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Aula 01
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor
EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA
Desenvolvedor
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
As Autoras
NATÁLIA FIORENZA
Olá. Meu nome é Natália Fiorenza. Sou formada em Ciências
Biológicas, com mestrado e doutorado na área de Ciências da Saúde.
Passei por diferentes laboratórios de pesquisa, publicando trabalhos
científicos e participando de muitos Congressos e Cursos em diferentes
área de saúde e educação. Fui professora universitária e tutora durante
4 anos do curso de medicina, onde me conectei com minha paixão pela
docência e por metodologias ativas de ensino. Sou ávida por aprender e
ensinar e por trocar conhecimentos quer na área científico-acadêmica, quer
na área de desenvolvimento humano e autoconhecimento. Recebi com
muita alegria o convite da Editora Telesapiens para integrar seu elenco de
autores independentes, pois tenho como propósito transmitir aquilo que
sei e auxiliar outras pessoas no início de sua jornada profissional. Estarei
com você nessa caminhada de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimen- de se apresentar
to de uma nova um novo conceito;
competência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram
vações ou comple- que ser prioriza-
mentações para o das para você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e inda-
algo precisa ser gações lúdicas sobre
melhor explicado o tema em estudo,
ou detalhado; se forem necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e sidade de chamar a
links para aprofun- atenção sobre algo
damento do seu a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma ativi- quando o desen-
dade de autoapren- volvimento de uma
dizagem for aplicada; competência for
concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Compreendendo a Citopatologia e sua importância clínica 12
Introdução a Citopatologia 12
O Estudo da Citopatologia 15
Padrões citológicos em diversos órgãos 15
Mama 15
Tireoide 16
Pulmão 16
Líquidos 17
Cérvice-vaginal 17
Técnicas de coleta de materiais biológicos 19
A escolha do método adequado 19
Punção 20
Raspagem 22
Imprints 23
Lavados 24
Escovados 24
Materiais espontâneos 25
Processos pós-coleta 26
Pré-fixação 27
Centrifugação 27
Cell Blocks (blocos celulares) 27
Fixação 27
Técnicas de coloração das amostras biológicas 29
O processamento da amostra e a fase pré-analítica 29
Coloração de Papanicolau 30
Coloração de Hematoxilina-Eosina (HE) 32
Método de May-Grünwald-Giemsa (MMG) 33
Coloração pelo azul de toluidina 34
Técnicas rápidas de Diff-Quick (DQ) e de Panótico 34
Coloração de Shorr 35
Colorações especiais 36
Montagem 36
Conhecendo a citopatologia dos processos inflamatórios 38
Em que consiste o processo inflamatório? 38
Inflamação Exsudativa 40
Inflamação Alterativa 41
Inflamação Produtiva/Proliferativa 41
Principais achados de alterações inflamatórias 42
Psicofarmacologia Clínica 9
01
UNIDADE
10 Citopatologia
INTRODUÇÃO
O exame citopatológico é uma ferramenta diagnóstica valiosa,
por ser minimamente invasiva, segura, simples, de custo acessível e
apresentar rapidez e eficácia na determinação do resultado. Como a
solicitação desses exames é cada vez maior por parte dos profissionais
de saúde, os citopatologistas também têm se tornado mais experientes,
levando a um melhor desempenho qualitativo e quantitativo. A
citopatologia possui uma importante atuação nos processos inflamatórios,
reconhecendo as lesões, avaliando a intensidade da reação inflamatória,
acompanhando a evolução e podendo determinar o patógeno causador.
O exame citológico tem ainda relevância clínica no diagnóstico precoce
das neoplasias, facilitando o planejamento cirúrgico e o estabelecimento
dos protocolos terapêuticos. O amplo espectro de análise dos mais
diversos materiais levou ao desenvolvimento de inúmeras técnicas de
coleta, preparo e coloração das amostras, garantindo resultados mais
conclusivos e aumentando a abrangência dos exames disponíveis
no mercado. Sendo assim, cresceu nos últimos anos a demanda por
profissionais especializados na área e a procura por cursos técnicos
e de pós-graduação que contemplem de forma criteriosa esse vasto
universo da citopatologia. Você começará agora essa jornada de muito
sucesso! Estaremos juntos com você!
Citopatologia 11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você
no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:
1. Compreender a relevância clínica da citopatologia no diagnós-
ticos de algumas patologias, e estudar o perfil das células saudáveis em
diferentes órgãos humanos.
2. Aprender sobre diferentes técnicas de coleta de material biológico,
associando cada técnica ao tipo de material biológico a ser coletado.
3. Compreender as diferentes técnicas de coloração utilizadas em
citopatologia e identificar a técnica mais apropriada para cada tipo celular.
4. Diferenciar o padrão citopatológicos dos processos inflamatórios
exsudativos, alterativos e produtivos, assim como identificar as principais
alterações citológicas presentes nos quadros inflamatórios.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conheci-
mento? Ao trabalho!
12 Citopatologia
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender
os fundamentos básicos de citopatologia, sua importância
clínico-diagnóstica e os padrões citológicos em diferentes
órgãos humanos. Este capítulo é fundamental para iniciar
seus estudos em citopatologia, uma vez que é necessário
conhecer os processos básicos da técnica, assim como o
perfil citológico das células saudáveis, para que você possa
compreender as alterações celulares que acompanham cada
patologia. Esse conhecimento é indispensável para todas as
etapas de um exame citopatológico adequado. Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos começar!
Introdução a Citopatologia
A citopatologia é uma área de conhecimento, dentro das ciências da
saúde, que compreende o estudo das células e suas alterações em processos
patológicos. Ou seja, é através dela estudamos as patologias humanas e
animais, do ponto de vista celular, levando em consideração as características
do núcleo e do citoplasma. O advento de técnicas de coloração para o
estudo das células, em citologia, e a introdução de novas tecnologias, como
o microscópio óptico, possibilitaram um melhor detalhamento da célula e de
suas estruturas internas. Esse foi o pontapé inicial para o desenvolvimento da
citopatologia. Alguns métodos complementares, como técnicas de biologia
molecular e sistemas computacionais auxiliam o exame citológico tradicional,
trazendo maior qualidade e confiabilidade diagnóstica.
O holandês Antonie von Leeuwenhoek (1632-1723) é considerado por
muitos como o pai da microscopia óptica, mas foram os também holandeses
Hans Janssen e Zacharias Janssen, fabricantes de óculos, que inventaram
o microscópio no final do século XVI. As observações realizadas por eles,
demonstraram que a montagem de duas lentes em um cilindro, possuía a
capacidade de aumentar o tamanho das imagens, permitindo dessa forma
que objetos invisíveis a olho nu, fossem observados de forma detalhada.
Citopatologia 13
SAIBA MAIS:
Os estudos de Julius Vogel (1843) representam o primeiro
relato da aplicação da citologia no meio diagnóstico. Ele
identificou células malignas em líquido de uma fístula
drenando um grande tumor mandibular.
O Estudo da Citopatologia
A citopatologia estuda as alterações, estruturas e funções celulares.
Núcleo, citoplasma, membrana e matriz extracelular constituem os quatro
elementos básicos para o estudo do diagnóstico citológico. Enquanto
o núcleo representa o estado de saúde da célula, demonstrando se
ela está normal, com inflamação, se está havendo degeneração, ou
alterações hiperplásicas, metaplásicas ou neoplásicas, o citoplasma
representa a origem da célula e sua função, como células glandulares
que produzem muco ou células escamosas que protegem.
Mama
A mama humana fica localizada na parte anterior do tórax e
apresenta uma auréola e uma papila na região central. É formada por
um lóbulo, um grande sistema ductal e divide-se em quinze a vinte
lobos mamários separados por tecido fibroso. Os lobos possuem via
de drenagem que utilizam o sistema ductal para convergir até a papila.
A mama é composta por dois tipos celulares, as células epiteliais e
mioepiteliais. As células epiteliais possuem função de secreção e
absorção, e sua espessura é composta por uma ou duas células. Já as
células mioepiteliais são contráteis e, ao realizarem a contração, movem
o leite (produto da secreção) através do sistema ductal.
16 Citopatologia
Tireoide
A glândula tireoide é constituída por dois lobos laterais conectadas
por um istmo. O folículo é sua unidade funcional que é composto por
células epiteliais foliculares (ao redor) e glicoproteína coloide (centro).
Produz hormônios tireoidianos e os armazena. Esses hormônios são
responsáveis pelo metabolismo do organismo.
Para uma adequabilidade da amostra é necessário que haja pelo
menos seis grupos de células foliculares bem visualizadas, ou seja, bem
coradas, sem sobreposição ou distorção. Com pelo menos dez células
por grupo.
Pulmão
O tecido pulmonar possui, dentre os principais componentes
vistos nos preparados citológicos, células do epitélio respiratório e
macrófagos. É importante entender e saber como o espécime foi obtido,
como foi feito o processamento da amostra e qual o tipo de amostra
utilizada para a interpretação citológica do trato respiratório. Tendo em
vista que a morfologia das células e sua precisão diagnóstica variam
de acordo com cada item citado. As amostras podem ser escarro ou
espécimes brônquicas.
Citopatologia 17
Líquidos
O pulmão é revestido por uma membrana serosa delicada,
chamada pleura visceral, e possui a pleura parietal, que reveste a parede
interna torácica. As pleuras estão em continuidade e formam um espaço
virtual entre elas. A pleura normal é composta por uma única camada de
células mesoteliais e uma pseudomembrana em que repousa o tecido
conjuntivo. No espaço pleural há uma pequena quantidade de líquido
que atua como lubrificante para facilitar os movimentos respiratórios.
No tecido conjuntivo há a presença de arteríolas, vênulas e nervos
periféricos, simpáticos e parassimpáticos. O pericárdio e peritônio
possuem estruturas e funções similares às da pleura.
Cérvice-vaginal
A cérvice é representada pela ectocérvice, que é revestida por
epitélio escamoso estratificado não queratinizado, e pela endocérvice,
que é revestida por epitélio colunar simples. Também há a presença
de células endometriais e elementos não-celulares, como hemácias
e piócitos. A junção escamocolunar (JEC) é a união entre esses dois
epitélios. A colheita das amostras citológicas no teste de Papanicolaou é
realizada na ectocérvice e endocérvice, na maioria das vezes.
Nas próximas unidades abordaremos mais especificamente a
citopatologia de cada um desses órgãos.
Figura 3. Endocérvice normal.
Fonte: http://bit.ly/38fenYj
18 Citopatologia
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre as práticas em citopatologia,
recomendamos o acesso ao “Manual de gestão da
qualidade para laboratórios de citopatologia.” do Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva - INCA
(2016), acessível pelo link: http://bit.ly/2PCp6pu
Método da
Origem do material
coleta
Líquidos pleural, peritoneal ou ascético, pericárdico,
Punção estomacal, sinovial; lavados brônquico, vesical;
abscessos, massas necróticas, sangue, líquor espinhal
Raspagem Colpocitologia, olhos, lavado brônquico
Imprints Lesões cutâneas, biópsias, peças cirúrgicas
20 Citopatologia
Punção
Método simples e seguro, com boa precisão diagnóstica. É de
rápida realização e complicações não são comuns (sangramento,
hematomas, processos inflamatórios). Antes de realizar o procedimento,
é necessária a preparação do paciente e a realização da antissepsia
do local a ser puncionado. Para órgãos mais profundos pode-se
utilizar anestesia. A punção não deverá ser feita caso haja a presença
de distúrbios de coagulação e/ou uso de anticoagulantes, tosse (em
punção de tireoide ou transtorácica), cisto hidático (fígado) e tumor do
corpo carotídeo (pelo risco de hemorragia). A punção pode ser feita de
forma aspirativa por agulha fina (PAAF) ou por capilaridade.
Fonte: http://bit.ly/3ch5UqO
Fonte: http://bit.ly/3ch5UqO
22 Citopatologia
Raspagem
Obtém-se os raspados de superfícies cutâneas ou mucosas (pele,
boca, uretra, canal anal), utilizando-se swabs, lâminas de bisturi, espátulas
ou escovas apropriadas. É bastante utilizada em canais ou fístulas, regiões
inacessíveis a outros métodos de coleta. Recomenda-se não fazer assepsia
prévia na lesão, nem usar medicações tópicas, pois poderá prejudicar a
qualidade das amostras. O material deverá ser colhido através de duas a
três raspagens da lesão, de uma forma que não cause sangramentos, e
deverá ser suavemente estendido sobre uma lâmina de vidro limpa, em
uma fina camada, e imediatamente fixado em álcool a 95% ou com spray
fixador. Lesões vesiculares devem ser rompidas com uma pequena incisão,
fazendo a raspagem de suas margens, já que o material existente na base
dificulta o diagnóstico devido ao fato de ser mal preservado.
Ao aplicar previamente uma compressa de solução fisiológica,
em lesões não ulceradas, causará uma maior descamação e melhor
preservação celular. Faz-se a distensão sobre a lâmina de vidro ou corta-
se a cabeça da escova para imergir em solução salina ou em conservante
apropriado.
Citopatologia 23
Fonte: http://bit.ly/3alpOiF
Imprints
São impressões teciduais onde a área lesionada do tecido é
colocada em contato com a lâmina de vidro. As células superficiais da
lesão passam para a superfície da lâmina, podendo ser observadas
microscopicamente. É apropriado para superfícies planas, em lesões
ulcerativas e exsudativas.
Figura 7. Impressão tecidual em lâmina
Fonte: http://bit.ly/3alpOiF
Lavados
O material da cavidade é colhido através de um cateter de
instilação para lavagem, contendo solução salina. Exemplos: lavado
broncoalveolar (LBA), brônquico (LB), peritoneal, entre outros. Os lavados
possuem pouca celularidade.
Lavado brônquico: “Lavar” a mucosa com a instilação de 3 ml
a 10 ml de solução salina e, em seguida, aspirar o líquido que deverá ser
centrifugado, utilizando-se o concentrado para fazer esfregaços.
Lavado broncoalveolar: Lavagem das vias aéreas distais
com várias alíquotas de solução salina estéril. É um método útil para
o diagnóstico das infecções oportunistas nos pacientes imunocompro-
metidos.
Lavado peritoneal: Deve ser colocado em recipientes
heparinizados e refrigerados a 4º C até a confecção do esfregaço.
Lavado gástrico: Obtido de áreas suspeitas da mucosa
gástrica sob visão endoscópica direta.
Lavado esofágico: Realizado durante o exame de endoscopia
digestiva alta. Após a coleta, colocar o material em etanol a 50% ou 70%
ou em solução de Carbowax, na proporção de 1:1.
O tipo de amostra (líquida, pastosa ou sólida) definirá o tipo
de coleta e o modo de preparo do material de acordo com a técnica
apropriada.
Escovados
A técnica consiste na coleta por esfoliação da superfície de
mucosas, utilizando-se uma escova. O material pode ser colhido das
mucosas da boca, do esôfago, estômago e brônquios. Esses últimos
podem ser obtidos através de aparelhos endoscópicos que possibilitam
a visualização direta da lesão a ser estudada. Muitas vezes, este
método é mais eficaz em detectar neoplasias malignas do que a biopsia
brônquica. A amostra obtida pode ser distendida sobre a superfície de
uma lâmina de vidro, ou cortando-se a cabeça da escova e imergindo-a
em solução salina ou em líquido conservante apropriado.
Citopatologia 25
Materiais espontâneos
Urina
Antes de realizar a coleta, o paciente deve esvaziar a bexiga pois
a primeira urina não é adequada para o exame citológico. Então, deverá
ingerir água o suficiente para coletar a próxima urina no recipiente
coletor, de preferência no laboratório. Volumes entre 25 e 100 ml de
urina espontânea ou cateterizada são suficientes e o processamento
deve ser imediato ou realizado em até seis horas após a coleta, caso
seja realizado depois, preservar a urina em etanol a 50% ou mantê-la
refrigerada. Através da análise da urina é possível detectar lesões pré-
cancerosas e patologias da pelve renal, bexiga, ureter e uretra.
Escarro
Figura 8. Escarro espontâneo ou induzido para coleta do material
Fonte: http://bit.ly/3alpOiF
VOCÊ SABIA?
É possível diagnosticar tumores centrais da árvore
brônquica e, menos frequentemente, tumores periféricos
menores ou até mesmo detectar lesões precursoras do
carcinoma escamoso.
Secreção mamária
A avaliação citológica das secreções mamárias é realizada com o
objetivo de auxiliar o diagnóstico de infecções agudas, papiloma ductal,
dilatação cística ductal e, mais raramente, o diagnóstico de neoplasias.
É realizada em pacientes que não apresentam massas palpáveis nem
anormalidades na mamografia e em pacientes apresentando secreção
sanguinolenta. A coleta do material é feita a partir da compressão suave
da área subareolar e do mamilo entre os dedos polegar e indicador.
Colocar a secreção diretamente na lâmina, sem fazer pressão, próxima à
extremidade fosca, estendendo o material com o auxílio de outra lâmina.
Fixar imediatamente em álcool a 95% ou deixar secando ao ar.
Processos pós-coleta
Fatores que interferem na adequabilidade da amostra:
Vaginismo, obesidade, posicionamento da cérvice uterina, fixação
inadequada, escassez de material, etc.
Citopatologia 27
Pré-fixação
A pré-fixação vai garantir a preservação de espécimes por dias
ou mesmo meses, se necessário, mantendo a morfologia celular até
a confecção do esfregaço. Entretanto pode ocorrer coagulação de
proteínas, condensação da cromatina, obter menor adesão celular e
limitação ao uso de certas técnicas de coloração. O etanol 50% é o mais
utilizado para este fim.
Centrifugação
A centrifugação inicia o processamento de líquidos de qualquer
espécie, com o objetivo de concentrar os elementos celulares no
sedimento que se forma no fundo do tubo da centrífuga. Podem ser
utilizadas a centrífuga convencional ou a citocentrífuga, a depender do
tipo de material.
Fixação
As amostras utilizadas precisam ser fixadas para que as
características morfológicas e das células e suas afinidades tintoriais
sejam preservadas, visando facilitar a permeabilidade dos corantes,
prevenir ressecamento, além de conservar a composição química
presente. Existem alguns tipos de fixação, dentre eles:
Fixação seca;
Fixação por líquidos;
Fixação por revestimento
A fixação seca é utilizada para a coloração de May-Grunwald-
Giemsa, com a ação do metanol como fixador na solução corante. É
28 Citopatologia
Fonte: http://bit.ly/3alpOiF
Fonte: http://bit.ly/2PFMaDF
Coloração de Papanicolau
A coloração de Papanicolau está dividida em várias etapas:
hidratação, coloração nuclear, desidratação, coloração citoplasmática,
Citopatologia 31
Fonte: http://bit.ly/2uLmTRb
Fonte: http://bit.ly/38cOHLR
Coloração HE
Lavar em água destilada 15 mergulhos
Hematoxilina de Harris 2 min
Lavar em água corrente 1 min
Ácido-álcool (1,5 ml de HCI concentrado
2 a 3 mergulhos
em 650 ml de etanol a 70%)
Lavar em água corrente 30s
Solução de Carbonato de Lítio 1 min
Lavar em água corrente 15 mergulhos
Etanol a 50% 15 mergulhos
Citopatologia 33
Eosina 20s
Água corrente 1 min
Etanol a 95% 15 mergulhos
Etanol a 95% 15 mergulhos
Etanol absoluto 15 mergulhos
Etanol absoluto 1 min
Xilol 15 mergulhos
Xilol 15 mergulhos
Xilol 5 a 10 min
Coloração de Shorr
É um método com resultado semelhante ao Papanicolaou porém
é menos utilizada por conta da perda dos detalhes nucleares e da
transparência citoplasmática.
Tabela 3: Protocolo padrão de Shorr
Coloração de Shorr
Etanol 80% 5-10 mergulhos
Etanol 70% 5-10 mergulhos
Etanol 50% 5-10 mergulhos
Água destilada 5-10 mergulhos
Água destilada 5-10 mergulhos
Hematoxilina de Harris 1-5’
Água destilada 5-10 mergulhos
Álcool-ácido 3 mergulhos
Banho de água amoniacal 5-10 mergulhos
Água destilada 5-10 mergulhos
Etanol 50% 5-10 mergulhos
Etanol 60% 5-10 mergulhos
Corante de Shorr 6’
Etanol 95% 5-10 mergulhos
Etanol 95% 5-10 mergulhos
Etanol 95% 5-10 mergulhos
Etanol 100% 5-10 mergulhos
Etanol 100% 5-10 mergulhos
Etanol 100% 5-10 mergulhos
Xilol 5-10 mergulhos
Xilol 5-10 mergulhos
Xilol 5-10 mergulhos
Colorações especiais
Métodos de coloração que permitem visualizar determinadas
substâncias ou estruturas, auxiliando no diagnóstico de certas condições
patológicas.
Alcian Blue: coloração de carboidratos, cora os núcleos em
azul claro.
PAS (Ácido Periódico de Schiff): cora carboidratos e fungos,
conferindo-lhes a cor magenta. Os núcleos coram-se em preto e o
“fundo” do esfregaço em verde.
Prata Metanamina (Método de Grocott): identifica fungos
e Pneumocystis carinii, corados em preto. Glicogênio e mucina são
corados em rosa a cinza e o “fundo” em verde.
Azul da Prússia (Método de Perls): demonstra depósitos de
hemossiderina, corando-os em azul. O núcleo e outras estruturas se
coram em vermelho.
GRAM: identifica bactérias classificando-as em Gram positiva
ou negativa.
Ziehl-Neelsen: identifica os bacilos álcool-ácido-resistentes
(BAAR).
Montagem
Protege o material celular contra o dessecamento e contra
retração celulares, além de prevenir o desbotamento dos corantes nas
células. Também protege a amostra para o armazenamento adequado
e possibilita melhor visualização dos detalhes celulares. Os materiais
mais utilizados são o Bálsamo do Canadá e o Entellan, que permitem a
ligação entre a lâmina e a lamínula.
Após retirar a lâmina do xilol, colocar 1-2 gotas do meio de
montagem sobre a lamínula. Colocar suavemente a lamínula sobre a
lâmina exercendo uma leve pressão. Escorrer o excesso do meio de
montagem e limpar com xilol. Afastar as bolhas que se formaram com
bastão de vidro ou pinça. Deixar secar por alguns minutos antes de iniciar
a leitura microscópica.
Citopatologia 37
Fonte: http://bit.ly/3ch5UqO
Inflamação Exsudativa
É caracterizada pela saída de elementos do sangue (plasma e
células) para o espaço do interstício, levando ao acúmulo de líquido
na região da inflamação - exsudato. Os exsudatos serão classificados
de acordo com as suas características. Quando o exsudato produzido
é aquoso, límpido e pobre em células é classificado como seroso. Os
exsudatos serosos podem se subdividir em vesícula e bolha. Quando a
inflamação tem elevação na superfície de diâmetro igual ou inferior a 5
mm, e é circunscrita de epitélio de revestimento, gerando um exsudato
seroso, é conhecida como vesícula. Já quando ocorre essa mesma
inflamação, porém com diâmetro superior a 5 mm, é conhecida como
bolha. O exsudato é catarral ou mucosal quando é viscoso, com alto teor
de mucina, e sua cor e celularidade são variáveis. Quando o exsudato é
cremoso, amarelo-esverdeado, com muitos PMNs e células necróticas é
conhecido como purulento ou supurado. O processo inflamatório de uma
pericardite viral, no seu início, será chamado seroso, porque teremos
predomínio somente de água e eletrólitos, que é como começam os
processos inflamatórios de origem viral.
Tabela 2: Tipos de exsudatos purulentos
Exsudatos Purulentos
Pústula Advinda da camada superficial da derme ou da espessura da
epiderme, com diâmetro ≤ 5 mm
Furúnculo Advinda da derme ou hipoderme, afetando folículo piloso
Antraz Conjunto de furúnculos com necrose na superfície externa e em
tecidos ao redor. É um processo grave
Abscesso Cavidade neoformada (às custas de necrose liquefativa) e pus
Fleimão/ Inflamação difusa e infiltrativa do tecido conjuntivo. Não se forma
Flegmão uma membrana piogênica e o exsudato é muito fluido, devido à
exagerada coliquação enzimática dos tecidos.
Coleção de Acúmulo de pus em cavidades naturais, em consequência de
pus inflamações purulentas nas serosas ou mucosas que as revestem ou
de fistulação para dentro da cavidade de algum abscesso visceral.
Citopatologia 41
Inflamação Alterativa
As inflamações alterativas se caracterizam pela ocorrência de
degeneração e necrose tecidual e podem ser classificada em:
Erosiva – quando é advinda de epitélio de revestimento, com
degeneração e necrose. A descamação não atinge a submucosa.
Ulcerativa – quando é advinda de epitélio de revestimento,
com degeneração, descamação e necrose profunda, atingindo a
submucosa. Provoca hemorragias.
Atrofiante/hipotrofiante – quando a inflamação é crônica,
com tendência à involução. Comum em mucosas e glândulas, com
proliferação ou não de tecido conjuntivo fibroso e metaplasia escamosa.
Necrosante – quando a necrose atinge uma maior parte
do foco da inflamação, de forma primária ou secundária, por ação do
agente agressor ou em consequência da própria reação inflamatória,
respectivamente.
Gangrenosa – quando os tecidos inflamados e necrosados,
por consequência de inflamações necrosantes, sofrem ação de agentes
exógenos em partes do organismo em comunicação com o exterior,
havendo contaminação.
Inflamação Produtiva/Proliferativa
É a fase final da inflamação e caracteriza-se pela proliferação local
de vasos e células. É a tentativa do organismo de reparar as alterações
causadas pela agressão e pela fase exsudativa. Pode ser classificada em:
Hipertrofiante/Hiperplasiante
É uma inflamação crônica, acomete com mais frequência as
mucosas, tem proliferação conjuntiva-vascular podendo evoluir para
crescimentos papilares e poliposos. Às vezes possui aspecto tumoral
vegetante, papilar ou poliposo.
42 Citopatologia
Esclerosante
Inflamação crônica, acomete com maior frequência parênquimas.
Antes de encerrar o processo inflamatório, com o processo de reparação,
ocorre a produção excessiva de colágeno, o que resulta em alterações
na morfologia e fisiologia dos órgãos.
Granulomatosa
Caracteriza-se pela formação de estruturas nodulares com arqui-
tetura histológica de nódulo. É uma reação de macrófagos a agentes
não imunogênicos ou a agentes imunogênicos. Muitas vezes permite o
diagnóstico da patologia.
A inflamação tem graus de intensidade. Pode ser leve ou discreta
quando o tecido ou órgão afetado tem sua função alterada levemente,
de modo a não comprometer seriamente o organismo como um todo;
moderada se o tecido/órgão afetado tem sua função alterada de modo
a comprometer razoavelmente o organismo como um todo, sem risco
de vida; e grave/severa quando o órgão afetado tem sua função muito
alterada, comprometendo seriamente o organismo como um todo.
Alterações celulares são comuns nos processos inflamatórios,
sejam elas citoplasmáticas ou nucleares. No citoplasma incluem
vacuolização, halos perinucleares, anfofilia, pseudoeosinofilia, limites
citoplasmáticos mal definidos, entre outros. Com relação ao núcleo
pode ocorrer tumefação ou retração, perda da demarcação bem
definida das suas bordas, perda dos detalhes de cromatina conferindo
uma aparência homogênea ao núcleo, hipo ou hipercromasia. Como
sinais de necrose podem ser vistos picnose, cariorrexe e cariólise. Todas
essas alterações podem ser visualizadas microscopicamente, graças ao
exame citopatológico. O tipo de inflamação definirá o tipo de espécime a
ser coletado e a técnica a ser utilizada. A seguir, abordaremos sobre cada
uma dessas alterações. Picnose é a cromatina condensada, enquanto
cariorrexe é a fragmentação nuclear e cariólise a dissolução do núcleo.
Halo perinuclear
Presença de halo em volta do núcleo
Figura 14. Halo perinuclear
Fonte: http://bit.ly/2x5TK4d
Cariomegalia
Aumento de núcleo com aumento de cromatina
Figura 15. Cariomegalia
Fonte: http://bit.ly/2uHrCDo
Vacuolização
Presença de vacúolos dentro do citoplasma
Figura 16. Vacuolização
Fonte: http://bit.ly/2uHrCDo
44 Citopatologia
Fonte: http://bit.ly/39hC8jJ
Fagocitose
Englobamento de partículas com atividade fagocítica
Figura 18. Fagocitose
Fonte: http://bit.ly/2x5TK4d
Pseudoeosinofilia
Coloração eosinofílica em células que em condições normais
teria o citoplasma cianofílico
Figura 19. Pseudoeosinofilia
Fonte: http://bit.ly/2x5TK4d
Citopatologia 45
Cariopicnose
Condensação nuclear em células superficiais
Figura 20. Cariopicnose
Fonte: http://bit.ly/2x5TK4d
Cariorrexe
Ausência de membrana nuclear e cromatina em partículas
Figura 21. Cariorrexe
Fonte: http://bit.ly/2uHrCDo
Metaplasia
Substituição de um tipo celular por outro.
Figura 22. Metaplasia
Fonte: http://bit.ly/2uHrCDo
46 Citopatologia
Citólise
Ruptura (lise) da célula.
Figura 23. Citólise
Fonte: http://bit.ly/2x5TK4d
Binucleação e multinucleação
Presença de um ou mais núcleos na célula.
Figura 24. Binucleação e multinucleação
Fonte: http://bit.ly/2x5TK4d
Características da cromatina
Fina Grossa
Regular Geralmente normal Plasmócitos, carcinoma in situ
Irregular Adenocarcinoma Carcinoma de células escamosas
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50 Citopatologia