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Critérios para substituição

de restaurações
Nesse tópico você deverá saber interpretar a real necessidade de
substituir uma restauração. Através de alguns critérios, poderá
decidir se há possibilidade de manter a restauração realizando
alguns procedimentos bem simples, ou eventualmente trocá-la sob
o risco de trazer prejuízos ainda maiores para o paciente.

A evolução da Odontologia Restauradora foi notória nesses últimos


anos. Enquanto em outras épocas, as restaurações de resina
composta duravam muito menos quando comparadas com as
restaurações de amálgama, podemos afirmar, já há algum tempo,
que essa constatação não é mais verdadeira. Pode-se atribuir a
isso pela evolução dos materiais e das técnicas adesivas. Mas sem
dúvida, a habilidade do cirurgião dentista em conhecer e realizar
corretamente a técnica fez, e sempre fará a diferença. É com
muita frequência que vemos restaurações estéticas insatisfatórias,
feitas com excelentes materiais e com pouca durabilidade. Ter
conhecimento e saber aplicá-lo é condição fundamental para você
se tornar um bom cirurgião dentista. Inclusive quando se está
diante de uma restauração aparentemente insatisfatória. O
conceito de simplesmente trocar uma restauração inadequada
pode trazer um prejuízo biológico muito grande para o
paciente.Um bom exemplo acontece quando na troca de uma
restauração de resina composta. Inevitavelmente você sempre
acabará removendo um pouco de tecido dental sadio. Primeiro
pela própria dificuldade de se diferenciar dente de resina. Além
disso, você deve levar em consideração que ao realizar uma nova
restauração, deverá aproveitar a oportunidade de refazer a
camada híbrida quando esta estiver antiga e, para isso,
necessariamente terá que remover um pouco da dentina que
continha a hibridização já degradada.
Camada híbrida é o resultado da infiltração de monômeros resinosos
entre as fibras colágenas expostas. Ocorre devido à remoção total do
smear layer e pela criação de microporos por um ácido.
(NAKABAYASHI N, et al. The promotion of adhesion by the infiltration of monomers into
tooth substrates. J Biomed Mater Res. 1982:16(3):265-73. Terra, G.)

Dessa forma, é fácil perceber que ao realizar muitas trocas de


restaurações ao longo da vida, teremos fatalmente como resultado
final um enfraquecimento da estrutura dental, levando inclusive a
tratamentos endodônticos e restaurações indiretas. Devemos
evitar ao máximo, dessa forma, o Ciclo Restaurador.
Por isso, você deverá ter critérios para decidir em uma troca ou
não de uma restauração. Basicamente, você observará esses
requisitos:

Recontorno e polimento
Selamento marginal
Reparo
Substituição
RECONTORNO E POLIMENTO
Em determinadas situações, é indicada a realização do recontorno
e um novo polimento da restauração, como se pode ver no
exemplo abaixo. Ao invés de trocá-la, pode-se remover o excesso
e dar um novo acabamento e polimento.

Excesso de restauração. Remoção do excesso


Embora a retenção de uma restauração adesiva por um período de
tempo razoável já não é mais um problema clínico, a manutenção das
margens desta restauração adesiva seladas contra a infiltração parece
ser o maior fator para sua curta longevidade clínica.
(J DENT RES 2005 84: 118 J. De Munck, K. Van Landuyt, M. Peumans, A. Poitevin, P.
Lambrechts, M. Braem and B. Van Meerbeek)
A infiltração marginal, principalmente em restaurações de resina
composta, é um dos maiores problemas clínicos que enfrentamos.
Ela é inevitável à medida que a restauração envelhece. Mas
também pode ser provocada por falha operacional do cirurgião
dentista.

Infiltração marginal

Um dos erros mais frequentes é o cirurgião dentista colocar


incrementos de resina com espessuras maiores que 2 mm e/ou
unindo paredes opostas do preparo cavitário. Como resultado
final, temos em um curto espaço de tempo, restaurações com
manchamentos nas bordas da restauração como vista na imagem
acima. Muitas vezes esse manchamento pode ocorrer por um
excesso da restauração. Por isso, é sempre recomendável polir
novamente a restauração, pois havendo excessos, essas manchas
serão removidas nesse processo.
REPARO
Em certas situações, você poderá realizar uma restauração de
resina composta em que não conseguirá fazer um ponto ou área
de contato corretos. Uma das vantagens desse material
restaurador está exatamente nesse quesito. Permite realizar
reparos mesmo quando finalizada a restauração.
Falha na confecção do ponto de contato.

Se você a realizou há pouco tempo, não precisará remover tudo


para refazer o ponto de contato. Basta apena desgastar um pouco
essa resina e fazer um reparo.Ao errar a cor em um trabalho
estético em dentes anteriores, você poderá também retocar essa
restauração removendo, quando possível, apenas a camada mais
superficial da resina composta e colocar outra com a cor que for
correta.

Restauração escurecida.

Note que nesse exemplo, você necessitará reajustar a cor e a


forma do dente também.
SUBSTITUIÇÃO
Não hesite em trocar uma restauração se for necessária. Há casos
em que a única saída é essa. Melhor trocar uma restauração que
ainda não traz riscos de fraturas dentais ou perda de vitalidade
pulpar do que intervir tardiamente com a ameaça de perder esse
elemento.
Fratura da restauração de amálgama. Cárie secundária.

Em caso de real infiltração, temos que providenciar a troca da


restauração também, pois a mesma não pode ser eliminada com
um simples acabamento e polimento.Fraturas dentais também
requerem a troca imediata da restauração. É importante lembrar
nesse momento que, dependendo da extensão da fratura, fica
impossibilitada a confecção de uma nova restauração plástica
(amálgama ou resina composta). Fica indicado, dessa forma
trabalhos indiretos (próteses).Casos de extremos desgastes das
restaurações, com perdas acentuadas de forma e até com a
formação de degraus entre as estruturas dentais e as mesmas,
também demandam troca para uma melhor resolução do caso.

Restauração de resina composta desgastada e sem forma.

Espero que nesse tópico você tenha aprendido que, antes de


realizar a substituição de qualquer restauração, é necessário que
avalie bem se ainda é possível mantê-la com qualidade. Caso
contrário, não hesite em trocá-la sob o risco de trazer prejuízos
ainda maiores para o seu paciente.

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