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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINOVAFAPI

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA

HONOIZA RAVENNA DE ARAUJO PINHEIRO

AMAMENTAÇÃO

TERESINA
2021
1. Quais os estímulos necessários para uma amamentação eficaz?

Olhando bem de perto os benefícios que o aleitamento materno traz


para a criança, destaca-se a importância de amamentar de maneira exclusiva
até os seis meses de vida e de mantê-la até os dois anos de idade. Antes de
entrar no assunto amamentação e cavidade oral propriamente dita, gostaria de
apresentar a importância da sucção para o recém-nascido e o que ela
representa para ele. O bebê realiza seus primeiros contatos com o mundo
exterior por meio da sucção no seio materno. Este é um momento mágico, pois
o bebê é estimulado ao ouvir a voz da mãe, sentir seu carinho, seu cheiro, seu
toque, seu olhar. O ato de sugar o seio materno, além de fornecer o alimento
necessário e de estimulá-lo, o ajuda a liberar suas tensões, pois são
produzidas endorfinas que trazem sensações de conforto, relaxamento e
prazer. Essas endorfinas produzidas pelos bebês são semelhantes àquelas
produzidas pelo adulto após a prática de alguma atividade física. (MINISTERIO
DA SAUDE, 2011).
Os estímulos (tátil-cinestésicos, térmicos, olfativos, visuais, auditivos e
motores) gerados durante a amamentação favorecem também o
desenvolvimento da maturação neuromuscular e das funções orais mais
complexas, como a mastigação, a fala e a respiração nasal. A amamentação é
um exercício completo para o desenvolvimento da musculatura oral e facial. A
interação mãe-bebê durante a amamentação e as experiências interativas
decorrentes dessa relação são de grande importância para estimular e
favorecer o desenvolvimento do córtex cerebral responsável pelas emoções e
pela comunicação social, assim como o desenvolvimento neuropsicomotor
(sentar, engatinhar e andar) e de funções vitais como a visão, a audição e a
linguagem. (GIUGLIANI,2004)

2. Quais as contraindicações para amamentação?

Apesar de todas as vantagens oferecidas pela prática do aleitamento


materno, algumas vezes esta conduta não pode ser adotada como a melhor
opção para a mãe e criança, sendo necessária a supressão da lactogênese ou
até impedir que ela se inicie. São raras as situações, tanto maternas quanto
neonatais, que contraindicam a amamentação. Todas elas convergem para um
mesmo objetivo: prevenir a instalação de doenças incuráveis causadoras de
uma existência limitada, sofrida e/ou morte prematura da criança. Em
determinadas situações, o leite materno pode causar danos à saúde infantil e
materna, transmitindo substâncias prejudiciais até mesmo levando a morte,
como é o caso da transmissão vertical do HIV da mãe para o filho. Há
situações em que a criança é portadora de condições congênitas, para as quais
o leite materno, pela sua composição, pode trazer graves prejuízos à saúde do
lactente, como é o caso dos portadores de galactosemia, fenilcetonúria entre
outros, para as quais o aleitamento materno deverá ser total ou parcialmente
contraindicado. (DEL CIAMPO et al, 2003)
     Indicações Maternas: Câncer de mama que foi tratado ou está em
tratamento, mulheres portadoras do vírus HIV, com distúrbios da consciência
ou comportamento grave, usuárias de drogas como cocaína, heroína e
maconha, quimioterapia oncológica, mulheres submetidas a radiofármacos e
recusa da mãe em amamentar. As drogas como maconha, LSD, heroína,
cocaína, ópio, entre outras, passam ao leite da mãe e podem prejudicar o
bebê. Elas também mudam o comportamento da mãe, que se torna menos
receptiva às necessidades do seu bebê. (LAMONIER et al, 2004)
        A presença do vírus da imunodeficiência humana (HIV) no leite
materno e sua passagem por essa via ao lactente foram detectadas pela
primeira vez em 1985, na Austrália, e comprovada por diversos pesquisadores
até o momento. No Brasil, a amamentação dos recém-nascidos por mães
HIV+ será sempre contraindicada tenham ou não recebido antitoxinas. A taxa
de transmissão vertical do HIV, sem qualquer intervenção, situa-se em torno de
15 a 20%. No Brasil a recomendação é de que mães HIV + não amamentem
seus filhos, nem doem leite para Bancos de Leite Humano (BLH); contraindica-
se também o aleitamento materno cruzado (aleitamento por outra mulher),
orienta-se a inibição da lactação e disponibiliza-se gratuitamente a fórmula
infantil durante os seis primeiros meses de vida de crianças expostas.
(TRAEBER et al, 2000)
         O HTLV é um vírus da família dos retrovírus, a mesma do HIV.
São vírus linfotrópicos de células humanas T1 e T2, denominados de HTLV I e
HTLV II. O vírus do tipo I causa principalmente uma modalidade rara de
leucemia, mielite e infecção ocular que pode levar à cegueira. HTLV II não está
associado a doença .Podem ser transmitidos pelo sangue, agulhas
contaminadas, relações sexuais e de mãe para filho por meio do aleitamento
materno. (LAMONIER et al, 2004).
         Nas infecções maternas por hepatite C (HCV) a amamentação é
decidida em conjunto com a mãe; é contraindicada em casos de carga viral
elevada ou lesões mamilares sangrantes. Nas infecções maternas por hepatite
B (HBV) é possível amamentar, desde que sejam aplicadas a vacina anti-
hepatite B e a imunoglobulina específica. Nas lesões por herpes simples e
herpes zoster, o bebê pode mamar, mesmo que a mãe tenha infecção ativa,
mas com ausência de lesões herpéticas nas mamas; na sua presença deve-se
interromper a amamentação até que a lesão desapareça. (LAMONIER et al,
2004).
         Com relação às drogas radioativas usadas em estudos
diagnósticos, estas requerem suspensão temporária, conforme seu tempo de
excreção: alguns compostos radioativos estão presentes no leite humano por
períodos conhecidos, tais como gálio 67, duas semanas; iodo 125, 12 dias;
iodo 131, dois a 14 dias (dependendo da dose empregada); sódio radioativo,
96 horas e tecnécio 99m, 15 horas a 3 dias.
         Para mães com tuberculose, as recomendações para
amamentação dependem da época em que foi feito o diagnóstico da doença.
Segundo a OMS, não há necessidade de separar a mãe da criança e, em
circunstância alguma, a lactação deve ser impedida. Segundo a Academia
Americana de Pediatria, recém-nascido de mãe com tuberculose pulmonar em
fase contagiante ou bacilífera, sem tratamento ou com menos de três semanas
de tuberculostáticos no momento do parto, deve ser separado da mãe, mas
alimentado com o leite humano ordenhado, uma vez que a transmissão
geralmente se dá pelas vias aéreas. (DEL CIAMPO et al, 2003)

         Indicações Neonatais: Galactosemia, fenilcetonúria e intolerância


a glicose, malformações fetais de orofaringe, esôfago e traqueia, cardiopatia
e/ou pneumonia grave, hiperbilirrubinemia grave e entrega do recém-nascido
para adoção. Alterações da consciência da criança de qualquer natureza,
intolerância a algum componente do leite, malformações fetais orofaciais que
não sejam compatíveis com alimentação oral e enfermidades graves. Os
esquemas propostos para a interrupção da lactação baseiam-se na supressão
dos estímulos sobre o mamilo e a mama, assim como a inibição da síntese de
prolactina. (DEL CIAMPO et al, 2003)
REFERENCIAS

Especialização em SAÚDE DA FAMÍLIA Caso complexo Danrley e Darlene


Fundamentação teórica Aleitamento materno. [s.l.] , [s.d.]. Disponível em:
<https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/3/unidades_casos_comple
xos/unidade12/unidade12_ft_aleitamento.pdf>.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e
alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da
Saúde, 2009. Disponível
em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_a
leitamento_alimentacao.pdf

Calil VMLT, Falcão MC. Composição do leite humano: o alimento ideal. Rev
Med (São Paulo) 2003 jan.- dez.;82(1-4):1-10.
GIUGLIANI, ERJ. (2004). Problemas comuns na lactação e seu manejo. Jornal de
Pediatria, 80(5, Suppl.), s147-s154

 DEL CIAMPO, LA, RICCO, RG, ALMEIDA CAN. Aleitamento materno:


passagens e transferências mãe-filho. 1ª edição. São Paulo: Editora
Atheneu; 2003.

LAMOUNIER jA, MOULIN ZS, XAVIER CC. Recomedações quanto à


amamentação na vigência de infecção materna. Jornal de Pediatria. 2004;
80(5 Supl):S181-88
TRAEBERT EE, DELLAGIUSTINA ARO, GONDIM G. Inibição da lactação:
indicações e técnicas. In: Santos Junior LA. (Org.). A mama no ciclo
gravídico-puerperal. São Paulo: Editora Atheneu; 2000. p. 195-97

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