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Escola Superior de Saúde- Fernando Pessoa

Biologia e Bioquímica
Fisiológica
(Teórico-Prática)

Sofia Pereira
sofia@ufp.edu.pt
Objetivos
 Perceber a importância das mutações na carcinogénese
 Perceber as etapas da carcinogénese
 Principais causas
O que é o Cancro?
 Neoplasia (do grego “neo”: novo crescimento).

 Há um grupo de células se comporta de uma maneira


diferente em relação a células normais.

 As células cancerígenas dividem-se descontroladamente o que


conduz ao desenvolvimento do cancro.

 Resulta num tumor (massa de células) na maior parte dos


casos.

 Através da circulação tanto sanguínea ou linfática, as células


podem alojar-se noutros locais (órgãos) - metástases
O que é o Cancro?
Neoplasia ou Tumor Maligno – cancro:
•Crescimento descontrolado (divisões acima dos limites
normais)
•Invasão (invasão e destruição dos tecidos adjacentes)
•Metástases (difusão a outras partes do organismo através
da linfa ou do sangue)

Neoplasia ou Tumor Benigno – não é cancro:


•Divisões controladas, dentro dos limites
•Não há invasão nem metástases
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Cancro
 A manutenção do nosso organismo (corpo) depende de
processos de renovação celular (células sanguíneas, mucosas,
gâmetas, etc).

 Existem mecanismos de controle elaborados para manter um


equilíbrio entre a produção e a perda celular normal do
organismo adulto saudável.

 O cancro origina-se da violação desses controlos, permitindo


que as células, nos tecidos de autorrenovação, sobrevivam e
proliferem de forma anormal
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Cancro
 Um tumor surge quando uma única célula sofre uma alteração
que permite que ela sobreviva e se divida quando não deveria,
produzindo células-filhas que se comportam de forma
anormal.
 Um tumor diz-se benigno quando a massa de células está
perfeitamente localizada e pode ser removida totalmente por
cirurgia
 Um tumor diz-se maligno (cancro) quando essa massa de
células possui a capacidade de invadir tecidos vizinhos,
podendo potencialmente formar metástases
Falha dos mecanismos
de reparação

Falha dos mecanismos


de deteção

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Cancro
 Quando um tecido normal cresce e/ou se renova, segue regras
que se adequam às necessidades do organismo, ou seja:

- a célula deve dividir-se apenas quando novas células


daquele tipo são necessárias, abstendo-se de se dividir
quando não há necessidade
- a célula deve viver tanto quanto for necessário, e entrar
em apoptose, quando mais não o for
- ela deve manter suas características especializadas e
ocupar o local apropriado, e não se localizar em tecidos
inadequados
Cancro
 No cancro, todas estas regras são violadas.

 O cancro é uma doença genética que resulta da perda de


controlo do ciclo celular. A divisão de uma célula com mais
frequência do que o normal dá origem a uma população de
células em proliferação descontrolada e forma uma massa de
células ou tumor.

 Na maior parte das situações, as mutações ocorrem em células


somáticas ao longo da vida, embora também possam ocorrer
em células germinativas. Geralmente, é um acumular de
mutações que desencadeia o desenvolvimento de um cancro.
Cancro – etapas da carcinogénese
Iniciação:
Corresponde à interação do agente químico/físico ou biológico com o DNA
da célula-alvo. A alteração causada às moléculas de DNA é irreversível.
Nessa fase o genoma alterado ainda não está expresso no fenótipo.
Promoção:
Os carcinogénios promotores estimulam a proliferação celular, que resulta
em expansão clonal das células iniciadas.
Esta fase é caracterizada pelo desenvolvimento de focos de células
fenotipicamente alteradas e/ ou lesões benignas.
Os agentes promotores possuem natureza variável.
Transformação maligna e Progressão:
As alterações estruturais do genoma acumulam-se, tais como a aneuploidia,
e estão diretamente relacionadas às altas taxas de proliferação celular, à
invasão, à capacidade de produzir metástases etc. A neoplasia maligna já
está expressa fenotipicamente ao nível histológico.
Cancro – etapas da carcinogénese

falha

falha

Cancro 12
Transformação maligna

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Cancro
 Características das células cancerígenas:
 são pouco especializadas (indiferenciadas) e com forma
mais arredondada;
 dividem-se continuamente;
 invadem os tecidos adjacentes;
 podem instalar-se noutros locais do organismo, onde
chegam através da corrente sanguínea ou linfática,
originando novos tumores que se chamam metástases.
Cancro

Cancro (bexiga)

Normal (bexiga)
Cancro – 6 marcadores clássicos
 Crescimento celular,

 Ignora a inibição do crescimento,

 Prevenção da morte celular,

 Replicação sem limites,

 angiogénese sustentada e

 Invasão através das membranas basais até à circulação


sanguínea ou linfática
Cancro
 O cancro reflete uma falha nos mecanismos de reparação de
DNA ou de checkpoint durante o ciclo celular
 As mutações no DNA que conduzem ao cancro não
incapacitam as células mutadas. Pelo contrário, conferem a
essas células uma vantagem competitiva em relação às células
vizinhas.
 Para compreender a biologia molecular do cancro, é
necessário identificar as mutações responsáveis por essa
vantagem competitiva.
 São duas as principais classes de genes que são críticas para o
desenvolvimento do cancro: os oncogenes e os genes
supressores tumorais
Cancro
 Oncogenes:
 Resultam da mutação de proto-oncogenes.

 Os proto-oncogenes codificam proteínas que


estimulam o crescimento e a divisão celular e têm uma
função essencial nas células normais, por exemplo,
durante o desenvolvimento embrionário e na
reparação de tecidos lesados.
 Quando indevidamente ativados, promovem uma
proliferação celular excessiva que conduz ao
desenvolvimento de um tumor.
 Ex: ERBB2, N-MYC, BCL2
Cancro
 Oncogenes:
 A ativação de um oncogene pode resultar de diferentes tipos
de mutações:
 Substituição de bases no DNA, e consequente alteração na
sequência de aminoácidos da proteína formada, que resulta
numa proteína com maior atividade ou resistente à
degradação;
 Amplificação do proto-oncogene - Traduz-se numa maior
quantidade do produto codificado pelo gene;
 Inversões ou translocações que levam à alteração do local
que o proto-oncogene ocupa no genoma. Se o proto-
oncogene for deslocado para junto de um gene ativamente
transcrito ou para junto de um DNA viral, a sua taxa de
transcrição também aumenta.
Cancro
 Genes supressores de tumores:
 Os produtos destes genes inibem a divisão celular, impedindo
que as células se multipliquem descontroladamente.
 Os genes supressores de tumores podem estar na origem do
cancro quando sofrem mutações, como as seguintes:
 deleções, que causam a sua perda;
 substituição de bases do DNA que resulta numa proteína
onde se verifica perda de função relativamente à
proteína normal.
 Ex: TP53, Rb
Cancro
Outros genes
 Genes que codificam proteínas reparadoras do DNA:

 As mutações nestes genes permitem a acumulação de


outras mutações, algumas das quais em proto-oncogenes
ou genes supressores de tumores

 Os agentes mutagénicos podem ativar oncogenes ou desativar


genes supressores de tumores e causar cancro.
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Cancro
 Etiologia/agentes mutagénicos:

- O cancro pode ser esporádico ou familiar


- O cancro pode ter origem ambiental ou hereditário (gene
APC, genes BCRA1 e BCRA2)
Cancro
 Etiologia/agentes mutagénicos:

- O cancro tem, normalmente, umas etiologia multifatorial


Cancro
 Etiologia/agentes mutagénicos:

- Geralmente, é necessário um acumular de situações ao


longo do tempo para que o cancro se desenvolva
Cancro
A carcinogénese é
um mecanismo
cumulativo
Cancro
 Agentes mutagénicos - exposição ambiental:
Cancro
 Agentes mutagénicos - exposição ambiental:
Cancro
 As infeções por vírus (agentes mutagénicos biológicos)
contribuem para o aparecimento de cancro pela integração
do material genético do vírus no DNA das células afetadas. O
DNA viral pode ser inserido num local onde destrua a
atividade de um gene supressor de tumores ou converta um
proto-oncogene num oncogene. Ex: HPV
Cancro
Os vírus…
Cancro
 Conhecendo as alterações moleculares responsáveis por um
determinado tipo de cancro, é possível desenvolver
tratamentos específicos e localizados.
 As principais causas do cancro são variadas, e em cerca de
85% potencialmente evitáveis
Cancro
- Prevenção

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Cancro
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Estadiamento TNM

T- refere a extensão/invasão do tumor primário


• Tx – sem acesso
• T0 – não há evidencia de tumor primário
• Tis – carcinoma in situ
• T1, T2, T3 e T4

N- refere a extensão de metastases em nódulos linfáticos


• Nx – sem acesso
• N0 – sem metástases regionais
• N1, N2, N3 – indica presença de metástases
regionais

M- refere a presença ou ausência de metástases à distância


• Mx- sem acesso
• M0- sem metástases à distância
• M1- indica metástases à distância
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Rastreio de deteção precoce

Em Portugal (Serviço Nacional de Saúde) estão previstos rastreios


de base populacional nas áreas do cancro da mama, do cancro do
colo do útero e do cancro do cólon e reto (Despacho n.º
8254/2017)

Os programas de rastreio destinam -se ao diagnóstico precoce dos


cancros da mama feminina, do colo do útero e do cólon e reto, em
população assintomática, e sem outros fatores de risco para além
da idade e do sexo.
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Rastreio de deteção precoce (SNS)

- Pesquisa de sangue oculto nas fezes (≥ 50 anos e ≤ 74 anos; 2 em 2


anos), em caso positivo fazer colonoscopia
- Mamografia (mulheres ≥ 50 anos e ≤ 69 anos; 2 em 2 anos)
- Citologia vaginal (mulheres ≥ 25 anos e ≤ 60 anos; 5 em 5 anos) 38
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Sangue - leucócitos
pulmão
Nódulos linfáticos
Mama (mulher)

Estômago

Bexiga
Próstata (homem) Tecido adiposo
Ossos
Músculo
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https://www.infocancro.p
t/ponto-de-partida/o-
que-e/

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