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ALEITAMENTO

Fisiologia da Lactação

⏩ A lactogênese ou galactogênica é o início de formação da secreção láctea, responsável


pela produção e ejeção do leite.
É dividida em três fases:
→ Lactogênese I (mamogênese) – desenvolvimento da mama na gravidez.
→ Lactogênese II – início da produção láctea.
→ Lactogênese III (lactopoese) – manutenção da produção láctea.

 LACTOGÊNESE I

⏩ Ocorre durante todo o período gestacional e se refere ao crescimento e desenvolvimento


da glândula mamária, que torna a mulher capaz de produzir leite.

→ Durante a gestação, há o aumento do tecido adiposo, da vascularização das mamas, da rede


de células mioepiteliais que envolvem os alvéolos e também dos lóbulos (formados pelo
aumento da rede de ductos e alvéolos);
→ Controle endócrino;
→ Início da idade secretora ➞ a partir da 16ª semana;
→ Além da atuação do estrogênio e progesterona, a prolactina também entra em ação, sendo ela
a responsável pela produção do leite nas células alveolares:
↪ Estrogênio ➞ desenvolvimento dos ductos galactóforos
↪ Progesterona ➞ desenvolvimento dos alvéolos
↪ Prolactina ➞ síntese e secreção do leite
↪ Ocitocina ➞ ejeção do leite
→ Devido a ação da prolactina, a mulher pode produzir o colostro (secreção láctica) a partir da
16ª semana gestacional (em alguns casos a produção é tão grande que pode extravasar antes
da ação de ejeção da ocitocina);
→ O estrogênio e a progesterona são fundamentais para o desenvolvimento físico das mamas,
porém ambos exercem papel inibitório da ejeção do leite ➞ inibem a ocitocina;
↪ Durante o trabalho de parto, ocorrerá o aumento da concentração da ocitocina
(responsável pela contração uterina), paralelo a isso, há uma queda brusca de
estrogênio e progesterona ➞ param de ser secretados pela placenta e corpo lúteo.

 LACTOGÊNESE II
⏩ Se refere à síntese de leite pelas células alveolares e sua secreção no lúmen do alvéolo. 

→ Após a saída da placenta, há liberação de prolactina e a secreção de leite aumenta em


quantidade de 3-5 dias após o parto;
→ Controle endócrino;
→ Hormônios envolvidos ➞ prolactina, ocitocina, insulina, tiroxina e cortisol;
→ A ocitocina, em resposta à sucção da criança, leva à contração das células que envolvem os
alvéolos, expulsando o leite neles contido.
→ A produção de leite logo após o nascimento da criança é controlada principalmente por
hormônios e a apojadura (“descida do leite”) costuma ocorrer mesmo se a criança não sugar o
seio.
→ Motivos para atraso na descida do leite:
↪ Fragmentos de placenta
↪ Hemorragia materna
↪ Condição de saúde materna ➞ diabetes, obesidades, tireoideopatias, parto prematuro,
trabalho de parto prolongado, resistência insulínica, hipertensão

 LACTOGÊNESE III

⏩ Diz respeito à manutenção da lactação já estabelecida e depende da duração e


frequência da amamentação ➞ também chamada de lactopoese.

→ Controle autócrino;
→ Nessa fase, a sucção e a pega adequada são essenciais, tendo em vista que, com o
aleitamento, as concentrações de prolactina se manterão elevadas;
↪ Janela de oportunidade ➞ 6 semanas após o parto.
→ Com o tempo, a concentração de prolactina não permanece elevada, porém continua sendo
essencial para a manutenção da síntese de leite;

→ Motivos que interferem na manutenção da síntese de leite:


↪ Prematuridade, freios orais alterados, pega e posicionamento incorretos, uso de bicos
artificiais, uso de fórmula, mamadas com horários rígidos, afastamento mãe-bebê.
→ Essa fase se mantém por toda a lactação.

 PSICOFISIOLOGIA DA LACTAÇÃO
⏩ A parte da ciência que se ocupa de todo o funcionamento da amamentação.

→ A amamentação depende de uma série de fatores complexos que envolvem aspectos


psíquicos, neurais e endócrinos, e que juntos são capazes de fazer a ejeção do leite e a
manutenção da lactação.

RECAPITULANDO:

o PRODUÇÃO DE LEITE – PROLACTINA

→ É secretada durante a gravidez, porém é inibida pelos hormônios esteroidais em um dado


momento da gestação ➞ progesterona e estrogênio;
→ Quando a criança nasce e a placenta é removida, ocorre uma diminuição rápida desses
hormônios ➞ o efeito inibitório cessa e a prolactina pode promover a secreção do leite;
→ A prolactina cai na corrente sanguínea, chega ao alvéolos mamários (células no interior dos
seios) e é lá que o leite é produzido.

* Mamadas noturnas mantém os níveis elevados!!

o EJEÇÃO DO LEITE – OCITOCINA

→ Após a produção do leite, ele flui para os ductos lactíferos, os quais se ramificam em canais
menores e terminam em pequenas estruturas chamadas lóbulos.
→ Dos lóbulos, o leite flui para a boca do bebê por meio dos furinhos localizados ao redor do
bico do peito da mãe;
→ Ocorre um processo neuro-hormonal chamado de “reflexo de ejeção” ou “de descida” do
leite:
↪ 1-5 min após o bebê começar a mamar
↪ Ao sugar o peito, o bebê estimula as terminações nervosas do mamilo, e esse estímulo
irá percorrer o corpo da mãe até a glândula neuro-hipófise
↪ A neuro-hipófise entra em ação produzindo o hormônio OCITOCINA, o qual é
liberado na corrente sanguínea e chega às mamas
→ A ocitocina produz contrações em pequenos músculos que circulam os alvéolos, fazendo com
que o leite flua para o mamilo;
→ Estímulos que ajudam na ação da ocitocina:
↪ O olhar do bebê, o cheiro, o choro e pensar em momentos bons
→ Fatores que podem inibir o reflexo da ocitocina:
↪ Insegurança, medo e dor

* Mamadas noturnas mantém os níveis elevados!!


o SINAIS DO REFLEXO DE EJEÇÃO

→ Calor, rubor e calafrio;


→ Sede;
→ Sensação de formigamento ou coceira;
→ Gotejamento na outra mama;
→ Sonolência e tranquilidade;
→ Pressão na mama.
→ D-MER (Dysphoric Milk Ejection) ➞ disforia abrupta onde a mãe pode ser tomada por
sentimentos negativos, como tristeza, ansiedade, desconforto, irritabilidade e inquietação, que
ocorrem imediatamente antes da ejeção do leite.

SINAIS DO REFLEXO DE EJEÇÃO INEFETIVO: bebê irritado, pega e solta várias


vezes, não faz deglutição, ganho de peso insatisfatório e eliminações insatisfatórias.

o FATORES QUE INTERFEREM NA EJEÇÃO DO LEITE:

→ DOR;
→ Medo;
→ Vergonha e insegurança;
→ Cansaço;
→ Julgamentos e críticas;
→ Pressão para amamentar.

o FATOR DE INIBIÇÃO DA LACTAÇÃO – FIL

⏩ FIL é uma proteína secretada pelos lactócitos, que regulam a produção de leite em nível
local.

→ Quando o leite não é retirado da mama, é produzida a proteína FIL;


→ Quando a quantidade de FIL aumenta, é enviado um sinal ao hipotálamo para reduzir a
prolactina e, consequentemente, a produção de leite;
→ A mama produz mais leite à medida que é eficientemente esvaziada;

Resumindo: quanto mais o bebê mama, maior a produção de leite pela retirada continua do
fator inibidor da lactação.
 PROTEÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO

⏩ Os profissionais da saúde são essenciais na promoção e apoio à amamentação, e é


fundamental que tenham conhecimentos específicos sobre a prática do aleitamento, bem
como habilidades para orientação e suporte da mãe e da família.

→ Promover mudanças nas rotinas e condutas;


→ Ser presente e estar disponível para escuta ativa e sem julgamentos;
→ Demonstrar apoio, carinho e empatia;
→ Acolher, conhecer o seu contexto, validar seus sentimentos e emoções;

É preciso olhar para essas mães como um todo e apoiar a amamentação considerando
todos esses aspectos envolvidos.

o DEZ PASSOS PARA O SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO

1. Política de aleitamento materno utilizada por toda a equipe;


2. Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas para implementar essa política;
3. Informar as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento;

4. Incentivar a amamentação na primeira hora de vida:


↪ Contato pele a pele
↪ Ajuda na liberação da ocitocina
↪ Favorece a descida do leite
↪ Diminui riscos de infecção ➞ o bebê adquire proteção no contato com a pele da mãe
↪ Ajuda a manter os batimentos cardíacos, índice de glicemia e respiração do bebê
5. Mostrar as mamães como amamentar e manter a lactação (mesmo se forem separadas do seu
filho);
6. Orientar a não oferecer ao RN bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que
haja prescrição do médico ou nutricionista;
7. Praticar alojamento conjunto;
8. Incentivar a livre demanda ➞ amamentar a qualquer hora;
9. Não fazer uso de bicos artificiais ou chupetas a RN ou lactente;
10. Promover a formação de grupos de apoio à amamentação e encaminhar a mãe a esses grupos
após alta da maternidade.

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