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PHYLUM ARTHROPODA

CLASSE ARACHNIDA
ORDEM ACARINA

ACAROLOGIA – Aula 2
Prof. Dr. Fernanda Rosalinski Moraes
Disciplina Higiene e Profilaxia Animal III
Graduação em Zootecnia - UFU
CLASSE ARACHNIDA
 Corpo dividido em cefalotórax e abdômen
 áceros
 ápteros
 providos ou não de olhos
 apêndices cefálicos: um par de quelíceras
(mandíbulas) e um de palpos (maxilas)
 quatro pares de patas
 respiração filotraqueal ou cutânea
ORDEM ACARINA
 abdômen fusionado ao cefalotórax
 corpo globoso, sem indícios de segmentação
 corpo dividido em:
 gnatossoma

 idiossoma (podossoma e opistossoma)


Idiossoma

gnatossoma

Pró-podossoma
idiossoma

podossoma
metassoma

opistossoma
Gnatossoma

quelíceras
quelíceras
bainha das quelíceras

hipóstoma

palpos
base do gnatossoma

áreas porosas
quelíceras
Face dorsal Face ventral
ORDEM ACARINA
 Patas inseridas na porção ventral do
abdômen
 evolução com metamorfose:
 ovo - larva - ninfa - adulto
 larva hexápoda
 ninfa e adulto octópodos
 vida livre ou parasitária
ORDEM ACARINA
 Sub-ordem Astigmata
 Família Sarcoptidae
 Família Psoroptidae
 Sub-ordem Prostigmata
 Família Demodicidae
 Sub-ordem Mesostigmata
 Família Dermanyssidae
 Família Macronyssidae
 Sub-ordem Metastigmata
 Família Ixodidae
 Família Argasidae
PHYLUM ARTHROPODA
CLASSE ARACHNIDA
ORDEM ACARINA

SUB-ORDEM METASTIGMATA

CARRAPATOS
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
 Visíveis a olho nú em todos os estádios
 um par de estigmas laterais após o
terceiro ou quarto par de patas
 hipostômio com dentes recorrentes
 FAMÍLIA ARGASIDAE
 FAMÍLIA IXODIDAE
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA ARGASIDAE
 Parasitas de humanos e aves
 escudo dorsal ausente = “carrapatos moles”
 gnatossoma ventral
 estigmas entre 3.º e 4.º pares de patas
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA ARGASIDAE
 cópula fora do hospedeiro
 ovipostura parcelada (100-150 ovos/postura;
total: até 600 ovos/fêmea)
 ingestão de sangue moderada

 Gênero Ornithodorus - parasita homem


 Gênero Argas - parasita aves
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA ARGASIDAE
 BIOLOGIA
 durante o dia, os parasitas permanecem

nas instalações
 a noite, saem em procura dos hospedeiros

para realizar o repasto sanguíneo


 repasto dura cerca de 30 minutos

 cópula fora do corpo do hospedeiro


ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA ARGASIDAE
 CICLO BIOLÓGICO (Argas)
 cópula fora do corpo da ave
 após repasto sangüíneo, as fêmeas
retornam às tocas e depositam de 100 a
150 ovos
 após 21 dias: eclosão de larvas hexápodes
 larvas se fixam em porções de pele mais
fina das aves para se alimentar (peito,
asas)
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA ARGASIDAE
 CICLO BIOLÓGICO
 larvas permanecem de 5 a 10 dias na ave
 voltam para o esconderijo, onde realizam
muda para ninfa 1 em 7 dias
 ninfa se alimenta por cerca de 1 hora e,
após 14 dias realiza muda para adulto
 Tempo de ciclo evolutivo depende das
condições ambientais, geralmente 2
meses
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA ARGASIDAE
 PATOGENIA
 diversos graus de anemia
 picadas irritativas, que impedem as aves
de descansar
 Diminuição na postura
 CONTROLE
 Semelhante ao descrito para Dermanyssus
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Parasitas de mamíferos
 escudo dorsal presente = “carrapatos duros”
 gnatossoma apical
 estigmas ou peritremas após 4.º par de patas
 cópula no hospedeiro
 ovipostura contínua (de 3000 a 8000 ovos)
 ingestão de sangue copiosa
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Rhipicephalus (Boophylus) microplus
 hospedeiro: bovino
 rostro curto e espesso
 peritrema arredondado
 machos com dois pares de placas adanais
 machos com 13 x 9 mm
 fêmeas com 20 x 12 mm
 monoxenos: todo o ciclo em um só
hospedeiro
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Rhipicephalus sanguineus
 hospedeiro: cães
 rostro curto, com base hexagonal
 peritrema em forma de vírgula
 machos com um par de placas adanais
 machos com 3,3 x 1,5 mm
 fêmeas com 3-11 x 1,5-2,7 mm
 trixenos: necessitam 3 hospedeiros para
completar sua evolução
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Dermacentor nittens
 hospedeiro: eqüinos
 rostro curto e espesso
 peritrema em forma de dial de telefone
 machos sem placas adanais
 machos com 9 x 8 mm
 fêmeas com 10-15 x 9 mm
 monoxênicos
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Amblyomma spp.
 hospedeiro: eqüinos e capivaras

principalmente, mas podem parasitar várias


espécies
 rostro longo

 peritrema triangular

 machos sem placas adanais mas com festões

marginais
 machos: 4-5 x 3 mm; fêmeas: 12 x 8 mm

 trixenos
CICLO EVOLUTIVO MONOXÊNICO
R.(Boophylus) microplus

17 d
17 d neandro gonandro
metaninfa
Ciclo completo:
neoninfa 13 d neógina partenógina
18 d
21 a 45 dias
17 d

metalarva teleógina
neolarva

larva
ovos teleógina
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 CICLO MONOXÊNICO (Cont.)
 fêmeas morrem após postura

 ovos demoram de 10 a 100 dias para evoluir:

depende das condições do meio

 SPRING RAISE
Ciclo trixênico (Ambyomma spp.)

metalarva Gonandros
metaninfa Partenóginas

neolarva neoninfa Teleóginas

metalarva metaninfa Teleóginas


larva

Neandros
ovos ninfa Neóginas ovos
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 PATOGENIA
 Ação espoliativa:
 hematófagos (cada teleógina consome 0,05 ml/dia) :

anemia
 debilita o animal

 retardo no desenvolvimento e perdas na produção


ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Ação tóxica:
 Substâncias analgésicas e anticoagulantes: podem

causar alergia e irritação


 Amblyomma cajennense: causa paralisia parcial

ascendente
 Ação mecânica: lesão da superfície cutânea
 infecção bacteriana ou miíase secundária

 depreciação do couro

 Transmissão de agentes patogênicos: vírus , bactérias,


protozoários, helmintos e riquétsias
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Amblyomma spp.
 Vírus da encefalomielite eqüina

 Vírus da anemia infecciosa eqüina

 Babesia caballi; Babesia equi

 Onchocerca e outros filariídeos

 A. cajennense: Rickettsia rickettsii

 A. variegatum; A. hebraeum: Cowdria ruminantium

(heartwater)
 A. americanum: Coxiella burnetti (febre Q)
ORDEM ACARINA
SUBORDEM METASTIGMATA
FAMÍLIA IXODIDAE
 Rhipicephalus Boophylus microplus
 Babesia bigemina; Babesia bovis

 Onchocerca e outros filariídeos

 Anaplasma marginale

 Rhipicephalus sanguineus
 Babesia canis

 Erlichia canis
Controle do carrapato dos bovinos
Rhipicephalus (Boophylus)
micropuls
CICLO EVOLUTIVO MONOXÊNICO
Rhipicephalus(Boophylus)microplus

17 d
17 d neandro gonandro
metaninfa
neoninfa 13 d neógina partenógina
18 d
Ciclo completo: 17 d

21 a 45 dias metalarva teleógina


neolarva

larva
ovos teleógina
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA
EPIDEMIOLOGIA DO
Rhipicephalus (Boophylus) microplus

I – FASE PARASITA (NO HOSPEDEIRO)


 Independe da temperatura do meio

 Leva em média 21 dias


CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA
EPIDEMIOLOGIA DO
Rhipicephalus (Boophylus) microplus
I – FASE PARASITA (NO HOSPEDEIRO)
 Depende da susceptibilidade do hospedeiro

 Raça

 Cor da pele e pelame

 Genética individual

 Predisposição à alergia

 Nutrição
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA
EPIDEMIOLOGIA DO
Rhipicephalus (Boophylus) microplus
II - FASE DE VIDA LIVRE (PASTAGENS)
 Influência da temperatura (26ºC) e umidade (70%)

 Abaixo de 15ºC pára o metabolismo: ciclo


interrompido
 Período de vida livre pode demorar de 4 a 32
semanas, dependendo das condições do meio
 Conseqüência: três picos de ocorrência em regiões
subtropicais
Pereira et al., 2008
Pereira et al., 2008
CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA
EPIDEMIOLOGIA DO
Rhipicephalus (Boophylus) microplus
Larvas, ninfas,
5% Bovinos adultos

95% Pastagem Fêmeas em fase


De pré-postura e
Postura; ovos e
larvas
Controle
 Controle integrado: somatório de medidas de
controle, utilizadas no animal e meio, com a
finalidade de minimizar o uso de drogas anti-
parasitárias.
 Controle estratégico: tratamentos anti-
parasitários(químicos) utilizados em épocas do ano
definidas conforme estudo epidemiológico.
Controle Integrado do
Rhipicephalus (Boophylus) microplus

I – No ambiente
 Alteração do microclima:
 Ovinos

 Agricultura

 Rotação de pastagens
 Uso de capim gordura Melinis minutiflora; Stylosanthes
spp., Andropogon spp. como forrageiras
 Controle biológico: aves, formigas, aranhas, fungos,
nematoides...
Controle Integrado do
Rhipicephalus (Boophylus) microplus

II – No animal
 Regulação da Resposta Imune:

 nutrição e boas práticas de manejo para diminuir

estresse
 Vacina: antigeno Bm86

 Seleção de animais resistentes

 Uso de raças resistentes (heterose)

 Homeopatia: resultados controversos


Controle Integrado do
Rhipicephalus (Boophylus) microplus

II – No animal (cont.)
 Tratamento acaricida

 Antigamente: tratamento indiscriminado do rebanho

no verão, a cada 7, 14 ou 21 dias – Resistência


 Controle estratégico: duas aplicações com intervalo

de 21 dias no primeiro e segundo pico de


parasitismo
Pereira et al., 2008
Pereira et al., 2008
Controle Integrado do
Rhipicephalus (Boophylus) microplus

II – No animal (cont.)
 Tratamento acaricida

 Antigamente: tratamento indiscriminado do rebanho

no verão, a cada 7, 14 ou 21 dias – Resistência


 Controle estratégico: duas aplicações com intervalo

de 21 dias no primeiro e segundo pico de


parasitismo
 IMPORTANTE: não tratar os bezerros no primeiro

pico de parasitismo.
 Tratamento individual: mais de 10 teleógenas por

unidade animal (UA)


 Fitoterapia – ação repelente ou imunoestimulante
Cuidados ao empregar o
inseticida/acaricida
• - Utilizar o produto na dose correta
• - Assegurar a cobertura total do animal com o produto
empregado
• - Evitar uso desnecessário: prevenir a resistência
• - Tratar os animais considerando:
• -O grau de contaminação das pastagens
• - As condições climáticas
• - O manejo da propriedade
FONTE: PEREIRA et al., 2008

Banheiro Banheiro
aspersão imersão
Diagnóstico da resistência aos
acaricidas
 In vivo:
 Observar que hão há redução de pelo menos 90%
dos carrapatos sobre os hospedeiros
 Deve ser confirmada por diagnóstico laboratorial
(biocarrapaticidograma)
Teste de resistência in vitro
(BIOCARRAPATICIDOGRAMA)
 Formar um lote de 5 g de teleógenas para cada princípio
ativo a ser testado e um para o grupo controle
 Coloca-las em copinhos plásticos
 Emergir o lote por 5 minutos nas soluções de acaricidas a
serem testadas; emergir o grupo controle em água
 Secar as teleógenas e incubá-las em placas de petri, a 26ºC
e 70% de umidade
 14 Dias: pesar fêmeas e ovos
 28 Dias: nova leitura
 Inibição da postura inferior a 95% = resistência
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
 OLIVEIRA-SEQUEIRA, T.C.G.; AMARANTE,
A.F.T. Parasitologia Animal - Animais de
Produção. São Paulo: EPUB, 2002. 149 p e
CD ROM.
 PEREIRA, Marcelo de Campos; LABRUNA,
Marcelo Bahia; SZABO, Matias Pablo;
KLAFKE, Guilherme Marcondes
Rhipicephalus(Boophilus)microplus –
Biologia, Controle e Resistência. São Paulo:
MedVet, 2008.

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