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ALEITAMENTO MATERNO

RECOMENDAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE E OMS


 Aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida.
 A partir dos seis meses tem início a introdução alimentar complementar e mantem o aleitamento
materno em livre demanda.
 O leite materno deve ser mantido, no mínimo, até os dois anos de vida.  Não se deve substituir o
leite materno a partir do momento em que a complementação alimentar for feita. Deve-se manter a
amamentação, pois o leite é a fonte de energia mais importante para a criança durante todo o
primeiro ano de vida.
 A criança ingere a quantidade suficiente de alimentos necessária ao seu crescimento durante o
primeiro ano de vida.
 Depois do primeiro ano de vida a criança passa a ingerir mais alimentos e menos o leite materno.
 Não há tempo limite máximo de amamentação, quem estipula o desmame é a mãe e o bebe.
 A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) do Brasil e a Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam amamentação exclusiva por aproximadamente seis meses
e complementada até os dois anos ou mais.
  Recomenda-se que a amamentação ocorra sempre que a criança quiser, sem horários nem
intervalos pré-definidos, de dia e de noite e na quantidade que o bebe quiser, prática conhecida como
amamentação por livre demanda.
 Nos primeiros meses de vida a criança costuma mamar várias vezes ao dia, de 8 a 12 vezes, ou
mais.

DEFINIÇÕES
 ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO: a criança recebe apenas o leite humano, direto da
própria mãe ou ordenhado (oferecido em outros dispositivos). Com exceção de gotas ou xaropes
contendo vitaminas, sais de hidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
 ALEITAMENTO MATERNO PREDOMINANTE: além do leite humano a criança recebe suco,
chás ou água.
 ALEITAMENTO MATERNO MISTO OU PARCIAL: quando além do leite materno a criança
recebe outro leite.
 ALEITAMENTO MATERNO COMPLEMENTADO: além do leite humano a criança recebe
alimentos sólidos ou semi-sólidos.
INDICES NACIONAIS DE ALEITAMENTO MATERNO
 A média é baixa devido a desinformação profissional que não orientam e estimulam as mães

VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA O BEBÊ


 Composição química ideal – atende completamente as necessidades metabólicas e nutricionais do
lactente nos primeiros 6 meses.
 Prevenção de doenças – o amamentado sofre menos risco de doenças diarreicas, infecções do trato
respiratório inferior, otites, meningite bacteriana.  O leite materno passa anticorpos da mãe para o
bebe

ALEITAMENTO METERNO E DESENVOLVIMENTO CEREBRAL


 Nutrientes do LM auxiliam o crescimento do SNC (Taurina, colesterol, ácidos graxos de cadeia
longa, ácido docosahexaenóico (DHA), ácido aracdônico (AA)).
 ↑ Qi (estudo com 300 prematuros c/ peso médio 1420 g alimentados com LM e leite artifical) →
grupo com LM ↑ 8,3 pontos.  Estudos realizados mostras que crianças amamentadas tem maior Qi
 Aos 8 anos ↑ Qi em prematuros que usaram LM exclusivo.
 20 estudos de acompanhamento até 15 anos. Demonstrou vantagens emocionais, comportamentais,
visuais e de habilidades motoras.

ALEITAMENTO MATERNO E RENDIMENTO ESCOLAR


• Crianças amamentadas tiveram uma maior duração da permanência escolar em todos os grupos sócio
– econômicos. Maior número de anos na escola.

LEITE MATERNO X OBESIDADE


• LM tem efeito protetor contra a obesidade.
• Quanto maior a duração do AM maior o efeito protetor contra a obesidade.
• As proteínas e não os lipídios são os componentes do LM mais associados à redução do risco de
obesidade. Crianças alimentadas com o leite artificial ingerem 1,6 a 1,8 x mais proteínas do que com
LM. Grande ingestão de proteínas no começo da vida poderia predispor ao aumento do risco de
obesidade.

LEITE MATERNO X HAS


• Quanto maior a duração do LM menores os níveis de PA na idade adulta.
• O efeito protetor do LM foi maior do que o produzido por métodos não farmacológicos como perda
de peso, exercícios ou dieta.

LEITE MATERNO X DOENÇAS ATÓPICAS (RINITE ALÉRGICA, ASMA, DERMATITE ATÓPICA)


• LM exclusivo por mais que 30 dias é profilático para doença atópica estendendo–se este efeito
protetor ao longo da infância e adolescência. Estudo de seguimento de 17 anos, comprovando menor
incidência de eczema, alergia alimentar e respiratória nestes indivíduos.
• Estudo com 16.491 crianças observou significativa redução de risco de eczema atópico em
indivíduos que receberam LM por mais que 4 meses.
• LM exclusivo por 4 meses quando comparado como uso de fórmulas, previne a ocorrência de
dermatite atópica, alergia a proteína do leite de vaca e asma.

LEITE MATERNO NA PREVENÇÃO DE ALERGIAS ALIMENTARES


• Protocolo da Academia Americana de Pediatria: se ambos os pais ou, pai ou mãe + irmão têm
história positiva para alergia alimentar → recomendação expressa de AM exclusivo até 6 meses.
• LM exclusivo é eficaz na prevenção do aparecimento de alergia alimentar mesmo entre os lactentes
com risco familiar de alergias.

VANTAGEM DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A MÃE


 Prevenção de hemorragia pós parto – aleitamento imediatamente após o parto favorece a dequitação
placentária
 Método contraceptivo – até 6 meses após o parto, somente para mães em AME e em amenorréia
 Remineralização óssea – redução de fraturas do colo do fêmur na pós menopausa
 Redução do risco de CA mama e ovário
 Economia e eficácia
 A sucção precoce da mama reduz o risco de hemorragia pós-parto, ao liberar ocitocina, e de
icterícia no recém-nascido, por aumentar a motilidade gastrointestinal

PREPARO PARA AMAMENTAÇÃO


 Durante a gestação há o crescimento do tecido mamário, o escurecimento da aréola e o
desenvolvimento das glândulas de Montgomery, que produz uma secreção oleosa que protege o
mamilo e a aréola do atrito da boca do bebê.
 As mamas não precisam ser ‘’preparadas’’   deve-se apenas ajudar o bebe a abocanhar o
mamilo e a aréola e tentar diferentes posições para facilitar a pega
 A preparação das mamas e mamilos no pré-natal não é necessária e pode ser danosa. Durante a
gestação a natureza prepara o seio para a amamentação. Ocorrem modificações naturais
(fisiológicas) no organismo da mulher desde a gestação, preparando para a fase da amamentação: as
mamas ficam maiores, as aréolas (parte escura da mama) tornam-se mais escuras e resistentes pela
ação dos hormônios e a hidratação é promovida pelas glândulas de Montgomery (pontinhos na aréola
parecidos com espinhas – referente a hipertrofia das glândulas sebáceas da região areolar). Por isso,
não existe a necessidade de fazer exercícios para estimular as mamas e mamilos, lavar com esponjas
ou usar hidratantes.
 Cuidados recomendados:
o Procurar não usar sabonete nos mamilos para evitar rachaduras, afim de evitar a retirada da
oleosidade natural.
o Expor a mama ao sol, por poucos minutos, diminui a sensibilidade do mamilo.

FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO
 Durante a gravidez, a progesterona estimula o crescimento dos alvéolos mamários. Enquanto o
estrogênio estimula a proliferação dos ductos lactíferos.
 Apesar dos níveis de prolactina estarem elevados na gravidez, a mulher não secreta leite devido à
inibição pelo hormônio lactogênio placentário.
 Com o nascimento e a saída da placenta, os efeitos inibitórios da progesterona e do lactogênio
placentário sobre a prolactina cessam, e a secreção do leite aumenta.
 Da mesma forma, inicia-se a síntese da occitocina, que atua na ejeção do leite.
 O que promove a produção láctea é a sucção do lactente e o esvaziamento regular das mamas, isto é,
quanto mais o lactente suga, mais o leite será produzido…
 Terminações nervosas areolares, levam estímulo para a hipófise anterior que produz prolactina, que
atua nas células alveolares produzindo leite materno.
 Grande parte do leite de uma mamada é produzida enquanto a criança mama, sob o estímulo da
prolactina, que é liberada graças à inibição da liberação de dopamina, que é um fator inibidor da
prolactina. A liberação da ocitocina provocada pelo estímulo da sucção também ocorre em resposta a
estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a fatores de ordem emocional
como motivação, autoconfiança e tranquilidade.
 A continuidade da sucção chega a hipófise posterior, que libera occitocina, que age sobre as células
mioepitelias promovendo o reflexo de descida do leite. Este reflexo é bloqueado pelo estresse, baixa
autoestima, dor, medo e falta de apoio.
A quantidade de leite que a mulher produz depende principalmente de quanto leite está sendo
consumido pela criança ou retirado da mama. Logo, quanto mais vezes a criança for ao peito e mais
leite consumir, mais leite a mulher vai produzir.

 ESTROGENIO: tem efeitos mitóticos no epitélio mamário e dá início ao desenvolvimento


canalicular. Aumenta o número de receptores de estrógeno e progesterona nas células epiteliais

 PROGESTERONA: diferenciação das células epiteliais, promovendo o desenvolvimento lobular.


Diminui a ação estrogênica no parênquima mamário, limitando a proliferação tubular

 PROLACTINA: estimula o desenvolvimento do tecido adiposo. Junto com o hormônio do


crescimento e cortisol estimula o crescimento e o desenvolvimento do epitélio mamário. Potencializa
a ação do estrogênio e da progesterona. É o principal estímulo hormonal para a lactogênese,
diferenciando, amadurecendo as células produtoras de leite e síntese de seus componentes.
PEGA CORRETA – é o nome dado ao encaixe da boca da criança no peito da mãe
 O queixo encosta no seio
 O nariz fica livre, respirando tranquilamente
 Os lábios ficam virados para fora, como um peixinho
 Não se escuta barulhos, apenas o da deglutição
 O bebê precisa abocanhar toda (ou quase toda) a aréola
 As bochechas ficam cheias ao sugar o leite

 Em decorrência da retração mandibular fisiológica (retrognatismo fisiológico), a língua do bebê apoia-se


sobre a gengiva ou lábio inferior, numa posição anteriorizada e rebaixada, que obriga à respiração nasal. O
volume aumentado da língua e o contato com o lábio inferior facilitam a postura adequada para a
amamentação. A base da língua encontra-se bem próxima à epiglote e protege as vias aéreas inferiores
durante a deglutição. Apesar de a sucção do bebê ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do
peito. Com uma pega adequada – que requer uma abertura ampla da boca, abocanhando não apenas o
mamilo, mas também parte da aréola –, forma-se um lacre perfeito entre as estruturas orais e a mama.
Quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar tensa, dificultando a pega adequada. Em tais casos,
recomenda-se, antes da mamada, a expressão manual da aréola ingurgitada
Os movimentos que a criança faz para retirar o leite do peito são um exercício importante para a boca e para
os músculos do rosto e irão ajudar a criança a não ter problemas com a respiração, a mastigação, a fala, o
alinhamento dos dentes e, também, para engolir.
 Se a mulher sente dor ao amamentar deve-se observar se a criança está fazendo a pega como deveria. A
dor pode ser um sinal de que a pega pode ser melhorada.
 Até a “descida do leite” (apojadura), que costuma ocorrer até o terceiro ao sétimo após o parto, a
produção do leite se dá por ação de hormônios e ocorre mesmo que a criança não esteja sugando. A partir de
então, a produção do leite depende basicamente do esvaziamento da mama, ou seja, é número de vezes que a
criança mama ao dia e a sua capacidade de esvaziar com eficiência a mama que vão determinar o quanto de
leite materno é produzido.
 A apojadura pode demorar um pouco mais para acontecer para algumas mulheres. As cesarianas eletivas
tem sido apontadas como um fator associado à demora na descida do leite. Deve-se incentivar o bebe a sugar
para que o leite desça.

 Mamilos planos ou invertidos podem dificultar o início da amamentação, mas não necessariamente a
impedem, pois o bebê faz o “bico” com a aréola. Para fazer o diagnóstico de mamilos invertidos, pressiona-
se a aréola entre o polegar e o dedo indicador: se o mamilo for invertido, ele se retrai; caso contrário, não é
mamilo invertido. Para uma mãe com mamilos planos ou invertidos amamentar com sucesso, é fundamental
que ela receba ajuda logo após o nascimento do bebê, que consiste em:
• Promover a confiança e empoderar a mãe – deve ser transmitido a ela que com paciência e
perseverança o problema poderá ser superado e que com a sucção do bebê os mamilos vão se
tornando mais propícios à amamentação;
• Ajudar a mãe a favorecer a pega do bebê – a mãe pode precisar de ajuda para fazer com que o bebê
abocanhe o mamilo e parte da aréola se ele, inicialmente, não conseguir; é muito importante que a
aréola esteja macia.
 Pode-se ser necessária a mudança de posição para amamentar
 DOR NA AMAMENTAÇÃO: É comum, nos primeiros dias após o parto, a mulher sentir dor discreta ou
mesmo moderada nos mamilos no começo das mamadas, devido à forte sucção deles e da aréola. Essa dor
pode ser considerada normal e não deve persistir além da primeira semana. No entanto, ter os mamilos
muito doloridos e machucados, apesar de muito comuns, não é normal e requer intervenção. A causa mais
comum de dor para amamentar se deve a lesões nos mamilos por posicionamento e pega inadequados. Deve-
se orientar a pega correta durante a amamentação.

  FREQUENCIA DAS MAMADAS: O recém-nascido normal mama com frequência, sem regularidade
quanto a horários, sempre que a criança quiser. É comum um bebê em aleitamento materno exclusivo mamar
de 8 a 12 vezes ao dia ou mais. A mãe precisa ser orientada que quanto mais o bebê mamar, mais leite
produzirá no seio; que deve confiar em sua produção; que seios murchos não significam menos leite; que
boa parte do leite é produzido durante a da mamada; e que é normal, durante o pico de crescimento, o bebê
mamar horas seguidas.
 CRIANÇA COM DIFICULDADE INICIAL PARA SUGAR: deve-se suspender o uso de bicos de
mamadeira, silicone e chupetas; utilizar apoio para as mamas muito grandes; melhorar a pega e variar a
posição do bebe no momento de amamentar podem ser medidas uteis. Enquanto a criança estiver com
dificuldade para sugar, recomenda-se fazer a retirada do leite do peito de forma manual ou com bomba, de 6
a 8 vezes ao longo do dia, e oferecer ao bebe o leite retirado no copo ou colher.
  POUCO LEITE: a mulher produz uma quantidade suficiente de leite, desde que a criança sugue com
frequência, por tempo adequado e com uma pega adequada, estimulando a produção do leite e esvaziamento
da mama.
  O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser preestabelecido, uma vez que o
tempo necessário para esvaziar uma mama varia entre os bebês e, em uma mesma criança, pode variar
dependendo da fome, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na
mama, entre outros. Independentemente do tempo necessário, é importante que a criança esvazie a mama,
pois o leite do final da mamada – leite posterior – contém mais calorias e sacia a criança.
 Peito vazando: ocorre apenas nos primeiros 3 meses, pois não há uma produção de leite bem estabelecida.
Depois dos 3 meses o seio fica mais murcho, pois há uma readequação do corpo da mulher para a
amamentação. Antes dos 3 meses o leite é produzido e represado nas mamas, após os 3 meses o leite é
produzido apenas no momento em que o bebe suga, sob o efeito da prolactina.
Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo da frequência com que a criança mama.
Quanto maior a frequência das mamadas, maior será a produção de leite.
A mãe precisa ser orientada que quanto mais o bebê mamar, mais leite produzirá no seio; que deve confiar
em sua produção; que seios murchos não significam menos leite; que boa parte do leite é produzido durante
a da mamada; e que é normal, durante o pico de crescimento, o bebê mamar horas seguidas.
A mama endurecida significa que o bebe não está sendo amamentado (sugando) na frequência necessária.

FASES DA PRODUÇÃO LACTEA


 COLOSTRO
 LEITE DE TRASNSIÇÃO
 LEITE MADURO
 LEITE DE MÃES DE PREMATUROS

COLOSTRO:
 Secretado nos primeiros 5 dias após o parto
 O conteúdo de eletrólitos, proteínas, vitaminas lipossolúveis, minerais e imunoglobulinas é maior
(principalmente IgA).  Período em que a mãe passa a maior quantidade de anticorpos para o bebe
 Por outro lado, possui menor concentração de gorduras, lactase e vitaminas hidrossolúveis.
LEITE DE TRANSIÇÃO:
 Produção entre 6-10 dia pós parto até a segunda semana
 A concentração de imunoglobulinas torna-se progressivamente menor, assim como o teor de
vitaminas lipossolúveis. Ocorre aumento de vitaminas hidrossolúveis, lipídios e lactose.
LEITE MADURO:
 Produzido após segunda semana pós parto.
 Maior teor lipídico e de lactose, menor quantidade de proteínas.
 O leite anterior é ralo e doce, ocorrendo predomínio de proteína do soro e lactose. No meio da
mamada é a maior quantidade de caseína. E o leite posterior tem maior concentração de gordura,
necessária para saciar o lactente.

LEITE DE MÃES DE PREMATUROS:


 Mais rico em proteínas, gorduras, sódio, cloro, vitamina A e E.
 Menor teor de lactose e vitamina C.
 No fim do primeiro mês, o conteúdo é similar ao LM do RN a termo, exceto pela concentração de
imunoglobulinas, que permanece elevada.
 O bebe prematuro (que nasceu antes do terceiro trimestre) não recebeu anticorpos e
imunoglobulinas maternos. Por isso o leite produzido pela mãe é rico destes compostos durante todo
o período da amamentação. Bebes prematuros recebem o leite materno por sonda.

COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO


FATOR PROTETOR DO LEITE MATERNO
 Somente o leite materno possui fatores protetores a infecções – Imunoglobulinas IgA, IgM e IgG;
fator bífido, lisozima e lactoferrina.

 O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. A IgA
secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies mucosas. Os
anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela
produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira,
proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive. A concentração de IgA no
leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então.
Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e IgG,
macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. Esse favorece o crescimento
do Lactobacilus bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a instalação de
bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella e Escherichia coli.

 COMO SABER SE O BEBE ESTÁ RECEBENDO LEITE MATERNO SUFICIENTE? Deve-se prestar
atenção a alguns sinais: se o bebe é ativo e responde a estímulos; se faz xixi várias vezes ao dia, no mínimo
6 vezes nas 24 h, urina de cor clara; e se está crescendo e se desenvolvendo adequadamente.

CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS DO LEITE MATERNO


 No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes, sendo inclusive
mais energético nesse período. Estima-se que 500 mL de leite materno no segundo ano de vida
proporcionam 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do
total de energia.
É importante saber que a cor do leite varia ao longo da mamada como decorrência das variações na sua
composição, e também pode variar de acordo com a dieta da mãe. Por exemplo, o leite é mais amarelado
quando a mãe tem uma dieta rica em betacaroteno e esverdeado, em dietas ricas em riboflavinas. No início
da mamada, o teor de água e a presença de constituintes hidrossolúveis confere ao leite coloração de água de
coco; no meio da mamada, com o aumento da concentração de caseína, o leite tende a ter uma coloração
branca opaca e, no final da mamada, em virtude da concentração dos pigmentos lipossolúveis, o leite é mais
amarelado.
 PROTEÍNAS:
o A concentração proteica do leite humano é menor que o leite de vaca (LV).
o A filtração glomerular é baixa no recém-nascido, logo para maior carga de solutos (proteína,
sódio) a necessidade de água para a excreção renal aumenta, o que predispõe à um balanço
hídrico negativo e risco de desidratação.
o A proteína do soro com maior concentração no leite materno é a alfalactoalbumina. A
principal proteína do LV é a beta-lactoglobulina, extremamente alergênica e que pode
predispor a obesidade adulta.
 GORDURAS:
o A quantidade de gordura no leite humano é extremamente variável.
o Ácidos graxos de cadeia longa (ácido linoleico e alfalinolenico) e seus derivados
poliinsaturados de cadeia muito longa (PUFFA’s, como o ácido decosaexaenoico – DHA)
tem ação primordial no desenvolvimento neuropsicomotor e na formação da retina.
 CARBOIDRATOS:
o A lactose é o carboidrato predominante no LM. Por hidrolise fornece galactose e glicose.
 ELETRÓLITOS:
o A menor concentração de sódio no LM impede a sobrecarga renal.
 FERRO:
o O ferro está em baixa concentração em ambos os leites, LM e LV. Porém enquanto a
biodisponbilidade do Fe do LM é de 50%, apenas 10% do Fe no LV é absorvido

MEDICAÇÕES E LACTAÇÃO
 Consultar a caderneta da saúde: amamentação e uso de medicamentos e outras drogas
 Site: elactancia

DROGAS E LACTAÇÃO
 Cafeína: provoca irritabilidade e insônia no lactente.  Uso compatível com a amamentação.
Contudo,
o consumo de altas doses pela nutriz têm sido associado à irritabilidade e insônia no lactente.
 Nicotina: provoca vômitos, irritabilidade e insônia no lactente.  Uso criterioso durante a
amamentação. A nicotina pode reduzir a produção láctea e alterar o sabor do leite. O uso de
medicamentos (adesivo, goma de mascar e spray) contendo nicotina é compatível com a
amamentação.
 Álcool: em excesso (superior 1g/kg/dia) provoca distúrbio cognitivo no lactente, entorpecimento,
astenia, baixo ganho ponderal. Além de diminuir o reflexo de ejeção.
Se consumido em menor quantidade o ideal é que seja após as mamadas, e mantido um intervalo de
cerca de 2h após a próxima mamada.
 Cocaína: contraindicado o aleitamento materno, associada a taquicardia, irritabilidade, vômitos,
convulsões e Síndrome da Morte Súbita do Lactente.

CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS A AMAMENTAÇÃO


 AIDS: principal contraindicação no Brasil
o A transmissão do vírus HIV pelo LM foi comprovada em diversos estudos, e representa uma
contraindicação a amamentação.  Há países que a mãe portadora de HIV pode amamentar,
como na África.
 Uso de medicações:
o Drogas antineoplásicas e imunossupressoras
o Substâncias radioativas
o Derivados do ergot, sais de ouro, amiodarona, ciclosporina, fenindiona e androgênios.
 Casos graves de psicose puerperal  A mãe pode ser um risco ao bebe
 Lesões ativas na mama ou no mamilo provocadas por herpes simples
 Mães com HTLV 1 ou 2 (Vírus T Linfotóprico humano). Está associado com o desenvolvimento de
neoplasias e distúrbios neurológicos na criança.

CONTRA-INDICAÇÕES A AMAMENTAÇÃO RELACIONADAS A CRIANÇA


 GALACTOSEMIA:
o Erro inato do metabolismo da galactase, devido a deficiência enzimática (enzima galctase).
o A criança não pode receber leite materno, leite de vaca ou de cabra, pois não é capaz de
metabolizar o leite. Apenas o leite de soja.
o É a única doença infantil que contraindica completamente o aleitamento materno.
o A galactosemia é diagnosticada pelo teste do pezinho.
 Na Fenilcetonúria, RN com fenilalanina >17 deve-se suspender o aleitamento materno por 5 dias e
usar fórmula isenta fenilalanina. À medida que os níveis séricos vão reduzindo, a amamentação vai
sendo reintroduzida.  A mãe deve fazer uma dieta isenta de fenilananina (não achei nada a respeito)
 Trata-se de doença genética de caráter autossômico recessivo, caracterizada pelo
comprometimento da atividade hepática da enzima fenilalanina-hidroxilase. Essa falha resulta em
bloqueio na conversão da fenilalanina em tirosina, o que determina elevado nível do primeiro e baixo
nível do segundo aminoácido no sangue.
Nos casos recém-diagnosticados e com fenilalanina sérica superior a 17 mg/dL, deve-se suspender o
aleitamento materno por um a cinco dias e suprir a demanda da criança com fórmula metabólica
isenta ou com baixo teor de fenilalanina (150 a 200 mL/kg/dia). À medida que o nível sérico do
aminoácido vai sendo reduzido, pode-se reintroduzir aos poucos o leite materno, diminuindo-se
gradualmente a quantidade de fórmula. No lactente, a fonte de fenilalanina é o leite materno (já que
este é um aminoácido essencial e não pode ser totalmente retirado da dieta)

SITUAÇÕES ESPECIAIS AO ALEITAMENTO MATERNO


 TUBERCULOSE:
o Mycobacterium tuberculosis não passa pelo leite materno.
o Mães abaciliferas ou em tratamento por período superior há 2 semanas – amamentação sem
restrição.
o Doença ativa e menos de 2 semanas de tratamento – LM ordenhado ou amamentar com uso
de máscara.
o O bebe não é imediatamente vacinado com a BCG após o nascimento.
 Criança deve realizar tratamento com isoniazida por 3m, após esse período deve-se realizar
PPD.
 Se PPD positivo realiza-se o tratamento para tuberculose. Se PPD negativo vacina-se com
BCG.

 O recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia por três meses. Após
esse período, deve fazer teste tuberculínico; se positivo, a doença deve ser pesquisada,
especialmente em relação ao acometimento pulmonar. Se a criança tiver contraído a doença,
a terapêutica deve ser reavaliada; caso contrário, deve-se manter isoniazida por mais três
meses. Se o teste tuberculínico for negativo, pode-se suspender a medicação e a criança deve
receber BCG. Outras formas de tuberculose, além da pulmonar, devem sempre ser
pesquisadas.
 MASTITE E ABSCESSO MAMÁRIO:  O bebe sugar ajuda a diminuir o ingurgitamento
o Não contraindicam o aleitamento materno.
o De um modo geral, a presença de patógenos bacterianos no leite materno não representam
riscos ao lactente.
o Os ABT usados são compatíveis com a amamentação

 HANSENÍASE:
o Quando a mãe está sob tratamento adequado, não possui contraindicação a amamentação.
o O Micobacterium leprae pode ser isolado no leite de mulheres com a forma virchowiana não
tratada ou com tratamento inferior a 3 meses de duração com sulfona (dapsona ou
clofazamina) ou, ainda, com tratamento inferior a 3 semanas com rifampicina.  A
amamentação é contraindicada apenas neste caso
o Lesões de pele na mama também podem ser fonte de contaminação.  Amamentação
contraindicada

 DOENÇA DE CHAGAS:
o O parasita pode ser excretado no leite humano.
o Nota-se, entretanto, que a infecção aguda no lactente parece ter evolução benigna e a
descrição de sequelas é rara.
o Assim, a amamentação deverá ser contraindicada apenas na fase aguda da doença ou quando
houver lesão mamilar com sangramento.

 CITOMEGALOVÍRUS:
o O CMV passa através do LM.
o Entretanto como a infecção é assintomática e não deixa sequelas no RN a termo, não a
contraindicação a amamentação.
o EM RN pré-maturos < 30 sem ou menor 1kg de peso - que podem adquirir doença
citomegálica grave; deve-se proceder a pasteurização do leite materno, a fim de redução da
carga viral.

 HEPATITE A:
o Não contraindica LM, apenas usar imunoglobulina padrão humana no RN se doença materna
aguda.
 HEPATITE B:
o O aleitamento não é contra indicado em mães HBsAg + uma vez que o maior risco de
transmissão é intraparto.
o Após o nascimento banho imediato para retirar secreções, aplicar vacina e Imunoglobulina
específica nas primeiras 12h
 HEPATITE C:
o O aleitamento materno não é contra-indicado
o Porém o contato da criança com o sangue materno favorece a infecção
o Evitar se houver rachaduras e lesões no mamilo

 VARICELA:
o Mães com varicela até 5 dias antes do parto ou início das lesões até 2 dias após o parto
deverão ser isoladas do RN na fase contagiante. O leite deve ser ordenhado e oferecido ao
RN. O contato mãe-filho deve apenas ocorrer na fase crostosa. Administrar Ig especifica ao
RN. *Separar mãe e filho ainda é controverso nesse caso…
o As mães que iniciaram lesões com período superior a 5 dias antes do parto, passam
anticorpos para o RN. Não se indica a separação mãe-filho. Nesse caso, a mãe pode
amamentar a criança, tomando os cuidados de lavagem das mãos, uso de máscara e proteção
das lesões em contato direto com o bebê.

ALEITAMENTO MATERNO E CORONAVÍRUS


o Amamentação mantida em casos de infecção por covid-19.
o Cuidados:
o Lavagem de mãos com água e sabão antes de pegar o bebê
o Máscara facial de pano durante as mamadas, evitar falar e tossir durante amamentação
o Mascara trocada em caso de tosse ou espirro ou a cada nova mamada
o Contraindicada doação de LM por mulheres com sintomas ou confirmadas com SARS-CoV2.

Amamentação em tandem: ocorre quando a mãe amamenta simultaneamente dois filhos de idades diferentes. É
importante orientar que a prioridade é do RN.

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