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Assistência de Enfermagem nas Doenças do

Sistema Digestório

ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA


Aula 6

Lorena Carine, Enfermeira pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).


Pós Graduada em Enfermagem do Trabalho e Pós Graduada em Gestão Hospitalar.
Docente da Grau Técnico.
Constipações/Diarreia/Apendicite/Doença
de Crohn

ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICA


Aula 6
CONSTIPAÇÕES
Constipação

➢ A constipação se caracteriza por defecações


difíceis ou infrequentes, fezes duras ou um
sentimento de que o reto não está totalmente
vazio após a defecação (evacuação incompleta).

➢ Associada a movimentos lentos, erro alimentar


e/ou pouca hidratação.
Constipação

➢ A constipação pode ser aguda ou crônica.

➢ A constipação aguda começa de forma súbita e


perceptível. A constipação crônica pode começar
de forma gradual e persistir durante meses ou
anos.
Constipação

➢ Algumas causas:

• Hábito intestinal irregular;


• Alguns medicamentos;
• Obstruções mecânicas;
Constipação

➢ Os medicamentos mais comuns que podem desacelerar


o intestino incluem os opioides, sais de ferro e
medicamentos com efeitos anticolinérgicos (como
muitos anti-histamínicos e antidepressivos tricíclicos.

➢ Outros medicamentos incluem hidróxido de alumínio


(comum em antiácidos), subsalicilato de bismuto, certos
medicamentos anti-hipertensivos e vários sedativos.
Constipação

➢ As pessoas que usam laxantes e/ou enemas com


frequência perdem a capacidade de defecar sem tais
auxílios. O resultado pode ser um círculo vicioso, com a
constipação levando ao uso de mais laxantes e, por
conseguinte, a mais constipação.
Constipação

➢ Algumas causas:

• Abuso no uso de laxativo;


• Fatores psicológicos;
• Erro alimentar;
• Baixo volume de ingestão de líquidos.
Sinais e sintomas

➢ Alteração na coloração das fezes;


➢ Alteração na consistência das fezes;
➢ Dificuldade de evacuar;
➢ Dor em região abdominal baixa;
➢ Dor em região anal.
Complicações

➢ As complicações da constipação incluem:

➢ Hemorroidas;
➢ Prolapso retal;
➢ Fissura anal;
➢ Doença diverticular;
➢ Compactação fecal.
Complicações

➢ A tensão excessiva durante a defecação aumenta


a pressão sobre as veias ao redor do ânus, o que
pode causar hemorroidas e, raramente, a
protrusão do reto pelo ânus (prolapso retal).
Complicações

➢ Fissura anal: A passagem de fezes duras pode causar


rachadura na pele do ânus.

➢ Todas essas complicações podem tornar a defecação


desconfortável e deixar as pessoas relutantes em
defecar.

➢ Adiar as defecações pode causar um círculo vicioso de


piora da constipação e de suas complicações.
Complicações
➢ Doença diverticular: acontece se as paredes do
intestino grosso forem danificadas pelo aumento da
pressão exigida para eliminar fezes duras e pequenas.

➢ Uma lesão nas paredes do intestino grosso dá origem à


formação de bolsas ou sacos em forma de balão
(divertículos), que podem ficar inflamados
(diverticulite). Às vezes, os divertículos sangram e,
raramente, se rompem causando peritonite.
Complicações
➢ Compactação fecal: em que as fezes que se encontram
na última parte do intestino grosso endurecem e
bloqueiam completamente o trânsito das restantes.

➢ A compactação fecal provoca cólicas, dor retal e


esforços fortes, porém inúteis, para defecar. Muitas
vezes, material mucoso e aquoso ou fezes líquidas
vazam ao redor da obstrução, o que dá uma falsa
impressão de diarreia (diarreia por transbordamento).
Complicações

➢ Com frequência, as pessoas com transtorno obsessivo-


compulsivo (TOC) sentem a necessidade de eliminar
resíduos “impuros” ou “toxinas” de seu corpo
diariamente. Essas pessoas geralmente passam muito
tempo no banheiro ou se tornam usuários crônicos de
laxantes.

➢ Abusar desses tratamentos pode, na verdade, inibir as


contrações normais do intestino e piorar a constipação.
Escala de Bristol
Tratamento

➢ Correção de hábitos alimentares (Dieta rica em


fibras);
➢ Comer mais frutas, verduras e cereais;
➢ Horários regulares para dieta;
➢ Exercício físico;
➢ Reduzir estresse;
➢ Hidratação adequada;
➢ Medicamentos;
Lavagem intestinal

➢Os enemas esvaziam mecanicamente as fezes do


reto e da parte inferior do intestino grosso. Os
enemas de pequeno volume podem ser
comprados em frascos flexíveis em farmácias. Eles
também podem ser administrados com um
dispositivo reutilizável de ampolas flexíveis.
Enema

➢Água pura frequentemente é o melhor líquido para


utilizar como enema. A água deve estar na
temperatura ambiente ou levemente morna, nem
quente nem fria. Cerca de 150 a 300 mililitros são
suavemente inseridos pelo reto. (ATENÇÃO: Aplicar
força em excesso é perigoso.) Logo depois, a água
é expulsa, retirando as fezes.
Complicações

➢ Se esses enemas não funcionarem, as fezes duras


devem ser removidas pela equipe de enfermagem com
uso de um dedo enluvado. Esse procedimento é
doloroso, portanto, frequentemente é aplicada uma
anestesia (como pomada de lidocaína a 5%). Algumas
pessoas precisam ser sedadas.
Vídeos

• https://www.youtube.com/watch?v=Hlmqfw-lUsQ
Cuidados de Enfermagem

➢ Observar e anotar aceitação alimentar;

➢ Estimular hidratação;

➢ Proporcionar condições favoráveis para a


eliminação intestinal;
Cuidados de Enfermagem

➢ Estimular horário e periodicidade para evacuação;

➢ Administrar medicamentos prescritos;

➢ Realizar as anotações de enfermagem;

➢ Estimular atividade física como a deambulação.


Cuidados de Enfermagem

➢ Explicar o procedimento do enema para o


paciente e retirar suas dúvidas;

➢ Lubrificar a sonda com anestésico disponível;

➢ Preservar a privacidade do paciente;

➢ Se necessário, colocar fralda.


DIARREIA
Diarreia
➢ A diarreia pode ser definida pela ocorrência de
três ou mais evacuações amolecidas ou líquidas
nas últimas 24 horas.

➢ Na diarreia aguda ocorre desequilíbrio entre a


absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos e é
um quadro autolimitado.
Causas

• Toxinas bacterianas como a do estafilococus;


• Infecções por bactérias como a Salmonella e a
Shighella;
• Infecções virais;
• Disfunção da motilidade do tubo digestivo;
• Parasitas intestinais causadores de amebíase e
giardíase;
Causas

• Efeitos colaterais de algumas drogas, por exemplo,


antibióticos, altas doses de vitamina C e alguns
medicamentos para o coração e câncer;

• Abuso de laxantes;
Causas

• Intolerância a derivados do leite pela incapacidade


de digerir lactose (açúcar do leite);

• Intolerância ao sorbitol, adoçante obtido a partir


da glicose.
Diarreia

➢ Diarreia aguda aquosa: é uma doença


caracterizada pela perda de água e eletrólitos, que
resulta no aumento do volume e da frequência
das evacuações e diminuição da consistência das
fezes, apresentando algumas vezes muco e sangue
(disenteria).
Diarreia

➢ Diarreia aguda aquosa: pode durar até 14 dias e


determina perda de grande volume de fluidos e
pode causar desidratação.

➢ A desnutrição eventualmente pode ocorrer se a


alimentação não é fornecida de forma adequada e
se episódios sucessivos acontecem.
Diarreia

➢ Tal ocorrência poderá ter como consequência a


desidratação, cujos sintomas são:

Boca seca;
Lábios rachados;
Letargia;
Confusão mental;
Diminuição da urina;
Redução dos níveis dos minerais: sódio e potássio.
Tipos de diarreia

• Diarreia comum: Caracterizada por provocar


apenas fezes soltas, comum em crianças.
Podem estar associados a uma combinação de
estresse, remédios e alimentos.

• Por exemplo, excesso de gorduras, de cafeína,


mudança do tipo de água ingerida ou mesmo
ansiedade.
Tipos de diarreia

• Diarreia infecciosa: Comum em crianças que


provoca além dos sintomas da diarreia comum,
febre, perda de energia e de apetite.

• É causada por viroses e bactérias. Se não for


convenientemente tratada, pode demorar até
uma semana os sintomas desaparecerem.
Amebíase

➢Também chamada de disenteria amébica,


a amebíase é uma infecção causada por um
parasita que se aloja no cólon do paciente e que é
capaz de causar uma série de sintomas.

➢A amebíase é mais comum em ambientes com


pouco saneamento básico.
Amebíase

➢ A amebíase é causada pelo


protozoário Entamoeba histolytica, cujos cistos
podem ser ingeridos por meio de água e
alimentos contaminados ou mesmo por contato
com pessoas contaminadas.
Sinais e Sintomas

➢ Geralmente, a amebíase é assintomática em seus


estágios iniciais. Apenas quando ela já está
avançada é possível detectar sintomas da doença.

➢dor e cólica abdominal;


➢abdômen sensível ao toque;
➢forte diarreia;
➢presença de sangue e/ou muco nas fezes;
Sinais e Sintomas

➢Perda de peso;
➢Febre;
➢Flatulência;
➢Prisão de ventre;
➢Debilidade física.

➢Conforme a amebíase avança, pode-se formar


feridas e protuberâncias no interior do intestino,
além de outras condições secundárias, como a
anemia.
Diagnóstico

➢ O diagnóstico da amebíase pode ser feito por


meio de um exame de fezes simples, mas
também por meio de outros procedimentos,
como a colonoscopia.
Tratamento

➢ Amebíase tem cura. O tratamento é feito por


meio do uso de medicamentos que matam os
cistos e também as amebas resultantes da
amebíase.
Tipos de Diarreia

• Intolerância à lactose: Algumas pessoas não


conseguem digerir a lactose, açúcar
encontrado no leite e seus derivados por não
produzir uma enzima chamada lactase.

• Entre seus sintomas, destacam-se tanto


diarreia quanto prisão de ventre e gases.
Tipos de Diarreia

• Giardíase: é a infecção causada pelo protozoário


flagelado Giardia duodenalis (G. lamblia, G.
intestinalis).

• Trofozoítos de Giardia prendem-se firmemente à


mucosa duodenal e ao jejuno proximal e multiplicam-
se por divisão binária.

• Alguns parasitas transformam-se no ambiente em


cistos resistentes, que são disseminados pela via fecal-
oral.
Tipos de Diarreia

• Infecção por Giardia é prevalente em todo o


mundo em regiões com condições sanitárias
precárias.

• A transmissão pela água é a principal fonte de


infecção, mas a transmissão também pode ocorrer
pela ingestão de alimentos contaminados ou pelo
contato direto entre uma pessoa e outra.
Contaminação

• Cistos de Giardia permanecem viáveis na superfície da água e são resistentes


aos níveis rotineiros de cloração da água potável.

• Infecções também estão associadas à puericultura, especialmente


envolvendo crianças com fraldas; contato próximo com familiares que têm
giardíase; ingestão de água ou gelo de água não tratada ou tratada
inadequadamente de lagos, córregos ou poços; mochileiros, andarilhos e
campistas que bebem água insegura ou não praticam boa higiene das mãos;
ingerir água ao nadar ou brincar em lagos, lagoas, rios ou córregos; ou
exposição a fezes durante contato sexual.
Sinais e Sintomas

• A infecção pode ser assintomática ou provocar


sintomas que variam de flatulência
intermitente a má absorção crônica.

• Outros sintomas também podem aparecer


como o desconforto abdominal, eructação, dor
de cabeça e fadiga.
Diagnóstico

• O diagnóstico é feito identificando o organismo


nas fezes a fresco ou conteúdo duodenal, ou por
ensaios de antígeno de Giardia ou teste
molecular para o DNA do parasita nas fezes.
Tratamento

• Adequação alimentar.

• Hidratação.

• Medicamentos: metronidazol, tinidazol, ou


nitazoxanida.
Cuidados de Enfermagem

➢ Estimular hidratação via oral;

➢ Administrar hidratação parenteral quando


prescrito;

➢ Higiene rigorosa após eliminação intestinal;


Cuidados de Enfermagem

➢ Promover a manutenção da integridade cutaneomucosa


principalmente em região perianal;

➢ Manter roupas de cama limpa;

➢ Observar e anotar aceitação da dieta;

➢ Manter isolamento enteral caso seja necessário.


APENDICITE
Apêndice

• O apêndice é uma bolsa com formato de tubo que fica localizado na


região inferior direita da barriga.

• Ele recebe também outras denominações como: apêndice cecal,


apêndice vermiforme e apêndice vermicular.

• Não é considerado essencial para o organismo, porém sua inflamação


pode causar problemas à saúde.
Função - Apêndice

• Por muito tempo buscou-se entender a função do apêndice no


organismo, no qual chegou-se a acreditar que o apêndice seria um
órgão vestigial, ou seja, que com a evolução ficaram fora de uso devido
à adaptação aos novos estilos de vida, diferentes dos antepassados mais
primitivos.
Função - Apêndice

• Hoje, sabe-se que o apêndice serve de abrigo para bactérias intestinais


que auxiliam na digestão e evitam infecções.

• Essa conclusão surgiu depois de estudos e pesquisas consideraram a


hipótese de que o apêndice era utilizado na digestão de vegetais.
Função - Apêndice

• Pesquisadores apontam ainda que no interior do apêndice existe uma


grande concentração de linfócitos, que são as células de defesa,
indicando sua relação com o sistema imunológico.
Função - Apêndice

• Entretanto, se o apêndice for retirado, a sua ausência não causa


nenhum prejuízo, anomalia ou deficiência ao organismo, sendo este um
dos órgãos do corpo humano sem os quais você pode sobreviver.
Apendicite

• Apendicite é a inflamação do apêndice, um pequeno órgão parecido


com o dedo de uma luva, localizado na primeira porção do intestino
grosso.

• Qualquer pessoa corre o risco de ter uma inflamação do apêndice, o


que, sem o tratamento adequado, pode levar a graves complicações.
Causas

• As suas causas ainda não são bem esclarecidas.

• Porém, acredita-se que a obstrução do intestino com fezes ou gordura


resulte no desenvolvimento da inflamação e inchaço do apêndice.
Causas

• Em mulheres, a inflamação das tubas uterinas, do útero ou dos ovários


também provoca dor do lado direito do abdômen, motivo pelo qual é
preciso estabelecer o diagnóstico com auxílio de exames de imagem,
como ultrassom e tomografia.
Apendicite

• Com a inflamação do apêndice sem tratamento é possível que ele sofra


uma ruptura, que pode provocar uma infecção grave e causar risco à
vida.
Apendicite

• Dor abdominal, inicialmente ao centro do abdômen e com o tempo


mais intensa em seu lado inferior direito;
• Vômitos;
• Náuseas;
• Febre que geralmente começa de 1 a 2 dias;
Apendicite

• Diarreia;
• Perda de apetite;
• Mal estar que pode ser confundido com um problema alimentar;
• Em alguns casos, o apêndice pode se romper, trazendo um alívio
momentâneo das dores. Após isso, o quadro pode se agravar e os
sintomas tornarem-se mais intensos.
Exame Físico

• Verificando o estado geral do paciente, não esquecendo dos dados


vitais, e também realizar o exame abdominal completo, com a inspeção,
ausculta, percussão e palpação.

• Sinais de Irritação Peritoneal


Quatro quadrantes Nove regiões

Fonte: Google Imagens


Exame Físico

• Sinal de Rovsing: Dor no quadrante inferior direito ao realizar a


palpação do quadrante inferior esquerdo do abdome. Pode indicar
apendicite aguda.
Exame Físico

• Sinal de Blumberg: Dor à


descompressão brusca no ponto
de McBurney. Pode ser
indicativo de apendicite.
Exame Físico

• Sinal de Dunphy: Dor à percussão do ponto de McBurney ou


dor ao tossir. Pode ser indicativo de apendicite.

• Sinal de Murphy: Interrompe a respiração por dor à palpação


do hipocôndrio direito. Indica peritonite local e colecistite
aguda.
Tratamento

• O tratamento é feito com antibióticos para que seja realizada a retirada do


apêndice.

• A cirurgia é o tratamento principal para apendicite, pois caso esteja infectado ele
pode se romper e causar danos à saúde.

• Estima-se que 1 em cada 13 pessoas desenvolvam a apendicite em algum momento


da vida.
Referências

• https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/amebiase
• https://www.todamateria.com.br/apendice/#:~:text=O%20ap%C3%AAndice%20%C3%A9%20uma%20bolsa,pode%20causar%
20problemas%20%C3%A0%20sa%C3%BAde.
• https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/sintomas-de-dist%C3%BArbios-
digestivos/constipa%C3%A7%C3%A3o-em-adultos
• https://www.facebook.com/FitnessReceitas/posts/1077860722348629/
• https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/protozo%C3%A1rios-e-microspor%C3%ADdios-
intestinais/giard%C3%ADase
• https://blog.jaleko.com.br/%EF%BB%BFsinais-classicos-no-abdome-agudo/
• https://bvsms.saude.gov.br/apendicite/#:~:text=Apendicite%20%C3%A9%20a%20inflama%C3%A7%C3%A3o%20do,pode%20l
evar%20a%20graves%20complica%C3%A7%C3%B5es.
Atividade
1. Fale sobre a escala de Bristol.
2. Quais são os sinais e sintomas de desidratação?
3. Quais as complicações da constipação?
4. Quais são os tipos de diarreia?
5. Porque não pode usar laxantes direto?
6. Descreva a técnica realizada para o procedimento de lavagem intestinal.
7. Descreva os sinais realizados no exame físico para apendicite.
8. Termos técnicos
Coprólitos
Fecaloma
Fissura anal
Prolapso retal
Posição de sims

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