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A descamação celular pode ser de dois tipos: espontânea ou natural e artificial. Como exemplos de descamação natural, temos a
urina e o escarro. Na descamação artificial, as células são removidas
com a utilização de algum instrumento. É o que acontece no teste de Papanicolaou, em que as amostras citológicas são obtidas
através do raspado da ectocérvice e do escovado da endocérvice, utilizando-se a espátula de Ayre e a “escovinha”,
respectivamente. As células viáveis que são traumaticamente esfoliadas, são menores e com menor grau de maturação que
as células descamadas naturalmente.
O colo uterino é delimitado por dois orifícios conhecidos como: óstio interno, que fica em contato com o istmo do útero; e
o óstio externo, que se liga com o canal vaginal.
A parede do colo do útero é formada por duas camadas, sendo elas: a endocérvice e a ectocérvice. A endocérvice é uma camada
mucosa, constituída por um epitélio colunar simples mucossecretor, que
é responsável pela produção do muco cervical; e a ectocérvice é constituída por um epitélio escamoso estratificado não
queratinizado, que se assemelha ao da vagina. A ligação da ectocérvice e da endocérvice recebe o nome de junção
escamocolunar (JEC), podendo ter sua localização modificada de acordo com o estado hormonal, gestacional, parto
vaginal e/ou trauma.
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A vagina é um órgão tubular musculomembranoso, que se estende do óstio externo do útero até o vestíbulo da genitália externa,
com comprimento que varia de 7 a 9 cm. Tem como funções permitir a
passagem do feto durante o parto, a descamação do sangue do fluxo menstrual mensal e a penetração do pênis na relação sexual.
Estruturalmente é constituída por uma parede formada por três camadas: a mucosa, a muscular e a adventícia.
O clitóris, bulbo do vestíbulo e as glândulas anexas são estruturas acessórias que compõem o sistema genital feminino e são de
fundamental importância na sexualidade feminina e na produção das
secreções mucocervicais.
Não realizar duchas vaginais e não usar drogas intravaginais (creme, óvulo) nas 48 horas que antecedem o
exame.
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Abstinência sexual nas 48 horas que antecedem o exame.
É fundamental que o procedimento de montagem seja rápido, imediatamente após a remoção do esfregaço do xilol,
impedindo a penetração de ar entre a lâmina e a lamínula. Quando isso ocorre, poderão surgir artefatos, como a presença de
pigmento acastanhado recobrindo a amostra (artefato corn flakes) ou a formação de bolhas
Satisfatória
A amostra que apresenta células em quantidade representativa (estimativa mínima de aproximadamente 8.000-
12.000 células escamosas) bem distribuídas, fixadas e coradas, de tal modo que a sua visualização permita uma
conclusão diagnóstica.
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compressão excessiva durante a confecção do esfregaço, dessecação celular devido à demora na fixação ou
utilização de fixador com menor teor alcoólico, falhas na técnica de coloração. Outras causas de exames
citológicos satisfatórios, mas limitados para a avaliação incluem a escassez de células epiteliais no esfregaço ou a
sobreposição acentuada das células epiteliais por exsudato leucocitário. A escassez celular pode decorrer da
atrofia do epitélio, comum na menopausa. O acentuado exsudato purulento (leucocitário) é determinado por
condições inflamatórias
Insatisfatória
Esfregaço acelular ou obscurecido em mais de 75% da sua totalidade pelos mesmos fatores discutidos acima.
Quando um exame citológico é categorizado como satisfatório, mas limitado ou insatisfatório para a avaliação,
deve ser repetido o mais breve possível, uma vez que o estudo
oncológico foi comprometido ou não foi possível, respectivamente.
O câncer de colo de útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente do colo por alguns
tipos do Papilomavírus Humano (HPV). Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais
frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal. Além disso, é a quarta causa de morte de
mulheres por câncer no Brasil. Contrastando com os dados, as alterações celulares precoces podem ser descobertas são
descobertas no exame preventivo (Papanicolau) facilmente, mostrando assim a importância da realização periódica desse exame.
Atualmente, recomenda-se realizar o exame citopatológico em mulheres de 25 a 60 anos de idade, uma vez por ano e, após dois
exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos.
Decisões de como rastrear, quem rastrear e quando rastrear o câncer cervical e suas lesões precursoras em populações
assintomáticas são complexas e requerem uma análise balanceada e cuidadosa das vantagens e desvantagens, como
também dos custos decorrentes dessas ações. Por isso, alguns fatores são levados em consideração para haja a melhor
conduta diante das alterações que podem ser encontradas nos exames.
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Vários fatores interferem na aparência geral dos esfregaços ginecológicos, entre eles a função celular, a atividade geral da
célula, o estado hormonal da paciente e aqueles relativos às técnicas de colheita, confecção, fixação e coloração dos
esfregaços.
Retroplasia — Caracteriza-se pela atividade celular diminuida. Compreende as alterações celulares regressivas cuja
aparência morfológica depende de vários fatores, como o tipo de estímulo, a sua intensidade e duração.
Proplasia — Representa o estado da célula ou tecido com aumento da atividade biológica e inclui a preparação para a
divisão celular, aumento da atividade secretória, resposta a estímulos externos e reparação
Neoplasia maligna — é o resultado da proliferação anormal de células com estrutura diferente da do tecido original.
Além disso, elas podem invadir tecidos e afetar órgãos que distantes, provocando as chamadas metástases.
Dependendo do tipo e da intensidade da atividade celular, há características citoplasmáticas e nucleares próprias. Assim,
as estruturas celulares devem ser analisadas na sua intimidade, para o entendimento e diagnóstico dos diferentes
processos patológicos.
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Quanto a sua distribuição, as células podem se encontrar dissociadas ou agrupadas. Quando agrupadas, podem ser
reconhecidos diferentes tipos de arranjos:
Em monocamada
Conjunto organizado de células que mostram espaçamento regular entre si e apresentam limites citoplasmáticos bem
definidos. Diz-se neste caso que a polaridade celular é conservada, sendo tal aspecto geralmente associado às
condições benignas.
Em paliçada
Células glandulares cilíndricas (colunares) em condições normais ou lesões benignas quando vistas lateralmente são
tipicamente distribuídas em fila (arranjo em tira ou paliçada). Os núcleos são localizados na base das células, sendo a
porção apical representada pelo citoplasma.
Sincicial ou tridimensional
Conjunto desorganizado de células com espaçamento irregular entre si, resultando na sobreposição dos núcleos. Neste
caso, os limites citoplasmáticos são indistintos. Essa perda da polaridade celular geralmente tem origem em tecidos
anormais com crescimento excessivo, como acontece nas neoplasias malignas.
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Em “roseta”, acinar ou glandular
Conjunto onde as células se dispõem em torno de um espaço central. É encontrado mais frequentemente nos
adenocarcinomas (neoplasias malignas de origem glandular).
Em bola ou esférico
Agrupamento tridimensional de células. O limite do conjunto celular é bem demarcado, liso. Apesar de ser comum
nos adenocarcinomas, pode ser encontrado em condições normais (arranjos de células endometriais descamadas
fisiologicamente nos primeiros dias do ciclo menstrual).
Papilar
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Arranjo celular tridimensional com projeções, conferindo um aspecto arborescente ao conjunto. Na porção central do
agregado as células se amontoam, enquanto na periferia as células assumem uma disposição perpendicular, em
paliçada, conferindo uma borda bem demarcada ao conjunto. É característico de alguns tipos de adenocarcinoma
(neoplasia maligna de origem glandular).
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A vagina e o colo do útero (ectocérvice) são revestidos pelo epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Este
epitélio, quando maduro (durante a fase reprodutiva da mulher), é representado por quatro diferentes camadas. A
mais profunda, situada logo acima da membrana basal, é constituída por células cuboidais pequenas, arredondadas,
com elevada relação nucleocitoplasmática (camada basal). Esta é recoberta por várias camadas de células
arredondadas maiores, basofílicas (camada parabasal). A seguir, encontramos células poligonais bem maiores, com
núcleos redondos vesiculares, citoplasma rico em glicogênio, contendo pontes intercelulares (camada intermediária).
Finalmente, próximo à superfície, o epitélio é representado por camadas de células aplanadas com citoplasma
abundante e núcleos picnóticos (camada superficial). A camada basal, ou germinativa, é responsável em condições
fisiológicas pela regeneração (replicação celular). As outras camadas representam apenas diferentes estágios na
maturação das células basais. A seguir, as características das células do epitélio escamoso quando observadas nos
esfregaços cervicovaginais:
Células basais
Essas células são excepcionalmente vistas nos esfregaços cervicovaginais de mulheres com atrofia acentuada na
pós-menopausa ou quando há ulceração da mucosa. As células basais correspondem às menores células epiteliais,
aproximadamente o tamanho de um leucócito. A sua forma é redonda ou oval, com citoplasma escasso, corado
intensamente em azul ou verde. O núcleo é redondo, central, com cromatina grosseiramente granular
uniformemente distribuída, às vezes revelando um pequeno nucléolo. Essas células geralmente descamam em
pequenos agrupamentos.
Células parabasais
Essas células são raras nos esfregaços de mulheres na fase reprodutiva, podendo ocorrer em distúrbios
hormonais e em casos de erosão ou ulceração da mucosa. Por outro lado, predominam em situações de deficiência
estrogênica (epitélio atrófico), como na infância, lactação e menopausa. As células parabasais com 15-20
micrômetros são bem maiores que as células basais, arredondadas ou ovaladas, com citoplasma denso, cianofílico
(corado em azul ou verde), relativamente escasso. O núcleo redondo ou ovalado mede entre 8 e 13 micrômetros,
ocupando aproximadamente a metade do volume da célula. A cromatina é granular, sem evidência de nucléolo
Células intermediárias
São as células mais comuns nos esfregaços cervicovaginais no período pós-ovulatório do ciclo menstrual, durante
a gravidez e no início da menopausa. O seu predomínio é relacionado à ação da progesterona ou aos hormônios
adenocorticais. O tamanho das células intermediárias varia de 30 a 60 micrômetros, e o citoplasma é abundante,
transparente, poligonal e cianofílico, com uma coloração menos intensa do que aquela observada nas células parabasais.
As células intermediárias mostram tendência a pregueamento das bordas citoplasmáticas. Os núcleos dessas células são
vesiculares, medindo cerca de 10 a 12 micrômetros, redondos ou ovais, com membrana cromatínica ou borda nuclear
claramente visível e cromatina finamente granular regularmente distribuída com cromocentros. O corpúsculo de Barr
(cromatina sexual) é ocasionalmente identificado.
As células naviculares representam uma variante das células intermediárias. Elas são elipsoides, com bordas
citoplasmáticas espessadas e ricas em glicogênio, que se cora habitualmente em castanho. Os núcleos são
excêntricos. As células naviculares são comuns na gravidez e podem aparecer em outras condições onde há
acentuado estímulo progestacional.
A abundância do citoplasma e o núcleo de tamanho menor diferenciam as células intermediárias das parabasais.
Células superficiais
Correspondem às células mais comuns em esfregaços cervicovaginais no período ovulatório do ciclo menstrual,
após terapêutica estrogênica e nas pacientes com tumor ovariano funcionante (produtor de estrógeno). O tamanho
dessas células varia de 40 a 60 micrômetros, são poligonais, o citoplasma é transparente, eosinofílico, e apresentam
núcleo picnótico. O núcleo picnótico é caracterizado pela condensação da cromatina que se torna escura. O diâmetro
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nuclear raramente excede 5 micrômetros. Desde que a completa maturação do epitélio ocorre como resultado da atuação
dos estrógenos, a picnose nuclear em células maduras superficiais representa a evidência morfológica da atividade
estrogênica.
A propriedade do citoplasma corar em rosa é relacionada a sua afinidade química com a eosina, um corante ácido
utilizado na técnica de Papanicolaou. Contudo, a coloração eosinofílica não é específica, e o citoplasma pode assumir as
cores azul ou verde. No citoplasma das células superficiais podem ser vistos grânulos pequenos (grânulos querato-
hialinos) escuros, considerados precursores de queratina, que contudo não é produzida em condições normais.
Para diferenciar uma célula intermediária de uma superficial é fundamental a análise da estrutura nuclear.
Enquanto o núcleo da célula intermediária é vesicular com cromatina delicada uniformemente distribuída e
cromocentros (condensações de cromatina), o núcleo da célula superficial é picnótico, ou seja, com cromatina
condensada, sem evidência de granulação.
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Histologia e citologia da mucosa endocervical normal — o Epitélio colunar simples mucossecretor
A endocérvice e as glândulas endocervicais são revestidas por epitélio colunar simples, mucossecretante, com núcleos
localizados na região basal. Podem ser encontradas raras células colunares ciliadas.
As glândulas endocervicais não se constituem de ácinos ou ductos, portanto não são glândulas verdadeiras.
Representam criptas formadas por invaginação e pregueamentos profundos do epitélio superficial.
Abaixo das células endocervicais e repousando sobre a membrana basal, identifi camos algumas células de reserva
que apresentam duplo potencial de diferenciação: em direção às células endocervicais colunares ou alternativamente
conduzindo a epitélio escamoso através de um processo de metaplasia.
Nos esfregaços, as células glandulares endocervicais podem ser observadas em agrupamentos monoestratificados
(quando vistas de frente) ou representando arranjos em paliçada ou tira quando vistas lateralmente. O citoplasma é
delicado, semitransparente, cianofílico corando fracamente, finamente vacuolizado ou mais raramente apresentando
vacúolo único, evidenciando-se às vezes fi nos grânulos acidófi los. Na segunda fase do ciclo menstrual (fase
progestacional), o citoplasma pode se tornar distendido, globoso, pelo acúmulo de muco. Quando as células são ciliadas,
o que acontece raramente, elas exibem citoplasma corado mais intensamente. O núcleo é localizado na região basal,
redondo ou oval, com discreta
variação do tamanho, cromatina finamente granular com cromocentros ou nucléolo. Devido à fragilidade do citoplasma
das células endocervicais, às vezes ocorre a sua ruptura no momento da confecção dos esfregaços com o aparecimento
de núcleos desnudos com alterações degenerativas, imersos em muco
As células endocervicais devem ser diferenciadas dos histiócitos, já que estes também exibem citoplasma vacuolizado.
A forma cilíndrica e a ausência de partículas fagocitadas apontam a origem endocervical. As células endocervicais
também devem ser distinguidas das células glandulares endometriais. As primeiras apresentam maior tamanho, e o
citoplasma é mais abundante.
Metaplasia escamosa
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O ponto de ligação entre o epitélio glandular endocervical e o epitélio escamoso da ectocérvice é chamado junção
escamocolunar (JEC).
Mecanismo de desenvolvimento
Durante a puberdade e na primeira gravidez, o colo aumenta de volume em resposta a alterações hormonais. Nessa
ocasião há eversão (ectopia) do epitélio endocervical, que fica então exposto ao pH ácido da vagina. Essa alteração do
pH representa o estímulo para o processo de metaplasia escamosa, um fenômeno adaptativo do epitélio colunar. Na
metaplasia do colo, há a transformação do epitélio colunar endocervical em epitélio escamoso estratificado não
queratinizado.
Histologicamente são reconhecidos três estágios do processo de metaplasia escamosa. A primeira manifestação
morfológica é o aparecimento de uma e depois várias camadas de células muito imaturas, as células de reserva
(hiperplasia das células de reserva), que se situam abaixo das células glandulares endocervicais. As células de reserva
exibem progressivamente evidência de diferenciação escamosa sob a aparência de células com maior quantidade de
citoplasma e limites mais bem defi nidos (metaplasia escamosa imatura). O epitélio colunar ainda pode persistir por
algum tempo. Depois desse estágio há uma perda das células colunares e o epitélio se torna mais diferenciado
(metaplasia escamosa madura). Posteriormente o epitélio torna-se praticamente indistinguível do epitélio escamoso
original.
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Significado clínico de metaplasia escamosa
A área do colo (previamente representada pelo epitélio colunar) onde ocorreu a alteração metaplásica é chamada
zona de transformação (ZT). Numerosos estudos mostram que as células metaplásicas imaturas dessa região são mais
suscetíveis à ação de agentes carcinogênicos, especialmente o papiloma vírus humano (HPV). É exatamente nessa
região onde se desenvolvem a grande maioria das lesões pré-cancerosas e o carcinoma escamoso do colo.
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Características citológicas
Células metaplásicas
As células metaplásicas escamosas imaturas são do tamanho aproximado das células parabasais e são redondas a
ovais, com discreto aumento da relação nucleocitoplasmática devido à relativa imaturidade celular. Elas
apresentam citoplasma delicado ou denso, às vezes com vacúolos. Os núcleos são um pouco maiores que aqueles
das células intermediárias, redondos ou ovais, paracentrais ou centrais, com cromatina finamente granular
regularmente distribuída e às vezes nucléolo. Essas células se dispõem frequentemente em agrupamentos frouxos,
lembrando um calçamento de pedras.
As células metaplásicas maduras são do tamanho aproximado das células intermediárias, porém as primeiras
apresentam citoplasma levemente mais denso e bordas citoplasmáticas mais arredondadas. As células
metaplásicas maduras também podem se distribuir em conjuntos frouxos. Às vezes as células metaplásicas tanto
imaturas como maduras revelam prolongamentos citoplasmáticos assumindo um aspecto estrelado. Outra
característica é a presença de uma coloração dupla citoplasmática sob a aparência de um citoplasma dividido em
duas zonas, uma mais externa densa (ectoplasma) e uma mais interna perinuclear, relativamente pálida.
Inflamação
Reparação
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Radiação
Outras (especificar)
Escamosas :
Lesão intra-epitelial de baixo grau (compreendendo efeito citopático pelo HPV e neoplasia intra-epitelial
cervical grau I);
Lesão intra-epitelial de alto grau (compreendendo neoplasias intra-epiteliais cervicais graus II e III);
Glandulares
Adenocarcinoma in situ
Adenocarcinoma invasor:
Cervical
Endometrial
De origem indefinida
Caracterizada pela presença de alterações celulares epiteliais, geralmente determinadas pela ação de agentes físicos, os quais
podem ser radioativos, mecânicos ou térmicos, e químicos como medicamentos abrasivos ou cáusticos, quimioterápicos e
acidez vaginal sobre o epitélio glandular. Ocasionalmente, pode-se observar alterações, em decorrência do uso do dispositivo
intra-uterino (DIU), em células endometriais. Casos especiais do tipo de exsudato linfocitário ou reações alérgicas
representadas pela presença de eosinófilos são observados.
Conduta Clínica: Havendo queixa clínica de leucorréia, a paciente deverá ser encaminhada para exame ginecológico. Os
achados comuns são ectopias, vaginites e cervicites. O tratamento deve seguir recomendação específica.
Seguir a rotina de rastreamento citológico, independentemente do exame ginecológico.
A palavra “imatura”, em metaplasia escamosa, foi incluída na Nomenclatura Brasileira buscando caracterizar que esta
apresentação é considerada como do tipo inflamatório, entretanto o epitélio nessa fase está vulnerável à ação de agentes
microbianos e em especial do HPV.
Conduta Clínica: Seguir a rotina de rastreamento citológico.
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Resultado indicando reparação
Decorre de lesões da mucosa com exposição do estroma e pode ser determinado por qualquer dos agentes que determinam
inflamação. É, geralmente, a fase final do processo inflamatório, momento em que o epitélio está vulnerável à ação de
agentes microbianos e em especial do HPV.
Conduta Clínica: Seguir a rotina de rastreamento citológico.
Achados microbiológicos
Lactobacillus sp;
Cocos;
Outros Bacilos;
São considerados achados normais, fazem parte da flora vaginal e não caracterizam
infecções que necessitem de tratamento.
Conduta Clínica: A paciente com sintomatologia deve ser encaminhada para avaliação ginecológica.
Seguir a rotina de rastreamento citológico.
Queixas ginecológicas
As queixas ginecológicas não só devem ser valorizadas, mas solucionadas, considerando que os laudos do exame citológico,
na maioria das vezes, mencionam agentes microbiológicos, que quando associados às queixas clínicas merecem tratamento
específico.
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Situações especiais
Para mulheres com até 24 anos que tiverem sido submetidas ao exame e apresentarem ASC-US, a citologia deverá ser
repetida em 3 anos.
Em gestantes com citologia de ASC-US, a conduta obedece às mesmas recomendações para as mulheres não gestantes
de acordo a idade.
Em mulheres na pós-menopausa ou com atrofia diagnosticada clinicamente, é recomendável o preparo com estrogênio
antes de ser submetida à nova citologia ou colposcopia.
Mulheres imunossuprimidas (ou HIV+) com citologia de ASC-US devem ser encaminhadas para a colposcopia já no
primeiro exame alterado. O seguimento citológico, quando não evidenciada lesão intraepitelial, deve ser semestral, até
dois exames negativos. Após esse período, deve seguir a recomendação de rastreamento específico para essas mulheres.
Células escamosas atípicas de significado indeterminado, não podendo afastar lesão de alto grau
(ASC-H)
Todas as mulheres com laudo citopatológico de ASC-H devem ser encaminhadas para uma unidade de referência para
colposcopia.
Situações especiais
Para mulheres até 24 anos a conduta inicial é o encaminhamento para colposcopia. Se essa revelar achados
colposcópicos normais ou anormais menores pode-se indicar seguimento citológico com intervalo de 12 meses.
Nos casos de achados colposcópicos maiores a paciente deve ser submetida à biopsia e, se esta for compatível com
NIC II/III, deve-se seguir a recomendação específica.
A conduta em gestante com ASC-H deve ser o encaminhamento para a colposcopia e realizar biópsia apenas se
houver suspeita de lesão invasiva. A paciente deverá ser reavaliada em 90 dias após o parto, em unidade
secundária, para a confirmação diagnóstica e decisão terapêutica.
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Para mulheres infectadas pelo HIV ou com outra forma de imunossupressão deverá ser realizada a colposcopia.
Em pacientes no climatério ou com atrofia diagnosticada clinicamente, é recomendável o preparo com estrogênio
antes da colposcopia.
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Situações especiais
Mulheres até 24 anos, na pós-menopausa e imunossuprimidas devem ser investigadas da mesma forma que as demais
mulheres. Gestantes devem ser investigadas da mesma maneira, exceto pelo estudo endometrial, que não é factível. A
biópsia do colo uterino deverá ser realizada apenas na suspeita de doença invasiva.
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seguidos, a mulher deve retornar à rotina de rastreamento trienal. Mantido o diagnóstico citopatológico de LSIL, a paciente
deverá ser mantida em seguimento citológico até que os exames retornem a normalidade. Caso, nesse seguimento, seja obtido um
diagnóstico mais relevante, como ASC-H, HSIL, AGC ou câncer, a conduta deverá ser definida em função do novo resultado. Na
persistência de LSIL por 24 meses, a mulher deve ser reencaminhada para a colposcopia.
Situações especiais
Mulheres até 24 anos, caso tenham sido submetidas ao exame citopatológico e apresentem alterações citológicas compatíveis
com LSIL, devem repetir a citologia em três anos. Para gestantes não é recomendada a realização de colposcopia. Qualquer
abordagem diagnóstica deve ser feita após três meses do parto.
As mulheres na pós-menopausa devem ser conduzidas como as demais mulheres, porém a segunda coleta deve ser precedida
de tratamento da colpite atrófica, quando presente. Mulheres imunossuprimidas, como as infectadas pelo HIV, em situação
de imunocomprometimento ou em uso de imunossupressores, devem ser encaminhadas para colposcopia após o primeiro
exame citopatológico mostrando LSIL.
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processos inflamatórios ou qualquer outra situação que inviabilize a sua realização, esta deverá ser realizada assim que possível.
Observe o fluxograma para conduzir os casos de HSIL:
Colposcopia
A colposcopia refere-se ao exame da vagina e do colo do útero por meio de um microscópio binocular. O cosposcópio é um
instrumento endoscópio utilizado para estudar o epitélio da vagina e do colo do útero in vivo sob iluminação e ampliação
adequadas. Esse exame tem o objetivo de detectar neoplasia intraepitelial e a neoplasia inicial do colo do útero, da vagina
e da vulva.
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No colo uterino, há três epitélios diferentes que são avaliados pela colposcopia. O epitélio escamoso estratificado
(ectocérvice), que deriva do epitélio do seio urogenital e se inicia na linha vulvovaginal, revestindo a vagina, recobrindo a
maior parte da porção vaginal da cérvice e alcançando a borda do epitélio colunar, formando a junção escamo-colunar
(JEC). O epitélio glandular colunar (endocérvice) que se origina do ducto mulleriando e recobre o canal cervical. A
localização da JEC é variável e pode ser observada na ectocérvice, circunscrevendo o orifício externo, pode estar
localizada na parte inferior do canal cervical ou pode estar muito afastada do orifício externo com epitélio colunar
revestindo parte da ectocérvice. Há também o epitélio escamoso metaplásico, também chamado de zona de
transformação, que é caracterizado por transformação de epitélio glandular em escamoso. Nessa região, existe maior
vulnerabilidade à ação do HPV, o que torna essa área mais suscetível ao desenvolvimento de neoplasias.
Principais indicações
Epitélio escamoso estratificado: é liso, tem cor rósea, se localiza no colo do útero e na vagina. Não há
remanescentes do epitélio colunar, como orifícios glandulares ou cistos de Naboth. O epitélio não se torna branco
após a aplicação de ácido acético e se colore de marrom a após a aplicação de iodo (lugol).
Epitélio glandular colunar: apresenta aspecto de uva após aplicação de ácido acético. Normalmente, está presente
na endocérvice, mas também pode estar presente na ectocérvice (ectopia) ou, em raras ocasiões, na vagina.
Zona de Transformação (ZT): está presente entre o epitélio escamoso e o colunar, em que diversos graus de
maturação podem ser identificados. O epitélio metaplásico imaturo se torna branco após a aplicação de ácido
acético e é negativo para iodo, enquanto o epitélio metaplásico maduro pode se tornar ligeiramente branco, com
aplicação de ácido acético, e parcial ou completamente tingido de marrom, com aplicação de iodo.
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Achados colposcópicos anormais
Epitélio acetobranco: as áreas de atividade nuclear intensa se apresentam brancas. Um grau leve de
acetobranqueamento ocorre em áreas de metaplasia imatura. Uma lesão severa, em geral, está associada a uma
intensa resposta acetobranca (epitélio acetobranco denso), que aparece rapidamente e se mantém por mais
tempo. Uma alteração acetobranca densa no epitélio colunar pode indicar doença glandular.
Pontilhado: o pontilhado fino é uma área focal em que os capitares se apresentam em forma de pontos. Quanto
mais fino o pontilhado, maior a probabilidade de a lesão ser de baixo grau ou ser uma metaplasia ou uma
inflamação. Já o pontilhado grosseiro se relaciona com maior probabilidade de a lesão ser severa ou de alto grau.
Mosaico: os capilares cercam áreas anormais como se fossem azulejos. Quanto menor e mais liso/fino o mosaico
(mosaico fino), maior a probabilidade de a lesão ser de baixo grau ou ser uma metaplasia. Quanto mais grosseiro,
largo e irregular o mosaico (mosaico grosseiro), maior a probabilidade de a lesão ser de alto grau.
Iodo negativo: áreas de tecido que não se coram com iodo podem representar epitélio colunar, metaplasia
imatura, atrofia, inflamação, infecção por HPV, neoplasia intraepitelial cervical (NIC)/lesão intraepitelial
escamosa (LIE) ou câncer. Coilocitose (célula oca)
Iodo parcialmente positivo: um aspecto de manhas pequenas e irregulares em uma área de discreta alteração
acetobranca pode ser decorrente de metaplasia imatura, epitélio em regeneração, infecção subclínica por HPV ou
NIC/LIE de baixo grau. Uma coloração amarelada em meio a uma área de acetobranqueamento intenso é
altamente sugestiva de NIC/LIE de alto grau ou câncer.
Vasos atípicos: se referem a uma área focal em que os vasos não se apresentam como pontilhados nem como
mosaico, mas como vasos horizontais, superficiais com calibre ou ramificações irregulares, em geral com formato
de vírgula, saca-rolhas ou espaguete. Com frequência esses vasos indicam câncer invasivo.
OBSERVAÇÃO: Algumas vezes a colposcopia se torna insatisfatória. Isso acontece quando: a junção escamo-colunar
não é visível, há inflamação severa atrofia severa ou trauma, a cérvice não é visível.
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Infecções Sexualmente Transmissíveis
As infecções do trato reprodutivo incluem: as IST’s, as infecções iatrogênicas (ex:pós aborto) e as infecções endógenas (ex:
candidíase vulvovaginal e vaginose bacteriana).
As IST’s são doenças causadas por mais de 30 agentes etiológicos (vírus, bactérias, fungos, e protozoários) transmitidas,
principalmente, por contato sexual, e de forma eventual, por via sanguínea, além da transmissão vertical. Essas infecções podem
se apresentar sob a forma de síndromes: úlceras genitais, corrimento vaginal, corrimento uretral, doença inflamatória pélvica e
verrugas anogenitais.
Ulceras genitais
Lesões localizadas na vulva, vagina ou colo uterino com perda de tecido, envolvendo a epiderme e a derme ou apenas a
epiderme.
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Corrimento vaginal
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Cervicites e uretrites
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A neisseria gonorrhoeae não cora, e ela é uma bactéria intracelular.
Outros locais que pode acometer:
Reto (retrite)
Antes era ministrado nitrato de prata nos olhos dos recém nascido para evitar conjuntivite por gonorrhea de transmissão
vertical (mãe-bebe)
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Papanicolau 29
A Chlamydia trachomatis é intracelular.
Garganta
Candidiase vulvovaginal
A maioria das candidíases vulvovaginais são classificadas como não-complicadas. As formas não-complicadas incluem
aquelas com todos os seguintes critérios: esporádica ou infrequente; leve a moderada; cujo provável agente é a Candida
albicans e em pacientes não-imunocomprometidas. A candidíase complicada inclui qualquer uma das seguintes
características: infecção recorrente por cândida (4 ou mais surtos em um ano); infecção grave; candidíase não-albicans;
diabetes não controlado; imunossupressão; debilidade ou gravidez.
O quadro clínico da candidíase inclui:
Prurido
Ardência
Corrimento geralmente grumoso, inodoro, com aspecto de queijo “cottage” e aderente à parede vaginal
Disúria externa
Os sinais característicos são: eritema e fissura vulvares, corrimento grumoso com placas aderidas à parede vaginal, de cor
branca, edema vulvar, escoriações e lesões satélites.
À citologia a fresco, o pH vaginal é normal (ácido) <4,5; e o exame microscópico da leucorreia, após aplicação de solução
salina ou KOH a 10%, mostra a levedura ou hifas. Essa citologia deve ser realizada antes de prescrever o tratamento
empírico. Caso venha negativa, colhe-se a cultura.
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De maneira geral, iremos colher a cultura de pacientes com sintomas clínicos cuja citologia a fresco veio negativa; em caso
de falha do tratamento e em casos de episódios recorrentes.
O tratamento da candidíase não complicada pode ser feito através de vários esquemas, levando em consideração
particularidades e preferências da paciente. Para as formas não--complicadas, os azóis costumam ser muito eficazes.
Quando a candidíase é complicada, não se trata com doses e esquemas curtos como os da candidíase não--complicada. No
mínimo, usa-se um esquema vaginal de 7 dias ou múltiplas doses de fluconazol (150mg a cada 72h, em 3 doses).
Nas CVV recorrentes – que são, em sua maioria, causadas pela C. albicans – após controle dos fatores subjacentes –
diabetes, doenças auto-imunes, antibióticos, etc – faz-se indução de terapia azólica por 14 dias – tópica ou oral – seguida de
regime supressivo de 6 meses – 150mg de fluconazol semanal, durante seis meses.
Em casos de Candida glabarata, vale aplicar ácido bórico tópico em cápsulas gelatinosas, 600mg diariamente por 14 dias.
Em CVV causadas por outras espécies de cândida, a nistatina é a primeira escolha. Podem-se usar também óvulos de
anfotericina via vaginal.
Vaginose bacteriana
A vaginose bacteriana (VB) é a desordem mais frequente do trato genital inferior em mulheres de idade reprodutiva e a causa
mais comum de odor fétido no corrimento, responsável por 45% a 50% dos casos de corrimento vaginal patológico. Sua
patogênese está relacionada ao desequilíbrio na flora vaginal, com perda de lactobacilos e aumento de bactérias com a
Gardenerella vaginalis, patógeno frequentemente associado à VB. Outras bactérias podem também estar em
supercrescimento, como a Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum e Mobiluncus spp.
Sem lactobacilos, o pH normalmente ácido aumenta e a Gardnerella vaginalis produz aminoácidos, que são quebrados em
aminas voláteis (putrescina, cadaverina e trimetilamina), aumentando mais o pH e causando o odor desagradável muito
referido pelas pacientes.
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Apesar de muitos fatores de risco estarem relacionados à atividade sexual, a vaginose bacteriana não é considerada uma
doença sexualmente transmissível, e não está indicado o tratamento do parceiro.
Seu quadro clínico é caracterizado por corrimento de odor fétido – o odor piora após coito e na menstruação, bolhoso e
branco a acinzentado. Além disso, não há irritação nem inflamação vulvar ou vaginal. Em 1983, foram criados os critérios de
Amsel e colaboradores, dos quais devem estar presentes três.
Os achados de clue cells e whiff teste positivo são patognomônicos da doença, mesmo em pacientes assintomáticas.
Existem ainda os critérios de Nugent, um sistema de escore que quantifica os elementos microbiológicos. Fundamenta-se na
presença ou não de lactobacilos, Gardnerella ou Mobiluncus:
Vários desfechos ginecológicos adversos podem ocorrer em decorrência da VB: vaginite, endometrite, doença inflamatória
pélvica não associada à Neisseria ou Chlamydia e infecções pélvicas agudas pós-cirurgias pélvicas. Alguns esquemas de
tratamento foram propostos para a VB em mulheres não-grávidas, conforme a seguir:
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