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SERVIÇO DE PEDIATRIA
ALEITAMENTO MATERNO
Adriana Silva
DEFINIÇÕES
Colostro:
Propriedade Importância
LEITE MADURO
Fatores
Presente Ausente Ausente
de Crescimento
Quantidade
Excesso, difícil Parcialmente
Proteína adequada, fácil de
de digerir. modificado
digerir.
Quantidade Parcialmente
Minerais Em excesso
correta correto
Pouca Pouca
Adicionado, mal
Ferro quantidade, bem quantidade, mal
absorvido.
absorvido. absorvido.
Necessário Necessário
Água Suficiente
extra extra
De: OMS/CDR/93.6
Leite de Leite de
Nutriente Leite
mães de mães de crianças
Colostro maduro
(1- 5 dias) pré-termo
Calorias
58 70 67
(Kcal)
Carbohidrato
5,3 7,3 6,4
s (g)
Proteínas (g) 2,3 0,9 1,9
Gorduras (g) 2,9 4,2 3,8
Cálcio (mg) 23 28 28
Fósforo (mg) 14 15 15
Magnésio
3,4 3,0 3,0
(mg)
Sódio (mg) 48 15 32
Potássio
74 58 69
(mg)
Cloro (mg) 91 40 54
Ferro (mg) 0,08 0,08 0,1
Zinco (mcg) 540 166 375
Cobre (mcg) 46 35 52
Vitamina A
89 47 13
(mcg)
Vitamina C
4,4 4,0 4,2
(mg)
Vitamina D
- 0,04 005
(mcg)
Vitamina K
0,23 0,21 1,5
(mcg)
Tiamina
- 15 16
(mcg)
Riboflavina
25 35 36
(mcg)
Niacina (mcg) 75 200 147
Vitamina B6
12 28 10
(mcg)
Vitamina
200 26 -
B12(ng)
Ácido fólico
- - 5,2
(mcg)
Ácido
183 225 184
Pantotênico (mg)
Fonte: Riordan e Auerbach.
A TÉCNICA DA AMAMENTAÇÃO
Prevenção de fissuras:
As fissuras de mamilo são muito comuns e bastante dolorosas, podendo
culminar com a interrupção da amamentação. Todas as mulheres que
amamentam devem ser orientadas quanto à sua prevenção:
-Técnica correta de amamentação.
-Manter os mamilos sempre secos.
-Introduzir o dedo na boca do recém-nascido quando houver
necessidade de interromper a mamada.
-Evitar o ingurgitamento mamário por meio de mamadas
frequentes e expressão manual (ou por bomba de sucção) das mamas,
quando necessário.
Variações da técnica
A mãe pode assumir posição levemente inclinada para frente, na
tentativa de facilitar e aumentar o fluxo lácteo.
Podem ser usadas ambas as mãos numa mesma mama para a
extração do leite (Técnica Bimanual). (Figura 5).
Podem ser ordenhados os dois seios simultaneamente em um
único vasilhame de boca larga ou em 2 vasilhames separados, colocados
um embaixo de cada mama. (Figura 6).
Depois da extração:
Depois da ordenha, passe umas gotas de leite nos mamilos
e deixe-os secar ao ar livre.
A aparência do leite que se extrai cada vez é variável. Ao
princípio é claro e depois do reflexo de ejeção mais branco e cremoso.
Alguns medicamentos, alimentos ou vitaminas podem mudar levemente
a cor do leite. As gorduras do leite bóiam ao guardá-lo.
Imediatamente depois de extraí-lo, feche e marque numa
etiqueta a data, hora e quantidade.
Não desanime! A extração manual requer prática. Seja paciente!
duro (deve-se poder lavá-lo com uma escova ou à mão com água
quente e detergente enxugando-o bem).
Bebê prematuro ou doente - recipiente de plástico duro
ou vidro, estéril.
Imediatamente depois da ordenha, feche o recipiente e
coloque-o sob água com gelo por 1-2 minutos. Então está pronto para
guardá-lo na zona mais fria do refrigerador ou congelador (Nunca na
porta).
Use sempre o leite mais antigo.
Ingurgitamento Mamário
O ingurgitamento mamário é mais comum em prímaras e costuma
aparecer no segundo dia pós-parto. Resulta do aumento da vascularização e
congestão vascular das mamas e da acumulação de leite. Pode atingir apenas
a auréola, o corpo da mama ou ambos.
Quando a auréola está ingurgitada, a criança não consegue uma boa
pega, o que pode ser doloroso para a mãe e frustrante para a criança, pois,
nestas condições, há dificuldade para a saída do leite.
Para o tratamento do ingurgitamento mamário, são úteis as seguintes
medidas:
- Manter as mamas elevadas; usar um soutien apertado.
- Compressas frias entre as mamadas para reduzir a
vascularização.
- Compressas quentes (ou duche de água morna) antes das
mamadas facilitam a saída do leite.
- Amamentar com frequência. Se necessário, extrair o leite
manualmente ou com bomba de sucção.
- Usar analgésicos, se necessário.
Hipogalactia
Queixa comum durante a amamentação é afirmar que se tem “pouco
leite ”, ou que o leite é fraco. Esta está relacionada, frequentemente, com a
insegurança materna quanto à sua capacidade de nutrir o seu filho, fazendo
com que interprete o choro da criança e as mamadas frequentes (normal no
bebé pequeno) como sinais de fome. A ansiedade que tal situação gera na
mãe e na família pode ser transmitida à criança, que responde com mais choro.
O complemento com leites artificiais muitas vezes alivia a tensão materna e
essa tranquilidade vai-se repercutir no comportamento da criança, que passa a
chorar menos, reforçando a ideia de que ela realmente estava passando fome.
A suficiência de leite materno é avaliada através do ganho ponderal da
criança e o número de micções por dia (no mínimo 6 a 8). Se a produção do
leite parecer insuficiente para a criança, pelo baixo ganho ponderal na ausência
de patologias orgânicas, cabe ao médico conversar com a mãe e tentar
determinar o que está a interferir com a produção do leite.
Nesse caso, é importante orientar a mãe a complementar a mamada ao
invés de substituí-la pelo leite artificial, mantendo assim o estímulo da sucção,
indispensável para a produção do leite.
Além da sucção dos mamilos, alguns fatores estão relacionados com o
aumento dos níveis séricos de prolactina, tais como o sono e o exercício físico.
Traumas Mamilares
As mães devem ser orientadas a procurar assistência médica quando
surgirem traumas dos mamilos. A amamentação não deve ser dolorosa.
Atuação:
- Manter os mamilos sempre secos.
- Após as mamadas, passar algumas gotas de leite sobre os
mamilos.
- Secar os mamilos.
- Expressão manual da auréola antes das mamadas.
- Iniciar a amamentação pelo lado menos lesado.
- Variar o posicionamento do bebe nas mamadas, evitando que
ele pressione as áreas traumatizadas.
- O uso de cremes com vitamina A e D ocasionalmente pode
ajudar.
- Usar creme com corticóide após as mamadas em casos de
fissuras graves.
- Analgésicos, se necessário.
Se o tratamento não surtir efeito e as fissuras forem suficientemente
dolorosas a ponto de pôr em risco a amamentação, recomenda-se a
suspensão da amamentação no seio mais comprometido por 24 a 48 horas, e
efectuar o esvaziamento (manual ou com bomba de sucção) da mama
comprometida, após cada mamada no outro seio. Após esse período, proceder
da mesma forma com a outra mama.
Mastite
São as fissuras, na maioria das vezes, a porta de entrada para os
germes (especialmente o Staphylococcus aureus) que provocam a mastite. Tal
patologia deve ser precocemente diagnosticada e tratada. A mastite, em geral,
compromete o estado geral da mulher, provocando dor local intensa, febre e
mal-estar. A mama apresenta-se com edema, hiperemia e calor.
O tratamento é conduzido com antibióticos antiestafilocócicos (como, por
exemplo, oxacilina e dicloxacilina) e esvaziamento suave e completo da mama
comprometida, prevenindo, assim, o ingurgitamento e mantendo o suprimento
do leite.
A amamentação não deve ser interrompida. Nos casos em que não
ocorrer melhora após 48 horas de tratamento, pode estar a haver a formação
de um abscesso, que pode ser palpado e identificado pela sensação de
flutuação. Em tais casos está indicada a drenagem cirúrgica e, frequentemente,
a interrupção temporária da amamentação no seio afetado.
CONTRA-INDICAÇÕES À AMAMENTAÇÃO
Doenças maternas
1. TUBERCULOSE
O bacilo de Koch não é excretado pelo leite materno
A transmissão se faz usualmente pela inalação de gotículas
de vias aéreas superiores de um indivíduo com infecção tuberculosa. A
porta de entrada é quase sempre o trato respiratório.
Formas clínicas maternas:
Tuberculose extra-pulmonar: não contra-indica a amamentação
Tuberculose pulmonar:
2. HANSENÍASE
Não contra- indica a amamentação;
A transmissão pode ser feita através de contato interno-
humano, preferencialmente prolongado, secreções nasais e através da
pele intacta.
Embora o bacilo possa ser excretado pelo leite materno
nos casos de hanseníase de forma virchowiana, não-tratada ou tratada
há menos de três meses com sulfona (diapsona) ou três semanas com a
rifampicina, não se sabe se esta é uma via significativa de infecção.
Conduta com mãe contagiante ou bacilífera (não-tratada ou tratada
há menos de três meses com sulfona ou três semanas com rifampicina):
Evitar contato íntimo mãe-filho;
Amamentar com máscara ou similar;
Lavar cuidadosamente as mãos, antes de manipular a
criança;
Desinfecção de secreções nasais e lenços.
Conduta com mãe não-contagiante ou abacilífera:
Manter a amamentação.
Observação:
Possível passagem das drogas utilizadas no tratamento da
Hanseníase não contra-indica a amamentação.
3. HEPATITE B
Apesar do vírus de hepatite B ser excretado pelo leite
materno, com dados disponíveis até o momento, não contra-indica a
amamentação
A transmissão perinatal pode ocorrer quando a mãe é
HBsAg Positivo (especialmente as HB e Ag Positivo) através do sangue
e secreções.
Conduta:
Lavar bem o RN retirando todo o vestígio de sangue e/ou
secreção materna;
Indicar a amamentação mesmo que haja sangramento em
fissura mamária;
Administrar nas primeiras 12 horas (no máximo até 24
horas) IGBH (Imunoglobulina Específica contra Hepatite B) 0,5 ml/dose
única, via intramuscular ou 1,5 ml de imunoglobulina (I.M.);
Administrar, até o 7º dia de vida, a 1º dose de vacina contra
hepatite B na dose de 0,5 via intramuscular.
Observações
Caso aplicado concomitantemente com a IGHB
(Imuniglobulina Específica contra Hepatite B) utilizar seringas, agulhas e
locais diferentes de aplicação;
O local ideal para aplicação I.M. das injeções na RN é a
face anterolateral na coxa;
RNs com peso inferior a 2000 gr. devem ter a sua
vacinação adiada até atingirem esse peso. Se esse período prolongar-se
por mais de três meses, uma segunda dose de imunoglobulina deve ser
aplicada nas mesmas dosagens já referidas.
Antes, com um mês de vida se fazia a 2º dose da vacina
contra Hepatite B e com 6 meses se fazia a 3º dose; Desde 2012, a
vacina combinada DTP/Hib/HB (denominada pelo Ministério da Saúde
de Penta) foi incorporada aos 2, 4 e 6 meses de vida. Assim, os
lactentes passaram a receber 4 doses vacina contra a Hepatite B.
Durante todas estas etapas continuar com a amamentação.
Hepatite B diagnosticada durante a lactação em criança com menos
de um ano de idade
Conduta:
Manter a amamentação;
Administrar Imuniglobulina Específica contra Hepatite B na
dose de -0,04 ml/kg - I.M.
OU
Administrar gamaglobulina “Standard” na dose de 0,12
ml/kg - I.M.
Testar a criança para HbsAg. Se negativo, vaciná-la e
seguir as medidas profiláticas para o caso.
Hepatite diagnosticada durante a amamentação
Conduta
Manter a amamentação;
Aplicar Imunoglubolina Standard, na dose de 0,02 – 0,04
ml/Kg dose única IM o mais precocemente possível.
4. CITOMEGALOVÍROSE
Conduta:
Manter a amamentação;
A transmissão pós-natal pode ocorrer pelo leite materno
mas não costuma ocorrer doença, pois juntos com os vírus passam
também anticorpos maternos passivos.
5. MALÁRIA
Não contra-indica a amamentação;
O modo de transmissão mais comum é pela picada do
mosquito anopheles. Menos comumente, transfusão de sangue e
agulhas contaminadas;
O uso de drogas antimaláricas à nutriz, não contra-indica a
amamentação.
6. HERPES SIMPLES
Não contra-indica a amamentação, exceto quando as
vesículas herpéticas estiverem localizadas na mama;
Cuidados adicionais devem ser tomados com vesículas em
face, dedos e mamas.
Conduta:
Cobrir as lesões;
Lavagem rigorosa das mães antes de manipular as
crianças;
Uso de luvas ou proteção para as mãos (lesão dos dedos);
Evitar contato íntimo mãe-filho (beijos e afagos) até que as
lesões estejam secas.
7. VARICELA
Mães com varicela com início até cinco dias antes do parto
formam e passam anticorpos. O RN deverá ter uma forma leve de varicela e
a separação mãe-filho está contra-indicada: Amamentar a criança.
Mães com varicela com cinco dias antes do parto ou até dois dias
depois: a criança poderá desenvolver uma forma grave de varicela estando
indicado o isolamento do RN e da mãe durante a fase contagiante materna
(até a fase de crosta). Durante este período o leite materno deverá ser
ordenhado e dado ao RN.
Administrar, ao RN o mais precoce possível: Imunoglobulina
Standard = 2 ml/dose única/IM (de valor discutível) ou VZIG
((Imunoglobulina Específica contra Varicela) 125 unid./dose/I.M.
O RN deverá ficar em observação até o 21º dia de vida. Se nesse
período desenvolver a doença, iniciar a administração de aciclovir.
Mães com varicela a partir do 3º dia do pós-parto: o RN poderá
desenvolver forma leve de doença, não estando indicado nem o isolamento,
nem a profilaxia: amamentar a criança.
INTRODUÇÃO
O aleitamento materno é uma prática de fundamental importância para a
mãe, a criança e a sociedade em geral, que deve ser sempre incentivada e
protegida, salvo em algumas situações excepcionais. Assim, não se justifica,
na maioria das vezes, a interrupção da amamentação quando a nutriz
necessitar algum tipo de tratamento farmacológico, impedindo
desnecessariamente que mãe e criança usufruam dos benefícios do
aleitamento materno. A indicação criteriosa do tratamento materno e a seleção
cuidadosa dos medicamentos geralmente permitem que a amamentação
continue sem interrupção e com segurança.
É importante lembrar que, enquanto a placenta permite a passagem de
drogas para o feto, o epitélio alveolar mamário funciona como uma barreira
quase impermeável. A maioria das drogas passa para o leite materno, mas em
pequenas quantidades; e, mesmo quando presentes no leite, as drogas
poderão ou não ser absorvidas no trato gastrointestinal do lactente. Só
excepcionalmente, quando a doença materna requer tratamento com
medicações incompatíveis com a amamentação, esta deve ser interrompida.
Embora o conhecimento sobre o uso de drogas durante o período da
amamentação tenha sido muito ampliado, ainda não se conhecem os efeitos no
lactente de muitas drogas utilizadas pela nutriz, principalmente de novos
fármacos que estão constantemente entrando no mercado. Mas, em geral, há
uma tendência em reduzir o número de drogas consideradas incompatíveis
com a amamentação.
Devemos estar cientes que a segurança de alguns medicamentos ou
drogas também depende da idade da criança. Bebês prematuros e de menos
de 1 mês tem uma capacidade diferente de absorver e excretar medicamentos,
comparado aos bebês maiores. Assim, uma maior precaução é necessária
para esses bebês.
Mães doadoras de leite humano em uso de medicamentos devem
considerar os mesmos critérios para nutrizes em uso de fármacos durante o
período de amamentação.
Continue a amamentação:
Estrógenos, incluindo contraceptivos que contém Use drogas alternativas (podem inibir
estrógenos. Diuréticos tiazídicos, ergometrina. a produção de leite).
ALIMENTAÇÃO DA MÃE