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Alterações GI: Vómitos e Obstipação

Vómitos
Representam uma ejeção forçada do conteúdo gástrico através da boca. É um processo bem
definido, complexo e coordenado que está sob controlo do SNS.
Bolsar é diferente de vomitar.

Bolsar: Drenado! Habitualmente o bebé ficar tranquilo após.


Nota 1: Mesmo que bolse em todas as mamadas, se o peso estiver a evoluir bem, não tem
significado.
Vomitar: Em jato! Habitualmente o bebé chora após.

Vómitos
 Alimentares: A matéria vem do estômago, contendo suco gástrico e restos alimentares
intatos e pouco digeridos.
 Biliosos: A matéria vem do intestino delgado e o seu aspeto apresenta, devido à bilis, um
tom esverdeado.
 Fecalóides: A matéria vem do intestino grosso e tem aspeto acastanhado, pois contém
matéria fecal.
 Hemáticos (hematemese): A matéria contém restos de sangue proveniente de uma
hemorragia digestiva, podendo ser de sangue vermelho vivo (hemorragia superior no
tubo digestivo) ou vermelho escuro tipo borras de café, semi-digerido (hemorragia
região inferior).

Causas:
Vómitos não biliares:

 Infeciosos;
 Inflamatórias;
 Metabólicas ou endócrinas;
 Neurológicas;
 Psicológicas;
 Lesões obstrutivas como a estenose pilórica.
Vómitos biliares:

 Atresia duodenal;
 Má-rotação com ou sem vólvulo;
 Íleo;
 Intussucepção (invaginação);
 Duplicação intestinal;
 Lesões de massa;
 Hérnia inguinal encarcerada;
 Apendicite

Se houver obstrução?
No caso do vómito ser biliar, implica que haja um distúrbio de motilidade ou bloqueio físico
distal.
Já se o vómito for não biliar, sugere uma obstrução mais próximal.

Vómitos (outras causas):


 Pressão intracraniana elevada;
 Ingestão de substâncias tóxicas;
 Intolerância alimentar;
 Alergias;
 Obstrução mecânica do trato GI;
 Distúrbios metabólicos;
 Problemas psíquicos.

A síndrome de Mallory-Weiss (são pequenas lacerações na mucosa esofágica distal) na


junção do estômago com o esófago induzidos por ataques de tosse ou vómito.

Tratamento
 Reposição hídrica oral ou SNG
 Reposição hídrica EV
 Antieméticos
Devemos sempre identificar o tratamento e causa.

Sinais de ALerta
 Bebés com menos de 3-4m com doença crónica;
 Vómitos persistentes;
 Vómitos com sangue;
 Vómitos que só surgem na posição de deitada;
 Não urinar há mais de 6/8h;
 Suspeita de ingestão de alimentos nocivos ou substâncias tóxicas;
 Presença de petéquias;
 Prustração ou desorientação;
 Febre elevada ou mal estar geral;
 Presença de sinais de desidratação

Cuidados de Enfermagem
 Observar as características do vómito, comportamento da criança, sinais e sintomas
associados, de forma a identificar a etiologia;
 Durante o episódio posicionar a criança em decúbito lateral ou semirreclinada para
evitar a aspiração;
 Implementação de medidas para reduzi-los, de acordo com a causa;
 Manter a hidratação ou prevenir a desidratação;
 Avaliar sinais de desidratação;
 Estabelecer técnicas adequadas de reintrodução alimentar;
 Em caso de suspeita de vómitos por obstrução, suspender alimentação;
 Dar preferência a pequenas e frequentes ingestões de líquidos ou alimentos;
 Incluir carboidratos para poupar a evitar/reduzir a cetose resultante da exaustão dos
stocks de glicogénio;
 Após a cessação dos vómitos, maiores quantidades de líquidos são oferecidas, seguidas
pelo retorno gradual da dieta regular;
 Higiene oral após o vómito.

Refluxo Gastroesofágico (RGE)


Trata-se da transferência de conteúdo gástrico para o esófago.
Este fenómeno é fisiológico, ocorrendo ao longo de todo o dia, mais frequentemente após
as refeições e à noite.
Pode ocorrer de forma fisiológica, em que os bebés balsam com frequência, mas que são
saudáveis e não acarreta consequências.
No entanto, na doença da RGE trás repercurssões no estado de saúde do bebé, como por
exemplo complicações pulmonares ou inflamação do esófago). Tem tendência a melhorar a
partir dos 4-6m.
Obstipação
A obstipação caracteriza-se por:

 Alteração na frequência (diminuição), consistência ou facilidade na eliminação das fezes;


 Diminuição na frequência do movimento intestinal ou esforço na defecação por mais de
2s;
 Movimentos intestinais dolorosos, que frequentemente apresentam raios de sangue ou
incluem a retenção de fezes, com ou sem vazamento involuntário.
Econoprese: Obstipação com vazamento fecal.
A obstipação tende a se autoperpetuar. Uma criança que apresenta dificuldade ou
desconforto quando tenta evacuar tem uma tendência a reter o conteúdo intestinal, o que
pode iniciar um círculo vicioso.
Pode surgir secundariamente a uma variedade de distúrbios orgânicos ou em associação
com um grande nº de distúbios sistémicos:

 Distúrbios estruturais intestinais, como estenoses, ânus ectópico e doença de


Hirschsprung;
 Distúrbios sistémicos associados à obstipação: Hipotireoidismo, hipercalcémia
resultante de hiperparatiroidismo ou de excesso de vitamina D e intoxicação crónica por
chumbo;
 Relacionada com o uso de fármacos como antiácido, diuréticos, antiepilépticos,
antihistamínicos, opiódes e suplementação de ferro;
 As lesões da medula espinhal podem estar associadas à perda do tónus e sensibilidade
retais;
 A maioria das crianças tem obstipação funcional sem causa de base definida;
 A obstipação crónica pode ocorrer como resultado de fatores ambientais ou
psicossociais ou a partir de uma combinação de ambos;
 Na etiologia da obstipação, desempenham um papel as doenças transitórias, o ato de
reter ou evitar a evacuação por causa de experiências dolorosas ou negativas com
evacuações e o aporte dietético com quantidade reduzida de líquidos e fibras.
É mais frequente a partir do momento em que se introduzem os novos alimentos, para além
do leite.
Disquesia Infantil: Apesar de poder parecer um quadro semelhante, as manifestações são
um pouco diferentes, não tem a ver com o volume ou consistência das fezes, mas com a
imaturidade do controlo muscular do próprio ânus.

Disquesia Infantil
Resolve-se naturalmente com o crescimento.
Geralmente os sintomas desaparecem cerca de 3/4s após o surgimento, sem necessidade
de tratamento.
Não adianta estimular o ânus para ajudar a defecar.

Sintomas:
 Episódios de esforço e choro antes da emissão (ou não) de fezes moles, com mais de
10min de duração;
 Início do quadro antes dos 9m

Tratamento:
Na fase aguda, administra-se laxantes adequados à idade e/ou estimulação anal se for um
babé pequeno.
Na fase de manutenção, favorecemos mudanças alimentares como, ingestão de fibras e
água.

Obstipação
Manter a dieta, oferecendo mais fibras e líquidos que conhecidamente causam obstipação:

 Estabelecer uma rotina intestinal que permita a eliminação regular das fezes;
 Ingestão diária de fibras de acordo com diversas idades (varia entre 6 e 9,8g/dia até 3a.
Entre 9,2g/dia e 15,2g/dia respetivamente para crianças de 3a sedentárias e crianças de
6a ativas);
 Se estas medidas não forem eficazes, pode ser necessário o recurso a um laxante
pediátrico (prescrição médica);
 Os mais eficazes são os que contêm macrogol- tratamento prolongado (no mínimo
2/3m) para reeducar o intestino e aumentar a probabilidade de sucesso.

Cuidados de Enfermagem
Avaliação da situação:

 Hábitos intestinais;
 Dieta;
 Eventos associados ao início da obstipação;
 Fármacos ou substâncias que a criança possa estar recebendo;
 Consistência, cor, frequência e outras características das fezes.
Se não houver evidências de uma condição patológica, instruir os pais com relação aos
padrões normais de evacuação e a participação na orientação e no tratamento da criança
(hábitos alimentares).

Conteúdo de Fibra nos Alimentos

Medidas Dietéticas
 Reduzir a batata e a cenoura na sopa.
 Evitar a banana.
 Oferecer mais laranja, tangerina, ameixa, kiwi, papaia.
 Preferir pão integral ao invés de pão branco.
 Aumentar a ingestão de verduras.
 Colocar um pouco de farelo de trigo no iogurte.
 “Destruir” pouco as fibras da alimentação (evitar passar).
 Aumentar a ingestão hídrica.

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