre o mecanismo e a periodicidade de envio da remessa a ser
transportada de forma a garantir a rastreabilidade dos produtos neste
trânsito.

O serviço de hemoterapia deve comunicar à VISA local da intenção de transporte


para outro estado, verificar a conformidade com relação ao licenciamento
sanitário e solicitar avaliação da VISA competente (remetente e destinatário)
para o referido processo de transporte. Requisitos como mecanismos seguros
de rastreabilidade da carga transportada, validação do processo de transporte
considerando o tempo e temperaturas requeridas, contratos entre serviço
fornecedor (remetente) e serviço que irá receber o material (destinatário),
contrato com empresa transportadora (caso necessário) e outros requisitos
definidos nas normativas técnicas relacionadas serão avaliados pela VISA.

Também deve ser solicitado à VISA local do serviço destinatário, se esse apresenta
condições técnicas e de infraestrutura para comportar e garantir qualidade do
material a ser recebido. Caso as VISAs verifiquem conformidade para as atividades
de transporte e recebimento, o serviço de hemoterapia remetente deve realizar
o peticionamento da autorização à Anvisa.

Cabe ressaltar que o serviço solicitante da autorização deve providenciar as


documentações referidas acima junto às VISAs antes do peticionamento à
Anvisa, de forma a agilizar o processo.

Caso seja necessário, outras informações e documentos poderão ser solicitados


pela Anvisa aos envolvidos (remetente, destinatário, transportadores), bem
como as VISAs relacionadas.

A Anvisa terá um prazo de 15 dias, considerando dias úteis, desde a protocolização


na Gerência Sangue, Tecidos, Celulas e Órgãos/Anvisa, para posicionamento.
Considera-se posicionamento: a emissão da autorização, a solicitação de

70
TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO │ UNIDADE V

informações ou o aviso de pendências. Para pedidos realizados na sexta-feira ou


vésperas de feriado, considera-se o prazo no próximo dia útil.

Para otimizar o fluxo de análise da solicitação, os documentos poderão ser


tramitados via endereço eletrônico <sangue.tecidos@anvisa.gov.br> ou ainda
por fax (61-3462-6825), enviando as cópias originais concomitantemente via
postal para composição do processo em questão (À Gerência de Sangue, Tecidos,
Células e Órgãos/GSTCO - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Setor de
Indústria e Abastecimento (SIA) - Trecho 5, Área Especial 57, Brasília (DF) - CEP:
71205-050).

Segue abaixo fluxo esquemático referente ao processo de regulação do


transporte interestadual de sangue e componentes:

Figura 18. Fluxograma de Autorização de Transporte Interestadual de Sangue.

Fonte: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/de9eb6004627473db6c3bfec1b28f937/Protocolo+de+peticionamento
+e+instrutivo+2014+xlsx.docx?MOD=AJPERES>

O serviço de hemoterapia solicitante é responsável pelas informações prestadas


nesse processo documental, declarando assumir integral responsabilidade pelas

71
UNIDADE V │ TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO

informações. Quaisquer erros ou omissões poderão ser tidos como indícios e


provas de falsidade de declaração, podendo ser utilizadas em juízo ou fora dele.

OBSERVAÇÃO: No caso de transporte interestadual de sangue e seus


componentes para fins transfusionais em situação emergencial, em que o prazo
de entrega ao destinatário dos hemocomponentes não possa aguardar a análise
e a emissão de autorização pela Anvisa, pode ser realizado sem a autorização
formal, devendo o interessado notificar à Anvisa previamente. Nesse caso, trata-
se de transporte extraordinário e emergencial. Assim, não há necessidade de
formalizar a atividade, uma vez que não faz parte das atribuições e competências
do serviço de hemoterapia e não precisa constar como atividade rotineira
da qual está licenciado. Dessa forma, o serviço deve preencher a ficha de
peticionamento e enviar à Anvisa juntamente com a justificativa do motivo da
emergência. É recomendável, caso tenha tempo hábil, que o serviço envie esse
pedido com antecedência à Anvisa, para que todos os setores envolvidos sejam
avisados a tempo – portos/aeroportos e VISAs locais – antes do início do trânsito
para agilizar o desembaraço.

A autorização para transporte interestadual de sangue e componentes não


se aplica ao transporte de material biológico proveniente de serviços de
hemoterapia para fins industriais (reagentes, teste de proficiência, produção de
medicamentos) ou de pesquisa clínica, que são regulados em outros mecanismos.

NOTA: Essas informações sobre o processo de autorização especial tem o


objetivo de esclarecer sobre procedimentos gerais. Maiores informações e
outros requisitos devem ser solicitados à VISA local e à Anvisa.

72
CAPÍTULO 2
Descarte de material biológico

A partir da segunda metade do século XX, os padrões de consumo da sociedade


industrial sofreram fortes alterações, de maneira que a produção de resíduos está
aumentando gradativamente. Essa geração de resíduos oriunda de inúmeras atividades
humanas é superior à capacidade de absorção da natureza, tornando-se um desafio
para a sociedade e administrações municipais e estaduais.

Não é novidade que o descarte inadequado de resíduos pode colocar em risco os


recursos naturais existentes e a qualidade de vida, tanto da geração atual quanto da
geração futura. Desse modo, com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente,
garantindo a sustentabilidade, órgãos brasileiros como a Anvisa e CONAMA, definem
regras, orientam e regulam a conduta de vários agentes em relação à geração de resíduos
de serviço da saúde. Assim, esforços para uma gestão correta como gerenciamento dos
resíduos de serviço de saúde passaram a fazer parte da atualidade.

Os profissionais que trabalham na área da saúde podem estar expostos a variados riscos,
especialmente os considerados biológicos. Sabe-se que uma das fontes de contaminação,
tanto para esses profissionais quanto para o meio ambiente, deve-se aos resíduos
tóxicos, que podem ser classificados em comuns, infectantes, químicos, radioativos ou
perfurocortantes, como visto anteriormente. Desse modo, existem algumas instruções
para a conscientização das pessoas que podem estar expostas a determinados riscos.

Conforme a Resolução no 306, de 7 de dezembro de 2004, da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária e a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
no 358, de 29 de abril de 2005, que dispõe sobre o tratamento e disposição final de
resíduos de serviços de saúde, existem cinco grupos de resíduos. Eles são classificados
como: A, B, C, D e E, sendo considerado o grupo A como o grupo com possibilidade
de presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou
concentração, podem apresentar risco de infecção. Segue a classificação dos grupos.

Grupo A (Resíduo Biológico – Infectante)


O grupo A, composto pelos resíduos biológicos que podem apresentar riscos de infecção,
é dividido em cinco subgrupos:

73
UNIDADE V │ TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO

A1

Todos os resíduos do grupo A1 devem ser previamente tratados antes de serem recolhidos
da unidade geradora. O tratamento químico ou físico deve ser validado para a garantia da
eliminação ou redução dos microrganismos em equipamento que seja compatível com
o Nível III de Inativação microbiana, seguindo orientações publicadas pelo Ministério
da Saúde – Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material Biológico,
correspondente aos respectivos organismos. O subgrupo A1 é composto por:

»» culturas e estoques de microrganismos;

»» descarte de vacinas (microrganismos vivos ou atenuados);

»» inóculos;

»» meios de cultura;

»» resíduos com suspeita ou contaminação biológica por agente de classe de


risco 4;

»» bolsas transfusionais;

»» amostras contendo sangue ou líquido corpóreo;

»» microrganismos causadores de doença;

»» risco de disseminação ou aqueles com mecanismos de transmissão


desconhecido.

A2

Os resíduos pertencentes ao subgrupo A2 compreendem peças anatômicas; vísceras;


carcaças ou qualquer resíduo de origem animal que tenha sido alvo de experimentação
envolvendo inoculação de microrganismos.

O descarte de qualquer resíduo desse subgrupo deve ser submetido a tratamento antes
da disposição final. Todo resíduo deve ser devidamente acondicionado. No caso dos
resíduos conterem microrganismos de alto risco (classe de risco 4), esses devem ser
submetidos a processos físicos ou químicos para a eliminação ou redução da carga
microbiana em equipamento compatível com Nível III de Inativação Microbiana para
serem então submetidos à processo de incineração.

74
TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO │ UNIDADE V

A3

Os resíduos pertencentes ao subgrupo A3 compreendem peças anatômicas do ser


humano (membros) e produto de fecundação que não tenham sinais vitais e não tenham
sido requisitados pelo paciente ou familiares. O descarte deve ser realizado após o
registro de geração e, posteriormente, encaminhados para sepultamento em cemitério
(com devida autorização do órgão competente) ou tratamento térmico por incineração
ou cremação (utilizando equipamento licenciado para tal fim).

A4

O descarte de resíduos A4 podem ser dispostos em local licenciado sem tratamento


especial. Devem ser condicionados conforme o “Gerenciamento de Resíduos Serviço
de Saúde”. Os resíduos desse subgrupo compreendem: peças anatômicas provenientes
de estudos, procedimento cirúrgico ou diagnóstico; bolsas transfusionais vazias ou
com volume residual; carcaças, peças anatômicas ou vísceras de animais que não
tenham sido alvo de experimentação envolvendo inoculação de microrganismos;
resíduo de tecido adiposo (proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro
procedimento cirúrgico capaz de gerar resíduo); kits de linhas arteriais, endovenosas
e dialisadores utilizados; membrana filtrante de equipamento, filtros de ar de área
contaminada; restos de amostras laboratoriais e seus recipientes (contendo fezes,
urina e secreções de pacientes sem suspeita de contaminação com agentes de Classe de
Risco 4, microrganismo causador de doença emergente ou aqueles com mecanismo de
transmissão desconhecido).

A5

Esse subgrupo compreende órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais


perfurocortantes ou escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde
de indivíduos ou animais com suspeita ou certeza de contaminação por príons.
Esses podem ser dispostos em local licenciado sem tratamento especial. Devem ser
condicionados conforme o “Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde”, em sacos
brancos preenchidos até 2/3 de sua capacidade.

Como inativar os agentes biológicos?


Existem procedimentos adequados, tanto para a inativação de agentes biológicos
quanto para medidas, a serem tomados em caso de acidentes relevantes. Para o
descarte e retirada do material biológico do ambiente laboral, os microrganismos

75
UNIDADE V │ TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO

precisam ser submetidos a processo de desinfecção – por agentes químicos ou


físicos – antes de sua exposição ao ambiente externo. Deve-se, também, desinfetar
as superfícies de trabalho antes e após os procedimentos. A desinfecção é um
processo que reduz o número de microrganismos, eliminando grande parte dos
contaminantes existentes em um local ou material (Conceitos e Métodos para
formação de profissionais em laboratórios de saúde, Fiocruz, 2009).

O esquema a seguir mostra as diferentes maneiras de inativação de agentes biológicos:

Figura 19. Agentes químicos para inativar os agentes biológicos.

Fonte: (FIOCRUZ, 2005)

76
TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO │ UNIDADE V

Figura 20. Agentes físicos para inativar os agentes biológicos.

Fonte: (FIOCRUZ, 2005)

O processo de autoclavagem é um tratamento térmico bastante usado para destruir


agentes patogênicos. Assim, o uso da autoclave pode garantir a esterilização
por meio da completa eliminação de patógenos e, consequentemente, do risco
biológico. A autoclave é um dos métodos mais utilizados em instituições de
saúde e pesquisa devido ao seu potencial de destruição de microrganismos. O
processo de autoclavação consiste no aquecimento prévio da água contida na
autoclave, que gera vapor de água sob uma pressão de 15 psi e temperatura
ao redor de 121°C. O vapor de água deve estar em contato com o material a
ser esterilizado por um tempo de 15 a 20 minutos e, durante esse tempo, a
temperatura no interior do aparelho não deve ser inferior aos 121°C. Deve-se
garantir que não permaneça ar preso dentro da autoclave para não impedir que
a temperatura consiga atingir os 121°C.

Após a leitura sobre o funcionamento da autoclave, acesse o link <https://


www.youtube.com/watch?v=7lF5PFouzRE> para a visualização do processo na
prática.

O nível de desinfecção pode depender de algumas variáveis, tais quais: temperatura,


tempo e concentração dos germicidas usados. Além disso, o nível de inativação pode ser
de alto grau, intermediário ou baixo.

Na inativação em baixo nível, as bactérias em forma vegetativa, alguns vírus e alguns


fungos são inativados. Porém, microrganismos como Mycobacterium tuberculosis,
esporos bacterianos, alguns vírus como o da hepatite B (HBV) e os lentivirus podem
sobreviver. Nessa inativação é utilizado álcool etílico e isopropílico, hipoclorito de sódio
(100 ppm), compostos fenólicos e quaternário de amônia.

77
UNIDADE V │ TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO

A desinfecção em médio nível atinge todos os organismos destruídos na desinfecção


de baixo nível além de Mycobacterium tuberculosis e a maioria dos fungos e vírus
(inclusive o HBV). Porém, ainda sobrevivem o Mycobacterium intracelulare, esporos
bacterianos e os lentivirus. Nessa inativação é utilizado álcool etílico e isopropílico (70
a 90%), hipoclorito de sódio (100 ppm), compostos fenólicos e pasteurização (75°C /
30 min).

Na desinfecção de alto nível apenas alguns esporos bacterianos que são mais resistentes
e os lentivurus conseguem sobreviver. Nesta inativação é usado glutaraldeído, solução
de peróxido de hidrogênio, hipoclorito de sódio (1000 ppm), cloro e compostos clorados,
ácido peracético e pasteurização (75°C / 30 min).

Cada desinfetante possui uma característica específica de desinfecção. É importante o


conhecimento do modo de ação do desinfectante em uso.

»» Álcool: atua como germicida. Dependendo da concentração, o álcool


pode ter uma ação fixadora. A concentração ideal para efeito bactericida
é de 70% (quando a 60% possui sua atividade diminuída). Apesar da
rápida evaporação, são solventes orgânicos e podem precipitar proteínas.

»» Compostos de cloro: possui ação oxidante, por isso seu uso deve
ser controlado. Para atividade germicida, normalmente é usada uma
concentração de 2%. O hipoclorito de sódio tem ação de amplo espectro
sendo efetivo como bactericida e viricida.

»» Compostos fenólicos: consiste em um dos germicidas mais antigos.


Atuam como bactericida na diluição de 2 e 3%, principalmente com
contaminação fecal; porém não atuam como esporicidas.

»» Formol ou formaldeído: esse composto possui várias aplicações.


Quando a solução está a uma concentração de 37%, normalmente é
utilizado como preservativo (para peças anatômicas, por exemplo).
Também pode ser usado em processo de desinfecção por sublimação
ou fumigação (200°C/6h), no entanto, posteriormente é necessário
procedimento específico para a desnaturação e evaporação do composto.

»» Glutaraldeído: possui uma poderosa ação germicida-esporicida a 2%,


desde que alcalinizadas (carbonato de cálcio).

»» Quaternários de amônio: é usado tanto como desinfetante como


antisséptico.

78
TRANSPORTE OU DESCARTE DE MATERIAL BIOLÓGICO │ UNIDADE V

Como visto, existem dois efeitos dos diferentes agentes químicos supracitados, os
chamados germicidas. Tais agentes químicos podem, então, produzir ação bactericida
ou bacteriostática, definidas a seguir:

»» Ação bactericida: ocorre a eliminação das bactérias quando na


presença do agente químico. A bactéria, ao entrar em contato com o
agente químico, não consegue mais se reproduzir, caracterizando esta
ação como irreversível.

»» Ação bacteriostática: o contato da bactéria com o agente químico


promove a inibição da multiplicação bacteriana. No entanto, quando
o agente químico é removido, a multiplicação pode ser retomada,
caracterizando essa ação como reversível.

79
Para (não) finalizar

Os textos a seguir contêm informações sobre doenças importantes que desafiam a saúde
pública.

Ebola
O Ebola é um vírus altamente infeccioso e pode atingir uma taxa de mortalidade de até
90% dos casos.

Primeiramente, o vírus Ebola foi associado a um surto de mais de 300 casos de uma
doença hemorrágica detectada no Zaire (hoje República Democrática do Congo).
Durante esse surto, varias pessoas morreram rapidamente. No entanto, ele foi
descoberto em 1976 durante uma epidemia no Sudão e na República Democrática do
Congo, ambos ocorridos ao mesmo tempo. Por ser uma região próxima ao Rio Ebola,
a doença foi referenciada com o mesmo nome do rio. Os hospedeiros naturais do vírus
Ebola são morcegos frutíferos, sendo que a aparição da doença está relacionada com
ocorrências de infecção gerada por meio do manejo de chimpanzés, gorilas, morcegos
e macacos contaminados.

O vírus pertence à família Filoviridae e ao gênero Ebolavirus. Até hoje foram detectados
cincos espécies do vírus Ebola: Bundibugyo, Costa do Marfim, Reston, Sudão e Zaire.
Dependendo da cepa, a taxa de mortalidade pode variar entre 25% e 90%. O mais letal
dentre as cinco espécies é a do Zaire. O período de incubação do vírus pode ser de 1 a
21 dias e sua transmissão somente é iniciada após o aparecimento dos sintomas, por
meio do contato direto com sangue, tecidos ou fluidos corporais e pessoas ou animais
infectados ou então pelo contato de objetos contaminados.

Figura 21. Morfologia do vírus Ebola.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.cdc.gov/vhf/ebola/>.

Texto adaptado - informações disponíveis no website MSF - Médicos Sem Fronteiras <http://
www.msf.org.br> e CDC – Centers for Disease Control and Prevention <http://www.cdc.gov>.

80
PARA (NÃO) FINALIZAR

Dengue
A dengue também é uma doença viral e a sua forma mais grave pode ser mortal.

A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo mosquito que pode
transmitir a febre amarela. O A. aegypti é originário do Egito, porém, por meio da
sua dispersão, hoje ele é encontrado em várias partes do mundo. Atualmente, é uma
doença endêmica de regiões tropicais e subtropicais com elevado crescimento em áreas
urbanas.

O modo de transmissão é realizado pela fêmea do mosquito, que pica a pessoa infectada
retransmitindo o vírus. O período de incubação do vírus no corpo humano varia de 3
a 15 dias, porém, com uma média de 5 a 6 dias. Não existe transmissão do vírus pelo
contato de uma pessoa sadia com pessoas doentes e/ou suas secreções.

A única forma de evitar a transmissão da dengue é por meio da eliminação do mosquito


transmissor da doença.

Figura 19. Mosquito fêmea Aedes aegypti.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/curiosidades.html>.

Texto adaptado - informações disponíveis no website MSF - Médicos Sem Fronteiras <http://
www.msf.org.br> e IOC – Instituto Oswaldo Cruz <http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/
curiosidades.html>.

81
Referências

ALMEIDA, J. L. T.; VALLE, S. Biossegurança no ano 2010: o futuro em nossas mãos?


Bioética, v.7, no 2, 1999.

ASSAD, C.; COSTA, G.; BAHIA, S. R. Manual de higienização de estabelecimentos


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