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E MAXILOFACIAL
Tumores
odontogênicos
Sabrina Moreira Paes
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os tumores odontogênicos compreendem uma gama de distúrbios do cresci-
mento, que vão desde neoplasias malignas e benignas, até malformações dos
tecidos dentários de crescimento autolimitado. Esses tumores são derivados
de tecidos ectomesenquimais e/ou epiteliais, que constituem o aparelho de
formação do dente. Assim como ocorre na odontogênese típica, os tumores
odontogênicos representam interações indutivas entre o ectomesênquima
odontogênico e o epitélio. São principalmente lesões mandibulares, mas algu-
mas podem se apresentar como tumefações gengivais localizadas, os chamados
“tumores odontogênicos periféricos”. A maioria dos tumores odontogênicos
benignos parece ter recorrência, ao passo que os tumores odontogênicos
malignos, embora também possam surgir novamente, costumam se originar
de seu precursor benigno.
A classificação dos tumores odontogênicos baseia-se essencialmente nas
interações entre o ectomesênquima odontogênico e o epitélio. Essa classifi-
cação dinâmica é constantemente renovada, com a adição de novas entidades
e a remoção de algumas entidades mais antigas. Sendo assim, é essencial que
2 Tumores odontogênicos
Ameloblastoma multicístico
O ameloblastoma é uma neoplasia do epitélio odontogênico, principalmente
de tecido tipo órgão do esmalte que não sofreu diferenciação até o ponto de
formação de tecido duro. É responsável por aproximadamente 1% de todos os
tumores orais e por cerca de 9 a 11% dos tumores odontogênicos. Ele costuma
ser um tumor de crescimento lento, mas localmente invasivo (NEAGU et al.,
2019). A nível mundial, a taxa estimada de acometimento chega a 0,92 por
milhão de pessoas ao ano (HENDRA et al., 2020).
O diagnóstico geralmente é feito por meio de uma combinação de exames
de imagem e biópsia, para determinar o tipo histopatológico (MAGLIARI et al.,
2016). Veja na Figura 1 o aspecto radiográfico do ameloblastoma multicístico.
Tumores odontogênicos 3
Categoria Descrição
(Continuação)
Categoria Descrição
Fonte: Adaptado de Neville et al. (2016), Kreppel e Zöller (2018), Guan et al. (2019) e Neagu et
al. (2019).
(Continua)
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(Continuação)
(Continua)
6 Tumores odontogênicos
(Continuação)
Ameloblastoma unicístico
O ameloblastoma unicístico (Figura 2) é um subtipo de ameloblastoma caracte-
rizado por ser uma neoplasia única, não se devendo simplesmente à alteração
cística secundária em um ameloblastoma convencional (MAGLIARI et al., 2016).
Tumores odontogênicos 7
Categoria Descrição
(Continuação)
Categoria Descrição
Fonte: Adaptado de Neville et al. (2016), Effiom et al. (2018), Kreppel e Zöller (2018), Hendra et
al. (2020) e Nowair e Eid (2020).
A B
Figura 4. Principais aspectos radiográficos do tumor de Pindborg: (a) favos de mel e (b) lesão
semelhante a cisto, com formação de material mineralizado ao redor da coroa dentária, com
aspecto festonado.
Fonte: Adaptada de Neville et al. (2016).
Categoria Descrição
(Continuação)
Categoria Descrição
Fonte: Adaptado de Neville et al. (2016), Ibituruna et al. (2019) e Ruddocks et al. (2021).
Figura 5. Achados histológicos do tumor de Pindborg. As setas apontam para ninhos e cordões
de células entre o material amiloide em calcificação.
Fonte: Almeida (2016, p. 129).
12 Tumores odontogênicos
Fibroma ameloblástico
O fibroma ameloblástico (Figura 6) é uma neoplasia odontogênica benigna
incomum, descrita pela proliferação tanto do epitélio odontogênico quanto
do mesênquima (ONDA et al., 2021).
Categoria Descrição
Fonte: Adaptado de Almeida (2016), Magliari et al. (2016), Chrcanovic et al. (2018) e Onda et al. (2021).
Odontomas
Os odontomas são uma massa anormal de tecido dentário calcificado, geral-
mente representando uma anormalidade de desenvolvimento. Atualmente o
termo é usado para denotar lesões que contêm todos os tecidos dentários,
havendo dois tipos de odontoma: o complexo e o composto (TOMMASI, 2014).
Os tecidos podem formar massas indescritíveis de tecidos dentários, conhe-
cidos como “odontomas complexos”, ou múltiplas estruturas, semelhantes a
dentes, bem formadas, conhecidas como “odontomas compostos” (PREOTEASA;
PREOTEASA, 2018).
Os odontomas são os tumores odontogênicos mais frequentes na cavi-
dade oral, sendo considerados hamartomas, e não neoplasias verdadeiras.
Podem ser considerados tumores odontogênicos mistos, pois são compostos
de elementos tanto epiteliais quanto mesenquimais. Os distúrbios nesses
tecidos durante a formação do órgão do esmalte são sua principal etiologia
(RAJESH et al., 2020).
O Quadro 6 apresenta a etiologia, a epidemiologia, as características clíni-
cas, os achados radiográficos, os achados histopatológicos, o tratamento e o
prognóstico dos odontomas composto e complexo. Como estes têm etiologia,
características clínicas, achados radiográficos, tratamento e prognóstico
iguais, optamos por apresentá-los em uma única coluna para as duas lesões.
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Fonte: Adaptado de Neville et al. (2016), Preoteasa e Preoteasa (2018), Park et al. (2018) e Rajesh
et al. (2020).
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A B
A B
Fibroma odontogênico
O fibroma odontogênico (Figura 10) é uma lesão relativamente incomum, tendo
sido descritos apenas cerca de 100 casos no mundo. Hoje, o fibroma é consi-
derado folículo dentário hiperplásico, e não mais um crescimento neoplásico
propriamente dito (MAGLIARI et al., 2016; REGEZI; SCIUBBA; JORDAN, 2017).
A B
Figura 10. (a) Aspecto radiográfico do fibroma odontogênico, em que se nota uma grande zona
radiolúcida em torno dos dentes anteriores, especificamente o canino e o incisivo lateral.
(b) Achados histopatológicos do fibroma odontogênico, apontando a proliferação do tecido
ectomesenquimal, de aspecto similar ao do mixoma, e a presença de ilhotas de epitélio
odontogênico, que são muito semelhantes aos restos epiteliais de Malassez.
Fonte: (a) Neville et al. (2016, p. 1389). (b) Almeida (2016, p. 134).
Categoria Descrição
Fonte: Adaptado de Neville et al. (2016), Pontes et al. (2018), Zhou e Li (2018) e Koutlas et al. (2021).
Mixoma odontogênico
O mixoma odontogênico (Figura 11) é uma neoplasia benigna, localmente
invasiva e agressiva, não metastatizante dos ossos da mandíbula. É a segunda
lesão odontogênica mais comum, com uma incidência de aproximadamente
0,07 novos casos por milhão de pessoas a cada ano (SIMON et al., 2004). Os
mixomas odontogênicos são aqueles derivados do ectomesênquima odon-
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A B
Figura 11. (a) Aspecto radiográfico do mixoma odontogênico, em que se observa uma grande
irregularidade na tábua óssea, em região posterior de maxila e mandíbula, ao lado esquerdo.
(b) Achados histopatológicos do mixoma odontogênico, em que se observa um tecido frouxo,
de caráter mixoide, tomando espaços medulares entre trabéculas ósseas.
Fonte: (a) Neville et al. (2016, p. 1399). (b) Neville et al. (2016, p. 1400).
Categoria Descrição
(Continuação)
Categoria Descrição
Fonte: Adaptado de Noffke et al. (2007), Tommasi (2014), Vasconcelos et al. (2018) e Dotta et
al. (2020).
Cementoblastoma
Com origem no ectomesênquima odontogênico, o cementoblastoma (Figura 12)
é um tumor odontogênico benigno raro, representando menos de 1% de todos
os tumores odontogênicos (NEVILLE et al., 2016). Ele tem sido considerado
uma variante do osteoblastoma, por apresentar características similares às
deste (YOON et al., 2021).
Tumores odontogênicos 21
A B
Figura 12. (a) Aspecto radiográfico do cementoblastoma, no primeiro molar inferior direito,
em que se observa uma massa radiopaca aderida ao terço apical da raiz — muito caracterís-
tica. (b) Achados histopatológicos do cementoblastoma, apontando a presença de material
calcificado em proliferação, de aspecto muito semelhante ao do cemento.
Fonte: (a) Neville et al. (2016, p. 1244). (b) Almeida (2016, p. 135).
Categoria Descrição
(Continuação)
Categoria Descrição
Fonte: Adaptado de Borges et al. (2019), Rajesh et al. (2020) e Yoon et al. (2021).
Referências
ALMEIDA, O. P. Patologia oral. São Paulo: Artes Médicas, 2016. (Série Abeno: Odontologia
Essencial - Parte Básica).
ALMEIDA, R. A. C. et al. Recurrence rate following treatment for primary multicystic
ameloblastoma: systematic review and meta-analysis. International Journal of Oral
and Maxillofacial Surgery, v. 45, n. 3, p. 359-367, Mar. 2016.
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Leituras recomendadas
ALBERNAZ, B. V. et al. Fibroma ameloblástico: relato de caso em criança. Revista PET
Odonto Ciência e Saúde, v. 7, n. 7, p. 22-27, Dez. 2020.
BHUYAN, S. K. et al. Recurrence of plexiform ameloblastoma as acanthomatous ame-
loblastoma: a rare case report. Contemporary Clinical Dentistry, v. 10, n. 1, p. 178-181,
Jan./Mar. 2019.
DELAMURA, I. F. et al. Abordagens do mixoma odontogênico. Archives of Health Inves-
tigation, v. 7, p. 23, 2018.
TELLES, G. H. Q. et al. Ameloblastoma: relato de caso e revisão da literatura com enfoque
na nova classificação da organização mundial da saúde de tumores odontogênicos.
Revista Médica do Paraná, v. 76, n. 1, p. 74-78, 2018.