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SEMIOLOGIA – ECG

Gabriela Marcello Tagliani


Turma XXVIII
Universidade da Cidade de São Paulo –
UNICID
Gabriela Marcello Tagliani

1. Eletrofisiologia do coração
Tem-se automatismo cardíaco predominante no nó sinusal, pois essas celulas
despolarizam com frequência maior e são moduladas pelo SNA, podendo elevar a FC.
Estimulo elétrico → nó sinusal (despolarização) → via intermodal (4 fasciculos)
→ nó átrio ventricular → feixe de His → ramo direito e ramo esquerdo → fibras de
Purkinje
No nó AV as celulas retardam a velocidade de condução para que os átrios
consigam se esvaziar completamente antes da contração ventricular.

• Despolarização dos átrios: onda P


• Despolarização dos ventrículos: complexo QRS
• Repolarização ventricular: onda T

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2. Derivações
2.1. Derivações bipolares (triangulo de Eithoven)
• D1: entre o braço D para o braço E
• D2: entre o braço D para a perna
• D3: entre o braço E para a perna

2.2. Derivações unipolares (plano frontal)


• aVR: braço direito
• aVL: braço esquerdo
• aVF: pernas

2.3. Derivações precordiais (plano horizontal)


• V1: 4º EICD na linha paraesternal
• V2: 4º EICE na linha paraesternal
• V3: ponto médio entre V2 e V4
• V4: 5º EICE na linha hemiclavicular
• V5: 5º EICE, linha axilar anterior
• V6: 5º EICE linha axilar média

1.4. Sistema de eixos hexagonal


Sobrepondo as derivações bipolares e unipolares, tem um sistema de eixos no
plano frontal, para determinar a orientação dos vetores.

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3. Interpretação do ECG
I. Ritmo
Deve ser sinusal, com onda P precedendo o QRS, positiva, arredondada e
monofásica nas derivações D1, D2 e aVF.
II. Frequência
Divide 1500 (1 minutos = 1500 mm) pela ela distância entre uma onda R e a
próxima onda R, onde a frequência normal fica entre 60 a 100 bpm.
Pode utilizar o método sequencial, de 300, 150, 100, 75, 60, 50, onde a cada 5
mm pula para a próxima sequência. Ou dividir 300 por números de quantos
“quadradões” se tem.
Se ritmo irregular ou bradicardia menor que 50, usar o D2 longo:
• Intervalo de 3,0s (15 x 5 mm) em D2 longo – nº QRS x 20
• Intervalo de 6,0s (30 x 5 mm) em D2 longo – nº QRS x 10
III. Onda P
• Amplitude → em D2 frontal e V1 horizontal menor que 2,5 mm (até 3
quadradinhos)
• Duração → acima de 15 anos até 0,11 s (até 3 quadradinhos)
• Forma → arredondada em D2 e bifásica em V1
• Eixo → se ritmo sinusal esta normal
IV. Segmento e Intervalo PR
No segmento analisamos se está alinhando com a linha isoelétrica, verificando
alterações de supra ou infradesnivelamento.
Já no intervalo (analisa condução entre átrio e ventrículo), é medido do início
da onda P até inicio da primeira onda QRS, com duração entre 0,12 – 0,20 s (3 a 5
quadradinhos), > 0,20 s tem bloqueio átrio-ventricular.
V. Complexo QRS (feixe de His)
• Amplitude → tem que ter uma deflexão negativa, seguida de uma
positiva e outra negativa (até 5 quadradinhos), alta ou baixa (menos de
5 quadradinhos nas bipolares e 8 quadradinhos nas precordiais)
• Duração → 0,06 – 0,11 s (até 3 quadradinhos), se tiver alargado é
bloqueio de ramo
• Forma → olha nas derivações precordiais (V1 a V6), onde R é pequena
de início e tende a aumentar, já S é grande de início e tende a diminuir.

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• Eixo SÂQRS → analisa uma derivação seguida da sua perpendicular,


fazendo a exclusão do quadrante, assim ver D1 e aVF, D2 e aVL e, D3
e aVR.
VI. Segmento ST
Começa no ponto J, ponto onde termina a inscrição do complexo QRS e termina
no final do segmento ST, verificando seu sentido conforme a linha isoelétrica (pode
ser supradesnivelamenteo → IAM ou infradesnivelamento)
VII. Onda T (repolarização ventricular)
• Amplitude → < 6 mm (até 5 quadradinhos) nas derivações bipolares e <
10 mm (até 10 quadradinhos) nas precordiais.
• Duração →
• Forma → assimétrica (inclinação lenta e declinação rápida).
VIII. Intervalo QT (sístole ventricular)
Medido do início do QRS até o final da onda T, onde QTc normal fica entre 0,34
– 0,44 s, onde QT/√RR, alteração indica arritmia.
IX. Onda U
Onda U é uma deflexão pequena após onda T e positiva, onde habitualmente
não é visível, mas em hipocalcemia é evidente em V3 e V4.
X. Conclusão
Diagnostico

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4. Sobrecargas de câmaras cardíacas


4.1. Sobrecargas atriais → aumento da onda P
• Sobrecarga atrial direita (SAD): aumenta amplitude da onda P (> 2,5 mm em
D2 e V1), com ondas altas e pontiagudas nas derivações D2, D3, aVF e V1, e
desvio para direita (+ 80º).

• Sobrecarga atrial esquerda (SAE): aumento duração da onda P (> 0,12s), com
ondas alargadas e entalhada principalmente em D1 e D2 (2 componentes da
onda P → AD inicial e AE final), maior que 0,03s. desvio para esquerda (30º a
0º) e com predomínio de fase negativa em V1 (maior quer 0,04s);
o Índice de Morris: aumento da fase negativa em V1, com pelo menos
0,04s (igual ou maior que 1 mm) ou plus minus

• Sobrecarga biatrial: onda P com aumento de amplitude e duração, podendo ser


pontiaguda e entalhada.

4.2. Sobrecargas ventriculares → alteração no complexo QRS (desvio do eixo ou


aumento de amplitude)
• Sobrecarga ventricular direita (SVD): quando se tem um ventrículo hipertrofiado
superando as forças elétricas do VE, desviando o eixo QRS para a direita (>

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90º) onda R dominante em V1 e V2, padrão qR em V1, onda R menor que onda
S em V5 e V6, onda S proeminentes em V5 e V6 (> 5mm).

• Sobrecarga ventricular esquerda (SVE): mantem orientação normal do


complexo QRS para esquerda e para trás, mas a amplitude aumenta (onda R
ou S) e a onda T inverte.
o Índice Sokolow e Lyon: somatória da onda S em V1 ou V2 + onda R em
V5 ou V6, positivando quando > 35 mm.
o Índice de Cornell: somatória da onda R em aVL + onda S em V3, sendo
positivo para H > 28 mm e M > 20 mm

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o Sistema de Romhiit-Este: é por escore, conforme alterações


encontradas, positivo > 5 pontos.

• Sobrecarga biventricular (SBV): superposição de sinais de SVD e de SVE no


eletrocardiograma.

5. Transtornos de condução
5.1. Bloqueio atrioventricular (BAV)
Disritmia onde tem atraso ou bloqueio total de transmissão do estimulo atrial,
onde é verificado no intervalo PR, do qual deverá estar com valor de 0,12 a 0,20
segundos (de 3 até 5 quadradinhos).
• BAV 1º grau ou parcial: tem um atraso mais o estimulo passa, ou seja, tem um
aumento do intervalo PR (> 0,20 segundos), seguido do complexo QRS, e FC
dentro da normalidade.

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• BAV 2º grau: tem alguns complexos QRS bloqueados


o Mobitz I ou Wenckebach: esse bloqueio avisa antes, observando o
aumento progressivo do intervalo PR até ocorrer o bloqueio do complexo
QRS (onda P seguida de outra onda P), sendo que o primeiro intervalo
PR após o bloqueio é o menor entre todos. Podemos considerar 5 ondas
P e 4 complexos QRS (5:4) ou 3 ondas P para 4 complexo QRS (3:4),
verificando a quantidade de onda P e complexo QRS até o bloqueio

BLOQUEIO QRS

o Mobitz II: o intervalo PR estará constante e não avisa que vai ocorrer o
bloqueio, tendo este “do nada”. É um bloqueio grave, que pode evoluir
para um bloqueio total, sendo necessário implantação de marca-passo.

BLOQUEIO QRS

o Tipo 2:1 ou 3:1: não consegue saber se é Mobitz I ou II, tendo uma onda
P conduzida que alterna com uma onda P bloqueada, não tendo intervalo
PR consecutivos.

BLOQUEIO QRS

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• BAV 3º grau: tem um bloqueio total, ou seja, ausência de condução entre os


átrios e os ventrículos, onde a onda P cai em qualquer posição do ECG, mas é
regular. Tem uma dissociação AV, onde o ritmo atrial é um (onda P a outra
onda P → 60 a 100 bpm) e o ventricular outro (de R a R → 20 a 40 bpm).

5.2. Bloqueio intraventricular


São alterações com retardo ou interrupção da condução do estímulo elétrico
cardíaco, resultando em mudança na duração e no formato do complexo QRS e
assincronia da ativação do ventrículo correspondente, comprometendo o feixe de His.
• Bloqueio de ramo direito (BRD): melhor visualizado em V1, tendo complexo
QRS > 0,11 segundos. Tem padrão M, onde se vê a letra M rsR’ (2R), o S é
empastado/ aumentando em DI, V5 ou V6 e derivações esquerdas, e a onda T
oposta com relação à última deflexão do complexo QRS

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• Bloqueio de ramo esquerdo: tem aumento do complexo QRS > 0,11 segundos.
Tem R alargado em V5 e V6 com padrão de torre, S largo em V1 e onda T
contraria ao complexo QRS.

o Bloqueio divisional do ramo E: eixo desvia > 90º (sobrecarga ou bloqueio


do fascículo)
▪ Anterossuperior: vai para E do eixo, tendo padrão Q1S3 com
rotação anti-horário (presença de onda Q em D1 e presença de
onda S em D3), eixo vai estar apontando para cima (além de -
30º)
▪ Postero-inferior: vai para D do eixo, tendo padrão Q3S1 (rotação
horária)

ANTEROSUPERIOR POSTEROINFERIOR

• Incompleto: não alarga e não passa de 0,12 segundos

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6. Síndrome isquêmica

Desproporção entre a oferta e o consumo de oxigênio no nível da fibra


miocárdica, seja por diminuição da oferta ou por aumento de consumo. Em qualquer
uma dessas condições, o fenômeno fisiopatológico essencial é a isquemia miocárdica.
• Angina estável: obstrução fixa de uma artéria coronária, tendo dor torácica
(queimação ou aperto → retroesternal → pode radiar para pescoço, ombro e
braço), desencadeada por esforço físico, refeições volumosas ou estresse
emocional, com duração de 30 segundos a 15 minutos, aliviada com repouso
ou uso de nitrato.
• Angina instável: incluindo desde a angina de peito de início recente até dor
intensa e prolongada em repouso, às vezes indistinguível clinicamente do IAM.
Daí as denominações de “IAM sem onda Q" e “síndrome isquêmica aguda sem
elevação do segmento ST". Em geral, a duração da dor > 20 min, pode ocorrer
em repouso ou pequenos esforços, pode ter vomito, diaforese e dispneia.
• IAM: necrose do miocárdio, semelhante a angina estável, com dor em repouso,
duração prolongada (horas), não aliviando com nitritos sublinguais,
necessitando de opiáceos para desaparecer, acompanhando-se de mal-estar,
sudorese profusa e ansiedade. Pulso radial pode ser rápido, tem queda de PA,
diminuição das bulhas cardíacas. No ECG tem aparecimento de onda Q,
indicativas de necrose, desnivelamento do segmento ST e ondas T isquêmicas.
Tem liberação de marcador de necrose como a CK-MB e troponinas.

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As síndromes isquêmicas vão se caracterizar por alteração do segmento ST


(do ponto J até final da onda T) e alteração da onda T (normal = assimétrica, alteração
da repolarização).
• Placa de ateroma → fase isquêmica (reversível e < 20 minutos) → fase de lesão
(reversível e > 20 minutos) → fase de necrose (irreversível e de 6 – 12 horas)
• Extensão da lesão vai definir se irá ter um infra ou supradesnivelamento do
segmento ST
o Subendocárdica → infra de ST
o Subepicárdica → supra de ST
• Isquemia leva a alteração nos canais de K+ no potencial de ação, havendo
perda de K+, tendo uma despolarização lenta
• Despolarização: dentro → fora; Repolarização: fora → dentro, entretanto os
vetores sempre apontaram a seta para fora, no sentido do epicárdico (lado +)

6.1. Isquemia
• Subendocárdica: sem lesão celular, onde o vetor se afasta da zona isquêmica,
indo em direção ao epicárdico, tendo onda T positiva, pontiaguda e simétrica

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• Subepicárdica: sem lesão celular, vetor se afasta da zona isquêmica, tem onda
T invertida, ampla e simétrica.

6.2. Lesão
• Subendocárdica: vetor aponta para a zona lesada (polo – próximo ao eletrodo),
tendo um infarto incompleto da parede do ventrículo, causando um
infradesnivelamento do segmento ST.

• Subepicárdico ou transmural: vetor aponta para a zona lesada (polo + próximo


ao eletrodo), tendo um distúrbio de despolarização, gerando elevação do ponto
J e supradesnivelamento do segmento ST.

6.3. Necrose
• IAM subepicárdico: tem uma zona inativa na necrose, onde o vetor se afasta
da zona necrótica, causando uma onda T achatada, invertida e profunda, com
onda Q patológica
o Q patológica: amplitude maior que 1/3 do QRS, duração maior que
0,04s, presença de 2 ou mais derivações
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6.4. Critérios para IAM


• Nova elevação do ST em 2 derivações (acima 0,2 mV H e 0,15 mV M em V2-
V3; acima 0,1 mV nas demais derivações)
• Novo infra ST ou alteração de onda T
• Infra retificado ou descendente acima 0,05 mV em 2 derivações
• Inversão de onda T acima 0,1 mV em 2 derivações continuas, com R
proeminente
• Novo BRE
• Fase superaguda: coisa de minutos, aplanamento do ST e onda T ampla,
positiva e pontiaguda (isquemia subendocárdica)
• Fase 1: de 20 – 30 minutos a 1 – 2 dias, tem supradeslivelamento do segmento
ST, tendo ausência de alteração do QRS e aumento da amplitude de onda T
• Fase 2: 6 horas a dias, com redução do desnivelamento do ST, inversão da
onda T, redução da amplitude de R e Q anormal
• Fase 3: de 3 – 6 semanas, sendo fase de cicatrização, onde o segmento ST
normaliza, persistência do Q patológico e amputação de onda R e onda T mais
profunda e simétrica
• Fase 4: onda T normaliza, persistência do Q patológico e onda R amputada

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6.5. Imagem em espelho


• Imagem ao contrário da parede oposta (sempre verificar onde tiver o infarto
em supra de ST, infra de ST é a imagem em espelho)
o V1 a V4: espelho da parede posterior
o D1 e aVL (lateral alta): espelho da parede inferior (D2, D3 e aVF)
o D2, D3, aVF (inferior): espelho da anterior (V1 a V4)

6.6. Paredes
I. lateral alta ou superior (aVL e D1)
II. inferior (D2, D3 e aVF)
III. apical (V5 e V6)
IV. anterior (V1 a V4)
V. posterior (V7 a V8, com infra de ST na parede posterior)

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7. Arritmia supraventriculares

• Badmotroprismo: excitação (automatismo cardíaco)


• Dromotropismo: condução
As arritmias supraventriculares (curto circuitos) estão localizadas acima do
feixe de His, tendo assim alteração na formação e condução do estimulo,
consequentemente no nó AV.
São taquicardias em que a frequência atrial ou ventricular esta > 100 bpm, e os
complexos QRS alterados, ou estão estreitos ou tem a mesma morfologia do ritmo
sinusal.
Para o diagnóstico é necessário observar o ritmo cardíaco é regular ou irregular
e as características da onda P (arredondada, monofásica, positiva em D1, D2 e aVF,
antecedendo o QRS).
A extrassitolia é a sístole fora do ritmo normal, sendo a variedade mais comum
das arritmias, com mecanismo de parassistolia, foco ectópico, reentrada,
supraventriculares e ventriculares. Tem um período de acoplamento e o fenômeno R
sobre T.
• Extrassístoles: origem no território atrial, com despolarização normal dos
ventrículos com complexo QRS parecem impulso normais, mas aparecem
precocemente no traçado de ECG, mas precedidos por anda P com morfologia
diferente ou ausente. Tem sístole extra, em focos ectópicos, sendo prematuras
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e ocorre anterior a sístole normal, seguida de uma pausa. Podem ocorrer


isoladas ou agrupadas.
o Extrassístoles atriais: tem presença de onda P com morfologia ou
orientação diferente do ritmo de base, tendo uma pausa incompleta,
QRS estreito ou normal, e uma taquicardia atrial não sustentada (3 ESA
com FC > 100 bpm). Pode apresentam condição aberrante, com QRS
alargado parecendo BRD ou BRE.

o Extrassístoles juncionais: tem origem no nó AV, enviando impulsos de


baixo para cima nos átrios, e outro de cima para baixo no ventrículo,
tendo complexo QRS normal, mas onda P negativa antes ou após o
QRS, melhor vista em D2, D3 e aVF, ou ausência da onda P, tendo uma
pós-extrassistolica constante.

• Taquicardia sinusal: ritmo regular, por causas de extracardíacas, como febre,


dor ou ansiedade, tendo aumento do número de batimentos cardíacos > 100
bpm, podendo chegar a 150 bpm em adultos e 180 bpm em crianças. Tem onda
P positiva (orientação normal 0 a + 90º) antes do QRS, mas pode ter aumento
da amplitude, infra de ST e encurtamento do intervalo PR.

FC 187 bpm

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• Taquicardia atrial não paroxística monomórfica ou unifocal: tem frequência


atrial de 140 até 220 bpm, com ritmo atrial e ventricular regular, onda P pode
ser difícil de identificar por ter superposição na onda T, mas quando presente
é negativa em D1, D2 e aVF, tem intervalo PR normal ou prolongado e QRS
normal ou alargado devido ao BR ou condução aberrante.

• Taquicardia atrial não paroxística polimórfica ou multifocal: tem vários pontos


de disparo elétrico nos átrios, com FC atrial geralmente > 150 bpm, com ritmo
irregular, com pelo menos 3 ondas P diferentes na mesma derivação, intervalo
PR normal ou prolongado e QRS normal ou alargado

• Taquicardia paroxística supraventricular (TPSV): tem reentrada nodal AV, com


início e termino súbitos, onde 10% tem via dupla e 90% por reentrada nodal
AV, terá FC entre 140 e 220 bpm, tem RR regular, mais onda P esta ausente,
podendo ter superposição na onda T, com intervalo PR normal ou até
encurtado e QRS normal.

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Ausência de onda P

• Taquicardia reentrante nodal: um único estimulo elétrico não se extingue e


reentra no sistema de condução produzindo várias despolarizações, iniciando
e parando abruptamente, o paciente pode ter duas vias, uma rápida e lenta.
Forma rara de TSVP. Tem onda P ausente ou quando presente esta negativa
em D2, D3 e aVF, QRS estreito e RR regular, com FC 180 até 220 bpm

Ausência de onda P

RR regular FC 125bpm

• Flutter atrial: estímulos nascidos na musculatura atrial (reentrada), atividade


atrial é regular e com onda F (onda P alterada com aspecto serrilhado e ondas
atriais negativas em D2, D3 e aVF) mais amplas, tendo duas ou mais

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ondulações para cada QRS. A frequência atrial está em torno de 300 bpm.
Pode causar BAV 2:1, 3:1, 4:1 ou maior

• Fibrilação atrial: tem estimulo vindo na musculatura atrial, com ritmo muito
irregular e não tem onda P (taquiarritmia sustentada), tendo irregularidades nas
linhas de base, presente por onda f (onda irregular e de pequena amplitude),
com RR variável
o Resposta ventricular alta: tem alta FC, com onda f de difícil visualização,
e o diagnostico base no ritmo muito irregular (taquicardia)

Ausência de onda P

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o Resposta ventricular baixa: onda f são bem evidentes, e com frequência


baixa

Onda f evidente

• Síndrome de Wolff Parkinson White: a reentrada ocorre pela passagem


anormal do estimulo dos ventrículos para os átrios, por uma via acessória
(conexões AV anômalas). Acompanha a TPSV. Tem o tipo A e o B que tem
encurtamento do intervalo PR e aparecimento de um espessamento da fase
inicial do complexo QRS (largo), pela despolarização precoce da conexão
anômala, e presença de onda delta.

7. Arritmias ventriculares
• Escape ventricular: o escape são batimento tardios por um foco ectópico que
estava latente, e se manifesta quando há uma pausa longa, maior que um
intervalo RR. Tem morfologia de bloqueio de ramo, tendo ausência de onda P
precedente ou dela dissociada

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• Extrassístole ventriculares: tem batimento precoce, aumento do automatismo,


sendo a arritmia mais frequente, com mecanismo de reentrada ou foco
ectópico, com complexo QRS alargado e prematuro, com morfologia de
bloqueio de ramo e onda T e QRS com polaridade oposta.
o Monomórficas: quando mesma morfologia na mesma derivação

o Polimórficas: tem uma pausa completa e ausente

o De fusão: extrassístole após uma onda P sinusal, sendo um batimento


precoce de duas frentes de onda, a despolarização, que encurta o
intervalo PR e estimulo sinusal, dando menor aberrancia pro QRS.

• Extrassístole bigeminada (1:1): a cada batimento normal tem uma extrassístole,


ou seja, após um QRS normal.

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• Trigeminismo: a cada 2 batimentos compreende uma extrassístole

• Tetrageminismo: 4 extrassístoles consecutivas.

• Taquicardia ventricular: são mais graves que as supraventriculares, geralmente


associada a doença coronariana aguda, como IAM ou infarto prévio. Tem o
QRS alargado (>0,12s), com origem abaixo do no AV, com mecanismo de
reentrada (cicatriz no miocárdio), de automatismo ou os dois.
o Monomórfica: o estimulo sempre faz o mesmo caminho, tem QRS
alargado, com FC < 220 bpm, com inicio e termino súbito, com
dissociação completa AV, e complexos ventriculares anormais, e eixo
QRS entre -90º e 180º e BRD em V1 (origem VE).

o Polimórfica: tem QRS alargado, tendo diferença entre os QRS e


modificação cíclica do QRS, com ritmo irregular, FC maior que a
monomórfica.

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• Flutter ventricular: tem QRS alargado, com FC > 220 bpm, com QRS parecidos,
com ondas em sino (QRS, ST e T) e amplitude grande, com ritmo pré-
fibrilatório, sendo um comprometimento miocárdico severo.

• Fibrilação ventricular: tem QRS alargado, com taquicardia ventricular irregular,


tendo morfologia irregular e baixa amplitude e completa desorganização
elétrica, estimulação prematura (fenômeno R sobre T). Diagnostico clinico de
parada cardíaca.

• Torsades de points: variedade de TV polimórfica, com QRS que aumentam e


diminuem ciclicamente, parecendo girar em torno da linha de base.

• Assistolia ventricular: ausência de sístole, ou ausência completa de atividade


elétrica e mecânica cardíaca. É um ritmo de parada cardiorrespiratória e
necessita de atitude médica imediata.

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8. Situações especiais
• Hiperkalemia: concentração sérica de potássio > 5,5 mEq/L, paciente
apresenta fraqueza, com aumento da amplitude da onda T, alargamento do
QRS e intervalo PR e onda P diminuída, supradesnivelamento em ST, quando
fusão de QRS com onda T

• Hipokalemia: tem níveis de K+ < 3,5 mEq/L, podendo gerar fraqueza


generalizada, constipação e distúrbio do ritmo cardíaco. No ECG tem
infradesnivelamento do segmento ST, depressão da onda T e elevação da
onda U, QRS alargado

• Hipercalcemia: definida por aumento dos níveis de Ca2+ > 10,4 mg/dL, tendo
encurtamento do segmento ST ou ausência e intervalo QT diminuído.

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• Hipocalcemia: níveis de cálcio no plasma < 8.8 mg/dL, gerando prolongamento


do segmento ST e do intervalo QT. A duração do segmento ST é inversamente
proporcional à concentração de cálcio no plasma

• Intoxicação digitálica: tem efeito inotrópico +, aumentando a força e velocidade


de contração do muscula cardíaco. Tem alteração no ECG com doses
terapêuticas conhecidas como “colher de pedreiro”, com alteração na onda T
(bifásica), encurtamento do intervalo QT e prolongamento do intervalo PR.

• Miocardite: inflamação do miocárdio com necrose dos miócitos cardíacos.


Sintomas podem variar e incluem fadiga, dispneia, edema, palpitação e morte
súbita. No ECG tem alteração com elevação do segmento ST (mimetiza
isquêmica) e onda T, podendo ter arritmia atriais e ventriculares, com distúrbios
de condução IV e AV, e raramente tem registro de onda Q

• Pericardite: inflamação no pericárdio, gerando alteração no ECG em 4 etapas.


Tem dor torácica, sendo aguda, precordial ou retroesternal, se acentua com a
inspiração ou a tosse, e alivia na posição de "prece maometana". Pode ter

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febre, dispneia, tosse ou clinica de infecção viral. No exame físico, o atrito


pericárdico é o sinal patognomônico da pericardite aguda.
o Etapa 1: fase precoce. Tem elevação côncava do segmento ST,
depressão do segmento PR, onda T positiva.

o Etapa 2: ocorrem vários dias após do início dos sintomas da pericardite,


normalizando do segmento ST e PR, e achatamento da onda T.

o Etapa 3: inversão da onda T (negativa) na maioria das derivações, sem


aparição de ondas Q.

o Etapa 4: ocorre a normalização das ondas T e o eletrocardiograma


retorna ao padrão normal. Normalmente sucede semanas ou meses
mais tarde. Em determinados pacientes persistem as ondas T negativas.

• Infarto pulmonar (TEP): ocorre por oclusão das artérias pulmonares. Os


principais sintomas da embolia pulmonar são a dispneia, geralmente súbita, e
dor torácica do tipo pleurítica. A taquicardia sinusal é comum. No ECG tem uma
onda P pulmonar (SAD), bloqueio completo ou incompleto do ramo D, desvio
de eixo para direita (> 120º) e padrão S1Q3T3 (onda S em DI, onda Q em DIII
e onda T invertida em DIII).

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• DPOC: as alterações no ECG estão relacionadas tanto ao desenvolvimento de


hipertensão pulmonar quanto ao aumento volumétrico dos pulmões com
rebaixamento do diafragma. Tem onda P pulmonar (sobrecarga atrial direita),
sobrecarga ventricular direita, desvio do eixo para a direita (> 120°), depressão
do segmento PR > 0,1 mV, complexos QRS de baixa voltagem nos planos
frontal e horizontal, progressão lenta da onda R nas precordiais com relação
R/S < 1.

• Pneumotórax: dor torácica súbita e dispneia, tem expansibilidade diminuída,


hipertimpanismo e redução da ausculta da voz, com diminuição do MV. Desvio
do SÂQRS para direita, com diminuição da amplitude R nas precordiais, no
complexo QRS (baixa voltagem), na onda P, QRS e onda T em D1. Tem
alteração na repolarização (elevação ou depressão de ST), QS em V1-V4.

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• Dissecção de aorta: dor na região precordial e retroesternal, em queimação,


intensa, irradiada para pescoço, membros superiores e dorso, desencadeada
em repouso e associada a náuseas e sudorese fria. No ECG tem
supradesnivelamento de segmento ST na parede inferior.

• Derrame pericárdico (tamponamento cardíaco): na clinica paciente pode ter


dor torácica com dispneia súbita, palidez, taquidispneico, com diminuição
da PA e aumento da FC. No exame físico encontra-se bulhas hipofonéticas,
com estase fixa de jugular e presença de pulso paradoxal (. No ECG tem
taquicardia sinusal, com baixa voltagem de QRS

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Gabriela Marcello Tagliani

• Hipotermia: após passar por um ambiente frio, tendo rebaixamento de


consciência, com diminuição da PA e FC. No ECG as alteração surgem com
temperaturas < 35ºC, com diminuição da velocidade de condução do
estimulo cardíaco, aumentando os intervalos RR, PQ, QRS, QT, tem
presença de onda J de Osborne (elevação do ponto J apresentando um
entalhe), sendo que quando maior o entalhe, mais acentuada a hipotermia

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