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Granzotto LAGIO
Medicina - CCBS UFOB
Campus Reitor Edgard Santos – Rua Bertioga, 892. Morada Nobre I – Barreiras, BA – 47810- 059. E-mail:
lagio@ufob.edu.br
EPILEPSIA
DEFINIÇÃO E FISIOPATOLOGIA: distúrbio paroxístico do sistema nervoso central (SNC), caracterizado
por descarga neuronal anormal, acompanhado ou não de perda de consciência, com recorrência de crises
convulsivas, exceto as que são provocadas por febre, drogas, agressões agudas ao SNC ou distúrbios
tóxico-metabólicos graves(2).
CLASSIFICAÇÃO:
Generalizadas: envolvimento inicial simultâneo de ambos hemisférios cerebrais. Podem ocorrer
crises de ausência acompanhada de perda da atividade muscular, ou, perda da consciência
seguida por contrações musculares tônicas e rigidez postural, seguidas por contrações clônicas
generalizadas dos membros, com recuperação gradual da consciência (paciente fica confuso e
desorientado temporariamente)(2).
Parciais: tem foco inicial em um dos hemisférios cerebrais(2). É subdividida em(2):
Crises simples: sem alteração da consciência. Inicia em uma região do corpo e progride
para outras áreas homólogas. Ocorrência de movimentos tônico-clônicos.
Crises complexas: com alteração da consciência. Podem se tornar generalizadas com
perda da consciência e convulsões.
OBSERVAÇÃO: a fase tônica é representada por rigidez generalizada da musculatura corporal, e na fase
clônica há sacudidas e movimentos bruscos do tronco e membros.
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Fernando H. B. Granzotto LAGIO
Medicina - CCBS UFOB
Imagem retirada de: Harvard Medical School. Disponível em: <https://hmsportugal.wordpress.com/2012/05/23/epilepsia/>. Último
acesso em: 23-06-2019.
EXAMES COMPLEMENTARES:
20ª semana: ultrassonografia morfológica;
Vitalidade: perfil biofísico fetal e dopplervelocitometria.
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Fernando H. B. Granzotto LAGIO
Medicina - CCBS UFOB
ESTADO DE MAL EPILÉTICO: crise epiléptica > 5 minutos, com recuperação incompleta da consciência,
hipertermia, lesões renais e cerebrais.
Interrupção da gestação: interromper caso o quadro materno não for controlado, ou, se houver
comprometimento fetal.
Controle hemodinâmico: hipotensão arterial, acidose láctica e hipoxemia.
Conduta:
1. Realizar o “ABC”:
Manutenção das vias aéreas (livres);
Prevenção da hipoxemia;
Acesso venoso calibroso, glicemia capilar e exames laboratoriais.
2. 40-60ml de glicose hipertônica + tiamina 100-250mg EV nas etilistas: por 5 minutos;
3. Diazepam 5-10mg EV (2-5mg/min) ou midazolam 5-15mg EV;
4. Fenitoína 20mg/kg EV – 50mg/min;
a. Em bolus ou diluída nos primeiros 30 minutos;
b. Diazepam 15/15 minutos até 40mg: doses adicionais;
5. Se persistir: fenitoína até o máximo de 30mg/kg em 24hrs;
6. Se persistir: fenobarbital 5-10mg/kg EV, 100mg/min;
7. Se persistir: midazolam contínuo, ataque de 0,2mg/kg e manutenção de 0,05 a 0,6mg/kg;
8. Se persistir: propofol ou tiopental;
9. Avaliação fetal: continuar gestação?
ACOMPANHAMENTO PUERPERAL:
Aleitamento materno: deve ser encorajado, a concentração de anticonvulsivantes no leite materno é
ínfima;
A estimulação da enzima citocromo P450 hepática acelera o metabolismo dos hormônios exógenos
e causa falha conceptiva, portanto, recomenda-se o uso de etinilestradiol para mulheres que não
estejam amamentando.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: o ideal é que haja aconselhamento familiar antes da concepção, com
planejamento terapêutico pré-concepcional e pré-natal em relação a epilepsia. Pacientes que
apresentam, ou apresentaram manifestações psiquiátricas depressivas, ou que estão em uso de
medicamentos psiquiátricos, devem ser acompanhados pelo obstetra e psiquiatra (colaboração mútua).
O médico deve esclarecer todas as dúvidas dos pais a respeito da gestação associada a epilepsia
(informar todos os riscos e condutas), e após o parto deverá haver acompanhamento dessa paciente.
REFERÊNCIAS
1. Gestação de Alto Risco - Manual Técnico, 5ª edição. MS, Brasília, 2012.
2. ZUGAIB, Marcelo. Obstetrícia. 3ª edição. Barueri, São Paulo: Manoele, 2016.