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1.

INTRODUÇÃO
O desmame é conhecido como a introdução de qualquer tipo de alimento na
dieta de uma criança que se encontrava em regime de AME. Logo, o período de
desmame é aquele compreendido entre a introdução dos novos aleitamentos até a
supressão completa do AM (AMARAL, 2015).

A introdução precoce de alimentos na infância acarreta prejuízos tanto pela


diminuição ou abandono do aleitamento materno, quanto pela exposição a fatores
vários que podem causar danos à saúde da criança, como o consumo de alimentos
manipulados inadequadamente e uso de utensílios como mamadeiras, que trazem
maior chance de contaminação, aumentando o risco de doenças diarreicas(GOLIN,
2010).

A transição entre o aleitamento materno exclusivo e a introdução de


alimentos variados na alimentação da criança pode trazer intercorrências,
principalmente quando a oferta é realizada antes do completo desenvolvimento
fisiológico (CAMPAGNOLO, 2012).

Observa-se que algumas crianças, depois de experimentarem a mamadeira,


passam a apresentar dificuldade quando vão mamar no peito. Água, chás e
principalmente outros leites devem ser evitados, pois há evidências de que o seu
uso está associado com desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil.
(BRASIL, 2013).

O presente trabalho tratou-se de um estudo realizado através da pesquisa


bibliográfica, com objectivo de compreender o desmame precoce. Para a realização da
mesma foi efetuado um levantamento de publicações científicas relacionadas com a
temática da pesquisa.

[6]
1.1. Problemática
As pesquisas sobre aleitamento materno evidenciam que, muitas crianças são
desmamadas precocemente, por diversas dificuldades que as mães apresentam
durante o período da amamentação. Em virtude deste problema levantou-se a seguinte
questão:
Quais são as causas que levam a interrupção precoce do aleitamento?
1.2. Objectivo
1.2.1. Objetivo geral
 Depreender o desmame precoce em seu aspecto geral.
1.2.2. Objetivo específico
 Parafrasear o aleitamento materno e a sua importância.
 Identificar os fatores do desmame precoce.
 Descrever a consequência do desmame precoce.
1.3. Hipóteses
Ao tratar da conceituação de hipótese, Gil (2002) aponta para uma “proposição testável
que pode vir a ser a solução do problema”.
H1: Ilustrar as ações de enfermagem preventivas e corretivas para que o desmame
precoce seja evitado.

[7]
1.4. Justificativa
O presente estudo foi realizado com intuíto de depreender o desmame precose,
pois o desmame precoce traz consequências na vida em geral da criança, estando
associada à exposição a infecções principalmente gastrointestinais e sérios problemas
de digestão, visto que corpo humano produz enzimas próprias para quebra do leite
materno e não para leite de vaca. Fica evidente que, as principais causas para o
desmame precoce estão ligadas a condições socioeconómicas, culturais e financeiras,
bem como à interferência inadequada de familiares através da perpetuação de mitos
que contribuem para uma não adesão por parte da mãe no processo de amamentação.

O início da alimentação complementar precocemente, ou seja, anteriormente


ao sexto mês de vida da criança, relaciona-se ao aumento de risco e da frequência
de infecções gastrointestinais, devido à diminuição dos fatores protetores do leite
materno e a introdução de água e alimentos contaminados. Nesse período a diarreia
tem sua frequência aumentada e pode propiciar à desnutrição, comprometendo o
sistema imunológico. O lactente desnutrido torna-se mais susceptível a adquirir
outras enfermidades, estabelecendo-se um ciclo de desnutrição e infecção que
aumenta a mortalidade infantil.

O presente trabalho irá facilitar os profissionais da saúde ou nutricionistas a


depreender o desmame precoce, bem como a sua causa e consequência e perceber as
acções de enfermagem preventivas e corretivas para que o desmame precoce seja
evitado.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. O desmame precoce
O desmame precoce é a interrupção completa ou parcial do aleitamento
materno antes que o bebê complete seis meses de vida, tempo em que o indicado é
exclusivamente a amamentação direta no peito. A amamentação é um momento
importante na construção do vínculo mãe e filho, sendo necessário na sobrevivência
e qualidade de vida da criança. No entanto, pesquisas sobre aleitamento materno
evidenciam que, muitas crianças são desmamadas precocemente, por diversas
dificuldades que as mães apresentam durante o período da amamentação (MAIA et
al., 2015) (MOIMAZ et al., 2013).
Segundo o Ministério da Saúde a cessação do aleitamento materno é definida
como desmame, sendo um processo normal para todas as crianças, uma vez que
ocorre quando há a introdução de outros alimentos. Porém, deve-se atentar para as
situações em que o desmame ocorre de forma precoce, pois o aleitamento materno
é responsável por proteger o bebê de diversas doenças e proporcionar um maior
vínculo mãe-bebê (BRASIL, 2015).
Segundo Alves (2021) refere que o desmame precoce, consiste no processo de
trocar um método de alimentação por outro, usualmente, refere-se ao abandono do
aleitamento, tanto ao seio como na mamadeira, em troca do uso do copo (BARBOSA et
al., 2018). O momento ideal para o desmame é diferente para cada criança, contudo a
maioria dos lactantes mostra sinais de aptidão durante a segunda metade do primeiro
ano de vida.
Sabe-se que o aleitamento materno é considerado um fenômeno complexo
em que diversos fatores estão envolvidos, sendo sua origem social, física ou até
mesmo psicológica. Citam-se como exemplos: a inserção cada vez maior da mulher
no mercado de trabalho, dificuldades relacionadas ao ato de amamentar, relações
da nutriz com o companheiro e a família, influências culturais, entre tantos outros
condicionantes (AMARAL, 2016). Vale ainda destacar que o conhecimento sobre o
aleitamento materno é considerado um fator crucial e facilmente modificável que
pode influenciar sua prevalência (BARBOSA et al., 2018). Para melhor entendimento
do desmame precoce , tornase necessário explicar o aleitamento materno.

[9]
2.2. O aleitamento materno e sua importância
O aleitamento materno é a estratégia que isoladamente mais previne mortes em
crianças menores de cinco anos, visto que o leite materno é superior a qualquer outro
leite nessa fase da vida, pois é um alimento completo que possui todos os nutrientes que
o bebê precisa, sendo de mais fácil digestão (ANÓNIMO, 2020).
Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo do quanto a criança
mama e da frequência com que mama. Quanto mais volume de leite e mais vezes a
criança mamar, maior será a produção de leite. Uma nutriz que amamenta
exclusivamente produz, em média, 800 mL por dia. Em geral, uma nutriz é capaz de
produzir mais leite do que a quantidade necessária para o seu bebê (BRASIL, 2015).
Segundo o Ministério da Saúde (2009), o aleitamento materno costuma ser
classificado da seguinte forma:
 Aleitamento materno exclusivo – Quando a criança recebe somente leite
materno, directo da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem
outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo
vitaminas, sais de reidratação oral, suplemento minerais ou medicamentos.
 Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite
materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos
de frutas e fluidos rituais.
 Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (directo da
mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.
 Aleitamento materno complementado- quando a criança recebe além do leite
materno qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de
complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber,
além do leito materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento
complementer.
 Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno
e outros tipos de leite.

Organização mundial de saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo


(AME) nos seis primeiros meses de vida e sua complementação até os dois anos de
idade ou mais (AMARAL et al., 2015).

O Aleitamento Materno Exclusivo é definido pela Organização Mundial de


saúde (OMS) como o recebimento pela criança de leite exclusivamente materno, direto

[10]
da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos,
com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral,
suplementos minerais ou medicamentos.

O aleitamento materno exclusivo (AME) constitui como período fundamental


a infância, principalmente no desenvolvimento cognitivo, imunológico e
comportamental da criança, sendo efetiva nos primeiros seis meses de vida. Os
autores afirmam que os distúrbios como obesidade, alergias e infecções respiratórias
que aparecem do 0 ao 6 mês podem trazer consequências irreversíveis, sendo
evitadas pela amamentação exclusiva nessa fase (ARAUJO et al., 2021).
Os estudos de Alveranga et al. (2017) comprovam que AME é cientificamente
superior sobre qualquer outro alimento para criança pequena, principalmente por ser
econômico e acessível a todas as mães. Além disto, reduz morbimortalidade infantil e
é fator de proteção à saúde da mãe-bebê.
As autoras Brandão et al. (2016) explicam que o leite da mama somente é
produzido por estimulação ao hormônio da prolactina e ocitocina que são liberados
pela sucção, desenvolvendo o olfato e a visão da criança. O leite materno sendo é
vital, contendo os nutrientes necessários ao bebê como água, proteínas, lipídios,
carboidratos, vitaminas e minerais, recomendando-se que criança nos primeiros
meses mame sem restrição de horários.
Com isso, destacam-se os estudos de Alveranga et al. (2017) e Brandão et al.
(2016) explicitam o binômio mãe-bebê, onde a criança e genitora podem desfrutar do
laço eterno e único, constituindo a relação de afeto, onde outros familiares são
convidados a participar para da ligação emocional.
Araújo et al. (2021) em seu estudo que o AME contribui para o
desenvolvimento das habilidades cognitivas da criança, principalmente na parte
escolar, constatando-se um elevado QI de crianças que se alimentaram
exclusivamente da mãe associado aos ácidos graxos presentes no leite materno, em
relação aos que utilizavam fórmula.
No outro estudo, Silva; Soares e Macedo (2017) encontraram que crianças que
não usufruíram o AME durante os primeiros 6 meses de vida constatou-se uma baixa
imunidade, além de predisposição elevada a anemias e um retardo do
desenvolvimento infantil.

[11]
Com isso, é recomendável que o aleitamento materno (AM) perdure até os 2
anos, introduzido diferentes alimentos como complemento, assim, diminuído
carências nutricionais e principalmente falta de vitaminas essenciais, evitando
desnutrição infantil (ARAUJO et al., 2021).
O AM é natural e fisiológico, promovendo nutrição e desenvolvimento correto
as fases da vida, além de oferecer vantagens a mãe, fortalecendo saúde de ambos e
vínculo mãe-filho.
Segundo Ferreira et al. (2016) o leite humano contém três fases:
 O colostro - é o primeiro produto de secreção láctica da nutriz e permite a boa
adaptação fisiológica do recém-nascido à vida extrauterina, ele tem mais proteína,
é rico em anticorpos e outras substâncias que ajudam na proteção de doenças.
 O leite de transição - tem sua produção entre a fase do colostro e do leite maduro.
 O leite maduro - possui em sua composição água, lipídeos, proteínas, vitaminas,
hidratos de carbono, minerais, agentes de defesa
Na primeira semana o leite humano, colostro, é rico em proteínas protetoras
especialmente a imunoglobulina secretória A, que age contra infecções e alergia
alimentar. O leite maduro contém mais proteínas nutritivas que o colostro. As proteínas
presentes no leite são a caseína e as proteínas do soro. O leite humano fornece ao ser
humano todos os aminoácidos essenciais (isoleucina, lisina, leucina, triptofano,
treonina, metionina, fenilalanina, valina e taurina), assim pela excelente qualidade de
proteínas, quanto à digestibilidade e alta biodisponibilidade, supre satisfatoriamente as
necessidades dos RN, incluindo o RN pré-termo, garantindo taxas de crescimento
adequadas, geralmente dispensando suplementação.
A produção do leite,portanto, depende primordialmente de dois controles
principais :a sucção do bebê e o esvaziamento das mamas. Não se pode deixar de
lembrar que os relexos primitivos de alimentação (reflexo de busca e procura,de
extrusão,de sucção,de preensão reflexa ou mordida fásica e de deglutição ) tem papel
principal na alimentação no período neonatal e precisam ocorrer de forma integrada e
sequenciada. Distúrbios nestes reflexos podem atrapalhar a amamentação.
2.2.1. Benefícios do aleitamento materno
As vantagens do aleitamento materno são múltiplas e já bastante reconhecidas,
quer a curto, quer a longo prazo, existindo um consenso mundial de que a sua prática

[12]
exclusiva é a melhor maneira de alimentar as crianças até aos 6 meses de
vida.(ANÓNIMO, 2017).
As vantagens são as seguintes:
Para o bebé:
 Fornece o alimento ideal, mais barato e seguro até aos 6 meses (isto é para a
família);
 O leite materno é completo em termos de nutrientes assegurando o crescimento e
desenvolvimento saudáveis do bebé;
 Contém agentes protectores, prevenindo contra o aparecimento de varias
infecções como diarreias, infecções intestinais e respiratórias;
 Ajuda a prevenir contra o excesso de peso e a obesidade na infância;
 Contém gorduras em quantidade e qualidade que favorecem o desenvolvimento
do cérebro da criança, o que favorece a sua capacidade de aprendizado na idade
escolar;
 Apresenta uma digestão fácil;
 Reforça os laços afectivos com a mãe;
 Favorece o desenvolvimento mental do bebé;
 A longo prazo ajuda na prevenção de diabetes e linfomas.

Para a mãe:
 O leite materno é prático e conveniente, sem necessidade de preparação,
aquecimento e desinfecção;
 Promove uma recuperação rápida do corpo da mãe após o parto (maior rapidez
na perda de peso);
 Atrasa a menstruação, prevenindo contra o surgimento de uma nova gravidez;
 Reduz o risco do surgimento de cancros da mama e do colo do útero;
 Aumenta a confiança da mãe e a sensação de bem-estar;
 Cria uma melhor ligação emocional entre a mãe e o bebé o que garante uma
maior estabilidade da criança;
 Involução uterina mais rápida no pós-parto;

2.3. Fatores que levam ao desmame precoce


Pesquisa demonstram que vários fatores atribuídos ao desmame precoce é a não
aderência ao AME. As razões alegadas pelas mães para o desmame ou introdução de

[13]
outros alimentos podem ser agrupadas por área de responsbilidade à mãe e influência de
terceiros. Dessa forma, não existem causas isoladas para o estabelecimento da
amamentação, mas sim, a relação de fatores que existem entre a mãe e o bebê e o
contexto em que se inserem em uma dada dimensão epaço-temporal (SOUZA, 2010).
De acordo com o OMS (2021), a falta de informações para a que a mãe possa dar de
mamar o seu filho, na maioria das vezes, ocasiona o desmame precoce, que torna ainda
mais agravante a condição da desnutrição e surgimento de doenças. Os estudos de
Vinha (2022) mostram que o que atrapalha o aleitamento materno é:
 Ausência de um modelo para seguir, ou seja, não ter visto outras mulheres
amamentarem como prática benéfica e natural;
 Despreparo para o aleitamento pode torná-lo uma tarefa difícil e pesada;
 Desconhecimento das causas do choro do bebê, achando que ele só chora de
fome;
 Falta de conhecimento sobre aleitamento materno e sua importançia;
 Preocupação com a estética: medo de as mamas ficarem flácidas e caírem;
 O fato da amamentação se tornar um acto doloroso caso a mulher sofra de algum
problema mamário como, por exemplo, fissuras ingurgitamentos que não foram
tratados;
 Desejo materno de retomar as actividades fora do lar;
 Impedimento temporário de desempenhar vários papéis ao mesmo tempo: de
mãe de outros filhos, mulher, dona-de-casa, profissional, estudante e outros;
 Orientações recebidas incorretas;
 Oferecimento de leite, em bico de borracha concomitantemente ao aleitamento
materno;
 Excesso de tarefas: falta de ajuda e suporte no lar e do serviço de saúde para que
a mãe possa cuidar de si e do recém-nascido, ausência de apoio de companheiro,
familiares ou amigos, fadiga física e psíquica;
 Autoconfiança em baixa: ter insegurança quanto ao seu desempenho materno,
confiar mais na mamadeira do que no próprio leite;
 Desejo consciente ou inconscientemente de não amamentar;

Outros problemas podem dificultar a amamentação, entre eles podem ser citadas a
fissura ou rachadura da mama. Este problema é provocado devido à má pega ou
posicionamento errado durante as mamadas podendo ser evitado mantendo os peitos

[14]
enxatos, posicionando o bebê de forma correta para amamentar evitando que as mamas
fiquem muito cheias e ou doloridas (OLIVEIRA, 2011).
A mastite é um processo inflamatório da mama, que pode ser ou não
acompanhado de infecção, provocado normalmente por fissuras, retenção do leite,
esvaziamento incompleto das mamas, intervalos longos entre as mamadas, dor,
ingurgintamento, eritema localizado e quando tratada de forma inadequada pode levar
ao abscesso mamário, o que irá prejudicar a amamentação (OLIVEIRA, 2011).
Para que a amamentação ocorra de forma efetiva é necessário que durante o pré-natal,
seja ensinada a técnica correta de amamentar para as gestantes. O RN deverá abocanhar
toda a aréola, permitindo que as ampolas lactíferas sejam comprimidas e o leite
extraído. Caso o bebê abocanhe somente o mamilo, não haverá ejeção adequada do
leite, podendo a criança vir chorar de fome (MORAIS, 2010).
Segundo MORAIS (2010), as informações transmitidas culturalmente acarretam
na decisão de amamentar ou não, pois o vínculo avó-mãe-fiha transmitem as
informações culturais assim como as crenças e os tabus fazendo parte de uma herança
sociocultural determinando diferentes significados sobre aleitamento materno para a
mulher.
O desmame precoce apresenta-se nos dias actuais como um dos grandes
problemas de saúde pública, pois é cada dia maior o número de mães que fazem uso de
outros tipos de alimentos lácteos, não humanos, podem trazer tantos ou maiores
benefícios para os seus filhos (NICK, 2011). Segundo MORAIS (2010), as puérperas
tem conhecimento sobre a importância do aleitamento materno, porém as mesmas não
possuem o conhecimento simples sobre essa prática.
Para MORAIS (2010), a mãe muitas vezes se torna frustrada na sua experiência
de amamentação quando o bebê rejeita o peito durante a amamentação, ocasionando um
estresse na mãe, podendo estar relacionado à tensão de se não conseguir aconchegar o
bebê durante a amamentação.
Um grande mito das mãe é associação da flacidez das mamas com a
amamentação que é um equívoco. O que realmente acontece é que devido ao uso de
sutiãs frouxos ou sua utilização incorreta com o passar dos tempos a tendência das
mamas é se tornarem mais flácidas, recomenda-se a utitlização de sutiãs com reforços,
pois nesta fase as mamas estão maiores do que o tamanho normal (MORAIS, 2010) .

[15]
A mulher que amamenta necessita que a sua alimentação seja rica em calorias,
proteínas, sais minerais e vitaminas, para que o leite materno seja produzido em
qualidades suficientes e com a composição adequado (MORAIS, 2010).
O ingurgitamento mamário ou empedramento das mamas, que acometem várias
mulheres em fase de aleitamento acontece devido ao número reduzido de mamadas e a
sua duração, também sendo relacionado com o mau posicionamento da criança na
mama, ocasionando a chamada má pega. As mamas com este problema ficam túrgidas,
edemaciadas, hiperemiadas e dolorosas, podendo a paciente apresentar temperatura
elevada, e ocasionar a introdução de outros alimentos, levando ao desmame precoce
(MORAIS, 2010).
Outro fator que leva ao desmame precoce é a influência da propaganda de leites
infantis modificados ou fórmulas, leite integral, farinhas e cereais. A ocorrência do
desmame precoce vem ocorrendo mesmo sabendo que nos primeiros seis meses o leite
fornece 100% das calorias necessárias à criança. O sucesso do aleitamento materno
depende de fatores que podem influirpositiva ou negativamente. Dentre eles, alguns
fatores relacionam-se à mãe, como a sua personalidade e a sua atitude frente à situação
de amamentar, outros referem-se à criança e ao ambiente, como, por exemplo, as suas
condições de nascimento e o período pós-parto como também pode-se citar fatores
circunstancias como trabalho da mãe e hábitos de vida (NICK, 2011).

2.4. As Consequências da interrupção precoce da amamentação exclusiva


A transição entre o aleitamento materno exclusivo e a introdução de alimentos
variados na alimentação da criança pode trazer intercorrências, principalmente quando a
oferta é realizada antes do completo desenvolvimento fisiológico (CAMPAGNOLO,
2012).

Segundo Moura et al. (2015), a falta de amamentação ou sua interrupção


precoce em associação a introdução de outros alimentos à criança antes do sexto mês de
vida traz consequências importantes para a saúde do bebê, a exemplo de exposição a
agentes infecciosos, contato com proteínas estranhas, prejuízo da digestão e assimilação
de elementos nutritivos, entre outras.

Schincaglia et al. (2015) confirmam que a introdução precoce de alguns


alimentos, como por exemplo o leite de vaca, podem ocasionar processos alérgicos,
além do que a exposição prematura a proteínas diferentes do leite materno estar
associada ao aumento do risco de diabetes tipo 1 e de doenças atópicas, como asma.
[16]
Para a criança algumas das consequências relacionadas à interrupção precoce da
amamentação exclusiva estão relacionadas com a deficiência no crescimento,
desenvolvimento neuropsicomotor tardio, com repercussões demoradas na capacidade
cognitiva, que permanecem até a vida adulta. Introduzir alimentos complementares
antes dos seis meses pode estar associado a problemas futuros, como diabetes,
hipertensão, obesidade, colesterol alto e alergias.
Destaca-se que a introdução de alimentos antes dos seis meses de idade pode
causar infecções respiratórias e gastrointestinais, além do risco de prejudicar o
crescimento e desenvolvimento, pois as necessidades nutricionais dos bebês podem não
ser atendidas devido ao desmame precoce.
Além da falta dos benefícios do desmame precoce para a saúde da criança, há
também implicações negativas para a saúde da mulher, a exemplo a intercorrência de
processos dolorosos mamários, perda de peso mais lenta, falta de proteção contra o
câncer de mama e ovários, falta da supressão da ovulação, nenhum fortalecimento dos
laços afetivos mãe-filho.

2.5. Acções de enfermagem preventivas e corretivas para que o desmame precoce


seja evitado

O processo de aleitamento tem que ser orientado e supervisionado pelos


profissionais de enfermagem, pois a nutriz tem que estar segura do ato que irá realizar
para amamentar, cabe ao enfermeiro orientar, acompanhar e conduzir esse processo
de forma clara e objetiva. A paciente deverá ser orientada para os cuidados com a
mama, ressaltando a importância da amamentação como oferta de demanda livre,
orientar quanto o correto esvaziamento da mama e a necessidade de amamentar com
as duas mamas para evitar ingurgitamento de uma ou outra por não estimulação,
posicionamento correto do braço, cuidados para não pinçar a auréola e o bico da
mama (SILVA et al., 2014).

É importante que o enfermeiro da maternidade, acompanhe a mãe no momento


das mamadas e perceba as dificuldades em relação como posicionar o bebê no colo,
como introduzir o bico na boca do bebê e como segurar a mama de forma que não
ocorra pinçamento e impeça a descida do leite. É importante que o enfermeiro
examine as mamas após as mamadas e verifique as condições da mama e oriente
em relação aos cuidados com o bico para evitar fissuras e prevenir mastite puerperal
(SOUZA FILHO et al., 2011).
[17]
A puérpera deverá ser orientada para os cuidados com as mamas e técnicas
de amamentação para evitar complicações, orientar sobre o posicionamento correto
no momento de amamentar, com a finalidade de estabelecer adequada capacidade
de sucção, demonstrando como colocar e retirar a criança do seio e as posições
corretas para amamentar, além de orientação sobre alternância dos seios e
frequências das mamadas, alternar posições de alimentação e revezar áreas de
compressão nos mamilos; posicionar o lactente adequadamente, com toda a aréola
na boca; expor os mamilos inflamados ao ar o mais frequentemente possível; técnica
adequada de lavagem das mãos e de higiene pessoa; repousar o suficiente ingerir
bastante liquido e seguir uma dieta equilibrada para estimular a amamentação
(BRASIL, 2013).

O tratamento passa por promover o alívio sintomático, compressas frias ou gelo


local, ingestão abundante de água, repouso, aperfeiçoar a técnica de amamentação.
Para favorecer a drenagem poderá aplicar calor local e fazer massagens suaves sobre
a área da mama mais atingida o uso de Silimarina que é um remédio natural para
estimular o leite materno e que pode ser tomado entre três a cinco vezes por dia
(RODRIGUES et al., 2013).

O tratamento nos casos de mastite necessitam de terapêutica medicamentosa


nas mastites, sem abscesso, pode-se utilizar dicloxacilina 500 mg via oral (VO) a cada
seis horas, clindamicina 300 mg VO a cada seis horas, cefuroxima 250 a 500 mg VO
a cada 12 horas ou, ainda, cefazolina 1 g a cada oito horas por via parenteral
(RODRIGUES et al., 2013).

Nos casos de abscessos a preferência é pela via parenteral com oxacilina 1 a


2 g a cada quatro horas, cefazolina 1 g a cada oito horas ou cefoxitina 1 g a cada seis
horas; havendo suspeita de infecção por S. aureus resistente à metilmicina, empregar
vancomicina 1 g a cada 12 horas. Os esquemas parenterais podem ser associados à
metronidazol 500 mg a cada oito horas. A duração do tratamento depende da evolução
do quadro clínico, mas deve ser prolongada em torno de dez dias. Os efeitos adversos
pelo uso de antibiótico incluem dor abdominal, náuseas, vômito, diarréia, cefaléia,
urticária e reações alérgicas generalizadas (RODRIGUES et al., 2013).

A mulher deverá realizar o tratamento necessário para mastite e ser orientada


a continuar amamentando o bebê exclusivamente até o 6º mês de vida, esforçando

[18]
todas as orientações dadas inicialmente, na gestação e no puerpério imediato. Fica
evidente que a assistência do pré-natal não tem sido eficaz para a prevenção das
causas que favorecem a mastite (SOUZA FILHO et al., 2011).

É importante que os programa de pré-natal sejam efetivos no que tange o


conhecimento repassado as gestantes, o desconhecimento e a insegurança que as
mães tem em relação à amamentação acabam sendo um fator determinante para
continuar com o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade.
O enfermeiro tem papel importantíssimo para promover a assistência à
puérpera que se encontra na fase da amamentação. O enfermeiro precisa estar
engajado nas ações de educador e participar desse processo ensinando, incentivando
e promovendo o aleitamento materno exclusivo, trazendo para puérpera segurança e
conforto para o aleitamento materno, pois, as dificuldades nesse primeiro momento
são fatores para desmame precoce (ROCHA et al., 2016).

[19]
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com os dados obtidos a partir do presente estudo foi possível depreender que
desmame precoce é um problema de saúde pública, pois ocasiona aumento da
morbimortalidade infantil, devido a maior incidência de complicações ao bebê, como:
alergias em geral, desnutrição, diabetes mellitus e doenças gastrointestinais.

Dentre os fatores influenciadores na decisão pela amamentação, encontram-se,


os aspectos como os benefícios da amamentação; suporte familiar, social e profissional;
características sociodemográficas, socioeconômicos das mães que amamentam;
ausência de experiência pessoal e tradição familiar.

Em contrapartida, os fatores de risco para o desmame precoce são evidenciados,


pela cultura errada que o leite não sustenta, que o bebê passa fome só com o leite
materno, que a mãe não tem tempo para amamentar porque voltou a trabalhar ou
estudar, que a criança não aceita o leite da mãe, que o leite secou, enfim, inúmeras são
as causas que oferecem risco para o desmame precoce.

A educação em saúde deve ser iniciada desde o pré-natal e continuada no


puerpério, é imprescindível a atuação do enfermeiro para que a mulher aprenda as
técnicas de amamentação correta e dessa forma consigam nutrir o recém-nascido, no
entanto, esse processo é um período de adaptação em que a puérpera necessitará de
muito auxilio e compreensão, principalmente dos familiares e do companheiro.
Portanto, é importante que o enfermeiro atue auxiliando e incentivando a prática da
amamentação exclusiva e que a mulher sinta-se segura para o aleitamento materno
enquanto houver produção de leite. O aleitamento materno é uma das formas mais
eficazes de atender os aspectos nutricionais, imunológicos e psicológicos da criança no
primeiro ano de vida, sendo uma prática natural e eficiente, que favorece o vínculo mãe-
filho e a saúde.

[20]
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1- ANÓNIMO al al.disponível em : https://mz.goodinternet.org/pt/sections/aleitamento-
materno/quais-s%C3%A3ovantagens-do-aleitamento-materno/ Abril de. 2017;
2- AMARAL, Luna Jamile Xavier et al. Fatores que influenciam na interrupção do
aleitamento materno exclusivo em nutrizes. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 36,
p. 127-134, 2015.
3- ALVARENGA, Sandra Cristina; CASTRO, Denise Silveira de; LEITE, Franciéle
Marabotti Costa; BRANDÃO, Marcos Antônio Gomes; ZANDONADE, Eliana;
PRIMO, Cândida Caniçali. Fatores que influenciam o desmame
precoce. Aquichan, [S.L.], v. 17, n. 1, p. 93-103, 1 fev. 2017. Disponível em:
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