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PRAGUICIDAS

1) Organoclorados

Estrutura:
- Moléculas orgânicas contendo halogênios e/ou anéis condensados
- Isômeros do hexaclorociclohexano e dos ciclodienos:
 Ciclohexanos (BHC, lindane)
 DDT
 Pentaclorofenol
 Ciclodienos (aldrin, endrin, endosulfan)

Estabilidade química -> poder residual -> prolongada persistência no meio ambiente -> dano ecológico

Solos argilosos ou com alto teor de matéria orgânica tendem a manter os resíduos por mais tempo. Fatores
que influenciam na taxa de degradação: temperatura, conteúdo da matéria orgânica, acidez, umidade e tipo
de solo

Resistência às degradações química / biológica + alta solubilidade em lipídios + baixa solubilidade em água
+ alta capacidade de absorção em material orgânico = acúmulo ao longo da cadeia alimentar (em tecidos
ricos em gordura, principalmente)

Toxicocinética:
Vias de introdução:
 Cutânea
 Digestiva: principal, alimentos contaminados
 Respiratória: intoxicações ocupacionais
DL50 oral = DL50 dérmica

Absorção rápida e eficaz

Distribuição uniforme no organismo, principalmente em tecidos gordurosos: abdômem, cérebro e fígado

Biotransformação: conjugação com ácido mercaptúrico

Excreção: renal

Toxicodinamica:

Ação: SNC e Sistema Imunológico

Mecanismo de ação: modificam o fluxo de íons sódio e potássio na membrana dos axônios, alterando a
transmissão do impulso, que leva a disparos repetitivos do estímulo nervoso
Ciclodienos, especificamente, levam à diminuição do GABA no SNC
DDT: reduz a taxa de repolarização axonal pela enzima sódio/potássio ATPase

Sintomas: início em 30 min – 6 h


Intensidade variando com a natureza do organoclorado, via , grau de exposição e veículo diluente

Sintomas:
 TGI: Nauseas, vômitos, desconforto abdominal, diarreia
 SNC: cefaleia resistente a medicamentos comuns, tremores, parestesias, agitação
psicomotora, vertigens, distúrbios de memória e convulsões – potencialmente fatais
 Exposição crônica: perda de peso, anorexia, debilidade muscular, incoordenação motora,
ataxia, tremores, dcefaleia, dor torácica, erupções cutâneas e anemia aplásica.
Sérias lesões hepáticas e renais
Alguns lesam ainda o cérebro, músculos do coração e medula óssea
Relatos de câncer no aparelho digestivo, pulmão e rins

Usos:
 PROIBIDO no Brasil para a agricultura desde 1999
 Ainda usados em campanhas de saúde pública como o BHC e em fórmulas para os
tratamentos da madeira (pentaclorofenol)

Métodos analíticos
Extração:
 CGEM: clorofórmio ou diclorometano
 CLAE: acetonitrila ou metanol
 CCD: acetona
Revelador para CCD: difenilamina 0,5g, cloreto de zinco 0,5g, acetona 100 mL
Borrifar e expor a placa à luz solar: positivo se aparecer coloração VERDE
Eluentes apolares: hexano/cicloexano 1:1 ou hexano/acetona 9:1

2) Organofosforados

Uso na Segunda Guerra Mundial, como arma química, como os gases neurotóxicos Sarin e Tabun

Estrutura: contém um átomo central de fósforo pentavalente, ao qual está ligado um átomo de oxigênio ou
enxofre mediante dupla ligação

Classes:
 Derivados do ácido fosfórico ou pirofosfórico:
o Paraoxon Etílico
o TEPP
 Tiofosforados:
o Parathion Etílico
o Diazinon fosforotioato
o Fention fosforotioato
o Malation fosforotioato
 Clorofosforados:
o DDVP
o Dipterex fosfonato

Existem organofosforados ligados a flúor ou cianeto que são gases de elevada neurotoxicidade, porque
favorecem a rápida ligação com o centro esterásico da acetilcolinesterase, formando uma enzima fosforilada
refratária à reativação

Toxicocinética:

Absorção:
o Via oral: intoxicações acidentais, suicídios e homicídios, danos a consumidores de alimentos
tratados com esses compostos
o Respiratória: intoxicação ocupacional
o Dérmica: intoxicação ocupacional
o Membranas
o Mucosas

Os organofosforados NÃO se acumulam no organismo, sendo rapidamente degradados e excretados

Biotransformação:
o Oxidação bioquímica
o A oxidação do grupo P = S em P =O, a dessulfuração, aumenta a toxicidade do composto
o A oxidação do grupo tioéter também gera produtos mais tóxicos
o Clivagem hidrolítica
o Ativam os compostos tiofosforados
o Determinam a degradação dos mesmos
o Redução de grupos nitros

Os produtos de biotransformação são muito importantes nas análises químico-toxicológicas!!

Eliminação: via urinária

Mecanismo de ação:
Inibição do centro esterásico da enzima acetilcolinesterase, impedindo a degradação da acetilcolina em
colina + ácido acético

Toxicidade sistêmica muito elevada

Sintomas:
o SNC
o Alterações neuropsiquiátricas precoces: tensão, ansiedade
o Alterações neuropsiquiátricas tardias: dificuldade de concentração e memória
o SNA
o Efeitos muscarínicos
 Efeitos sobre o sistema respiratório precoces: aumento do ritmo respiratório e tosse
 Efeitos sobre o sistema respiratório tardios: rinorreia, secreção pulmonar excessiva,
opressão torácica
 Efeitos sobre o aparelho digestivo precoces: perda de apetite, náuseas
 Efeitos sobre o aparelho digestivo tardios: vômitos, dores abdominais, diarreias
severas
 Sistema circulatório: pulso diminuído, bradicardia, bloqueio auriculoventricular,
parada cardíaca
 Visão: visão fraca, miose, pupilas punctiformes sem reação
 Glândulas exócrinas: aumento de secreção, transpiração excessiva
 Sistema genitourinário: micção frequente e involuntária
o Efeitos nicotínicos
 Precoces: fadiga, fraqueza muscular, contrações involuntárias
 Tardios: Cãibras, fasciculação, enfraquecimento muscular generalizado

A ação letal dos organofosforados se deve à insuficiência respiratória após broncoconstrição, secreção
pulmonar excessiva, falência dos músculos respiratórios e depressão do centro respiratório por hipóxia
severa e prolongada.

Síndrome Neurotóxica Intermediária: 24 – 96 h após os sinais e sintomas colinérgicos agudos.


Caracterizada por fraqueza muscular, especialmente dos músculos do pescoço, da respiração e dos membros

Diagnóstico: baseado na história de exposição ou ingestão, sinais e sintomas de hiperestimulação


colinérgica e na diminuição da atividade da enzima colinesterase

O uso dos organofosforados está NORMATIZADO no Brasil desde 1999 para a agricultura

Métodos analíticos:

Extração
o CGEM: clorofórmio ou diclorometano
o CLAE: acetonitrila ou metanol
o CCD: acetona

CCD
Identificação de Tiofosforados:
Revelador: cloreto de paládio 0,5% em solução aquosa
Eluentes de média polaridade: hexano/acetona 7:3 ou clorofórmio/acetona 8:2
Identificação de Clorofosforados:
Revelador: resorcina a 0,5% em etanol, adicionada a 50% em volume de hidróxido de sódio a 40%
aquoso
Eluentes de média polaridade: hexano/acetona 7:3 ou clorofórmio/acetona 8:2

3) Carbamatos

Surgiram junto com os organofosforados em substituição aos organoclorados.


Vantagens: maior nível de seletividade; moléculas biodegradáveis
São compostos anticolinesterásicos com grau variado de toxicidade, usados como inseticidas, fungicidas,
herbicidas e parasiticidas

O mais conhecido, aldicarb, é de uso exclusivamente agrícola, mas vendido ilegalmente como raticida
(chumbinho). É o principal responsável por mortes por pesticidas, por intoxicações acidentais, em suicídios
ou homicídios.

Estrutura: semelhante ao da fisostigmina. Estrutura molecular e distribuição de polaridades semelhantes às


da acetilcolina.

Exemlos: aldicarb (Temik), carbofuran (Furadam), propoxur (Baygon) e carbaril (Sevin)

Produzem inibição competitiva, fixando-se reversivelmente à acetilcolinesterase, ocupando o mesmo sítio da


acetilcolina.

Características:
o Alta atividade inseticida
o Baixa ação residual
o Baixa toxicidade a longo prazo

Toxicocinética:

Absorção:
o Via oral: intoxicações acidentais, casos de suicídios e homicídios
o Via respiratória: intoxicação ocupacional
o Via dérmica:

Toxicidade influenciada por veículo e via de exposição.

Rapidamente distribuídos aos órgãos e tecidos

Metabolismo e eliminação rápidos.

Principal via de biotransformação: Hidrólise, com formação do ácido N-metilcarbâmico. Ocorre pela
hidroxilação do grupamento metil ligado ao nitrogênio e leva a compostos menos tóxicos

Sem evidências de bioacumulação.


Mecanismo de ação:
Assim como os organofosforados, agem inibindo a enzima acetilcolinesterase, diferenciando-se pelo fato da
combinação se processar de maneira REVERSÍVEL.

Resulta em acúmulo de acetilcolina, com consequências sobre as transmissões nervosas responsáveis pelo
aparecimento de uma sintomatologia grave e polimorfa. Além disso, ainda ocorre decréscimo da atividade
metabólica do fígado, da glândula tireoide e da síntese de fosfolípides e também alterações sobre os níveis
de serotonina no organismo

Sinais e sintomas: começam a surgir nas primeiras horas e podem atingir o seu máximo, inclusive com
óbito, dentro de horas ou dias
Sintomatologia semelhante ao dos organofosforados. Porém, MENOR intensidade e duração da toxicidade

A severidade dos sintomas varia de acordo com o grau de toxicidade do produto e com a dose.
O Início das manifestações clínicas dependerá principalmente da via de exposição, do produto e da dose

Administração por via:


o Oral: sintomas em 15 – 30 min
o Respiratória: sintomas mais rápidos
o Dérmica: sintomas mais demorados

Manifestações clínicas iniciais e predominantes: muscarínicas, seguidas de acometimento do SNC e então,


nicotínicas.

O óbito, em geral, deve-se:


o Insuficiência respiratória: broncoconstrição, hipersecreção pulmonar, paralisia da musculatura
respiratória e ação ao nível de centro respiratório
o Depressão do SNC: com crise convulsiva e arritmias.
o Mortalidade tardia: insuficiência respiratória associada à infecção (pneumonia química) ou
complicações da ventilação mecânica e tratamento intensivo ou arritmia ventricular tardia

Método analítico:
Extração:
o CGEM: clorofórmio ou diclorometano
o CLAE: acetonitrila ou metanol
o CCD: acetona

CCD
Eluente: Hexano : acetato de etila 6:4
Reveladores:
o Cloreto de paládio 0,5% p/v em solução aquosa acidificada com HCL 2M
o 2,6 dicloroquinona 4-cloroimida 0,5% em álcool etílico absoluto
o Carbonato de sódio 10% p/v solução aquosa
Método:
Após a eluição dos analitos, borrifar cloreto de paládio 0,5% e, em seguida, borrifar 2,6 dicloroquinona 4-
cloroimida, podendo-se visualizar COR AMARELA, indicadora de aldicarb (devido ao complexo formado
entre o enxofre do aldicarb e o cloreto de paládio). O Metomil também produz cor amarela mas com outro
Rf. Em seguida, borrifar com carbonato de sódio a 10% p/v e levar a placa para estufa a 80ºC, por
aproximadamente 2 minutos
Resultados:
Pesticida Rf Cor
Aldicarb 0,35 Amarelo
Carbofuran 0,40 Azul
Carbaril 0,45 Roxo
Propoxur 0,50 Lilás

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