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O leite humano representa a alimentação normativa para crianças durante os primeiros seis
meses de vida e, mais tarde, para além da alimentação complementar. A recomendação atual é
que a criança seja amamentada já na primeira hora de vida e por 2 anos ou mais.
Esse leite atende à todas as necessidades nutricionais específicas dos lactentes e leva a um
crescimento e desenvolvimento adequados, além das evidências crescentes de que também
reduz o risco de desenvolver várias doenças por meio do fornecimento de fatores bioativos,
incluindo a ocorrência das doenças crônicas não transmissíveis na idade adulta, como obesidade,
diabetes melito tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Alguns trabalhos têm mostrado a importância do leite materno na formação da microbiota
intestinal do lactente, contribuindo para programar a saúde e imunidade em curto e longo
prazos.
O incentivo e o apoio ao aleitamento materno devem ocorrer no pré-natal, sala de parto,
alojamento conjunto e após a alta hospitalar.
Iniciativa Hospital Amigo da Criança à É um selo de qualidade dado pelo Ministério da Saúde
a hospitais que cumprem os 10 passos para o sucesso do aleitamento materno.
Para ser amigo da criança, o hospital deve também respeitar outros critérios, como o cuidado
respeitoso e humanizado à mulher durante o pré-parto, parto e o pós-parto, garantir livre acesso
à mãe e ao pai e permanência deles junto ao recém-nascido internado, durante 24 horas, e
cumprir a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças na
Primeira Infância (NBCAL).
Essa iniciativa tem como objetivo – diminuir a morbimortalidade infantil por meio do estimulo
à pratica da amamentação e determinar um desmame precoce, implementar os 10 passos para
o sucesso do AM, por fim a praticas de distribuição de suprimentos gratuitos ou de baixo custo
de substitutos do leite materno para maternidades e hospitais.
Definição de termos:
® Aleitamento Materno exclusivo: é quando a criança recebe somente o leite materno,
diretamente da mama ou leite humano ordenhado, e nenhum outro tipo de alimento
liquido ou solido, com possíveis exceções para alguns medicamentos, mas enfim, toda a
energia e os nutrientes são fornecidos único e exclusivos pelo leite materno.
® Aleitamento materno predominante: é quando o lactente recebe, além do leite
materno, água ou bebidas a base de agua, como suco de frutas ou chás, mas não recebe
outro leite.
® Aleitamento Materno: é quando a criança recebe leite materno, diretamente do seio
ou dele extraído, independentemente de estar recebendo qualquer alimento, incluindo
leite não humano.
® Aleitamento Materno complementado: é quando a criança recebe, além do leite
materno, qualquer alimento solido ou semissólido com a finalidade de complementa-lo, e
não de substitui-lo. Nesta categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro
tipo de leite, masa este não é considerado alimento complementar.
® Aleitamento Materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite materno e
outros tipos de leite.
ANATOMIA DA MAMA:
O leite vai sair do alvéolo, passar pelo canalículo, chegar até o seio lactífero e e
ejetado/liberado pelo poro mamilar. à mediante a sucção do bebe.
OBS: Durante a amamentação, a sucção do bebê estimula a liberação de ocitocina, um hormônio
que desencadeia contrações musculares ao redor dos ductos e dos alvéolos. Essas contrações
ajudam a empurrar o leite dos alvéolos através dos canalículos e seios lactíferos até os poros
mamários, onde o leite é então expelido e disponibilizado para o bebê.
→ Mamilo Protuso: O mamilo protuso é aquele que se projeta para fora da aréola quando
estimulado ou em repouso. Ele é proeminente e mais visível, sendo considerado o tipo mais
comum de mamilo.
→ Mamilo Semiprotuso: O mamilo semiprotuso é uma variação onde o mamilo não é tão
proeminente quanto o mamilo protuso, mas ainda pode se projetar ligeiramente para fora da
aréola quando estimulado.
→ Mamilo Invertido: O mamilo invertido é caracterizado por uma retração para dentro da aréola
em vez de se projetar para fora. Isso pode ser causado por uma variedade de fatores, incluindo
ductos mamários curtos ou tecidos fibrosos ao redor do mamilo.
→ Mamilo Pseudo Invertido: O mamilo pseudo invertido é aquele que pode parecer invertido
em repouso, mas pode se projetar para fora da aréola quando estimulado, como durante a
amamentação ou a excitação sexual. Isso ocorre devido à contração dos músculos ao redor do
mamilo.
Fisiologia da lactação:
Lactogênese:
A lactogênese é dividida em 3 fases.
Na fase I, já durante a gestação, a mama é preparada para a amamentação, sobretudo, pela
ação de alguns hormônios como o estrogênio responsável pela ramificação dos ductos lactíferos, e
pelo progestogênio que forma os lóbulos e outros que contribuem para o crescimento mamário
(lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica).
Na segunda metade da gestação, os ácinos e alvéolos ficam distendidos devido ao acúmulo de
colostro.
A fase II da lactogênese ocorre após o nascimento da crianças e expulsão da placenta,
quando ocorre uma queda acentuada do progestogênio, com consequente liberação da prolactina
pela hipófise anterior.
A hipófise posterior, por sua vez, produz ocitocina, a qual contrai as células mioepiteliais que
envolvem os alvéolos expulsando/ejetando o leite contido nos mesmos. Logo após o nascimento, a
produção de leite é controlada principalmente por hormônios. Após o 3º/4º dia após o parto ocorre
a “descida do leite” - apojadura, processo que ocorre independente da criança realizar ou não a
sucção.
Com isso, inicia-se a fase III da lactogênese, chamada galactopoiese, a qual depende
primordialmente da sucção do bebê e do esvaziamento da mama. O leite possui “peptídeos
supressores da lactação” que inibem a produção do leite e ao serem removidos pelo esvaziamento
da mama há a garantia da reposição do leite removido com o esvaziamento anterior.
O leite de uma mamada é produzido, em sua maior parte, enquanto a criança mama por meio
do estímulo da prolactina (esta é inibida pela dopamina, logo, nesse período, a dopamina tem sua
liberação inibida) e da ocitocina.
Esta última é liberada através de alguns estímulos: sucção da criança, visão, cheiro e choro da
criança, motivação, tranquilidade e autoconfiança; ao passo que, estresse, ansiedade, dor,
desconforto e medo inibem a ejeção do leite, prejudicando a lactação.
( + informações no caderninho )
O leite humano é um líquido vivo, dinâmico e adaptativo. Contém mais de 200 componentes
conhecidos, como linfócitos, macrófagos e neutrófilos vivos; imunoglobulinas, complemento,
oligossacarídios e outros fatores de defesa do hospedeiro; lactoferrina; enzimas e hormônios
como corticosteroides, eritropoetina e insulina para citar alguns, além de seus nutrientes.
O leite humano mudou e adaptou-se durante a evolução humana para oferecer exatamente
o que os lactentes humanos necessitam.
BLW: O que é à Baby-Led Weaning – desmame guiado pelo bebe (OBS: o bebe precisa conseguir
ficar sentado para comer/ ter sinais de prontidão ) – cadeirinha.
Além das recomendações publicadas oficialmente por comitês profissionais, há outras abordagens
de AC sendo difundidas pela internet como, por exemplo, o Baby-Led Weaning (BLW) que significa:
o desmame guiado pelo bebê. Conceitualmente a idealizadora, a britânica Gill Rapley, defende a
oferta de alimentos complementares em pedaços, tiras ou bastões. Sua abordagem não inclui
alimentação com a colher e nenhum método de adaptação de con- sistência para preparar a refeição
do lactente, como amassar, triturar ou desfiar. Segundo Ra- pley4 o BLW não é um método
específico, mas uma abordagem que encoraja os pais a confia- rem na capacidade nata que o
lactente possui de autoalimentar-se.
Ao completar seis meses de vida, grande parte dos lactentes saudáveis já apresentam a capacidade
para sentar sem apoio, sustentar a cabeça e o tronco, segurar objetos com as mãos, e explorar
estímulos ambientais.
Outras aquisições são o desenvolvimento oral, o desaparecimento do reflexo de protrusão, e o
aparecimento dos movimentos voluntários e independentes da língua, fazendo com que o alimento
role na boca e a criança o mastigue.
As publicações sobre o BLW contêm ampla defesa para o uso de alimentos in natura,
desencorajando a alimentação do lactente realizada na forma tradicional como papinha ou purês.
defende os seguintes tópicos:
• Continuar com o leite materno ou a fórmula infantil;
• Posicionar o lactente sempre sentado para alimentar;
• Permitir que o lactente se suje e interaja durante as refeições;
• Oferecer variedade de alimentos, evitando a monotonia;
• Interagir com o lactente quando ele estiver comendo junto, durante as refeições;
• Dar o tempo necessário para a refeição sem pressionar.
à Embora as investigações científicas estejam sendo publicadas no decorrer dos últimos oito anos,
os profissionais de saúde e sociedades da Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos não recomendam
oficialmente o BLW pelos seguintes questionamentos que ainda não foram respondidos:
1. Há impacto sobre o crescimento e o desenvolvimento?
2. A ingestão de micronutrientes é suficiente?
3. Influencia a formação dos hábitos alimentares?
4. Influencia o comportamento dos pais / cuidadores?
5. É um método de alimentação complementar viável para os pais?
6. É uma forma segura de alimentar os lactentes? Há maior risco de engasgo e asfixia?
1. Amamentação deve continuar até os 2 anos ou mais à Essa não é uma orientação
nova.
à O novo guia da OMS apenas reforça essa mensagem e explica por que ela é tão importante.
"Durante o segundo ano de vida, o leite materno continua fornecendo proteção imunológica para
a criança por meio de sua grande variedade de substâncias não nutritivas, como imunoglobulinas,
hormônios, proteínas, oligossacarídeos do leite humano, glóbulos brancos, peptídeos
antimicrobianos, citocinas, quimiocinas, micro RNAs e bactérias comensais", diz o documento.
3. IA deve começar aos 6 meses à A introdução de novos alimentos só deve começar depois que
o bebê chegar ao sexto mês de vida. Isso vale tanto para crianças que consomem fórmula quanto
para aquelas que tomam leite materno.
Nada deve ser oferecido à criança antes disso (nem mesmo água). "A recomendação é que a
introdução seja feita aos seis meses, porque é quando o desenvolvimento neuropsicomotor e os
sistemas digestivo e renal estão plenamente prontos para receber alimentos diferentes dos líquidos",
diz a SBP. à ok isso já tinha.
4. Bebês de 6 meses a 2 anos devem ter uma dieta diversificada à Assim como os adultos, os
bebês de 6 meses a 2 anos também precisam comer alimentos saudáveis e diversificados. No
novo guia, a OMS diz que os pais devem se atentar para que diferentes grupos de alimentos
estejam presentes na dieta do filho:
® Alimentos de origem animal (carne, peixe ou ovos) devem ser consumidos diariamente
® Frutas e legumes devem ser consumidos diariamente
® Leguminosas, nozes e sementes devem ser consumidas com frequência, especialmente
quando os alimentos de origem animal são limitados na dieta
Segundo a nutricionista Franciele Loss, os três grupos de alimentos não precisam estar presentes,
ao mesmo tempo, em todas as refeições. Apesar disso, o ideal é que, pelo menos, um desses grupos
seja oferecido a cada vez que o bebê se alimentar.
5. Crianças com menos de 2 anos não devem consumir açúcar e ultraprocessados à Há tempos,
a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) defendem
que alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar não devem ser oferecidos a bebês com menos
de 2 anos. O novo guia da OMS reforça essa orientação e traz mais algumas considerações.
à Em resumo, o documento defende que alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras trans não
devem fazer parte da dieta de crianças com menos de 2 anos. E isso inclui adoçantes, chás,
refrigerantes, salgadinhos, sucos de caixinha, biscoitos... "As evidências mostram que alimentos e
bebidas industrializados podem trazer efeitos negativos para a saúde de crianças pequenas. Trocar
alimentos mais saudáveis por essas opções pode estar associado à desnutrição, excesso de peso e
efeitos cardiometabólicos adversos", diz.
Querendo ou não, nada disso é novidade. Ainda assim, esse tópico falando de "alimentos não
saudáveis" gerou polêmica nas redes sociais, por causa de um trecho em que o guia fala sobre
sucos in natura para crianças com menos de 2 anos.
No documento, a OMS diz que "o consumo de suco 100% da fruta deveria ser limitado".
Essa frase fez com que muita gente entendesse que crianças a partir dos 6 meses também estariam
liberadas para tomar suco in natura. Mas, segundo a nutricionista Franciele Loss, a interpretação
não deveria ser exatamente essa.
Mundialmente, o suco natural é contraindicado para crianças com menos de
12 meses. Tanto a AAP quanto a SBP defendem que o suco da fruta não deve ser oferecido a
bebês com menos de 1 ano. Depois de completar o primeiro ano de vida, o suco até pode ser
oferecido, desde que sem adição de açúcar ou adoçantes e sem ultrapassar o limite de 120 ml por
dia.
à "A ingestão de suco de frutas, mesmo in natura, não é indicada, uma vez que a fruta acaba
sendo menos calórica e proporciona mais saciedade que o suco. Além de ser fonte de fibra e exigir
a mastigação, importante para o desenvolvimento orofacial da criança", diz a SBP.
https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/373358/9789240081864-eng.pdf?sequence=1 (LINK)
SUPLEMENTAÇAO:
Dor no Mamilo
A dor no mamilo é uma das queixas mais comuns das mães que amamentam, durante o período de
pós-parto imediato. O posicionamento incorreto do bebê e o encaixe inadequado ao mamilo são as
causas mais comuns de dor no mamilo, além do leve desconforto sentido no início da amamentação.
Se o problema persistir e o bebê recusar a amamentação, torna-se necessário considerar a
possibilidade de candidíase no mamilo. Se presente, a mãe deverá ser tratada com um creme
antifúngico que deverá ser removido antes da amamentação, e o bebê deverá ser tratado com
medicação oral.
Engurgitamento
Mastite
A mastite ocorre em 2-3% das mulheres lactantes, sendo geralmente unilateral e se manifestando
como calor localizado, sensibilidade, edema e eritema após a 2a semana de pós-parto. Também
pode ocorrer aparecimento súbito de dor na mama, mialgia e febre com fadiga, náusea, vômito e
cefaleia. Entre os organismos implicados na mastite, estão Staphylococcus aureus, Escherichia coli,
Estreptococos do grupo A, Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumoniae e Bacteroides spp. O
diagnóstico é confirmado pelo exame físico. Os antibióticos e analgésicos orais, ao mesmo tempo
em que promovem a amamentação ou o esvaziamento do seio afetado, geralmente resolvem a
infecção. Um abscesso de mama é uma complicação menos comum da mastite, porém é uma
infecção mais séria que requer a administração intravenosa de antibióticos, incisão e drenagem,
aliados à suspensão temporária da amamentação com a mama afetada.
Fenômeno de Raynaud
O fenômeno de Raynaud, uma isquemia intermitente causada por vasoespasmo, que usualmente
ocorre nos dedos das mãos e dos pés, também pode acometer os mamilos. Em geral ocorre em
resposta à exposição ao frio, compressão anormal do mamilo na boca da criança ou trauma mamilar
importante. Porém, nem sempre é possível encontrar a causa. Manifesta-se inicialmente por palidez
dos mamilos (por falta de irrigação sanguínea) e dor importante antes, durante ou depois das
mamadas, mas é mais comum depois das mamadas, provavelmente porque em geral o ar é mais
frio que a boca da criança. A palidez é seguida de cianose e finalmente o mamilo se torna
avermelhado. Muitas mulheres relatam dor em “fisgadas” ou sensação de queimação enquanto o
mamilo está pálido e por isso muitas vezes essa condição é confundida com candidose. Os
espasmos, com a dor característica, duram segundos ou minutos, mas a dor pode durar uma hora
ou mais. É comum haver uma sequência de espasmos com repousos curtos. Algumas medicações
como Fluconazol e contraceptivos orais podem agravar os vasoespasmos.
Manejo
Deve-se buscar identificar e tratar a causa básica que está contribuindo para a isquemia do mamilo
e melhorar a técnica de amamentação (pega), quando esta for inadequada. Compressas mornas
ajudam a aliviar a dor na maioria das vezes. Analgésico e anti-inflamatório, tipo ibuprofeno, podem
ser prescritos, se necessário. Quando a dor é importante e não houver melhora com as medidas já
citadas (o que é raro), deve-se utilizar a nifedipina 5 mg, três vezes ao dia, por uma ou duas
semanas ou 30–60 mg, uma vez ao dia, para a formulação de liberação lenta. As mulheres com
essa condição devem evitar uso de drogas vasoconstritoras, tais como cafeína e nicotina.
O bloqueio de ductos lactíferos ocorre quando o leite produzido numa determinada área da mama,
por alguma razão, não é drenado adequadamente. Com frequência, isso ocorre quando a mama
não está sendo esvaziada adequadamente, o que pode acontecer quando a amamentação é
infrequente ou quando a criança não está conseguindo remover o leite da mama de maneira
eficiente. Pode ser causado também quando existe pressão local em uma área, como, por exemplo,
um sutiã muito apertado, ou como consequência do uso de cremes nos mamilos, obstruindo os
poros de saída do leite.
Tipicamente, a mulher com bloqueio de ductos lactíferos apresenta nódulos localizados, sensíveis e
dolorosos, acompanhados de dor, vermelhidão e calor na área envolvida. Em geral, a febre não faz
parte do quadro clínico. Às vezes, essa condição está associada a um pequeno, quase imperceptível,
ponto branco na ponta do mamilo, que pode ser muito doloroso durante as mamadas.
Qualquer medida que favoreça o esvaziamento completo da mama irá atuar na prevenção do
bloqueio de ductos lactíferos. Assim, técnica correta de amamentação e mamadas frequentes
reduzem a chance dessa complicação, como também o uso de sutiã que não bloqueie a drenagem
do leite e a restrição ao uso de cremes nos mamilos.
Abscesso mamário
O abscesso mamário, em geral, é causado por mastite não tratada ou com tratamento iniciado
tardiamente ou ineficaz. É comum após a interrupção da amamentação na mama afetada pela
mastite sem o esvaziamento adequado do leite por ordenha.
O diagnóstico é feito basicamente pelo quadro clínico: dor intensa, febre, mal-estar, calafrios e
presença de áreas de flutuação à palpação no local afetado. No diagnóstico diferencial do
abscesso, devem-se considerar galactocele, fibroadenoma e carcinoma da mama. A
ultrassonografia pode confirmar o abscesso mamário, além de indicar o melhor local para incisão
ou aspiração.
Todo esforço deve ser feito para prevenir abscesso mamário, já que essa condição pode
comprometer futuras lactações em aproximadamente 10% dos casos. Qualquer medida que previna
o aparecimento de mastite consequentemente vai prevenir o abscesso mamário, assim como a
instituição precoce do tratamento da mastite se ela não puder ser prevenida.
Pouco leite
A grande maioria das mulheres tem condições biológicas para produzir leite suficiente para atender
à demanda de seu filho. No entanto, uma queixa comum durante a amamentação é “pouco leite”
ou “leite fraco”. Muitas vezes, essa percepção é o reflexo da insegurança materna quanto a sua
capacidade de nutrir plenamente o seu bebê. Essa insegurança, com frequência reforçada por
pessoas próximas, faz com que o choro do bebê e as mamadas frequentes (que fazem parte do
comportamento normal em bebês pequenos) sejam interpretados como sinais de fome. A ansiedade
que tal situação gera na mãe e na família pode ser transmitida à criança, que responde com mais
choro. A suplementação com outros leites muitas vezes alivia a tensão materna e essa tranquilidade
é repassada ao bebê, que passa a chorar menos, vindo a reforçar a ideia de que a criança estava
passando fome. Uma vez iniciada a suplementação, a criança passa a sugar menos o peito e, como
consequência, vai haver menor produção de leite, processo que com frequência culmina com a
interrupção da amamentação. Por isso, a queixa de “pouco leite” ou “leite fraco” deve ser valorizada
e adequadamente manejada.
Até a “descida do leite”, que costuma ocorrer até o terceiro ou quarto dia após o parto, a produção
do leite se dá por ação de hormônios e ocorre mesmo que a criança não esteja sugando. A partir
de então, a produção do leite depende basicamente do esvaziamento da mama, ou seja, é o número
de vezes que a criança mama ao dia e a sua capacidade de esvaziar com eficiência a mama que
vão determinar o quanto de leite materno é produzido.
O volume de leite produzido na lactação já estabelecida varia de acordo com a demanda da criança.
Em média, uma mulher amamentando exclusivamente produz 800 mL de leite por dia. No entanto,
a capacidade de produção de leite das mulheres costuma ser maior que as necessidades de seus
filhos, o que explica a possibilidade de amamentação exclusiva de gêmeos e o leite extra produzido
pelas mulheres que doam seu leite aos bancos de leite.
O bebê dá sinais quando há insuficiência de leite, tais como não ficar saciado após as mamadas,
chorar muito, querer mamar com frequência e ficar muito tempo no peito nas mamadas. O número
de vezes que a criança urina ao dia (menos que seis a oito) e evacuações infrequentes, com fezes
em pequena quantidade, secas e duras, são indicativos indiretos de pouco volume de leite ingerido.
Porém, o melhor indicativo de que a criança não está recebendo volume adequado de leite é a
constatação, por meio do acompanhamento de seu crescimento, de que ela não está ganhando
peso adequadamente.
Existem no leite materno substâncias específicas que inibem a produção do leite (peptídeos
inibidores da lactação), e a sua retirada, por meio do esvaziamento da mama, é que garante a
reposição total do leite removido. Qualquer fator materno ou da criança que limite o esvaziamento
das mamas pode causar diminuição na produção do leite. A má pega é a principal causa de remoção
ineficiente do leite. Mamadas infrequentes e/ ou curtas, amamentação com horários pré-
estabelecidos, ausência de mamadas noturnas, ingurgitamento mamário, uso de complementos e
uso de chupetas e protetores de mamilo também podem levar à esvaziamento inadequado das
mamas.
Outras situações menos frequentes associadas com sucção ineficiente do bebê, como lábio/ palato
leporino, freio da língua curto, micrognatia, macroglossia, uso de medicamentos na mãe ou na
criança que deixe a criança sonolenta ou que reduza a produção de leite (bromocriptina,
cabergolina, estrogênios, progetogênios, pseudoefedrina e, em menor grau, álcool e nicotina),
asfixia neonatal, prematuridade, Síndrome de Down, hipotireoidismo, disfunção neuromuscular,
doenças do sistema nervoso central, padrão de sucção anormal, problemas anatômicos da mama
(mamilos muito grandes, invertidos ou muito planos), doenças maternas (infecção, hipotireoidismo,
diabetes não tratada, síndrome de Sheehan, tumor hipofisário, doença mental), retenção de restos
placentários, fadiga materna, distúrbios emocionais, uso de medicamentos que provocam
diminuição da síntese do leite, restrição dietética importante (perda de peso maior que 500 g por
semana), redução cirúrgica das mamas, fumo e gravidez são possíveis determinantes de baixa
produção de leite. Portanto, é fundamental uma história detalhada e uma observação cuidadosa
das mamadas para se descartar tais problemas.
Contraindicações:
A presença de algumas doenças maternas pode exigir cuidados especiais referentes à amamentação
com o intuito de que esta se mantenha, assim como outras situações o aleitamento materno deve
ser contraindicado. Em se tratando deste último, as contraindicações absolutas são: mães infectadas
pelo HIV, HTLV 1 e 2, uso de medicamentos incompatíveis com amamentação como radiofármacos
e antineoplásicos (o manual “Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias” deve ser
consultado antes para orientações e/ou prescrições acerca de susbtâncias) e criança com
galactosemia (que não pode ingerir qualquer leite com lactose, inclusive o humano).
Vale ressaltar que algumas condições podem deixar alguns profissionais de saúde em dúvida
acarretando às vezes orientações incorretas quanto a parar a amamentação, mas que não são
condições que impedem a continuidade do aleitamento:
® Tuberculose: Mães não tratadas ou bacilíferas devem amamentar com o uso de máscaras e
restringir o contato próximo à criança devido à transmissão potencial por gotículas respiratórias.
Logo, o bebê deve tomar isoniazida 10 mg/ kg/dia durante 3 meses e após esse período realizar
teste tuberculínico (PPD). Caso o PPD seja positivo, deve-se proceder com investigação de
tuberculose pulmonar, uma vez que a criança tenha contraído a doença a terapêutica deve ser
reavaliada. Caso não tenha contraído a doença, a isoniazida deve ser manti- da por mais 3
meses. Caso o PPD não seja positivo, pode-se suspender a medi- cação e a criança deve ser
vacinada com BCG.
® Hanseníase: Como a primeira dose da rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais
bacilífera, a amamentação deve ser mantida e o tratamento da mãe deve ser iniciado. •
Hepatites: A vacina e imunoglobulina para o tipo B elimina o risco de transmissão; no caso do
tipo C deve-se evitar fissuras na mama para evitar contato da criança com sangue materno.
® Dengue: O leite materno possui um fato antidengue que protege a criança.
® Cigarro e álcool: Deve-se desestimular o consumo de ambos, mas o uso destes não
contraindica a amamentação. Quanto ao cigarro, os benefícios do leite materno superam os
riscos do cigarro, mas é importante recomendar que a mãe evite fumar no mesmo espaço em
que a criança costuma ficar. No caso do álcool, doses ≥ 0,3g/kg podem reduzir a produção do
leite, bem como o sabor e odor do mesmo podem ser modificados por conta do álcool, o que
pode acarretar na recusa pelo lactente.
Aspectos emocionais:
A transição da maternidade hospitalar para o ambiente doméstico (A ida para casa) pode
representar um desafio significativo para muitas mães, especialmente quando se trata da
continuidade do aleitamento materno exclusivo. A percepção da fome do bebê após a alta hospitalar
é uma preocupação comum entre as mães pelo que eu percebi. Estava lendo um artigo que tinha
relatos de mães e como conduziram o AM em casa, esse relato falava:
(Mãe 1) --> começou a complementar a alimentação do filho já nos primeiros dias em casa, porque
achava que ele não estava sendo bem alimentado: “E sempre aquela impressão: acho que é pouco,
que não é o suficiente, que não tá alimentando ele, parece que quer mais. (...) Aí eu disse "não,
acho que ele tá com fome'. Fiz uma medida. Eu acho que era, porque ele tomou e apagou. Dormiu
três horas direto, quietinho"
O relato da mãe (M1) ilustra como a percepção de uma produção de leite insuficiente pode levar à
introdução precoce de fórmula infantil como complemento alimentar. Além disso, o fato de o bebê
ter dormido após a alimentação com fórmula reforçou a crença da mãe de que ele estava com fome,
ignorando os padrões normais de sono dos recém-nascidos.
No período inicial em casa, as avós apareceram como importantes nas decisões das mães e também
como ajudantes, seja presentes no dia a dia, seja à distância. No caso de M1 que foi citada, a mãe
apoiou a decisão da filha de dar fórmula infantil, talvez porque ela mesma tenha passado por
situação semelhante: “Eu e a minha mãe conversando, a gente foi tomando essa decisão [de dar o
complemento]" (M1).
Em pesquisa sobre a influência das avós no aleitamento materno, concluíram que o fato das avós,
tanto maternas quanto paternas, aconselharem o uso de água, chás ou outros leites contribui
significativamente para o abandono da amamentação exclusiva no primeiro mês.
Por outro lado, quando as avós são a favor do aleitamento materno exclusivo, tornam-se grande
fonte de apoio para as mães.
Sendo assim, as avós podem favorecer a introdução precoce de complemento na alimentação do
bebê ou a continuação do aleitamento materno exclusivo, dependendo de seu próprio
posicionamento em relação à amamentação.
PARTE 2:
® Ansiedade e Estresse: Mães que estão sobrecarregadas com o estresse do parto,
preocupações com o bebê, ajustes pós-parto e outras responsabilidades podem experimentar
ansiedade que interfere na amamentação. O estresse excessivo pode afetar a produção de
leite e prejudicar a capacidade da mãe de relaxar e se conectar com o bebê durante as
mamadas.
® Depressão Pós-Parto: A depressão pós-parto é uma condição séria que afeta muitas mães
após o parto. Os sentimentos de tristeza, desesperança, falta de interesse ou prazer podem
dificultar o estabelecimento de um vínculo emocional com o bebê e interferir na disposição
da mãe para amamentar.
® Trauma ou Experiências Passadas Negativas: Mães que têm experiências passadas
negativas relacionadas à amamentação, como problemas de saúde com um filho anterior,
dificuldades de amamentação ou experiências traumáticas, podem enfrentar desafios
emocionais para amamentar novamente. O medo do fracasso ou da repetição de
experiências negativas pode prejudicar a confiança da mãe na amamentação.
® Pressão Externa ou Expectativas Irrealistas: A pressão da família, amigos, profissionais
de saúde ou da sociedade em geral para amamentar pode criar expectativas irrealistas e
colocar uma carga emocional adicional sobre a mãe. Sentimentos de culpa, inadequação ou
fracasso podem surgir se a mãe enfrentar dificuldades na amamentação ou não atingir os
padrões estabelecidos.
® Falta de Apoio e Compreensão: A falta de apoio emocional e prático da família, parceiro
ou comunidade pode tornar a jornada da amamentação solitária e desafiadora para a mãe.
A falta de compreensão sobre as necessidades e emoções da mãe pode aumentar o
isolamento e a sensação de desamparo.
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/estresse-e-exaustao-podem-
interferir-na-producao-do-leite-materno