Você está na página 1de 36

“DOUTOR, NÃO CONSIGO

PARAR DE IR AOS PÉS”


DIARREIA

Laura Innocenti Savaris


Virgínia Fink Zanette
CONCEITO

Diarreia é o aumento do teor líquido das fezes, frequentemente


associado ao aumento do número das evacuações e do volume
fecal em 24h.

Geralmente, uma eliminação de fezes maior que 200 g/dia é


considerado um processo diarreico.
FISIOLOGIA
O intestino delgado e o cólon regulam a
secreção e a absorção de água e
eletrólitos, o armazenamento e transporte
do conteúdo intraluminal em direção
anterógrada, e a recuperação de alguns
nutrientes.

O intestino delgado e o cólon possuem


inervação intrínseca e extrínseca.
FISIOLOGIA
A inervação intrínseca é chamada de
sistema nervoso entérico, e é formada
por dois plexos:

● Plexo mioentérico: regula a função


do músculo liso por meio de células
intersticiais de Cajal
● Plexo submucoso/de Meissner:
atua sobre a secreção, a absorção e
o fluxo sanguíneo na mucosa.
FISIOLOGIA
A inervação extrínseca faz parte do
sistema nervoso autônomo e também
modulam as funções motoras e
secretoras.

● Inervação parassimpática: vias


sensoriais e excitatórias viscerais para
o intestino delgado e o cólon.
● Inervação simpática: modula as
funções motoras.
FISIOLOGIA
INTESTINO FIBRAS
E CÓLON SIMPÁTICAS
TRATO
ESPINOTALÂMICO
LATERAL

ÍNSULA VIA NOCICEPTIVA


PERCEPÇÃO
DOS SINAIS
CORTEX
AFERENTES
CEREBRAL
REFLEXO DA DEFECAÇÃO
DURAÇÃO
AGUDA Dura de duas a três semanas.
Mais de 90% dos casos de diarreia aguda são
causados por agentes infecciosos.
Os 10% restantes são causados por medicações,
ingestões tóxicas, isquemia, e alimentação não
balanceada.

CRÔNICA Quando perdura por quatro ou mais semanas.


Cólon irritável. Diarreia aguda que não responde a
terapêutica instituída pode se tornar uma diarreia Harrison
crônica, ou por conta da evolução da doença. Aguda: < 2 semanas
Persistente: 2-4 semanas
Crônica: > 4 semanas
ORIGEM ANATÔMICA
DIARREIA
ALTA
Relacionada com o intestino delgado.
Caracteriza-se por:
Grande volume e maior frequência de evacuações
Dor periumbilical
Grande teor líquido aparente
Gotículas de gordura
Aspecto que sugere má absorção (odor fétido, restos alimentares)
Ausência de pus e muco
Acompanhada de emagrecimento, anemia e deficiência vitamínica
ORIGEM ANATÔMICA
DIARREIA
BAIXA
Relacionada com o cólon.
Caracteriza-se por:
Menor volume e maior frequência de evacuações
Contém muco, pus ou sangue
Acompanhada de puxo, urgência retal e tenesmo

Obs.: o cólon "dorme" à noite, ou seja, se um paciente apresenta diarreia


contínua sua origem possivelmente não é colônica ou exclusivamente
colônica.
MECANISMOS FISIOLÓGICOS

DIARREIA DIARREIA
OSMÓTICA EXSUDATIVA

DIARREIA DIARREIA
SECRETORA MOTORA
MECANISMOS FISIOLÓGICOS

DIARREIA Decorrente do aumento da pressão osmótica do


OSMÓTICA conteúdo intraluminal.

O acúmulo de substâncias não absorvíveis no


intestino delgado pode levar ao retardo da absorção
de água e eletrólitos ou passagem de líquidos do
meio interno para o lúmen intestinal.

Ocorre por defeito na digestão ou absorção de


nutrientes, como na síndrome de má absorção.
MECANISMOS FISIOLÓGICOS

DIARREIA
As fezes podem conter restos alimentares digeríveis e
OSMÓTICA
gordura.

A diarreia cessa ou diminui com um período de jejum


completo mesmo quando associada à esteatorreia.

Frequente em casos de alimentação inadequada ou em


pessoas que utilizam fórmulas para emagrecimento ou
laxantes.
MECANISMOS FISIOLÓGICOS
Acontece pelo aumento da secreção de água e
DIARREIA
eletrólitos pela mucosa intestinal. Na maioria das
SECRETORA
vezes, o AMPc intracelular leva a secreção ativa de
água e eletrólitos pela mucosa do intestino delgado.

Causadas por enterotoxinas bacterianas e por alguns


medicamentos.

Pode ocorrer também por defeitos congênitos de


absorção iônica, por ressecção intestinal ou doenças
que levam a destruição ou redução do número e da
função das células epiteliais da mucosa intestinal
MECANISMOS FISIOLÓGICOS
DIARREIA
Gerada pelo aumento da permeabilidade da mucosa
EXSUDATIVA
intestinal.

Alterações inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas


na mucosa intestinal resultam em passagem anormal
de líquidos do meio interno para o lúmen do
intestino delgado.

Doenças inflamatórias e linfomas difusos do intestino


delgado.
MECANISMOS FISIOLÓGICOS

DIARREIA
EXSUDATIVA O líquido proveniente do intestino delgado terá um
alto teor de proteínas séricas e leucócitos, produzido
como reação a danos nos tecidos e vasos sanguíneos,
o chamado exsudato.

A diarreia não cessa com o jejum, podendo haver


febre, dor abdominal e eliminação de sangue
parcialmente digerido.
MECANISMOS FISIOLÓGICOS

DIARREIA Decorre da alteração da motilidade do intestino delgado


MOTORA (lentificação ou aceleramento do trânsito do intestino).

O aumento do teor de líquido das fezes pode não provocar


mudanças exuberantes e pode passar despercebido ao
paciente.

Pode ocorrer o aumento do número das dejeções sem que haja


aumento do teor de líquido das fezes.
ANAMNESE
01 INÍCIO 05 DURAÇÃO DO PROCESSO DIARREICO

02 NÚMERO DE EVACUAÇÕES 06 ALIMENTAÇÃO

03 VOLUME DE CADA EVACUAÇÃO 07 USO DE MEDICAMENTOS

04 ASPECTO GERAL DAS FEZES 08 DOR ABDOMINAL, FEBRE


OU EMAGRECIMENTO
ANAMNESE

09 DOENÇAS ASSOCIADAS As evacuações podem


apresentar um caráter
"explosivo”.
10 VIAGENS
Sempre que tiver
oportunidade, o médico
11 ANTECEDENTES FAMILIARES
deve examinar as fezes
pessoalmente
EXAME FÍSICO
Aspecto geral Dados vitais
do paciente

Perfusão
Anemia períférica

Peso
Febre

Grau de Palpação
hidratação abdominal
EXAMES COMPLEMENTARES

Diarreia aguda: 90% das vezes Nas fezes: pesquisa de leucócitos,


não são necessários. parasitas/ovos e cultura

Na presença de sinais e No sangue: hemograma completo,


sintomas de infecção grave ou eletrólitos, ureia/creatinina e
diante de casos de diarreia hemocultura
crônica, os principais exames
a serem pedidos são os Retrossigmoidoscopia
seguintes:
Radiografia simples de abdome
TRATAMENTO
DIARREIA AGUDA

Reposição hidreletrolítica
Pacientes profundamente desidratados necessitam de reidratação
intravenosa.
Quando a diarreia é moderadamente grave, afebril e não
sanguinolenta, podem ser usados agentes antissecretores e
antimotilidade.
Também pode ser útil, o uso de antibióticos, os quais podem
reduzir a gravidade e a duração da diarreia.
TRATAMENTO
DIARREIA CRÔNICA

O tratamento da diarreia crônica depende da etiologia específica e


pode ser:
Curativo: quando a causa pode ser erradicada
Supressor: quando a diarreia pode ser controlada por
supressão do mecanismo que causa a diarreia
Empírico: quando não se consegue diagnosticar a causa ou o
mecanismo específico.
ESTEATORREIA
Aumento da quantidade de gorduras excretadas nas fezes.

Má absorção secundária de gorduras.

Pode ser decorrente da má absorção apenas do componente lipídico


da dieta ou de todos os macronutrientes.

O paciente pode apresentar fraqueza, fadiga e perda de peso,


podendo evoluir para casos de hiperfagia ou anorexia.
ESTEATORREIA

Se a excreção fecal de gordura for pouca, a esteatorreia pode


ser inaparente.

Associa-se à diarreia com aumento do volume das fezes.

É normal o paciente apresentar cólicas periumbilicais,


distensão abdominal e flatulência.
ESTEATORREIA

As dejeções são volumosas, brilhantes, lustrosas e com


tendência ao clareamento.

As fezes podem ficar flutuando na água do vaso sanitário.

Podem haver a emissão de uma substância oleosa,


esbranquiçada, ou ainda, a formação de gotas ou placas de
gordura na água do vaso sanitário.
ESTEATORREIA X VITAMINAS

A absorção das vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K) depende


da eficiência dos processos de digestão e absorção das gorduras,
então na esteatorreia de longa duração costumam surgir sinais e
sintomas indicativos dessas carências:

Hiperqueratose cutânea e cegueira noturna: vitamina A.


Doença óssea: vitamina D
Distúrbios hemorrágicos: vitamina K.
ESTEATORREIA X VITAMINAS
DISENTERIA

É uma síndrome na qual, além da diarreia acompanhada de


cólicas intensas, as fezes são mucossanguinolentas.

Ocorre tenesmo ao final de cada evacuação.

Pode ser de origem amebiana ou bacilar (Shigelose).


RITMO INTESTINAL
O ritmo intestinal varia de um indivíduo para outro.

Considera-se normal desde três evacuações por dia até uma


evacuação a cada 2 dias.

Se indivíduo que tinha um ritmo intestinal normal, passa a


apresentar a alternância de obstipação e diarreia deve ser
feita uma investigação, pois é possível que seja uma
neoplasia do intestino.
OBSTIPAÇÃO INTESTINAL
Quando as fezes ficam retidas por mais de 48 horas.

A consistência das fezes podem ser um pouco mais duras,


ressecadas ou em cíbalo.

A composição do bolo fecal, em especial da quantidade de fibras na


alimentação, a ação de hormônios secretados no próprio aparelho
digestivo ou fora dele e de várias substâncias podem levar a
obstipação.

As condições psicológicas do paciente também têm importante


papel no ritmo intestinal.
OBSTIPAÇÃO INTESTINAL
CAUSAS

• Mecânicas: lesões que ocluem o lúmen ou impedem a contração


das paredes intestinais
• Neurogênicas: comprometimento dos componentes nervosos
• Metabólico-hormonais
• Psicogênicas: alterações emocionais
• Medicamentosas: antiácidos, anticolinérgicos, opiáceos, ...
• Relacionadas com a alimentação inadequada
• Inibição do reflexo da evacuação
• Hipossensibilidade senil
SANGRAMENTO ANAL
CAUSAS

•Hemorroidas
•Doença diverticular difusa dos cólons
•Pólipos: lesões na superfície interna do tubo digestivo, que crescem em
direção ao seu lúmen.
• Processos inflamatórios: lesão da mucosa
• Hemorragia de partes mais altas do tubo digestivo: sangue escuro tipo
borra de café misturado com as fezes. Porém, quando a atividade motora
do tubo digestivo é mais rápida, pode haver perda de sangue vermelho-vivo
pelo ânus mesmo em afecções de partes altas do trato digestivo
PRURIDO ANAL

Suas causas são múltiplas, destacando-


se a má higiene anal, a enterobíase e
doenças anorretais cutâneas e
sistêmicas.

Na maioria dos casos de prurido anal,


não se consegue definir a causa
REFERÊNCIAS
● Semiologia médica I Celmo Celeno Porto ; co-editor Arnaldo
Lemos Porto. 7. ed.- RiodeJaneiro: Guanabara Koogan, 2014.
● ExameClínico | Celmo Celeno Porto. 7. ed. - Guanabara Koogan.
● Bates, propedêutica médica / Lynn S. Bickley; Peter G. Szilagyi;
tradução Maria deFátimaAzevedo. -11. ed. Rio deJaneiro:
Guanabara Koogan, 2015
● Semiologia clínica / Isabela M. Benseñor, José Antonio Atta,
Mílton de Arruda Martins. -São Paulo:SARVIER, 2002.
● Harisson. Medicina Interna, 19ª edição
● SBMFC – Sociedade Brasileira de Medicina de Família e
comunidade – diarreia
● Guyton, A.C. & Hall, A.J. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª. edição,
Rio de Janeiro, Editora Guanabara Koogan, 2006
Laura Innocenti Savaris
Virgínia Fink Zanette

OBRIGADA E
CONTINUEM EM CASA!!

Você também pode gostar