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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS – DCF
SETOR: TOXICOLOGIA

AULA PRÁTICA
Determinação do Paracetamol em soro e/ou plasma
1. Finalidade: Urgência clínica/Monitorização Terapêutica:

Diagnóstico rápido e eficiente na intoxicação aguda por paracetamol visando reduzir o


potencial fatal que tal situação pode trazer, bem como auxiliando no encontrar de uma
terapêutica adequada para indivíduos que fazem uso contínuo do fármaco .

2. Objetivo

Analise toxicológica da concentração de paracetamol em soro e/ou plasma de paciente


possivelmente intoxicado.

3. Fundamento do método:

O soro ou plasma é desproteinizado com ácido tricloroacético (TCA) e o


sobrenadante é tratado com nitrito de sódio que funcionará como o reagente cromogênico
para formar o 2-nitro-4 acetaminofenol. Este, em meio alcalino, forma um produto de
coloração amarela, cuja intensidade é proporcional à concentração de paracetamol na amostra.

4. Amostragem:

O paracetamol pode ser determinado em amostras biológicas como soro ou plasma.


No caso de plasma, é necessário coletar a amostra de sangue com heparina e conservá-la
entre 4 e 8°C. Se a análise não for realizada dentro de 24 h, congelar a amostra. É estável
nessas condições por, no mínimo, 6 meses. No caso de coleta de sangue, o paciente deve
estar em jejum mínimo de 4 h. Em casos de análise de urgência, o jejum pode ser dispensado.

5. Reagentes e Soluções:

- Solução padrão de paracetamol (300 μg/mℓ); conservar entre 4 e 8°C


- Ácido tricloroacético 3% (TCA 3%); estável em temperatura ambiente
- Nitrito de sódio 0,07 M (NaNO2 0,07 M), de preparo recente; é necessário manter entre 4 e
8°C e é estável por 3 dias
- Hidróxido de sódio 8 M (NaOH 8 M) estável em temperatura ambiente.

6. Equipamentos e Acessórios:

- Espectrofotômetro na região do visível (430 nm)


- Agitador (vórtex)
- Centrífuga
- Banho de água (37°C).

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7. Procedimento Analítico:

Transfira para 3 tubos de centrífuga, respectivamente:

1º) Aliquotar 0,5 mℓ de soro ou plasma (amostra); 0,5 mℓ de água destilada (branco de reativo)
e 0,5 mℓ de soro controle (comercial);
2º) Adicionar 3 mℓ da solução de TCA 3% (desproteinizante);
3º) Agitar no vórtex por 30 segundos;
4º) Centrifugar os tubos a 2.500 rpm, durante 10 minutos;
5º) Pipetar 2 mℓ do sobrenadante para outros 3 tubos de ensaio;
6º) Adicionar 0,5 mℓ de NaNO2 0,07 M (cromógeno)
7º) Agitar no vórtex por 10 segundos;
8º) Manter os tubos em banho de água a 37°C durante 10 minutos;
9º) Retirar os tubos do banho de água e adicionar 2 gotas de NaOH 8 M;
10º) Agitar no vórtex por 30 segundos;
11º) Efetuar a leitura de absorbância, do produto colorido formado, em 430 nm;

OBSERVAÇÃO: Zerar o aparelho com o branco de reativo

8. Parâmetros de validação

O limite de quantificação (LQ) deste método é de 20 μg/mℓ. No intervalo dinâmico


considerado (20 a 300 μg/mℓ), o método é linear e a precisão mostra coeficientes de variação
(CV) entre 1 e 1,6%. O valor médio de recuperação é de 105,5%.

9. Curva de calibração

Determinar a concentração de paracetamol na amostra por meio de uma curva de


calibração construída previamente a partir de alíquotas da solução padrão adicionadas ao
branco de soro, plasma ou água em concentrações correspondentes a 20, 30, 120, 210 e 300
μg de paracetamol/mℓ. As leituras espectrofotométricas são realizadas contra o branco de
reativo. As absorbâncias são projetadas em ordenadas (eixo y) e a concentração (μg/mℓ) em
abscissas (eixo x).

10. Considerações sobre o método

(1) - O método proposto tem se mostrado adequado para o rápido diagnóstico da intoxicação
pelo paracetamol; no entanto, o soro de pacientes urêmicos pode apresentar resultado
falso-positivo na concentração de paracetamol.
(2) - Amitriptilina, anfetamina, cafeína, clordiazepóxido, clorpromazina, diazepam,
difenidramina, fenacetina, fenitoína, imipramina, indometacina, lorazepam, meprobamato,
metadona, morfina, pentazocina, prometazina, teofilina e tolbumanina não interferem no
método para a dosagem de paracetamol.
(3) - Ácido salicílico, cefalexina, diflunisal, fenobarbital, fenilbutazona, neomicina e
oxifembutazona, na concentração de 100 mg/ℓ, podem aumentar o paracetamol em até 20
μg/mℓ. Essa interferência não é significativa clinicamente desde que a amostra seja coletada
nas primeiras 4 h após a ingestão.
(4) - N-acetilcisteína, utilizado como antídoto na intoxicação pelo paracetamol, não interfere no
método proposto.

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11. Outros métodos


- Outros métodos disponíveis para a medida de paracetamol incluem espectrofotometria na
região do ultravioleta, imunoensaios, cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE),
cromatografia gasosa (CG) e eletroforese.

- Os imunoensaios apresentam resultados falso-positivos na dosagem de paracetamol devido à


interferência metodológica de bilirrubina.

- Das técnicas correntes, a CLAE e a CG são técnicas que exigem equipamentos mais caros,
com elevados custos operacionais e de manutenção, apesar de sensíveis e específicas. Em
razão da simplicidade, rapidez de execução e do baixo custo operacional apresentados, os
métodos colorimétricos são aceitos como a técnica de escolha para a quantificação de
paracetamol nas análises de urgência.

11. Referências bibliográficas


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