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Conhecendo os

agentes causadores
de Mastite
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Sumário
Resumo das Características das Bactérias 4

Descrição Detalhada das Bactérias 6

Streptococcus agalactiae 6

Streptococcus dysgalactiae 8

Streptococcus uberis 11

Enterococcus 15

Lactococcus 17

Klebsiella 19

Escherichia coli 23

Pseudomonas 27

Serratia 30

Levedura 33

Prototheca 35

Staphylococcus não aureus (ou Staphylococcus coagulase negativa) 36

Staphylococcus aureus 39

Corynebacterium spp. 46

Protocolo de Tratamento de Mastite Clínica 53

Perguntas Frequentes 62

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Resumo das principais características dos


agentes causadores de mastite

Etapa 1 Etapa 1 Etapa 1

Etapa 1 Etapa 1 Etapa 1

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Etapa 2 Etapa 2 Etapa 2

Etapa 2 Etapa 2 Etapa 2

Etapa 2 Etapa 3 Etapa 3

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Descrição Detalhada das Bactérias


1.2. Streptococcus agalactiae
1. Streptococcos agalactiae (S. agalactiae) é um microrganismo exclusivamente
contagioso, ou seja, é transmitido de vaca para vaca durante a ordenha. Como não
sobrevive no ambiente, essa bactéria pode ser erradicada dos rebanhos;
2. Antes de comprar vacas de outros rebanhos, deve-se realizar a coleta e cultura
microbiológica do leite para certificar-se de que as vacas compradas não estão
infectadas e se tornem fontes de infecção de S. agalactiae;
3. Vacas positivas para S. agalactiae devem ser imediatamente segregadas
(ordenhadas por último)
4. A principal forma de transmissão de S. agalactiae é por meio dos copos de dipping,
teteiras e durante a ordenha de um quarto para outro por flutuações de vácuo;
5. S. agalactiae apresenta alta chance de cura com antibióticos (cefalosporinas e
penicilinas), e, por ser transmissível durante a ordenha, é uma das poucas bactérias
com indicação para tratamento de mastite subclínica durante a lactação.

Mastite causada por S. agalactiae?

1) Identificar as vacas infectadas no rebanho


2) Segregar imediatamente: linha de ordenha
3) Avaliar os Procedimentos de ordenha
4) Manutenção de ordenha

Avaliar necessidade de blitz terapia: Segregar todas as vacas com mastite


Tratamento de todos os animais subclínica, infectadas por S. agalactiae
positivos para S. agalactiae (mastite e tratar com antibióticos o lote de
clínica e subclínica) vacas segregadas

Realizar cultura 7 dias após o fim da carência Continuar monitorando com


do antibiótico, para avaliar cura, antes da CCS individual (ou CMT) e
vaca retornar ao lote de vacas sadias. cultura microbiológica

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Saiba mais sobre Streptococcos agalactiae:


Streptococcus agalactiae (S. agalactiae) é um coco gram-positivo, anaeróbio
facultativo, imóvel, não esporulado. É um dos microrganismos causadores de mastite
que já foi erradicado na maioria dos rebanhos norte americanos e europeus. Porém,
ainda é um dos microrganismos mais prevalentes na mastite em rebanhos leiteiros
em algumas partes do mundo, como no Brasil. A alta prevalência de S. agalactiae
nos rebanhos leiteiros tem impacto negativo na qualidade do leite, pois a infecção
por este agente causa grande elevação da CCS do quarto infectado (geralmente
>1.000.000 células/mL). Adicionalmente, a alta prevalência de S. agalactiae pode
resultar em elevada contagem bacteriana total (CBT) no tanque, pois este agente é
eliminado no leite em altas contagens. O risco de novas infecões por este agente é
maior durante a lactação, diferentemente das infecções por agentes ambientais, as
quais são mais frequentes em vacas pós-parto e de alta produção de leite.

Onde encontramos S. agalactiae?


O reservatório de S. agalactiae é a glândula mamária infectada, por isso, muitos
rebanhos de países desenvolvidos erradicaram esta bactéria por meios de programas
de identificação e tratamento das vacas positivas. S. agalactiae é um microrganismo
obrigatório da glândula mamária, cujo padrão de transmissão é de vaca à vaca, ou seja,
exclusivamente contagioso. Apesar de ser passível de erradicação, por não habitar
ambientes fora da glândula mamária, a contaminação com leite contaminado de vaca
à vaca durante a ordenha ocorre rapidamente. A principal forma de transmissão de
S. agalactiae é por meio da contaminação durante a ordenha dos copos de dipping,
teteiras e entre quartos por flutuações de vácuo. As flutuações de vácuo favorecem
o contato do leite contaminado com S. agalactiae nos quartos sadios da mesma vaca
ou de outras vacas.

Quais as principais formas de prevenção e controle de S. agalactiae?


As principais medidas se resumem ao adequado procedimento de ordenha, como uso
de pós-dipping, com cobertura de toda a área do teto, utilização de luvas, uso individual
de toalhas (ou papel toalha) e adequada secagem dos tetos, e funcionamento
adequado do equipamento de ordenha, de forma reduzir as flutuações de vácuo.
Além disso, pode-se usar o sistema de backflush ou desinfecção de teteiras como
medida auxiliar para reduzir a contaminação das teteiras e conjunto de ordenha.
Uma medida essencial é realizar o exame cultura microbiológica do leite das vacas
com CCS > 200 mil células/mL e com novas infecções, as quais se identificadas com
S. agalactiae devem ser segregadas na ordenha (ordenhadas por último). Após a
ordenha de vacas infectadas com S. agalactiae recomenda-se realizar a desinfecção
do conjunto de ordenhas e teteiras, para reduzir o risco de transmissão para as vacas

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a serem ordenhadas. O tratamento de vaca seca deve ser administrado a todos os


quartos de todas as vacas identificadas com S. agalactiae. Em caso de compra de
animais, é recomendado fazer a cultura microbiológica do leite diagnosticar as vacas
com infecção por S. agalactiae, antes de introduzi-las no rebanho.

Devido ao alto risco de transmissão entre quartos e entre vacas e a alta chance
de cura, o tratamento de mastite subclínica causada por S. agalactiae apresentam
ótima relação custo:benefício, durante a lactação, visando erradicar este agente do
rebanho. Geralmente, as chances de cura de S. agalactiae são altas (> 90%) com o uso
de antibiótico intramamário a base de beta-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas)
durante 2 a 3 dias. Porém, recomenda-se avaliar os custos com tratamento e descarte
de leite para definir o melhor protocolo, de forma parcelada (grupo de animais por
vez) ou blitz-terapia.

A avaliação da eficácia dos tratamentos pode ser feita pela cultura microbiológica
(em torno de 7 dias após o fim da carência do antibiótico) para avaliar a taxa de cura
evitando-se assim que vacas não curadas possam ser futuras fontes de infecção. Em
rebanhos com alta prevalência de S. agalactiae, a realização de blitz terapia para
S. agalactiae (tratamento das vacas positivas para S. agalactiae) reduziu a CCS do
tanque pela metade, demonstrando que esta pode ser uma alternativa para melhoria
da qualidade do leite em rebanhos com alta prevalência deste agente.

1.3. Streptococcus dysgalactiae


1. S. dysgalactiae é considerado um microrganismo ambiental e contagioso, pois é
transmitido de vaca à vaca e também é encontrado no ambiente das vacas.
2. O risco de infecção por S. dysgalactiae pode ser maior nos primeiros 15 dias após a
secagem e durante o período de transição.
3. Para prevenção e controle de S. dysgalactiae é recomendada adequada rotina de
ordenha: uso de luvas, pré e pós-dipping eficiente aplicado em cobertura de todo o
teto, uso de toalhas (ou papel toalha) individuais, terapia de vaca seca, e manutenção
de equipamento de ordenha
4. Adicionalmente, como S. dysgalactiae pode ser encontrado no ambiente, deve-
se manter o ambiente seco e limpo, especialmente em épocas chuvosas: maior
frequência de limpeza de camas do free-stall; maior taxa de reposição e viragem da
cama das vacas de sistema “compost barn”; adequado manejo do pasto e minimizar
aglomeração e superlotação em áreas com lama e esterco (exemplo: em torno dos
cochos e bebedouros)
5. Infecções causadas por S. dysgalactiae respondem relativamente bem à
antibioticoterapia, tanto no tratamento de mastite clínica quanto em casos de novas
infecções subclínicas.

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Mastite causada por S. dysgalactiae?

1) Identificar as vacas infectadas no rebanho


2) Avaliar Procedimentos de ordenha
3) Manutenção de equipamento de ordenha
4) Revisar manejo de limpeza e manutenção do ambiente das vacas

Pode ser realizado o As vacas com casos


Tratar todos
tratamento de mastite crônicos de mastite
os casos
subclínica, principalmente de subclínica causados
de mastite
vacas com novas infecções por S. dysgalactiae
clínica com
(CCS < 200 mil células/mL podem ser segregadas
antibiótico
no último exame e > 200 mil e tratadas com o
intramamário
células no atual) protocolo de secagem

Saiba mais sobre Streptococcus dysgalactiae:


Streptococcus dysgalactiae (S. dysgalactiae) é um coco gram-positivo, anaeróbio
facultativo, imóvel, não esporulado, sendo considerado um patógeno ambiental e
contagioso. Desta forma, este microrganismo pode ser transmitido de vaca à vaca
durante a ordenha, mas também pode ser encontrado no ambiente das vacas. As
principais ações para prevenção e controle de mastite causada por S. dysgalactiae
são o adequado manejo de ordenha, higiene de ambiente das vacas e terapia de
secagem.

Onde encontramos S. dysgalactiae?


Os principais reservatórios deste microrganismo são: a glândula mamária dos
quartos infectados e os dejetos e matéria orgânica das camas. O risco de infecção
por este agente aumenta especialmente em épocas de maior umidade e em
rebanhos confinados com deficiências do manejo de limpeza do ambiente das vacas.
O risco de infecções por S. dysgalactiae durante a lactação pode aumentar quando

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o ambiente se torna mais úmido, enlameado ou de maior acúmulo de matéria


orgânica não fermentada. Isso ocorre porque há maior contaminação da pele e da
extremidade dos tetos. Vacas que apresentam maior abertura do canal dos tetos
(como hiperqueratose) apresentam maior risco de infecção por estes microrganismos
ambientais. Os períodos de maior risco para infecções causadas por S. dysgalactiae
são nos primeiros 15 dias após a secagem e durante o período de transição (21 dias
antes e 21 dias após o parto), quando menor capacidade de resposta do sistema
imune da vaca.

Quais as principais formas de prevenção e controle de S.


dysgalactiae?
As principais medidas de controle são:

1) adequada rotina de ordenha: uso de pré-dipping (por no mínimo 30 segundos) e


pós-dipping de boa qualidade, com cobertura de toda a área do teto, utilização de
luvas, uso individual de toalhas (ou papel toalha) e adequada secagem dos tetos,
manutenção de equipamentos de ordenha e com mínimo de flutuações de vácuo
possíveis (sistema de backflushing ou desinfecção de teteiras pode ajudar a reduzir o
número de bactérias dentro da linha de ordenha e das teteiras);

2) boas condições de higiene do ambiente (seco e limpo) das vacas. O uso de camas
orgânicas tem maior risco de infecção por este agente, porém, o manejo das camas,
orgânicas ou inorgânicas, é o ponto fundamental para prevenção e controle de S.
dysgalactiae. As principais medidas para manter a higiene do ambiente são: maior
frequência de limpeza de camas do free-stall; maior taxa de reposição e viragem da
cama das vacas de sistema “compost barn”; adequado manejo do pasto e minimizar
aglomeração e superlotação em determinadas áreas com lama e esterco (exemplo:
em torno dos cochos e bebedouros). Em sistemas com cama inorgânica (como a areia),
no intervalo entre ordenhas é recomendado que seja feita a remoção dos dejetos
na parte final da cama (onde o úbere entra em contato quando a vaca se deita) e
reposição de areia. Pode ser recomendado a utilização de aplicação de produtos para
auxiliar na redução de carga microbiana na porção traseira da cama, como cal. Porém,
a maioria destes produtos tem curta ação, e somente no local de contato, exigindo
que a aplicação seja diária, e, em muitos casos duas vezes ao dia. É recomendado que
as vacas não deitem imediatamente após a ordenha, pois o canal dos tetos ainda está
aberto pelo estímulo da ordenha. O fornecimento de alimentação após a ordenha é
recomendado para estimular as vacas a ficarem em pé, permitindo maior tempo para
o fechamento do canal dos tetos.

Por ser um agente que pode ter transmissão contagiosa, a rápida identifica e

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segregação das vacas infectadas por S. dysgactiae é um ponto importante para o


controle da transmissão deste agente. As chances de cura de S. dysgalactiae com
antibioticoterapia são moderadas à boa. Geralmente, não apresentam chances de
cura tão altas quanto S. agalactiae, porém são maiores do que as chances de cura
observadas para S. uberis. A melhor chance de tratamento das infecções intramamárias
subclínicas causadas por S. dysgalactiae é durante a secagem das vacas, mas os
tratamentos dos casos clínicos e de novas infecções subclínicas deste agente podem
apresentar bons resultados. O tratamento estendido (8 dias) com intramamário,
que seria recomendado para as infecções causadas por S. uberis, apresentou boa
relação custo: benefício apenas para vacas de elevado valor em início de lactação e
em situações com alta taxa de descarte.

1.4. Streptococcus uberis


1. Manter o ambiente seco e limpo, especialmente em épocas com maiores índices
pluviométricos: manejo de limpeza de camas do free-stall; maior taxa de reposição e
viragem da cama das vacas de sistema “compost barn”; adequado manejo do pasto e
minimizar aglomeração e superlotação em determinadas áreas com lama e esterco
(exemplo: em torno dos cochos e bebedouros).

2. Adequado procedimento de desinfecção dos tetos pré-ordenha: aplicação correta


do pré-dipping (cobrir toda a área do teto e tempo de ação de no mínimo 30 segundos);
utilização de copos de dipping limpos e sem retorno; secagem completa dos tetos
(inclusive a ponta) com papel ou toalhas; manutenção adequada de equipamento de
ordenha, e aplicação correta (em toda a área do teto) de pós-dipping com eficácia para
S. uberis e tempo de ação suficiente para proteção entre os intervalos de ordenha.

3. Realização de terapia de vaca seca com antibiótico de longa ação e uso de selante
interno de teto e com eficácia para S. uberis.

4. Cultura dos casos de mastite clínica e tratamento estendido com intramamário (5


à 8 dias).

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Mastite causada por S. uberis?

1) Identificar as vacas infectadas


2) Manter ambiente seco e limpo (especialmente durante período de transição)
3) Avaliar Procedimentos de ordenha
4) Manutenção de equipamento de ordenha

Multíparas Primíparas

> 3 casos de MC (no Primeiro ou segundo


mesmo quarto) caso de MC

1. Segregar a vaca
2. Não tratar mais o quarto
Tratar por 5 à 8 d com antibiótico
3. Antecipar secagem (se estiver
intramamário os casos de mastite
prenhe):
clínica.
4. Secagem do quarto?
5. Descartar a vaca?

Saiba mais sobre Streptococcus uberis


Streptococcus uberis (S. uberis) é um coco gram-positivo, anaeróbio facultativo,
imóvel, não esporulado. Atualmente, é um dos microrganismos mais prevalentes
que causam mastite em rebanhos leiteiros em diversas partes do mundo. A principal
fonte primária de S. uberis é as fezes dos bovinos, e estes microrganismos podem
sobreviver até duas semanas em ambientes contaminados por estas fezes.

A prevalência desta bactéria tem crescido com o confinamento das vacas, devido
a maior lotação e maior risco deste microrganismo atingir a glândula mamária. As

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vacas logo após a secagem (primeiros 15 dias) e durante o período de transição


(21 dias antes e 21 dias após o parto) têm maior risco para infecções por S. uberis,
especialmente se manejadas em áreas de pré-parto com lama ou baixa qualidade das
camas, alta lotação e baias de parição com higienização ineficiente (maior risco em
épocas de concentração de partos). Porém, o risco de infecções por S. uberis durante
a lactação pode aumentar quando o ambiente se torna mais úmido, enlameado
ou de maior acúmulo de matéria orgânica não fermentada. Isso ocorre porque há
maior contaminação da pele e da extremidade dos tetos. Vacas que apresentam
maior abertura do canal dos tetos (como hiperqueratose) apresentam maior risco de
infecção por estes microrganismos ambientais.

Camas orgânicas podem apresentar maior risco de infecção por este agente, porém, o
manejo das camas, orgânicas ou inorgânicas, é o ponto fundamental para prevenção
e controle de S. uberis.

Em sistemas com cama inorgânica (como a areia), no intervalo entre ordenhas é


recomendado que seja feita a remoção dos dejetos na parte final da cama (onde
o úbere entra em contato quando a vaca se deita) e reposição de areia. Pode ser
recomendado a utilização de aplicação de produtos para auxiliar na redução de
carga microbiana na porção traseira da cama, como cal. Porém, a maioria destes
produtos tem curta ação, e somente no local de contato, exigindo que a aplicação
seja diária, e, em muitos casos duas vezes ao dia. É recomendado que as vacas não
deitem imediatamente após a ordenha, pois o canal dos tetos ainda está aberto pelo
estímulo da ordenha. O fornecimento de alimentação após a ordenha é recomendado
para estimular as vacas a ficarem em pé, permitindo maior tempo para o fechamento
do canal dos tetos.
S. uberis já foi isolado da pele dos tetos, boca, vagina e fezes das vacas. Porém, a
transmissão de S. uberis também pode ocorrer de vaca-à-vaca, ou seja, com perfil
contagioso semelhante ao Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Cepas
de S. uberis adaptadas a glândula mamária podem causar mastite subclínica crônica
por meio da aderência, invasão e sobrevivência intracelular na glândula mamária,
e a infecção crônica permite que ocorra a transmissão de uma vaca infectada para
vacas sadias. As cepas que apresentam este perfil “contagioso” são chamadas de
adaptadas, pois apresentam a difusão de seu perfil clonal entra as glândulas mamárias
infectadas, e causam principalmente mastite subclínica (de forma semelhante a S.
aureus). Desta forma, a adequada rotina de ordenha (tetos secos, copos de dipping
limpos, adequada desinfecção com pré-dipping e secagem dos tetos), manutenção do
equipamento de ordenha e pós-dipping com adequada aplicação e eficiência (o uso
de produto com efeito barreira pode ter eficácia adicional especialmente quando o
desafio ambiental é alto) e bons protocolos de secagem das vacas (uso de antibiótico
vaca seca de longa ação e com eficácia para S. uberis e selante interno de tetos), são
técnicas de manejo recomendadas para o controle de mastite causada por S. uberis,

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especialmente quando este microrganismo é um dos mais prevalentes no rebanho


causando mastite.

Ha mais de 70 diferentes cepas de S. uberis, sendo que as cepas adaptadas à glândula


mamária apresentam perfil contagioso e conseguem sobreviver nas células epiteliais
da glândula mamária, sendo mais difíceis de serem eliminadas pelo sistema imune da
vaca. Desta forma, o foco das ações e recomendações de tratamento vão depender
da característica das cepas, que pode ser associadas com o perfil das infecções de S.
uberis no rebanho:

1) infecções crônicas e com alta prevalência, provavelmente são cepas com


características contagiosas e com maior dificuldade de eliminação da glândula pelo
sistema imune e/ou antibioticoterapia;

2) Infecções esporádicas, ou de baixa prevalência no rebanho, provavelmente podem


ser associadas com cepas que infectaram a glândula oriundas do ambiente, e desta
forma, há maior chance do sistema imune do animal e/ou da antibiótico terapia
eliminar a infecção.

Rebanhos com problemas de S. uberis geralmente apresentam alta CCS do tanque e


alta incidência de mastite clínica. Para o melhor entendimento do potencial problema
de S. uberis no rebanho, bem como outros microrganismos, é recomendado a
realização de cultura microbiológica do leite dos animais que apresentarem mastite
clínica e subclínica (CCS > 200 mil células/ml).

As maiores chances de cura de infecções causadas por S. uberis são com o protocolo
de secagem com o uso de antibióticos com longa ação. O uso de antibioticoterapia
durante a lactação é recomendado para tratamento de mastite clínica, porém, em
alguns casos poderá não ser eficiente. De cada 10 vacas com mastite clínica causada
por S. uberis, 5 a 6 vacas apresentam cura. De forma geral, S. uberis apresenta maior
sensibilidade às penicilinas e cefalosporinas, porém, estes antibióticos não são capazes
de penetrar as células epiteliais mamárias em casos de mastite crônica causadas por
cepas adaptadas à glândula mamária. Antibióticos macrolídeos (eritromicinas, tilosina
e tilmicosina) podem penetrar as células mamárias, mas as cepas de S. uberis podem
apresentar maior resistência a estes antibióticos. Protocolos de terapia estendida
com intramamário (> 5 dias de tratamento) são recomendados para tratamento
de mastites causadas por S. uberis. O uso de terapia combinada (intramamário
associado a antibiótico parenteral) ainda é controverso, mas se for optar pelo seu
uso, é preferível que seja feita com bases com elevada eliminação no leite (Ver Anexo,
Tabela 1) e que não haja antagonismo com o antibiótico intramamário, com o devido
cuidado do período de carência e risco de resíduos de antibióticos no leite do tanque.

O tratamento de S. uberis em mastite subclínica é questionável e a chance de cura


pode ser inclusive menor do que na mastite clínica, devido a menor chance de cura de

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vacas crônicas e com elevada CCS, colocando em dúvida se há custo-benefício deste


procedimento. Quando avaliado o tratamento de mastite causada por S. uberis com:

a) 3 bisnagas intramamárias a base de 1 g de procaína penicilina com 0,5g de


dihidrostreptomicina com;

b) 3 bisnagas intramamárias de 75 mg cefaquinoma, a chance média de cura foi de


55%, e não houve diferença entre os protocolos. De outra forma, outro pesquisador
avaliou a chance de cura de mastite causada por S. uberis utilizando ceftiofur
intramamário durante 2, 5 e 8 dias de tratamento. Os protocolos de 5 a 8 dias de
tratamento apresentaram mais de 88% de chance de cura de S. uberis, enquanto que
o protocolo de 2 dias, apenas 44% dos casos curaram.

1.5. Enterococcus spp.


1. Manter o ambiente seco e limpo, especialmente em épocas com maiores índices
pluviométricos: manejo de limpeza de camas do free-stall; maior taxa de reposição e
viragem da cama das vacas de sistema “compost barn”; adequado manejo do pasto e
minimizar aglomeração e superlotação em determinadas áreas com lama e esterco
(exemplo: em torno dos cochos e bebedouros).

2. Adequado procedimento de desinfecção dos tetos pré-ordenha: aplicação


correta do pré-dipping (cobrir toda a área do teto e tempo de ação de no mínimo 30
segundos); utilização de copos de dipping limpos e sem retorno; secagem completa
dos tetos (inclusive a ponta) com papel ou toalhas; regulagem adequada da máquina
de ordenha, e aplicação correta (em toda a área do teto) de pós-dipping.

3. Vacas logo após a secagem ou durante o período de transição apresentam o maior


risco de infecção por esta bactéria.

4. Realização de terapia de vaca seca com antibiótico de longa ação e uso de selante
interno de teto e com eficácia para Enterococcus.

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Mastite causada por Enterococcus spp.?

1) Identificar quando ocorre a maior prevalência das infecções


2) Avaliar Procedimentos de ordenha
2.1 Manutenção equipamentos de ordenha e evitar flutuações de vácuo
3) Melhorar ambiente e conforto das vacas, especialmente nos primeiros dias
pré-parto e período de transição
4) Manutenção de ordenha
5) Revisar manejo de limpeza e manutenção do ambiente das vacas
6) Realizar adequada terapia de secagem com o uso de selante interno de tetos

Multíparas Primíparas

> 3 casos de MC (no Primeiro ou segundo


mesmo teto) caso de MC

1. Não tratar mais o quarto


2. Antecipar secagem (se estiver Tratar por 3 à 4 d com antibiótico
prenhe): intramamário os casos de mastite
3. Secagem do quarto clínica
4. Descartar as vacas

Saiba mais sobre Enterococcus spp.


Enterococcus é um coco gram-positivo, do grupo dos Streptococcus ambientais. A
principal fonte primária de Enterococcus são as fezes dos bovinos. Essa bactéria
pode causar mastite clínica (mais frequente) ou subclínica (que pode cronificar). A
frequência de isolamento dessa bactéria nos rebanhos geralmente é baixa.

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As vacas logo após a secagem (primeiros 15 dias) e em período de transição


(21 dias antes e 21 dias após o parto) têm maior risco de infecções causadas por
Enterococcus, especialmente se manejadas em áreas de pré-parto com lama ou baixa
qualidade das camas, alta lotação e baias de parição com higienização ineficiente
(maior risco em épocas de concentração de partos). Porém, o risco de infecções por
Enterococcus durante a lactação pode aumentar quando o ambiente se torna mais
úmido, enlameado ou de maior acúmulo de matéria orgânica não fermentada. Isso
ocorre porque há maior contaminação da pele e da extremidade dos tetos. Vacas que
apresentam maior abertura do canal dos tetos (como hiperqueratose) apresentam
maior risco de infecção por estes microrganismos ambientais.

Camas orgânicas podem apresentar maior risco de infecção por este agente, porém, o
manejo das camas, orgânicas ou inorgânicas, é o ponto fundamental para prevenção
e controle de Enterococcus.

Em sistemas com cama inorgânica (como a areia), no intervalo entre ordenhas é


recomendado que seja feita a remoção dos dejetos na parte final da cama (onde
o úbere entra em contato quando a vaca se deita) e reposição de areia. Pode ser
recomendado a utilização de aplicação de produtos para auxiliar na redução de
carga microbiana na porção traseira da cama, como cal. Porém, a maioria destes
produtos tem curta ação, e somente no local de contato, exigindo que a aplicação
seja diária, e, em muitos casos duas vezes ao dia. É recomendado que as vacas não
deitem imediatamente após a ordenha, pois o canal dos tetos ainda está aberto pelo
estímulo da ordenha. O fornecimento de alimentação após a ordenha é recomendado
para estimular as vacas a ficarem em pé, permitindo maior tempo para o fechamento
do canal dos tetos.

1.6. Lactococcus spp.


1. As principais espécies de Lactococcus spp. que causam mastite são Lactococcus
lactis e Lactococcus garvieae.

2. Este grupo de bactérias é geralmente identificado como Streptococcus spp. pelos


métodos de cultura convencionais.

3. Em termos gerais, podem apresentar comportamento semelhante à bactéria S.


uberis.

4. Manter o ambiente seco e limpo, especialmente em épocas com maiores índices


pluviométricos: manejo de limpeza de camas do free-stall; maior taxa de reposição e
viragem da cama das vacas de sistema “compost barn”; adequado manejo do pasto e
minimizar aglomeração e superlotação em determinadas áreas com lama e esterco
(exemplo: em torno dos cochos e bebedouros).

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5) Adequado procedimento de desinfecção dos tetos pré-ordenha: aplicação


correta do pré-dipping (cobrir toda a área do teto e tempo de ação de no mínimo 30
segundos); utilização de copos de dipping limpos e sem retorno; secagem completa
dos tetos (inclusive a ponta) com papel ou toalhas; regulagem adequada da máquina
de ordenha, e aplicação correta (em toda a área do teto) de pós-dipping.

Mastite causada por Lactococcus spp.?

1) Identificar quando ocorre maior prevalência das infecções


2) Avaliar Procedimentos de ordenha
2.1 manutenção de equipamento de ordenha e evitar flutuações de vácuo
3) Melhorar ambiente e conforto das vacas, especialmente nos primeiros dias
pré-parto e período de transição
4) Manutenção de ordenha ?? repetido
5) Revisar manejo de limpeza e manutenção do ambiente das vacas
6) Realizar adequada terapia de secagem com o uso de selante interno de tetos

Multíparas Primíparas

> 3 casos de MC (no Primeiro ou segundo


mesmo teto) caso de MC

1. Segregar ???
2. Não tratar mais o quarto
Tratar por 3 à 4 d com
3. Antecipar secagem (se estiver
intramamário os casos de mastite
prenhe):
clínica
4. Secagem do quarto
5. Descartar as vacas

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Saiba mais sobre Lactococcus spp.


Lactococcus spp. são bactérias gram-positivas, produtoras de ácido lático, muito
utilizadas na produção de queijos e leites fermentados. São encontradas em plantas
e na pele dos animais, mas pode ser patogênicas para os seres humanos e animais.

As principais espécies de Lactococcus spp. que causam mastite são Lactococcus lactis
e Lactococcus garvieae, sendo que já foi sugerido que Lactococcus lactis pode ser mais
prevalente e patogênico do que o Lactococcus garvieae. Este grupo de bactérias é
geralmente identificado como Streptococcus spp., pois apresentam características de
crescimento muito semelhantes às bactérias desse gênero. Apenas com os métodos
mais modernos de diagnóstico é possível diferenciar estes dois gêneros. Foi observado
que, usando a metodologia de cultura microbiológica convencional para avaliar um
grande número de amostras de cocos catalase negativa, foram identificados 11% de
Enterococcus ssp., 24% de S. uberis, 3% de S. bovis e 1% de S. dysgalactiae quando
avaliados pelo método de biologia molecular, eram na verdade, Lactococcus spp.

Ainda não existem muitos estudos a respeito dessa bactéria, no entanto ela é
predominantemente ambiental e que pode apresentar comportamento semelhante
à bactéria S. uberis, no que diz respeito à fonte de infecção, patogenicidade e chance
de cura com antibioticoterapia. Portanto, para controle dessa bactéria, pode-se
adotar medidas semelhantes às que seriam tomadas contra S. uberis (ver descrição
detalhada dessa bactéria no tópico a cima).

1.7. Klebsiella spp.

1. Klebsiella spp. são microrganismos ambientais, cujas espécies mais conhecidas são
Klebsiella pneumoniae e Klebsiella oxytoca, mas as medidas de controle e tratamento
são semelhantes entre todas as espécies Klebsiella spp.

2. Para prevenção e controle de Klebsiella spp. é recomendada adequada rotina de


ordenha: uso de luvas, pré e pós-dipping eficiente aplicado em cobertura de todo o
teto, uso de toalhas (ou papel toalha) individuais, terapia de vaca seca com o uso de
selante interno de tetos, e manutenção do equipamento de ordenha

3. Klebsiella spp. é transmitida a partir do ambiente. Logo, deve-se manter o ambiente


limpo e seco, especialmente nas épocas chuvosas: maior frequência de manejo de
limpeza de camas do free-stall; maior taxa de reposição e viragem da cama das vacas
de sistema “compost barn”; adequado manejo do pasto e minimizar aglomeração e
superlotação em determinadas áreas com lama e esterco (exemplo: em torno dos
cochos e bebedouros)

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

4) As mastites clínicas causadas por Klebsiella spp. podem se manifestar na forma


aguda.

5) As chances de cura espontânea de Klebsiella spp. são de 25% à 60%, e a média de


cura com antibioticoterapia é de 60%.

Mastite causada por Klebsiella spp.?

1. Identificar onde ocorre maior prevalência das infecções

2. Avaliar Procedimentos de ordenha


2.1 Realizar adequada terapia de secagem com o uso de selante interno de
tetos
2.2 Manutenção de equipamento de ordenha e evitar flutuações de vácuo

3. Melhorar ambiente e conforto das vacas, especialmente nos primeiros dias


pré-parto e período de transição
3.1 Evitar utilização de serragens frescas como cama

4. Em caso de alta prevalência, identificar as vacas infectadas por Klebsiella spp.


e segregar

Mastie clínica leve ou


Mastie clínica grave
moderada

Início imediato do tratamento:


Tratamento estendido 5 a 8 d
Hidratação oral e/ou endovenosa
Anti-inflamatório injetável
Antibiótico injetável
Antibiótico intramamário (?)

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Saiba mais sobre Klebsiella spp.

O confinamento dos rebanhos leiteiros associado ao aumento de produtividade


das vacas e do controle de mastite contagiosa levou ao aumento da prevalência
de microrganismos ambientais causadores de mastite. Entre os microrganismos
ambientais causadores de mastite, Klebsiella spp. é uma bactéria gram-negativa,
semelhante em estrutura com a E. coli. As espécies mais conhecidas são Klebsiella
pneumoniae e a Klebsiella oxytoca, mas as medidas de controle e tratamento são
semelhantes entre todas as espécies. Klebsiella spp. é uma bactéria comumente
encontrada em matéria orgânica, incluindo camas e dejetos. É comum a presença
de Klebsiella spp. no solo de florestas, por isso sua presença em serragens pode ser
comum. Desta forma, camas com serragem fresca podem ter maior risco de infecção
intramamária por Klebsiella spp. Os principais fatores de risco para infecções por
Klebsiella são úberes sujos, manejo inadequado das camas e lesões de ponta de teto.

Onde está o maior risco para infecção por Klebsiella spp.?

O risco de infecções por Klebsiella spp. durante a lactação pode aumentar quando
o ambiente se torna mais úmido, enlameado ou de maior acúmulo de matéria
orgânica não fermentada. Isso ocorre porque há maior contaminação da pele e da
extremidade dos tetos. Vacas que apresentam maior abertura do canal dos tetos
(como hiperqueratose) apresentam maior risco de infecção por estes microrganismos
ambientais.

Camas orgânicas podem apresentar maior risco de infecção por este agente, porém, o
manejo das camas, orgânicas ou inorgânicas, é o ponto fundamental para prevenção
e controle de Klebsiella spp.

Em sistemas com cama inorgânica (como a areia), no intervalo entre ordenhas é


recomendado que seja feita a remoção dos dejetos na parte final da cama (onde
o úbere entra em contato quando a vaca se deita) e reposição de areia. Pode ser
recomendado a utilização de aplicação de produtos para auxiliar na redução de
carga microbiana na porção traseira da cama, como cal. Porém, a maioria destes
produtos tem curta ação, e somente no local de contato, exigindo que a aplicação
seja diária, e, em muitos casos duas vezes ao dia. É recomendado que as vacas não
deitem imediatamente após a ordenha, pois o canal dos tetos ainda está aberto pelo
estímulo da ordenha. O fornecimento de alimentação após a ordenha é recomendado
para estimular as vacas a ficarem em pé, permitindo maior tempo para o fechamento
do canal dos tetos.

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

Quais as principais formas de prevenção e controle de Klebsiella


spp.?
Além da limpeza das camas, os procedimentos de limpeza pré-ordenha (pré-dipping)
e redução das flutuações de vácuo são importantes fatores para reduzir as infecções
por Klebsiella spp. A utilização de pré-dipping com eficácia comprovada, em contato
com toda a área da pele do teto durante pelo menos 30 segundos, e a remoção
total de pré-dipping e sujidades nos tetos remanescentes (inclusive na ponta dos
tetos) com o uso de papel ou toalhas são medidas que reduzem novas infecções por
agentes ambientais. Após a ordenha, a aplicação de pós-dipping em toda a área dos
tetos reduz o risco de novas infecções intramamárias nos intervalos entre ordenhas,
e o uso de produto com efeito barreira pode ter eficácia adicional especialmente
quando o desafio ambiental é alto.

As infecções por Klebsiella spp. podem ocorrer durante a lactação ou período seco.
As vacas no início de lactação apresentam maior risco de infecções por Klebsiella
spp. devido ao aumento do estresse e depleção da atividade do sistema imune.
Aproximadamente, 1 em cada 2 casos de mastite clínica por coliformes que ocorrem
nos primeiros 100 dias de lactação são resultantes de infecções intramamárias que
ocorreram durante o pré-parto. O uso de selante interno de tetos no momento
da secagem é uma prática eficaz para reduzir os riscos de infecções causados por
coliformes, e pode reduzir o risco geral de mastite clínica após o parto em 29%.
Desta forma, a associação de uso de antibiótico vaca seca e selante interno de tetos
aumenta a chance de cura de quartos cronicamente infectados, reduz o risco de
novas infecções durante o período seco e de mastite clínica no pós-parto. Quando
a Klebsiella spp. morre, pode ocorrer liberação de toxina, que é responsável por
sintomatologia clínica nas infecções locais, sendo que o sistema imune e o uso
de antibióticos não apresentam efeitos. De forma similar a E. coli, alguns casos as
infecções por Klebsiella spp. podem se tornar sistêmicas, necessitando de terapia
suporte (hidratação, anti-inflamatório e antibiótico sistêmico).

Tratamento com antibioticoterapia para Klebsiella spp.?


A chance de cura espontânea de Klebsiella spp. varia de 25 a 60%, enquanto a chance
de cura com o uso de antibiótico intramamário é em torno de 60%. As infecções por
Klebsiella spp. podem se tornar crônicas e apresentar características contagiosas, ou
seja, de transmissão de vaca à vaca. Desta forma, em situações de alta prevalência de
infecções causadas por Klebsiella spp. é recomendada a identificação das vacas com
mastite subclínica (>200 mil células/mL), as quais devem ser segregadas na ordenha.
De forma geral, não há recomendação de tratamento de mastite subclínica causada
por Klebsiella spp., sendo a melhor oportunidade para eliminação deste agente
durante o protocolo de secagem com o uso de antibiótico de longa ação vaca seca.

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1.8. Escherichia coli

1. Escherichia coli (E. coli) é um patógeno ambiental, cujo risco é maior nas vacas logo
após a secagem ou durante o período de transição.

2. Para prevenção e controle de E. coli é recomendada adequada rotina de ordenha:


uso de luvas, pré e pós-dipping eficiente aplicado em cobertura de todo o teto, uso
de toalhas (ou papel toalha) individuais, terapia de vaca seca com o uso de selante
interno de tetos, e manutenção do equipamento de ordenha

3. Adicionalmente, como E. coli está no ambiente, deve-se manter o ambiente limpo


e seco, especialmente nas épocas chuvosas: maior frequência de manejo de limpeza
de camas do free-stall; maior taxa de reposição e viragem da cama das vacas de
sistema “compost barn”; adequado manejo do pasto e minimizar aglomeração e
superlotação em determinadas áreas com lama e esterco (exemplo: em torno dos
cochos e bebedouros).
4. As infecções por E. coli podem apresentar mastite clínica aguda, sendo a vacinação
(bacterina J5) uma medida recomendada para reduzir a gravidade dos casos.

5. As chances de cura espontânea de casos leves e moderados das infecções


causadas por E. coli são de cerca de 80 a 95%, o que é similar à chance de cura sem
o uso de antibióticos (90%). Em razão da alta taxa de cura espontânea dos casos
leves e moderados diagnosticados com E. coli, o tratamento com antibióticos pode
ser postergado nos casos leves. Porém, casos graves de mastite clínica devem ser
tratados imediatamente com terapia suporte (antibiótico injetável, anti-inflamatório
e hidratação oral e/ou endovenosa).

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Mastite causada por E-coli?

1. Identificar onde ocorre maior prevalência das infecções

2. Avaliar Procedimentos de ordenha


2.1 Realizar adequada terapia de secagem com o uso de selante interno de
tetos
2.2 Manutenção de equipamentos de ordenha e evitar flutuações de vácuo

3. Melhorar ambiente e conforto das vacas, especialmente nos primeiros dias


pré-parto e período de transição

4. Vacinação para coliformes (bacterina J5) para reduzir a gravidade dos casos
de mastite clínica

Mastie clínica grave Mastie clínica leve ou moderada

Início imediato: Monitorar sintomas


Hidratação oral e/ou por 4 dias
endovenosa
Anti-inflamatório injetável
Antibiótico injetável
Antibiótico intramamário
Desapareceu: Não desapareceu:
Cura clínica antibiótico
intramamáirio 2 à 3 dias

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Saiba mais sobre Escherichia coli


O confinamento dos rebanhos leiteiros associado ao aumento de produtividade
das vacas e do controle de mastite contagiosa levou ao aumento da prevalência
de microrganismos ambientais causadores de mastite. Entre os microrganismos
ambientais causadores de mastite, Escherichia coli (E. coli) é uma bactéria gram-
negativa, semelhante em estrutura com a Klebsiella spp. Os principais fatores de
risco para infecções por E. coli são úberes sujos, manejo inadequado das camas e
lesões de ponta de teto. As mastites por E. coli são eliminadas rapidamente, porém,
uma parte dos casos clínicos podem apresentar sintomatologia aguda

Qual é o período da lactação de maior risco para infecção por E. coli?


As vacas logo após a secagem (primeiros 15 dias) e em período de transição (21
dias antes e 21 dias após o parto) estão em maior risco para infecções por E-coli,
especialmente se manejadas em áreas de pré-parto com lama ou baixa qualidade
das camas, alta lotação e baias de parição com higienização ineficiente (maior risco
em épocas de concentração de partos). Aproximadamente, 1 em cada 2 casos de
mastite clínica por coliformes que ocorrem nos primeiros 100 dias de lactação são
resultantes de infecções intramamárias que ocorreram durante o pré-parto. O uso de
selante interno de tetos no momento da secagem é uma prática eficaz para reduzir
os riscos de infecções causados por E-coli, e pode reduzir o risco geral de mastite
clínica após o parto em 29%. Desta forma, a associação de uso de antibiótico vaca
seca e selante interno de tetos aumenta a chance de cura de quartos cronicamente
infectados, reduz o risco de novas infecções durante o período seco e de mastite
clínica no pós-parto.

O risco de infecções por E-coli durante a lactação pode aumentar quando o ambiente
se torna mais úmido, enlameado ou de maior acúmulo de matéria orgânica não
fermentada. Isso ocorre porque há maior contaminação da pele e da extremidade dos
tetos. Vacas que apresentam maior abertura do canal dos tetos (como hiperqueratose)
apresentam maior risco de infecção por estes microrganismos ambientais.

Camas orgânicas podem apresentar maior risco de infecção por este agente, porém, o
manejo das camas, orgânicas ou inorgânicas, é o ponto fundamental para prevenção
e controle de E-coli.

Em sistemas com cama inorgânica (como a areia), no intervalo entre ordenhas é


recomendado que seja feita a remoção dos dejetos na parte final da cama (onde
o úbere entra em contato quando a vaca se deita) e reposição de areia. Pode ser
recomendado a utilização de aplicação de produtos para auxiliar na redução de
carga microbiana na porção traseira da cama, como cal. Porém, a maioria destes
produtos tem curta ação, e somente no local de contato, exigindo que a aplicação

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

seja diária, e, em muitos casos duas vezes ao dia. É recomendado que as vacas não
deitem imediatamente após a ordenha, pois o canal dos tetos ainda está aberto pelo
estímulo da ordenha. O fornecimento de alimentação após a ordenha é recomendado
para estimular as vacas a ficarem em pé, permitindo maior tempo para o fechamento
do canal dos tetos.
Quais as principais formas de prevenção e controle de E. coli?
Além da limpeza das camas, procedimento de limpeza pré-ordenha (pré-dipping)
e redução das flutuações de vácuo são importantes fatores que podem reduzir as
infecções por E. coli. A utilização de pré-dipping com eficácia comprovada, em contato
com toda a área da pele do teto durante pelo menos 30 segundos, e a remoção
total de pré-dipping e sujidades nos tetos remanescentes (inclusive na ponta dos
tetos) com o uso de papel ou toalhas são medidas que reduzem novas infecções por
agentes ambientais. Após a ordenha, a aplicação de pós-dipping em toda a área do
teto reduz o risco de novas infecções intramamárias nos intervalos entre ordenhas,
e o uso de produto com efeito barreira pode ter eficácia adicional especialmente
quando o desafio ambiental é alto.

O uso de vacina J5 reduz a gravidade dos casos de mastite clínica, porém sem efeito
sobre a incidência da mesma. Porém, a redução da gravidade reduz a chance de
morte da vaca ou perda do quarto mamário, bem como apresenta efeitos positivos
secundários como melhora do bem-estar da vaca e reduz dos efeitos da mastite
clínica aguda sobre o consumo de matéria seca e produção de leite. Os protocolos de
vacinação (bacterina J5) geralmente apresentam retorno econômico sobre o custo
de vacinação, especialmente para as vacas pré e pós-parto, que apresentam maior
risco de infecção por E. coli e depleção das atividades do sistema imune.

Tratamento com antibiótico terapia para E. coli?


De forma geral, em casos leves e moderados as chances de cura espontânea das
infecções causadas por E. coli são em torno de 80 à 95%, valores muito próximo aos
resultados de chance de cura quando houve tratamento com antibióticos (90%). A
maioria das infecções intramamárias causadas por E. coli resultam em sinais clínicos
(mastite clínica), pois quando E. coli morre, pode ocorrer liberação de toxina, a qual
é responsável pela sintomatologia clínica nas infecções locais, as quais o sistema
imune e o uso de antibióticos não apresentam efeitos. Desta forma, com o uso de
sistemas de identificação dos patógenos na própria fazenda em até 24 horas, nos
casos de mastite clínica leves e moderados causados por E. coli pode-se optar por não
realizar o tratamento com antibióticos e observar o caso até 72 horas após o início da
mastite clínica, onde a maioria das vezes os sinais clínicos devem desaparecer. Porém,
nos casos graves, é importante iniciar o tratamento com antibiótico injetável, anti-
inflamatório e hidratação oral imediatamente após identificação do caso. Antibiótico
intramamário também pode ser usado.

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1.9. Pseudomonas spp.


1. Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria gram negativa, frequentemente presente
em água e que pode causar surtos de mastite clínica

2. Para prevenção e controle de Pseudomonas é recomendada adequada rotina de


ordenha: uso de luvas, pré e pós-dipping eficiente aplicado em cobertura de todo o
teto, uso de toalhas (ou papel toalha) individuais, terapia de vaca seca com o uso de
selante interno de tetos, e manutenção do equipamento de ordenha

3. Como Pseudomonas está no ambiente, deve-se manter o ambiente limpo e seco,


especialmente nas épocas chuvosas: maior frequência de manejo de limpeza de
camas do free-stall; maior taxa de reposição e viragem da cama das vacas de sistema
“compost barn”; adequado manejo do pasto e minimizar aglomeração e superlotação
em determinadas áreas com lama e esterco (exemplo: em torno dos cochos e
bebedouros).
4. Pseudomonas necessita de poucos nutrientes, o que permite que cresça facilmente
no solo e na água e possui relativa resistência a desinfetantes químicos, tornando a
erradicação desse patógeno do ambiente da vaca impossível.

5. O curso clínico da mastite intramamária causada por Pseudomonas é caracterizada


pelo desenvolvimento de mastite aguda que frequentemente evolui para um estado
crônico de infecção.

1. Nos casos leves e moderados diagnosticados com Pseudomonas não recomenda-


se o tratamento com antibióticos, porque devido à resistência dessa bactéria aos
antimicrobianos, é provável que a taxa de cura espontânea (sem tratamento) seja
próxima à taxa de cura com antibioticoterapia. Porém, casos graves de mastite clínica
devem ser tratados imediatamente com terapia suporte (antibiótico injetável, anti-
inflamatório e hidratação oral e/ou endovenosa).

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Mastite causada por Pseudomonas spp?

1) Identificar onde ocorre maior prevalência das infecções


2) Avaliar Procedimentos de ordenha e possíveis fontes de água contaminada
(água que limpa a ordenha, usada no pré ou pós dipping, usada no foço
de ordenha, vazamento em cocho de água, acúmulo de água nas pistas e
corredores).
3) Melhorar o ambiente e conforto das vacas, especialmente nos primeiros dias
após a secagem e período de transição
4) Desinfetantes apresentam baixa eficientes para eliminar essa bactéria

Mastie clínica grave Mastie clínica leve ou moderada

Início imediato do Anti-inflamatório e monitorar sintomas por


tratamento: 4 dias
Hidratação oral e/ou
endovenosa
Anti-inflamatório injetável
Antibiótico injetável
Antibiótico intramamário
(?)
Desapareceu: Não desapareceu:
Cura clínica antibiótico
intramamáirio 3 à 4 dias

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Saiba mais sobre Pseudomonas spp.


Pseudomonas aeruginosa (P. aeruginosa) é uma bactéria gram negativa, que necessita
de poucos nutrientes, o que permite que cresça facilmente no solo e na água. Além
disso, possui alta resistência a desinfetantes químicos, tornando a erradicação desse
patógeno do ambiente da vaca praticamente impossível. Em algumas situações,
Pseudomonas spp. pode causar surtos de mastite clínica (podendo ser uma das
bactérias mais prevalentes nos casos de mastite clínica), geralmente originados em
água contaminada por essa bactéria. Em casos de surtos, recomenda-se identificar
a fonte de infecção, e tratar as vacas infectadas apenas com terapia suporte e anti-
inflamatório e antibiótico sistêmicos caso a vaca apresente sinais clínicos sistêmicos
(febre, apatia, diminuição de ingestão de água e alimentos).

A mastite clínica resultante de surtos causados por Pseudomonas spp. em rebanhos


leiteiros pode ter diversas de fontes, como exemplo:
1) Utilização de materiais contaminados para a secagem dos tetos antes da ordenha;

2) Higiene inadequada na utilização de panos para desinfecção de tetos e na aplicação


de intramamários;

3) Utilização de água antes e durante a ordenha para limpeza dos úberes e das
teteiras.

A mastite causada por P. aeruginosa pode-se apresentar na forma aguda, que


frequentemente evolui para infecção crônica. Em geral, os tratamentos com
antibióticos de infecções intramamárias causadas por bactérias gram-negativas não
são recomendados pois apresentam alta taxa de cura espontânea, porém no caso de
P. aeruginosa o tratamento não é recomendado porque esta bactéria é resistente
aos antibióticos convencionais. A patogenicidade de P. aeuginosa é devida a uma
variedade de fatores de virulência. O componente lipopolisacarídeo (LPS), externo
à membrana de todas bactérias gram-negativas, incluindo P. aeuginosa, confere
resistência a fagocitose e facilita a colonização. Outros fatores de virulência incluem
cílios e flagelos, ambos mediam a aderência, sendo que o último ainda confere
mobilidade. O dano ao tecido local causado pela secreção da exotoxina A, exoenzima
S e elastase facilitam a invasão e disseminação de P. aeuginosa. Derivados de
elastase também tem sido descrito como um inibidor da quimiotaxia de monócitos
e neutrófilos e de oxidação respiratória. P. aeuginosa também é capaz de formar
biofilme através da secreção do exopolisacarído alginato. Essa matriz em torno da
bactéria a protege dos leucócitos que mediam a fagocitose e fazem a ativação do
sistema complemento, conferindo resistência a antibióticos e desinfetantes. Em
torno de 10% dos casos de mastite clínica causados por P. aeuginosa podem ser
manifestados como mastite aguda gangrenosa, o que pode resultar em morte do
animal em morte do animal não são incomuns.

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1.10. Serratia spp


1. Serratia spp. é uma bactéria gram-negativa onipresente no ambiente das fazendas
leiteiras, sendo encontrada nas camas, fezes, sala de ordenha e de espera.

2. Para prevenção e controle de Serratia spp. é recomendada adequada rotina de


ordenha: uso de luvas, pré e pós-dipping eficiente aplicado em cobertura de todo o
teto, uso de toalhas (ou papel toalha) individuais, terapia de vaca seca com o uso de
selante interno de tetos, e manutenção do equipamento de ordenha

3. Como Serratia spp. está no ambiente, deve-se manter o ambiente limpo e seco,
especialmente nas épocas chuvosas: maior frequência de manejo de limpeza de
camas do free-stall; maior taxa de reposição e viragem da cama das vacas de sistema
“compost barn”; adequado manejo do pasto e minimizar aglomeração e superlotação
em determinadas áreas com lama e esterco (exemplo: em torno dos cochos e
bebedouros).
4. Infecções por Serratia spp. podem resultar em mastite clínica ou subclínica.
Infecções subclínicas são mais comuns para essa bactéria do que para as demais
bactérias gram-negativas.

5. Evidências epidemiológicas associam surtos de mastite causada por Serratia spp.


ao uso de clorexidina como desinfetante para pré ou pós-dipping, pois esse produto
tem baixa eficácia sobre Serratia spp., o que facilita sua sobrevivência nos copos de
dipping e consequente transmissão para as vacas.

6. Nos casos leves e moderados diagnosticados com Serratia spp. não se recomenda
o tratamento com antibióticos, em razão da resistência dessa bactéria aos
antimicrobianos, sendo que a taxa de cura espontânea (sem tratamento) é similar à
taxa de cura com antibioticoterapia. Porém, casos graves de mastite clínica devem ser
tratados imediatamente com terapia suporte (antibiótico injetável, anti-inflamatório
e hidratação oral e/ou endovenosa).

30 onfarm.com.br
OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

Mastite causada por Serratia spp.?

1) Identificar onde ocorre maior prevalência das infecções


2) Avaliar Procedimentos de ordenha e possíveis fontes de contaminação no
ambiente (fezes, barro, sujeira)
3) Melhorar ambiente e conforto das vacas, especialmente nos primeiros dias
pós secagem e período de transição
4) Uso de produto à base de clorexidina?

Mastie clínica grave Mastie clínica leve ou moderada

Início imediato: Anti-inflamatório e monitorar sintomas


Hidratação oral e/ou por 4 dias
endovenosa
Anti-inflamatório injetável
Antibiótico injetável
Antibiótico intramamário
(?)
Desapareceu: Não desapareceu:
Cura clínica antibiótico
intramamáirio 3 à 4 dias

Saiba mais sobre Serratia spp.


As espécies mais comuns de Serratia spp. em mastites são S. marcescens e S. liquefaciens.
Serratia spp é uma bactéria gram-negativa onipresente no ambiente das fazendas
leiteiras e já foi isolada das camas, fezes, sala de ordenha e de espera. Infecções por
Serratia spp. podem se manifestar na forma clínica ou subclínica. Episódios clínicos
podem se alternar com episódios subclínicos de infecção. Infecções subclínicas são
mais comuns para essa bactéria do que para as demais bactérias gram-negativas. A

onfarm.com.br 31
OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

duração média de uma infecção intramamária foi relatada como sendo de 55 dias a
4 meses, enquanto infecções individuais podem durar desde 10 meses até mesmo 3
anos.

Surtos de mastite por Serratia spp.

Mastite causada por Serratia spp. é pouco observada em fazendas leiteiras e os relatos
descrevem casos únicos ou múltiplos casos em um mesmo rebanho. Evidências
epidemiológicas associam surtos de mastite causada por Serratia spp. ao uso de
clorexidina como desinfetante para pré ou pós-dipping, pois esse produto tem baixa
eficácia sobre Serratia spp., o que facilita sua sobrevivência nos copos de dipping e
consequente transmissão para as vacas. Entretanto, S. marcescens não foi isolada em
culturas de containers fechados do produto.

Em um estudo sobre infecções causadas por essa bactéria em vários rebanhos, em


cada rebanho apenas uma cepa foi isolada das amostras de leite contaminado e das
amostras de desinfetante, indicando contagio ou a mesma fonte de transmissão
dessa cepa na fazenda. Em cada rebanho, a cepa mais comum de Serratia também
foi isolada no desinfetante contendo clorexidina, indicando que esse produto pode
ter atuado como fonte da bactéria. Desta forma, pode-se sugerir que o desinfetante
permitiu o crescimento de Serratia spp. no copo de dipping, resultando em surtos
no rebanho com uma cepa específica de S marcescens. A resistência de Serratia
ssp. a antibióticos contribui para a presença de cepas de bactérias gram-negativas
multirresistentes.

Infecções por Serratia spp. podem causar mastite clínica leve ou ainda mastite subclínica.
A detecção de Serratia spp. em uma amostra de leite composta, frequentemente está
associada a um aumento significativo da CCS da vaca, em comparação com animais
com cultura negativa. Porém, foi verificado que a identificação de Serratia spp. na
vaca não foi associada com redução da produção de leite, o que poderia ocorrer em
casos de mastite clínica causada por E. coli ou Klebsiella spp., que foram associadas
com perdas de produção de 13.10 kg/d e 9.94 kg/d respectivamente.

A escassez de informações e relatos de casos de mastite clínica grave e de morte


associada à Serratia spp. em grandes surtos, baixa taxa de descarte por essa bactéria
e o limitado impacto na produção de leite, sugerem que Serratia spp. é muito menos
patogênica do que outras bactérias gram-negativas como E. coli e Klebsiella spp. A
baixa capacidade de resposta imune limitada nas infecções causadas por Serratia
spp. contribui para habilidade da bactéria se estabelecer como infecção intramamária
crônica, o que está associado ao fato desta bactéria geralmente não apresentar
sintomatologia clínica aguda, como pode ocorrer e infecções por E coli e Klebsiella
spp., sendo associada principalmente com mastite subclínica crônica.

32 onfarm.com.br
OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

Tratamento

Há sugestões de que o tratamento de infecções por Serratia spp. pode ser eficaz
com aplicações intramamárias de neomicina. Outros relatos, entretanto, sugerem
que infecções por Serratia spp. têm baixa resposta a tratamentos com antibióticos, e
a maioria das infecções por Serratia spp. aparenta cura espontânea. De forma geral,
não se recomenda o uso de antibióticos para tratamento dessa bactéria, pois cepas
de S. marcescens têm sido relatadas como resistentes a antibióticos.

Prevenção

Em termos gerais, as mesmas práticas recomendadas para prevenção de infecções


causadas por bactérias gram-negativas também previnem contra infecções por
Serratia spp., sendo que um único fator de risco para infecções intramamárias
causadas por Serratia se destaca: surtos de mastite causada por Serratia spp. em
rebanhos leiteiros estão associados ao uso de desinfetantes de teto a base de
clorexidina. Provavelmente, não são todos os desinfetantes a base de clorexidina
que resultam em surtos de infecções por Serratia spp., mas alguns desses produtos
claramente estão associados a esses surtos.

1.11. Levedura
1. Leveduras são geralmente agentes que causam mastites esporádicas, e estes
microrganismos são encontrados em solos, pele dos tetos, plantas e matéria orgânica
em decomposição.

2. As infecções por leveduras geralmente são causadas por aplicações intramamárias


sem adequada higiene de desinfecção das pontas dos tetos com álcool 70º GL e
manejo das bisnagas.

3. Levedura não responde a antibioticoterapia, porém, pode haver cura espontânea


deste agente dentro de 2 meses.

4. Nos casos de infecções por Levedura que não apresentam cura espontânea, o
quarto mamário pode ser secado de forma permanente, a vaca pode ser segregada
(principalmente quando houver grumo), seca ou descartada.

5. Procedimentos adequados de ordenha são importantes para reduzir a disseminação


deste microrganismo

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

Mastite causada por Levedura?

1. Avaliar procedimento de aplicação de intramamários (bisnagas de


antibióticos, selantes, etc.)
2. Identificar as vacas infectadas e aguardar cura espontânea dentro de dois meses
3. Não responde a antibiótico terapia
4. As vacas que não tiverem cura espontânea podem ter o quarto inutilizado
(seco), a vaca ser segregada, seca ou descartada.

Saiba mais sobre Levedura


As mastites causadas por Leveduras são geralmente esporádicas, e estes
microrganismos são encontrados em solos, plantas, matéria orgânica em
decomposição e, especialmente, tratamentos intramamários sem higiene adequada.
Frascos de medicamentos, seringas e bisnagas intramamárias são fontes de leveduras
e mofos. Antes da infusão intramamária, é recomendado que se faça a desinfecção
adequada com o uso de álcool 70º gl. Não se deve reutilizar a bisnaga ou dividi-la
em aplicações para mais de um quarto. Evite inserir ao máximo a cânula inteira do
intramamário dentro do teto (insira somente a ponta da cânula). Eventualmente,
infecções originárias do ambiente também podem acontecer, bem como de
transmissão vaca à vaca (contagiosa). Secar os quartos cronicamente infectados e
melhorias no procedimento de ordenha, ajudam a controlar a transmissão deste
microrganismo. Procedimento de limpeza pré-ordenha (pré-dipping) e redução das
flutuações de vácuo são importantes fatores que podem reduzir as infecções por
Levedura. A utilização de pré-dipping com eficácia comprovada, em contato com
toda a área da pele do teto durante pelo menos 30 segundos, e a remoção total de
pré-dipping e sujidades nos tetos remanescentes (inclusive na ponta dos tetos) com
o uso de papel ou toalhas são medidas que reduzem novas infecções por agentes
ambientais. Após a ordenha, a aplicação de pós-dipping em toda a área do teto reduz
o risco de novas infecções intramamárias nos intervalos entre ordenhas, e o uso
de produto com efeito barreira pode ter eficácia adicional especialmente quando
o desafio ambiental é alto. Apesar de haver um percentual de cura espontânea de
Levedura, este microrganismo não responde a antibioticoterapia.

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1.12. Prototheca spp.


1. Prototheca spp. é uma alga, comumente encontrada em matéria orgânica e água,
como: córregos, lagoas, água para lavar a ordenha, água do bebedouro, água usada
para diluir o pré-dipping, etc. Também é encontrada no solo e plantas.

2. Apesar de ser considerada um microrganismo ambiental, uma vez a glândula


infectada, a transmissão pode ocorrer de vaca à vaca, e, desta forma, as vacas
positivas para Prototheca spp. devem ser segregadas.

3. Prototheca spp. apresenta capacidade de formação de biofilme nas teteiras e no


sistema de ordenha, e, desta forma, os procedimentos de lavagem e sanitização de
ordenha devem ser feitos corretamente para reduzir o risco de infecção por este
microrganismo.

4. O uso de cloro como desinfetante de ambiente ou ordenha apresenta baixa à


moderada eficácia sobre Prototheca spp., sendo que peróxido de hidrogênio e ácido
peracético apresentam maior eficiência.

5. Prototheca spp. não responde à antibioticoterapia, e, desta forma, os quartos


positivos podem ser inutilizados (secos), a vaca ser segregada (principalmente
quando houver grumo), seca ou descartada.

Mastite causada por Prototheca?

1. Identificar onde/quando? ocorre maior prevalência das infecções


2. Avaliar presença de umidade, e risco de contato dos tetos com água
3. Avaliar procedimento de aplicação de intramamários (bisnagas de
antibióticos, selantes, etc.)
4. As vacas infectadas podem ter o quarto secado, a vaca ser segregada, seca ou
descartada.
5. Não responde a antibióticoterapia

Saiba mais sobre Prototheca spp.


Prototheca spp. é uma alga, encontrada no solo, plantas, córregos, lagoas e outras
fontes de água. Outros reservatórios são fezes de bovinos e suínos e as nas instalações
das vacas. Desta forma, a infecção ocorre a partir do ambiente, especialmente em
ambientes úmidos ou os quais as vacas tenho acesso a fontes de água (córregos,

onfarm.com.br 35
OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

lagoas, etc.). Deficiências na desinfecção da ponta do teto previamente à infusão


de intramamários (bisnagas de antibióticos, selantes, etc.) são fatores de risco
para ocorrência de infecção intramamária por Prototheca spp. Antes da infusão
intramamária, é recomendada a desinfecção adequada com o uso de álcool 70º gl,
e não se deve reutilizar a bisnaga ou dividi-la em aplicações para mais de um quarto.
O tratamento da água com cloro apresenta efetividade baixa a moderada para o
controle de Prototheca spp., sendo que peróxido de hidrogênio e hipoclorito de
sódio são desinfetantes com maior força de ação sobre Prototheca spp. Quando o
quarto mamário se torna infectado, a transmissão de Prototheca spp. pode ocorrer
de forma contagiosa, ou seja, de vaca à vaca. Adicionalmente, devido a resistência de
Prototheca spp. à desinfetantes e ausência de resposta a antibioticoterapia, após a
ordenha do quarto infectado por Prototheca spp., a teteira pode ficar contaminada
com este microrganismo, e o mesmo apresentar capacidade de formação de biofilmes
e resistências nos sistemas de ordenha. As infecções por Prototheca podem ocorrer
a qualquer momento da lactação ou durante a secagem, e em piquetes com áreas de
lama e água, o risco é aumentado, ou mesmo em camas úmidas. A Prototheca spp. não
responde a antibioticoterapia, e as vacas identificadas com este agente podem ter
o quarto mamário inutilizado (seco), a vaca ser segregada (principalmente quando
houver grumo), seca ou descartada.

1.13. Staphylococcus não aureus (ou Staphylococcus coagulase


negativa)
1. Staphylococcus não-aureus (SNA) é um grupo de bactérias também conhecidas
como Staphylococcus coagulase negativa (SCN).

2. Staphylococcus chromogenes (S. chromogenes) é o agente mais prevalente do


grupo dos SNA, e pode aumentar a CCS da vaca de forma moderada.

3. A principal fonte para estes microrganismos é a pele do teto, e os procedimentos


de ordenha, como aplicação correta de pré e pós-dipping, manutenção dos tetos
secos e flutuações de vácuo durante a ordenha são os principais pontos de ação para
controle e prevenção de mastite causada por SNA

4. As infecções por SNA são mais comuns em animais de primeira lactação no pós-
parto, ou em vacas de 2 ou mais lactações ao final de lactação

5. De forma geral, não há recomendações de tratamento com antibióticos durante a


lactação das infecções subclínicas causadas por SNA.

6. Existem relatos de que algumas espécies de SNA podem ser transmitidas de uma
vaca para outra.

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Mastite causada por SNA?

Identificar as vacas infectadas


2) Avaliar Procedimentos de ordenha
2.1 Adequada aplicação de pré (mínimo 30 segundos de ação) e pós-dipping, e
secagem dos tetos
2.2 Manutenção de equipamento de ordenha e evitar flutuações de vácuo

Primíparas pós-parto Mastite subclínica Mastite clínica

Para a maioria das Utilização de Tratamento com


infecções pós-parto antibiótico de vaca intramamário por 3 a
por SNA a cura seca na secagem 4 dias
espontânea é alta nas
próximas semanas

Saiba mais sobre Staphylococcus não-aureus (SNA)


Staphylococcus não-aureus (SNA) é um grupo de bactérias que incluem Staphylococcus
coagulase negativa (SCN) e Staphylococcus coagulase positiva não aureus,
principalmente Staphylococcus hyicus (S. hyicus). SNA são cocos gram-positivos,
sendo um dos microrganismos mais prevalentes em mastites subclínicas em novilhas
e vacas pós-parto. Estes microrganismos são geralmente encontrados na da pele
do teto. É considerado comum de 10 a 15 vacas em cada 100 em lactação terem
a presença deste grupo de bactérias. SNA são encontrados em baixa frequência

onfarm.com.br 37
OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

na mastite clínica. A cada 10 casos de mastite clínica, 1 é por SNA. A maioria das
espécies de SNA apresentam baixo tempo de sobrevivência no ambiente, porém
Staphylococcus chromogenes (S. chromogenes) e Staphylococcus hycus podem persistir
por longos períodos. Das infecções causadas por SNA, 80% são por S. chromogenes, e
este agente pode causar moderado aumento da CCS. As demais espécies de SNA não
apresentam efeito significativo sobre a CCS e composição do leite. As infecções por
SNA são mais comuns de acontecerem em animais de primeira lactação pós-parto, ou
em vacas de 2 ou mais lactações ao final de lactação.

Staphylococcus hyicus é uma espécie de SNA, porém não é agrupado como SCN, por
que, semelhantemente ao S. aureus, pode apresentar resultado positivo ao teste da
coagulase (um dos principais métodos utilizados para separar S. aureus dos demais
Staphylococcus spp.). Demais testes confirmativos podem ser utilizados de forma
complementar ao teste da coagulase para diferenciação de S. aureus de S. hycus, ou
mesmo diagnósticos mais modernos como biologia molecular e espectrometria de
massas (MALDI-TOF).

Onde encontramos SNA?

SCN e S. hycus podem ser encontrados principalmente na pele dos tetos e


eventualmente no ambiente (principalmente S. chromogenes). Como a principal
fonte destes microrganismos é a pele do teto, os procedimentos de ordenha, como
aplicação correta de pré e pós-dipping, manutenção dos tetos secos e flutuações de
vácuo durante a ordenha são os principais pontos de ação para controle e prevenção
de mastite causada por SNA. O tempo de ação do pré-dipping é um importante fator
no controle de SNA, sendo que este tempo deve ser no mínimo de 30 segundos,
com princípio ativo eficaz. Após aplicação do pré-dipping, os tetos devem ser secos
completamente (inclusive a ponta do teto) com o uso de papel ou toalhas individuais.
Após a ordenha, o pós-dipping deve ser aplicado de modo a cobrir toda a superfície
do teto, com o uso de pós-dipping com eficácia comprovada. O uso de terapia de
vaca seca é um método efetivo para tratamento e prevenção das infecções causadas
por SNA. De forma geral, não há recomendações de tratamento com antibióticos
durante a lactação das infecções subclínicas causadas por SNA. As infecções por SNA
são mais comuns em animais de primeira lactação pós-parto, ou em vacas de 2 ou mais
lactações ao final de lactação. Geralmente, os animais infectados por estes agentes
apresentam chance de cura espontânea maior que 60%, e podem apresentam novas
infecções com certa facilidade. É comum novilhas parirem com a presença deste
agente, e logo após as primeiras semanas pós-parto já não terem mais a presença
deste agente na glândula. Desta forma, a maioria das infecções causadas por SNA
ocorrem com relativa facilidade e frequência, e, da mesma forma, curam rapidamente
de forma espontânea, não justificando o uso de tratamento com antibiótico devido

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a este padrão cíclico e rápido de etiologia destes agentes. Algumas cepas de S.


chromogenes podem apresentar perfil de infecções mais crônicas, contagiosas e com
baixa chance de cura espontânea, tornando o animal cronicamente infectado por
este agente. Estas situações são em casos específicos, e medidas excepcionais para
estes agentes, como segregação (ordenhar por último) podem ser adotadas para
prevenir a proliferação destas cepas.

1.14. Staphylococcus aureus


1. Staphylococcus aureus (S. aureus) pode causar mastite clínica, mas é uma das
principais causas de mastite subclínica, com características de casos crônicos e de
baixa resposta aos tratamentos com antibiótico.

2. S. aureus é uma das principais causas de mastite contagiosa. O reservatório


principal desta bactéria são os quartos mamários das vacas infectadas, mas este
agente também pode ser encontrado no canal e nas lesões dos tetos, na pele dos
tetos, focinhos e narinas. A transmissão de S. aureus ocorre durante a ordenha, devido
às falhas de desinfecção dos tetos (pós-dipping), mãos dos ordenadores, panos de
uso múltiplo, flutuações de vácuo na ordenha que forçam a entrada da bactéria no
canal do teto e moscas. Desta forma, as vacas infectadas por S. aureus devem ser
segregadas na ordenha (ordenhadas por último), ou então devem ser ordenhadas
com conjunto de teteiras separadas para esta finalidade (ex: uso de uma unidade
móvel – balde ao pé).

3. As primíparas podem ser um dos reservatórios de S. aureus, pois podem parir já


com a infecção. Entre as possíveis origens de novas infecções causadas por S. aureus
em primíparas antes do parto pode-se destacar: mamada cruzada (uma bezerra
mamando na outra) entre bezerras alimentadas com colostro ou leite contaminado
com S. aureus e a ação de moscas.

4. Para o melhor monitoramento de S. aureus nos rebanhos pode ser realizado o a


cultura microbiológica do leite dos animais com mastite subclínica (CCS > 200 mil
células/ml), dos animais pós-parto (principalmente novilhas) e dos casos de mastite
clínica.

5. Mastite causada por S. aureus tem cura? Sim, as chances de cura de S. aureus
com tratamentos com antibióticos durante a lactação são máximas em primíparas,
em fase inicial de lactação (primeiro terço de lactação) e sem histórico de mastite
clínica no quarto mamário. Novas infecções por S. aureus. podem ser tratadas com
antibióticos, principalmente em primíparas. O uso de terapia estendida (5 à 8 dias
de tratamento) aumenta as chances de cura de mastite causada por S. aureus. No
entanto, o tratamento de vacas com mastite crônica, com mais de duas lactações e

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

com histórico de mastite no quarto acometido tem baixas chances de cura. Nestes
casos, as opções de manejo destas vacas são: a antecipação da secagem e uso de
tratamento de vaca seca, secagem dos quartos infectados ou descarte das vacas
infectadas.

Mastite causada por S. aureus?

1) Identificar as vacas infectadas


2) Avaliar Procedimentos de ordenha
3) Manutenção de ordenha
Primíparas 4) Programa vacinação Multíparas

>200 DEL, ou: <200 DEL, e:


> 1 MM CCS, ou: < 500 mil CCS, e:
Histórico de MC Sem histórico de MC

Segregar e: Segregar e:
Antecipar secagem (se Considerar tratamento
estiver prenhe), ou: lactação (5 à 8 d
Secagem dos quartos intramamário), ou:
infectados ou Secagem dos quartos
Descartar as vacas infectados

1) Segregar
2) Considerar tratamento lactação (5 à 8 d intramamário), e:
3) Calcular % de novilhas parindo com Staph. aureus, e:
3.1) Avaliar:
Controle de moscas
Fornecimento p/ bezerras: Colostro e leite de vacas com mastite
Mamada cruzada

Quando for feito o tratamento na lactação ou de secagem: avaliar cura 14,


21 e 28 d pós tratamento ou pós-parto, respectivamente

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

Saiba mais sobre Staphylococcus aureus


Staphylococcus aureus é um coco gram-positivo, anaeróbio facultativo, imóvel, não
esporulado, coagulase-positiva, que causa mastite contagiosa em vacas leiteiras. A
mastite causada por S. aureus manifesta-se na forma subclínica crônica, com eventuais
casos clínicos. Além disso, essas infecções não respondem bem aos tratamentos com
antimicrobianos intramamário. Para o controle de agentes contagiosos, como S.
aureus, as principais medidas recomendadas pelo National Mastitis Council (NMC)
são: adequado procedimento de ordenha das vacas (usar luvas, respeitar tempo
mínimo de ação do pré-dipping, utilização de uma toalha (ou papel toalha) por
úbere, manutenção de equipamento de ordenha e ajuste dos limites de extração
e retirada do conjunto), uso de desinfetante de teto pós-ordenha (“pos dipping”),
biossegurança para prevenir a entrada de patógenos contagiosos no rebanho e
segregação. Medidas como tratamento com antimicrobianos, secagem e/ou descarte
das vacas cronicamente infectadas devem ser avaliadas e consideradas dependendo
das características das vacas (número de lactações, DEL, histórico de mastite, CCS,
e demais características reprodutivas e de saúde) e da prevalência de S. aureus no
rebanho. Rebanhos com alta prevalência de S. aureus têm dificuldade de segregação
das vacas infectadas por S. aureus ou da secagem e descarte das vacas cronicamente
infectadas. O condicionamento da pele dos tetos e as lesões na extremidade e canal
dos tetos pode aumentar os riscos de infecções intramamárias (IIM).

Existem diferenças de patogenicidade entre as cepas de S. aureus, o que significa


que algumas medidas de controle desta doença possam variar entre os rebanhos.
Nos rebanhos com somente um tipo de cepa predominante, a principal transmissão
ocorre de vaca para vaca. Outros rebanhos apresentam poucas vacas infectadas por
diferentes cepas de S. aureus, o que indica que diferentes fontes de S. aureus ocorrem
no rebanho, sem predominância de uma cepa. Portanto, as decisões sobre como
manejar a mastite causada por S. aureus vão depender das características como a
persistência e a patogenicidade das estirpes causadoras da infecção.

Patogênese: Após a entrada na glândula mamária, S. aureus adere-se às células


epiteliais da glândula mamária, diminuindo a chance de ser eliminado pelo leite
durante a ordenha. A defesa imune primária contra a IIM por S. aureus é a fagocitose,
realizada pelos neutrófilos, que são as primeiras células somáticas envolvidas no
processo de defesa inespecífica da glândula mamária após uma infecção. Porém,
a função fagocítica dos neutrófilos é diminuída na presença de leite, e S. aureus
produz diversos fatores anti-fagocíticos, como proteína A e presença de cápsula
e pseudocápsula, que diminuem a eficiência de fagocitose deste patógeno pelos
neutrófilos. Além disso, as concentrações de complemento e de anticorpos
opsonizadores, fatores que facilitam a captura de S. aureus pelos neutrófilos, são
baixas no leite, dificultando ainda mais a eliminação deste patógeno. Após iniciada a

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

IIM causada por S. aureus pode ocorrer erosão e ulceração dos sinus e ductos lactíferos,
infiltração do tecido do parênquima com células inflamatórias, e por fim lesões nas
células epiteliais do tecido secretor de leite), levando à oclusão dos ductos e alvéolos
e presença de S. aureus no seu interior (Figura 1). S. aureus que ficam no tecido
alveolar, podem ser fonte de infecção para outras regiões da glândula ou formarem
granulomas e microabcessos. S. aureus apresenta também capacidade de produção
de biofilme, que é uma matriz formada por comunidade bacteriana protegida por
esta matriz, favorecendo o crescimento da comunidade em condições de ambiente
desfavoráveis. Este processo é iniciado pela adesão das bactérias em uma superfície
(Figura 2), onde formam micro colônias resultando em uma estrutura tridimensional.
O biofilme é um fator de virulência das infecções por S. aureus, e cerca de 36 à 48%
das cepas de S. aureus são produtoras de biofilme. As cepas produtoras de biofilme
são consideradas mais resistentes aos antimicrobianos, devido:

1) ação de barreira físico/química contra anticorpos e antimicrobianos promovido


pelos exopolisacarídeos (EPS) do biofilme (os EPS apresentam cargas negativas e
podem complexar os antimicrobianos por interação iônica);

2) As bactérias envoltas pelo biofilme apresentam menor taxa de crescimento e


menor tamanho celular, o que pode reduzir a eficiência dos antimicrobianos, uma
vez que apresenta maior ação em células com maior taxa de crescimento;

3) antibióticos pode ficar presos na estrutura do biofilme, o que reduz a eficiência de


entrada das moléculas antimicrobianas;

4) A estrutura proteica da parede celular das bactérias no biofilme é transformada


em até 40% das bactérias vivas livres. A membrana da bactéria no biofilme tem
maior tendência de impulsionar os antibióticos antes que eles atuem nas bactérias
ou mesmo os alvos dos antimicrobianos na superfície celular podem desaparecer.
Muitos antimicrobianos são desativados por reações oxidantes como por hipoclorito
e H2O2, os quais são produzidos por oxidação das células fagocíticas. Portanto,
infecções crônicas causadas por S. aureus têm menor chance de cura em relação a
novas infecções, e de forma geral, o tratamento durante a lactação para S. aureus
tem baixa chance de cura em vacas mais velhas, vacas em terço final de lactação e
vacas com histórico de mastite no quarto mamário.

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Antes da IIM

Após a IIM:
Bactérias,
Congestão,
Apoptose

Figura 1 – Congestionamento de ductos e apoptose dos alvéolos mamários causado por IIM
(Fonte: Elazar et al., 2010). PMN = Polimorfonuclear

Figura 2 – Ciclo de maturação do biofilme (Fonte: Navarro, 2016)

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Formas de transmissão e Epidemiologia:

A principal forma de transmissão da mastite causada por S. aureus é por meio


de fômites que carreiam as bactérias de uma vaca para outra, como as mãos dos
ordenhadores, toalhas de uso múltiplo e teteiras, durante a ordenha. Primíparas
também podem ser uma importante fonte de IIMs causadas por S. aureus. A mastite
causada por S. aureus pode ocorrer em bezerras novas (6 meses de idade), porém a
maioria das IIM ocorre em novilhas que estão no terceiro trimestre de gestação. As
possíveis fontes de S. aureus no colostro de novilhas são: leite das vacas em lactação
(70%), locais do corpo da novilha (39%), ambiente (28%), e outras fontes (16%).
Cerca de 71% das estirpes de S. aureus isoladas da secreção mamária de novilhas
no momento do parto são as mesmas das isoladas do leite de vacas em lactação, e
47% das estirpes de S. aureus isoladas da pele do teto e do úbere das novilhas são as
mesmas isoladas de secreções mamárias de novilhas no momento do parto.

As “moscas do chifre” (Haematobia irritans) podem transmitir S. aureus para novilhas


por meio de picadas e/ou lesões nos tetos, as quais são colonizados por S. aureus.
Rebanhos com eficiente controle de moscas (redução de acúmulo de matéria
orgânica, usando inseticidas “pour-on” e adesivos com inseticida, que ficam colados
na orelha e cauda dos animais) tem menor risco de ocorrência de mastite causada
por patógenos contagiosos em novilhas no início da lactação do que rebanhos sem
controle de moscas. Adicionalmente, para controle de S. aureus é recomendado que
seja realizada avaliação das novilhas de reposição e das vacas em lactação compradas
antes da entrada desses animais com as vacas em lactação do rebanho.

Para o melhor entendimento do potencial problema de S. aureus no rebanho, bem


como outros microrganismos, pode ser realizada a cultura microbiológica do leite
dos animais que apresentarem CCS > 200 mil células/ml, dos animais pós-parto
(principalmente novilhas) e dos casos de mastite clínica. Devido às características
da mastite causada por S. aureus, o padrão de eliminação das bactérias pelo leite
é irregular (Figura 3). Esta característica faz com que a sensibilidade da coleta de
uma única amostra para cultura microbiológica seja reduzida. Desta forma, para
aumentar a sensibilidade de diagnóstico de S. aureus recomenda-se de 2 a 3 coletas
de leite do quarto/vaca suspeita para reduzir os resultados “falso negativos”,
devido a possibilidade de as colônias estarem em fase de encapsulação com muito
baixa eliminação no leite, o que reduziria a capacidade da amostragem e cultivo
microbiológico de identificar a infecção por S. aureus.

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Ordenha após incubação experimental por Staph. aureus

Figura 3 – Eliminação transitória de Staph. aureus no leite (Fonte: Morone, 2013)

Tratamento:

As decisões sobre tratar vacas infectadas por S. aureus durante a lactação dependem
do histórico da doença no rebanho e da resposta aos tratamentos prévios. A chance
de cura de mastite causada por S. aureus podem variar de 4 a 92%. As chances de
cura para mastite crônica causada por S. aureus variam de acordo com características
da vaca, do patógeno e do protocolo de tratamento. Com relação à vaca, as taxas de
cura diminuem com: o aumento do número de partos da vaca, aumento da contagem
de células somáticas (CCS), aumento da contagem bacteriana antes do tratamento e
aumento do número de quartos infectados. A taxa de cura para este agente é menor
nos quartos traseiros do que nos dianteiros.

A probabilidade de cura com o tratamento durante a lactação de uma vaca com


mais de 2 partos, tratada ao terço médio-final de lactação e CCS > 1.000.000 células/
ml pode ser <10%. Desta forma, vacas com essas características não deveriam ser
tratadas, mas sim segregadas, descartadas ou não ter o quarto infectado ordenhado
até o momento da secagem com antimicrobianos de longa ação. Por outro lado, uma
novilha, com menos de 220 DEL e CCS ≤ 500.000 cél/ml, tem chance de cura > 60%
e o tratamento com antimicrobianos pode ser efetivo para as mastites causadas
por S. aureus. A duração do tratamento é um importante fator que afeta a taxa de

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OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

cura de S. aureus. A antibioticoterapia estendida por 5 a 8 dias, resultou em maior


taxa de cura do que a terapia por 2 a 3 dias. Porém, quanto maior for a duração do
tratamento, maior o volume de leite descartado, e muitas vezes o tratamento pode
não ser eficiente. Além da duração da terapia, o sucesso do tratamento depende da
cepa e das características da vaca.

O uso de terapia combinada (intramamário associado a antibiótico parenteral)


ainda é controverso, mas se for optar pelo seu uso, é preferível que faço de bases
com elevada eliminação no leite e que não haja antagonismo com o antibiótico
intramamário, com o devido cuidado do período de carência e risco de resíduos de
antibióticos no leite do tanque. Um estudo brasileiro descreveu que o tratamento
intramamário estendido (5 dias com duas aplicações ao dia), de 75 mg de ampicilina
e 200 mg de cloxacilina, associada com injeção intramuscular de enrofloxacina 10%
em dose única (7,5 mg/kg no primeiro dia da antibioticoterapia), resultou em chance
de cura de 90% para vacas primíparas e 30% para multíparas. Adicionalmente, vacas
que tiveram apenas 1 quarto mamário infectado por S. aureus apresentaram 70%
de chance de cura, enquanto que as que tiveram 2 ou mais quartos infectados por S.
aureus apresentaram apenas 17% de chance de cura.

1.15. Corynebacterium spp.


1. O Corynebacterium bovis (C. bovis) é a espécie mais prevalente (>90%) entre os
Corynebacterium spp. que já foram isolados da glândula mamária de vacas em
lactação;

2. A maioria dos estudos demonstram que o Corynebacterium spp. não tem


efeitos sobre composição, produção e CCS do leite. Alguns estudos sugerem que
Corynebacterium spp. pode ter efeito protetor na glândula mamária quanto a infecção
por outros agentes principais, enquanto outros estudos demonstram que pode haver
aumento moderado da CCS (CCS entre 50 e 197 mil cel/ml);

3. A prevalência de Corynebacterium spp. nos rebanhos varia de 4 à 13% das vacas em


lactação;

4. As principais medidas de redução da prevalência de Corynebacterium spp. são


melhorias no manejo de ordenha, principalmente da eficácia da aplicação de pré e
pós-dipping;

5. Em métodos microbiológicos de identificação de Corynebacterium spp., recomenda-


se incubação por até 48 horas.

46 onfarm.com.br
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Alta prevalência de Corynebacterium spp.

Mastite Subclínica
Mastite Clínica
(CCS > 200 mil Cel/ml)

Avaliar procedimento de pré e pós-dipping:


Tratar o caso como
1) Principio ativo;
outros gram-
2) Tempo de ação no teto;
positivos: 3 à 4 dias
3) Forma de mergulho do teto e secagem do
mesmo;
4) Remoção da matéria orgânica nos tetos antes
de realizar o pré-dipping!
5) Melhorar higieni de desinfecção da ponta do
teto no momento da coleta!

A maiorira dos patógenos menores (Corynebacterium spp e


Cura espontânea
SNA) apresentam cura espontânea.
(Vaca com CCS alta
Em elevada prevalência no rebanho, apresentam alta chance de
no mês anterior
novas infecções.
>200 mil cel/ml,
Ou seja, em fazendas que fazem controle mensal de CCS, é
e baixa no mês
comum vacas apresentarem CCS alta em um determinado mês,
corrente <200 mil
e baixa no mês seguinte, sem qualquer alteração ou tratamento
cel/ml)
ter sido feito nesta vaca

1) Coletar amostra e confirmar isolamento de Corynebacterium spp.


Vaca crônica (CCS 2) Avalie a fase de lactação e número de lactação das vacas;
> 200 mil por 2.1. Vacas mais velha e em estágio avançado de lactação vão ter CCS
mais de 2 meses elevada “naturalmente”
2.2. Avaliar historico de mastite da vaca e os agentes previamente
consecutivos) identificados
e positivo para 3) Grau de abertura de ofiricio de teto
Corynebacterium 3.1. Vacas com grau > 1 terão maior CCS e 12 vezes mais chance de novas
spp. infecções durante a lactação!
4) Avaliar para lesão física na glândula

Cultura mista (Corynbacterium spp. + algum Considerar o animal positivo para o


outro agente /principal) patógeno principal!

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Saiba mais sobre Corynebacterium spp.


Corynebacterium spp. podem ser considerados microrganismos “menores” ou
secundários, isolados especialmente em vacas com mastite subclínica (Bradley
and Green, 2005; Schukken et al., 2009). Ou seja, são considerados como de pouca
importância ou de pouco efeito sobre as características de produção, composição
e CCS do leite, quando comparado aos patógenos principais da mastite (S. aureus,
S. agalactiae, S. uberis, S. dysgalactiae, E. coli, Klebsiella spp, etc.). Porém, sua
importância para mastite ainda é controversa entre estudos científicos e de opiniões
de especialistas. A maioria dos estudos classificaram Corynebacterium spp. como
pouco ou sem efeito sobre as características de produção, composição e CCS da vaca,
outros classificaram que o mesmo pode ter um efeito “protetor” na glândula contra
demais agentes principais da mastite (S. uberis, S. aureus, S. agalactiae, etc.) e, por
fim, alguns estudos mostraram aumento moderado da CCS (CCS entre 50 e 197 mil
cel/ml) em quartos com presença de Corynebacterium spp. (Figura 1). Veja abaixo os
principais resultados que foram relatados!

Figura 1 - Compilado de estudos de avalição dos efeitos de Corynebacterium spp. na glândula


mamária.

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Estudos que demonstraram que Corynebacterium spp não tem


efeito “negativo” sobre a saúde do úbere
O Corynebacterium bovis (C. bovis) é a espécie mais prevalente (>90%) entre os
Corynebacterium spp. que já foram isolados da glândula mamária de vacas em
lactação (Gonçalves et al., 2016). Alguns estudos indicaram que C. bovis apenas
colonizam o canal do teto das vacas, sendo apenas um indicador da eficiência de
higiene na ordenha, principalmente da desinfecção dos tetos com pré e pós-dipping.
Ou seja, uma baixa eficiência desta desinfecção antes e/ou após a ordenha podem
proporcionar maior colonização de C. bovis no canal dos tetos e com isso, durante a
coleta do leite para cultura microbiológica, eles podem ser eliminados na amostra
e identificado em laboratório, porém, sem ser o responsável pela ocorrência de
mastite naquele animal (Watts et al., 2000). Desta forma, medidas como melhorias
no processo de desinfecção (princípios ativos, quantidade de matéria orgânica no
teto, tempo de ação e processo adequado de “dipping” e secagem) podem reduzir a
prevalência de isolamento destes agentes nos rebanhos.

A colonização de microrganismos no canal do teto dos animais é facilitada em tetos


com maior abertura de orifício e/ou hiperqueratose, os quais dificultam a ação do
desinfetante por promover maiores áreas e mais profundas para colonização destas
bactérias no canal do teto. Porém, estes mesmos quartos com maior abertura do
orifício do canal do teto, são quartos que apresentam 12 vezes mais chances de
novas infecções intramamárias em relação aos quartos sem abertura elevada e/ou
hiperqueratose (Gentilinni et al., 2016). Desta forma, são animais que vão estar mais
propensos a apresentar mastite subclínica e/ou clínica e também à presença de C.
bovis no canal do teto, mas até então, podem ser características correlacionadas e
não causa e efeito do C. bovis sobre este aumento de CCS. Alguns estudos também
classificaram o C. bovis. como microrganismos comensais da glândula manhã, e
sugeriram que os quartos infectados por esta bactéria podem ser menos susceptíveis
a infecções intramamárias por patógenos principais, caracterizando um efeito
protetor do C. bovis contra infecções por agentes principais (Rainard and Poutrel,
1982; Sordillo et al., 1989; Lam et al., 1997; Schukken et al., 1999; Blagitz et al., 2013).

Demais estudos demostraram que a CCS de vacas com isolamento de Corynebacterium


spp. variou entre 50 e 150 mil cel/ml, estando abaixo do limite de 200 mil cel/ml,
considerado como indicador de infecção intramamária (Schepers et al., 1997; Bradley
e Green, 2005). Um estudo avaliou o efeito de Corynebacterium spp. sobre a CCS do
leite, e corrigiu este efeito para estágio de lactação, número de lactações, nível de
produção da vaca e mês da amostragem. Como resultado, demonstrou que, em
média, vacas infectadas por Corynebacterium apresentaram CCS de 52 mil cél/ml.
Porém, muitas pessoas podem já ter observado vacas com CCS alta e com isolamento
de Corynebacterium spp. na cultura microbiológica, e como isto seria possível, sendo

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que estudos não mostram que Corynebacterium spp. poderia elevar a CCS acima
de 200 mil Cel/ml? É difícil afirmar as causas, mas pode ser algo similar ao que
acontece quando a vaca tem CCS alta e o resultado de cultura é negativa (de forma
geral, >40% dos resultados de cultura de vacas com CCS > 200 mil cel/ml podem
apresentar resultado de cultura negativa), ou seja, podem existir outros fatores que
estão causaram o aumento de CCS, e o isolamento de Corynebacterium spp. pode
ser somente uma correlação, e não a causa do aumento de CCS. Vacas com CCS alta
e com resultado de cultura negativa podem ser associadas a alguns fatores: 1) uma
infecção que já foi combatida, porém, o processo de redução de CCS ainda não foi
concluído no momento da coleta para esta análise (a redução da CCS podem levar dias
ou até semanas após a infecção ser combatida, dependendo da vaca e do agente);
2) Vacas velhas e/ou final de lactação, o qual o aumento de CCS pode ser devido a
um processo fisiológico e não microbiológico; 3) Lesão física na glândula mamária; 4)
Potencialmente algum agente que não cresce em sistemas convencionais de cultura
em laboratórios; entre outros. Confira mais artigos sobre o tema, em nosso blog:
http://onfarm.com.br/blog

Um estudo conduzido no Brasil mostrou que infecções por patógenos menores


(Corynebacterium spp. e Staphylococcus não aureus) não tiveram efeitos sobre a CCS,
produção de leite e também não alteraram o retorno econômico para a fazenda. Este
retorno econômico foi estimado baseado nos efeitos sobre a produção de leite e
também, de bonificação pela qualidade, considerando os teores de sólidos e CCS. A
título de curiosidade, os quartos mamários que apresentaram patógenos ambientais,
reduziram o retorno econômico na fazenda em US$ 0,18/quarto/ordenha, e os
quartos com patógenos contagiosos (S. aureus e S. agalactiae) reduziram o retorno
econômico em US$ 0,22/quarto/ordenha. Ou seja, no câmbio de hoje e em fazendas
com 3 ordenhas/dia, cada quarto mamário infectado com patógeno ambiental ou
contagioso iria deixar de gerar R$ 3,0/dia e R$ 3,6/dia de receita, respectivamente.
Em uma fazenda com 100 vacas em lactação, se 30 estiverem infectadas com agentes
contagiosos ou ambientais, deixaram de gerar em média R$ 100,0/dia de receita
(~R$ 3.000,0/mês). Enquanto que, na mesma fazenda, 30% dos animais estiverem
infectados por patógenos menores, a perda de receita não deve ser significativa.
Estudos que demonstraram potenciais efeitos do Corynebacterium
spp. sobre a saúdo do úbere
Já foram isolados C. bovis também na cisterna da glândula e no parênquima
mamário, sugerindo nestes casos que poderiam estar causando a infecção (Benites
et al., 2003). Deste então, estudos foram conduzidos para avaliar o efeito do C.
bovis na glândula mamária sobre as características de produção, composição e CCS
do leite. Um estudo conduzido no Brasil comparou quartos contralaterais sadios vs
infectados com Corynebacterium spp., e observaram que os quartos infectados com
Corynebacterium spp. tiveram aumento moderado da CCS (197 mil cel/ml) em relação

50 onfarm.com.br
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aos quartos contralaterais sem nenhum agente/sadios (86 mil cél/ml). Porém, neste
estudo não foram observados efeitos do C. bovis sobre a produção de leite, e teores
de gordura e proteína (Gonçalves et al., 2016).
Prevalência de Corynebacterium spp.
Estudos brasileiros descreveram prevalência média de Corynebacterium spp. de
4 à 13% das vacas em lactação (Knackfuss Vaz et al., 2013; Gonçalves et al., 2016;
Martins et al., 2017; Gonçalves et al., 2018; Martins et al., 2019). A prevalência de
Corynebacterium spp. pode ser muito variável entre rebanhos, e é muito provável que
esteja associada a eficiência de desinfecção dos tetos antes e após a ordenha, perfil
etiológico da mastite do rebanho, fase de lactação das vacas e características dos
tetos das vacas. Um compilado de estudo conduzidos na região sudeste de SP mostra
que 0,2% dos quartos mamários apresentam Corynebacteriam spp. no momento da
secagem, 4% dos quartos nas primeiras duas semanas pós-parto, 1,5% à 4,5% durante
a lactação e 3% dos casos de mastite subclínica (Figura 2).

Figura 2 – Compilado de estudos na região Sudeste do Brasil sobre a prevalência de


isolamento de Corynebacterium spp.

O que fazer quando identificar Corynebacterium spp?


As tomadas de ações devem ser específicas para cada rebanho, considerando a
prevalência deste agente no rebanho, e quais são os fatores de riscos que estão
associados à esta prevalência: vacas mais velhas? Vacas em estágio final de lactação?
Vacas com grau de abertura de orifício de tetos elevados? Vacas com maior/
menor produção de leite? Distribuição regular independente das características
das vacas? De forma geral, Corynebacterium spp. não será um problema na grande
maioria das fazendas, e nenhuma ação sobre estes agentes necessitará ser indicada.
Adicionalmente, não é recomendado o tratamento de mastite subclínica causada por
Corynebacterium spp., e alterações na rotina de ordenha, sobretudo de desinfecção
com pré e pós-dipping, são as principais medidas de redução da prevalência deste
agente no rebanho, em casos em que a mesma está elevada.

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Protocolo de
tratamento de
Mastite Clínica
LABORATÓRIO DE CULTURA NA
FAZENDA: PARA QUE POSSO USAR?
CASOS DE MASTITE CLÍNICA CASOS DE VACAS RECÉM-PARIDAS
PREVENTIVO E CURATIVO MASTITE SUBCLÍNICA E VACAS PARA SECAGEM
Mastite Clínica → Coleta de amostra PREVENTIVO E CURATIVO PREVENTIVO E CURATIVO
→ Cultura Microbiológica → Como controlar e acompanhar?
Resultados para determinação do - Análise de CCS individual/mês e/ou VACAS RECÉM-PARIDAS
plano de ação e protocolos de teste CMT (raquete)/mês;
tratamento Acompanhar o histórico e realizar a Avaliar eficácia da terapia da vaca
cultura daqueles animais que seca e acompanhar os animais novos
(VER SUGESTÃO PARA apresentarem alteração de CCS ou que estão entrando no rebanho para
PROTOCOLOS DE TRATAMENTO) teste CMT positivo de um mês para o tomar a decisão correta caso seja
outro, para detecção do detectada algum microrganismo
Principais vantagens: contagioso e/ou baixa chance de
microrganismo e determinação do
1- Conhecer o patógeno causador de cura(por exemplo, novilhas que
mastite;
plano de ação adequado.
possam parir infectadas por S
2- Determinação do tratamento e planos de aureus). Coleta de amostra
ação; Principais vantagens: composta sempre que o leite estiver
3- Redução do uso com antibióticos (30 a
- Realizar um plano de ação (diagnóstico e livre de resíduos de antibiótico.
50% de casos que não precisam de
plano de ação) para impacto da CCS do
tratamento) VACAS PARA SECAGEM
tanque;
- Realizar um trabalho preventivo e/ou
- Realizar um trabalho preventivo e/ou Determinar e direcionar o protocolo
curativo para acompanhar as bactérias
curativo para acompanhar as bactérias de terapia da vaca seca para
causadoras de mastite antes da situação
causadoras de mastite antes da situação avaliação da sua eficácia.
sair do controle;
sair do controle;

SUGESTÃO PARA PROTOCOLOS


DE TRATAMENTO
CASO DE MASTITE CLÍNICA

VER HISTÓRICO DO ANIMAL


QUANTAS VEZES JÁ TEVE MASTITE NESSE TETO;
CLASSIFICÁ-LO EM:

VACAS CRÔNICAS VACAS “CASO NOVO”


JÁ TEVE MAIS DE 3 CASOS DE MASTITE VACAS QUE TIVERAM MENOS DE 3 CASOS DE
CLÍNICA NESSE TETO; MASTITE CLÍNICA NESSE TETO;

BAIXA CHANCE DE CURA ALTA CHANCE DE CURA


→ SEGUIR RECOMENDAÇÕES P/ ANIMAIS CRÔNICOS → SEGUIR PROTOCOLOS DE TRATAMENTO
RECOMENDAÇÕES PARA
ANIMAIS CRÔNICOS
Baixa Chance de Cura

1- Avaliar animal em relação às características reprodutivas, de produção e saúde geral.


Se for uma animal onde o único problema é a mastite recorrente, podemos optar por
protocolos como:
a) Avaliar a possibilidade de antecipar a secagem desse animal;
b) Secagem permanente apenas do teto que possui mastite crônica;
c) Secagem temporária apenas do teto que possui a mastite crônica;
d)Sempre que esse teto apresentar com mastite clínica, você pode optar por não realizar
o tratamento com antibióticos, e simplesmente ordenhar o quarto acometido
separadamente para proceder com o descarte do leite. Para os casos em que apresentar
úbere inchado, pode ser utilizado anti-inflamatório. Dentro de alguns dias, provavelmente a
vaca voltará para a forma subclínica da mastite e o leite poderá ser enviado para o tanque;

OBS: AS INFORMAÇÕES ACIMA SÃO APENAS SUGESTÕES BASEADAS EM LITERATURA


E OPINIÕES DE ESPECIALISTAS. TODA RECOMENDAÇÃO A SER APLICADA NA
FAZENDA DEVERA PASSAR PELA CONSULTA DO TÉCNICO RESPONSÁVEL PELO
ATENDICMENTO DOS ANIMAIS

2- DESCARTE do animal caso preencha o tripé “Reprodução ruim + Baixa Produção + Saúde
em geral prejudicada (problemas de casco, mastite, doenças pós-parto recorrente, etc);
SUGESTÃO PARA PROTOCOLOS
DE TRATAMENTO
PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DE
ACORDO COM AS 3 SEGUINTES SITUAÇÕES:

1. 2. 3.
CASOS DE MASTITE CLÍNICA CASOS DE MASTITE CLÍNICA CASOS DE MASTITE CLÍNICA
QUE FOI REALIZADA A QUE FOI REALIZADA A SEM RESULTADO DE
CULTURA MICROBIOLÓGICA E CULTURA MICROBIOLÓGICA E CULTURA OU COM
TEVE RESULTADO TEVE RESULTADO
RESULTADO DE
POSITIVO NEGATIVO "AMOSTRA
CONTAMINADA"
SUGESTÃO PARA PROTOCOLOS
DE TRATAMENTO
SITUAÇÃO 1: CASOS DE MASTITE CLÍNICA QUE FOI REALIZADA
A CULTURA MICROBIOLÓGICA E TEVE RESULTADO POSITIVO

Streptococcus uberis: 5 a 8 dias;


Streptococcus agalactiae/dysgalactiae: 3 a 4 dias
Enterococcus spp: 3 a 4 dias;
Lactococcus spp: 3 a 4 dias;
Outros gram positivos: 3 a 4 dias;

GRAU 1 E.Coli = NÃO TRATAR = CHANCE DE CURA ESPONTÂNEA >90%


= AGUARDAR ATÉ 4 DIAS, SE AINDA PERSISTIR COM GRUMOS,
SOMENTE ALTERAÇÃO NO TRATAR DE 2 A 3 DIAS;
LEITE, SEM INCHAÇO
(INDEPENDENTE SE TIVER Klebsiella/Enterobacter spp: 5 a 8 dias;
MUITO OU POUCO GRUMO) Outros gram negativos: 3 a 4 dias;

Prototheca/Levedura/Pseudomonas/Serratia: NÃO TRATAR!!!


APENAS BAIXA CHANCE DE CURA = DEIXAR ANIMAL NO FINAL DA
LINHA DE ORDENHA
ANTIBIÓTICO
INTRAMAMÁRIO Staphylococcus Aureus: AVALIAR ANIMAL (ANIMAL JOVEM,
S/HISTÍRICO DE CCS ALTA E/OU MASTITE = TRATAMENTO
PELA QUANTIDADE DE DIAS ESTENDIDO DE 5 A 8 DIAS. ANIMAL DE 3 OU MAIS LACTAÇÕES,
DE ACORDO COM O TIPO C/ HISTÓRICO DE CCS ALTA E MASTITE = NÃO TRATAR E
DE PATÓGENO (descrito ao lado); DEIXAR ANIMAL POR ÚLTIMO NA LINHA DE ORDENHA);

Staphylococcus não-aureus: 3 a 4 dias;

SUGESTÕES DE BASES TERAPÊUTICAS:


Cefalosporinas: Penicilinas Semi-Sintéticas: Associações:
Cefapirina (1ª geração); Cloxacilina; Tetraciclina + Bacitracina +
Cefoperazona (3ª geração); Amoxicilina; Neomicina;
Ceftiofur (3ª geração); Ampicilina Cefalexicina + Canamicina;
Cefquinoma (4ª geração);
SUGESTÃO PARA PROTOCOLOS
DE TRATAMENTO
SITUAÇÃO 1: CASOS DE MASTITE CLÍNICA QUE FOI REALIZADA
A CULTURA MICROBIOLÓGICA E TEVE RESULTADO POSITIVO

Streptococcus uberis: 5 a 8 dias;


Streptococcus agalactiae/dysgalactiae: 3 a 4 dias
Enterococcus spp: 3 a 4 dias;
Lactococcus spp: 3 a 4 dias;
Outros gram positivos: 3 a 4 dias;

GRAU 2 E.Coli = NÃO TRATAR = CHANCE DE CURA ESPONTÂNEA >90%


ALTERAÇÃO NO LEITE COM = AGUARDAR ATÉ 4 DIAS, SE AINDA PERSISTIR COM GRUMOS,
INCHAÇO E/OU TRATAR DE 2 A 3 DIAS;
VERMELHIDÃO DE ÚBERE
Klebsiella/Enterobacter spp: 5 a 8 dias;
Outros gram negativos: 3 a 4 dias;

Prototheca/Levedura/Pseudomonas/Serratia: NÃO TRATAR!!!


ANTIBIÓTICO BAIXA CHANCE DE CURA = DEIXAR ANIMAL NO FINAL DA
INTRAMAMÁRIO + LINHA DE ORDENHA

ANTIINFLAMATÓRIO Staphylococcus Aureus: AVALIAR ANIMAL (ANIMAL JOVEM,


INJETÁVEL S/HISTÍRICO DE CCS ALTA E/OU MASTITE = TRATAMENTO
ESTENDIDO DE 5 A 8 DIAS. ANIMAL DE 3 OU MAIS LACTAÇÕES,
PELA QUANTIDADE DE DIAS DE
C/ HISTÓRICO DE CCS ALTA E MASTITE = NÃO TRATAR E
ACORDO COM O TIPO DE
DEIXAR ANIMAL POR ÚLTIMO NA LINHA DE ORDENHA);
PATÓGENO (descrito ao lado);
Staphylococcus não-aureus: 3 a 4 dias;

SUGESTÕES DE BASES TERAPÊUTICAS:


ANTIBIÓTICOS: Penicilinas Semi-Sintéticas: Associações:
Cefapirina (1ª geração); Cloxacilina; Tetraciclina + Bacitracina +
Cefoperazona (3ª geração); Amoxicilina; Neomicina;
Ceftiofur (3ª geração); Ampicilina Cefalexicina + Canamicina;
Cefquinoma (4ª geração);

ANTI-INFLAMATÓRIOS:
AINES:
Meloxicam; Flunixina
Meglumina; Cetoprofeno;
SUGESTÃO PARA PROTOCOLOS
DE TRATAMENTO
SITUAÇÃO 1: CASOS DE MASTITE CLÍNICA QUE FOI REALIZADA
A CULTURA MICROBIOLÓGICA E TEVE RESULTADO POSITIVO

Streptococcus uberis: 5 a 8 dias;


Streptococcus agalactiae/dysgalactiae: 3 a 4 dias
Enterococcus spp: 3 a 4 dias;
Lactococcus spp: 3 a 4 dias;
GRAU 3 Outros gram positivos: 3 a 4 dias;
ALTERAÇÃO NO LEITE COM
INCHAÇO E/OU VERMELHIDÃO E.COLI = NÃO TRATAR = CHANCE DE CURA ESPONTÂNEA >90%
DE ÚBERE + FEBRE/ ANIMAL = AGUARDAR ATÉ 4 DIAS, SE AINDA PERSISTIR COM GRUMOS,
SEM COMER TRATAR DE 2 A 3 DIAS;

Klebsiella/Enterobacter spp: 5 a 8 dias;


Outros gram negativos: 3 a 4 dias;
ANTIBIÓTICO
INTRAMAMÁRIO + PROTOTHECA/LEVEDURA/PSEUDOMONAS/SERRATIA: NÃO
TRATAR!!! BAIXA CHANCE DE CURA = DEIXAR ANIMAL NO
ANTIINFLAMATÓRIO FINAL DA LINHA DE ORDENHA
INJETÁVEL +
STAPHYLOCOCCUS AUREUS: AVALIAR ANIMAL (ANIMAL
ANTIBIÓTICO NOVO, S/HISTÍRICO DE CCS ALTA E/OU MASTITE = TRATAMEN-
INJETÁVEL TO ESTENDIDO DE 5 A 8 DIAS. ANIMAL VELHO, C/ HISTÓRICO
(enrofloxacina/penicilinas) DE CCS ALTA E MASTITE = NÃO TRATAR E DEIXAR ANIMAL POR
ÚLTIMO NA LINHA DE ORDENHA);
PELA QUANTIDADE DE DIAS DE
ACORDO COM O TIPO DE
Staphylococcus não-aureus: 3 a 4 dias;
PATÓGENO (descrito ao lado);

SUGESTÕES DE BASES TERAPÊUTICAS:


ANTIBIÓTICOS: Penicilinas Semi-Sintéticas: Associações:
Cefapirina (1ª geração); Cloxacilina; Tetraciclina + Bacitracina +
Cefoperazona (3ª geração); Amoxicilina; Neomicina;
Ceftiofur (3ª geração); Ampicilina Cefalexicina + Canamicina;
Cefquinoma (4ª geração);

ANTI-INFLAMATÓRIOS:
AINES:
Meloxicam; Flunixina
Meglumina; Cetoprofeno;
SUGESTÃO PARA PROTOCOLOS
DE TRATAMENTO
SITUAÇÃO 2: CASOS DE MASTITE CLÍNICA QUE FOI REALIZADA A
CULTURA MICROBIOLÓGICA E TEVE RESULTADO NEGATIVO

NÃO REALIZAR TRATAMENTO COM ANTIBIÓTICO!


SINAL QUE A PRÓPRIA VACA ESTÁ DANDO CONTA DE MATAR
GRAU 1 A BACTÉRIA)
(ALTERAÇÃO SOMENTE NO
LEITE, SEM INCHAÇO) OBSERVAR O ANIMAL ATÉ 4º DIA. SE NÃO MELHORAR E AINDA
APRESENTAR GRUMOS/MASSA = REALIZAR TRATAMENTO C/
ANTIBIÓTICO INTRAMAMÁRIO DE 2 A 3 DIAS
ou
NÃO REALIZAR TRATAMENTO COM ANTIBIÓTICO!
(SINAL QUE A PRÓPRIA VACA ESTÁ DANDO CONTA DE MATAR
A BACTÉRIA)
GRAU 2 REALIZAR APENAS ANTI-INFLAMATÓRIO
(ALTERAÇÃO NO LEITE E (meloxicam/flunixina – de 1 a 3 dias)
INCHAÇO/VERMELHIDÃO OBSERVAR O ANIMAL ATÉ 4º DIA. SE NÃO MELHORAR E AINDA
DE ÚBERE) APRESENTAR GRUMOS/MASSA = REALIZAR TRATAMENTO C/
ANTIBIÓTICO INTRAMAMÁRIO DE 2 A 3 DIAS

SUGESTÕES DE BASES TERAPÊUTICAS:


ANTIBIÓTICOS: Penicilinas Semi-Sintéticas: ASSOCIAÇÕES
Cefalosporinas: Cloxacilina; Tetraciclina + Bacitracina +
Cefapirina 1ª geração; Amoxicilina; Neomicina;
Cefoperazona 3ª geração; Ampicilina Cefalexicina + Canamicina;
Ceftiofur 3ª geração;
Cefquinoma 4ª geração;

ANTI-INFLAMATÓRIOS:
AINES:
Meloxicam; Flunixina
Meglumina; Cetoprofeno;
SUGESTÃO PARA PROTOCOLOS
DE TRATAMENTO
SITUAÇÃO 3: CASOS DE MASTITE CLÍNICA SEM RESULTADO DE
CULTURA OU COM RESULTADO DE "AMOSTRA CONTAMINADA"

GRAU 1 REALIZAR TRATAMENTO APENAS


(ALTERAÇÃO SOMENTE NO C/ ANTIBIÓTICO INTRAMAMÁRIO
LEITE, SEM INCHAÇO)
DE 3 A 5 DIAS
ou

GRAU 2 REALIZAR TRATAMENTO C/ ANTIBIÓTICO


(ALTERAÇÃO NO LEITE E INTRAMAMÁRIO DE 3 A 5 DIAS +
INCHAÇO/VERMELHIDÃO
DE ÚBERE)
ANTI-INFLAMATÓRIO INJETÁVEL

ou
REALIZAR TRATAMENTO C/ ANTIBIÓTICO
GRAU 3 INTRAMAMÁRIO DE 3 A 5 DIAS +
(ALTERAÇÃO NO LEITE +
INCHAÇO/VERMELHIDÃO ANTI-INFLAMATÓRIO INJETÁVEL +
DE ÚBERE + FEBRE/ ANIMAL
PARA DE COMER)
ANTIBIÓTICO INJETÁVEL +
Hidratação (oral e/ou endovenosa)

SUGESTÕES DE BASES TERAPÊUTICAS:


ANTIBIÓTICOS: Penicilinas Semi-Sintéticas: ASSOCIAÇÕES
Cefalosporinas: Cloxacilina; Tetraciclina + Bacitracina +
Cefapirina 1ª geração; Amoxicilina; Neomicina;
Cefoperazona 3ª geração; Ampicilina Cefalexicina + Canamicina;
Ceftiofur 3ª geração;
Cefquinoma 4ª geração;

ANTI-INFLAMATÓRIOS:
AINES:
Meloxicam; Flunixina
Meglumina; Cetoprofeno;
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Tabela 1 – Eliminação de antibióticos no leite a


partir de administração parenteral (adaptado de
Francis, 1989).

Alta Moderada Baixa


Tilosina Sulfonamidas Aminoglicosídeos
Eritromicina Penicilinas Ceftiofur
Enrofloxacina Tetraciclinas
Trimetoprim+sulfonamida
Pentamate idriodido
Lincomicina

onfarm.com.br 61
OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

Dúvidas Frequentes
Quanto tempo após o parto posso coletar amostra de leite da vaca para a
cultura microbiológica?
Recomenda-se de 5 a 7 dias

Como coletar amostras de leite de vacas com CCS alta?


Preferencialmente, recomenda-se a realização do CMT e a coleta dos tetos
que reagirem no teste de CMT ou a coleta de leite composta de todos os tetos.

Quantas coletas são recomendadas avaliar a cura de vacas com S. aureus?


Recomendam-se 3 coletas compostas (leite de todos os quartos) ou 2 coletas
por quarto mamário, com um intervalo de 1 semana entre as coletas.

Quando não é recomendado o tratamento com antibióticos em casos de


mastite clínica leve e moderado (casos negativos ou causados por E. coli)
pode-se fazer outros tratamentos?
Pode-se iniciar o tratamento com anti-inflamatórios não esteroidais e monitorar
a vaca durante 2 a 4 dias até o desaparecimento dos grumos e sintomas. Se os
sintomas não desaparecerem após 4 dias da detecção da mastite, ou se houver
evolução do caso para grave, recomenda-se iniciar o tratamento intramamário
com antibióticos.

Para avaliar a cura da vaca depois do tratamento, quando posso coletar a


amostra de leite?
Recomenda-se aguardar 7 dias após o término da carência do medicamento
aplicado.

Por que vacas com CCS alta podem apresentar resultado de cultura negativo?
1) No momento da coleta a vaca já se encontra em fase de recuperação/
cura. Sendo assim, ainda apresenta CCS alta, mas sem a presença do agente
causador. Provavelmente esta vaca deve reduzir a CCS no teste seguinte.
2) Entre a coleta de CCS e a realização da cultura microbiológica, pode ocorrer
cura espontânea da mastite (Exemplo: em mastite subclínica causada por SNA).

62 onfarm.com.br
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3) Bactéria causadora é muito sensível e morre durante o congelamento das


amostras, quando a cultura não é feita com leite fresco.
4) Microrganismos com padrão cíclico de eliminação de bactérias no leite
(S. aureus). Quando é realizada somente uma amostra a sensibilidade é de
cerca de 75%. Neste caso, recomenda-se coletar 2 a 3 amostras com intervalo
semanal.
5) Baixa contagem de bactérias no leite, que não crescem no volume de inóculo
na placa.
6) Alguns microrganismos muito específicos que podem causar mastite
não crescem nos meios de cultura convencionais (inclusive em laboratórios
tradicionais). Ex: Mycoplasma, bactérias anaeróbicas, microrganismos de
crescimento muito lento (mais de 48 horas de crescimento).

Qual o protocolo de tratamento (antibiótico) devo usar?


Com o uso da cultura na fazenda, a avaliação de eficiência de cada produto pode
ser feita de forma mais assertiva, pois ela poderá ser realizada considerando
apenas os casos positivos (com crescimento de agentes), e em espécies
específicas, diferenciando a eficiência entre espécies com maior ou menor
probabilidade de chance de cura.
Outro fator que pode auxiliar a escolha dos antibióticos, além do tipo de agente
causador da mastite, é o histórico de eficácia de antibióticos na fazenda.

Devo usar antibiótico injetável?


O uso de antibiótico injetável tem recomendação para casos de mastite
clínica aguda, quando há inchaço do úbere e a vaca tem febre (ou apatia,
diminuição de apetite e desidratação). O uso de antibiótico injetável como
terapia combinada com o uso de antibiótico intramamário apresenta pouca
evidência de aumento de eficácia do tratamento.

Posso fazer terapia seletiva de vaca seca (não aplicar antibiótico para
secar vacas sem bactérias)?
Talvez. O ambiente da vaca seca é muito importante nesse caso. O
antibiótico de secagem serve para eliminar tanto infecções preexistente
quanto infecções novas que podem ocorrer logo após a secagem. Além da
vaca ter que atender a outros critérios (CCS menor que 200.000 e sem mastite
clínica no último mês e cultura negativa)

onfarm.com.br 63
OnFarm - conhecendo os agentes causadores de Mastite

Literatura consultada
BARKEMA, H, W.; SCHUKKEN, Y. H.; ZADOKS, R. N. Invited review: the role of cow, pathogen, and
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