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Gastroenterites

Inflamação da mucosa gástrica e intestinal.

As gastroenterites são frequentes, de etiologia diversificada que nem sempre é identificada.

A terapia de suporte e sintomática é sempre realizada e muitas vezes suficiente para plena
recuperação do paciente.

Casos não complicados não necessitam de antibioticoterapia.

Manejo nutricional, probióticos e prebióticos são escolhas mais assertivas no manejo.

1) Causas dietéticas: Intolerância alimentar. Quando o animal ingere um alimento que não
deveria fazer parte da sua dieta  gastroenterite induzida por prática de alimentação
indevida.
Pode ocorrer também intoxicação alimentar ou infecção alimentar.
2) Causas virais: Ocorre nos pacientes mais jovens, como parvovirose, cinomose,
coronavirose (menos frequente).
3) Causas bacterianas: Clostridioses, Salmonelose, Colibacilose  diagnóstico difícil.
Muitas dessas bactérias são encontradas no indivíduo hígido. Temos o PCR que
identifica as toxinas das bactérias, é um exame mais confiável, porém é necessário a
exclusão de outras causas.
Síndrome da diarreia hemorrágica aguda: Início súbito, animais adultos jovens e bem
cuidados. Tem relação com a enterotoxina Clostridium perfringens.
4) Causas parasitárias: Protozoários como giárdia. Exames rápidos, parasitológicos e PCR
podem ser utilizados. Há também isosporose e criptosporidiose, além de helmintos.
5) Doenças sistêmicas: Erliquisoe, leptospirose, leishmaniose, endocrinopatias,
hepatopatias, nefropatia, pancreatite .
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA:
- Anamnese
- Exame físico
- Exames complementares para direcionamento (hemograma, elisa fecal,
coproparasitológico, PCR – painéis diarreia, perfil bioquímico, urinálise, USG

ABORDAGEM TERAPÊUTICA: Maioria das causas são AUTOLIMITANTES, porém é


importante realizar um tto de suporte sintomático.

Gastroenterites complicadas/graves: Animais desidratados, com hematoquezia, vômito e


diarreia intensos, alterações eletrolíticas, choque, risco de translocação bacteriana e sepse,
desnutrição severa, íleo (com progressão da doença, ocorre redução da motilidade
gastrointestinal e isso AGRAVA as náuseas e os vômitos), disbiose intestinal,
intussuscepção e perfuração intestinal são complicações mais raras e graves que podem
ocorrer.

Tratamento:
1. Específico >> nem sempre é possível chegar na causa, mas envolve terapias específicas.
2. Tratamento sintomático >> que envolve terapia sintomática com fluido, gastroprotetores,
antieméticos, antidiarreicos.
3. Adjuvantes >> Dietas especiais, uso de aminoácidos, vitaminas e minerais, pro e
prebióticos que possuem muitos benefícios, transplante de microbioma fecal, carvão ativado
com ação de adsorção e imunoglobulinas.

FLUIDO: Indicação principal > corrigir desidratação e hipovolemia (redução do volume


sanguíneo circulante). Soro RL é mais comum pois as acidoses são mais frequentes nas
gastroenterites.
Monitoração de: parâmetros clínicos, peso corporal, débito urinário, hematócrito, proteína
total, glicose, eletrólitos, hemogasometria.
ANTIEMÉTICOS: Para evitar mais perdas hídricas e eletrolíticas. Promove bem-estar, faz
o animal retornar à alimentação e minimiza estresse. Maropitant – adjuvante na analgesia
visceral.

*Vômitos persistentes:
> rever diagnósticos diferenciais;
> corrigir distúrbios eletrolíticos como hipocalemia;
> uso de pro-cinéticos para melhorar a motilidade e quantidade de vômitos;
> associar/aumentar dosagem de antieméticos;
> aspiração por sonda nasogástrica para esvaziar estômago;

GASTROPROTETORES:
* Omeprazol
* Famotidina
* Sucralfato

Indicação: mais nos casos em que realmente há lesão na mucosa gástrica ou esofágica
(refluxo, ulcera, esofagite.

PRÓ-CINÉTICOS:
* Metoclopramida
* Bromoprida
* Domperidona
* Eritromicina

Indicação: estase gástrica e intestinal, silêncio na ausculta abdominal, sinais na USG.

ANALGESIA:
* Dipirona
* Butorfanol 0,1 a 0,2/kg/hora IF (ter cuidado com os opióides, pois causam íleo)
* Lidocaína 15 a 30ug/kg IF
* Metadona, morfina, tramadol
* AINES contraindicados (isquemia gastrointestinal e renal)

MANEJO NUTRICIONAL: Nutrição enteral o mais cedo possível é o indicado (aumenta


o fluxo sanguíneo da mucosa intestinal, aumenta a integridade da mucosa, aumenta a
motilidade, aumenta os sistemas enzimáticos funcionantes, preserva a microbiota,
recuperação mais rápida do animal).
Alimento de alta digestibilidade e início gradual.
Transição para alimentos completos.
Patê/ração linha gastrointestinal.

SUPLEMENTOS/AMINOÁCIDOS:
*Glutamina
*Arginina
*Triptofano
*Metionina
*Taurina (gatos)
*Mineirais: eletrólitos, zinco, vitaminas do complexo B
PROBIÓTICOS: São micro-organismos vivos com objetivo de colonizar e tornar a
microbiota mais saudável.
PREBIÓTICOS: Precursores para microbiota saudável.
SIMBIÓTICOS: Recuperação mais rápida. Melhor evolução comparado à antibióticos nas
diarreias agudas.

ADSORVENTES: Uso oral ou na forma de enemas (10ml/kg/BID 3 a 5 dias).

ANTIBIOTICOTERAPIA: Casos graves, risco de sepse, translocação bacteriana,


patógeno sensível apenas à antibiótico.
Contraindicações:
- Diarreias agudas não complicadas;
- Primeira escolha para giardíase;

ANTIDIARREICOS que reduzem motilidade: podem ser prejudiciais (opióides, imosec,


buscopan)

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