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Náuseas e vômito

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Náuseas e vômito
Larissa Prado
FASA - BA
Náuseas e vômito
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INTRODUÇÃO

O conceito de náusea é uma sensação subjetiva de vomitar, que pode ser percebida na
garganta ou epigástrio. Já o vômito é a ejeção de conteúdo gastrointestinal pela boca. Em geral, a
náusea precede o vômito, e aqueles que não são precedidos por náuseas são chamados de "vômitos
em jato’’.Dentre as principais causas estão as doenças gastrintestinais, pós-quimioterapia, sendo
sintomas extremamente frequentes, associado a inúmeras doenças.

Náuseas e vômitos são sintomas frequentes que diminuem a qualidade de vida dos pacientes e
apresentam complicações com potencial de grande morbidade.

ETIOLOGIA

O vômito é resultante de um conjunto de ações que acontecem após estímulos aferentes


com a contração de músculos respiratórios, abdominais e diafragmáticos contra a glote fechada,
aumentado a pressão intra-abdominal, levando ao conteúdo gástrico para o esôfago. As náuseas e
vômitos são as mais comuns reações adversas a diversas medicações como, opioides, anti-
inflamatórorios não hormonais, antibióticos, digoxina, agonistas dopaminérgicos, quimioterápicos.

Entre as causas infecciosas a gastroenterite aguda é a êmese, principalmente por causas


virais. As obstruções gástricas e intestinais levam a náuseas importantes, além das condições
associadas a gastroparesia como a neuropatia autonômica decorrente da DM, ou por amiloidose,
doenças do colágeno. O aumento da pressão intracraniana também esta relacionada a vômitos,
ademais espostas emocionais a odores, gosto ou memórias podem induzir vômitos. A seguir são
descritas outras importantes etiologias de náuseas e vômitos, figura 1.
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Principais etiologias de náuseas e vômitos

Quimioterápicos; analgésicos e anti-


1. Associadas a medicações inflamatórios; Antibióticos; Digoxina,
Opioides; Uso abusivo de álcool.

Obstrução mecânica; Alteração funcional


gastrointestinal; Inflamação peritoneal;
2.Alterações peritoneais e intestinais
Úlcera péptica; Pancreatite; Colecistite;
Isquemia mesentérica.

Gastroenterites; Outros quadros


3.Causas Infecciosas
infecciosos com toxemia.

Enxaqueca; Hipertensão intracraniana;


4.Causas de SNC Pós-convulsão; Doenças psiquiátricas;
Doenças vestibulares.

Insuficiência adrenal; Hipertireoidismo;


5.Causas endócrinas e metabólicas
Uremia; Porfiria

6. Vômitos pós-cirurgia

7. Vômitos cíclicos

8. Infarto agudo do miocárdio e outras causas

FIGURA 1. FONTE:VELASCO, Irineu Tadeu. Manual de medicina de emergência. São Paulo: Manole,
2018. 1089 p.

ACHADOS CLÍNICOS

Os achados clínicos podem variar de acordo com a etiologia responsável pelas náuseas e
vômitos. Vômitos associados a diarreia, mialgias, febre e cefaleia são sugestivos de quadros
infecciosos, já os vômitos que ocorrem logo após a ingestão alimentar sugerem obstrução gástrica.
Vômitos contínuos podem ocorrer em quadros conversivos e vômitos intermitentes em pacientes
depressivos. A esclerodermia pode levar a vômitos associados a achados característicos como
esclerodactilia ou hipotensão postural. Os pacientes com doenças malignas, associados ao vômito,
apresentam perda ponderal importante.
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Os vômitos se classificam de acordo com seu aspecto e conteúdo em: Vômitos alimentares,
são constituídos por restos alimentares; Vômitos aquosos, compostos de saliva deglutida ou de
secreção esofagiana; Vômitos biliosos, quando são tingidos de bile; Vômitos mucosos, ricos em
muco e de aspecto gelatinoso; Vômitos porráceos: são constituídos de massas de aspecto herbáceo,
resultante da mistura de secreção gástrica, biliar, duodenal e, também, de matéria fecal; Vômitos
fecalóides, verdes ou escuros e têm cheiro de fezes e indicam obstrução baixa do íleo ou do colo ou
peritonite; Vômitos de sangue, com “raias de sangue” até as hematêmeses, que podem ser
ocasionados por sangramentos do trato digestivo alto, como gastrite hemorrágica, doença ulcerosa
péptica e ruptura de varizes esofágicas.

Ao exame físico alguns achados podem ser direcionadores, como a ausência de ruídos
hidroaéreos indicando a presença de íleo paralítico, rigidez na parede abdominal e dor a
descompressão brusca, podem incitar quadros inflamatórios. Já a rigidez nucal pode ocorrer em
pacientes com encefalopatia hepática. Ademais, em adolescentes, o vômito psicogênico tem
incidência aumentada, especialmente no sexo feminino.
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DIAGNÓSTICO E EXAMES
COMPLEMENTARES

A partir da história e exame físico do paciente pode-se elucidar a etiologia da náusea e


vômito, além de verificar a presença de complicações relacionadas a elas. Alguns exames
complementares podem ser solicitados para facilitar a triagem diagnóstica.

EXAME INDICAÇÃO E ACHADOS

Hemograma completo Indicação na suspeita de condições inflamatórias, pode ocorrer


leucopenia infecções virais, leucocitose em infecções bacterianas
e anemias por perdas ou por inflamação crônica.

Beta-HCG Em mulheres com suspeita de gestação

Eletrólitos e função renal Em pacientes com suspeita de desidratação secundária ou uremia.

VHS Marcadores inflamatórios para casos com sinais de gravidade.

Enzimas hepáticas Em suspeita de hepatite

Gasometria venosa Em casos de gravidade pode ocorrer acidose metabólica.

Amilase e Lipase Em suspeita de pancreatite

Rx de abdome em 3 Baixo custo, pode mostrar sinais de obstrução intestinal e


posições perfuração visceral.

Endoscopia Digestiva Alta Indicada para pacientes com hemorragia digestiva alta ou suspeita
de obstrução do trato digestivo superior.

TC de abdome Em suspeita de obstrução intestinal ou acometimento inflamatório


de vísceras.

TC de crânio Em suspeita de hipertensão intracraniana

FIGURA 2. Abordagem do paciente com náuseas e vômitos. FONTE: VELASCO, Irineu Tadeu. Manual de
medicina de emergência. São Paulo: Manole, 2018. 1089 p.
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FIGURA 3. Abordagem do paciente com náuseas e vômitos. FONTE: VELASCO, Irineu Tadeu. Manual de
medicina de emergência. São Paulo: Manole, 2018. 1089 p.

TRATAMENTO

Inicialmente deve-se decidir sobre a necessidade ou não de reposição volêmica intravenosa.


Se houver, alteração de turgor da pele e a alteração da pressão arterial indicam perda de mais de
10% da volemia e são indicativas de reposição endovenosa, preferencialmente com solução
fisiológica a 0,9%. O K+ só deve ser reposto se houver adequado debito urinário e hipocalemia.

A conduta inicial é a suspensão da dieta por um período breve, de acordo com a intensidade
dos vômitos, oferecendo-se líquidos para manter hidratação adequada: inicialmente, 10 a 15 mL de
uma solução glicossalina ou solução hidratante preconizada pela OMS a cada 15 minutos e, a seguir,
se houver boa tolerância, reiniciar a dieta, sempre começando com pequenos volumes – 30 a 50 mL
oferecidos a cada duas ou três horas. Mesmo que o paciente vomite com a instilação da solução
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hidratante, ela deve ser continuada, já que a absorção de pequena quantidade de glicose já é
suficiente para controlar a cetose.

A terapêutica medicamentosa raramente está indicada no controle dos episódios agudos


de vômitos, devido a seus efeitos colaterais e pela possibilidade de mascarar a causa básica,
atrasando o tratamento definitivo. Entretanto, nos casos resistentes, quando o tratamento dietético
e as medidas gerais citadas forem ineficazes, o emprego de drogas antieméticas pode ser útil. As
drogas mais usadas atualmente são a ondansetrona, a metoclopramida, a clorpromazina, o
dimenidrato, a domperidona, e a bromoprida.

Deve-se prescrever apenas uma única dose do medicamento, aguardar 40 a 60 minutos e,


então, começar a oferta de líquidos, sempre em pequenos volumes, como recomendado. Se os
vômitos persistirem, de nada adiantará a recomendação de novas doses de antiemético,
aumentando-se os riscos de intoxicação, devendo-se proceder à hidratação venosa.

FIGURA 4. Tratamento
de náuseas e vômito.
FONTE: VELASCO,
Irineu Tadeu. Manual
de medicina de
emergência. São Paulo:
Manole, 2018. 1089 p.
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INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO

As indicações para internação são: Hipotensão significativa, etiologias potencialmente


graves e distúrbios eletrolíticos significativos. Ademais, a necessidade de seguimento é
relacionada à doença de base.

REFERÊNCIAS

1. Longo, DL et al. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 19th ed. New York: McGraw-Hill,
2015.
2. Goldman, L.; Schafer, AI. Goldman’s Cecil Medicine. 25th ed. Philadelphia: ElsevierSaunders,
2016.
3. IMBODEN, John; HELLMANN, David; STONE, John. CURRENT Diagnóstico e Tratamento. 2.
ed. Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2011. 593 p.
4. VELASCO, Irineu Tadeu. Medicina de Emergência: Abordagem prática. 13. ed. São Paulo:
Manole, 2019.
5. VELASCO, Irineu Tadeu. Manual de medicina de emergência. São Paulo: Manole, 2018.
1089 p.
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