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05/08/2020 AVA UNINOVE

Histopatologia Básica da mucosa oral


e Descrição das Lesões fundamentais
e variações da normalidade
TER CONHECIMENTO DOS PROCESSOS PROLIFERATIVOS NÃO-NEOPLÁSICOS E SABER REALIZAR A
DESCRIÇÃO DAS LESÕES BUCAIS E MAXILOFACIAIS, ALÉM DE CONHECER AS CARACTERÍSTICAS
BÁSICAS DA HISTOLOGIA DA MUCOSA ORAL.

AUTOR(A): PROF. VANESSA CHRISTINA SANTOS PAVESI

AUTOR(A): PROF. TATIANA REGINA RAMOS NANTES DE CASTILHO

Histologia Básica
A mucosa bucal é o limite existente entre o indivíduo e o meio externo o que, para desenvolver sua função,

deve estar sempre íntegro. A perda da integridade desta mucosa leva a perda da homeostasia e, em grande
parte dos casos, uma indicação da condição de saúde dos indivíduos.Por que devemos conhecer a estrutura

microscópica da mucosa bucal? É de fundamental importância conhecermos esta estrutura pois muitas
condições e todas as doençasalteram a apresentação clínica da mucosa bucal e, portanto, determinam

alterações microscópicas do tecido.A mucosa bucal é constituída pelo epitélio bucal, cuja função é
revestimento, a lâmina própria e a área submucosa(tecido conjuntivo). Esta composição é equivalente
àquela conhecida e presente na pele (epiderme e derme).O epitélio de revestimento bucal é do tipo
estratificado pavimentoso constituído basicamente por células chamadas queratinócitos e outros tipos

celulares. O termo estratificado se dá pela estratificação das células em camadas, desde a porção inferior
(em contato com o tecido conjuntivo) até a parte superficial, temos a camada basal, espinhosa e córnea. As

células da camada basal apresentam forma cuboidal ou colunar conhecidas como camada germinativa e são
responsáveis pelas mitoses celulares. Logo acima da camada basal encontramos as células da camada
espinhosa que, morfologicamente, são maiores que as células basais e apresentam pontes intercelulares
conectantes unindo fortemente. As células da camada espinhosa orientam-se paralelamente à superfície. A

camada superficial é denominada camada córnea e diferencia se o epitélio apresenta-se queratinizado ou


não. No epitélio queratinizado, a camada superficial logo abaixo da camada de queratina, apresenta-se
granular ou granulosa contendo grânulos de querato-hialina. Se o epitélio apresentar-se paraqueratinizado

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existe uma camada superficial com retenção dos núcleos celulares em descamação e sem apresentar camada

granulosa.Além dos queratinócitos, existem outros tipos celulares como os melanócitos, as células de
Langerhans (apresentadoras de antígeno e ativando processo de fagocitose) e as células de Merkel
(presentes na camada basal e apresentam função neurosensorial)e os melanócitos.As alterações epiteliais
básicas ocorrem em diversas doenças e não são considerados patológicos e sim resposta a diversos

processos patológicos que acometem a mucosa oral. Estas alterações incluem:


Hiperortoqueratose: espessamento da camada de queratina na superfície onde ela está presente.
Hiperparaqueratose: espessamento da camada de paraqueratina ou se ela aparecer onde ela,
costumeiramente, estiver ausente.

Acantose: espessamento do epitélio, geralmente, aumentando a quantidade de células da camada


espinhosa.
Espongiose: é o acúmulo de líquido entre as células da camada espinhosa. Microscopicamente observa-se

maior visualização das pontes intercelulares ligando uma célula à outra.


Degeneração hidrópica: representa o acúmulo de líquido no interior das células e apresenta-se com um
halo claro entre o núcleo da célula e a membrana citoplasmática.
Atrofia: é a diminuição da espessura do epitélio de revestimento decorrente da diminuição do número de

células. Ocorre, geralmente, a partir das células da camada espinhosa.


Acantólise: é a ruptura das pontes intercelulares na camada espinhosa. Este processo leva a formação de
vesículas ou bolhas no interior do epitélio.
Exocitose: é a presença de células inflamatórias, agudas ou crônicas, que se deslocam do tecido conjuntivo
para o interior do epitélio de revestimento.
Atipia: é uma forma genérica de chamar as alterações morfológicas relacionadas ou não com condições

neoplásicas.
Queratinização intra-epitelial: é o processo de queratinização individual das células em localização distinta
da camada córnea do epitélio.
Cabe ressaltar que estas alterações não são patologias específicas e, sim, acompanham como manifestação
microscópica associada aos processos patológicos.

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DESCRIÇÃO DAS LESÕES - LESÕES FUNDAMENTAIS


Os processos patológicos básicos aparecem clinicamente, por variadas alterações morfológicas, na pele ou
mucosa bucal, e são denominadas lesões fundamentais ou elementares. Seu conhecimento acurado assume
considerável importância diagnóstica, uma vez que hipóteses diagnósticas formuladas, em decorrência de

um quadro clínico obtido, fundamentam-se na história clínica da doença e características clínicas da lesão
produzida, isto é, da lesão fundamental.
Sem o conhecimento das lesões fundamentais não é possível analisar e valorizar os dados obtidos no exame
clínico - anamnese e exame físico - permitindo, então, a formulação de hipóteses diagnósticas corretas além
de facilitar a comunicação entre os profissionais. As lesões fundamentais podem expressar por
características clínicas diversas - as lesões ulceradas características da afta são diferentes das lesões
ulceradas que manifestam o carcinoma epidermóide.
A padronização da nomenclatura das lesões fundamentais é bastante discutida hoje em dia na literatura e,

para critérios didáticos, a Disciplina de Estomatologia da UNINOVE adota a padronização proposta na


bibliografia do Prof. Gilberto Marcucci que as classifica em:

1. Alterações de cor - mácula ou mancha

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Endógenas - hipercrômicas, hipocrômicas e melânicas


Exógenas - metais pesados e fontes exógenas
São alterações de cor sem elevação ou depressão da superfície.

As lesões hipercrômicas vasculares acontecem quando há vasodilatação ativa ou arterial levando a cor
eritematosa. São exemplos destas lesões fundamentais o eritema durante o processo inflamatório, as

varicosidades, as teleangiectasias, as púrpuras e petéquias.


As lesões hipocrômicas são caracterizadas pela palidez devido a isquemias.

As lesões hipercrômicas melânicas acontecem por aumento ou acúmulo de melanina no tecido e as

hipocrômicas representam aquelas lesões em que há perda da pigmentação.


As lesões de pigmentações exógenas são causadas por pigmentos metálicos ou reações por deposição de

medicamentos.

2. Formações sólidas

pápula
nódulo
placa
As pápulas são lesões sólidas, bem delimitadas, exofíticas, que medem até 5 mm. Podem ser únicas ou

múltiplas.
Os nódulos são lesões sólidas qmaiores que 5mm, bem delimitadas. Podém estar localizadas

superficialmente, apresentando crescimento exofítico (vegetante) , submucosas ou profundas. Sua base


pode ser pediculada (pedunculada), quando seu maior diâmetro é superior ao da base de implantação, ou

séssil, quando o da base é mais extensa que a lesão (piramidal).

As placas constituem lesões bem características, fundamentalmente elevadas em relação ao tecido normal,
sua altura é pequena em relação à extensão, consistentes à palpação e a sua superfície pode ser rugosa,

verrucosa, ondulada, lisa ou apresentar diversas combinações desses aspectos.

3. Coleções líquidas

vesícula
bolha
Estas lesões fundamentais diferem, praticamente, no tamanho da lesão. São elevações do epitélio, contendo
líquido no seu interior e, consideradas vesículas quando as lesões não ultrapassem 3 mm no seu maior

diâmetro, sendo as demais bolhas. Por outro lado, as bolhas são formadas por uma única cavidade,
enquanto a vesícula pode ser formada por várias.

4. Perdas teciduais

Erosão
Úlcera/Ulceração

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A erosão representa perda parcial do epitélio sem exposição do tecido conjuntivo subjacente. Surgem em

decorrência de variados processos patológicos, predominantemente de origem sistêmica, que produzem


atrofia da mucosa bucal, que se torna fina, plana e de aparência frágil.

A úlcera e ulceração são lesões em que ocorre solução de continuidade do epitélio com exposição do tecido
conjuntivo subjacente. Alguns autores fazem a distinção entre úlcera e ulceração. Reservam a denominação

de úlcera para lesões de caráter crônico (persistem por semanas ou meses), como decorrentes de tumores

malignos, pênfigo vulgar, sífilis secundária, etc. Ulcerações correspondem a lesões de curta duração,
geralmente conseqüência de doenças autolimitantes, como a afta, herpes recorrente, lesões traumáticas e

outras. Também vamos encontrar na literatura autores que classificam as úlceras e ulcerações como lesões
secundárias, decorrentes da evolução de lesões primitivas como bolhas, vesículas, nódulos, etc.

As úlceras e ulcerações apresentam uma série de aspectos semiológicos que devem ser minuciosamente
considerados com vista à formulação de hipóteses diagnósticas. Assim, a localização, forma, tamanho, cor,

conformação das bordas, aspecto do fundo da lesão (presença de exsudato, sangramento, pseudomembrana,
etc.), profundidade, consistência à palpação, sensibilidade dolorosa, aderência a planos profundos, número

de lesões, fenômenos associados (lesões concomitantes e linfadenopatia), duração, ocorrência de

fenômenos prévios à sua instalação e história de episódios anteriores semelhantes poderão ser de grande
importância na elaboração do diagnóstico.

DESCRIÇÃO DE UMA LESÃO


Além da lesão fundamental, para se realizar a descrição de uma lesão é necessário descrever outras

características como:

Localização anatômica
Quantidade de lesões
Tamanho
Bordas/ limites
Cor
Aspecto superficial
Consistência
Aderência ou infiltração nos tecidos adjacentes/ subjacentes
Sensibilidade

VARIAÇÕES DA NORMALIDADE
São alterações que podem ocorrer na mucosa oral e não apresentam conotação patológica e geralmente não

necessitam de tratamento.

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Linha Alba: Linha branca de queratinização, localizada na mucosa jugal paralela a linha oclusal, causada

por atrito dos dentes nesta mucosa. Extensão variável, não removível a raspagem.
Leucoedema: Considerada uma condição hereditária, apresenta-se como áreas esbranquiçadas difusas na

mucosa bucal.Maior incidência em melanodermas. Quando a mucosa jugal é estirada, tende a desaparecer.
Língua geográfica: conhecida também por glossite migratória benigna, áreas de despapilação no dorso e

borda da língua, que saparecem e somem. Geralmente assintomática, porém alguns pacientes relatam
desconforto ou ardência.

Grânulos de Fordyce:,que são pequenas pápulas amareladas que podem estar em vermelhão do lábio e

mucosa jugal, raramente na gengiva, palato e língua. Tais grânulos são glândulas sebáceas ectópicas.
Pigmentação melânica racial:Em indivíduos da raça negra, podem apresentar a pigmentação melânica

fisiológica ou melanose oral, uma variação de normalidade caracterizada pelo deposito normal de melanina.
Essa pigmentação é bilateral, simétrica e pode ser extensiva a outras mucosas da boca.

Tórus palatino ou mandibular: Uma elevação óssea, com mucosa de aspecto normal, pode ser evidenciada na
linha mediana do palato duro ou bilateralmente na lingual da mandíbula. Tal exostose, conhecida como

tórus palatino ou mandibular, pode ter formato uni ou multilobulado e deve ser diferenciada de processos

tumorais do tecido ósseo.


Língua fissurada: relativamente comum, apresenta-se como numerosas fendas ou sulcos na superfície da

língua. Assintomática.
Varicosidades linguais:são veias anormalmente dilatadas, muito comum na população acima dos 60 anos.

Uvúla bífida: defeito de desenvolvimento, o defeito pode envolver palato duro e/ou palto mole.

ATIVIDADE FINAL

Das lesões citadas, qual delas não se manifesta clinicamente na forma

de mancha ou mácula:?

A. Pigmentação melânica.?
B. Teleangiectasia hereditária ou Síndroma de Rendu-Osler-Weber.?

C. Liquen plano.?
D. Tatuagem por amálgama.?

REFERÊNCIA
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.

Atlas de Histopatologia Oral Básica - Felipe F. Sperandio, Fernanda S. Giudice, Ed Santos.

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Marcucci G. Fundamentos de Odontologia - Estomatologia. Ed Guanabara Koogan.

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