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Anamnese na MTC: Ficha de avaliação

Anamnese na Medicina Tradicional Chinesa: Ficha de


avaliação
Frequentemente as consultas terapêuticas iniciam-se com o preenchimento de uma
ficha de anamnese ou avaliação.

Mas por que é tão importante  elaborar um bom instrumento de avaliação?


quais informações devem constar? quais são os questionamentos que direcionam
para um diagnóstico de Medicina Tradicional Chinesa (MTC)?. É o que veremos
neste artigo.

A importância de uma boa ficha de avaliação

A ciência que estuda os sinais e sintomas de uma enfermidade é denominada


de semiologia, palavra que tem origem grega semeîon que significa sinal e lógos que
pode ser traduzido como estudo.

Portanto em todas as práticas da área da saúde é disciplina obrigatória no currículo


acadêmico, isto porque saber fazer uma boa avaliação é pré-requisito para
um tratamento bem-sucedido. E na prática da MTC isso se repete, pois
os sinais e sintomas são fundamentais para estabelecer o diagnóstico.

Quais são as informações que devem constar na ficha

Ter uma ficha estruturada, com dados pessoais e ocupacionais; queixa principal e


secundária; histórico da doença atual e pregressa; medicamentos; tratamentos e exames
realizados são componentes básicos de uma ficha. Pois esses dados cadastrais possuem
a função de identificar e conhecer melhor o paciente; além de
possibilitar inferências acerca da queixa.

Dor Lombar

Por exemplo se uma pessoa com 20 anos relata dor lombar, então pressupõe-se que
seja decorrente de um trauma ou má postura. Porém se um idoso de 85 anos relata a
mesma queixa, admite-se que pode haver processos de degeneração óssea ou do disco
intervertebral associados, portanto o direcionamento das perguntas será diferente do
primeiro caso.

Relato de Queixas

As queixas normalmente são autorrelatadas, isto é, preenchidas pelo próprio paciente.


Porém é recomendado que o terapeuta conduza essa parte da entrevista, pois a
informação será mais clara, objetiva e concisa quando é orientada pelo avaliador.
Detalhar a Queixa

Assim quando descrever uma queixa tente ser o mais preciso possível acrescentando


local, estrutura (ossos, tendão, músculo), intensidade e a característica (se for uma dor,
ela é pontual, difusa ou irradiada?; se sim, para onde?). Pois esse método ajuda a
conhecer melhor o sintoma e facilita na hora da reavaliação do paciente.

Histórico do Paciente

Conhecer também o histórico da queixa traz muita informação útil sobre a cronologia,
possíveis causas e tratamentos realizados bem como sua eficácia. Portanto ao elaborar
uma ficha procure incluir as seguintes perguntas: Quando? Como? e O que?.

Quando?

O quando traz uma noção de tempo, se a queixa é aguda ou crônica.

Como?

O como ajuda a entender a causa, como ocorreu?

O que?

E por fim, o que traz informações sobre as medidas tomadas para sanar a queixa.

Outra dica

Outra dica é questionar o que melhora/piora a queixa. Pois em geral as síndromes de


deficiência de energia melhoram com repouso e por vezes com calor, enquanto que os
padrões de excesso/estagnação de energia tendem a piorar nestas condições.

Comorbidades

Procure incluir na ficha as chamadas comorbidades como hipertensão arterial e


diabetes além de outras informações como tabagismo, consumo de álcool, peso,
cirurgias prévias e histórico familiar das enfermidades mais comuns. Essas
informações podem ser importantes na escolha do tratamento ou para complementar seu
diagnóstico.

Também reserve um espaço para escrever observações adicionais e o relatório do


atendimento.

Questões para direcionar diagnóstico segundo a MTC

É importante compreender que as questões ou itens da ficha possuem a função de


auxiliar no diagnóstico e que um sinal ou sintoma isolado não constituem por si só um
padrão de alteração energética. Pois são necessários conjuntos de sintomas, pelo menos
três, para constituir uma síndrome e para estabelecer um diagnóstico diferencial são
necessários incorporar outros elementos de avaliação como inspeção, palpação,
anamnese do pulso e língua.
Meridianos de Acupuntura

Uma sugestão é incluir itens a ser inspecionados e que possuam relação com
os Meridianos de Acupuntura como, por exemplo, observação da face, relacionada ao
meridiano do Coração ou dos olhos que são a manifestação do meridiano do Fígado.

Essa estratégia possui dupla função: a primeira seria um lembrete para evitar que


alguma parte deixe de ser observada e a segunda é facilitar o registro e organizar as
ideias do terapeuta.

Cinco Elementos

É possível realizar uma abordagem de entrevista por sistemas, sendo eles:


cardiovascular; digestório; genito-urinário; reprodutor; músculo-esquelético;
respiratório; excretor e os demais que forem pertinentes para sua avaliação para ter um
panorama do paciente e fazer a associação com a Teoria dos Cinco Elementos.

Nessa concepção, o sistema cardiovascular seria relacionado ao elemento Fogo,


o digestório à Terra, o reprodutor e genito-urinário à Água, o músculo-
esquelético à Madeira e talvez à Terra e o respiratório e excretor ao Metal.

Qi e Zhang Fu

Lembrando que, dependendo do sinal ou sintoma, é possível relacionar a mais de um


meridiano. Um bom exemplo é o cansaço que é um sintoma presente nas deficiência de
Qi que pode acometer a todos os Zhang (órgãos), exceto o meridiano do Fígado.

Estado Emocional

Outro fator que pode ser incorporado à ficha é a avaliação do estado emocional, pois
sabe-se que as emoções influenciam fortemente o estado energético dos meridianos e
que cada elemento possui uma emoção associada.

Ficha de Avaliação de MTC

Enfim, ao elaborar uma ficha de avaliação de Medicina Tradicional Chinesa tenha em


mente que deve ser clara, objetiva e deve facilitar o raciocínio clínico do terapeuta.

Pois como cada profissional tem uma forma de elaborar um diagnóstico, por


isso inexiste um modelo padrão que deve ser seguido por todos, assim como
não há uma forma correta para criar uma ficha de avaliação. As informações
acima são sugestões baseadas na prática clínica e de ensino sobre MTC
do Instituto de Terapia Integrada e Oriental e possuem a finalidade de
auxiliar aos terapeutas menos experientes.

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