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Fernando Figueiredo Luine Marie 1

@prof.fernandofigueiredo @luinemarie

FARMACOTERAPIA EM PACIENTES ESPECIAIS: CRIANÇAS

INTRODUÇÃO 4) EXCIPIENTES TÓXICOS: Excipientes como


propilenoglicol e álcool benzílico podem ser tóxicos para
Tanto a farmacocinética quanto as respostas aos neonatos e crianças, podendo provocar reações
fármacos podem diferir entre os jovens comparados aos gástricas.
adultos, e também há diferenças entre neonatos (< 1
mês), lactentes (1 a 12 meses) e crianças, pois muitos 5) ALTERAÇÕES DA ABSORÇÃO POR VIA ORAL: A
processos metabólicos e fisiológicos são imaturos ao absorção por via oral pode ser inconsistente em
nascimento e desenvolvem-se rapidamente nos neonatos devido à imaturidade do trato gastrointestinal.
primeiros meses de vida. É necessário especial cuidado A via intravenosa é frequentemente usada para garantir
na prescrição de fármacos que possam afetar os sistemas uma administração precisa e rápida do medicamento. A
de órgãos em crescimento ou em maturação, como via intramuscular é restrita devido ao risco de lesão
ossos, dentes e sistema reprodutivo. tecidual em bebês pequenos.

Em crianças não se deve apenas diminuir FALTA DE ENSAIOS CLÍNICOS:


proporcionalmente as doses em relação as doses para A falta de ensaios clínicos em crianças, tem como
adultos. Ajustes de dose não depende apenas das consequência o uso de medicamento ‘’offlable’’. Às
alterações proporcionais do peso. Por exemplo, vezes, os medicamentos são prescritos "off-label", o que
neonatos apresentam o metabolismo hepático significa que estão sendo usados para uma finalidade
ineficiente, bem como a depuração renal. diferente daquela para a qual foram aprovados.

Por exemplo, o uso de sildenafila (viagra) no tratamento


NEONATOS
da síndrome do estresse pós-traumático em prematuros,
Em neonatos, o metabolismo ineficiente e a depuração promovendo vasodilatação e está associado a efeitos
renal significam que doses menores de alguns fármacos colaterais significativos, incluindo queda da pressão
são necessárias mesmo quando o peso corporal é arterial, que pode ser perigosa, e outras reações
adequado, sendo as doses administradas calculadas com adversas
cuidado especial. Os processos de eliminação de
fármacos amadurecem em algumas semanas de idade, Em bebês prematuros, o TEPT pode estar associado a
após o qual a depuração do fármaco ajustada ao peso experiências traumáticas na unidade de terapia intensiva
corporal é semelhante ou superior em adultos. neonatal (UTIN), como procedimentos dolorosos,
hospitalizações prolongadas, ou separação da mãe.
ALTERAÇÕES FARMACOTÉCNICAS:
Problemas farmacotécnicos importantes são: CONTRAINDICAÇÕES:
SULFAMETOXAZOL + TRIMETROPINA (BACTRIN):
1) INADEQUAÇÃO DA FORMA FARMACÊUTICA PARA O Estes antibióticos são contraindicados em neonatos
PÚBLICO INFANTIL: Crianças, especialmente neonatos, devido ao risco de deslocamento da bilirrubina ligada às
podem ter dificuldade em engolir comprimidos ou proteínas plasmáticas. Isso pode aumentar os níveis de
cápsulas. Formas farmacêuticas líquidas, xaropes ou bilirrubina indireta (lipossolúvel), o que, por sua vez,
suspensões orais são frequentemente preferíveis para pode levar à toxicidade cerebral e encefalopatias,
administração pediátrica. incluindo a encefalopatia bilirrubínica, que é uma forma
grave de icterícia.
2) DOSES ELEVADAS: As doses de medicamentos para
neonatos geralmente são calculadas com base no peso CLOROFENICOL:
corporal. Pequenas variações na dose podem resultar O clorofenicol, embora raramente usado atualmente
em grandes diferenças na concentração sanguínea, o devido aos seus efeitos colaterais graves, é
que pode aumentar o risco de efeitos colaterais. contraindicado em neonatos. Ele pode causar a
"síndrome cinzenta", caracterizada por hipotensão,
3) DILUIÇÕES INADEQUADAS: A diluição inadequada cianose, hipotermia, falência cardiovascular e morte.
pode levar a doses imprecisas, o que é especialmente
crítico em neonatos.
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mais amplamente utilizado devido ao risco de toxicidade


TETRACICLINA: As tetraciclinas são contraindicadas em hepática. O sevoflurano é considerado mais seguro,
neonatos devido ao risco de descoloração permanente especialmente para procedimentos em crianças.
dos dentes (dentição acinzentada) e à possibilidade de
afetar o desenvolvimento ósseo em crescimento. OUTROS FÁRMACOS: Além desses medicamentos, é
importante mencionar que existem outras classes de
medicamentos usadas em crianças, como
CRIANÇAS
broncodilatadores para asma (como o salbutamol), anti-
As crianças podem ser mais susceptíveis aos efeitos nos histamínicos (como a cetirizina) e corticosteroides
tecidos e órgãos em crescimento ou em maturação inalatórios (como a budesonida para controle da asma).
O uso seguro desses medicamentos também depende da
USO COM CAUTELA EM CRIANÇAS: dosagem adequada e da orientação de um profissional
GLICOCORTICÓIDES: Pode inibir a produção o hormônio de saúde.
do crescimento no uso crônico. O uso crônico de
glicocorticoides, como a prednisona, pode inibir a
produção do hormônio do crescimento em crianças,
levando a possíveis problemas de crescimento.

METILFENIDATO (RITALIANA) E ANFETAMINAS: O uso


crônico de metilfenidato (utilizado no tratamento do
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade) e
anfetaminas pode inibir a produção do hormônio do
crescimento em crianças.

OPIOIDES Podem levar ao aumento do risco de


depressão respiratória em crianças.

METOCLOPRAMIDA (PLASIL) E A DOMPERIDONA


A Metoclopramida, um antagonista dopaminérgico
central, pode causar efeitos extrapiramidais no sistema
nervoso central por atravessar a BHE, incluindo
tremores, agitação e alucinações.

A Domperidona, por ser um antagonista dopaminérgico


periférico com efeito antiemético, é considerada uma
opção mais segura em crianças, pois tem menos
probabilidade de causar efeitos extrapiramidais no SNC.

FÁMACOS SEGUROS NA INFÂNCIA:


PARACETAMOL E DIPIRONA: O paracetamol e a dipirona
são analgésicos e antipiréticos comuns usados em
crianças para reduzir a dor e a febre. No entanto, é
fundamental seguir as dosagens corretas para evitar a
sobredosagem, que pode ser perigosa.

ANTIBIÓTICOS - AMINOGLICOSÍDEOS E BETA


LACTÂMICOS: Alguns aminoglicosídeos, como a
gentamicina, e antibióticos beta-lactâmicos, como a
amoxicilina, são frequentemente usados em crianças
para tratar infecções bacterianas.

ANESTÉSICO INALATÓRIO SEVOFURANO:


O sevoflurano é um anestésico inalatório usado em
cirurgias pediátricas. É preferido ao halotano, que não é
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FARMACOTERAPIA EM PACIENTES ESPECIAIS: GESTANTES

INTRODUÇÃO CLASSIFICAÇÃO DE RISCO: FDA


Nos Estados Unidos, os fármacos são avaliados quanto
A gestação pode estar associada a problemas médicos ao risco durante a gestação pela Food and Drug
que exigem tratamento e as gestantes também podem Adminitration (FDA), com base em evidências de estudos
necessitar de tratamento contínuo para condições em animais e humanos em categorias.
crônicas não relacionadas com a gravidez, como diabetes,
depressão, epilepsia e hipertensão. CATEGORIA (A): Nenhum risco para o feto foi
demonstrado, e há estudos adequados e bem
PERÍODO CRÍTICO: PRIMEIRO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO controlados em seres humanos. Demonstram segurança
Muitos fármacos atravessam a placenta, e a exposição para gestantes, por exemplo, o ácido fólico.
desnecessária do feto a qualquer fármaco é indesejável,
particularmente no primeiro trimestre, entre a 3ª e a CATEGORIA (B): Não há evidências de risco em estudos
11ª semanas de gestação, devido ao risco de em humanos e os estudos em animais são positivos ou
teratogenicidade. inexistentes. A maioria dos fármacos estão nesta classe,
por exemplo, amoxicilina.
No segundo e no terceiro trimestres, os fármacos podem
afetar o crescimento ou o desenvolvimento funcional do CATEGORIA(C): Falta de estudo em humanos e os
feto, enquanto os fármacos administrados a termo estudos em animais são positivos ou inexistentes. Por
podem influenciar o trabalho de parto ou afetar o recém- exemplo, omeprazol e ondansetrona (vonau).
nascido após o parto.
CATEGORIA (D): Evidência positiva de risco fetal humano
EFEITOS TERATOGÊNICOS: A atividade teratogênica de e em animais com base em dados de reações adversas
fármacos em humanos é limitada a um número que demonstram prejuízos, mas os benefícios potenciais
relativamente pequeno de compostos, mas seus efeitos podem superam o risco potencial em casos específicos.
são irreversíveis e afetam toda a vida da prole.
OBS: O Clexane (enoxaparina) pode ser utilizado como a
Os efeitos teratogênicos podem promover alterações droga de escolha para prevenção de tromboembolismo
anatômicas e fisiopatológicas. A lista de fármacos na gestação. É prescrita pelo angiologista em situações
conhecidos como teratogênicos é relativamente curta, extremas como: Alto risco de tromboembolismo na
mas inclui a talidomida, muitos anticonvulsivantes, gestação devido a presença na primeira gestação,
alguns fármacos quimioterápicos (p. ex., agentes mesmo correndo o risco de más formações fetais
alquilantes e antimetabólitos), varfarina, androgênios,
danazol, dietilestilbestrol (DES), lítio e retinóides. CATEGORIA (X): Dados de animais ou dados humanos
indicam anomalias fetais, e o risco de uso supera
Os principais casos de teratogenia ocorrem com: claramente seus benefícios. Não há nenhuma indicação!
Isotretinoína, Talidomida e na Síndrome Alcoólica. Por exemplo, Isotretinoína e Talidomida.
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OBS: Indicação de site para verificação da categoria do


fármaco: https://www.drugs.com/
FÁRMACOS NA AMAMENTAÇÃO
Quase todo composto presente na circulação materna
chega ao leite materno e é ingerido pelo bebê
CONTRAINDICAÇÕES NA GESTAÇÃO amamentando. No entanto, com poucas exceções, há
- Álcool poucas evidências de que a ingestão de fármacos por
- Isotentitroína meio da amamentação seja preocupante porque a
- Talidomia maioria deles entra no leite materno em quantidades
- IECAS e BRAs, muito pequenas para afetar o bebê. Em geral, os
- Anticonvulsivantes fármacos licenciados para uso em crianças podem ser
- AINES não seletivos (devido a risco de Hemorragia e oferecidos com segurança à mãe que amamenta.
alteração do Ducto Aterioso)
- Hormônios Sexuais Femininos e Masculinos FÁRMACOS QUE DEVEM SER EVITADOS NA LACTAÇÃO:
- Benzodiazepínicos 1) Fármacos citotóxicos que podem interferir no
metabolismo celular do lactente (p. ex., ciclofosfamida,
FARMACOCINÉTICA NA GESTAÇÃO ciclosporina, doxorrubicina, metotrexato);
2) Drogas de abuso, para as quais foram relatados
A PLACENTA: A placenta fornece uma importante efeitos adversos no lactente durante a amamentação (p.
barreira para a transferência de macromoléculas, como ex., anfetamina, cocaína, heroína, maconha);
a heparina, da circulação materna, mas essencialmente 3) Compostos radioativos que requerem a interrupção
todos os fármacos de baixo peso molecular podem temporária da amamentação (p. ex., iodo radioativo);
atravessar a placenta. Fármacos lipossolúveis 4) Drogas que devem ser evitadas na gestação e na
atravessam a placenta mais prontamente, mas amamentação são: Quimioterápicos (p. ex., fluoracil) e
fármacos hidrofílicos também se equilibram com a Imunosupressores (p. ex., metotrexato).
circulação fetal ao longo do tempo. 5) Fármacos que foram associados aos efeitos
significativos em alguns lactentes devem ser
FARMACOCINÉTICA MATERNA: Pode ser afetada por administrados a mães que amamentam apenas com
uma série de alterações fisiológicas, especialmente no monitorização rigorosa (p. ex., acebutolol, atenolol,
final da gestação. Em comparação com mulheres não bromocriptina, aspirina, ergotamina, lítio, fenindiona,
grávidas, estas incluem: fenobarbital, primidona).

1) Aumento do metabolismo do fármaco devido ao OBS: A ausência de informações de segurança para


fluxo sanguíneo hepático que aumenta em até 60%. muitos fármacos em lactação significa que apenas
Ocorre também o aumento da expressão das isoenzimas fármacos essenciais devem ser administrados às mães
do citocromo P450 em hepatócitos. durante a amamentação. A Organização Mundial da
Saúde (OMS), no entanto, recomenda que os benefícios
2) Aumento da perfusão renal e da taxa de filtração para a saúde e o desenvolvimento da amamentação
glomerular (TFG), aumentando a excreção de fármacos sejam geralmente maiores do que qualquer risco
hidrofílicos e metabólitos de fármacos; provável de fármacos no leite materno.

3) Aumento do volume plasmático, resultando em FARMACOCINÉTICA NA AMAMENTAÇÃO


concentrações reduzidas de albumina e outras proteínas
Fármacos hidrossolúveis se difundem do plasma para o
plasmáticas e potencialmente, diminuição da ligação
leite, e a concentração no leite materno é semelhante à
proteica de muitos fármacos.
fração livre no plasma materno. Fármacos lipossolúveis
também se difundem no leite materno e podem se
Essas alterações significam que as concentrações de
concentrar por causa do alto teor de gordura no leite.
fármacos na gestante são frequentemente mais baixas
do que aquelas em mulheres não grávidas que Se os fármacos são administrados durante a
receberam a mesma dose. Portanto, as doses de
amamentação, os compostos com meias-vidas curtas
fármacos podem precisar ser aumentadas na gestação
são os preferidos, porque eles são menos propensos a
para haver uma compensação. Decisões sobre mudanças
se acumular em neonatos, que têm menor depuração do
de doses de fármacos são, no entanto, dificultadas pela
fármaco.
falta de informação farmacocinética detalhada na
gestação para os fármacos mais relevantes.
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TROMBOEMBOLISMO NA GESTAÇÃO
HEPARINA (NÃO FRACIONADA):
FORMAÇÃO DE COÁGULOS E MEDICAMENTOS: MECANISMO DE AÇÃO: A heparina não fracionada atua
Durante a gestação, há um aumento do risco de indiretamente na trombina. Age como um cofator
formação de coágulos sanguíneos devido a várias razões, acelerando a ação da antitrombina III (AT-III), uma
incluindo mudanças hormonais e pressão nas veias proteína anticoagulante natural no sangue. A heparina
pélvicas. Coágulos sanguíneos são compostos por se liga à AT-III, aumentando a capacidade desta proteína
fibrina plaquetas. de inibir/inativar fatores de coagulação, incluindo a
trombina.
Medicamentos anticoagulantes são responsáveis por
diminuir a quantidade da proteína fibrina, já a A antitrombina III é uma alfa-globulina que inibe a
medicamentos antiplaquetários são responsáveis por trombina (fator IIa) e o fator Xa
inibir a ação das plaquetas. Ambos ajudam a evitar a
formação de coágulos sanguíneos. INDICAÇÃO TERAPÊUTICA: É utilizada no infarto, em
situações hospitalares agudas para resolução do coágulo.
A CASCATA DE COAGULAÇÃO E OS ANTIGOAGULANTES: Não é utilizada na gestação por possuir risco de
A cascata de coagulação é um complexo processo hemorragia.
biológico que ocorre no organismo para evitar
sangramentos excessivos quando ocorre lesão em um ENOXAPARINA (HEPARINA FRACIONADA):
vaso sanguíneo. MECANISMO DE AÇÃO: A Enoxaparina é também
conhecida como heparina de baixo peso molecular -
A trombina é uma enzima crucial na cascata de HBPM. Acelera seletivamente a interação da
coagulação sanguínea, responsável por transformar antitrombina III com o Fator Xa. Assim, inativam o fator
fibrinogênio em fibrina, o que leva à formação do Xa, mas não se ligam tão avidamente à trombina.
coágulo sanguíneo. A heparina não fracionada é, de fato,
um anticoagulante que atua inibindo diretamente a IMPORTANTE! INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:
trombina, entre outras proteínas da cascata de O tratamento de episódios agudos de
coagulação tomboembolismo durante a gravidez deve ser feito com
heparina de baixo peso molecular (Enoxaparina). Pode
ANTICOAGULANTES: Os anticoagulantes inibem a ação ser usada profilaticamente (12 horas antes para evitar
dos fatores de coagulação (p. ex., heparina) ou sangramento pós-parto) e 6 semanas após.
interferem com a síntese dos fatores de coagulação (p.
ex., antagonistas da vitamina K, como a varfarina). Comparada com a heparina não fracionada, a
enoxaparina tem vantagens, incluindo menos riscos de
Inibidores da trombina, como a heparina, são usados hemorragia e menor probabilidade de perda de massa
para evitar a formação inadequada de coágulos óssea. É de uso principalmente ambulatorial, sendo
sanguíneos. considerada segura para prevenção de
tromboembolismo na gestação.
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A VARFARINA – CONTRAINDICADA NA GESTAÇÃO: É considerado seguro até uma certa quantidade (100g)
MECANISMO DE AÇÃO: A Varfarina é um anticoagulante durante a gestação, especialmente quando usado
oral que atua inibindo o ciclo da vitamina K. Com isso, preventivamente. Em doses mais baixas, o AAS inibe
inibe os fatores de coagulação (II, VII, IX e X) que predominantemente a COX-1 nas plaquetas, reduzindo
precisam de vitamina K para serem sintetizados no sua capacidade de se agregarem e formarem coágulos.
fígado.
CONSTIPAÇÃO E DIETA
INDICAÇÃO TERAPÊUTICA: A varfarina é usada na
prevenção e no tratamento da TVP e da EP, na prevenção A constipação é um problema comum durante a gravidez
do AVE e do AVE na condição de fibrilação ventricular devido às mudanças hormonais, ao aumento da pressão
e/ou válvulas cardíacas prostéticas, na deficiência de do útero sobre o intestino e ao uso de suplementos de
proteína C e S e na síndrome antifosfolipídica. Ela é ferro, que podem causar fezes endurecidas.
também usada para a prevenção do tromboembolismo
venoso durante cirurgias ortopédicas ou ginecológicas. INDICAÇÃO: A sugestão tratamento da constipação
durante a gravidez é a utilização de Lactulose, Sorbitol
IMPORTANTE! CONTRAINDICAÇÃO NA GESTAÇÃO: e Mangnésio em doses mínimas e menor período
A varfarina é contraindicada em mulheres grávidas, possível. Ambos possuem efeito laxativo e ajudam a
especialmente aquelas com próteses ou válvulas amolecer as fezes.
cardíacas, devido aos riscos teratogênicos. Sendo seu
principal efeito adverso a hemorragia. CONTRAINDICAÇÃO: O óleo mineral é um laxante que
deve ser evitado durante a gravidez devido ao risco de
OBS: Mulheres com essas condições podem ser estimular o útero e diminuir a absorção de nutrientes
prescritas varfarina até três meses antes do parto para importantes.
evitar complicações, mas sob cuidadosa supervisão
médica, mesmo considerando os riscos teratogênicos.

USO DE AAS (ÁCIDO ACETILSALICÍLICO) NA GESTAÇÃO:


O ácido acetilsalicílico (AAS), também conhecido como
aspirina, é um medicamento anti-inflamatório não
esteroidal (AINE) que age como um inibidor não seletivo
da enzima ciclo-oxigenase (COX).

O AAS age diminuindo a ação do tromboxano, que é


importante na formação de coágulos sanguíneos.
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DIETA E CONSTIPAÇÃO
/sorbitol/magnésio em doses mínimas e menor
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FARMACOTERAPIA EM PACIENTES ESPECIAIS: IDOSOS

INTRODUÇÃO ALTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS


Pessoas idosas são geralmente definidas como aquelas - Maior sensibilidade para os efeitos de hipotensão
com mais de 70 anos. Ocorrem alterações tanto na postural devido as alterações nos receptores alfa
farmacodinâmica quanto na farmacocinética de adrenérgicos.
fármacos com o aumento da idade. A densidade ou - Maior sensibilidade aos afeitos depressores. Por
número de receptores pode ser reduzida com a idade. exemplo, opioides aumentam o risco de depressão
Por exemplo, os receptores beta-adrenérgicos respiratória
diminuem em número, reduzindo a resposta aos - Menor produção de saliva e muco com maior risco de
fármacos agonistas. acidez estomacal. Por exemplo, AINES e Alendronato
aumentam o risco de úlceras e sangramentos.
As pessoas idosas são, com frequência, mais susceptíveis - Maior risco de hemorragia devido a diminuição da
aos efeitos de sedativos, hipnóticos e antipsicóticos, produção da vitamina K que atua no processo de
possivelmente devido às alterações no número de coagulação.
receptores e/ou na redução da eficiência da barreira
hematoencefálica. Eles também são mais susceptíveis OBS: Alterações farmacodinâmicas nos receptores
aos efeitos adversos dos AINEs no intestino. beta-adrenérgicos podem elevar o risco de queda em
pacientes idosos sob o uso de beta-bloqueadores. Os
• Existe crescente número de idosos na população beta-bloqueadores, como o propranolol, têm efeito
• Fatores relacionados a farmacocinética e a sobre os receptores beta-adrenérgicos, que são
farmacodinâmica são influenciados pela idade encontrados no coração e nos vasos sanguíneos. Em
• Problemas na utilização de medicamentos em idosos pacientes idosos, esses medicamentos podem levar a
são comuns e apresentam elevada morbidade alterações na pressão arterial e na frequência cardíaca,
• São os responsáveis por cerca de 25% das prescrições o que, por sua vez, pode aumentar o risco de quedas,
médicas.
• Dificuldades na Farmacoterapia Geriátrica: múltiplas OBS: A varfarina aumenta o risco de sangramento, o que
doenças, influências ambientais, alterações fisiológicas. pode ser problemático em idosos, que têm maior
probabilidade de quedas. Cuidados especiais devem ser
tomados para evitar lesões.
ALTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS
- Menor fluxo sanguíneo renal OBS: A inibição da atividade da COX-1 pelos AINEs, como
- Menor fluxo sanguíneo hepático. o naproxeno é uma condição de risco para o paciente
- Condições associadas à idade podem reduzir a taxa de idoso, uma vez que a senilidade resulta em desequilíbrio
absorção de alguns fármacos. Essas condições incluem entre os fatores de agressão e os de proteção gástrica. O
alterações dos hábitos nutricionais, maior consumo de uso pode aumentar o risco de eventos adversos
fármacos vendidos sem prescrição médica (p. ex., gastrointestinais, incluindo úlceras e sangramento,
antiácidos e laxativos) especialmente em pacientes idosos.

OBS: A biodisponibilidade de medicamentos


lipossolúveis aumenta em idosos. A razão para isso é
que, à medida que as pessoas envelhecem, há um
aumento na porcentagem de gordura corporal e uma
diminuição na água corporal total.
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Os Critérios de Beers são uma lista de medicamentos


ADERÊNCIA potencialmente inapropriados para uso em idosos. Essa
A qualidade de vida dos pacientes idosos pode ser lista foi criada para ajudar os profissionais de saúde a
consideravelmente melhorada, e sua vida prolongada evitar o uso de medicamentos que podem causar efeitos
pelo uso inteligente dos fármacos. colaterais graves ou interações perigosas em idosos.

O preço dos fármacos pode representar um importante Os critérios incluem 5 categorias de medicamentos. Após
desestimulo para pacientes que recebem selecionar cada medicamento que o paciente utiliza ou
aposentadorias insuficientes e que não estão cobertos pretende utilizar e a identificação da sua categoria, a
ou que estão inadequadamente cobertos pelo seguro- interpretação se dá da seguinte maneira:
saúde.
CATEGORIA 1 - Medicamentos Potencialmente
A não adesão do paciente ao tratamento pode resultar Inadequados para Todos os Idosos: Esses medicamentos
de esquecimento ou de confusão, em particular quando são considerados inseguros para todos os idosos e
existem várias prescrições e diferentes intervalos entre devem ser evitados.
as doses.
Por exemplo, Benzodiazepínicos de Longa Ação: Como
MÉTODOS DIRETOS – Avaliam a adesão de acordo com diazepam, flurazepam. Podem causar sedação excessiva,
o a dosagem sanguínea do medicamento (são mais quedas e confusão em idosos. Antidepressivos
raros e mais caros) Tricíclicos: Como amitriptilina, imipramina. Podem
causar quedas, confusão e problemas urinários.
MÉTODOS INDIRETOS – Avalia a adesão de acordo com
métodos indiretos como entrevistas. O método mais CATEGORIA 2 - Medicamentos Potencialmente
conhecido é o de MORISK (tabela com perguntas chaves). Inadequados em Casos Específicos: Estes medicamentos
são potencialmente inadequados em idosos com
condições de saúde específicas, como problemas
cardiovasculares, neurológicos, histórico de quedas e
fraturas, Doença de Parkinson, problemas
gastrointestinais ou geniturinários/renais. Deve-se evitar
o uso nesses casos.

Por exemplo, Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs):


Como ibuprofeno, naproxeno. Podem aumentar o risco
de úlceras em idosos com histórico de problemas
gastrointestinais. Antipsicóticos Atípicos: Como
olanzapina, risperidona. Podem aumentar o risco de
acidentes vasculares cerebrais (AVCs) em idosos com
demência.

CATEGORIA 3 - Medicamentos de Uso Cauteloso,


Especialmente em Maiores de 70 Anos:
CRITÉRIOS DE BEERS Estes medicamentos podem ser usados com cautela,
especialmente em idosos com mais de 70 anos. A
dosagem e o monitoramento devem ser cuidadosos.
Os Critérios de Beers tratam-se de um conjunto de
diretrizes criado nos Estados Unidos para orientar o uso
Por exemplo, Inibidores da Bomba de Prótons (IBP):
de medicamentos em idosos, visando evitar efeitos
adversos devido à polifarmácia (uso de múltiplos Como omeprazol, esomeprazol. Podem aumentar o risco
medicamentos). Estes critérios são usados por de fraturas ósseas em idosos.
profissionais de saúde para ajudar a determinar quais
CATEGORIA 4 - Medicamentos que Podem Interagir e
medicamentos podem ser inseguros para os idosos
Causar Riscos: Medicamentos nesta categoria podem
devido a efeitos colaterais específicos ou interações
interagir uns com os outros e oferecer riscos de efeitos
medicamentosas.
adversos. Deve-se ter cuidado ao prescrever esses
medicamentos juntos.
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Por exemplo, Varfarina: Um anticoagulante que interage


com muitos medicamentos e alimentos, aumentando o REFERÊNCIAS
risco de sangramento. Lítio: Usado no tratamento de Barbara G. Wells et al. Manual de farmacoterapia. 9. ed.
transtornos do humor, interage com muitos Porto Alegre: AMGH, 2016. Apêndices – Parte 2 –
medicamentos, podendo causar toxicidade. Geriatria.

CATEGORIA 5 - Medicamentos que Exigem Doses Bertram G. Katzung; Anthony J. Trevor, PhD.
Reduzidas em Idosos, Especialmente com Insuficiência Farmacologia básica e clínica – 13. ed. Porto Alegre:
Renal: Estes medicamentos requerem doses reduzidas AMGH, 2017. Capítulo 59 – Farmacologia Perinatal e
na população idosa, especialmente em casos de Pediátrica. Capítulo 60 – Farmacologia Geriátrica.
insuficiência renal. Sempre que possível, deve-se evitar o
uso desses medicamentos. Waller, Derek G; Sampson Antony P. Farmacologia
Médica E Terapêutica. 5e. ed. Rio de Janeiro: Elsevier
Por exemplo, Morfina: Um opioide que requer ajustes de Health Sciences, 2019. Capítulo 56 – Farmacoterapia em
dose em idosos com insuficiência renal para evitar a Situações Especiais.
sedação excessiva e depressão respiratória.
Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. – Porto
Alegre : Artmed, 2016. Capítulo 22 – Anticoagulantes.

Aula ministrada pelo professor Antônio Anderson Freitas.


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FARMACOTERAPIA DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO


(DRGE) E DA DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP)

INTRODUÇÃO FATORES DE RISCO

DISTÚRBIO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE): DIETA e HÁBITOS DE VIDA: Dieta rica em gorduras
A doença do refluxo gastresofágico (DRGE) ocorre (devido a liberação de HCL), medicamentos
quando o conteúdo gástrico refluído provoca sintomas (principalmente AINES), bebida alcoólica (por
desagradáveis e/ou complicações. A pirose episódica, dissolverem o muco), cafeína (por relaxar o esfíncter
que não é frequente ou dolorosa o suficiente para ser esofágico), bebidas gaseificadas (por liberarem o ácido
incômoda, não é incluída na definição. carbônico e serem bebidas ácidas), uso de cigarro/fumo
(aumenta a acidez e relaxa o esfíncter esofágico),
É uma condição em que o conteúdo do estômago reflui obesidade.
para o esôfago gerando sintomas negativos. É
caracterizada pelo retorno do conteúdo estomacal para POSTURA: Deve-se evitar deitar-se após alimentação e
o esôfago. procurar manter a cabeça elevada em relação ao resto
do corpo.
O Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo
Gastroesofágico (CBDRGE) definiu a DRGE como uma IDADE AVANÇADA: Há diminuição da produção de saliva
afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado do (que contém bicarbonato) em função da idade.
conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos
adjacentes a ele, acarretando um espectro variável de ETIOLOGIA
sintomas e/ou sinais esofagianos e/ou extra-esofagianos, Stress, infecção por Helicobacter pylori e uso de AINES
associados ou não a lesões teciduais. são os três principais fatores para o desenvolvimento
da DRGE e DUP que promovem o aumento do HCL e
DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP): diminuição do muco protetor.
A doença ulcerosa péptica (DUP) refere-se a um grupo de
doenças ulcerativas do trato gastrintestinal (GI) superior DISTÚRBIO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE):
que necessitam de ácido e pepsina para a sua ocorrência. O fator primordial consiste no refluxo anormal do
conteúdo gástrico do estômago para o esôfago. Em
GASTRITE X ÚLCERA: alguns casos, o refluxo está associado a um distúrbio na
Pode ser definida como uma ulceração PROFUNDA pressão ou função do esfíncter esofágico inferior (EEI).
circunscrita da mucosa penetrando através da porção
muscular da mucosa. Os pacientes podem apresentar diminuição da pressão
do EEI em consequência dos relaxamentos transitórios
É caracterizada pela presença de ulcerações Espontâneos.
circunscritas de profundidade limitada ao tecido
muscular nas mucosas estomacais e duodenais. DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP):
As duas principais causas de úlcera péptica são infecção
EPIDEMIOLOGIA com o gram-negativo Helicobacter pylori e o uso de
anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). O aumento
Em relação a DRGE, é uma doença de difícil detecção da da secreção de ácido clorídrico (HCl) e a defesa
prevalência por ser muitas vezes assintomática e outras inadequada da mucosa contra o HCl também têm seu
vezes pouco relatada. É uma das afecções mais papel nesse processo.
frequentes na prática médica, sendo a afecção orgânica
mais comum do tubo digestivo. Infecção por Helicobacter pylori causa gastrite crônica
em todos os pacientes infectados, pode desencadear
Aproximadamente 10% à 20% da população mundial DUP (cerca de 20%) ou câncer gástrico (cerca de 1%). É
apresentam sintomas de DRGE (Doença do Refluxo uma bactéria é capaz de escavar a mucosa gastrintestinal
Gastroesofágico) e DUP (Doença Ulcerosa Péptica) através da produção de enzimas proteolíticas, podendo
apresentar resistência ao tratamento antibacteriano
Fernando Figueiredo Luine Marie 2
@prof.fernandofigueiredo @luinemarie

- MEDIADOS INFLAMATÓRIOS E MEDIADORES


FISIOPATOLOGIA DIGESTIVOS: As células do sistema imunológico liberam
A fisiopatologia do distúrbio da acidez estomacal, mediadores inflamatórios que podem ter efeitos
especialmente no contexto da doença do refluxo protetores. As Prostaglandinas E2 e I2 são hormônios
gastroesofágico (DRGE) e da doença ulcerosa péptica locais que inibem a secreção de ácido e a Somatostatina
(DUP), envolve um desequilíbrio entre fatores e também um hormônio peptídico inibidor de HCL.
ulcerogênicos (que aumentam a acidez) e fatores de
proteção gástrica. RECEPTORES NAS CÉLULAS PARIETAIS DO ESTÔMAGO:
As células parietais possuem receptores que estimulam
O CONTROLE DO TRATO GASTROINTESTINAL É FEITO na produção de ácido clorídrico (HCL), são eles: os
ATRAVÉS DE MECANISMOS NEURONAIS E HUMORAIS: receptore (H2) para a histamina, (G) para a Gastrina e
1) O ácido é secretado das células parietais gástricas por (ACh) da Acetilcolina.
uma bomba de prótons (K+/H+ ATPase).
2) Os três secretagogos endógenos para ácido são As ligações de ACh, histamina ou gastrina com seus
histamina, acetilcolina e gastrina. receptores resulta na ativação de proteinocinases, que,
3) As prostaglandinas E2 e I2 inibem a secreção de ácido, por sua vez, estimulam a bomba de prótons H+/K+-
estimulam a secreção de muco e de bicarbonato e adenosina trifosfatase (ATPase) a secretar íons
dilatam os vasos sanguíneos da mucosa. hidrogênio em troca de K+ para o lúmen do estômago.
4) A somatostatina inibe todas as fases de ativação das
células parietais. HISTAMINA (RECEPTORES H2):
As células parietais possuem receptores H2 para
FATORES ULCEROGÊNICOS: histamina, que estimulam a produção de ácido clorídrico
- AUMENTO DA PRODUÇÃO DE HCL: As células parietais quando ativadas.
do estômago são responsáveis pela produção de ácido
clorídrico. Estímulos endógenos, como histamina, GASTRINA (RECEPTORES G ou CCK2):
gastrina e acetilcolina, desempenham um papel crucial A gastrina é um hormônio que estimula as células
nesse processo e são responsáveis por manter o ciclo de parietais a produzir ácido clorídrico.
inflamação estomacal
ACETILCOLINA (RECEPTORES ACH):
- AUMENTO DA PRODUÇÃO DE ENZIMAS DIGESTIVAS: A acetilcolina é um neurotransmissor que, ao se ligar aos
Além do ácido clorídrico, outras enzimas digestivas receptores nas células parietais, também estimula a
também podem contribuir para a agressão ao produção de ácido clorídrico.
revestimento gástrico.

- ESTILO DE VIDA: O uso de substâncias como álcool,


cafeína e certos fitoterápicos pode contribuir para o
aumento da acidez estomacal.

FATORES DE PROTEÇÃO GÁSTRICA:


- PRODUÇÃO DE MUCO: O muco é uma barreira
protetora que reveste a mucosa gástrica, ajudando a
prevenir danos causados pelos ácidos e enzimas
digestivas.

- ALIMENTOS: Certos alimentos, como vegetais e fibras,


podem ter propriedades protetoras ou auxiliares na
neutralização do ácido.

- PRESSÃO DE FECHAMENTO DA VÁLVULA


GASTROESOFÁGICA: Uma válvula gastroesofágica
eficiente ajuda a evitar o refluxo do conteúdo ácido do
estômago para o esôfago.
Fernando Figueiredo Luine Marie 3
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2) São realizados exames complementares em pacientes


SINAIS E SINTOMAS que não respondem à terapia ou que apresentam
sintomas de alarme. A endoscopia é realizada para
DISTÚRBIO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE): avaliar a ocorrência de lesão da mucosa e identificar a
Agressão ao esôfago varia conforme a composição do presença de esôfago de Barrett e outras complicações.
suco gástrico, presença de HCl, pepsina, enzimas
pancreáticas podem aumentar a agressão. Exposições 3) O monitoramento ambulatorial do pH, a manometria
contínuas do Esôfago ao Suco Gástrico provocam: esofágica, o monitoramento da impedância-pH
- Esofagite; combinado, a topografia da pressão esofágica de alta
- Ulceração e sangramento esofágico que pode levar a resolução (HREPT), podem ser valiosos em algumas
anemia e ao câncer; situações.
- Erosão do epitélio esofágico;
- Sensação de queimação que irradia após as refeições; DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP):
- Perda de peso; 1) O exame físico pode revelar hipersensibilidade
epigástrica entre o umbigo e o processo xifoide, que se
OUTROS SINTOMAS/COMPLICAÇÕES: Dor ao deglutir, irradia menos comumente para as costas.
hipersalivação, predisposição a faringites, e doenças
respiratórias, rouquidão, dor torácica, asma, erosão 2) Os exames laboratoriais de rotina não contribuem
dental. para o estabelecimento do diagnóstico de DUP. O
hematócrito, o nível de hemoglobina e o teste de sangue
DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP): oculto nas fezes são usados para detectar a presença de
- Hematêmese, náuseas, vômito sangramento.
- Dor estomacal
- Dor abdominal 3) A infecção por H. pylori pode ser detectada de
- Dor noturna típica chegando a acordar o paciente forma não invasiva por meio de exame de sangue
- As dores podem variar de paciente para paciente, e as (anticorpo para urease), teste de antígeno nas fezes
vezes a úlcera pode se assintomática. ou teste de ureia respiratória marcada com radiolabel.
- Azia, anorexia
Em uma biópsia gástrica antral, ela pode ser detectada
usando cultura bacteriana, histopatologia ou teste de
Na DUP pode ocorrer sangramento oculto com fezes
urease rápida.
escurecidas e presença de sangue no vômito
(hematêmese).
OBS: Na suspeita de Helicobacter pylori deve ser
realizado endoscopia com biópsia (padrão ouro). A
Pode ocorrer perfuração com dor súbita, forte e pontual.
bactéria pode: Estimula produção de HCL e a produção
de enzimas digestivas, bem como inibe a produção de
ATENÇÃO! SINTOMAS PARA ENCAMINHAMENTO:
muco protetor.
Hematêmese, melena (sangue nas fezes), sangue oculto
nas fezes e dificuldade de deglutição são sintomas que
devem ser considerados para o encaminhamento ao TRATAMENTO DA DRGE
especialista!
OBJETIVOS DO TRATAMENTO: Tratamento foca a
DIAGNÓSTICO maximização da produção de fatores de proteção (muco)
e diminuição do conteúdo de substâncias agressivas.
DISTÚRBIO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE):
- Minimização dos sintomas (evitar crises)
O diagnóstico da DRGE é realizado através de cuidadosa
- Reduzir o risco de complicações
anamnese, que pode ser seguida de exames subsidiários
- Minimizar as Reações Adversas relacionadas ao uso de
(endoscopia, exame radiológico contrastado do esôfago,
Fármacos
cintilografia, manometria – avalia a capacidade de
- Resolver questões Basilares como: Estresse, infecção
fechamento do esfíncter esofágico, pHmetria de 24
por H.pylori e uso de AINES.
horas, teste terapêutico).
- Promover a recuperação da mucosa esofágica
- Prevenir o desenvolvimento de complicações
1) A história clínica é suficiente para estabelecer o
- Elevar a pressão esofágica e o clearence da acidez
diagnóstico de DRGE em pacientes com sintomas típicos.
esofágica.
Fernando Figueiredo Luine Marie 4
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TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: Os IBPs são superiores aos antagonistas H2 no bloqueio


- Se obeso procurar perder peso da produção de ácido e na cicatrização das úlceras.
- Elevar a porção cabeceira da cama.
- Realizar refeições em quantidades menores RECOMENDAÇÕES DE USO:
- Não comer antes de dormir (pelo menos 3 horas de PROTOLOCO INICIAL DA DRGE SEM SINTOMAS GRAVES:
intervalo). Uso por 30 dias dos inibidores da bomba de prótons uma
- Não fumar e evitar o consumo de álcool. vez ao dia em jejum!

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: PROTOCOLO PARA CASOS GRAVES: Utilização duas


IMPORTANTE! Após duas semanas se o paciente não vezes ao dia em jejum (antes do café da manhã e antes
apresentar resposta ao tratamento não farmacológico, do jantar). Sua administração duas vezes ao dia está
deve-se iniciar a utilização de medicamentos. Sendo a indicada para pacientes que não respondem à terapia-
primeira escolha os inibidores da bomba de prótons padrão uma vez ao dia.
que pode ser utilizado por 30 dias sem a necessidade da
realização da endoscopia prévia. FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA:
Todos esses fármacos são eficazes por via oral. Para
Os antiácidos podem provocar o efeito rebote à longo obter o efeito máximo, os IBPs devem ser ingeridos de
prazo, podendo promover a produção de mais ácido 30 a 60 minutos antes do desjejum ou da refeição
estomacal. principal.

O omeprazol é degradado mais rapidamente por ter


meia vida curta, isso pode exigir administração
frequente para manter níveis terapêuticos. Além disso,
interage com o clopidrogreal, aumentando a meia vida
deste fármaco. Contudo, tem a vantagem de ser o
menor custo dentro dos fármacos desta classe.

Os fármacos Nexium (esomeprazol) e Dexilant


(dexlansoprazol) possuem revestimento alcalino que
pode ajudar a proteger o medicamento no ambiente
ácido do estômago, garantindo uma liberação mais
eficaz na porção mais alcalina do intestino delgado.

O lansoprazol, o esomeprazol e o pantoprazol estão


disponíveis em formulações intravenosas para pacientes
que não podem tomar medicamentos por via oral;
INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS (IBP) todavia, não são mais efetivos do que as preparações
orais, e seu custo é significativamente mais alto.

REPRESENTANTES: Omeprazol, lansoprazol, INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:


pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol. Os IBP podem diminuir a absorção de determinados
fármacos, como o cetoconazol e o itraconazol, que
MECANISMO DE AÇÃO: Ligam-se às enzimas H+ K+ necessitam de um ambiente ácido para a sua absorção.
ATPase (bomba de prótons), bloqueando-as
irreversivelmente, inibindo acentuadamente a EFEITOS ADVERSOS:
produção de ácido gástrico, resultando em efeitos Os efeitos adversos consistem em cefaleia, tontura,
antissecretores acentuados e de longa duração. sonolência, diarreia, constipação intestinal e náuseas.

INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: A utilização de inibidor da bomba de prótons por longo


É a primeira escolha para DRGE! Os IBP são superiores prazo (acima de 6 meses de tratamento) podem causar
aos ARH2 (Antagonistas dos Receptores de H2) em em aproximadamente 5% da população: demência,
pacientes com DRGE moderada a grave e devem ser osteoporose/fraturas ósseas e carência de vitamina
administrados empiricamente a pacientes com sintomas B12 (anemia megaloblástica ou perniciosa).
incômodos.
Fernando Figueiredo Luine Marie 5
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EFEITOS ADVERSOS: Em geral, os antagonistas H2 são


ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H2
bem tolerados. Os efeitos adversos mais comuns
consistem em cefaleia, sonolência, fadiga, tontura e
REPRESENTANTES: Ranitidina, Cimetidina, Famotidina, constipação intestinal ou diarreia.
Nizatidina
A cimetidina tem efeitos endócrinos porque atua como
MECANISMO DE AÇÃO: São antagonistas do receptor um antiandrogênico não esteroidal. Os efeitos incluem
H2, sendo um anti-histamínico que age no receptor H2 ginecomastia e galactorreia (liberação ou ejeção
(receptor do ácido clorídrico). contínua de leite). Os demais não produzem esses
efeitos.
Os antagonistas H2 atuam somente no controle da
secreção ácida. Por isso, eles não aliviam os sintomas por, A cimetidina pode por inibir isoenzimas do citocromo
pelo menos, 45 minutos. P450 deve ser evitada em pessoas que estão tomando
fármacos como a teofilina, varfarina, fenitoína,
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: clopidrogrel, propranolol, entre outros.
-Em doses fracionadas, mostram-se efetivos para o
tratamento da DRGE leve a moderada.
AGENTES PROCINÉTICOS
- São indicados para tratamento da DRGE com esofagite
não erosiva. REPRESENTANTES: Metoclopramida, Betanecol,
Domperidona, Bromoprida.
- Os resultados do tratamento dependem da severidade
da doença, do esquema posológico e da duração da MECANISMO DE AÇÃO:
terapia. São antagonistas dos receptores dopaminérgicos. A
dopamina estimula a liberação de acetilcolina, um
OBS: O uso desses fármacos diminuiu com o advento neurotransmissor que promove contração muscular no
dos IBPs. trato gastrointestinal. Ao bloquear a dopamina, os
agentes procinéticos como a Domperidona aumenta a
RECOMENDAÇÕES DE USO: liberação de acetilcolina, melhorando a motilidade.
Como todos os ARH2 são igualmente eficazes, a escolha
do agente específico deve ser baseada nas diferenças de Tem a capacidade de estimular, coordenar e restaurar a
farmacocinética, perfil de segurança e custo. motilidade gástrica, pilórica e do intestino delgado.

São vendidos sem prescrição médica em doses baixas ou INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:


doses-padrão, administradosduas vezes ao dia, podem São utilizados em pacientes que tem alteração do
ser benéficos para o alívio sintomático da DRGE leve. esfíncter esofágico previsto na manometria!

FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA: Os agentes procinéticos podem ser adjuvantes úteis da


Após administração oral, os antagonistas H2 se terapia supressora de ácido em pacientes com defeito
distribuem amplamente pelo organismo (incluindo o de motilidade conhecido (p. ex., incompetência do EEI,
leite materno e por meio da placenta) e são excretados diminuição da eliminação esofágica, esvaziamento
principalmente na urina. gástrico tardio). Entretanto, esses agentes não são tão
efetivos quanto à terapia supressora de ácido e
Cimetidina, ranitidina e famotidina também estão apresentam efeitos colaterais indesejáveis.
disponíveis em formulações IV.
A metoclopramida, um antagonista da dopamina,
A meia-vida de todos esses fármacos pode aumentar em aumenta a pressão do EEI (esfíncter esofágico inferior)
pacientes com disfunção renal, e é preciso ajustar a de maneira dependente da dose e acelera o
dosagem. esvaziamento gástrico. Entretanto, não melhora a
eliminação esofágica.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Todos os antagonistas H2 podem reduzir a eficácia de EFEITOS ADVERSOS: As reações adversas comuns
fármacos que exigem um ambiente ácido para absorção, consistem em sonolência, nervosismo, fadiga, tontura,
como o cetoconazol. fraqueza, depressão, diarreia e exantema.
Fernando Figueiredo Luine Marie 6
@prof.fernandofigueiredo @luinemarie

A metoclopramida pode causar taquifilaxia, reações


PROTETORES DE MUCOSA
extrapiramidais, discinesia tardia, movimentos
distônicos principalmente em face, euforia e é capaz de
estimular a produção de leite materno. REPRESENTANTES: Sucralfato, Subsalicilato de bismuto.

O betanecol possui valor limitado devido aos efeitos MECANISMO DE AÇÃO:


colaterais (p. ex., retenção urinária, desconforto Possuem ação demulcente (proteção de mucosa),
abdominal, náusea, rubor). apresentam várias ações que aumentam os mecanismos
de proteção da mucosa, prevenindo lesões, reduzindo
inflamação e cicatrizando úlceras existentes.
ANTI-ÁCIDOS
O Sucralfato cria uma barreira física que protege a úlcera
REPRESENTANTES: Hidróxido de Alumínio, Hidróxido de da pepsina e do ácido, permitindo a cicatrização da
Magnésio, Bicarbonato de Sódio. úlcera. Quando entra em contato com suco gástrico
forma um complexo aderente viscoso, provoca
MECANISMO DE AÇÃO: citoproteção e ajuda a cicatrização da mucosa (eleva
Os antiácidos são bases fracas que reagem com o ácido níveis de prostaglandinas e diminui os níveis de
gástrico formando água e um sal, para diminuir a acidez pepsina).
gástrica. Como a pepsina (uma enzima proteolítica) é
inativa em pH acima de 4, os antiácidos reduzem a O Subsalicilato de bismuto: É usado como componente
atividade da pepsina. de tratamento quádruplo para cicatrizar úlceras
pépticas. Além da sua ação antimicrobiana, ele inibe a
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: atividade da pepsina, aumenta a secreção de muco e
Não são primeira indicação para tratamento da DRGE, interage com glicoproteínas na mucosa necrótica,
no entanto fornecem alívio imediato para sintomas de revestindo e protegendo a úlcera.
queimação.
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: É utilizado para
Geralmente são utilizados juntamente com outros potencializar o tratamento de úlceras gástricas.
medicamentos. A combinação mais indicada é a
associação de Hidróxido de Alumínio e Hidróxido de Possui valor limitado no tratamento da DRGE, porém
Magnésio. pode ser útil para o tratamento da esofagite por radiação
e DRGE com refluxo biliar ou não ácido.
RECOMENDAÇÕES DE USO:
Os antiácidos são usados para o alívio sintomático da Embora o sucralfato seja eficaz no tratamento das
úlcera péptica e da DRGE. Eles também podem promover úlceras duodenais e na prevenção das úlceras por
a cicatrização de úlceras duodenais. Para eficácia estresse, seu uso é limitado devido à necessidade de
máxima, devem ser administrados após a refeição. dosificações diárias múltiplas e interações
medicamentosas. Como requer um pH ácido para sua
A eficácia de um antiácido depende da sua capacidade ativação, o sucralfato não deve ser administrado com
de neutralizar o HCl gástrico e do fato de o estômago IBPs, antagonistas H2 ou antiácidos.
estar repleto ou vazio (o alimento retarda o
esvaziamento do estômago, permitindo mais tempo RECOMENDAÇÕES DE USO:
para o antiácido reagir). Deve-se ter o intervalo entre o uso deste meditando e
outro medicamentos pois pode atrapalhar a absorção
EFEITOS ADVERSOS: de outros fármacos e de vitaminas.
O bicarbonato de sódio em excesso não é indicado para
hipertensos. A absorção sistêmica do bicarbonato de Deve ser utilizado uma hora antes do consumo de
sódio [NaHCO3] pode produzir alcalose metabólica alimentos e de outros medicamentos.
transitória. Por isso, esse antiácido não é recomendado
para uso prolongado. EFEITOS ADVERSOS:
O sucralfato é muito bem tolerado, mas pode interferir
Hidróxido de Alumínio: Pode causar constipação. na absorção de outros fármacos, fixando-os. Esse
fármaco não previne as úlceras induzidas pelos AINEs e
Hidróxido de Magnésio: Pode causar diarreia. nem cicatriza úlceras gástricas.
Fernando Figueiredo Luine Marie 7
@prof.fernandofigueiredo @luinemarie

RECOMENDAÇÕES DE USO:
TRATAMENTO DA DUP O uso profilático do misoprostol deve ser considerado
em pacientes que estão recebendo AINEs e se
OBJETIVOS DO TRATAMENTO: encontram sob risco moderado ou alto de úlceras
- Aliviar as dores curando e prevenindo o retorno das induzidas por esses fármacos, como pacientes idosos ou
úlceras e reduzindo as complicações clínicas com úlceras prévias.
relacionadas.
EFEITOS ADVERSOS: Diarreia e náuseas dose-
- No caso de pacientes H. pylori positivos erradicar o dependentes são os efeitos adversos mais comuns e
microorganismo. limitam o seu uso.

- No caso de pacientes que fazem uso de AINES O misoprostol é contraindicado na gravidez, pois pode
suspender ou trocar o medicamento. estimular as contrações do útero e causar aborto.

TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: OBSERVAÇÕES – ÚLCERA INDUZIDA POR AINE:


- Reduzir o stress No contexto da mucosa gástrica, a presença de
- Não fumar prostaglandinas, incluindo a IGP2, é geralmente
- Não usar AINES não-seletivos considerada benéfica. A supressão da produção de
- Evitar o consumo de álcool e cafeína. prostaglandinas, por exemplo, por meio do uso
prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs),
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: pode aumentar o risco de lesões na mucosa gástrica,
O TRATAMENTO INCLUI: uma vez que esses medicamentos inibem a
1) Erradicação da H. pylori; ciclooxigenase, uma enzima envolvida na síntese de
2) Diminuição da secreção de HCl com uso de IBPs ou prostaglandinas.
antagonistas de receptor H2; e/ou
3) Administração de fármacos que protejam a mucosa A prostaciclina (PGI2) tende a ter efeitos benéficos na
gástrica da lesão, como misoprostol e sucralfato mucosa gástrica, promovendo vasodilatação (aumenta
o fluxo sanguíneo da mucosa gástrica), produção de
MISOPROSTOL (CYTOTEC) muco e inibição da tolerância ácida, contribuindo para
a proteção do revestimento gástrico.

REPRESENTANTES: Misoprostol
TRAT. DA ÚLCERA POR H. PYLORI
MECANISMO DE AÇÃO: O Misoprostol é um análogo da
prostaglandina E1, está aprovada para a prevenção de INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:
úlceras gástricas causadas por AINEs. Pacientes com úlcera péptica (úlceras gástricas ou
duodenais) infectados com H. pylori precisam de
OBS: A prostaglandina E2, produzida pela mucosa tratamento antimicrobiano.
gástrica, inibe a secreção de ácido e estimula a secreção
de muco e bicarbonato (efeito citoprotetor). A A infecção por H. pylori é diagnosticada via biópsia
deficiência de prostaglandinas pode estar envolvida na endoscópica da mucosa gástrica ou vários métodos não
patogênese das úlceras pépticas. invasivos, incluindo sorologia e teste da ureia na
respiração.
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:
- Indicado na prevenção de úlceras induzida por AINES Atualmente, o tratamento de escolha consiste em um
e no tratamento da úlcera péptica. IBP combinado com amoxicilina (metronidazol pode ser
- É utilizado em ambiente hospitalar (intravenoso) para usado em pacientes alérgicos à penicilina) mais
úlceras gástricas. claritromicina.
- Estimulam a produção de muco.
O tratamento quádruplo com subsalicilato de bismuto,
OBS: Os IBPs são os fármacos preferidos para a metronidazol e tetraciclina combinada a um IBP é outra
prevenção de úlceras causadas por AINEs. opção. O tratamento quádruplo deve ser considerado
em regiões em que é elevada a resistência à
claritromicina.
Fernando Figueiredo Luine Marie 8
@prof.fernandofigueiredo @luinemarie

RECOMENDAÇÕES DE USO:
Poliquimioterapia (tratamento de 7 à 14 dias) 1) Se forem positivos para o HP, deve-se iniciar o
tratamento com um esquema tríplice à base de IBP.
1 -Claritromicina + Amoxicilina + IBP 2) Se forem negativos para o HP, o AINE é interrompido,
2 -Claritromicina + Metronidazol + IBP e o tratamento consiste em IBP, antagonista dos
3 -Amoxicilina + Metronidazol + IBP receptores H2 de histamina (ARH2) ou sucralfato
3) Se houver necessidade de manter o AINE apesar da
*Os IBPs (inibidores das bombas de prótons) são ulceração, o tratamento é iniciado com um IBP (se o
utilizado duas vezes ao dia 15 a 20 minutos antes das paciente for negativo para o HP) ou um esquema tríplice
refeições, nos casos de tratamento de úlcera por à base de IBP (se for positivo para o
H.pylori. Ocorre ao contrário do tratamento da DRGE HP).
(uma vez ao dia) com a utilização do IBP uma vez ao dia. 4) A coterapia com um IBP ou misoprostol ou a mudança
do fármaco para um inibidor seletivo da ciclo-oxigenase-
*Subsalicilato de bismuto é utilizado na resistência 2 (COX-2) são recomendadas para pacientes com risco de
antimicrobiana que potencializa o efeito desenvolver uma complicação relacionada com a úlcera.
antimicrobiano que trata a H.pylori resistente.
REFERÊNCIAS
OBSERVAÇÕES DO TRATAMENDO DA DUP:
Quando o tratamento inicial não consegue erradicar o Barbara G. Wells et al. Manual de farmacoterapia. 9. ed.
HP, o tratamento de segunda linha (recuperação) deve: Porto Alegre : AMGH, 2016. Capítulo 24 e Capítulo 29.
1) Usar antibióticos que não foram incluídos no esquema
inicial; Bertram G. Katzung; Anthony J. Trevor, PhD.
2) Utilizar antibióticos que não estão associados à Farmacologia básica e clínica – 13. ed. Porto Alegre:
resistência; AMGH, 2017. Capítulo 62.
3) Usar um fármaco com efeito tópico (p. ex., bismuto);
4) Estender a duração do tratamento para 14 dias. Um Rang & Dale. Farmacologia. 8. ed. - Rio de Janeiro :
ciclo de 14 dias de esquema quádruplo à base de IBP Elsevier, 2016. Capítulo 30.
constitui a terapia de segunda linha mais usada após a
ausência de resposta a um esquema de IBP-amoxicilina- Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. – Porto
claritromicina. Alegre : Artmed, 2016. Capítulo 31.

Os pacientes com úlceras induzidas por AINEs devem Aula ministrada pelo professor Antônio Anderson Freitas.
ser testados para determinar a presença do HP.
Fernando Figueiredo Luine Marie 1
@prof.fernandofigueiredo @luinemarie

FARMACOLOGIA DA DOR: OPIOIDES


muscular, por um curto período de tempo, poderia ser
INTRODUÇÃO escolhida como estratégia inicial. Neste caso o
paracetamol sozinho não é recomendado. Se não for
CONCEITO DE DOR: A dor é uma experiência subjetiva, possível tomar um AINE, sugere-se paracetamol em
desagradável, sensorial e emocional, que está combinação com um opioide fraco (codeína).
associada a algum dano tecidual concreto (real) ou
potencial, ou descrita em termos desse tipo de dano. DOR NEUROPÁTICA:
Pode ser classificada em dor aguda, dor crônica ou dor ETIOLOGIA: Resulta de lesões ou disfunções/injúrias no
do câncer. Danos potenciais podem provocar, por sistema nervoso, com ausência de estímulos nóxicos.
exemplo, alterações no sono, ansiedade,
comprometimento de atividade diárias, CARACTERÍSTICAS:
descompensação de DM, elevação de pressão arterial. - Geralmente é crônica, persistindo mesmo após a
resolução da causa inicial, não tem função protetora.
EPIDEMIOLOGIA: - Caracterizada por hiperexcitabilidade neuronal.
A dor é reportada em 80% dos atendimentos na - Pode apresentar sintomas como queimação, choque,
atenção básica. É de grande importância epidemiológica disestesias, alodinia (dor causada por estímulos que
em muitas enfermidades como: lombalgias, enxaqueca, normalmente não seriam dolorosos), hiperestesias.
fibromialgia, artrites e dores músculo-esqueléticas, - Mediadores inflamatórios e inibitórios podem
tumores, traumas físicos, doenças oncológicas, doença influenciar a dor neuropática. Está envolvida, por
falciforme, entre outras. exemplo, na neuropatia diabética.
- É tratada de modo multifatorial, não apenas com
AINES e Opioides. Não é facilmente tratada com
TIPOS DE DOR analgésicos convencionais.
O tratamento da dor deve ser individualizado e baseado - A dor neuropática envolve alterações na excitabilidade
em etiologia específica, levando em consideração o tipo neuronal e na sinalização de neurotransmissores.
de dor, a presença de inflamação, a natureza aguda ou
crônica e os fatores psicossociais associados. OBSERVAÇÃO:
- Fármacos que inibem a recaptação da noradrenalina
DOR NOCICEPTIVA: A dor nociceptiva é somática (que podem ser analgésicos eficazes na dor neuropática.
se origina da pele, dos ossos, das articulações, dos - Anticonvulsivantes como a carbamazepina e a
músculos ou do tecido conectivo) ou visceral (que surge lamotrigina podem ser úteis no tratamento da dor
a partir de órgãos internos, como intestino grosso). neuropática, provavelmente estabilizando as
membranas neuronais e inibindo a liberação de
ETIOLOGIA: Resulta da ativação de nociceptores devido neurotransmissores excitatórios, enquanto a
a estímulos térmicos, mecânicos ou químicos gabapentina e a pregabalina aumentam os níveis do
potencialmente prejudiciais aos tecidos. A partir de um neurotransmissor inibitório ácido gama-aminobutírico
estímulo nóxico há a dor somática e quando estímulo é (GABA).
retirado a dor é resolvida.
DOR AGUDA X CRÔNICA:
CARACTERÍSTICAS: DOR AGUDA:
- Tem uma função protetora, alertando o organismo - Geralmente tem uma causa identificável e remissão
sobre possíveis danos. após a retirada do estímulo nocivo.
- Há envolvimento do sistema de defesa e inflamação. - Desencadeia respostas fisiológicas de proteção, como
- Exemplos incluem lesões causadas, queimaduras, taquipneia, taquicardia, liberação de adrenalina, palidez,
inflamação, traumas procedimentos cirúrgicos. sudorese e dilatação da pupila.
- A dor nociceptiva envolve a ativação de nociceptores e
a resposta do sistema de defesa e inflamação. DOR CRÔNICA:
- Persiste por longos períodos, muitas vezes sem uma
OBSERVAÇÃO: A dor lombar aguda é muito comum e função protetora identificável.
raramente está associada a patologia grave da coluna - Pode ter consequências sociais, psicológicas e afetar
vertebral. A associação de um AINE com um relaxante significativamente as atividades diárias e o sono.
Fernando Figueiredo Luine Marie 2
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A liberação de bradicininas, prostaglandinas,


SINAIS E SINTOMAS DA DOR
histamina, interleucinas, fator de necrose tumoral-α
Os pacientes podem sentir uma angústia visível ou (TNF-α), serotonina e substância P pode sensibilizar
podem não exibir nenhum sofrimento perceptível. e/ou ativar os nociceptores.

SINTOMAS DA DOR: O tálamo pode atuar como estação de retransmissão e


A DOR AGUDA pode ser pontual ou surda, em transmitir os impulsos para estruturas centrais, em que
queimação, em choque, formigamento, fulgurante, o processamento da dor continua. Os neurônios do
irradiante, de intensidade flutuante e de localização Tálamo promovem a modulação do sinal (intensificação
variável, ocorrendoem uma relação temporal com um ou inibição do sinal)
estímulo nocivo evidente.
A ativação dos receptores desencadeia potenciais de
A DOR CRÔNICA pode se manifestar de modo ação por meio da despolarização e transdução de sinal
semelhante e, com frequência, ocorre sem nenhuma que se propagam a partir do local do estímulo nocivo até
relação temporal com um estímulo nocivo. Com o passar o corno dorsal da medula espinal, ascendendo, em
do tempo, a manifestação da dor crônica pode seguida, até os centros superiores.
modificar-se.
O sistema de opioides endógenos consiste em
SINAIS DA DOR: neurotransmissores (p. ex. encefalinas, dinorfinas e β-
A DOR AGUDA pode causar hipertensão, taquicardia,
endorfinas) e receptores (p. ex., μ, δ, κ), que são
sudorese, midríase e palidez e os resultados do
encontrados por todo o sistema nervoso central e
tratamento em geral são previsíveis.
sistema nervoso periférico (SNC e SNP). Os opioides
endógenos ligam-se aos receptores de opioides e
Na DOR CRÔNICA esses sinais raramente são
modulam a transmissão de impulsos dolorosos.
observados, com frequência existem condições
comórbidas, e os resultados do tratamento costumam
ser imprevisíveis.

FISIOPATOLOGIA DA DOR NOCICEPTIVA


A estimulação das terminações nervosas livres
(nociceptores) leva à sensação de dor. Esses receptores,
encontrados em estruturas tanto somáticas quanto
viscerais, são ativados por impulsos mecânicos, térmicos
e químicos.

IMAGEM: O neurônio inibitório da dor é indiretamente


ativado por opioides (exógenos ou endógenos), que
inibem um interneurônio inibitório (GABAérgico). Isso
resulta em aumento da inibição do processamento
nociceptivo no corno dorsal da medula espinal

Analgésicos periféricos que inibem a dor por meio da


inibição da transdução (processo periférico) são os AINES
e estão relacionados a liberação de substâncias
relacionados aos estímulos nóxico/nocivo.
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A propriedade analgésica dos opioides é mediada


TRATAMENTO DA DOR primariamente pelos receptores (mi), que modulam
respostas nociceptivas térmicas, mecânicas e químicas.
OBJETIVOS DO TRATAMENTO:
Os objetivos do tratamento envolvem diminuir ao Os receptores (kappa) no corno dorsal também
máximo a dor, melhorar ao máximo o funcionamento contribuem para a analgesia modulando a resposta à
dos órgãos afetados, e proporcionar conforto e nocicepção química e térmica.
qualidade de vida razoáveis com a menor dose
analgésica efetiva. As encefalinas interagem mais seletivamente com os
receptores (delta) na periferia.
Os indivíduos idosos e os jovens correm maior risco de
tratamento insuficiente da dor, devido às limitações de Os três receptores opioides são membros da família de
comunicação. receptores acoplados à proteína G e inibem a
adenililciclase. Eles também estão associados a canais
INTERVENÇÃO NÃO FARMACOLÓGICA: iônicos, aumentando o efluxo pós-sináptico de K+
Na dor crônica, as metas podem consistir em reabilitação (hiperpolarização) ou reduzindo o influxo pré-sináptico
e resolução dos problemas psicossociais. Estratégias de Ca2+, impedindo, assim, o disparo neuronal e a
envolvem: fisioterapia, terapia cognitiva liberação do transmissor.
comportamental, acupuntura, relaxamento, hipnose.

OPIÓIDES
O termo opioide descreve
todos os compostos que
atuam nos receptores de
opioides. O termo opiáceo
descreve especificamente
os alcaloides de ocorrência
natural: a morfina, a
codeína, a tubaína e a
papaverina.

MECANISMO DE AÇÃO:
A ação principal dos
opioides ocorre através da
ligação a receptores
opioides específicos no
APLICAÇÕES CLÍNICAS:
sistema nervoso central e
- Dor somática: osteoartrite, anemia falciforme, dor de
periférico, principalmente
coluna
os receptores μ (mi), δ
- Dores oncológicas
(delta) e κ (kappa). Deste
- Dor neuropática: neuropatia diabética
modo, inibem a
- Analgesia intratecal
transmissão da dor no
- Medicação pré-anestésica
corno dorsal da medula
- Sedação e analgesia (dolantina e proporfol apesar de
espinhal.
terem efeitos opioides, não são opioides)
- Anestesia regional
- Aplicação intratecal: Morfina, Fentanil, associados a
RECEPTORES OPIOIDES:
anestésico local.
Os efeitos mais importantes dos opioides são mediados
por três famílias de receptores, designadas comumente
OBS: O início de ação dos opioides orais é de cerca de 45
(mi), (kappa) e (delta). Cada família de receptores
minutos, e o efeito máximo costuma ser observado em
apresenta uma especificidade diferente para os
cerca de 1 a 2 horas.
fármacos com os quais ela se liga.
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OBS: Geralmente os Analgésicos e AINES são utilizados


CARACTERÍSTICAS DOS OPIOIDES
na escala de 0 à 5 de dor (dor fraca). Já para a
intensidade de 6 à 10 utiliza-se Opioides (para dor
intensa). OPIOIDES FRACOS:
CODEÍNA:
RECOMENDAÇÕES DE USO: - Codeína (Tylex) é um pró-fármaco e transforma-se em
Quando ocorre alergia a opioides, pode-se tentar com morfina no organismo.
cautela um opioide de uma classe estrutural diferente. - A codeína é um opioide de ocorrência natural que é um
Para esse propósito, a classe de agonistas-antagonistas analgésico fraco em comparação com a morfina.
mistos comporta-se de modo semelhante aos agonistas - Deve ser usada apenas para dor moderada.
tipo morfina. - A codeína é usada comumente com paracetamol para
combate da dor.
A administração de opioides diretamente no SNC (vias - Exibe boa atividade antitussígena em doses que não
epidural e intratecal/subaracnoidea) é comum para dor causam analgesia.
aguda, dor crônica não relacionada como câncer e dor do
câncer. Esses métodos exigem monitoramento OPIOIDES FORTES/POTENTES:
cuidadoso, devido a relatos de sedação profunda, MORFINA:
depressão respiratória, prurido, náuseas, vômitos, - Morfina tem o efeito de depressão miocárdica, e por
retenção urinária e hipotensão. isso está no protocolo do infarto (dor visceral). Contudo
AINES podem piorar o quadro de infarto por provocarem
A naloxona é usada para reverter a depressão vasoconstrição.
respiratória, porém pode ser necessário o uso de infusão - Morfina e codeína possuem propriedades
contínua. Deve-se monitorar a função respiratória antitussígenas.
durante 24 horas após uma dose única de morfina - A morfina causa depressão respiratória pela
intratecal ou epidural. dessensibilização ao dióxido de carbono dos neurônios
do centro respiratório.
EFEITOS ADVERSOS: - A morfina estimula diretamente a zona
- Depressão respiratória quimiorreceptora que causa êmese.
- Supressão da tosse - A morfina em dosagens baixas não tem efeito
- Comportamento agitado, tremor, reações disfóricas significativo na pressão arterial ou na frequência
- Náuseas e vômitos cardíaca. Com doses altas pode ocorrer hipotensão e
- Aumento da pressão intracraniana (PIC) bradicardia.
- Constipação - A morfina libera histamina dos mastócitos, causando
- Retenção urinária urticária, sudoração e vasodilatação. Como pode causar
- Urticária (mais frequente com adm. parenteral) broncodilatação, a morfina deve ser usada com cautela
- Dependência física e psíquica em pacientes com asma.
- Euforia e Disforia - A morfina aumenta a liberação de hormônio do
crescimento e aumenta a secreção de prolactina. Ela
aumenta o hormônio antidiurético, causando retenção
urinária.

METADONA:
- Causa menos dependência psíquica quando comparada
aos outros opioides fortes e é utilizada para desmame de
outros opioides.
- A metadona é um opioide sintético, eficaz por via oral,
com potência equianalgésica variável comparada à da
morfina, e a conversão entre os dois fármacos não é
linear.
- A metadona causa menos euforia e tem duração de
ação um pouco mais longa.
- Tem eficácia no tratamento de dor nociceptiva e
neuropática.
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- A metadona pode produzir dependência física similar à


da morfina, mas causa menos neurotoxicidade, porque
não tem metabólitos ativos.
- A metadona pode prolongar o intervalo QT e deve ser
usada com cautela em pacientes com história pessoal ou
familiar de prolongamento do intervalo QT e naqueles
que usam outras medicações que podem prolongar esse
intervalo.

OXICODONA:
- O efeito analgésico oral é aproximadamente o dobro
da morfina.
- A oxicodona é biotransformada pelo sistema
enzimático CYP2D6 e CYP3A4 e excretada pelos rins.
- O abuso das preparações de liberação lenta (ingestão
dos comprimidos pulverizados) é associado a muitos
óbitos.
- É importante que as formas com maior dose desse
tipo de preparação sejam utilizadas apenas por
pacientes com tolerância a opioides.

REFERÊNCIAS
Barbara G. Wells et al. Manual de farmacoterapia. 9. ed.
Porto Alegre : AMGH, 2016. Capítulo 55.

Bertram G. Katzung; Anthony J. Trevor, PhD.


Farmacologia básica e clínica – 13. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2017. Capítulo 31.

Rang & Dale. Farmacologia. 8. ed. - Rio de Janeiro:


Elsevier, 2016. Capítulo 42.

Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. – Porto


Alegre : Artmed, 2016. Capítulo 14.

Aula ministrada pelo professor Antônio Anderson Freitas


Fernando Figueiredo Luine Marie 1
@prof.fernandofigueiredo @luinemarie

FARMACOTERAPIA DA RINITE ALÉRGICA


INTRODUÇÃO CLASSIFICAÇÃO / ETIOLOGIA
De modo geral, a asma e a rinite alérgica são doenças CLASSIFICAÇÃO DA RINITE:
inflamatórias crônicas do tecido nasal (rinite) e do RINITE PERENE: Há sintomas mais longos /permanentes
tecido pulmonar (asma) com padrão variado de - Caracterize-se por sintomas persistentes ao longo do
sintomas em decorrência da intensidade e da ano.
frequência da resposta inflamatória. Ambas têm - Pode estar associado a alérgenos perenes, como
componente agudo (relacionada a liberação da ácaros, mofo, pelos de animais de estimação, e outros
histamina) e crônico (relacionada aos leucotrienos que irritantes ambientais constantes.
geram hipersensibilizarão tecidual). - Os sintomas podem ser periódicos e persistentes,
independentemente da estação do ano.
O QUE É A RINITE ALÉRGICA? A rinite alérgica refere-se
à inflamação das mucosas nasais em indivíduos RINITE SAZONAL: Há relação a alérgenos específicos e
sensibilizados, quando partículas alergênicas inaladas não possui sintomas permanentes.
entram em contato com as mucosas e desencadeiam - Caracteriza-se por sintomas que se manifestam em
uma resposta mediada por imunoglobulina E (IgE). épocas específicas do ano, geralmente associados a
alérgenos sazonais, como pólen de árvores, gramíneas
O QUE É A ASMA? Define-se asma como uma desordem ou plantas.
inflamatória crônica das vias aéreas mediadas por - Os sintomas são mais evidentes durante períodos
várias células ou elementos celulares localizados no específicos do ano, dependendo da exposição aos
tecido pulmonar. alérgenos.

É uma doença crônica das vias aéreas que pode causar: CLASSIFICAÇÃO DA ASMA:
Chiado, Falta de ar, aperto no peito, tosse noturna ou ASMA EXÓGENA: Está relaciona a resposta a alérgenos.
matinal. Os episódios geralmente estão associados a - Relaciona-se principalmente à resposta a alérgenos
obstrução generalizada, mas variável, do fluxo aéreo externos, como pólen, ácaros, pelos de animais e mofo.
dentro do pulmão, que muitas vezes é reversível - As vias aéreas são hipersensíveis a esses alérgenos,
espontaneamente ou com tratamento. desencadeando episódios de broncoconstrição e
inflamação.
- Pode incluir sintomas como tosse, chiado no peito, falta
EPIDEMIOLOGIA de ar e abertura no peito.

EPIDEMIOLOGIA: ASMA ENDÓGENA: Está relacionada a resposta a


A rinite alérgica é uma das enfermidades de maior atividade física, ao estresse e ao frio.
prevalência em todas as idades (10 a 30% da população
mundial). FATORES DE RISCO
Em 2021, SUS registrou 1,3 milhão de atendimentos a A rinite tem uma forte relação com os alérgenos
pacientes com asma na Atenção Primária à Saúde. (resposta mediana a exposição aos alérgenos), sendo a
melhor estratégia evitar a exposição ao alérgeno. Já na
A asma é um dos problemas de saúde respiratória mais asma tem outros fatores desencadeantes como
recorrentes no Brasil. Estima-se que 23,2% da população exposição ao frio, estresse e exercício físico.
viva com a doença. Já a rinite alérgica tem prevalência de
aproximadamente 17% no BR. A rinite é um fator de risco para as enfermidades do TRS.

Rinite alérgica e Asma estão associadas a fatores de Quanto maior a produção de IgE, maor a chance do
risco como: genética, atopia (IgE) e condições desenvolvimento de doenças inflamatórios como a asma
ambientais como poluição do ar. e a rinite alérgica.
Fernando Figueiredo Luine Marie 2
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FISIOPATOLOGIA DA ASMA:
FISIOPATOLOGIA A desgranulação dos mastócitos leva à liberação de
mediadores, como a histamina, fatores quimiotáticos de
FISIOPATOLOGIA DA RINITE ALÉRGICA: eosinófilos e neutrófilos, leucotrienos C4, D4 e E4;
1) SENSIBILIZAÇÃO INICIAL: Alérgenos propagados pelo prostaglandinas e fator de ativação das plaquetas (FAP).
ar entram pelo nariz durante a inspiração e são
processados por linfócitos, os quais produzem IgE A histamina pode induzir constrição da musculatura lisa
específica contra esses antígenos, sensibilizando os e broncospasmo e pode contribuir para o edema da
hospedeiros geneticamente predispostos a esses mucosa e a secreção de muco.
agentes. A exposição aos antígenos pode gerar
produção de IgE em algumas pessoas (depende do Os leucotrienos C4, D4 e E4 são liberados durante os
indivíduo). processos inflamatórios nos pulmões e provocam
broncospasmo, secreção de muco, permeabilidade
2) SEGUNDA EXPOSIÇÃO E LIGAÇÃO CRUZADA: Por microvascular e edema das vias respiratórias.
ocasião de nova exposição nasal, a IgE ligada aos
mastócitos interage com os alérgenos propagados pelo A musculatura lisa das vias
ar, desencadeando a liberação de mediadores respiratórias contém
inflamatórios. Na segunda exposição há geração de um receptores β2-adrenérgicos
IgE específico que a partir da ligação cruzada entre não inervados que
mastócito e IgE promovem a liberação de mediadores produzem broncodilatação.
inflamatórios nos tecidos.
O sistema nervoso não
3) DESGRANULAÇÃO DE MÁSTÓCITOS: A ligação adrenérgico, não colinérgico
cruzada desencadeia a desgranulação dos mastócitos e na traqueia e nos brônquios
liberação de mediadores inflamatórios. Ocorre uma pode amplificar a
reação imediata em questão de segundos a minutos, inflamação por meio da
resultando na liberação rápida de mediadores pré- liberação de óxido nítrico.
formados e recém produzidos a partir da cascata do
ácido araquidônico. ESTÍMULO SIMPÁTICO E PARASSIMPÁTICO:
As vias respiratórias são inervadas por nervos
4) LIBERAÇÃO DE MED. INFAMATÓRIOS - AGUDOS: parassimpáticos, simpáticos e não inibitórios
Os efeitos dos mediadores inflamatórios podem ser adrenérgicos. A estimulação simpática promove
agudos a partir da liberação de histamina, broncodilatação e abertura das vias aéreas, relaxando a
prostaglandina e acetilcolina. musculatura lisa e alivia alguns dos sintomas. A
estimulação parassimpática provoca broncoconstrição e
HISTAMINA: Causa vasodilatação, aumento da fechamento das vias aéreas.
permeabilidade vascular e edema. Contribui para a
rinorreia, espirros, prurido e obstrução nasal. Na rinite Na asma, há uma hiper-responsividade brônquica,
há liberação da histamina então a classe terapêutica dos levando a episódios de broncoconstrição, inflamação e
anti-histamínico são os principais utilizados. produção excessiva de muco. Durante um ataque de
asma, o sistema nervoso simpático é ativado para
5) LIBERAÇÃO DE MED. INFAMATÓRIOS – CRÔNICOS: promover a broncodilatação e aliviar os sintomas.
Já a os efeitos crônicos são gerados a partir da liberação
de leucotrienos e citocinas. Pode-se observar uma É por isso que os medicamentos broncodilatadores,
reação tardia dentro de 4 a 8 horas após a exposição como os agonistas beta-2 adrenérgicos (como o
inicial ao alérgeno devido à liberação de citocinas pelos salbutamol), que estimulam os receptores beta-2
mastócitos e linfócitos auxiliares derivados do timo. Essa adrenérgicos, são frequentemente usados no
resposta inflamatória provoca sintomas crônicos tratamento de crises agudas de asma. Esses
persistentes, incluindo congestão nasal. medicamentos mimetizam os efeitos do sistema nervoso
simpático, promovendo a abertura dos brônquios e
LEUCOTRIENOS: Contribuem para efeitos climáticos da facilitando a respiração.
resposta alérgica e promovem sintomas prolongados e
persistentes.
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No SN parassimpático, os antagonistas muscarínicos, ASMA: Broncoconstrição; dispneia; tosse; sibilo e


também conhecidos como agentes anticolinérgicos, são tensão torácica. Os sintomas podem aparecer
broncodilatadores usados para aliviar a dispneia e espontaneamente, ao contato com um alérgeno ou na
melhorar a tolerância ao exercício. Os antagonistas realização de exercícios. Na asma aguda há
muscarínicos inalados interromperam a broncoconstrição e aumento da produção de muco, por
broncoconstrição e promovem broncodilatação. isso utiliza-se medicamentos broncodilatadores como
O brometo de ipratrópio é um fármaco que bloqueia primeira escolha.
todos os três receptores muscarínicos, e outros
antagonistas muscarínicos de ação prolongada
bloqueiam predominantemente os receptores M1 e M3 CRISE ASMÁTICA: Para reversão da crise asmática são
utilizadas principalmente o Salbutamol (Beta-2-
Agonsitas Adrenérgico) por ter meia vida curta e
DIAGNÓSTICO estimular os receptores beta-2 adrenérgicos nos
músculos brônquicos, promovendo a broncodilatação e
DIAGNÓSTICO DA RINITE ALÉRGICA: aliviando a constrição das vias aéreas.
Teste de hipersensibilidade na pele é comumente
utilizado para o diagnóstico de rinite alérgica. OBS: A adição de um anticolinérgico como o Ipratrópio
pode ser considerada em casos de crise asmática grave
Teste alérgico pode ajudar a determinar se a rinite é ou quando a resposta ao tratamento padrão não for
causada por uma resposta alérgica a um alérgeno adequada a fim de potencializar o efeito
específico. broncodilatador. O Ipratrópio bloqueia os receptores
colinérgicos, resultando em broncodilatação e redução
A rinite alérgica é diferenciada de outras classes de rinite da produção de muco.
(inflamação da mucosa nasal), através da avaliação da
história completa do paciente (descrição cuidadosa dos OBS: A administração do salbutamol por via inalatória é
sintomas, fatores ambientais e exposições, presença de preferida para que promova a broncoseletividade a fim
outros problemas médicos). de minimizar os efeitos adversos sistêmicos, como
taquicardia, enquanto maximiza os efeitos
DIAGNÓSTICO DA ASMA: broncodilatadores no nível pulmonar. Isso ocorre porque
O diagnóstico de asma é feito principalmente por uma a administração inalatória permite que o medicamento
história de periódicos episódios de tosse, falta de ar, atue diretamente nas vias aéreas, quando necessário,
brevidade na respiração, cansaço, tensão no tórax, e resultando em uma ação mais específica e uma redução
confirmada por espirometria. na absorção sistêmica.

Existe grande relação com histórico familiar da doença e SINTOMAS CRÔNICOS (LIBERAÇÃO DE LEUCOTRIENOS):
a presença prévia de rinite alérgica. Utiliza-se o exame RINITE: Há a remodelagem do tecido nasal.
de espirometria para verificar mudanças no padrão da
expiração. Na Rinite Crônica há preferência para utilização de
corticoide tópico e antagonistas dos leucotrienos.
IMPORTANTE!
SINAIS E SINTOMAS (+) CONDUTA ASMA: Há remodelagem do tecido pulmonar.

Acima de 4 crises semanais de asma, pode-se


SINTOMAS AGUDOS (LIBERAÇÃO DE HISTAMINA):
considerar a abordagem crônica para tratamento.
RINITE: Rinorréia clara/translúcida; Vermelhidão (nariz e
olhos), Espirros, Congestão nasal.
Na Asma Crônica há preferência de Corticoide
Inalatório (aerosol via bomba de inalação),
Na Rinite aguda há preferência como primeira escolha
Antagonistas dos Leucotrienos e Anti-IgE
dos anti-histamínico. A combinação de anti-histamínicos
(imunobiológico que bloqueia os anticorpos IgE).
com descongestionantes é eficaz quando a congestão é
uma característica da rinite.
OBS: A utilização de beta-2-agonista adrenérgico de ação
prolongada devido a meia vida longa como o Salmeterol
OBS: Na gripe por infecção viral geralmente não há
pode ajudar na redução de dose do corticoide.
sensação de queimação e ardor nasal, já na rinite
geralmente há essa sensação.
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OBS: A combinação de um beta-2-agonista adrenérgico, - Atravessam a BHE (bloqueia a ação da histamina no


como o salbutamol, com um corticóide inalado é muitas SNC), assim, podem gerar sono, cefaleia e irritabilidade
vezes chamada de terapia de combinação. Essa (alteração no humor)
abordagem fornece alívio rápido dos sintomas agudos e - Promovem Sonolência. O efeito sedativo pode
controle da inflamação a longo prazo. depender da capacidade de atravessar a barreira
hematoencefálica. Os anti-histamínicos mais antigos são,
OBS: Na asma relacionada ao uso de AINES o paciente em sua maioria, lipossolúveis e atravessam facilmente
responde bem aos antagonistas dos leucotrienos. essa barreira.
- Possuem Efeito Anticolinérgico (antagonizam os
receptores da acetilcolina). Por isso podem gerar boca
COMPLICAÇÕES seca, constipação e etc.
RINITE: Rinite alérgica não tratada pode levar a
dificuldade em dormir (alteração no padrão de sono), REPRESENTANTES DE SEGUNDA GERAÇÃO
cansaço crônico, diminuição dos rendimentos na escola (PERIFÉRICOS OU NÃO SEDATIVOS): Fexofenadina
e no trabalho. (allegra); Loratadina e Desloratadina.

Há aumento da propensão a Otite Média (Infecção do - Não atravessam a BHE e por isso não promove sono.
Ouvido Médio) congestão provoca entrada de líquidos - Não Promovem Sonolência Os agentes seletivos
no ouvido médio. Também é passível de problemas periféricos exercem pouco ou nenhum efeito sobre o
ortodônticos em decorrência da respiração pela boca sistema nervoso central (SNC) ou autônomo.
- Não Possuem Efeito Anticolinérgico.
ASMA: A asma não responsiva a broncodilatadores há
eminência de morte. MECANISMO DE AÇÃO:
PRIMEIRA GERAÇÃO: São antagonistas dos receptores
TRATAMENTO DA RINITE H1 da histamina e da acetilcolina.

Os anti-histamínicos (antagonistas H1 da histamina) são


OBJETIVO DO TRATAMENTO: inibidores competitivos e reversíveis da histamina. Não
Minimizar ou prevenir sintomas, através da redução do apresenta ação imediata no alívio dos sintomas, são mais
contato com os alérgenos ou com a utilização de eficazes na prevenção dos sintomas.
medicamentos de menores custos e efeitos colaterais.
SEGUNDA GERAÇÃO: São antagonistas dos receptores
TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: H1 da histamina, mas não é antagonista da acetilcolina.
Evitar o contato com alérgenos é a base do tratamento Por isso não promovem efeito de ressecamento de
não farmacológico. A liberação de histamina ocorre mucosas/vias respiratórias.
devido a ligação cruzada entre antígeno, IgE e
mastócitos. Com isso, a melhor estratégia não Não apresentam ações no SNC, visto que, não
farmacológica é evitar as alérgenos causadores da atravessam a barreira hematoencefálica e não
liberação de histamina. apresentam efeitos anticolinérgicos

Limpar a poeira e manter a umidade doméstica abaixo INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:


de 50% (principalmente dos quartos) Os anti-histamínicos são úteis no manejo dos sintomas
de rinite alérgica causada pela liberação de histamina
Utilizar desinfetantes para retirada de microorganismos (espirros, rinorreia aquosa e prurido nasal e ocular).
Contudo, eles são mais eficazes na prevenção dos
Evitar o contato com animais domésticos sintomas do que no tratamento após o aparecimento
dos sintomas.
ANTI-HISTAMÍNICOS
Os anti-histamínicos de primeira geração, geralmente
não são preferidos por causa dos efeitos adversos, como
REPRESENTANTES DE PRIMEIRA GERAÇÃO (NÃO sedação, limitações na performance e outros efeitos
SELETIVOS OU SEDATIVOS): Dexclofeniramina anticolinérgicos.
(polaramine) e Dimenidrinato (Dramin)
Fernando Figueiredo Luine Marie 5
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OBS: O efeito anticolinérgico da AcH dos fármacos de reduzem a resistência das vias aéreas. A oximetazolina
primeira geração é muito utilizada para rinite alérgica. com ação mais longa também está disponível.
Já para as alergias de pele são mais utilizados os de
segunda geração pois não necessitam do efeito MECANISMO DE AÇÃO: São agonistas alfa-
anticolinérgico. adrenérgicos. Descongestionantes tópicos e sistêmicos
são agentes simpaticomiméticos que agem em
OBSERVAÇÃO: Anti-histamínicos não são eficazes para receptores adrenérgicos na mucosa nasal produzindo
asma e são utilizados para o tratamento inicial da rinite vasoconstrição, diminuição de edema, melhora na
alérgica. ventilação.
EFEITOS ADVERSOS - PRIMEIRA GERAÇÃO:
O efeito colateral mais frequente consiste em INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:
sonolência, que pode interferir na capacidade de dirigir Podem ser utilizados em combinação com os ani-
ou no desempenho adequado do indivíduo. Os efeitos histamínicos quando a congestão nasal faz parte do
sedativos podem ser benéficos em pacientes que quadro clínico
apresentam dificuldades para dormir devido aos
sintomas de rinite. Descongestionantes tópicos podem ser utilizados na
forma de gotas ou spray com ação local e baixa absorção.
Podem ocorrer efeitos anticolinérgicos adversos, como
boca seca, dificuldade de urinar, constipação intestinal Os descongestionantes atuam de modo adequado em
e efeitos cardiovasculares associação com anti-histamínicos quando a congestão
nasal faz parte do quadro clínico.
Os anti-histamínicos devem ser usados com cautela em
pacientes com predisposição à retenção urinária, bem RECOMENDAÇÕES DE USO:
como naqueles com aumento da pressão intraocular, Esses produtos só devem ser usados quando for
hipertireoidismo e doença cardiovascular. estritamente necessário (hora de dormir) em pequenas
doses com a menor frequência possível. O tratamento
Outros efeitos colaterais incluem perda do apetite, deve durar no máximo entre 3 à 5 dias pois pode
náuseas, vômitos e desconforto epigástrico. Os efeitos provocar rinite medicamentosa e congestão por rebote.
colaterais gastrintestinais (GI) podem ser evitados ao
tomar o medicamento nas refeições ou com um copo Quando administrados como aerossol, esses fármacos
cheio de água. apresentam um início de ação rápido e poucos efeitos
sistêmicos. Infelizmente, as formulações intranasais de
agonistas alfa-adrenérgicos não devem ser usadas por
DESCONGESTIONANTES TÓPICOS
mais de 3 dias, pelo risco de congestão nasal de rebote
(rinite medicamentosa). Por essa razão, os alfa-
REPRESENTANTES: Fenilefrina, Nafazolina, adrenérgicos não são indicados no tratamento da rinite
Tetrahidrozolina, Oximetazolina, Xilometazolina. alérgica de longa duração.

FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA:
Os descongestionantes tópicos são aplicados
diretamente à mucosa nasal edemaciada na forma de
gotas ou sprays.

Esses fármacos resultam em pouca ou nenhuma


absorção sistêmica.

EFEITOS ADVERSOS: Sensação de queimação, espirros e


ressecamento na mucosa nasal.

DESCONGESTIONANTES SISTÊMICOS
Os alfa-agonistas adrenérgicos de curta ação
(“descongestionantes nasais”), como a fenilefrina,
contraem as arteríolas dilatadas na mucosa nasal e REPRESENTANTES: Fenilefrina, Pseudoefedrina
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A administração de agonistas alfa-adrenérgicos por via sistêmica é mínima, e os efeitos adversos do tratamento
oral resulta em duração de ação mais longa, mas intranasal dos corticosteroides é localizado.
também aumenta os efeitos sistêmicos.
Aliviam efetivamente os espirros a rinorréia, o prurido e
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: a congestão nasal com efeitos colaterais mínimos
O uso em combinação com os anti-histamínicos é
racional, uma vez que as duas classes agem em Reduzem a inflamação através da inibição da liberação
mecanismos de ação diferentes para a melhora do de mediadores, suprimindo a quimiotaxia de neutrófilos,
quadro clínico da rinite alérgica. a permeabilidade vascular. Além de reduzir a inflamação,
esses corticosteroides intranasais também podem inibir
Os pacientes devem ler cuidadosamente as bulas para a resposta imune local.
evitar duplicação terapêutica e devem usar esses
produtos de associação apenas por um curto período de ASMA: Os corticosteroides inalados constituem o
tempo. tratamento preferido para controle em longo prazo da
asma persistente devido à sua potência e eficiência
OBS: A fenilefrina substituiu a pseudoefedrina em consistente. É o único tratamento que demonstrou
muitos produtos de associação de anti-histamínicos reduzir o risco de morte por asma.
descongestionantes de venda livre devido às restrições
legais na venda da pseudoefedrina Como a inflamação inibe a ligação dos receptores
esteroides, o tratamento deve ser iniciado com doses
EFEITOS ADVERSOS: mais altas e mais frequentes e, em seguida, reduzido até
A Pseudoefedrina é um descongestionante oral que tem obter um controle.
efeito mais lento que os tópicos, no entanto a ação pode
durar por mais tempo e não apresenta efeitos adversos A resposta aos corticosteroides inalados é demorada; na
como ressecamento, sensação de queimação. maioria dos pacientes, os sintomas melhoram nas
primeiras duas semanas, com melhora máxima dentro
A pseudoefedrina não eleva a pressão arterial e doses de 4 a 8 semanas.
terapêuticas. Doses de até 180 mg não produzem
nenhuma mudança mensurável na pressão sanguínea, TERAPIA COMBINADA NA ASMA: A adição de um
no entanto doses superiores provocam aumento da segundo medicamento para controle em longo prazo à
frequência cardíaca e hipertensão. terapia com corticosteroides inalados constitui uma
opção recomendada no tratamento da asma persistente
Devem ser evitados em pacientes hipertensos. moderada grave.

Na atualidade, dispõe-se de produtos de combinação em


CORTICOSTEROIDES NASAIS um único inalador contendo propionato de fluticasona e
salmeterol ou budesonida e formoterol. Os inaladores
REPRESENTANTES: Beclometasona dipropionato, contêm doses variadas do corticosteroide inalado com
Budesonida, Fluticasona, Mometasona furoato, dose fixa do β2-agonista de ação longa.
triancinolona acetonida.
O acréscimo de um β2-agonista de ação longa
MECANISMO DE AÇÃO: possibilita uma redução de 50% na dose de
Inibem da fosfolipase A2, reduzindo a produção de corticosteroide inalado na maioria dos pacientes com
mediadores inflamatórios. Promovem a supressão da asma persistente. A terapia de combinação é mais
quimiotaxia de neutrófilos e da permeabilidade vascular. efetiva do que a monoterapia com corticosteroides
inalados em doses mais altas para reduzir as
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Tratam rinite crônica e exacerbações da asma em pacientes com asma
asma crônica. persistente.

RINITE ALÉRGICA: CORTICOSTEROIDE SISTÊMICOS:


Corticosteroides intranasais, são medicações eficazes Os corticosteroides sistêmicos estão indicados para
para tratamento da rinite alérgica. Eles melhoram todos os pacientes cuja asma aguda grave não responde
espirros, prurido, rinorreia e congestão nasal. A absorção por completo à administração inicial de agonistas β2
inalados
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Em pacientes que necessitam de corticosteroides noturnos e o uso de agonistas β2, além de melhorar os
sistêmicos crônicos para controlar a asma, deve-se sintomas. Todavia, são menos efetivos do que os
utilizar a menor dose possível. Os efeitos tóxicos podem corticosteroides
ser reduzidos com terapia em dias alternados ou com inalados em doses baixas.
corticosteroides inalados em altas doses.
Não são usados no tratamento das exacerbações
RECOMENDAÇÕES DE USO NA RINITE ALÉRGICA: agudas e precisam ser tomados de modo regular,
Para evitar a absorção sistêmica, os pacientes devem ser mesmo durante os períodos assintomáticos.
instruídos a não inalar profundamente quando
administrarem esses fármacos, porque o tecido-alvo Em poucos casos foram relatadas elevações das
está no nariz e não nos pulmões ou na garganta. concentrações séricas de aminotransferases e hepatite
clínica.
Para pacientes com rinite crônica, a melhora pode não
ser percebida antes de 1 à 2 semanas após iniciar o EFEITOS ADVERSOS:
tratamento. Dor de cabeça, tonturas, depressão, insônia.

EFEITOS ADVERSOS: Incluem irritação e sangramento


nasal, dor de garganta e raramente candidíase. TRATAMENTO DA ASMA
OBJETIVO DO TRATAMENTO:
- Direcionar o tratamento principalmente para a redução
BLOQ DO RECEP DOS LEUCOTRIENOS
da inflamação crônica do tecido pulmonar (prevenção),
não apenas o combate da broncoconstrição já
REPRESENTANTES: Montelucaste e Zafirlucaste estabelecida nas crises.

MECANISMO DE AÇÃO: - Reduzir os prejuízos pela prevenção dos sintomas


Ligam-se aos receptores de leucotrienos do tecido (tosse, falta de ar) durante o dia, a noite e após os
respiratório superior promovendo antagonismo. exercícios.

O zafirlucaste e o montelucaste são antagonistas dos -Manter a função pulmonar normal


receptores de leucotrienos administrados por via oral
que reduzem os efeitos pró-inflamatórios (aumento da - Permitir as atividades diárias como a prática de
permeabilidade microvascular e edema das vias esportes
respiratórias) e de broncoconstrição do leucotrieno D4.
- Reduzir os riscos de hospitalização
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:
RINITE ALÉRGICA: São utilizados como terapia TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: Evitar o contato
constante (crônica) dos pacientes com rinite alérgica. com os alérgenos assim como descrito na rinite alérgica.
Não são utilizados em crises agudas.
BETA-AGONISTAS DE AÇÃO CURTA
O montelucaste é um antagonista dos receptores de
(AEROSOL)
leucotrienos aprovado para o tratamento da rinite
alérgica persistente em crianças de apenas 6 meses de REPRESENTANTES: Albuterol, levalbuterol,
idade e para a rinite alérgica sazonal em crianças a partir metaproterenol, terbutalina, pirbuterol, salbutamol.
de 2 anos de idade. Mostra-se efetivo de forma isolada
ou em associação com um anti-histamínico.

O montelucaste não é mais efetivo do que os anti-


histamínicos e é menos efetivo do que os
corticosteroides intranasais; por conseguinte, é
considerado como terapia de terceira linha depois
desses fármacos.

ASMA: Na asma persistente, ambos melhoram as


provas de função pulmonar, diminuem os despertares
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MECANISMO DE AÇÃO: MECANISMO DE AÇÃO:


O salbutamol e outros agonistas β2 seletivos de ação O formoterol e o Salmeterol são agonistas β2 de ação
curta estão indicados para episódios intermitentes de longa indicados como adjuvantes para o controle em
broncospasmo e constituem o tratamento de escolha longo prazo de pacientes com sintomas que já fazem
para a asma aguda grave. uso de doses baixas a médias de corticosteroides
inalados antes de passar para corticosteroides inalados
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: de dose média a alta.
São utilizados para alívio imediato da doença, no
entanto se os sintomas se tornarem persistentes, o INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:
paciente deve implementar uma terapia anti- Os agonistas β2 de ação curta devem ser continuados
inflamatória em conjunto. para as exacerbações agudas. Os agentes de ação longa
não são efetivos para asma aguda grave, visto que
Os agonistas β2 de ação curta são os broncodilatadores podem ser necessários 20 minutos para o início e 1 a 4
mais efetivos. A administração por aerossol aumenta a horas para obter uma broncodilatação máxima.
broncosseletividade e possibilita resposta mais rápida e
maior proteção contra fatores desencadeantes (p. ex., Provocam broncodilatação persistente por mais de 12
exercício, exposição a alérgenos), em comparação com a horas. Não são utilizados no alívio imediato da
administração sistêmica. broncoconstrição

RECOMENDAÇÕES DE USO: RECOMENDAÇÕES DE USO:


A necessidade do uso 4 ou mais doses de beta-2 agonista Quando a monoterapia com corticoesteróides falha no
de ação curta em uma semana, para alívio dos sintomas tratamento da asma crônica, deve-se ao invés de
agudos da doença é motivo para implementação da aumentar a dose do glicocorticóide, associar um BETA-
terapia anti-inflamatória. 2-AGONISTA DE AÇÃO PROLONGADA

São utilizadas em reversão de crises asmáticas agudas,


principalmente o salbutamol por ter meia vida curta. BETA-2-AGONISTAS (VIA ORAL)

São usados no tratamento imediato do broncoespasmo


por inalação. REPRESENTANTES: salbutamol, albuterol,
metaproterenol.
OBSERVAÇÕES:
A atividade beta-2 agonista resulta em relaxamento do INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS:
músculo liso e estabilização dos mastócitos. Apesar da seletividade pelos receptores Beta 2, a
utilização oral destes medicamentos aumenta os riscos
A administração em aerossol aumenta a BRONCO de efeitos adversos (maior probabilidade de interação
SELETIVIDADE (ação localizada no tecido pulmonar, com com receptores beta 1 e beta 2 de outros tecidos).
efeitos adversos sistêmicos reduzidos) e permite uma
resposta mais rápida em situações como contato com os São indicados apenas para crianças que não sabem
alérgenos e prática de exercícios manipular os inaladores dosimetrados.

Na asma aguda grave, recomenda-se a nebulização EFEITOS ADVERSOS: Taquicardia, tremores, câimbras.
contínua de agonistas β2 de ação curta (p. ex.,
salbutamol) para pacientes que apresentam uma TEOFILINA
resposta insatisfatória depois de três doses (a cada 20
min) de agonistas β2 aerossolizados.
MECANISMO DE AÇÃO:
A teofilina parece produzir broncodilatação por meio de
BETA-2-AGONISTAS DE AÇÃO inibição não seletiva da fosfodiesterase.
PROLONGADA (AEROSOL)
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: A teofilina é um
REPRESENTANTES: broncodilatador que promove alívio na obstrução das
Xinofoato de Salmeterol, Formoterol. vias aéreas na asma crônica e diminui seus sintomas. Ela
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também possui atividade anti-inflamatória, embora o bloqueiam, a asma induzida por alérgenos ou exercício
mecanismo seja obscuro. de modo dose-dependente.

RECOMENDAÇÕES DE USO: Os efeitos adversos, como xerostomia e gosto amargo,


A teofilina é biotransformada no fígado e é substrato de são relacionados com os efeitos anticolinérgicos locais.
CYP1A2 e CYP3A4. Tem numerosas interações
medicamentosas. Deve ser feita monitoração da
OMALIZUMABE
concentração sérica quando a teofilina é usada
cronicamente. O omalizumabe é um anticorpo anti-IgE aprovado para
o tratamento da asma alérgica que não é
FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA: adequadamente controlada por corticosteroides orais
A teofilina é eliminada principalmente pelo metabolismo ou inalados.
por meio das enzimas hepáticas do CYP P450
(principalmente CYP1A2 e CYP3A4), e 10% ou menos são A dose é determinada pelo nível sérico total de IgE
excretados de modo inalterado na urina. (unidades internacionais/mL) e pelo peso corporal (kg).

As enzimas do CYP P450 são suscetíveis à indução e Em virtude de seu alto custo, o omalizumabe está
inibição por fatores ambientais e fármacos. Podem apenas indicado para cuidados nas etapas 5 ou 6 de
ocorrer reduções significativas do clearance em pacientes com alergias e asma grave persistente, as
consequência do tratamento concomitante com quais são inadequadamente controladas com associação
cimetidina, eritromicina, claritromicina, alopurinol, de corticosteroides inalados em altas doses e β2-
propranolol, ciprofloxacino, interferon, ticlopidina, agonistas de ação longa e correm risco de sofrer
zileutona e outros fármacos. Algumas substâncias que exacerbações graves.
aumentam o clearance incluem rifampicina,
carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, Por causa da incidência de 0,2% de anafilaxia, é
necessário observar os pacientes por um período de
EFEITOS ADVERSOS: tempo razoável após a injeção, visto que 70% das
Dosagens excessivas podem causar convulsões ou reações ocorrem dentro de 2 horas. Foram observadas
arritmias potencialmente fatais. algumas reações dentro de até 24 horas após a injeção.

BROMETO DE IPRATRÓPIO REFERÊNCIAS


Barbara G. Wells et al. Manual de farmacoterapia. 9. ed.
RINITE ALÉRGICA: O brometo de ipratrópio em spray Porto Alegre : AMGH, 2016. Capítulo 76 e Capítulo 77.
nasal é um agente anticolinérgico útil na RINITE
ALÉRGICA PERSISTENTE. Possui propriedades Bertram G. Katzung; Anthony J. Trevor, PhD.
antissecretoras quando aplicado localmente e Farmacologia básica e clínica – 13. ed. Porto Alegre:
proporciona alívio sintomático da rinorreia. Os efeitos AMGH, 2017. Capítulo 20.
adversos são leves e consistem em cefaleia, epistaxe e
ressecamento nasal. Rang & Dale. Farmacologia. 8. ed. - Rio de Janeiro :
Elsevier, 2016. Capítulo 28.
ASMA: O brometo de ipratróprio inalado está apenas
indicado para tratamento adjuvante da ASMA AGUDA Whalen, Karen. Farmacologia ilustrada. 6. ed. – Porto
GRAVE que não responde totalmente à monoterapia Alegre : Artmed, 2016. Capítulo 29.
com agonistas β2, visto que não melhora os resultados
na asma crônica. Existem estudos em andamento sobre Aula ministrada pelo professor Antônio Anderson Freitas
o brometo de tiotrópio na asma

O brometo ipratrópio e o brometo de tiotrópio


produzem broncodilatação apenas na broncoconstrição
mediada por via colinérgica. Os anticolinérgicos são
broncodilatadores efetivos, porém não tão efetivos
quanto os agonistas β2. Eles atenuam, mas não

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