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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

ESTADO DE ALAGOAS

CENTRO EDUCACIONAL PROFª DARCY DUARTE DE AMORIM

EDILMA MONTEIRO LEMOS

NUTRIÇÃO DA NUTRIZ, ALEITAMENTO MATERNO E NUTRIÇÃO PARA


IDOSOS

Ibateguara – AL

2022
NUTRIÇÃO DA NUTRIZ

São muitas as preocupações das mulheres com a alimentação durante o


período gestacional. Sem dúvida, uma alimentação adequada nesse período é
de extrema importância à saúde do bebê e da gestante. Após o nascimento, a
mãe que amamenta seu bebê, torna-se uma nutriz, e precisa seguir
orientações fundamentais para que o aleitamento materno transcorra com
tranquilidade e qualidade pelo menos até os 6 meses de vida da criança.

As necessidades nutricionais durante a lactação são consideravelmente


maiores do que na gestação. As nutrizes ou lactantes devem consumir uma
alimentação saudável, visando a manutenção da saúde e a produção de leite
humano em quantidades suficientes e com adequada concentração de
nutrientes. Este artigo tem por objetivo apresentar as necessidades nutricionais
e orientações gerais para o planejamento alimentar nessa etapa da vida:

Energia

Durante a lactação, o aumento do gasto energético está relacionado ao


custo adicional necessário para a produção de leite. As recomendações mais
recentes sugerem que se utilize a EER (necessidade energética estimada) para
a lactante segundo sua faixa etária, com um adicional de 500 kcal/dia para os
primeiros 6 meses de lactação. É importantíssimo salientar que esse período
não é o mais indicado para a prática de dietas alimentares restritivas, visando a
perda de peso. Com acompanhamento nutricional adequado a nutriz poderá
seguir um plano alimentar que proporcionará eliminação gradativa do peso
adquirido na gestação sem, no entanto, prejudicar a quantidade e qualidade
nutricional do leite produzido.

PROTEINA

As necessidades protéicas aumentam em proporção com a produção de


leite. Para as nutrizes, a necessidade protéica seria de 1,3 gramas de
proteína/kilo/dia ou um acréscimo de 25 gramas por dia.

Água e líquidos
A recomendação de ingestão de água e outros líquidos, como sucos,
chás, pode chegar a 3,8 litros ao dia. A prática de atividades físicas e o
aumento da temperatura ambiente poderão aumentar ainda mais essa
necessidade recomendada, o que deverá ser avaliado individualmente. Vale
lembrar, que qualquer bebida alcoólica, inclusive cerveja preta, não é
recomendada durante o período de lactação, para que evite alterações de
comportamento da criança, bem como outros efeitos tóxicos.

Resumindo, a elaboração do plano alimentar da nutriz deve basear-se


nas seguintes práticas:

 Atender as necessidades nutricionais da nutriz (RDA ou AI),


considerando o suficiente para atender a demanda energética
aumentada de 500 kcal adicionais ao dia. A perda de peso não deve ser
o objetivo nesse período, pois pode haver comprometimento da
produção de leite;
 A alimentação deve conter todos os grupos alimentares: leite e
derivados para adequado suprimento de cálcio, proteínas de alto valor
biológico (peixes, carnes magras, grãos), vegetais e cereais integrais,
levando-se em conta os hábitos alimentares e as condições sócio-
econômicas;
 Ser fracionada em 6 refeições diárias.
 Restringir o consumo de bebidas e alimentos com cafeína: café,
refrigerantes, chocolate, chá mate;
 Aumentar a ingestão hídrica, atendendo as recomendações;
 Aumentar a quantidade de alimentos fonte de ferro, após o
retorno da menstruação;

ALEITAMENTO MATERNO

O aleitamento materno é uma prática fundamental para o


desenvolvimento da criança. Ele envolve muito mais do que apenas o ato de
nutrir, envolve uma grande interação entre mãe e filho com repercussões
importantes sobre o desenvolvimento cognitivo, estado nutricional e emocional
da criança.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide o aleitamento materno


nos subtipos:

Aleitamento materno exclusivo (AME): Envolve oferecer à criança


apenas o leite materno, seja por sucção direta da mama ou por ordenha
manual, sem que haja adição de outros líquidos ou sólidos.

Aleitamento materno predominante (AMP): Quando é oferecido à


criança água, sucos ou outras bebidas, porém sem deixar de lado o
aleitamento materno, que deve ser feito de forma predominante sobre as outras
bebidas.

Aleitamento materno: Oferecer leite materno, independentemente de


outros alimentos.

Aleitamento materno complementado: Quando, além do leite


materno, há a inserção de alimentos sólidos ou semissólidos de forma
complementar e não substitutiva.

Aleitamento materno misto ou parcial: Oferecimento de leite materno


e outros tipos de leite (vaca, cabra, etc.).

Atualmente, apesar da grande quantidade de evidências científicas e


informações acerca da importância e dos benefícios de ser realizar o
aleitamento materno, ainda há um grande número de mães que não o praticam
de forma ideal, como é preconizada pelas diretrizes. Portanto, este artigo busca
elucidar alguns aspectos importantes sobre como deve ser realizada a
amamentação, seus benefícios, duração e os principais desafios que os
médicos devem auxiliar as mães a contornar que podem ser cruciais para o
desmame precoce.

Desenvolvimento mamário e a produção láctea


Têm-se três processos principais de preparação da mama para o ato da
amamentação:

 Mamogênese: Fase de desenvolvimento e crescimento mamário. Se


inicia com a puberdade, e durante o período de gravidez esse desenvolvimento
se acelera e se completa.
 Lactogênese: Se refere ao início da formação da secreção láctea. A
produção e secreção do leite se dá com estímulos de dois hormônios
principais, a prolactina (PRL), que é responsável por estimular a produção de
leite pelas glândulas mamárias e pela ocitocina (OT) que estimula a contração
da musculatura lisa e a consequente ejeção do leite pela mama.
 Galactopoiese: se refere à manutenção da secreção láctea. Essa
secreção que requer um meio hormonal adequado (PRL + OT), sucção
periódica e remoção regular do leite. A sucção é fundamental para produzir o
leite, caso contrário, deve-se estimular a ordenha.

O estado mental, a presença de estímulos visuais, táteis, auditivos e


olfatórios podem ter um papel estimulador ou inibidor destes processos. Por
isso uma orientação adequada com enfoque na manutenção de uma boa
saúde mental para as mães pode contribuir para a eficácia do aleitamento
materno.

A produção láctea é diferente de mãe para mãe. Cada uma produz um


leite com composição única. A produção passa por um processo de maturação,
fazendo com que o leite passe por três fases principais em sua produção:

 Colostro: É produzido do primeiro ao quinto dia após o nascimento,


possui coloração amarelada e sua composição é rica em proteínas e
imunoglobulinas (IgA, IgG e IgM), sendo considerada a primeira imunização
que o bebê recebe logo após seu nascimento.
 Leite de Transição: É produzido do sexto ao décimo quinto dia após o
nascimento, sendo sua composição rica em gorduras, lactose e outros
nutrientes importantes. Sua coloração é branca, opaca.
 Leite maduro: É considerado o leite ideal, com todos os componentes
essenciais para o desenvolvimento da criança. É produzido a partir do 15º dia
após o nascimento. Sua coloração é de transição entre o amarelo e o branco.

Dúvida frequente: “O meu leite muda de cor com frequência, às vezes


está mais esbranquiçado, outras vezes mais amarelado. Isso é normal?”.

Como contornar: É normal as variações na coloração do leite materno,


até mesmo durante o decorrer da própria mamada. Logo ao início da mamada
a coloração do leite é mais esbranquiçada, devido à maior composição de
água, eletrólitos, vitaminas, minerais e anticorpos, tornando-se mais opaco à
medida que aumenta a concentração de caseína. Logo ao final da mamada ele
passa a apresentar uma coloração mais amarelada devido ao alto teor de
betacaroteno, de lipídeos e ácidos graxos, que darão saciedade à criança. Por
isso é importante estimular que seja oferecido o leite até que a mama seja
esvaziada completamente, para que o bebê fique hidratado e tenha suas
necessidades calóricas supridas.

Componentes imunológicos importantes presentes no leite materno:


imunoglobulinas (IgA, IgG e IgM), macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T,
lactoferrina, lisosima e fator bífido.

Duração ideal da amamentação

 Até os 6 meses: Aleitamento Materno Exclusivo


 6 meses a 2 anos: Aleitamento Materno seguido da inserção da
alimentação complementar.
 Após os 2 anos: alimentação conjunta com a família.

Muitos estudos demonstram a possibilidade de ocorrência de prejuízos à


saúde da criança caso seja realizada uma inserção precoceda alimentação
complementar, como uma ocorrência maior de casos de diarreia, problemas
respiratórios, desnutrição, distúrbios na absorção de nutrientes, diminuição do
tempo de amenorreia lactacional como método contraceptivo natural.
Benefícios comprovados da amamentação

 Proteção contra cânceres de mama;


 Menor risco de obesidade, hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia
para a criança;
 Promove melhor desempenho cognitivo;
 Auxilia no desenvolvimento da cavidade bucal;
 Se torna um contraceptivo natural para as mães;
 Reduz risco de alergias e infecções na criança;
 Reduz risco de morte súbita;
 Promove vínculo entre a mãe e o filho;
 Diminui custos financeiros.

NUTRIÇÃO PARA IDOSOS

A população idosa apresenta altos índices


de desnutrição, desidratação e obesidade. Tais condições podem gerar
graves consequências para a saúde, principalmente nesta faixa etária.
Pensando nisso, a Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo
(ESPEN) elaborou uma diretriz com orientações clínicas de nutrição e
hidratação do idoso, de modo a prevenir e tratar os problemas desta fase de
vida.

Ao total, são 82 recomendações, elaboradas a partir de uma revisão


sistemática da literatura científica e que substituem diretriz publicada em 2019.
A seguir, selecionamos algumas destas orientações;

Princípios gerais

A ingestão energética em idosos deve ser de 30 kcal/kg/dia. Este valor


deve ser individualmente ajustado quanto ao estado nutricional, nível de
atividade física, estado da doença e tolerância (Recomendação 1, R1).
A ingestão de proteínas em idosos deve ser de pelo menos 1 g/kg/dia.
O valor também deve ser individualmente ajustado (R2).

As mulheres mais velhas devem receber pelo menos 1,6 L de bebidas


por dia, enquanto os homens mais velhos devem receber pelo menos 2 L, a
menos que haja uma condição clínica que exija uma abordagem diferente (R5).

As restrições alimentares que podem limitar a ingestão alimentar são


potencialmente nocivas e devem ser evitadas (R10).

Prevenção e tratamento da desnutrição

Todos os idosos devem ser rotineiramente rastreados para


desnutrição com uma ferramenta validada (R12).

De modo a incentivar a ingestão alimentar adequada e a qualidade de


vida, os seguintes cuidados devem ser oferecidos para idosos desnutridos
ou em risco de desnutrição:

 Assistência na hora das refeições (R14);

 Ambiente familiar, agradável e compartilhado com outras pessoas (R15);

 Educação nutricional (R16);

 Incentivo ao exercício físico (R18);

 Quantidades adequadas de energia e proteína (R19).

Para apoiar a ingestão dietética adequada, modificações


alimentares podem ser necessárias:
 Inclusão de alimentos fortificados (R23);

 Lanches adicionais e “finger foods” (R24);

 Ao haver sinais de disfagia e/ou problemas de mastigação, oferecer


alimentos com texturas modificadas (R25).

Indica-se Suplementos Nutricionais Orais (SNO) quando o


aconselhamento dietético e a fortificação de alimentos não forem suficientes,
para idosos hospitalizados ou ainda na alta hospitalar (R26, R27, R28).

Os Suplementos Nutricionais Orais (SNO) devem fornecer pelo


menos 400 kcal/dia, incluindo 30 g ou mais de proteína/dia, e mantidos por
pelo menos 1 mês, sendo avaliada constantemente (R29, R30, R31).

A Nutrição Enteral e Parenteral  só devem ser usadas se houver uma


chance real de melhora ou manutenção da condição do paciente (R39).

Durante os 3 primeiros dias de NE ou NP em idosos desnutridos,


atenção especial deve ser dada aos níveis sanguíneos de fosfato, magnésio,
potássio e tiamina, que devem ser suplementados mesmo em caso de
deficiência leve (R42).

Prevenção e tratamento da desidratação

Todos os idosos devem ser rastreados para desidratação,


preferencialmente através da osmolaridade sérica ou plasmática medida
diretamente, sendo considerada desidratação valores acima de 300
mOsm/kg (R58, R59).
Para prevenir a desidratação em idosos, a equipe cuidadora deve:

 Encorajá-los a consumir quantidades adequadas de líquidos, de acordo


com suas preferências (R65, R66);

 Oferecer bebidas com alta frequência (R68);

 Apoiar os idosos no momento de beber ou ir ao banheiro rapidamente,


sempre que eles precisarem (R68).

O tratamento da desidratação se dará de acordo com a condição do idosos:

 Idosos que pareçam bem → aumentar a ingestão de líquidos (R73);

 Idosos que pareçam indispostos → aumentar a ingestão de líquidos +


oferecer fluidos subcutâneos ou intravenosos (R74);

 Idosos incapazes de beber → oferecer fluidos intravenosos (R75).

Tratamento da obesidade

Em idosos com sobrepeso, dietas para redução de peso devem ser


evitadas, para evitar a perda de massa muscular e o declínio funcional (R79).

Em idosos obesos com problemas de saúde, dietas para redução de


peso só devem ser consideradas após ponderação dos benefícios e riscos.
Ainda assim, a restrição energética deve ser apenas moderada, e aliada à
exercícios físicos, de modo a haver redução de peso lenta e a preservação da
massa muscular (R80, R81, R82).

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