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PEDIATRICO
Gabriela Marcello Tagliani – 5ª Etapa C
TURMA XXVIII
UNIVERSIDADE DA CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID
2021
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
Diarreia
Identificação: paciente, sexo feminino, 8 meses de idade, parda.
Queixa principal: fezes diarreicas há nove dias.
HMA: menor previamente hígida, foi levada pela sua mãe para um hospital perto de sua casa, com
história inicial de fezes diarreicas há sete dias, aquosas, volumosas, com vômitos e febre baixa, sem
muco ou sangue nas fezes. Refere anorexia. Foi internada para avaliação e o agente etiológico foi
identificado como rotavirus. Recebeu alta do hospital, mas desde então vem apresentando evacuações
líquidas, explosivas, oito vezes ao dia há dois dias. A mãe, preocupada com a persistência do quadro
clínico, procurou novamente atendimento médico em uma UBS.
Antecedentes gestacionais, obstétricos e perinatais: G2P2A0. Fez todas as consultas do pré-natal,
sem intercorrências. Tomou todas as vacinas necessárias. O parto foi a termo, APGAR 9/10, peso
3.150g, comprimento 50cm.
Antecedentes fisiológicos: menor anda sem apoio, fala algumas palavras, reconhece as pessoas do
seu convívio.
Antecedentes patológicos: nega internações (somente essa para a investigação da diarreia), ou
cirurgias, cartão de vacinação incompleto.
Antecedentes familiares: pai hipertenso e mãe diabética.
Recordatório alimentar: aleitamento materno exclusivo até seis meses de idade e depois iniciou leite
de vaca e papa de frutas. Atualmente, com ingesta alimentar própria para a idade, além de leite de
vaca.
História psicossocial: reside em casa de alvenaria, 5 cômodos, com rede de esgoto e coleta de lixo
diária. Bebe água fervida.
Exame físico: menor em REG, ansiosa, irritada, mucosas secas, olhos fundos, pele com turgor e
elasticidade diminuídos, pulso filiforme, TEC de 2 segundos, afebril, eupneica, acianótica e anictérica.
Tax: 37,30C; P: 6,8kg.
ACP fisiológica.
Abdome distendido, doloroso à palpação e sem visceromegalias.
Extremidades sem anormalidades.
Genitais com eritema perianal.
1. Classificação
• Aguda: autolimitada, de origem infecciosa e de duração não superior a 14 dias.
• Persistente: consequência de um processo agudo, geralmente de causa
infecciosa e duração superior a 14 dias.
• Crônica: não deriva de um processo agudo, tendo duração superior a 3
semanas, sem início bem definido, evolução progressiva e continua com surtos
frequentes, com ou sem recuperação clinica completa.
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2. Tipos
2.1. Diarreia secretória
Causada por um secretagogos, como a toxina da cólera, que se liga ao receptor
no epitélio da superfície do intestino e, portanto, estimula acumulo de monofosfato de
adenosinca cíclico ou guanosina cíclico. Alguns ácidos graxos e sais biliares
intraluminais fazem com que a mucosa colônica secrete através desses mecanismos.
Essa diarreia tende a ser volumosas e com presença de alimentos, a osmolaridade é
justificada pela presença de eletrólitos. Geralmente, essa diarreia persiste mesmo
quando não são administradas alimentações por via oral.
3. Diagnostico
O diagnóstico da diarreia aguda é eminentemente clínico. Por meio de uma
história e um exame físico detalhados, é possível levantar hipóteses quanto a
determinados agentes etiológicos e orientar as medidas terapêuticas necessárias.
Deve constar na anamnese: duração da diarreia, características das fezes,
número de evacuações diarreicas por dia, vômitos (número de episódios/dia), febre,
diurese (volume, cor e tempo decorrido da última micção), uso de medicamentos,
sede, apetite, tipo e quantidade de líquidos e alimentos oferecidos após o início da
diarreia, doenças prévias, estado geral, presença de queixas relacionadas a outros
sistemas, viagem recente, contato com pessoas com diarreia e ingestão de alimentos
suspeitos, além do uso prévio recente de antibióticos.
A solicitação de exames laboratoriais não é necessária rotineiramente para o
tratamento da diarreia aguda, habitualmente autolimitada, ficando reservada para os
casos de evolução atípica, grave ou arrastada, presença de sangue nas fezes,
lactentes menores de 4 meses e para os pacientes imunodeprimidos.
O hemograma completo deve ser solicitado para avaliar anemia e padrão
leucocitário; ionograma, ureia e creatinina, nos casos com distúrbio hidreletrolítico
grave e impacto na função renal.
Nas fezes, pH fecal, substâncias redutoras, leucócitos, hemácias, sangue
oculto e coprocultura, ELISA para vírus e pesquisa de toxina para Clostridium são os
exames mais frequentemente solicitados.
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4. Tratamento
A OMS e o Unicef preconizam o uso da solução de reidratação oral (SRO)
hiposmolar, que, comparado com a SRO padrão antigo, mostrou-se mais eficaz,
diminuindo os episódios de vômitos, o volume e a duração da diarreia em lactentes e
também a probabilidade de hipernatremia.
A criança com diarreia aguda sem desidratação pode ser tratada no domicílio.
Orienta-se aumentar a oferta de líquidos e após cada evacuação diarreica oferecer a
SRO, de 50 a 100 mL para menores de 2 anos, 100 a 200 mL para crianças de 2 a 10
anos, e, para aquelas acima de 10 anos, o quanto aceitar. A criança com diarreia e
desidratação grave (> 10% de perda) necessita de hospitalização e hidratação
endovenosa para restabelecer rapidamente a perfusão aos órgãos vitais.
Recomenda-se manter a alimentação normal para a idade nos casos sem
desidratação e reintroduzi-la de forma gradativa, com refeições frequentes e leves,
selecionando alimentos ricos em energia e micronutrientes (grãos, ovos, carnes, frutas
e hortaliças), sem a necessidade de diluir o leite ou de substituí-lo por uma fórmula
sem lactose. Os lactentes em aleitamento materno devem continuar a ser
amamentados, mesmo durante o período de reidratação.
Em 2002, a OMS e o Unicef revisaram suas recomendações para adicionar o
zinco de rotina como terapia anexa à reidratação oral para o tratamento da diarreia
infantil, independentemente da etiologia. Nas crianças que vivem nos países em
desenvolvimento, o uso do zinco oral deve ser recomendado na dose de 20 mg por
dia, durante 10 dias; e nos lactentes menores de 2 meses, na dose de 10 mg por dia,
também durante 10 dias, para o tratamento da diarreia aguda.
Os probióticos podem ser úteis para reduzir a gravidade e a duração da diarreia
aguda infecciosa infantil, abreviando em cerca de 1 dia a sua duração, principalmente
nas diarreias de etiologia viral.
Os antiperistálticos, como a loperamida, não são recomendados para tratar
crianças, pois aumentam a gravidade e as complicações da doença, particularmente
em crianças com diarreia invasiva.
Os antimicrobianos são indicados para os casos mais graves: na diarreia com
sangue, nos pacientes imunodeprimidos e em lactentes jovens, menores de 4 meses;
sua escolha deve se basear nos padrões de sensibilidade das cepas dos patógenos
presentes na localidade ou região.
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
Asma
Identificação: paciente do sexo masculino, 3 anos de idade, pardo, natural e procedente de São
Bernardo do Campo, SP.
Queixa principal: crises de chiado e tosse.
HPMA: pais referem crises de “chiado”, falta de ar e tosse desde o primeiro mês de vida, sendo na
época, diagnosticada com bronquiolite. Contavam que os episódios eram praticamente mensais, de
intensidade variável, tratados com inalações com Berotec© e Atrovent©, além de Predsim© por 5 dias.
Apesar de melhorar após o uso das medicações, necessitava procurar o serviço de urgência nas crises.
As crises eram geralmente desencadeadas por resfriados e quando o “tempo estava mais frio”. Os
pais referiram que quando a criança estava correndo ele tinha tosse seca e por isso não deixava mais
a criança correr. Mãe ainda relata que a criança fica “sempre com o nariz entupido” e coça o nariz e os
olhos “quando brinca no tanque de areia da escolinha e quando mexe com seu ursinho de pelúcia”.
Antecedentes gestacionais/perinatais: G2P2A0, mãe realizou 6 consultas no pré-natal, refere ter
realizado as sorologias da gestação e ter tomado as vacinas, nega uso de drogas e álcool, fumou
durante a gestação. Nasceu de parto cesariana, IG:39sem1/7, APGAR 8/9, peso 2.900g, comprimento
48cm. Alta do hospital com a mãe.
Antecedentes patológicos: refere hospitalização aos três e aos quatro meses de vida, por 4 e 5 dias
respectivamente, sem necessidade de terapia intensiva e/ou intubação orotraqueal, para tratamento de
“bronquite e pneumonia”. Cartão vacinal: completo
Desenvolvimento neuropsicomotor: criança andou com 1 ano e iniciou escolinha aos 2 anos.
Antecedentes familiares: pai tinha bronquite quando era criança, mas depois de uma “simpatia”
melhorou e desde os 13 anos não teve mais crises de falta de ar, hoje tem só rinite, mãe tem sinusite
e irmã mais velha tem rinite.
Recordatório alimentar: aleitamento materno exclusivo até 6 meses, posteriormente iniciou com papa
e sucos de frutas e alimentação salgada. Atualmente “come de tudo”, incluindo legumes, verduras e
frutas.
História psicossocial: reside em casa de alvenaria, com rede de esgoto e coleta de lixo diária. Mãe e
pai são fumantes, tem 1 cão.
Exame físico:
P: 14Kg E: 95cm PA: 90X65mmHg FC: 105bpm FR: 39ipm Sat 96% (AA), bom estado geral, corado,
hidratado, afebril, acianótico, ausência de baqueteamento digital.
Orofaringe: tonsilas palatinas discretamente hipertróficas, sem hiperemia.
Otoscopia: cerúmen à direita.
Rinoscopia: hiperemia de cornetos bilateralmente com discreta hipertrofia.
AP: MV+ bilateralmente, discretos sibilos expiratórios difusos, ausência de tiragem de fúrcula.
AC: RCR em 2T, BNF, sem sopros.
Abd: globoso, RHA+, indolor à palpação.
Pele: discreta xerose cutânea.
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A asma é uma síndrome que se caracteriza por obstrução das vias aéreas com
evolução bastante variável, tanto espontaneamente quanto em resposta ao
tratamento. É a doença crônica mais frequente na infância em todos os países do
mundo. Trata-se de uma condição complexa, com interações genéticas e ambientais.
A inflamação das vias aéreas torna mais responsivos que os indivíduos normais
a uma ampla variedade de estímulos desencadeantes, gerando estreitamento
excessivo das vias aéreas, redução do fluxo ventilatório e sinais e sintomas como
sibilos e dispneia. Em geral, o estreitamento das vias aéreas é reversível, mas alguns
pacientes com asma crônica podem ter um componente de obstrução ventilatória
irreversível.
Sua prevalência varia de 10 a 30% na maioria dos países do mundo. A asma
pode começar em qualquer idade, com o pico de incidência ocorrendo aos 3 anos. Na
infância, a asma é duas vezes mais comum no sexo masculino, mas a relação entre
os dois sexos iguala-se na idade adulta. Estudos de longo prazo que acompanharam
crianças asmáticas até que completassem a idade de 40 anos sugerem que muitos
pacientes com asma tornam-se assintomáticos na adolescência, mas que a asma
retorna em alguns na vida adulta, principalmente naqueles com sintomas persistentes
e asma grave.
Os danos secundários na economia se relacionam pelo fato da criança
asmática demanda mais cuidados dos pais, dos quais ficam na casa para cuidar dos
filhos, e levar a custos altos pelas internações e medicações. Nos países
industrializados tem aumento na incidência, pelo fato do fator irritante da poluição.
2. Fisiopatologia
A mucosa das vias aéreas fica infiltrada por eosinófilos e linfócitos T ativados,
e também há ativação dos mastócitos da mucosa. Também há alterações estruturais
nas vias aéreas (geralmente descritas como remodelamento). Uma anormalidade
característica é o espessamento da membrana basal em razão da deposição de
colágeno sob o epitélio. O epitélio muitas vezes se mostra descamado ou friável com
ligações reduzidas às paredes das vias aéreas e quantidades aumentadas de células
epiteliais no seu lúmen. A própria parede das vias aéreas pode estar espessada e
edemaciada. Outra anormalidade comum na asma fatal é a obstrução do lúmen das
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vias aéreas por tampões de muco, que são formados por glicoproteínas mucosas
secretadas pelas células caliciformes e proteínas plasmáticas originadas dos vasos
brônquicos permeáveis. As vias aéreas possam estar estreitadas, eritematosas e
edemaciadas. Essas alterações patológicas são encontradas em todas as vias
aéreas, mas não se estendem ao parênquima pulmonar; a inflamação das vias aéreas
periféricas é detectada principalmente nos pacientes com asma grave.
Há inflamação da mucosa respiratória da traqueia até os bronquíolos terminais,
mas com predomínio nos brônquios. Existem evidências claras de que o padrão
específico de inflamação das vias aéreas da asma esteja associado à hiper-
reatividade das vias aéreas (HRVA), que é a anormalidade fisiológica da asma, que
está correlacionada com obstrução de fluxo aéreo variável. Sobrepostos a esse
estado inflamatório crônico, há episódios de agudização da inflamação, que
correspondem às exacerbações da asma. Embora o padrão comum de inflamação na
asma se caracterize por infiltração de eosinófilos, alguns pacientes com asma grave
mostram um padrão neutrofílico de inflamação que é menos sensível aos corticoides.
Porém, muitas células inflamatórias estão associadas à asma, sem nenhum tipo
celular predominante.
4. Manifestações clinicas
Os sinais e os sintomas típicos da asma são sibilos, dispneia e tosse com
intensidade variável, ou seja, a tríade da asma, tanto espontaneamente quanto depois
do tratamento. Os sintomas podem piorar à noite, e os pacientes muitas vezes
acordam nas primeiras horas da manhã. Os pacientes podem referir dificuldade para
encher os pulmões de ar. Alguns pacientes têm produção exagerada de muco, que
em geral é espesso e difícil de expectorar. Pode haver hiperventilação e utilização dos
músculos acessórios da respiração.
Os sinais físicos característicos são inspiratórios e principalmente expiratórios,
roncos difusos em todo o tórax e hiperinsuflação em alguns casos. Alguns pacientes,
em especial as crianças, podem ter predomínio de tosse seca (asma variante de
tosse).
5. Diagnostico
• Predominantemente clinico
• Prova de função pulmonar → espirometria confirmando a redução do fluxo
ventilatório e diminuição de VEF1, sendo possível para crianças > 5 anos, com
prova broncodilatadora usando beta 2 agonista.
• Responsividade das vias aéreas → teste de metacolina ou histamina
• Exames hematológicos → níveis de IgE total e especifica.
• Exame de imagem → RX tórax, podendo mostrar hiperinsuflação pulmonar em
casos mais graves; a TC pode mostrar áreas de bronquiectasia nos pacientes
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com asma grave, e pode haver espessamento das paredes brônquicas, mas
tais alterações não são específicas da asma.
• Testes cutâneo → infusão de alérgenos inalatórios comuns, confirmam asma
alérgica e negativo na asma intrínseca
6. Tratamento
Os principais fármacos usados na asma podem ser divididos em
broncodilatadores, que proporcionam alívio rápido dos sintomas, principalmente em
razão do relaxamento da musculatura lisa das vias aéreas; e fármacos de manutenção
profiláticos, que inibem o processo inflamatório subjacente.
• Broncodilatadores: beta 2 agonistas, que relaxa as células musculares lisas e
inibe algumas células inflamatórias, em especial os mastócitos.
• Anticolinérgicos: antimuscarinicos impedem a broncoconstrição e secreção de
muco.
• Terapia profiláticas: corticoesteroides inalatórios (reduzem as contagens de
células inflamatórias e sua ativação nas vias aéreas), corticoesteroides
sistêmicos (trata exacerbação aguda); antileucotrienos (broncodilatadores e
diminuem inflamação)
8. Conceitos
• Sibilância recorrente: existência de ≥ 3 episódios de sibilância nos 3 primeiros
anos de vida ou ≥ 3 episódios no último ano, com resposta a broncodilatadores
e intervalos livres de sintomas, precedendo a asma em crianças > 3 anos.
• Atopia: doença adquirida geneticamente, que, na pele, acaba causando uma
série de lesões inflamatórias, chamada de dermatite atópica ou eczema,
podendo apresentar sintomas alérgicos como rinite e asma.
• Alergia: resposta exagerada do sistema imunológico após a exposição a uma
série de agentes, em indivíduos predispostos geneticamente. É também
chamada de reação de hipersensibilidade.
• Marcha atópica: história natural das
manifestações alérgicas, caracterizada por
uma seqüência típica de progressão dos
sinais clínicos de doença atópica, com
alguns sintomas tornando-se mais
proeminentes enquanto outros diminuem.
A dermatite atópica precede o desenvolvimento da rinite alérgica e da asma,
sugerindo que as manifestações cutâneas sejam a porta de entrada para o
desenvolvimento subsequente das doenças alérgicas.
PS: a bronquiolite é o primeiro episódio de chiado na criança → vírus respiratório; a
asma brônquica ocorre em crianças > 3 anos, já a sibilância recorrente ou bronquiolite
em crianças < 3 anos
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Desnutrição
ID: lactente de 2 meses e 24 dias, sexo feminino, parda, natural de Guarulhos – SP.
QD: baixo peso desde o nascimento.
HMA: mãe refere baixo peso desde o nascimento, relata que a bebê tem boa sucção ao seio materno
e está em aleitamento livre demanda, porém complementado desde 1 mês de vida, com mingau à base
de leite e Maizena©. Nega ter oferecido outros alimentos. Relata evacuação diária com fezes
endurecidas 1 vez ao dia com esforço do lactente. Diurese clara e abundante, sem outras queixas.
Antecedentes fisiológicos: mãe G4P4A0 (G1:7 anos, G2:5 anos G3: 3anos), realizou 3 consultas de
pré-natal. Nega intercorrências no pré-natal, uso de medicações, tabagismo, etilismo ou uso de drogas
durante a gestação. Nascida de parto normal, RNPT (35 4/7 sem), PN: 2.410 g (anotado no cartão), C:
46 cm PC: 32 cm porém sem informações do peso na alta. Alta da maternidade com 5 dias de vida.
Antecedentes patológicos: nega doenças ou internações prévias. Não há relato de permanência em
UTI neonatal no cartão.
Antecedentes familiares: pais e irmãos saudáveis.
DNPM: olha quando chamada, responde a sons, preferência pela face humana, sustenta
temporariamente a cabeça quando em decúbito ventral. Sono preservado.
Cartão vacinal: completo para idade.
Ambiente e hábitos de vida: pai é tabagista, tem 1 cachorro, reside em casa de alvenaria, esgoto e
água encanada.
Exame Físico:
P: 2.860g C: 55cm PC: 38cm
REG, fácies senil, extremamente emagrecida, hipoativa, hipocorada (+/4+), acianótica, anictérica,
eupneica, fontanelas normotensas, olhos encovados.
AP: MV presentes bilateralmente sem RA.
AC: RCR em 2T, BNF, sem sopros.
Abdome: plano, RHA+, sem visceromegalias.
Extremidades bem perfundidas e sem edemas.
CD: internação.
Exames: Hb: 10,4; HT 31,9; VCM 90,7; HCM 29,6; CHCM 32,6; RDW 16,1; Leucócitos: 7.720 (N19
B3 L63 M12 E1); plaquetas: 574.000.
Glicemia 75; Ureia 15; Creatinina 0,4.
PT 5,9; albumina 3,6.
Sorologias para sífilis, toxoplasmose e CMV: NR.
1. Definição
Desnutrição é determinada pelo IMC abaixo de 16kg/m2, apresentando uma
variedade de síndromes clinicas, todas caracterizando pela ingestão dietética de
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pés (marcado 1+ edema, progride para os pés e as mãos baixas (em casos
graves, pode envolver a face
• Marasmo: acomete crianças menores de 12 meses, com emagrecimento
acentuado, baixa atividade, irritabilidade, atrofia muscular e subcutânea, com
desaparecimento da bola de Bichat (último depósito de gordura a ser
consumido, localizado na região malar), o que favorece o aspecto envelhecido
(fáscies senil ou simiesca), com costelas visíveis e nádegas hipotróficas. O
abdome pode ser globoso e raramente com hepatomegalia.
2. Epidemiologia
A prevalência da desnutrição na população brasileira de crianças menores de
cinco anos, aferida pela proporção de crianças com déficit de crescimento, foi de 7%
em 2006. A distribuição espacial dessa prevalência indica frequência máxima do
problema na região Norte (15%) e pouca variação entre as demais regiões (6% nas
regiões Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e 8% na região Sul). A estratificação da
população infantil segundo nível de escolaridade das mães indica que a prevalência
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3. Fisiopatologia
A escassez de nutrientes, na DEP moderada e grave, favorece hipoglicemia,
lipólise, glicólise, glicogenólise e neoglicogênese, secundárias às alterações nos eixos
da insulina, com diminuição da produção e aumento da resistência periférica pela ação
dos hormônios contrarreguladores (hormônio de crescimento, epinefrina e
corticosteroides); além disso, há redução no metabolismo com alterações na via
tireoidiana de aproveitamento de iodo e conversão hormonal (formas ativas), a fim de
reduzir o gasto de O2 e conservar energia. A redução na oferta de fosfatos energéticos
promove alterações nas bombas iônicas de membrana celular, cursando com sódio
corporal elevado e hiponatremia, hipopotassemia, hipercalcemia e maior tendência a
edema intracelular
O marasmo caracteriza uma redução de peso da criança em 60% do normal do
sexo, altura e idade, afetando o crescimento e gerando perda muscular, devido ao
catabolismo e depleção do compartimento somático proteico, ocorre porque o
organismo se adapta e começa a fornecer proteína para usar como energia. O
compartimento visceral é apenas marginalmente esvaziado, e logo os níveis séricos
de albumina são ou normais ou discretamente reduzidos. Além das proteínas
musculares, a gordura subcutânea também é mobilizada para gerar energia. A
produção de leptina (hormônio produzida pelas células adiposas que promovem
saciedade) é baixa, o que pode estimular o eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal
a produzir alto nível de cortisol, que contribuem para a lipólise. Com tais perdas de
gordura muscular e subcutânea, as extremidades são edemaciadas, juntamente com
a presença de anemia, deficiência de vitamina e déficit do sistema imune.
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4. Diagnostico
A avaliação nutricional pode ser realizada por meio de quatro procedimentos
básicos: anamnese, exame físico, incluindo a aferição de medidas antropométricas,
como medida da circunferência braquial (CB), e exames laboratoriais. Na anamnese,
deve-se dar ênfase aos antecedentes neonatais (prematuridade, crescimento
intrauterino restrito), nutricionais (aleitamento materno – sim ou não; se sim, qual o
tempo de exclusivo e total; se não – registrar o motivo; na história alimentar, identificar
se há deficiência na quantidade e/ou qualidade); aspectos psicossociais, condições
de saneamento e moradia, presença ou não de doenças associadas.
Na ausência de medidas antropométricas, a desnutrição grave também pode
ser diagnosticada com base na avaliação clínica, verificando-se a presença de
emagrecimento intenso visível; alterações dos cabelos; dermatoses (mais observadas
no kwashiorkor), hipotrofia muscular (p.ex., na região glútea) e redução do tecido
celular subcutâneo.
6. Tratamento
• 1ª fase → estabilização: tratar as morbidades associadas com risco de morte,
corrigir as deficiências nutricionais específicas reverter anormalidades
metabólicas, iniciar a alimentação. Após estabilização hemodinâmica,
hidreletrolítica e acidobásica (suporte metabólico), inicia-se a alimentação:
fornecer no máximo 100 kcal/kg/dia (iniciando com taxa metabólica basal
acrescida de fator de estresse que varia de 10 a 30%, fornecendo de 50 a 60
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Anemia Ferropriva
ID: sexo masculino, 16 meses de vida, pardo, natural e procedente de São Paulo.
QD: fraqueza, inapetência e perda de peso há 2 meses.
HPMA: mãe relata que a criança está há cerca de 2 meses mamando menos do que o habitual. Notou
emagrecimento desde a última consulta. Refere que o filho está menos “espertinho” do que costuma
ser, e apresenta sono em horários do dia que não costuma dormir. Refere também, que está achando
a respiração do filho um pouco acelerada.
ISDA: nega febre, vômitos, diarreia. Nega alterações em cabeça ou pescoço. Apresenta 3 evacuações
pastosas por dia, de consistência normal. Nega sintomas urinários ou cutâneos.
Antecedentes Pessoal: filho único do casal. Nascido a termo (38 2/7), AIG, com PN = 3.250 gramas,
estatura = 51 cm e Apgar 8/9. Relata passar em consulta com pediatra quatro vezes ao ano. Apresentou
dois episódios de otite média aguda nos últimos três meses, tratada com antibiótico.
Vacinação: atualizada, verificada.
Condições socioeconômicas: mora em casa de alvenaria, com água e esgoto tratados.
Alimentação: mama 3 mamadeiras de leite de caixinha. Tem aversão às verduras e legumes em geral,
aceitando bem somente a batata e a cenoura. Faz duas refeições salgadas (almoço e jantar), com
arroz, feijão, e uma carne de vaca (de panela) ou frango desfiado. Macarrão duas vezes por semana.
Não gosta, porém, de mastigar as carnes e o grão do feijão (aceita somente o caldo). Costuma,
portanto, tomar 2 das mamadeiras, uma logo após o almoço e outra logo após o jantar. Toma suco de
frutas, principalmente de laranja, manga ou abacate diariamente. Gosta de bolacha de maisena e
biscoito de polvilho. Aceita bem ovo mexido, mas come uma vez na semana porque a mãe acha que
tem muito colesterol.
Antecedentes Familiar – mãe é diabética do tipo 2, em uso de hipoglicemiantes orais. Pai sem
doenças.
Exame físico: FC = 133 bpm, FR = 50 ipm, PA = 96x60 mmHg. REG, descorado +++/4+, hidratado,
afebril, acianótico, anictérico. Tranquilo, consciente, contactuante, hipoativo.
Otoscopia: membranas timpânicas sem hiperemia, com triângulo luminoso presente bilateralmente.
Oroscopia: tonsilas grau II, sem sinais flogísticos.
AC: BRNF com sopro sistólico +/6+
AP: Murmúrio vesicular presente bilateralmente, sem ruídos adventícios e sem sinais de desconforto
respiratório.
Abdome: globoso, RHA+, normotimpânico, levemente distendido, indolor à palpação superficial e
profunda, sem visceromegalias.
Ausência de sinais meníngeos.
Membros inferiores: pulsos presentes, perfusão de 2s, sem edemas.
Resultado do hemograma solicitado na última consulta: Hb = 6,4 g/dL; HT= 19%; VCM = 56 fL;
CHCM= 21 g/dL; RDW = 21,2%; Leucócitos = 12.200/mm3 (58% neutrófilos, 30% linfócitos, 12%
monócitos) e Plaquetas = 770.000/mm3
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1. Definição
Anemia é definida pela OMS como a condição na qual o conteúdo de
hemoglobina no sangue está abaixo do normal (- 2DP) como resultado da carência de
um ou mais nutrientes essenciais.
2. Etiologia e fisiopatologia
A maior parte do ferro em RN está na hemoglobina circulante. Como a
concentração relativamente elevada de hemoglobina do RN cai durante os primeiros
2-3 meses de vida, uma quantidade considerável de ferro é reciclada. Essas reservas
de ferro são normalmente suficientes para a formação do sangue nos primeiros 6-9
meses de vida de crianças nascidas a termo. As reservas são esgotadas mais cedo
em bebês com baixo peso ao nascer ou lactentes com perda de sangue perinatal
porque seus estoques de ferro são menores. O clampeamento retardado (em 1-3
minutos) do cordão umbilical pode melhorar os níveis de ferro e reduzir o risco de
deficiência de ferro, enquanto o clampeamento precoce (em menos de 30 segundos)
coloca a criança em risco de deficiência de ferro. As fontes dietéticas de ferro são
especialmente importantes nessas crianças. Em bebês nascidos a termo, a anemia
causada exclusivamente pela quantidade de ferro inadequado na dieta geralmente
ocorre aos 9-24 meses de idade e é relativamente incomum depois disso.
Mundialmente, a subnutrição geralmente é responsável pela deficiência de ferro.
Existe 3 estagio de deficiência de ferro
I. Depleção de ferro: o armazenamento de ferro é baixo (baixos níveis de ferritina
e hemossiderina), pequeno aumento da transferrina livre e valores normais de
hemoglobina;
II. Eritropoese deficiente: o nível de saturação da transferrina cai e torna-se
insuficiente para a manutenção de uma taxa ótima de eritropoiese; a
concentração de protoporfirina dos eritrócitos torna-se elevada, indicando um
desequilíbrio entre a produção de protoporfirina e o suprimento intracelular de
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3. Manifestações clinicas
A maioria das crianças com deficiência de ferro é assintomática, sendo a
palidez é o sinal clínico mais importante de deficiência de ferro, mas geralmente não
é visível até que a hemoglobina caia para 7-8 g/dL, tendo palidez na palma da mão,
vincos palmares, unhas e conjuntiva. Na deficiência de ferro leve a moderada (ou seja,
níveis de hemoglobina de 6-10 g/dL), mecanismos compensatórios, incluindo aumento
dos níveis de 2,3–difosfoglicerato e um deslocamento da curva de dissociação do
oxigênio, podem ser tão eficientes que poucos sintomas de anemia, além da leve
irritabilidade, são notados. Quando o nível de hemoglobina cai para <5 g/dL,
desenvolve-se irritabilidade, anorexia e letargia, e murmúrios do fluxo sistólico são
frequentemente ouvidos. Como a hemoglobina continua a cair, pode ocorrer
taquicardia e insuficiência cardíaca de alto débito.
A deficiência de ferro tem efeitos sistêmicos não hematológicos. Tanto a
deficiência de ferro quanto a anemia ferropriva estão associadas à função
neurocognitiva prejudicada na infância. Há também uma associação de anemia
ferropriva e, mais tarde, defeitos cognitivos, possivelmente irreversíveis.
Alguns estudos sugerem um aumento do risco de convulsões, acidentes
vasculares cerebrais, apneia episódica em crianças e exacerbações da síndrome das
pernas inquietas em adultos. Dada a frequência da deficiência de ferro e da anemia
ferropriva e do potencial para efeitos adversos no neurodesenvolvimento, minimizar a
incidência da deficiência de ferro é uma meta importante.
Outras consequências não hematológicas da deficiência de ferro incluem
transtorno de pica (do latim pega) ou alotriofagia, o desejo de ingerir substâncias não
nutritivas, e pagofagia, o desejo de ingerir gelo.
No exame físico deve ficar atento aos seguintes sintomas:
• Pele: hiperpigmentação, purpura e pétequia, icterícia, ulcera em membros
inferiores
• Face: fronte, malar e maxilar proeminentes
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
4. Diagnostico e o hemograma
O exame do sangue periférico (hemograma) e a contagem de reticulócitos são
os procedimentos mais úteis para avaliação laboratorial inicial do paciente com
anemia. Na análise do eritrograma, deve ser considerada sua avaliação quantitativa e
morfológica.
5. Tratamento
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
Pneumonia
ID: menor 18 meses, sexo feminino, branca, natural e procedente de São Paulo.
HMA: mãe relata que criança, há 3 dias, começou a apresentar mal estar, febre até 39ºC, tosse, coriza
e falta de ar. Esta dispneia piorou de ontem para hoje. No início do quadro procurou o atendimento de
um AMA, no qual o médico a liberou com diagnóstico de “virose” e prescrição de soro fisiológico. Pela
piora, decidiu procurar um hospital secundário para o diagnóstico.
ISDA: mãe relata tosse com peito cheio, às vezes com vômitos pós-mamadas e dificuldade para
respirar logo após. Nega diarreia ou sintomas dos demais aparelhos.
AP: prematura limítrofe (IG = 36 semanas e 6 dias); PN = 2.980 gramas, estatura 47,5 cm. Parto
cesáreo. A mãe relata que a criança precisou ficar 3 dias na UTI neonatal por “problemas respiratórios”,
necessitando inclusive de “CPAP”. Com 3 meses, ficou internada com bronquiolite pelo vírus
Parainfluenza 1 e, neste meio tempo, teve 2 crises de sibilância tratados com salbutamol e prednisolona
via oral. Carteira vacinal atualizada. DNPM adequado para a idade.
AF: mãe possui rinite alérgica, medicada com fluticasona tópica. O irmão mais novo está com
diagnóstico de “gripe”.
Condições de vida: vivem em casa de alvenaria com três quartos e dois banheiros. Água e esgoto
todos tratados. Alimentação como os pais, sem aversões alimentares. Toma duas mamadeiras de leite
Ninho 1+, ao acordar e antes de dormir.
EF: REG, corada, hidratada, taquidispneica, anictérica, acianótica e afebril. FC = 162 bpm FR = 54
mpm, tiragem de fúrcula, submandibular e gemência.
Rinoscopia: secreção clara abundante, bilateral.
Orofaringe e Otoscopia: sem alterações.
AP: MV bilateral, abolido em base direita, normal no restante. Ausculta da voz bem definida e não
abafada no mesmo local.
AC: RCR sem sopros.
Abdome: plano, flácido, com fígado a 1 cm do RCD, baço não palpável. Palpação indolor e DB
negativa.
2. Pneumonia bacteriana
2.1. Streptococcus pneumoniae
A pneumonia pneumocócica resulta geralmente da aspiração, por indivíduos
não imunes, de secreções da nasofaringe ou da orofaringe nas quais a bactéria está
presente. No interior dos alvéolos pulmonares, os pneumococos estimulam a
formação de edema, que contribui para a disseminação das bactérias para os alvéolos
adjacentes, até que o processo se estenda até os septos que servem de limite ao lobo
pulmonar, caracterizando a topografia lobar da infecção. Em crianças e em idosos,
frequentemente se instala broncopneumonia, com múltiplos focos de infecção
pneumocócica.
No período prodrômico da pneumonia, ocorre geralmente presença de coriza e
de outras manifestações de infecção das vias respiratórias superiores; em alguns
casos, a instalação da doença é abrupta, com episódio geralmente único de calafrios
e tremores.
O quadro clínico da pneumonia pneumocócica é constituído por febre alta,
taquicardia, taquipneia e tosse com expectoração de escarro hemoptoico (com muco
e sangue), acompanhadas de intensa dor torácica do tipo pleural, que limita os
movimentos do hemitórax do pulmão acometido; nos casos graves, logo aparecem
cianose, batimento das asas das narinas e distensão abdominal.
O exame físico é característico de consolidação parenquimatosa localizada
(hipermatidez, frêmito toracovocal, pectorilóquia, estertores crepitantes e expansão
diminuída do hemitórax) ou de derrame pleural. Não costumam ocorrer cefaleia,
náuseas e vômitos, muitas vezes observados em outras doenças nas quais esses
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
4. Frequência respiratória
Na criança com infecções respiratórias agudas a FR deve sempre ser
pesquisada visando ao diagnóstico de PAC. Na ausência de sibilância, as crianças
com tosse e FR elevada (taquipneia) devem ser classificadas como tendo PAC. Os
seguintes pontos de corte para taquipneia são utilizados:
• < 2 meses: FR ≥ 60 irpm;
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
• 2 a 11 meses: FR ≥ 50 irpm;
• 1 a 4 anos: FR ≥ 40 irpm.
5. Critérios de internação
Segundo revisões sistemáticas, os “sinais de perigo” apontados pela OMS há
indicam internação hospitalar imediata do paciente.
• < de 2 meses: FR ≥ 60 irpm, Tiragem subcostal, Febre alta, Recusa do seio
materno por mais de 3 mamadas, Sibilância, Estridor em repouso, Sensório
alterado com letargia, Sonolência anormal ou irritabilidade excessiva.
• > de 2 meses de vida: Tiragem subcostal, Estridor em repouso, Recusa de
líquidos, Convulsão, Alteração do sensório, Vômito de tudo que lhe é
oferecido.
Segundo a OMS, crianças com PAC e tiragem subcostal são classificadas
como portadoras de pneumonia grave, e aquelas com outros sinais de gravidade
(recusa de líquidos, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso,
desnutrição grave, batimento de asa do nariz e cianose) são classificadas como
portadoras de pneumonia muito grave. Em menores de 2 meses, são considerados
sinais de doença muito grave: recusa alimentar, convulsões, sonolência excessiva,
estridor em repouso, febre ou hipotermia, além da tiragem subcostal grave.
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
Identificação: sexo feminino, 6 anos e 5 meses de idade, caucasiana, natural e procedente de São
Paulo capital. Pai é professor de matemática e a mãe é educadora física (personal trainer).
QD: dor abdominal há 1 ano.
HPMA: mãe refere que há cerca de um ano a filha tem se queixado de dor abdominal localizada em
“toda barriga”, que se inicia repentinamente, de forte intensidade, com duração de cerca de 5 minutos,
e melhora espontaneamente ou com massagem local. No início as dores apareciam uma ou duas vezes
por mês, mas há alguns meses a filha tem se queixado dessas dores uma ou duas vezes por semana.
Mãe refere que ela já realizou exames de sangue, de fezes e de urina, todos normais segundo o que o
pediatra lhe informou. Algumas vezes a mãe medica a filha com dipirona e simeticona, referindo
melhora da dor.
ISDA: nega diarreia. Nega vômitos. Nega sintomas respiratórios.
Hábito intestinal: evacua fezes formadas, endurecidas, muitas vezes em cíbalos, uma ou duas vezes
por semana.
Hábito urinário: 3 a 4 vezes ao dia.
Antecedentes pessoais: nascida de parto normal, a termo, peso e estatura adequados para idade
gestacional. Alimentada ao seio materno exclusivo até os 2 meses de idade. Introduzida fórmula láctea
aos 2 meses e alimentação complementar aos 5 meses de idade. Foi “bebê chiador” até 2 anos de
idade, fazendo uso de prednisolona xarope e inalação com broncodilatador nas crises de “falta de ar”,
geralmente quando estava resfriada. Não teve mais nenhum episódio desde então. Nega internações.
Vacinação: atualizada (conferida).
Alimentação: desde os 4 anos de idade as principais refeições são similares à do resto da família que
substitui o jantar por um lanche, exceto a mãe que precisa de uma dieta especial devido à profissão
(sic).
• Café da manhã: 1 copo de leite com achocolatado e bolacha “passatempo” ou pão de queijo.
• Lanche: Danoninho ou Polenguinho.
• Almoço: arroz, feijão, carne moída, batata e tomate, ou macarrão com molho à bolonhesa. Suco
de caixinha. Sobremesa: banana ou bolacha recheada.
• Lanche: na escola (não sabe referir).
• Jantar: sanduiche com hambúrguer de carne, queijo e tomate. Suco de caixinha.
• Ceia: 1 copo de leite com achocolatado.
Obs.: não aceita bem verduras e legumes. Gosta de batata frita ou cozida. Das frutas gosta de
banana e maçã.
Não sabe referir a quantidade de água ingerida por dia.
Condições socioeconômicas da família: reside em casa de alvenaria em zona urbana da grande SP
com pai, mãe, irmã de 2 anos de idade e avós maternos.
Hábitos: frequenta a escolinha no período da tarde. Fica sob cuidados dos avós maternos que residem
na mesma casa (pais trabalham durante o dia).
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Antecedentes familiares: avó e avô materno com obesidade, HAS e diabete. Pai pré-diabético.
Mãe: peso = 56kg altura = 1,59m.
Pai: peso = 90kg altura= 1,70m (aproximadamente) sic.
Exame físico: BEG, corada, hidratada, anictérica, acianótica, afebril (T: 36,2°C), FC: 100bpm, FR:
20ipm, Saturação O2: 96% em ar ambiente. Peso: 25kg, Estatura: 117cm.
AC: BRNF, em 2 tempos, sem sopros.
AP: MV presente, sem RA bilateralmente, eupneica. M1 (Tanner).
Abdome: globoso, RHA presentes, timpânico à percussão, flácido, indolor a palpação, sem
visceromegalias.
Otoscopia: MT com triângulo luminoso presente, sem sinais flogísticos.
Oroscopia: mucosa sem sinais flogísticos, tonsilas palatinas grau 2, dentição em bom estado de
conservação.
Períneo: genitais típicos femininos, P1 (Tanner)
Pele: sem alterações da normalidade.
A dor abdominal aguda é uma queixa frequente em crianças. Tem início súbito
e pode apresentar características diversas quanto à localização, à intensidade e aos
sintomas associados, sendo menor que 1 semana. Já a dor abdominal recorrente ou
crônica que na maioria é de caráter funcional superior há 3 meses.
• Dor abdominal crônica (DAC): quadro de dor abdominal de longa duração
(usualmente
• mais de três meses) com padrão contínuo ou intermitente.
• Dor abdominal orgânica (DAO): quando associada a uma causa anatômica,
inflamatória ou dano tecidual.
• Dor abdominal funcional (DAF): dor abdominal que ocorre na ausência de uma
causa anatômica, inflamatória ou dano tecidual.
Dentre as desordens gastrointestinais funcionais (DGIFs) da infância e da
adolescência, atualmente classificadas pelo critério de Roma IV, publicado em 2016,
são definidas as seguintes doenças que cursam com DAF: dispepsia funcional,
síndrome do intestino irritável, enxaqueca abdominal e dor abdominal funcional sem
outra especificação.
Os sinais de alarme é uma dor de barriga grave, impressão de doença grave,
vomito de sangue ou bile, sonolência, devendo analisar o paciente com urgência,
sangramento retal, febre, vomito persistência, avaliando o paciente no mesmo dia.
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC
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Baixa Estatura
1. Avaliação clinica
No quadro clinico, observação a criança com engasgo seguido de acesso de
tosse, podendo ser acompanhado de cianose perilabial, em uma criança saudável.
Quando a ACE é parcial, a criança pode tossir e esboçar sons. Nesta situação, o
melhor procedimento é a não intervenção no ambiente doméstico e encaminhamento
a um serviço de saúde, para o tratamento definitivo.
uando a ACE é total, a criança não consegue esboçar qualquer som, está com
asfixia, falta de ar importante e até com os lábios arroxeados. Nesta situação, deve-
se proceder da seguinte maneira:
• > 1 ano: manobra de Heimlich, que consiste em compressões abaixo das
costelas, com sentido para cima, abraçando a criança por trás, até que o CE
seja deslocado da via aérea para a boca e expelido.
• < 1 ano: 5 percussões com a mão na região das costas, a criança com a cabeça
virada para baixo, seguida de 5 compressões na frente, até que o CE seja
expelido ou a criança torne-se responsiva e reaja.
** OS: Crianças com tratamento de ATB sem melhora, ou com uso de broncodilatador
e não melhora → pensar em compro estranho
Gabriela Marcello Tagliani – 5ªC