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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM

ALTERAÇÕES DO SISTEMA DIGESTIVO:


DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS, BILIARES,
PANCREÁTICOS E ANORRETAIS

PROF. ME. NATASHA ANDRADE


DISTÚRBIOS GASTRINTESTINAIS, BILIARES
PANCREÁTICOS E ANORRETAIS

 Gastrite
 Diarreia
 Apendicite
 Pancreatite
 Colelitíase
 Hemorroida
GASTRITE
Inflamação da mucosa
gástrica que pode ser
aguda ou crônica
CLASSIFICAÇÃO

 Gastrites agudas permitem uma abordagem mais simplificada, por serem de


aparecimento súbito, evolução rápida e facilmente associadas a um agente:
 Medicamentos, infecções e estresse físico ou psíquico podem levar a uma gastrite
aguda.
 Ácido acetil-salicílico (aspirina, AAS), anti-inflamatórios não esteroides, corticóides,
bebidas alcoólicas e a ingestão acidental ou proposital de certas substâncias
corrosivas são exemplos de agentes agressores.
 Alimentos contaminados por germes, como bactérias, vírus, são causa frequente
de inflamação aguda do estômago
CLASSIFICAÇÃO

 A gastrite crônica pode estar relacionada a infecção pela bactéria


Helicobacter Pylori, pois leva à destruição da barreira protetora que
reveste a mucosa do estômago, permitindo que o ácido gástrico agrida a
própria mucosa gástrica, o que leva à inflamação da mesma,
caracterizando a gastrite.
FATORES DE RISCO

 Infecção pela bactéria Helicobacter pylori


(H. pylori)
 Outras possíveis causas: uso excessivo de
AAS e outros AINES, consumo excessivo de
álcool e drogas, refluxo biliar, estresse,
café
SINAIS E SINTOMAS
 Desconforto epigástrico
 Hipersensibilidade abdominal
 Eructação, náuseas e vômitos
 Cólicas, diarréia 5 horas após
a ingestão de substâncias ou
alimentos contaminados
 Hematêmese
DIAGNÓSTICO
 Exame físico
 Anamnese
 Endoscopia
 A gastrite bacteriana pode ser diagnosticada com
uma biopsia.
TRATAMENTO CLÍNICO
 O tratamento da gastrite, exige – primeiramente – uma reeducação
alimentar.
 É necessário evitar ingestão de refeições cheias de, principalmente,
carnes vermelhas e frituras.
 É necessário realizar uma dieta fragmentada a cada 3 horas e não
comer grandes porções de uma vez só.
 E, em casos de infecção bacteriana aguda ou crônica, é preciso
tomar medicamentos específicos e antibióticos.
 Também é importante evitar o consumo de álcool e de tabaco.
Apoio terapêutico pode, em muitos casos, ser necessário.
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Diminuir a atividade motora do estômago


oferecendo uma dieta branda;
 Alívio da dor
 Orientações sobre cuidados domiciliares
(alimentação, evitar álcool e cigarro)
DIARRÉIA
A diarréia pode ser definida pela ocorrênciade
três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas
nas últimas 24 horas.

Tem como característica principal a evacuação de


fezes líquidas ou pastosa com frequência e sem
controle.
CLASSIFICAÇÃO
❑ Diarreia aguda aquosa: pode durar até 14 dias e determina
perda de grande volume de fluidos e pode causar desidratação.

❑ Diarreia aguda com sangue (Disenteria): é caracterizada pela


presença de sangue nas fezes. Apresenta lesão na mucosa
intestinal.

❑ Diarreia persistente: quando a diarreia aguda se estende por mais


14 dias. Pode provocar desnutrição e desidratação
CAUSAS
 As diarreias podem ter causas
infecciosas (vírus ou bactérias),
parasitárias,alérgicas,medicamentosas
ou inflamatórias intestinais.

 Alergia ao leite de vaca,


deficiência de lactose, apendicite
aguda, uso de laxantes e antibióticos,
intoxicação por metais pesados.
CAUSAS

As causas da diarreia aguda podem ser agrupadas em


quatro categorias principais:
 Bacterianas
 Vi r a i s

 Parasitárias e

 Infecciosas.
DIARREIA AGUDA - ETIOLOGIA
BACTERIANA:

DIARREIA AGUDA - ETIOLOGIAS:

•Os vírus que mais causam diarreia são os


Diarreia aguda de
etiologia viral Rotavírus, seguido pelo Norovírus, Adenovírus,
Astrovírus, Enterovírus

Diarreia aguda de •As diversas formas de infecções parasitárias


etiologia ocorrem especialmente em regiões com más
parasitária condições higiênicas- sanitárias.
FISIOPATOLOGIA


SINAIS E SINTOMAS
Número aumentado de evacuações de consistência amolecida, pastosa
ou mesmo líquida.
Geralmente as fezes assumem um odor fétido.

Normalmente há presença de febre.


Perda de energia e do apetite.
Algumas diarreias apresentam dor abdominal e cólicas

Náuseas e vômitos
Em caso graves pode apresentar letargia, sonolência e confusão

mental.
DIAGNÓSTICO
 Anamnese
 Exame físico

 Testes laboratoriais

 Análise de fezes
TRATAMENTO
 Uso de probióticos como Floratil.
 Evitar medicamentos para conter a diarreia como
Imosec (cloridrato de loperamida)
 Antibioticoterapia para as causas bacterianas;

 Acompanhamento nutricional;

 Ingerir 2 a 3 litros de água por dia

 Deve-se evitar frituras, alimentos gordurosos e bebidas,


doces, sucos industrializados
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

 Monitorar sinais vitais


Administrar solução de reidratação oral
Controle de vômitos, com o uso de antieméticos
Avaliar o paciente continuamente
Os pacientes que estiverem reidratados por via
endovenosa, devem permanecer na Unidade de Saúde
até que estejam hidratados e conseguindo manter a
hidratação por via oral
APENDICITE
• Inflamação do apêndice que se
manifesta por dor epigástrica
ou peri-umbilical vaga e
progride para dor no
quadrante inferior direito do
abdome
• A principal complicação é a
peritonite
CAUSAS
As causas da apendicite não são sempre claras, mas algumas
situações são conhecidas por levar à inflamação no apêndice:
 Obstrução por gordura ou fezes

 Infecção, como a gastrointestinal causada por vírus

Em ambos os casos, uma bactéria presente naturalmente


dentro do apêndice começa a se multiplicar rapidamente,
causando a inflamação e o inchaço do apêndice, que fica
também cheio de pus. Se não tratada prontamente, a
apendicite pode causar o rompimento do apêndice.
SINAIS E SINTOMAS
 Dor abdominal:
 que se manifesta do lado direito e na parte baixa do abdômen, na
altura do umbigo.
 É uma dor pontual, contínua e localizada, fraca no início, mas que vai
aumentando de intensidade;
 Apetite reduzido
 Constipação intestinal
 Náuseas
 Vômitos
 Febre
DIAGNÓSTICO
 Exame físico: temperatura, do abdome: palpação
superficial, palpação profunda, sinal de Blumberg,
Rovsing e Lenander,
 Anamnese
 Hemograma
 Exame de urina
 Tomografia de Abdome
 Ultrassonografia de abdome
TRATAMENTO
 Tratamento cirurgico: Apendicectomia
 Hidratação endovenosa
 Antibióticoterapia
 Na presença peritonite, lavagem da cavidade com
SF 0,9%
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Risco de infecção relacionado alteração na integridade da pele,


procedimento invasivo, perfuração e ruptura do apêndice,
peritonite.
 Risco de volume de líquidos deficiente relacionado ao vômito,
restrições pós-operatório
 Dor aguda relacionada à distensão dos tecidos intestinais pela
inflamação evidenciada por relatos de dor, careta facial e
respostas autônomas.
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Integridade da pele prejudicada relacionada à incisão cirúrgica


e dreno evidenciado pela apendicectomia (alteração na
integridade da pele);

 Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades


corporais relacionado a doença de base com ingestão alimentar
insuficiente evidenciado por incapacidade percebida de ingestão
de alimentos.
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Pós-operatório imediato:
Avaliar:
vias aéreas, sinais vitais, aparência geral, nível de consciência e
reflexos, nível de dor;
debito urinário;

local da cirurgia e curativos para sinais de hemorragia;


funcionamento dos monitores cardíacos e do oxigênio;

manter via aérea permeável e uma função respiratória ótima;


promover conforto do paciente pela administração de analgésicos
prescritos
Intervenções de enfermagem
Cuidados de enfermagem pós-operatório tardio
observar o local da ferida, identificando presença de odor, edema, rubor que
possa indicar infecção;
avaliar a ferida quanto a sua integridade e estágio de cicatrização;

monitorar o estado hídrico através dos sinais vitais, presença de edemas, balanço
hídrico;
avaliar a presença peristalse, antes de retornar as alimentações orais, e monitorar
para a distensão abdominal, náuseas e vômitos, que possam indicar íleo paralítico;
fornecer medidas para estimular a circulação dos membros inferiores como
compressão pneumática, faixas elásticas, exercícios de amplitude de movimentos e
deambulação precoce;
PANCREATITE
• É um processo inflamatório agudo
que resulta em lesões
parenquimatosas reversíveis.
• As causas mais comuns de pancreatite
são os cálculos biliares (45% dos casos)
e o consumo excessivo de álcool (35%
dos casos)
CLASSIFICAÇÃO
 Aguda – quando ocorre em
uma pessoa previamente
saudável e há resolução do
problema
 Crônica – quando há episódios
repetidos e sintomas contínuos
que podem levar a alterações
da função endócrina e exócrina
do pâncreas
 Pancreatite aguda – inflamação do pâncreas seguida de
edema e necrose tecidual. Se o ducto pancreático for
obstruído haverá hipertensão e risco de ruptura, levando a
liberação de enzimas digestivas e autodigestão do
pâncreas
CAUSAS
Causas frequentes (30-60%)
 LitíaseBiliar
 Alcoolismo

Idiopáticas (10%)
SINAIS E SINTOMAS
 Dor – 90%
 Desconforto abdominal até dor intensa
 Iníciosúbito
 A pancreatite aguda se apresenta com dor epigástrica
no QSD que pode irradiar para região lombar ou
torácica e é aliviada ao deitar em posição fetal
SINAIS E SINTOMAS
Febre
Taquipnéia
Taquicardia

Aumento sensibilidade epigástrica


Contratura muscular

Icterícia clínica

Distensão abdominal
Massa epigástrica – pseudocisto
DIAGNÓSTICO
 Exames laboratoriais (amilase, lipase)
 Rx (íleo paralítico)
 USG
 TC - pode auxiliar na avaliação da gravidade,
extensão e complicações.
TRATAMENTO
 Hidratação venosa
 Equilíbrio hidroeletrolítico
 Suporte respiratório
 Suporte nutricional
 Analgesia
 Cirurgico (colecistectomia)
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM

Dor aguda relacionada a distensão do pancreas, irritação


peritoneal, obstrução do trato biliar.

Volume de líquidos deficiente relacionado a ingestão oral


restrita.

Nutrição desequilibrada: menos que as necessidades


corporais, relacionada com a anorexia, restrição alimentar.
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Monitorar sinais vitais


Controle glicêmico

Administrar hidratação intravenosa


Controle do débito urinário
Controle da dor, com uso de analgésicos prescritos

Controle de náuseas e vômitos


Nutrição enteral pode ser necessária quando o paciente não

consegue se alimentar por via oral após 48 horas


Orientar ao paciente sobre a alimentação, que deve incluir a
restrição de gorduras
COLELITÍASE
• É caracterizada pelo acúmulo de pedras
(cálculos biliares) na vesícula biliar ou nos
ductos biliares. Isso acontece devido a um
desequilíbrio na concentração das
substâncias que compõem a bile, líquido
digestivo produzido pelo fígado e
armazenado na vesícula
TIPOS DE CÁLCULOS BILIARES
 Cálculos de colesterol → AMARELO
 Forma exclusivamente na vesícula biliar
 Sexo feminino e multiparidade

 Obesidade

 Diabetes

 Doença ileal
TIPOS DE CÁLCULOS BILIARES
 Cálculos pigmentados
 PRETOS:
◼ Bilirrubinato
de cálcio
◼ Hemólise crônica
◼ Cirrose

 CASTANHOS:
◼ Infecção crônica de via biliar
FATORES DE RISCO
•Idade (após os 40 anos)
•Sexo (mais prevalente em mulheres)

•Obesidade
•Grávidas
•Reposição hormonal

•Diabetes
•Tabagismo

•Colesterol alto
•Perda de peso abruptamente
•Anticoncepcional oral
SINAIS E SINTOMAS
 Pode ser assintomático ou sintomático
 Se forem sintomáticos:
 Dor abdominal:
◼ hipocôndrio direito e/ou epigastro, com irradiação para região
escapular
◼ Ocorre 30min. a 2hrs após as refeições (Refeição rica em
gorduras)
◼ Desaparece espontaneamente em até 6h
 Pode ser acompanhada de naúseas, vômitos, hipo/acolia
fecal e icterícia.
DIAGNÓSTICO

ULTRASSONOGRAFIA RAIO X – SE HOUVER CÁLCIO NOS CÁLCULOS


TRATAMENTO
 Cirúrgico: colecistectomia

COLECISTECTOMIA ABERTA COLECISTECTOMIA POR


VIDEOLAPAROSCOPIA
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Dor aguda relacionada com o agente lesivo, procedimento


cirúrgico.

 Risco de infecção relacionado alteração na integridade da


pele, procedimento invasivo.
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
 Controle da dor, conforme prescrição médica
 Aliviar náuseas e vômitos
 Proporcionar controle emocional
 Manter equilíbrio eletrolítico
 Orientar quanto ao suporte nutricional adequado
 Avaliar o local da cirurgia e curativos quanto a sinais
de sangramento e infecção
 Monitorar sinais vitais
DOENÇAS ANORRETAIS
O sintoma mais frequente das doenças
anorretais é o sangramento indolor da
região anal, sendo as hemorroidas sua
principal causa.
HEMORRÓIDAS

São veias dilatadas, inflamadas e


doloridas localizadas na parte inferior
do reto ou do ânus. Elas podem ser:
Internas: quando ocorrem apenas
dentro do ânus ou na parte inicial do
reto.
Externas: quando ocorrem na
abertura anal, projetando-se para
fora do ânus.
CLASSIFICAÇÃO
Interna
São localizadas acima da linha denteada
(pectínea). Elas são cobertas por epitélio colunar
inervada por fibras nervosas viscerais que não
estão associadas à dor.
Externa
Situam-se abaixo da linha denteada. Elas são
cobertas por epitélio escamoso e inervada por
nervos somáticos que podem produzir dor.
Mista
FATORES DE RISCO

✓Pressão intra-abdominal elevada;


✓Constipação ou esforço crônico;
✓Dieta com baixo teor de fibras;
✓Posição sentada por longo tempo;
✓Gravidez;
✓Obesidade;
✓Tumores;
✓Ascite.
SINAIS E SINTOMAS
 Hemorroidas internas
◼ Sangramento vermelho-vivo e indolor pelo reto, geralmente com peristaltismo intestinal;
◼ Prolapso: procidência tumoral através do ânus com a evacuação; incontinência fecal e fezes
com muco.

 Hemorroidas externas
◼ Dor: indica trombose, constrição ou úlceras;
◼ Nódulo azulado palpável significa trombose aguda;
◼ Prurido.

 Mistas
◼ Todos os sintomas são possíveis.
DIAGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES

 Anamnese;
 Inspeção;  Trombose;
 Toque retal;  Anemia.
 Anuscopia / Colonoscopia;
 Enema opaco.
TRATAMENTO

 Modificação do estilo de vida:


◼ Hidratação e dieta com alto teor de fibras.

 Tratamento clínico:
◼ Agentes analgésicos;
◼ Cremes de hidrocortisona.

 Tratamento cirúrgico.
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM

 Dor aguda relacionada à pressão ao defecar;

 Risco de constipação relacionado ao medo da dor ao


defecar;
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM

 Administrar analgésicos e anti-inflamatórios, conforme prescrição médica para aliviar


a dor e o desconforto;
 Fazer o banho de assento ou permanecer na banheira de água morna durante 15
min., se possível.
 Evitar ficar sentado por muito tempo e esforçar-se para evacuar;
 Incentivar a ingestão hídrica de no mínimo 2L de água;
 Proporcionar tranquilidade e conforto;
 Orientar quanto a dieta, que deve ser rica em fibras (frutas, verduras), cuidados com
períneo.
REFERÊNCIAS
 Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiologica. Guia de Vigilância e
Saúde. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019.

LEWIS, S.L. et al. Tratado de enfermagem médico-cirurgica: Avaliação e assistencia dos


problemas clínicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.

Ministério da Saúde do Brasil. Manejo do paciente com diarreia.


http:/bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/manejo_paciente_diarreia_cartaz.pdf

 NANDA INTERNACIONAL. Diagnósticos de enfermagem da NANDA-I: definições e


classificação 2018- 2020. Tradução de Regina Machado Garcez. 11. ed. Porto Alegre (RS):
Artmed, 2018.

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