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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
HEMOSTASIA E SANGUE.......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
O QUE É HEMOSTASIA?............................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
HOMEOSTASIA PRIMÁRIA......................................................................................................... 19
CAPÍTULO 3
FORMAÇÃO DAS PLAQUETAS.................................................................................................. 26
CAPÍTULO 4
CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DAS PLAQUETAS....................................................................... 32
UNIDADE II
ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE................................................................................... 36
CAPÍTULO 1
PROLIFERAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS ERITRÓCITOS............................................................. 36
CAPÍTULO 2
HEMOGLOBINA....................................................................................................................... 46
CAPÍTULO 3
MORFOLOGIA E FUNÇÃO DOS ERITRÓCITOS........................................................................... 55
CAPÍTULO 4
PROLIFERAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DOS LEUCÓCITOS............................................................ 57
CAPÍTULO 5
MORFOLOGIA E FUNÇÃO DOS LEUCÓCITOS.......................................................................... 63
UNIDADE III
HEMOSTASIA SECUNDÁRIA E FIBRINÓLISE.............................................................................................. 70
CAPÍTULO 1
SÍNTESE DA COAGULAÇÃO E CASCATA DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA.................................. 70
CAPÍTULO 2
SISTEMA FIBROLÍTICO.............................................................................................................. 75
UNIDADE IV
DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA................................................................................................................. 77
CAPÍTULO 1
DISTÚRBIOS HEREDITÁRIOS DA HEMOSTASIA............................................................................. 77
CAPÍTULO 2
DISTÚRBIOS ADQUIRIDOS DA COAGULAÇÃO........................................................................... 81
UNIDADE V
TESTES LABORATORIAIS PARA AVALIAR A HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO................................................. 86
CAPÍTULO 1
CONTAGEM DE PLAQUETAS..................................................................................................... 86
CAPÍTULO 2
ÍNDICE PLAQUETÁRIO.............................................................................................................. 88
CAPÍTULO 3
TEMPO DE RETRAÇÃO DO COÁGULO..................................................................................... 90
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 95
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Sejam bem-vindos ao Caderno de Estudos e Pesquisa de Hemostasia, Hematopoese
e Coagulação. Neste módulo, será abordado os conceitos básicos sobre hemostasia,
hematopoese, coagulação e distúrbios relacionados com estes processos e as formas
de diagnóstico clínico-laboratorial. Em uma primeira etapa, abordaremos conceitos
básicos que especificam o processo hemostático, elementos sanguíneos, hematopoese e
o sistema de coagulação e os seus principais reguladores. Após o melhor entendimento
da fisiologia da hemostasia e do sistema de coagulação partiremos para discussão das
principais patologias que envolvem esses processos, levando a perda sanguínea excessiva
ou formação indesejada de coágulos na circulação. Exploraremos todos os conceitos
básicos que circundam essas patologias, demonstrando sua etiologia e posteriormente
seu desenvolvimento patológico. Ao final deste módulo, teremos a oportunidade de
agregar a sua formação um importante conhecimento sobre a hemostasia, bem como as
estratégias para a realização de diagnóstico laboratorial para direcionar os tratamentos
de forma eficaz aumentando a sobrevida de pacientes com estes distúrbios.
Objetivos
»» Promover o conhecimento de conceitos básicos envolvidos com
hemostasia, hematopoese e coagulação.
8
HEMOSTASIA E UNIDADE I
SANGUE
CAPÍTULO 1
O que é hemostasia?
9
UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Elementos sanguíneos
Os elementos sanguíneos são todos os tipos celulares que compõe o sangue e o plasma
(parte líquida responsável pelo transporte de substâncias). O sangue periférico é
composto por três tipos de linhagens celulares:
»» plaquetas ou trombócitos.
Glóbulos vermelhos
10
HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
de células eritroides chamado de eritron, termo que enfatiza a unidade funcional das
células envolvidas na eritropoese. (ZAGO et al., 2001)
A principal função dos eritrócitos consiste em transportar o oxigênio (O2) dos pulmões
aos tecidos, e realizar a retirada do gás carbônico (CO2) para ser transportado até os
pulmões. Para cumprir sua função os glóbulos vermelhos produzem em alta concentração
a proteína especializada hemoglobina.
11
UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Glóbulos brancos
12
HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
Em geral não possuem pigmentos (por este motivo denominados glóbulos brancos),
são esféricos e possuem, em média, 6-20µm. Segundo Hoffbrand e Moss (2013) os
leucócitos são divididos em 2 grandes grupos: fagócitos e imunócitos. Os granulócitos
incluem três tipos celulares – neutrófilos, basófilos e monócitos – somados ao monócito
formam o grupo dos fagócitos. Este nome foi originado, pois todas estas células tem a
capacidade de fagocitar um antígeno (agente estimulante do sistema imunológico). Os
imunócitos, denominados também de linfócitos, são as células que têm a capacidade de
produzir anticorpos. O número de leucócitos varia de acordo com cada tipo celular e a
idade do indivíduo (Tabela 1) e sua morfologia é diferenciada de para cada tipo celular
(veremos imagens detalhadas nas próximas sessões).
Linfócitos
São chamadas de linfócitos células do sangue com diferentes funções, mas que
compartilham características morfológicas semelhantes e foram descritas pela primeira
vez em 1774. Nas colorações de Romanowsky, são células de tamanho pequeno (6 a
15 µm), regulares e arredondadas, relação nucleocitoplasmática elevada com núcleo
ocupando de 90% da área da célula, citoplasma escasso e basófilo, núcleo regular e
esférico, de tonalidade azul-arroxeada e com cromatina sem nucléolo evidente. São
também frequentemente maiores (até 20µm), com citoplasma mais abundante e em
certo número observam-se granulações escassas azurófila, de 5 a 15 por célula; tal subtipo
é chamada de grande linfócito granular [...]. A estimulação de ativação dos linfócitos
leva a alterações fisiológicas que culminam também por alterar a sua morfologia,
assumindo uma forma mais imatura (linfoblasto) ou mesmo linfoplasmocitóide. O
citoplasma torna-se mais abundante e basófilo e o núcleo passa a apresentar nucléolo
mais evidente, com cromatina mais frouxa. (ZAGO et al., 2001)
13
UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Plasmócito
Monócito
Quanto à sua morfologia, são células de tamanho entre 12-15 µm de diâmetro, variando
bastante em forma, mas distinguíveis de outros leucócitos do sangue. O citoplasma
é abundante, de coloração cinza ou azul-claro acinzentada, com fina granulação.
Esta granulação com aspecto de fina poeira dá ao citoplasma uma aparência de
vidro fosco. É comum encontrar vacúolos citoplasmáticos nestas células. A relação
nucleocitoplasmática é baixa e o núcleo é grande, oval ou indentado, posicionado no
centro da célula; o nucléolo não é visível em colorações usuais. A cromatina é delicada,
predominantemente frouxa, com estreitos filamentos ligando pequenas áreas de
cromatina mais densa. (ZAGO et al., 2001)
14
HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
Neutrófilos
Uma vez no sangue, os neutrófilos migram para diferentes tecidos lesados ou infectados
por um processo denominado quimiotaxia. Este fenômeno é bastante complexo e envolve
a participação de uma série de proteínas de ligação: o C5a do complemento, leucotrieno
B4, fator ativador plaquetário, que permitem a aderência do neutrófilo ao endotélio
e atravessá-lo. O local de destruição final dos neutrófilos não é bem conhecido, mas
são encontrados na saliva, no trato gastrointestinal e também podem ser removidos da
circulação pelo fígado, pulmões e baço. (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Eosinófilos
Basófilos
Além dos grânulos basófilos que distinguem esse subtipo celular, morfologicamente
caracteriza-se como uma célula relativamente grande, com diâmetro entre 10 e 15
µm, citoplasma abundante, róseo, rico em grânulos basófilos. Também possuem
estruturas citoplasmáticas eletrondensas chamadas de corpos lipídicos, ricos em ácido
araquidônico. O núcleo multilobulado apresenta cromatina densa. (ZAGO et al., 2001)
16
HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
Plaquetas
Plasma
17
UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Uma das técnicas mais simples para separar a parte líquida do sangue (plasma) da parte
sólida, é através da centrifugação. O soro, obtido por meio da coagulação sanguínea,
corresponde ao plasma sanguíneo sem os fatores de coagulação, como, por exemplo, a
fibrina. Esta porção do sangue tipicamente é utilizada em testes sorológicos que visam
pesquisas a presença de determinados anticorpos.
18
CAPÍTULO 2
Homeostasia primária
Após a lesão vascular, ocorre a interação entre o fvW (fator de von Willebrand) e o
colágeno e a seguir a GPIb/IX (glicoproteínas plaquetárias) liga-se ao fvW. Essa ligação
caracteriza-se por rápida velocidade de associação, permitindo a adesão plaquetária
em vasos onde o sangue circula em alta velocidade. Entretanto, a interação GPIb/IX e
o fvW apresenta uma alta taxa de dissociação e as plaquetas aderidas à parede vascular
movem-se constantemente na direção do fluxo sanguíneo. Com a ativação plaquetária, a
GPIIb/IIIa (glicoproteínas plaquetárias) torna-se capaz de se ligar ao fvW, propiciando
uma adesão plaquetária irreversível ao subendotélio. (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Células endoteliais
20
HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
O endotélio exerce influência sob o tônus muscular, pressão arterial e fluxo sanguíneo
através da liberação de componentes químicos que tem a função vasodilatadora, por
exemplo, o óxido nítrico e prostaciclina e vasoconstrictora como a endotelina. A seguir
vamos estudar em detalhes cada um desses componentes.
Óxido nítrico
Prostaciclina (PGI2)
21
UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
A PGI2 possui vários efeitos sobre os vasos e células endoteliais: vasodilatação, inibição
da ativação e agregação plaquetária, relaxamento das células musculares lisas dos vasos
e bloqueio da interação dos monócitos com células endoteliais. (ZAGO et al., 2001)
Endotelina
Proteoclicanos
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HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
Trombomodulina
Proteína S
É uma glicoproteína dependente da vitamina K, sintetizada principalmente no fígado,
bem como nas células endoteliais, megacariócitos e células de Leydig. Exerce a função
de cofator da proteína C. (ZAGO et al., 2001)
Propriedades trombogênicas
A expressão do fator tecidual é uma etapa fundamental que transforma a membrana da
célula endotelial em uma superfície pró-coagulante. In vitro a síntese do fator tecidual
pode ser induzida por uma série de agonistas, incluindo a trombina, endotoxinas,
hipóxia e lipoproteínas oxidadas. O fator tecidual não é encontrado na célula intacta,
expressando-se após lesão vascular. (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Ativador do plasminogênio
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HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 3
Formação das plaquetas
Trombopoetina
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HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
Apenas em 1994, foi identificado o ligante para o receptor Mpl, por cinco grupos
independentes, Este ligante está presente em pequenas quantidades no plasmas e
recebeu várias designações: ligante do Mpl, trompoetina, fator de desenvolvimento do
megacariócito (MGDF) ou megapoetina. Esta molécula estimula tanto a proliferação
como a diferenciação das células progenitoras de megacariócitos. (ZAGO et al., 2001)
Função da trombopoetina
27
UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
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HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
das plaquetas, e foi substituído pelo 111In, que se incorpora melhor na plaqueta e
tem vantagens técnicas. A medida da sobrevida das plaquetas é feita coletando-se
sangue venoso do paciente, ao qual se adiciona o 111In. As plaquetas assim marcadas
são novamente infundidas no paciente e a radioatividade remanescente é medida
em amostras de sangue colhidas diretamente. Esta técnica permite o estudo de
pacientes com trombocitopenia de até 10.000 plaquetas/ml. Como a ligação do índio
não é específica às proteínas da plaqueta, a obtenção de plaquetas livres de plasma
é importante e relevante no sucesso do ensaio. O processamento das plaquetas pode
ainda causar danos à célula, prejudicando sua função, assim vários ajustes técnicos
foram feitos de modo a minimizar este efeito. Entretanto, esta não é uma metodologia
corrente disponível em laboratórios clínicos, além de o uso de elementos radioativos
representar risco, especialmente para crianças e grávidas. (ZAGO et al., 2001)
Imediatamente após a infusão das plaquetas marcadas, cerca de 25% a 35% delas não
são retiradas da circulação e concentradas no baço. Não se observa redução imediata da
radioatividade em pacientes esplenectomizados. Por outro lado, esta proporção pode
alcançar a cifra de 90% em pacientes com grande esplenomegalia. Estas plaquetas
acumuladas no baço podem ser mobilizadas por meio da injeção de adrenalina,
pelo exercício físico e pela aférese. Os dados obtidos com esta técnica mostram que
as plaquetas vivem cerca de 10 dias e sugerem que cerca de 7.000 plaquetas/ml são
consumidas diariamente com finalidade hemostática. (ZAGO et al., 2001)
Parece que as plaquetas mais jovens são mais efetivas na hemostasia, como sugere
a observação de que pacientes trombocitopênicos com púrpura trombocitopênica
imunológica não apresentam sangramento. Entretanto, as plaquetas maiores também
são mais ativas, independente de sua idade. As plaquetas senescentes são reconhecidas
30
HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 4
Características e funções das plaquetas
Após serem liberadas da medula óssea, as plaquetas são sequestradas no baço por
24-48 horas. O baço contém cerca de 30% da massa circulante plaquetária. Seu período
de vida é de aproximadamente oito a quatorze dias, sendo removidas da circulação
sanguínea pelos macrófagos. Em condições normais, estão em número de 1400.000 a
400.000/µl no sangue periférico. (ZAGO et al., 2001)
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HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
Sob circunstâncias normais, as plaquetas não aderem ao endotélio, porém após lesão
vascular são capazes de responder rapidamente às propriedades trombogênicas
das células endoteliais. A primeira camada de plaquetas liga-se no endotélio
através do estágio inicial de adesão (adesão plaqueta-endotélio) enquanto que o
subsequente crescimento do trombo depende da ativação e agregação plaquetária.
(ZAGO et al., 2001)
33
UNIDADE I │ HEMOSTASIA E SANGUE
Órgãos da hematopoese
Na vida adulta, a medula óssea é o único local que ocorre a hematopoese. Em muitas
doenças, como a anemia hemolítica, a medula óssea pode ser preenchida por células
gordurosas antes da idade adequada. Além disso, o fígado e o baço pode reassumir a
função hematopoiética fetal, ao qual tem o nome hematopoese extramedular.
Nos adultos a medula óssea é o único local onde ocorre a hematopoese. Em várias
doenças, como nas anemias hemolíticas, a medula óssea gordurosa pode voltar a ser
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HEMOSTASIA E SANGUE │ UNIDADE I
substituída por tecido hematopoiético, podendo ocorrer até nos ossos longos. Além
disso, o fígado e o baço também podem reassumir a função hematopoiética fetal, o
que é denominado hematopoese extramedular. A presença de tecido hematopoiético
ativo fora da medula óssea é denominada de metaplasia mieloide, que pode ser um
fenômeno compensatório ou indicar uma proliferação primária (neoplásica). Em
crianças, a metaplasia mieloides compensatória (ou reacional) é mais comum, mas em
adultos a observação de tecido mieloide fora da medula óssea é indicativo de processo
neoplásico. (ZAGO et al., 2001)
35
ERITROPOESE,
LEUCOPOESE E UNIDADE II
PLAQUETOPOESE
CAPÍTULO 1
Proliferação e diferenciação dos
eritrócitos
Em condições normais um adulto produz cerca de 200 bilhões de hemácias por dia,
substituindo o número de células destruídas diariamente, para manter assim estável a
massa total de hemácias do organismo. A proporção de hemácias produzidas e destruídas
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
Após este período embrionário e fetal, a eritropoese pode ocorrer fora da medula
óssea em duas circunstâncias: resposta a um estímulo proliferativo intenso (como
em anemia hemolíticas) ou como parte de um quadro de proliferação neoplásica do
tecido mieloide. Em anemias hemolíticas, os níveis elevados de eritropoetina podem
levar à substituição da medula gordurosa por medula ativa, inclusive nos ossos longos,
expandindo a produção de hemácias até 6-7 vezes acima de sua taxa habitual. O estímulo
persistente pode fazer aparecer tecido eritroide no baço, fígado e, eventualmente, em
outros locais do organismo. Particularmente em talassemias intermediárias têm sido
descritas massas paravertebrais e mieloproliferativas, como mielofibrose e policitemia
vera, e eritropoese acompanha a metaplasia mieloide, em especial no fígado e no baço,
não tendo papel compensatório. (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
O proeritroblasto é o tipo de celular mais imaturo que pode ser identificado como
pertencente a essa linhagem; esta célula deriva de precursores mais primitivos que
não podem, no entanto, ser reconhecidas morfologicamente, mas podem ser avaliadas
em testes funcionais. Os precursores eritroides têm capacidade proliferativa intensa,
assim, cada proeritroblasto origina 8-32 eritroblastos ortocromáticos; estas células,
por sua vez, não têm mais capacidade de dividir-se e, perdendo o núcleo, dão origem às
hemácias maduras. (ZAGO et al., 2001)
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
O reticulócito
O uso de corantes supravitais, ou seja, que coram as células vivas antes de serem fixadas,
como o azul brilhante de cresil ou azul-de-toluidina, revela estes restos de organelas
no interior dos reticulócitos. O corante precipita-se sobre as organelas, formando
estruturas reticuladas no citoplasma. (ZAGO et al., 2001).
39
UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
Figura 5. Reticulócitos.
Eritropoetina
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
radicais livres na célula. Nas células normais, os radicais livres contribuem para a
oxidação de HIF-α que é rapidamente degradado pelo sistema proteassoma-ubiquitina.
A hipóxia (ou condições que simulam, como o uso de cobalto ou de desferroxiamina),
reduz o nível de radicais livres e de oxidação de HIF-α, que deixa de ser degradado
rapidamente, acumulando-se na célula e combinando-se com a unidade HIF-β para
formar o complexo HIF. (ZAGO et al., 2001)
42
ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
INDICAÇÕES
Anemia da insuficiência renal crônica
Infecção por HIV tratada com zidovudina
Câncer ou tratamento do câncer
Autotransfusão
Cirurgias
Fonte: adaptado de Zago e cols., 2001.
43
UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
com compostos que a tornam hidrossolúvel, em especial o ácido glucurônico, pela ação
de glicuroniltransferase. O composto hidrossolúvel formado (bilirrubina “direta” ou
conjugada) é excretado nos canalículos hepáticos, indo finalmente alcançar o duodeno
como parte da bile. No intestino, numerosos compostos são derivados da oxidação e
metabolismo da bilirrubina direta; este conjunto é coletivamente (e de maneira pouco
acurada) denominado “urobilinogênio fecal”, e seus produtos de oxidação contribuem
para dar coloração às fezes.
45
CAPÍTULO 2
Hemoglobina
A hemoglobina é uma molécula globular, formada por quatro cadeias de globinas que
constituem dois pares: um par de cadeias α-símiles e um par de cadeias β-símiles. Na
forma mais comum e abundante de hemoglobina, a HbA (hemoglobina do adulto),
as cadeias são chamadas de globina α e globina β. As demais hemoglobinas normais
humanas formadas por combinações de cadeias α-símiles e cadeias β-símiles. (ZAGO
et al., 2001)
46
ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
ESTRUTURA CARACTERÍSTICAS
Sequência de aminoácidos da cadeia de globina, determinados pela ordem das bases nitrogenadas (A,C,T e
Primária
G) no DNA.
Secundária Espiral da cadeia de globina (α-hélice).
Enovelamento da α-hélice formando uma estrutura globular, delimitando a bolsa do heme e deixando os
Terciária
aminoácidos polares na superfície.
Associação de um par de cadeias α-símiles e um par de cadeias β-símiles, formando um tetrâmero e
Quaternária
delimitando uma cavidade central onde se aloja o 2,3-DPG.
Fonte: adaptado de Zago e colaboradoress, 2001.
Cada cadeia de globina assume, assim, um aspecto de uma molécula globular, formada
por uma espiral que dobra sobre si mesma; em alguns pontos geralmente onde ocorre
o aminoácido prolina, não existe a estrutura helicoidal, correspondendo aos pontos de
dobra. Desta forma, delimitam-se oito segmentos helicoidais denominados de A a H.
(ZAGO et al., 2001)
47
UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
A estrutura da hemoglobina
A hemoglobina apresenta uma forma quase esférica com 55 Angstrons aproximadamente
e massa molecular de 64 KDa. (SCHMIDT-NIELSEN, 1993) Cada hemoglobina
apresenta quatro cadeias polipeptídicas, sendo duas α (com 141 aminoácidos) e duas
β (com 146 aminoácidos), chegando à configuração α2β2, em seres humanos adultos
denominada de hemoglobina A (HbA). As cadeias alfa possuem sete alfa-hélices e as
cadeias beta possuem oito além de segmentos com estruturas não determinadas. Cada
cadeia polipeptídica apresenta seu grupo heme, este grupo apresenta um átomo de
ferro no seu centro estrutural, ao qual se liga ao oxigênio para ser transportado.
combinações entre as cadeias, isso faz com que cada tipo de hemoglobina seja adaptada
para cada fase do desenvolvimento embrionário, se iniciando na fase embrionária até
o nascimento, deste ponto em diante a hemoglobina possuí uma única combinação
durante toda a vida do indivíduo.
Grupo heme
O heme é uma molécula planar formada pela condensação de quatro núcleos pirrólicos,
contendo em seu centro um átomo de ferro na forma Fe++. Cada cadeia de globina tem
uma bolsa onde se fixa o heme. Esta cavidade é forrada por aminoácidos hidrofóbicos,
que impedem a entrada de água, protegendo o ferro contra oxidação. O heme forma
várias ligações com os aminoácidos da vizinhança; o átomo de ferro, que está no centro
da molécula de heme, por uma ligação covalente com uma histidina da hélice F (chama
de histidina proximal do ferro) e fica em frente a uma histidina da hélice E (histidina
distal do ferro). Durante o processo de oxigenação da hemoglobina, a molécula de O,
coloca-se entre o átomo de ferro e a histidina distal. (ZAGO et al., 2001)
Estrutura quaternária
49
UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
ESTRUTURA FUNÇÃO
Heme Acomoda o átomo de ferro funcional (capaz de ligar reversivelmente o O2).
Protege o ferro contra a oxidação em um ambiente hidrofóbico (bolsa do heme).
Globina
Permite a solubilidade da molécula de água (aminoácidos hidrofílicos na superfície).
Alosteria: efeito cooperativo da ligação com o O2 (curva sigmoide), efeito Bohr, efeito do 2.3-
Tetrâmero de globina
DPG.
Fonte: adaptado de Zago e colaboradores, 2001.
50
ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
As funções da hemoglobina
51
UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
52
ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
Oxigenação da hemoglobina
Efeito do 2,3-DPG
53
UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
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CAPÍTULO 3
Morfologia e função dos eritrócitos
Para que isso seja possível a célula apresenta uma forma bicôncava bem flexível, com a
capacidade de gerar energia e com poder redutor por diferentes vias metabólicas.
Membrana do eritrócito
A membrana dos eritrócitos, como das demais células, compreendem uma dupla
camada fosfolipídica, proteínas integrais de membrana e diferencialmente, um
esqueleto de membrana. Na superfície externa se apresentam os carboidratos. “Cerca
de 50% são compostos de proteína; 20% de fosfolipídios; 20% de colesterol e até 10%
de carboidratos” (HOFFBRAND; MOSS, 2013). Uma arquitetura única das proteínas
de membrana forma o esqueleto da membrana que permite com que o eritrócito se
adapte a ambientes com maior constrição. O esqueleto de membrana é formado por
proteínas estruturais denominadas espectrinas α e β, anquirina, proteína 4.1 e actina.
Essas proteínas formam uma rede horizontal no interior do eritrócito e são importantes
na manutenção da forma bicôncava. A espctrina é a mais abundante e consiste em
duas cadeias α e β, enroladas umas nas outras para formar heterodímeros que se
associam “cabeça a cabeça” para formar tetrâmeros, os quais, por sua vez, são ligados
na extremidade caudal com actina e conectados à proteína 4.1. Na outra extremidade,
as cadeias β-espectrinas ligam-se à anquirina, que se conecta na banda 3, a proteína
transmembrana que age como canal iônico. A proteína 4.2 intensifica essa interação.
(HOFFBRAND; MOSS, 2013)
55
UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
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CAPÍTULO 4
Proliferação e diferenciação dos
leucócitos
Assim como os eritrócitos, os leucócitos são produzidos a partir de uma stem cell
pluripotente, porém são originados de duas stem cells diferentes dependendo da classe
leucocitária que ela irá originar. Os linfócitos são originados de stem cell linfoide e os
demais leucócitos, por exemplo: neutrófilos, eosinófilos e basófilos são originados de
stem cell mieloide, porém ambas stem cells são originadas de uma única célula tronco
pluripotente.
Granulopoese
A granulopoese corresponde à proliferação e diferenciação dos granulócitos (leucócitos
que apresentam grânulos citoplasmáticos) e monócitos. Estas células são formadas
na medula óssea a partir de uma célula precursora comum. Dentro das linhagens
celulares que correspondem às fases de divisão celular temos: células progenitoras
granulopoéticas, mieloblastos, pró-mielócitos e mielócito. E as células que se encontram
em processo de maturação pós-mitótico temos: metamielócitos, bastonetes e granulócitos
segmentados. Para o controle do crescimento destas proliferações temos os fatores
de crescimento mieloides. São moléculas que estimulam e direcionam a proliferação
e diferenciação de acordo com as necessidades do organismo. “Muitos fatores de
crescimento são envolvidos nesse processo de maturação incluindo a interleuquina-1
(IL-1), a IL-3, a IL-5 (para eosinófilos), a IL-6, a IL-11 e os fatores estimulantes de
colônia granulocíticos-macrofágicos (GM-CSF), granulocíticas (G-CSF) e monocíticas
(M-CSF).” (HOFFBRAND; MOSS, 2013). Além de agir na proliferação e a diferenciação,
os fatores de crescimento afetam a função das células dentro do sistema imunológico.
Esse processo dará origem aos neutrófilos, monócitos, basófilos e eosinófilos.
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
Linfopoese
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
Nos tecidos as células derivadas dos monócitos distribuem-se amplamente por todos os
órgãos, recebendo denominações especiais em alguns deles (Tabela 7). Incluem-se os
macrófagos que perpassam os seios sanguíneos do baço e medula óssea, as células de
Kupffer do fígado, os osteoclastos e macrófagos da derme e dos alvéolos pulmonares,
entre outros. São também os precursores de células gigantes polinucleadas observadas
em focos de inflamação crônica, como em tuberculose e blastomicose. Estas células
gigantes polinucleadas são resultantes de fusão de macrófagos ativados por interleucinas
como IL-4 e IL-3, produzidas por linfócitos e monócitos no contexto de uma resposta
imune do tipo Th2 (T-helper do tipo 2).
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
ESTRUTURA FUNÇÃO
Medula óssea Monoblasto e pré-monócitos.
Sangue Monócitos.
Os macrófagos se encontram nos pulmões, derme (células de Langerhans), fígado (células de Kupffer)
Tecidos ossos (osteoclastos), pleura, peritônio, tubo digestivo, testículos, sistema nervoso central e locais de
inflamação. (ativados e células gigantes).
Fonte: adaptado de Zago e colaboradores, 2001.
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CAPÍTULO 5
Morfologia e função dos leucócitos
Cada célula produzida e proliferada no sistema imunológico tem uma função específica
dentro da defesa do organismo, a seguir vamos demonstrar detalhadamente as funções
de cada uma delas.
Neutrófilos
Os neutrófilos, também chamados de granulócitos neutrófilos, são assim denominados
pela sua cor neutra quando é utilizada as colorações de Romanowsky. Quando maduro
o neutrófilo apresenta-se multilobulado (2-4 lóbulos que correspondem ao núcleo) com
a cromatina corada com a cor púrpura densa e escura.
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
Eosinófilos
Assim denominados, pois seus grânulos tem afinidade pela eosina, quando utilizado os
corantes de Romanowsky. Predominantemente, se encontram no sangue periférico e
são ativados geralmente contra parasitas helmínticos, distúrbios alérgicos e neoplásicos.
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
Basófilo
Além dos grânulos basófilos que distinguem este subtipo celular, morfologicamente
caracterizam-se como uma célula relativamente grande, com diâmetro entre 10 e 15 µm,
citoplasma abundante, róseo, rico em grânulos basófilos. (ZAGO et al., 2001)
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
Monócito
Linfócitos
Os linfócitos que fazem parte do sistema imune têm como função principal defender
o organismo contra infecções. Ocasionalmente podem agredir o próprio organismo,
causando doenças autoimunes. O termo linfócito foi usado pela primeira vez por Paul
Ehrlich, em 1890, para identificar células do sangue que apresentavam morfologia igual
às existentes na linfa. Seu papel relacionado à imunidade e produção de anticorpos
foi sendo progressivamente esclarecido, embora sua relação com os plasmócitos fosse
desconhecida e os linfócitos do sangue fossem considerados células terminais, incapazes
de multiplicação. Mas em 1959, foi demonstrado que os linfócitos, na presença de
fito-hmaglutinina, eram estimulados e entravam em mitose.
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UNIDADE II │ ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE
Quase concomitantemente, Glick et al. (1956) mostraram que existia, em aves, uma
população de neutrófilos que dependia da bursa de Fabricius para a sua formação e que
era a responsável pela produção de anticorpos e pela imunidade humoral. Por outro lado,
em 1962, foi demonstrado o papel do timo na formação de anticorpos pela imunidade
celular. Em 1965, surgiu o primeiro esquema da dicotomia do sistema imunológico e a
denominação de linfócitos T (Timo dependentes) e B (bursa dependentes). Entretanto, o
esquema não podia ser estendido aos mamíferos, que não possuem a bursa de Fabricius
ou outra estrutura anatômica análoga. Apenas por volta de 1975, quando já era possível
a identificação de linfócitos B, foi demonstrado que a maturação dos mesmos ocorria
inicialmente no fígado e depois medula óssea. (ZAGO et al., 2001)
Os linfócitos são divididos em três tipos celulares: tipo B, tipo T e tipo NK (natural
killer). Morfologicamente os linfócitos B e T são indistinguíveis, são células com
tamanho diminuto, entre 6 a 15 µm de diâmetro, com formato regular e arredondado, a
relação núcleo e citoplasma é elevado, pois o núcleo ocupa grande parte do citoplasma
celular. O citoplasma é basófilo e o núcleo tem aparência regular e esférica azul forte,
às vezes tendendo para o roxo. Já os linfócitos NK são, com frequência, maiores,
podendo chegar até 20 µm com citoplasma mais volumoso e pode-se observar poucas
granulações azuis.
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ERITROPOESE, LEUCOPOESE E PLAQUETOPOESE │ UNIDADE II
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HEMOSTASIA
SECUNDÁRIA E UNIDADE III
FIBRINÓLISE
CAPÍTULO 1
Síntese da coagulação e cascata da
coagulação sanguínea
Como visto nos primeiros capítulos, a formação do coágulo de fibrina no local que
ocorreu uma lesão endotelial é um processo crucial para a integridade do vaso sanguíneo
e homeostase vascular. Para evitar a perda excessiva de sangue os mecanismos devem
ser regulados de modo que se contrapõe à perda sanguínea e, ao mesmo tempo, evitar a
formação de trombos intravasculares e a formação acentuada de fibrina.
Cascata da coagulação
A cascata da coagulação foi proposta por Macfarlane, Davie e Ratnoff (1964), para
explicar a fisiologia da coagulação do sangue. A coagulação ocorre por meio da ativação
proteolítica sequencial de pró-enzimas por proteases do plasma, resultando na formação
da trombina que, então, converte a molécula de fibrinogênio em fibrina. Este esquema
divide a coagulação em uma via extrínseca (envolvendo componentes do sangue, mas
também elementos que usualmente não estão presentes no espaço intravascular) e um
via intrínseca (iniciada por componentes presentes no intravascular), que convergem
no ponto de ativação do fator X. Na via extrínseca, o fator VII plasmático (na presença
do seu cofator, o fator tecidual ou tromboplastina) ativa diretamente o fator X. Na via
intrínseca, ativação do fator XII ocorre quando o sangue entra em contato com uma
superfície contendo cargas elétricas negativas (por exemplo, a parede de um tubo de
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HEMOSTASIA SECUNDÁRIA E FIBRINÓLISE │ UNIDADE III
vidro). Tal processo é denominado “ativação por contato” e requer ainda a presença
de outros componentes do plasma: pré-calicreína (uma serino-protease) e cininogênio
de alto peso molecular (um cofator não enzimático). O fator XIIa ativa o fator XI, que
por sua vez ativa o fator IX. O fator IXa, na presença de fator VIII, ativa o fator X da
coagulação, desencadeando a geração de trombina e subsequentemente formação da
fibrina. (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE III │ HEMOSTASIA SECUNDÁRIA E FIBRINÓLISE
O FT é uma glicoproteína de membrana de 45 KDa que funciona como receptor para o fator
VII da coagulação. O FT não é normalmente expresso em células em contato direto com o
sangue (tais como células endoteliais e leucócitos), mas apresenta expressão constitutiva
em fibroblastos subjacentes ao endotélio vascular. [...] Em indivíduos normais, níveis
mínimos da forma ativada do fator VII da coagulação (FVIIa) estão presentes em
circulação, correspondendo a aproximadamente 1% da concentração plasmática total de
fator VII. O FVIIa é capaz de se ligar ao FT expresso em membranas celulares; exposição
do FT ao plasma resulta na sua ligação ao FVII e FVIIa, e somente o complexo FT-FVIIa
exibe função enzimática ativa; o complexo é também capaz de ativar o FVII em processo
denominado “autoativação”. O complexo FT-FVIIa tem como substratos principais o
fator IX e o Fator X, cuja clivagem resulta na formação de FIXa e FXa, respectivamente
com subsequente formação da trombina e fibrina. (ZAGO et al., 2001)
O sistema da coagulação deve ser regulado para evitar uma ativação acentuada
do sistema, evitando assim, a formação inadequadamente excessiva de fibrina e
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HEMOSTASIA SECUNDÁRIA E FIBRINÓLISE │ UNIDADE III
TFPI – o complexo fator VIIa/FT atua sobre dois substratos principais: os fatores IX e
X da coagulação, ativando-os. Essas reações são reguladas pelo inibidor da via do fator
tecidual (TFPI). (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE III │ HEMOSTASIA SECUNDÁRIA E FIBRINÓLISE
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CAPÍTULO 2
Sistema fibrolítico
Fibrinólise pode ser definida como a degradação da fibrina pela plasmina. O sistema
fibrinolítico ou sistema plasminogênio/plasmina é composto por diversas proteínas
(proteases séricas e inibidores) que regulam a geração de plasmina, uma enzima ativa
produzida a partir de uma pró-enzima inativa, plasminogênio, que tem por função
degradar a fibrina e ativar metaloproteinases de matriz extracelular. (ZAGO et al., 2001)
Todas as enzimas do sistema fibrinolítico são serino-proteases, então seus inibidores são
designados serpinas, inibidores de proteases séricas. “São conhecidos dois ativadores
fisiológicos do plasminogênio: o ativador do plasminogênio do tipo tecidual (t-PA =
tissue-type plasminogen activator) e o ativador do plasminogênio do tipo uroquinase
(u-PA = uroquinase-type plasminogen acticator). Os dois ativadores têm alta
especificidade de ligação com o seu substrato (plasminogênio) e promovem hidrólise
de uma única ponte peptídica que resulta na formação de uma serino-protease ativa, a
plasmina. (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE III │ HEMOSTASIA SECUNDÁRIA E FIBRINÓLISE
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DISTÚRBIOS DA UNIDADE IV
HEMOSTASIA
CAPÍTULO 1
Distúrbios hereditários da hemostasia
Hemofilia A
A hemofilia A é um dos mais comuns distúrbios da coagulação com etiologia hereditária,
ele se dá pela deficiência do Fator VIII. A prevalência é de 30 a 100 por 1 milhão. A
herança é ligada ao sexo, mas um terço dos pacientes não tem história familiar, e a
doença resulta de mutação recente. (HOFFBRAND; MOSS, 2013)
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UNIDADE IV │ DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA
Hemofilia B
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UNIDADE IV │ DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA
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CAPÍTULO 2
Distúrbios adquiridos da coagulação
Deficiência de vitamina K
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UNIDADE IV │ DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA
Quando ocorre o nascimento, por muitos fatores tais como: imaturidade das
células hepáticas e falta de bactérias intestinais para a síntese de vitamina K e
baixa quantidade de leite materno, pode ocorrer hemorragias, essa manifestação é
denominada doença hemorrágica do recém-nascido, podendo ocorrer em até os dois
primeiros meses de vida.
Hepatopatias
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DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA │ UNIDADE IV
Além dos dois citados anteriormente, existem outros distúrbios relacionados com a
coagulação, estes têm causas com inúmeras patologias de base, que resultam em
processos patológicos sistêmicos.
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UNIDADE IV │ DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA
O tratamento mais indicado para esta questão é a reposição de plaquetas para evitar
uma perda sanguínea abundante.
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DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA │ UNIDADE IV
Neoplasias malignas
Lesão tecidual generalizada
Anormalidades vasculares
Outras menos frequentes: influência hepática, pancreatite, venenos de serpentes
Fonte: adaptado de Hoffbrand e Moss, 2013.
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TESTES
LABORATORIAIS
PARA AVALIAR A UNIDADE V
HEMOSTASIA E
COAGULAÇÃO
CAPÍTULO 1
Contagem de plaquetas
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TESTES LABORATORIAS PARA AVALIAR A HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO │ UNIDADE V
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CAPÍTULO 2
Índice plaquetário
Este índice é utilizado para mensurar o tamanho das plaquetas através do seu volume,
segundo Farias e Dal Bó (2013) são denominadas macroplaquetas aquelas que
apresentam um tamanho de 4 a 7 μm de diâmetro e plaquetas gigantes as maiores que
7 μm, geralmente 10 a 20 μm. Embora a avaliação cuidadosa do tamanho, em uma
distensão sanguínea, seja rápida e acurada, ela é subjetiva, uma vez que a morfologia
é enganosa para a estimativa do tamanho plaquetário. Plaquetas grandes são mais
atrativas que as pequenas, então, frequentemente, quando uma distensão é lida, mostra
inadequadamente plaquetas gigantes. O uso do VPM, determinado pelos analisadores
hematológicos, melhorará a descrição de várias desordens plaquetárias.
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TESTES LABORATORIAS PARA AVALIAR A HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO │ UNIDADE V
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CAPÍTULO 3
Tempo de retração do coágulo
Será que é dada a devida importância a essa simples etapa no processo pré-analítico?
Para muitos, resume-se em esperar o sangue coagular. Há muita ação do homem
por trás disso. Tudo começa na coleta da amostra de sangue. Que tubo de coleta está
sendo usado e qual o fabricante. Para cada tipo de tubo de coleta de sangue a vácuo,
existe um tempo recomendado para aguardar que a coagulação ocorra completamente.
Observando isso corretamente é possível evitar por exemplo, hemólise, separação
incompleta do gel e redução do volume de soro ou plasma após a centrifugação.
pois a polpa digital é mais sujeita a variações determinadas por flutuações no tônus
vascular. É um teste pouco sensível, sendo prolongado em alterações importantes da
função plaquetária ou em trombocitopenias graves. Para melhorar a sensibilidade do
tempo de sangramento, desenvolveu-se a técnica de Ivy, que é realizada no antebraço,
com o manguito de esfingmomanômetro insuflado a 40mm de mercúrio, e fazendo-se
um corte padronizado com lâmina especial. O objetivo é tornar o método mais sensível e
útil nos estudos de alteração da função plaquetária como trombopatias e doença de von
Willebrand. O tempo de sangramento estará prolongado em casos de trombocitopenia.
Habitualmente este prolongamento é proporcional ao número de plaquetas.
Entretanto, em pacientes com trombocitopenia autoimune, o tempo de sangramento
é desproporcionalmente curto, refletindo a função exacerbada das plaquetas jovens
em circulação. O tempo de sangramento é usado no screening pré-operatório em
muitos centros. É importante lembrar que a sensibilidade da técnica de Duke é baixa,
podendo deixar de detectar alterações da hemostasia primária capazes de provocar
sangramento intraoperatório. Em caso de pacientes com história de sangramento
anormal, é imperativo a realização do tempo de sangramento de Ivy, caso o de Duke
seja normal. (ZAGO et al., 2001)
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UNIDADE V │ TESTES LABORATORIAS PARA AVALIAR A HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO
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TESTES LABORATORIAS PARA AVALIAR A HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO │ UNIDADE V
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UNIDADE V │ TESTES LABORATORIAS PARA AVALIAR A HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO
Fibrinogênio
O fibrinogênio pode ser medido por teste baseado no tempo de coagulação do plasma
por alta concentração de trombina, ou método de Clauss, e por avaliação da densidade
óptica do coágulo. Os valores da medida pelo método coagulométricos são em geral
menores que aquelas obtidas pela avaliação da densidade óptica, mas ambos os métodos
correlacionam-se bem. (ZAGO et al., 2001)
Hemostasia e infecção
A seguir está o link para acessar o conteúdo <http://www.scielo.br/scielo.
php?pid=s0102-86501997000400007&script=sci_arttext>. Este texto demonstra
claramente a correlação entre o equilíbrio da hemostasia e outros processos
biológicos, em especial as infecções.
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Referências
DAVIE E. W., RATNOFF OD. Waterfall sequence for intrinsic blood clotting.
Science. 1964, pp. 1310-2.
GLICK, G.; CHANG, T. S.; JAAP, R.G. The bursa of Fabricius and antibody
production. Poultry Sci. 1956, pp. 224–34.
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REFERÊNCIAS
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