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M.V Dr. Paulo Jark Profa. MSC.

Carla Santos
Coordenador Onconnectionvet e Onccarevet Doutoranda em Medicina Veterinária na UFRRJ
Vice-Presidente da Sociedade Latinoamericana Professora da Disciplina de Clínica Médica
de Oncologia Veterinária - SLOVET dos Caninos e Felinos - UNIVERITAS / RJ
Membro da diretoria da ABFel
ONDANSETRONA NA
ROTINA CLÍNICA DE
PEQUENOS ANIMAIS

M.V Dr. Paulo Jark


Coordenador Onconnectionvet e Onccarevet
Vice-Presidente da Sociedade Latinoamericana
de Oncologia Veterinária - SLOVET

O VÔMITO é um dos principais sinais clínicos na rotina de pequenos animais e


pode ter diversas causas, sendo sempre recomendável sua identificação para o correto
controle clínico.

1. O primeiro passo dessa triagem diagnóstica consiste na correta identificação do quadro


emetogênico, diferenciando este de outros processos como regurgitação, disfagia e
expectoração.

2. Após a certificação que o paciente apresenta um quadro emético, é


imprescindível conhecer o TEMPO DE EVOLUÇÃO e a FREQUÊNCIA
DOS EPISÓDIOS na tentativa de buscar a causa de base para
o processo.

3. A triagem diagnóstica dos pacientes com vômito inclui dados


da resenha, anamnese detalhada, exame físico minucioso e
exames complementares como hematológicos, bioquímicos,
exames de imagem e quando necessário a solicitação
de dosagens hormonais e eletrolíticas, testes sorológicos,
histopatológicos entre outros.

Para auxiliar a condução clínica de casos de pacientes


apresentando vômito é fundamental que o médico veterinário
reconheça os principais mecanismo associados ao quadro,
os receptores envolvidos no processo e as estratégias
disponíveis para o controle antiemético, para que a
escolha da terapia seja precisa e a resolução do quadro possa
ser obtida o mais breve possível.
FISIOPATOLOGIA DO VÔMITO
E AS PRINCIPAIS CAUSAS

Conhecer a fisiopatologia da êmese, os principais receptores envolvidos no processo e os


mecanismos de ação dos fármacos antieméticos são fundamentais para uma conduta
adequada. A ÊMESE é controlada pelo centro do vômito localizado no sistema nervoso
central, para onde todos os estímulos do vômito acabam convergindo, porém, esses
estímulos podem chegar diretamente ao centro do vômito ou de forma indireta através da
zona de disparo dos quimiorreceptores. De forma direta ou indireta, várias situações podem
estimular o centro do vômito, como por exemplo (figura 1 e tabela 1):

Reflexo
do Dor, olfato, medo,
vômito Córtex memória, doenças
cerebral em SNC

Cinetose de Receptores do
movimento e sistema
Local de ação
alterações vestibular
EMEDRON
vestibulares H1, M1

Centro Sistema
do vômito vestibular

Zona de Toxinas,
Afecções gástricas, disparo fármacos e
intestinais, eletrólitos
pancreáticas Aferentes
e hepáticas viscerais
Local de ação Receptores da
Local de ação zona de disparo
Receptores das EMEDRON
EMEDRON 5-HT3, NK1 e D2
vias aferentes viscerais
5-HT3, NK1 e D2

Figura 1. Principais mecanismos relacionados à êmese em cães e gatos


MECANISMO
ZONA DE DISPARO: a presença de fármacos, toxinas ou distúrbios eletrolíticos pode estimular a zona de gatilho a
enviar sinais para o centro do vômito.

PRINCIPAIS CAUSAS

• Administração de fármacos quimioterápicos: • Toxinas: bufotoxina, fluoracetato de sódio,


o potencial emético de cada agente quimioterápico é organofosforados e carbamatos, piretrinas e
variável e dependente também da dose administrada, piretroides.
porém, alguns quimioterápicos como cisplatina e
estreptozocina são conhecidos por terem alto potencial • Acúmulo de substâncias tóxicas endógenas:
emetogênico em cães. nos casos de síndrome urêmica ou de insuficiência
hepática grave.
• Agentes anestésicos: xilazina, morfina, hidromorfona,
dexmedetomidina. • Hipocobalaminemia.

• Fármacos anti-inflamatórios: ácido acetilsalicílico • Distúrbios eletrolíticos: hiponatremia,


e acetominofeno em felinos. hipernatremia, hipocalemia; hipercalemia,
hiperfosfatemia e hipercalcemia e hipocalcemia;
• Administração de substâncias: peróxido
de hidrogênio. • Cetoacidose diabética.

MECANISMO
VIA AFERENTE: afecções gástricas, intestinais, pancreáticas, renais e hepáticas.

PRINCIPAIS CAUSAS

• Alterações dietéticas: indiscrição alimentar, • Alterações anatômicas: hérnia de hiato, hipertrofia


hipersensibilidade alimentar. de piloro, torções e dilatações gástricas.

• Agentes infecciosos: parvovirose, coronavírus, • Doença intestinal inflamatória crônica:


cinomose, leptospirose, giardíase, helicobacter e linfoplasmocitária, eosinofílica ou granulomatosa.
endoparasitas.
• Pancreatites agudas ou crônicas.
• Corpos estranhos.
• Neoplasias pancreáticas: carcinomas.
• Gastrites medicamentosas: antimicrobianos como
cefalexina e doxiciclina; anti-inflamatórios. • Peritonite.

• Neoplasias do trato gastrointestinal: linfomas, • Hepatopatias: hepatite aguda ou crônica,


carcinomas, leiomiossarcomas e tumores estromais colangites e lipidose.
gastrointestinais (GIST). • Doenças renais: agudas ou crônicas.
• Ulceração gastrointestinal paraneoplásica:
secundária a mastocitoma ou gastrinoma.
MECANISMO
SISTEMA VESTIBULAR

PRINCIPAIS CAUSAS
• Cinetose de movimento. • Síndrome vestibular periférica: relacionada
à otite média/interna, ototoxicidade, endocrinopatias
• Síndrome vestibular central: relacionada a doenças como hipotireoidismo, pólipos otofaríngeos, trauma
infecciosas ou inflamatórias em sistema nervoso ou neoplasia localizadas na orelha média ou síndrome
central, neoplasias intracranianas, doenças vasculares, vestibular idiopática.
alterações congênitas, alterações metabólicas,
intoxicações e trauma cranioencefálico. • Disautonomia.

MECANISMO
CÓRTEX CEREBRAL

PRINCIPAIS CAUSAS
• Através dos estímulos ocasionados por situações como doenças no sistema nervoso central, dor, sensações
desagradáveis relacionadas a odor e medo que ativam o centro do vômito.

TRATAMENTO DO VÔMITO - ANTIEMÉTICOS

Para compreender as estratégias dos receptor colinérgico muscarínico tipo 1 (ACh


fármacos antieméticos, é importante M1) e acetilcolina; receptor dopaminérgico
compreender que todos esses processos do tipo 2 (D2) e dopamina; e receptor alfa-2
anteriormente citados estão relacionados adrenérgico e norepinefrina.
a receptores localizados tanto no centro
do vômito, como nas diversas vias Uma vez compreendida a complexa rede
relacionadas ao processo (via aferente de interação entre o centro do vômito, as
visceral, zona de gatilho - zona de disparo -, diversas vias relacionadas ao processo e
sistema vestibular e córtex cerebral) que os respectivos receptores e seus agonistas,
interagem através de substâncias agonistas foram desenvolvidos fármacos capazes
estimulando o processo emetogênico. de bloquear esses receptores com intuito
Entre esses receptores e seus agonistas, de promover o controle da êmese. Desta
os mais importantes são respectivamente: forma os principais antieméticos atualmente
receptor serotoninérgico do tipo 3 (5-HT3) disponíveis incluem a ONDANSETRONA
e a serotonina; receptor de neurocinina que é antagonista de receptor 5-HT3; o
do tipo 1 (NK1) e a substância P; receptor maropitant, um antagonista de receptor NK1;
histaminérgico do tipo -1 (H1) e histamina; a difenidramina com ação em receptor H1;
a escopolamina com ação em receptor e M1, sendo assim o potencial antiemético
ACh M1, e a metoclopramida, um fármaco de fármacos como a ONDANSETRONA
antagonista de receptor D2. (bloqueador do receptor 5-HT3) e o
maropitant (antagonista do receptor de NK1)
Apesar da quantidade de
normalmente são superiores aos demais
receptores envolvidos
produtos disponíveis comercialmente.
no processo de êmese
Em um estudo desenvolvido com cães
e da variedade de
submetidos a um protocolo emetogênico,
fármacos disponíveis, os
à base de quimioterapia com cisplatina, foi
principais mecanismos
observado que os animais que receberam
envolvidos na êmese
ONDANSETRONA ou maropitant não
de cães e gatos
apresentaram episódios eméticos enquanto
estão relacionados a
que a frequência de êmese no grupo
processos localizados
metoclopramida foi similar ao placebo,
nas vias aferentes viscerais
apresentando seguidos episódios de vômito.
e nas zonas de gatilho do
vômito, sendo que fármacos que Importante destacar que devido ao fato
atuam nesses receptores normalmente de os principais fármacos atualmente
apresentam atividade antiemética disponíveis no controle emético
superior aos demais. No caso das VIAS apresentarem mecanismos de ação
AFERENTES, os principais receptores que distintos, a associação pode ser benéfica
participam do processo são 5-HT3, NK1 e em situações em que a utilização de um
D2 e em relação à ZONA DE DISPARO, fármaco isolado não for suficiente para
destacam-se os receptores 5-HT3, NK1, D2 obter a ação desejada.

TRATAMENTO DE SUPORTE
É válido salientar que como o vômito é um salientando que a ATIVIDADE
processo complexo, que envolve diferentes ANTIEMÉTICA DE UM
vias, além do uso de fármacos que bloqueiam MEDICAMENTO É DIFERENTE
o reflexo emético, é imprescindível também DE SUA AÇÃO ANTINÁUSEA.
abordar outras manifestações secundárias
ao processo, como a NÁUSEA e a
Muitos pacientes com alterações
HIPERACIDEZ GÁSTRICA.
gastrointestinais podem apresentar controle

Náusea emético, mas continuar com anorexia ou

Dessa forma, tão importante quanto hiporexia, e um dos possíveis responsáveis


controlar a êmese, os fármacos que por esse quadro é a náusea, reforçando a
apresentam atividade antináusea são importância do manejo correto de todos os
recomendados para esses pacientes, sinais relacionados ao vômito em cães.
Apesar da avaliação de náusea na ONDANSETRONA no tratamento
medicina veterinária ser normalmente adjuvante de vestibulopatias associadas
subjetiva e verificada por meio de sinais a quadros de enjoo.
como salivação, lambedura excessiva
dos lábios e recusa do alimento, o estudo Protetores de mucosa gástrica
anteriormente descrito sobre êmese Além do uso de fármacos antieméticos,
é importante o uso concomitante de
induzida por cisplatina, também verificou
PROTETORES DE MUCOSA GÁSTRICA
o poder antináusea dos fármacos citados,
em animais apresentando vômito. Estudos
através de avaliação clínica e dosagem de
desenvolvidos em cães saudáveis apontam
vasopressina, um possível marcador sérico
para a superioridade dos inibidores da
de comportamento de náusea. Nesse estudo
bomba de prótons como o OMEPRAZOL
a ONDANSETRONA reduziu em 90% o
em relação aos bloqueadores
escore de comportamento de náusea e o
de H2. O regime de administração
maropitant em 25%, mostrando superioridade
preconizado é a utilização a cada 12 horas
do primeiro nesse quesito. Na análise das
tanto para cães como para gatos. Além
concentrações de vasopressina, os cães que
disso, para interrupção do uso de omeprazol
receberam ondansetrona apresentaram
quando a duração da terapia for superior
valores semelhantes ao basal, enquanto
a quatro semanas, é recomendada a
o grupo maropitant em determinados
redução gradativa (desmame) do fármaco
momentos da análise apresentou picos
para evitar efeitos rebotes e hipersecreção
semelhantes ao grupo placebo, corroborando
de ácido gástrico.
com os dados clínicos.

Além do efeito na prevenção da náusea


Todas estas manobras no controle de efeitos
induzida por quimioterapia, recentemente
gastroentéricos em pacientes veterinários
um estudo avaliou a eficácia da
visam diminuir os riscos relacionados à
ondansetrona no controle da náusea
êmese que incluem anorexia e perda de
induzida por vestibulopatias. Foram
peso e, em casos mais graves, desidratação,
avaliados 16 cães com sinais vestibulares
distúrbios hidroeletrolíticos, choque
associados a sinais de náusea (salivação,
hipovolêmico e pneumonia por aspiração.
lambedura excessiva dos lábios, letargia)
Além disso, o controle de náusea e vômito
tratados com ondansetrona. Todos os
garante a manutenção da qualidade de
animais do estudo apresentaram redução
vida dos pacientes que é o foco principal
significativa do comportamento de do tratamento dos pacientes veterinários.
náusea, demonstrando a efetividade da

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
ELWOOD, C.; DEVAUCHELLE, P.; ELLIOTT, J.; FREICHE, V.; GERMAN, A.J.; GUALTIERI, M.; HALL, E.; DEN HERTOG, E.; NEIGER, R.; PEETERS, D.; ROURA, X.; SAVARY‐BATAILLE, K. Emesis in dogs: a review. Journal of Small Animal Practice, v.51,
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FOTH, S.; MELLER, S.; KENWARD, H.; ELLIOTT, J.; PELLIGAND, L.; VOLK, H,A. The use of ondansetron for the treatment of nausea in dogs with vestibular syndrome. BMC Vet Res. v. 17(1):222. 2021. doi:10.1186/s12917-021-02931-9.
KENWARD, H.; ELLIOTT, J.; LEE, T.; PELLIGAND, L. Anti-nausea effects and pharmacokinetics of ondansetron, maropitant and metoclopramide in a low-dose cisplatin model of nausea and vomiting in the dog: a blinded crossover study. BMC
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MARKS, S. L.; KOOK, P. H.;, PAPICH, M.G.; TOLBERT, M.K.; WILLARD, M.D. ACVIM consensus statement: Support for rational administration of gastrointestinal protectants to dogs and cats. Journal of Veterinary Internal Medicine. V.32,
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QUIMBY, J. M.; LAKE, R. C.; HANSEN, R. J.; LUNGHOFER, P. J.; GUSTAFSON, D. L. Oral, subcutaneous, and intravenous pharmacokinetics of ondansetron in healthy cats. J. Veterinary Pharmacology and Therapeutics. V.37, p.348– 353, 2014.
WILLIAMS, J.; PHILLIPS, C.; BYRD, H.M. Factors Which Influence Owners When Deciding to Use Chemotherapy in Terminally Ill Pets. Animals, v.7, 18, 2017. https://doi.org/10.3390/ani7030018.
ON DA NS E T R O NA NA
ME DIC I N A F ELINA

Profa. MSC. Carla Santos


Doutoranda em Medicina Veterinária na UFRRJ
Professora da Disciplina de Clínica Médica dos Caninos e Felinos -UNIVERITAS / RJ
Membro da diretoria da ABFel

A INAPETÊNCIA é o principal motivo que leva o tutor a buscar uma consulta veterinária
para seu gato. A ausência de apetite pode ser o primeiro e único sinal clínico em um felino
doente. A qualidade de vida de um paciente é relacionada à ingestão alimentar de várias
formas. Além da importância sob ponto de vista fisiológico e nutricional, a sensação de
bem-estar é indiscutível para aquele que oferta o alimento, bem como para o próprio animal.
Gatos inapetentes apresentam redução na qualidade de vida, desequilíbrio nutricional e
perda de peso que pode reduzir o tempo de expectativa de vida quando associada a doenças
crônicas como por exemplo a doença renal crônica.

O VÔMITO é um sinal clínico comum que ocorre por distúrbios localizados ou sistêmicos.
Na experiência da autora, a queixa clínica de inapetência sobrepõe-se à queixa do vômito
na medicina felina. O ato de vomitar pode ser dividido em três componentes: náusea,
vômito improdutivo e vômito.

A NÁUSEA precede o vômito improdutivo e o vômito. A queixa de náusea é incomum,


apesar de ser uma sensação desagradável com desconforto e mal-estar. A presença de
náusea está relacionada com a inapetência para o tutor. Assim, a identificação da náusea é
um desafio para o tutor e o médico veterinário deve auxiliar nesse reconhecimento (quadro
1). Sinais evidentes de náusea podem incluir prostração, tremores, comportamento de se
esconder, bocejo, lambedura dos lábios. A salivação aumentada e a deglutição têm a função
de lubrificar o esôfago e neutralizar o ácido gástrico. Assim, ajudar o tutor a identificar a náusea
colabora com a avaliação clínica e tomada de decisão em utilizar antieméticos independente da
frequência e presença do vômito.
QUADRO 1. SINAIS CLÍNICOS E COMPORTAMENTO
PARA IDENTIFICAR O GATO COM NÁUSEA

Sialorreia (principalmente associada à alimentação forçada)

Lambedura dos lábios

Mastigação/ranger os dentes

Deglutições repetidas

Mostrar interesse pelo alimento novo e consecutivamente negar-se a comer

Muitos gatos iniciam a alimentação e deixam o alimento cair e desistem de se alimentar

Alteração de postura corporal

O VÔMITO caracteriza-se pela ejeção forçada de conteúdo gástrico e, ocasionalmente, duodenal, pela boca. É um reflexo complexo,
controlado pelo centro do vômito, e requer a atuação combinada das atividades gastrointestinais, muscular, respiratória e neurológica.
A expulsão de conteúdo gástrico é precedida de sinais prodrômicos, tais como inquietação ou ansiedade, náuseas, contrações
abdominais rítmicas e repetidas que culminam com extensão do pescoço, abertura da boca e expulsão do conteúdo gástrico, que pode
ser acompanhada de sons característicos. Estes sinais são reconhecidos como mímica do vômito. Sua observação é de fundamental
importância para a diferenciação clínica entre regurgitação e vômito.

A REGURGITAÇÃO é a eliminação retrógrada e passiva do conteúdo esofágico e não está associada aos sinais prodrômicos do vômito.
Por não ser capaz de diferenciá-los, a maioria dos proprietários confundem os dois processos e apresentam a queixa de vômito no
consultório veterinário. A diferenciação inicial é feita por meio de cuidadosa e completa anamnese, com o relato detalhado de todas as
características da ocorrência1.

CARACTERÍSTICAS REGURGITAÇÃO VÔMITO

Sinais prodrômicos Ausentes Presentes

Mímica de vômito Ausente Presente

Atividade muscular abdominal Ausente (processo passivo) Presente (processo ativo)

Conteúdo alimentar Não digerido Variável

Formato Bolo ou tubular Variável (não tubular)

Bile Não Pode estar presente

Tabela 1. Principais diferenças entre os sinais clínicos


de regurgitação e vômito. (Adaptada de TOLEDO, F.;
CAMARGO, P. L., 2020)
Figura 1. Imagem de conteúdo alimentar parcialmente Figura 2. Imagem de conteúdo alimentar com formato
digerido com presença de bile – Vômito de um gato. tubular – regurgitação de um felino.
(Fonte: arquivo pessoal) (Fonte: arquivo pessoal)

Controle da náusea e vômito em felinos

O controle da NÁUSEA e do VÔMITO é


imprescindível. Independentemente da causa ou doença
de base, esses sinais clínicos devem ser manejados o
quanto antes com objetivo de reduzir ou até mesmo
resolver a INAPETÊNCIA. O gato é um carnívoro
estrito, o que significa que utiliza preferencialmente
a via de gliconeogênese para obtenção de energia.
A anorexia prolongada desvia essa via
metabólica contribuindo para o acúmulo de
triglicerídeos nos hepatócitos, que favorece
ao desenvolvimento da lipidose hepática.
A ONDANSETRONA é um fármaco antagonista dos receptores serotoninérgicos 5-HT3
eficaz no controle da náusea e vômito no gato. No entanto, são escassos os estudos sobre a
farmacocinética e sua utilização prática na espécie. O uso da ondansetrona
por via transdérmica não é recomendada pela ausência de níveis
sanguíneos detectáveis em gatos2. Em um estudo com seis gatos
saudáveis, a biodisponibilidade e meia-vida da ondansetrona
pela via subcutânea foi significativamente maior que pela
via oral, o que sugere que a administração subcutânea
em gatos saudáveis resulta em uma exposição mais
prolongada do que a administração oral 3.

O uso da ONDANSETRONA tem sido descrito como


uma ferramenta no controle da náusea e vômito de
gatos com doença renal crônica, pancreatite e lipidose
hepática4,5,6. Além disso, tem sido utilizada por via oral
na frequência de duas vezes ao dia (a cada 12 horas)
para a prevenção e controle da náusea no paciente
felino em quimioterapia7. Os efeitos adversos associados
são incomuns, mas a associação a outros fármacos com
efeito serotonérgicos deve ser realizada com cautela.

A autora utiliza a ONDANSETRONA em sua rotina clínica pela via de


administração oral, subcutânea e intravenosa. Particularmente, a ondansetrona
por via oral é a via de prescrição preferencial na grande maioria dos pacientes
que não necessitam de internação. O intervalo inicial de administração
do fármaco é realizado a cada 12 horas e o aumento na frequência de
administração ajustado com a resposta clínica do paciente. Ressalta ainda
que a maior parte dos pacientes felinos apresentam uma resposta clínica
satisfatória no controle da naúsea e vômito com administração de duas vezes
ao dia. Essa afirmativa parece confrontar o estudo de farmacocinética desse
fármaco em gatos saudáveis. Todavia, há necessidades de mais estudos na
espécie para elucidação de seu efeito na diversidade de afecções clínicas que
acometem os pacientes felinos.

Referências bibliográficas.
1. TOLEDO, F.; CAMARGO, P. L. Semiologia do sistema digestório. Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico. 4ª ed. Roca, Rio de Janeiro, p. 165, 2020.
2. ZAJIC, Lara B. et al. Assessment of absorption of transdermal ondansetron in normal research cats. Journal of feline medicine and surgery, v. 19, n. 12, p. 1245-1248, 2017.
3. QUIMBY, J. M. et al. Oral, subcutaneous, and intravenous pharmacokinetics of ondansetron in healthy cats. Journal of veterinary pharmacology and therapeutics, v. 37, n. 4, p. 348-353, 2014.
4. QUIMBY, Jessica M. Update on medical management of clinical manifestations of chronic kidney disease. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, v. 46, n. 6, p. 1163-1181, 2016.
5. FORMAN, Marnin A. et al. ACVIM consensus statement on pancreatitis in cats. Journal of veterinary internal medicine, v. 35, n. 2, p. 703-723, 2021.
6. WEBB, Craig B. Hepatic lipidosis: clinical review drawn from collective effort. Journal of feline medicine and surgery, v. 20, n. 3, p. 217-227, 2018.
7. DOS SANTOS CUNHA, Simone Carvalho et al. Retrospective study of adverse events of chemotherapy in cats. Acta Scientiae Veterinariae, v. 46, n. 1, p. 12, 2018.
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