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ANÁLISES TOXICOLÓGICAS

E AMBIENTAIS
PROFA. DRA. ALYNE ALEXANDRINO ANTUNES

Cursos de Biomedicina, Ciências Biológicas e Farmácia


São Paulo, 2021
Toxicologia

TOXICOLOGIA MEDICAMENTOSA
Toxicologia Medicamentosa

“A farmacologia intercepta a toxicologia quando a resposta


fisiológica ao fármaco é um efeito adverso. O veneno é qualquer
substância, incluindo qualquer fármaco, que tem a capacidade de
prejudicar o organismo vivo. O envenenamento implica
inerentemente aquele efeito fisiológico prejudicial resultante da
exposição a medicamentos, drogas ilícitas ou substâncias
químicas”.
Segurança do fármaco

Índice terapêutico (IT)


quantifica a segurança relativa de um
fármaco

IT = DL50 / DE50
Toxicidade Medicamentosa
 Reações tóxicas a medicamentos podem ser esperadas ou acidentais

Reações esperadas são aquelas descritas em bula, associadas ao uso do medicamento


em doses terapêuticas; acometem uma fração dos pacientes.
• Idiossincráticas

Reações acidentais são aquelas não descritas em bula, geralmente associadas ao uso
concomitante de mais de um medicamento, ou ao uso em doses supraterapêuticas.
• Interações medicamentosas
• Superdosagem
Toxicidade Medicamentosa
 A toxicidade pode se manifestar nas fases farmacocinética, farmacodinâmica ou farmacêutica

Farmacocinética: a toxicidade está associada a alterações da cinética do fármaco ou seu acúmulo


nos tecidos (ex: acúmulo hepático do paracetamol e derivados).

Farmacodinâmica: a toxicidade está associada à exacerbação do efeito da droga (ex: hemorragia


devido a superdosagem de anticoagulantes)

Farmacêutica: a toxicidade está associada ao contato com componentes da forma farmacêutica, sem
necessidade de haver absorção da droga (ex: reação alérgica a corantes de cápsula)
Toxicidade Medicamentosa
 A farmacocinética de um fármaco sob circunstâncias que produzem toxicidade ou exposição excessiva
é denominada toxicocinética.

 Ingerir doses maiores do que a dose terapêutica pode prolongar a absorção, alterar a ligação às PPs e
o volume de distribuição aparente e alterar o destino metabólico.

➢ Quanto tempo um paciente assintomático precisa ser monitorizado (absorção e dinâmica do fármaco)?
➢ Quanto tempo o paciente intoxicado precisa para melhorar (eliminação e dinâmica do fármaco)?
Toxicidade Medicamentosa

“Geralmente, a incidência e a
gravidade da toxicidade é
proporcional à concentração
do fármaco no organismo e a
duração da exposição”.
Toxicidade Medicamentosa
INTERAÇÕES FÁRMACO-FÁRMACO

 “Polifarmácia”
 Uso irracional
◼ Medicamentos, vitaminas...
Automedicação e intoxicação

Conselho Federal de Farmácia - Brasil - Notícia: 26/06/2020 -


Estudo aponta perfil de intoxicação medicamentosa por
automedicação no Brasil (cff.org.br)
Automedicação e intoxicação

Uso de medicamentos é a principal causa de intoxicação, aponta


Unicamp | Campinas e Região | G1 (globo.com)
Principais medicamentos OTC associados a
toxicidades importantes
✓ Paracetamol/acetaminofeno – anorexia, náusea, vômito →
falência hepática → falência renal, pancreatite, falência múltipla
dos órgãos.
Dose tóxica ≥ 150 mg/kg

✓ Ácido acetilsalicílico (AAS) – letargia, náusea, vômito,


tinnitus, tontura → sudorese, desidratação, febre → acidose
metabólica, alucinações, convulsões, edema cerebral, falência
renal, falência cardíaca.
Dose tóxica ≥ 150 mg/kg
Paracetamol

Forma ativa: N-acetil-p-aminofenol

Uso terapêutico: anti-inflamatório não esteroidal (AINE),


analgésico, antipirético.

Mecanismo de ação: inibição competitiva não-seletiva de


ciclooxigenases (COX), reduzindo a produção de
mediadores inflamatórios derivados do ácido
araquidônico.

Efeitos adversos: fluidificação sanguínea, ulceração


gástrica.
Paracetamol
 Mecanismo de ação farmacológica
Paracetamol
 Intoxicação – mecanismos
◼ Vias metabólicas alteradas em doses altas
Paracetamol
 Intoxicação – risco elevado

(I) Depleção de glutationa (malnutrição, anorexia, alcoolismo, AIDS);


(II) Indução de CYP2E1 (alcool, rifampicina, anticonvulsivantes)

↓Glutationa (I) Incapacidade de conjugação da NAPQI


com a glutationa
↑NAPQI (II)

TOXICIDADE
Dano oxidativo (hepático, renal)
Paracetamol
 Intoxicação – hepatotoxicidade
◼ Dano oxidativo das células lobulares e conjugação a proteínas e outras estruturas hepáticas
Paracetamol
 Intoxicação – hepatotoxicidade
◼ Análise imunohistoquímica temporal demonstra a formação de adutos NAPQI-prot após dose
tóxica em camundongos.
Paracetamol
 Intoxicação – hepatotoxicidade
Paracetamol
 Intoxicação – sobredosagem

◼ Fase 1 (2 a 24h): assintomático / sintomas gastrintestinais (vômito).


◼ Fase 2 (24 a 72h): podem surgir enjoos, vômitos e dores abdominais. Alteração da função
hepática. Início de comprometimento renal.
◼ Fase 3 (72 a 96h): Função hepática alterada, necrose hepática, icterícia, sangramento. Pode
ocorrer insuficiência renal e pancreatite e até falência múltipla dos órgãos.
◼ Fase 4 (4 dias – 2 sem): recuperação (se houverem hepatócitos íntegros) / óbito.

 Caso a toxicidade seja resultante de várias pequenas doses tomadas ao longo do tempo, a primeira
indicação poderá ser função hepática alterada, podendo ocorrer icterícia e/ou sangramento.
Paracetamol
 Intoxicação – Monitoramento

◼ Dosagem sérica/urinária do paracetamol

◼ TGO, TGP, TAP na admissão e repetir diariamente por 3 dias ou até que os níveis voltem ao
normal

◼ Se função hepática alterada: creatinina, uréia, eletrólitos, bilirrubinas, glicemia, amilase,


hemograma e gasometria
Paracetamol
 Intoxicação – Tratamento

◼ Carvão ativado VO, se a ingestão foi recente


 Adsorção do excesso de fármaco ainda na luz intestinal, impedindo sua absorção

◼ Antídoto – N-ACETILCISTEÍNA (NAC)


 Liga-se diretamente com o metabólito tóxico (substitui glutationa) e aumenta a síntese
hepática de glutation
 Diminui mortalidade entre 21% e 28 % em caso de insuficiência hepática

 Melhor resposta: até 8-10 horas após a ingesta


Principais medicamentos OTC associados a
toxicidades importantes
✓ Paracetamol/acetaminofeno – anorexia, náusea, vômito →
falência hepática → falência renal, pancreatite, falência múltipla
dos órgãos.
Dose tóxica ≥ 150 mg/kg

✓ Ácido acetilsalicílico (AAS) – letargia, náusea, vômito,


tinnitus, tontura → sudorese, desidratação, febre → acidose
metabólica, alucinações, convulsões, edema cerebral, falência
renal, falência cardíaca.
Dose tóxica ≥ 150 mg/kg
Ácido acetilsalicílico
 Mecanismo de ação farmacológica

◼ AINE

◼ Antiagregante plaquetário*

◼ Inibidor irreversível
Ácido acetilsalicílico

À medida que a
concentração
plasmática de salicilato
aumenta, as principais
vias de eliminação se
saturam
Ácido acetilsalicílico
 Intoxicação

◼ SNC → hiperventilação → alcalose respiratória

◼ Mecanismo compensatório → aumento da excreção renal de bicarbonato / sódio, potássio, água

◼ Mitocôndria → inibição do CK e desacoplamento da fosforilação oxidativa

◼ Estímulo do metabolismo de lipídios → corpos cetônicos

Progressão → acidose metabólica (mau prognóstico)


Ácido acetilsalicílico
 Intoxicação - tratamento

◼ Carvão ativado
◼ Hidratação
◼ Controle da acidose metabólica

◼ Se necessário, hemodiálise (AAS, ácido lático)


Determinação da salicilemia
 Determinação da Salicilemia por Espectrofotometria

➢ Método de Trinder (1954) → método colorimétrico no qual a


concentração de AS é diretamente proporcional à intensidade de
coloração violeta do complexo formado entre o salicilato e os íons
férricos, em meio ácido, que é quantificado pela medida da
absorbância da luz em 540 nm.

➢ Método simples, rápido e pouco oneroso, que não necessita de um


tratamento prévio da amostra; apenas consiste na adição do reativo
cromogênico → reagente de Trinder (nitrato férrico, ácido clorídrico
e cloreto mercúrico).
Referências

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