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Neoplasias

Nas células normais, quando removido o estímulo, as alterações presentes nessas células
serão revertidas para a normalidade. Quando nós tivermos uma alteração de desenvolvimento, de
estruturas, o estímulo excedeu a resposta fisiológica, tendo alterações permanentes e irreversíveis,
entrando em um processo neoplásico.

Um processo neoplásico é quando as células neoplásicas falham a responder a sinais de


controle de crescimento celular, tornando-se independentes.

As CÉLULAS NORMAIS, em uma placa de Petri, apresentam uma propriedade que se chama
inibição por contato. Elas têm um limite de proliferação, elas multiplicam-se, mas quando entram
em contato umas com as outras e com a parede dessa placa, elas param de proliferar, formando
uma monocamada. Isso, acaba sendo perdido em células neoplásicas.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


As CÉLULAS NEOPLÁSICAS apresentam atipias celulares (mitoses, perda da proporção
citoplasma núcleo, núcleos hipercorados, células pleomórficas). Nessa situação, tem-se perda da
inibição por contato por questões de alteração de estrutura de membrana celular, perda de algumas
identidades da célula com a célula normal e algumas começam a crescer indiscriminavelmente,
fazendo camadas e se sobrepondo umas as outras. Essa é uma característica da perda do controle
do crescimento celular nas células neoplásicas.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


As células que proliferam mais têm uma perda da diferenciação e as que diferenciam mais
proliferam menos. Isso é comum no processo fisiológico. Além disso, as células que tem um índice
proliferativo maior, que se renovam constantemente, elas têm uma função também diferenciada,
mas não tão especializada como a de proliferação menor.

ESTRUTURAS QUE CONSTITUEM UM TUMOR


Sempre para que um tumor se sustente, para que tenha nutrição, para que tenha um
arcabouço, nós temos uma estrutura que se chama ESTROMA, isso se repete também em estruturas
normais do nosso organismo. Um órgão tem um parênquima e seu estroma. No tumor, também se
apresentam essas estruturas.

O ESTROMA é o tecido de apoio basicamente constituído por tecido conjuntivo, e agregado


a esse tecido, tem-se os vasos sanguíneos que trazem a nutrição e removem os catabólitos desse
processo celular. O estroma é a porção que circunda as células tumorais, inclusive permeia as
estruturas neoplásicas.

O PARÊNQUIMA é a parte funcional do tumor, são as células proliferativas. O parênquima


na lâmina histológico é representado pelas ilhas neoplásicas e cordões neoplásicos que invadem o
tecido conjuntivo e começam a fazer uma interação com esse tecido, estimulando a formação de
vasos sanguíneos, estimulando a produção de mais matriz para que possa ser suportado o
parênquima.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


ORIGEM DAS NEOPLASIAS:

1. Primeira Teoria:
§ As células tronco, são células totipotentes, que podem se diferenciar em vários
tecidos. Na primeira teoria, essas células ficariam aprisionadas no embrião e no
futuro elas poderiam sofrer uma transformação neoplásica. Isso explica alguns tipos
tumorais como o tumor das células germinativas e embrionárias. Mas, não explica
todas as origens, nem todos os tumores e as neoplasias tem essa origem.

2. Teoria Monoclonal
§ É a teoria mais atual, de um único clone celular os tumores são originados. A partir
desse clone, mais transformações e mais mutações sofreriam essas células com o
passar do tempo que se transformariam de um único clone em poucos outros clones
para sofrer mais alterações, conformar e fazer o tumor.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


MANIFESTAÇÕES DOS TUMORES:

Essa teoria fala que existem múltiplos tumores em um lugar restrito, como por exemplo a
boca. Aparentemente o individuo ou o profissional que está cuidando do paciente veria recidivas
no lugar onde foi removido o tumor ou próximo a ele. Mas, hoje se entende que vários focos
tumorais podem se desenvolver em clones individuais distintos de localização, como por exemplo o
tumor pode se desenvolver na lateral da língua, no palato. Isso acontece com o campo e o ambiente
preparado por um estimulo patogênico.

NOMENCLATURA:

NEOPLASIA é sinônimo de TUMOR. Mas, não pode ser feita essa mesma associação para a
TUMEFAÇÃO que assim como o tumor pode ser qualquer tipo de crescimento originado de
processos inflamatórios, infecciosos e que não necessariamente seja crescimento celular
descontrolado autônomo. Então, a gente usa a nomenclatura tumor para tumefação, mas está
bastante ligado a neoplasia e neoformação (formação de um outro tecido).

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Nem toda a neoplasia é maligna, as neoplasias podem ser benignas e malignas. Mas, câncer
é sempre maligno. Assim como, quando a gente chama Anaplasia, a gente sabe que está falando de
uma neoplasia maligna.

COMO SÃO CLASSIFICADAS AS NEOPLASIAS

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


EXCEÇÕES COM O SUFIXO OMA:
Melanoma, Hepatoma, Linfoma
(lesões malignas)

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VELOCIDADE DE CRESCIMENTO DO TUMOR

Tumores benignos crescem mais LENTAMENTE

Tumores malignos crescem mais RAPIDAMENTE

O que é necessário para o crescimento do tumor?


FATORES QUE ALTERAM A VELOCIDADE DE CRESCIMENTO:

1. Grau de diferenciação das Células:


§ NEOPLASIAS BENIGNAS
o Neoplasias benignas são mais diferenciadas que as neoplasias malignas
o As células mais bem diferenciadas tem um índice proliferativo menor

§ NEOPLASIAS MALIGNAS
o Neoplasias malignas normalmente tem alteração na sua diferenciação
celular e apresentam um índice proliferativo maior

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2. Células em mitose ou em G0
§ A quantidade de células em mitose
§ Quanto mais células em mitose, maior é o índice proliferativo
§ Consequentemente a isso tem-se menor a sua diferenciação
§ Tumores que tem mais mitose, são tumores com um crescimento maior

3. Morte celular
§ Tumores que tem uma quantidade menor de células que são enviadas para a morte
(células com alteração em seu DNA, com algum erro genético) não são levadas a
apoptose por algum erro dos genes supressores do tumor ou nos genes que regulam
a apoptose, tem um índice aumentado de crescimento.

§ O tumor que tem menos apoptose tem um crescimento aumentado, tem mais
proliferação celular.

§ E o tumor que consegue interagir com o seu estroma, com as suas próprias células
de uma forma mais eficiente solicitando que esse estroma produza mais vasos
sanguíneos, que traga mais nutrientes, que as células possam alterar o seu
metabolismo e aumentar a absorção de substancias para o seu consumo, aumenta.
a sua NUTRIÇÃO e consequentemente aumentam a sua proliferação.

CARACTERÍSTICAS DAS NEOPLASIAS

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Neoplasias comentadas em aula:

1. Lipoma:

Lipoma é originado das células adiposas, dos adipócitos.

A neoplasia normalmente é arredondada ou esférica porque ela cresce de


maneira igual para todos os lados. Mas, mesmo assim ela faz uma expansão. Na
mucosa jugal há um aumento de volume. Não há presença de ulceração, de
sangramento, de necrose. A necrose que reveste superficialmente essa lesão é igual a
mucosa adjacente. E o paciente normalmente não sente dor, não tem nenhuma
sintomatologia, só nota um crescimento na “bochecha”. Nesse caso é feita uma Biópsia
Excisional, e esse nódulo é removido e enviado para processamento histológico para
dar o laudo correto.

Na lâmina, observa-se células volumosas, com limites citoplasmáticos bem


definidos, trave conjuntiva, vasos sanguíneos, estroma e parênquima. As células do
parênquima que estão proliferando para a formação da lesão.

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2. Carcinoma espinocelular:

Carcinoma espinocelular ou carcinoma epidermóide. É uma neoplasia maligna


de origem de epitélio, de origem das células da camada espinhosa, por isso se chama
espinocelular. Esse tipo de lesão é o câncer mais frequente de boca e ocorre dentro da
boca, mas bastante frequente também no lábio, nessa pseudomucosa labial. E,
principalmente no lábio inferior. O fator de predisposição, etiológico para o
desenvolvimento dessa lesão são as radiações actínicas, o sol. O individuo exposto ao
sol por um período longo de tempo durante a sua vida, tem mais chance de desenvolver
um carcinoma espinocelular de lábio. Nesse caso existe ulceração, ao palpar as bordas
da lesão nota-se que elas são endurecidas.

Histologicamente vemos o epitélio de revestimento pavimentoso estratificado


queratinizado. Observamos o crescimento de ninhos dessas células para o interior, o
tecido conjuntivo é invadido e substituído por essas células epiteliais neoplásicas.

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EFEITOS DAS NEOPLASIAS MALIGNAS:

CARACTERÍSTICAS DA DIFERENCIAÇÃO CELULAR

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Carcinoma Espinocelular:

Quando eu observo células semelhantes as da camada espinhosa e elas produzem ceratina. A


especialização dessa célula, que é o grau máximo de diferenciação dessa célula é o carcinoma
espinocelular BEM DIFERENCIADO.

Quando eu não enxergo isso, mesmo aproximando a lâmina, eu tenho dificuldade de enxergar os
hemidesmossomos, não tem mais a identidade como as células da camada espinhosa, não forma
mais ceratina. Esse é um carcinoma espinocelular INDIFERENCIADO ou MAL DIFERENCIADO.

A graduação histológica tem consequências além de outras situações que a gente chama do
estadiamento clinico da lesão, se o tumor e o tamanho da lesão têm linfonodos afetados com
metástases regionais ou se tem metástases a distancia, além da graduação histológica, interfere no
prognóstico e no tratamento dessa lesão.

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QUANTO MAIS CARACTERÍSTICAS CITOMORFOLÓGICAS TIVER
MENOR A DIFERENCIAÇÃO DO TUMOR

Nos casos de epitélio se nós tivermos DISCERATOSE, que é a ceratinização individual da célula e
formação de pérolas de ceratina. Nós ainda temos um menor grau de diferenciação celular.

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NA IMAGEM ENCONTRA-SE:

A. As ilhas epiteliais em estagio inicial de invasão superficial

B. Tem-se uma resposta inflamatória com células inflamatórias mononucleares que é a


resposta inflamatória crônica.

C. Invasão do tecido conjuntivo

D. Situação de hiperceratose que é o aumento do espessamento da ceratina na


superfície.

E. Pérola de ceratina centralizada em uma área com contorno de células neoplásicas.


Mas vejam que essas células ainda sabem fazer a ceratina, que é a especialização
desse epitélio.

Normalmente quando se enxerga essa hiperceratose na clinica, uma lesão na boca do


paciente, ela se apresenta como uma lesão esbranquiçada.

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NA IMAGEM ENCONTRA-SE:

A. Ilhas neoplásicas de clones distintos, na flecha direita com menos clones distintos e
menos atipias. Na flecha da esquerda, os clones celulares tem uma quantidade de
atipias muito maior.

B. Atipias celulares são: hipercromatismo, duplicação de núcleo, pleomorfismo

C. Nesse carcinoma não tem formação de ceratina

D. Mitoses aberrantes, com diversos polos mitóticos. Se essa célula não for retirada por
apoptose porque o gene supressor de tumor responsável pela checagem da
sequencia dos genes não remover esse dano no DNA, essa célula pode proliferar em
3 ao invés de 2 células e levar a sua alteração e mais mutação na sequencia do tumor,
fazendo com que essa lesão fique cada vez mais indiferenciada e mais agressiva, e na
sequencia acumulando mais mutações.

Metástase

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Metástase é a transferência do tumor primário para outro órgão, outra localização, sem que
haja uma ligação entre eles.

As metástases, dependem além das células do tumor, do ambiente (estroma), da relação de


sinalização da matriz extracelular, das células do estroma com as células tumorais, além de todo o
complexo que a gente tem de uma possibilidade de manipulação do organismo por essas células e
que possa de alguma forma fazer com que o organismo fique mais predisposto a sobrevivência
dessas células neoplásicas.

Falando em uma maior possibilidade de sobrevivência dessas células, fala-se da teoria da


semente do solo, porque nessa teoria as metástases dependem da semente (a célula tumoral) de
encontrar um solo, uma região que possa nutrir devidamente e fazer a proliferação dessas células
devidamente, preparando pra sua implantação e para o seu desenvolvimento. Então é um nicho
pré-metastático que será um nicho metastático. As células ainda nem chegaram a esse ponto e o
solo está sendo preparado para essa colonização, para esse aumento de proliferação celular.

Nesse sentido essas células tumorais mandam uma sinalização para as células mieloides na
medula óssea, que vão migrar para esse nicho pré-metastático e ali produzir uma preparação desse
solo, aumentando a angiogênese tumoral, para que ali posteriormente possa acontecer um
aumento da proliferação das células tumorais.

Como essas células fazem essa metástase? Alterando genes pró-metastáticos e alterando
genes anti-metastáticos. Suprimindo genes anti-metastáticos e ativando genes pro-metastáticos.

CASCATA METASTÁTICA
Para que a metástase ocorra, ela é um processo de varias fases, para que ela tenha um
sucesso de colonização de um novo órgão é necessário:

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1. O destacamento das células do tumor primário: as células tumorais do câncer perdem a
coesão entre elas e aumentam a possibilidade de deslocamento através da matriz
extracelular diminuindo a adesão da própria célula com a célula tumoral e também fazendo
um aumento da movimentação da motilidade dessa célula tumoral na matriz extra celular.

2. Deslocamento das células através da matriz extracelular: existe um aumento da mobilidade


das células através na matriz extracelular

3. Invasão dos vasos sanguíneos ou linfáticos: a célula ao se tornar mais móvel, ela migra até
os vasos e começa a fazer a degradação da membrana basal desse vaso externamente. Ela
vai digerir através de enzimas que fazem lise da matriz da membrana basal do vaso e
penetram na circulação sanguínea.

4. Sobrevivência das células e transporte passivo na circulação: Dentro da circulação


sanguínea, as células vão circular por um transporte passivo, mas elas precisam garantir a
sobrevivência, porque existe uma circulação sanguínea com a pressão, com o cisalhamento,
a batida dessas células na parede e o fluxo sanguíneo, podem muitas vezes impedir que essas
células sobrevivam dentro da circulação. As células normalmente se agrupam pelo aumento

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da adesão celular, para que elas fiquem em um grupo mais coeso e consigam passear pela
circulação sem que sejam agredidas. Então, as células da porção mais externa, do
agrupamento celular, sofrem pressão mecânica e agressão de células do sistema
imunológico dentro da circulação, mas as células agrupadas internamente ficam mais
protegidas. Além disso, existe uma ativação de fibrina, de coagulação sanguínea, que
envolve essas células, conhecidas como corpo estranho nesse local, e essa fibrina protege
essas células externamente.

5. Adesão das células ao endotélio vascular do órgão alvo e extravasamento (saída por
diapedese): Quando essas células conseguem resistir a essa circulação sanguínea e passam
pela circulação, elas precisam chegar a um órgão alvo.

6. Proliferação celular e colonização do novo órgão: a partir dai já existe um local propício
para que essas células aumentem sua proliferação e efetivamente colonizem esse novo
órgão.

7. Indução da angiogênese: essas células vão estimular ainda mais a formação vascular.

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A imagem acima mostra uma lesão no epitélio, seja qual epitélio for, seja ele de
mucosa bucal, de mucosa de colo de útero, de intestino, que sofreu um processo de
transformação maligna, as células passaram por modificação morfológica. Essas células
modificadas começam a fazer a digestão da membrana basal, primeiramente a membrana
basal que separa o epitélio do tecido conjuntivo fazendo uma invasão local, que é um dos
principais fatores causais e de disseminação dos tumores malignos. Então, vai existir uma
associação dessas células com a matriz extracelular para que essas células ganhem mais
motilidade, seja individualmente ou em grupo. Essas células vão chegar ate um vaso
sanguíneo ou linfático e nesses vasos farão novamente a digestão da membrana basal dos
vasos sanguíneos ou entrarão pelas fenestrações dos vasos linfáticos. Esse transporte na
circulação sanguínea é passivo, o agrupamento dessas células no vaso sanguíneo sofrerá
ataques de defesa do organismo, mas elas têm uma capacidade muito grande de tentativa
de sobrevivência. o organismo tenta responder a esse agrupamento de células, passa por
um processo de identificação e coagulação dessa estrutura, porque é uma estrutura de
corpo estranho dentro do vaso e forma uma rede de fibrinas e essas células modificadas
ficam mais protegidas ainda. Chega um momento em que elas identificam e chegam até o
órgão alvo e começam a fazer a migração contraria, fazem a adesão ao endotélio, fazem a
digestão da membrana basal do endotélio e saem novamente para o estroma desse tumor,
onde existe já condições para que esse tumor prolifere. Podendo perceber nodulações
nesses órgãos alvo.

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Tumor primário na mucosa bucal: existem ninhos celulares e algumas células soltas que
caem no tecido conjuntivo, podem atingir estruturas vasculares, que são esses espaços
vazios esbranquiçados. Eles envolvem essas estruturas que são os êmbolos tumorais
(agrupamentos de células tumorais dentro dos vasos) que vão passear por essa circulação,
ganhar corrente sanguínea ou a corrente linfática e chegar até um órgão alvo, no caso desse
exemplo é um pulmão.

Metástase tumoral em pulmão: nessa lâmina, vê-se os alvéolos pulmonares, a parede


vascular, hemácias e melanócitos tumorais em um tom mais acastanhando. Não existe
melanina no pulmão, essas células chegaram por um processo metastático. Nesse caso é
uma metástase de melanoma no pulmão.

Então, uma lesão que existia em um outro local primário, chega ate o pulmão através da
circulação seja ela sanguínea ou linfática.

Vias de Metastatização:
1. Via Sanguínea
§ A via sanguínea pode ser tomada por vários tipos tumorais, mas normalmente são
os SARCOMAS que utilizam essa via de proliferação e Metastatização. Pode ocorrer
metástases em qualquer parte do corpo, mas mais frequentemente ocorrem no
fígado, no pulmão, no sistema nervoso e no tecido ósseo.

2. Via Linfática
§ A via linfática é bastante frequente e comum para os CARCINOMAS, e o primeiro
sitio normalmente é o primeiro linfonodo da drenagem linfática. Tanto que para o
tratamento e prognostico desses tumores, se procura o chamado LINFONODO
SENTINELA, que é o primeiro linfonodo da via de drenagem linfática do tumor.

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3. Outras vias
§ Existem outras vias de Metastatização, principalmente por áreas de canais, ductos
ou cavidades naturais formadas no nosso organismo.

Nessa imagem, tem-se uma lesão em assoalho bucal, ao levantar a língua, observa-
se uma lesão grande, ulcerada, com áreas necróticas, mostrando uma área
vegetante. Vê-se também o comprometimento dos linfonodos da região
submandibular e da região cervical do pescoço. Nesse momento do exame, a gente
faz a palpação dessa cadeia, os linfonodos estarão aumentados e com uma
consistência bastante endurecida e fixa aos tecidos.

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Essas células, as células cancerígenas, tem um crescimento desregulado que resulta da
aquisição de várias mutações somáticas nos genes que controlam a proliferação, o crescimento do
tumor, e a diferenciação dessas células. Ou, os genes que mantém a integridade do genoma. Os
genes que atuam no ciclo celular, em todas as áreas, podem ser afetados por uma alteração.
Basicamente o que acontece nós chamamos de MUTAÇÕES.

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A gênese do câncer acontece através de um processo de INICIAÇÃO, por um primeiro
estimulador que faz uma mutação no DNA, a partir dai, em uma segunda exposição que pode ser
na sequencia ou levar mais tempo, as células entram em um processo maior de proliferação e
entram a partir dai em processos de PROGRESSÃO.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


A. Uma célula normal sofre estímulos, por agentes químicos, biológicos, físicos ou por mutação
espontânea, que promove uma alteração genômica, que é o processo de INICIAÇÃO.

B. A partir dessa célula, já iniciada, mudada e alterada, começa a existir um estimulo que gera
uma estimulação de genes envolvidos na proliferação celular e no descontrole da supressão,
e ai acontece a expansão desse clone celular formando varias dessas células.

C. Essa alteração genômica, pode ser identificada, a célula pode sofrer processos de uma
resposta imunológica e imunitária e ser removida. Inclusive nessa fase com agentes
terapêuticos que podem debelar essa célula e essa célula ir para apoptose.

D. Mas, quando isso não acontece, passa por um processo de PROGRESSÃO que é a evolução
dessa alteração formando uma alteração clinica, com mais alterações genômicas, mais
mutações, que conferem aumento de genes metastáticos e alterações supressivas de genes
anti-metastáticos.

E. E ai, nós temos a possibilidade da DISSEMINAÇÃO desse tumor pelo corpo.

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Pode existir um fator genético, mas também um ambiente que o individuo está exposto
apresenta uma série de estímulos para que isso aconteça.

As neoplasias malignas são resultado de agressões ambientais, de componentes do


ambiente que em um individuo geneticamente suscetível, promovem a lesão. Então, ocorrem por
agentes químicos, físicos, biológicos e o fator da obesidade.

A obesidade é um dos fatores que estimula esse processo de carcinogênese porque varias
questões estão envolvidas nessa condição. Ela aumenta a possibilidade de exposição de alguns
hormônios sexuais como estrógeno, progesterona, e que faz com que as células fiquem mais
suscetíveis a estímulos proliferativos. E, também o acúmulo do tecido adiposo promove em suas
estruturas o aumento de processos inflamatórios.

Fatores Etiológicos
1. Tabagismo
§ Bastante envolvido no câncer de boca, mas também em outros canceres de pulmão,
de orofaringe, de bexiga, de esôfago, estômago.

2. Bebidas Alcóolicas
§ Bebidas de modo geral, principalmente os destilados. Mas de modo geral, eles não
são o principal fator, mas sim o tabaco. Mas, a associação com a bebida alcoólica
potencializa a ação do tabaco.

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Os fatores etiológicos entram nesse processo atuando no controle da proliferação celular,
alterando e fazendo mutações, atuando nos proto-oncogenes, nos genes supressores de tumor, nos
genes de reparo de DNA e nos genes apoptóticos, impedindo as suas funções adequadas.

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Os proto-oncogenes são genes que estão trabalhando fisiologicamente nas células normais, e
que ao passar por um estimulo patogênico, que causa um estimulo mutagênico, eles dão origem
aos oncogenes. Então, os oncogenes são derivados dos proto-oncogenes.

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Então, os proto-oncogenes transformam-se em oncogenes quando eles sofrem o processo de
estimulo. E, esses oncogenes na versão mutante ou superexpressa, quando tem aumento da
expressão, vão funcionar de maneira autônoma, sem que haja mais nenhum tipo de estimulo. Uma
vez que ele se transforma em oncogenes, não precisa mais ter nenhum estimulo para a proliferação.

O oncogene vai formar proteína anormal, vai ter um excesso de algum produto gênico desse
próprio gene e que impede a auto inibição ou a regulação do crescimento e da diferenciação celular.

A ativação dos oncogenes pode ser por processo de MUTAÇÃO, e existem varias formas,
podem ser por processos de translocação, deleção, amplificação e ganho, chegando ate a ganho e
perda de cromossomos.

A alteração na estrutura do gene pode resultar em produção de uma oncoproteína, uma


oncoproteína é uma proteína anormal e que vai desempenhar uma função igualmente anormal,
aberrante. Essa alteração na expressão desse gene vai ter uma produção aumentada e inapropriada,
e em consequência uma função aumentada e inapropriada dessa proteína.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Os oncogenes promovem alteração na proliferação celular e na diferenciação celular. Uma
célula que prolifera excessivamente, que ganha um aumento de condição de proliferação, ela tem
um índice menor de diferenciação. Então, isso é um processo que acaba acontecendo de maneira
inversa. QUANTO MAIS PROLIFERAÇÃO MENOR A DIFERENCIAÇÃO CELULAR.

Os oncogenes são considerados dominantes porque a mutação de um único alelo pode levar
a transformação celular, ou seja, os genes tem dois alelos, para que ocorra uma alteração, uma
transformação celular, com um único alelo danificado, a transformação celular ocorre.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Na imagem acima tem um fator de crescimento, um receptor celular na membrana da célula
que vai sinalizar para fatores de transcrição e que vão lá no núcleo alterar esse DNA. Então, esse
crescimento celular pode ser afetado desde o fator de crescimento, das enzimas sinalizadores, dos
fatores de transcrição e os genes que estão envolvidos na proliferação da célula, transformando
esses genes em verdadeiros proliferadores celulares.

Ao contrário dos oncogenes, os genes supressores de tumor têm uma regulação muito melhor
que nos oncogenes. Nesse caso, nós precisamos que ambos os alelos sofram algum dano para que
essa desregulação aconteça. Se somente um alelo sofrer alteração, ele fica um alelo mutado, mais
quiescente, esperando que se por acaso houver outra mutação no outro alelo, ele será um gene
totalmente mutado e sem função.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Quando os genes supressores de tumor estão ATIVOS, eles conseguem controlar a
proliferação, sobrevivência das células, e toda essa interação. Muitas vezes os guardiões fazem o
reparo do DNA.

Quando eles estão mutados e INATIVADOS, qualquer dano nesses genes leva ao
desenvolvimento do câncer, ou seja, quando as duas sequencias do DNA estão alteradas.

Cristiane Berwaldt Gowert – Acadêmica de Odontologia


Na carcinogênese experimental que se separam as etapas para o entendimento, nós temos
um esqueminha mostrando o epitélio de superfície, a membrana basal separando esse epitélio do
tecido conjuntivo e os vasos presentes. Logo, podemos ver a formação de uma única célula alterada,
mutada por um estimulo, a INICIAÇÃO, posteriormente pode ter um aumento e expansão no
numero dessas células em um processo de PROMOÇÃO, vai fazendo uma expansão do numero
dessas células, ate que exista um processo de PROGRESSÃO, e essa células adquirem mais mutações
e mais características de malignidade e aumentam inclusive a sua capacidade de formação de vasos
e a capacidade de metastatizar.

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