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ROTEIRO DE ESTUDO – SEMINÁRIO DE NEOPLASIAS

1) Terminologia: Neoplasia, Tumor, Câncer, Blastoma, lesões pré-


neoplásicas, CA in situ.
Neoplasia: “Novo crescimento”. Proliferação celular anormal, descontrolada e [T1] Comentário: O que diferencia uma
autónoma (fora do controle dos mecanismos que regulam a multiplicação neoplasia de uma displasia e hiperplasia é
exatamente a autonomia de proliferação.
celular), na qual as células reduzem ou perdem a capacidade de se diferenciar,
em consequência de alterações nos genes que regulam o crescimento e a
diferenciação celulares.
Tumor: Aumento do volume tecidual que pode estar localizado em qualquer
parte do corpo
Câncer: Neoplasia maligna. As células crescem de forma desordenada com
capacidade de migrar para outras áreas do corpo (metástase)
Blastoma: Blasto significa célula jovem, indiferenciada de alta proliferação.
(Termo em desuso)
Lesões pré-neoplásicas: Lesões benignas com uma maior propensão de
evoluírem para malignidade.
CA in situ: Células displásicas que ocupam toda a extensão do epitélio sem [T2] Comentário: Se há proliferação
ruptura da M.B. celular e redução ou perda de
diferenciação.

2) Principais características de uma célula neoplásica:

Células neoplásicas são células que se reproduzem de forma atípica e possuem


como características: Proliferação celular exacerbada, descontrolada e autônoma;
perda da diferenciação celular e proliferação constitutiva (na qual essas células
sofrem alterações no seu mecanismo regulatório de proliferação, conseguindo,
então, burlar os mecanismos de apoptose e adquirindo uma proliferação
autônoma).

Obs: Quanto ↑ a taxa de diferenciação ↓ é a taxa de proliferação.

3) Características Macroscópicas dos tumores benignos e malignos


conforme visto em aula prática.

Císticos ou sólidos: Varia de acordo com o órgão. Por exemplo: Lesões císticas em
útero são geralmente benignas.

Forma: Nodular, vegetante(couve-flor, cresc. Exofítico), com ulceração(quase


sempre malignos).

● Neoplasia benigna:

– velocidade e crescimento: lento

– forma de crescimento: expansivo

– crescimento à distância (metástases): ausente

● Neoplasia maligna:

– velocidade e crescimento: rápido

– forma de crescimento: expansivo e infiltrativo

– crescimento à distância (metástases): presente

4) Nomenclatura dos tumores: exemplificar, nomeando benignos (e


seus respectivos correspondentes malignos) que se originam:
a) do mesênquima; Em geral, os tumores benignos são designados pela ligação do
sufixo -oma à célula de origem. Tumores mesenquimais seguem essa regra. Exemplo:
Fibroma para tumores benignos dos tecidos fibrosos e fibrossarcoma( sar=feito de
carne; pouco estroma) para tumores malignos de tecidos fibrosos.

b) de epitélios; Classificados de forma mais complexa; Podem ser denominados a


partir das células de origem, padrão microscópico ou aspecto macroscópico. Ex: Um
tumor benigno de origem glandular é denominado adenoma (pode ou não formar
estrutura glandular) , já tumores malignos de quaisquer das 3 camadas germinativas é
denominado carcinoma. Ex: adenocarcinoma em que as células epiteliais neoplásicas
crescem em padrões glandulares.

c) originários em mais de um folheto embrionário. Denominados teratomas. Quando


todas as partes que compõem o tumor são bem diferenciadas, ele é um teratoma
benigno (maduro); quando menos diferenciado, ele é um potencial, ou real, teratoma
maligno (imaturo).

5) Fazer diferenciação entre tumor benigno e tumor maligno usando


como parâmetros:

a) Diferenciação e Anaplasia [T3] Comentário: Indiferenciação


celular.
O termo diferenciação refere-se ao grau em que as células neoplásicas assemelham-se
às células normais. As neoplasias benignas apresentam células bem diferenciadas, ou
seja, semelhantes às células do tecido de origem. As neoplasias malignas apresentam
células com grau variável de diferenciação. As células anaplásicas apresentam variação
de tamanho e forma. As principais características das células anaplásicas são:

- Pleomorfismo - Núcleo hipercromático - Relação núcleo-citoplasma aumentada -


Aumento no tamanho e número dos nucléolos - Mitoses atípicas.

b) Ritmo de crescimento

Genericamente a maioria das neoplasias benignas cresce lentamente e as malignas


crescem rapidamente. Entretanto, alguns tumores benignos podem apresentar
crescimento mais rápido que tumores malignos. O ritmo de crescimento depende do
tipo de tumor e de fatores relacionados ao suprimento sanguíneo e hormonal.

c) Invasão local

As neoplasias benignas crescem por expansão, permanecendo no local de origem, sem


infiltrar ou invadir tecidos vizinhos ou provocar metástase para outros locais, são
geralmente circunscritas por uma cápsula de tecido fibroso que delimita as margens do
tumor. Devido à cápsula, os tumores benignos formam massas isoladas, palpáveis e
móveis, passíveis de enucleação cirúrgica. Entretanto, alguns tumores benignos são
localmente invasivos e recidivantes, como os ameloblastomas e mixomas.

Já as neoplasias malignas são invasivas, provocando destruição dos tecidos adjacentes


e podendo desenvolver metástase regional e à distância. Devido a essa característica
invasiva, é necessária a ressecção cirúrgica de considerável margem de tecido
aparentemente normal, conhecida como cirurgia radical. É preciso ressaltar que alguns
tipos de câncer evoluem de uma lesão inicial conhecida como carcinoma in situ. Neste
estágio as células tumorais estão restritas ao epitélio e não romperam a membrana
basal com consequente invasão do conjuntivo. As ressecções cirúrgicas nesta fase são
menores, com maior índice de cura.
d) Capacidade de disseminação

Os tumores benignos são geralmente bem delimitados e crescem de maneira expansiva,


comprimindo as estruturas adjacentes, mas sem infiltrá-las. São, portanto, incapazes
de disseminar-se. Ao contrário, a propriedade mais importante dos tumores malignos é
sua capacidade de invadir localmente, ganhar uma via de disseminação (hematogênica,
linfática ou transcelômica), chegar a sítios distantes e neles originar novos tumores
(metástases). As metástases são o selo de malignidade do tumor e diminuem de
maneira acentuada a possibilidade de cura dos pacientes.

e) Aspectos anatomoclínicos

As neoplasias benignas geralmente permanecem em seu sítio de origem, sem


capacidade de invadir tecidos vizinhos e infiltrar-se, desenvolvem capsula fibrosa que
as separa dos outros tecidos (são isoladas, facilmente palpáveis, móveis e passíveis de
remoção cirúrgica). Desta forma, não são letais e não causam sérios transtornos ao
hospedeiro. Já as neoplasias malignas, devido a infiltração progressiva, invasão e
destruição do tecido, são geralmente pouco demarcadas, sem plano de clivagem
específico e não reconhece limites anatômicos normais, tornando sua ressecção mais
complicada. Frequentemente provocam perturbações homeostáticas graves,
apresentando necrose, degeneração, hemorragia e ulceração.

6. Diferenças entre carcinomas e sarcomas quanto ao comportamento


biológico.

Sarcoma: originados no tecido mesenquimal, apresentam pouco estroma conjuntivo e


são carnosos. Podem ser encontrados no tecido fibroso (fibrossarcoma), tecido adiposo
(lipossarcoma), tecido cartilaginoso (condrossarcoma) e tecido ósseo (osteossarcoma).

Carcinomas: originados das células epiteliais de revestimento. Podem ser ainda mais
qualificados, ex. Adenocarcinoma (padrão de crescimento glandular); carcinoma de
células escamosas. Se o tecido de origem é desconhecido, designa-se apenas como
tumor maligno pouco diferenciado ou indiferenciado.

7. Tecidos e órgão (topografia) onde os tumores acontecem com


maior frequência. Falar as mais comuns (malignas) para o sexo
feminino e para o sexo masculino (Brasil e Amazonas)

Sexo feminino:

Brasil: Mama feminina (57.960); cólon e reto (17.620); colo de útero (16.340);
traqueia,brônquio e pulmão (10.890); estômago (7.600)

Amazonas: Colo de útero (680); mama feminina (440); cólon e reto (130);
estômago (130); traqueia, brônquio e pulmão (120)

Sexo masculino:

Brasil: Próstata (61.200); traqueia, brônquio e pulmão (17.330); cólon e reto


(16.660); estômago (12.920); cavidade oral (11.120)

Amazonas: Próstata (520); estômago (270); traqueia, brônquio e pulmão (180);


cólon e reto (100); laringe (80)
8. O que são proto-oncogenes; oncogenes e anti-oncogenes? Citar
exemplos de oncogenes, seu modo de ação e tumores associados.

Proto-oncogenes são genes que normalmente ajudam as células a crescer;


codificam proteínas que ajudam a regular o crescimento e a diferenciação celular.
Eles estão frequentemente envolvidos com a

transdução de sinal e com a execução de sinais mitóticos, geralmente através de


seus produtos proteicos, possibilitando o crescimento das células. Com sua
ativação, um proto-oncogene (ou seu produto) se transforma em um agente indutor
de tumores, um oncogene.

Oncogenes são genes relacionados com o surgimento de tumores, sejam malignos


ou benignos, bem como genes que quando deixam de funcionar normalmente,
transformam uma célula normal numa célula cancerosa.

Anti-oncogenes ou genes supressores de tumor são genes normais que


retardam a divisão celular, reparam erros do DNA ou indicam quando as células
devem morrer (apoptose ou morte celular programada). Uma diferença importante
entre oncogenes e anti-oncogenes é que os oncogenes resultam da ativação de
proto-oncogenes, enquanto que os genes supressores do tumor provocam câncer
quando eles são inativados.

Como exemplo de oncogenes, podemos citar:

A) Gene: Int-2 Modo de ação: codifica fatores de crescimento; promove


mecanismo de hiperexpressão

Tumor associado: câncer de estômago, câncer de bexiga, câncer de mama e


melanoma

B) Gene: abl Modo de ação: codifica proteínas tirosina cinases do citosol; promove
mecanismo de translocação

Tumor associado: leucemia mieloide crônica e leucemia linfoblástica aguda

C) Gene: ras Modo de ação: codifica proteínas tirosina cinases do citosol; promove
mutação em ponto

Tumor associado: câncer de pulmão, câncer de cólon, câncer de pâncreas e muitas


leucemias.

9. Citar exemplos de genes supressores do câncer e seu modo de


ação. Explicar como, na sua ausência funcional, pode-se iniciar
um câncer.
Os genes supressores tumorais codificam proteínas que possuem
importante papel na regulação do ciclo celular e apoptose, inibindo a
formação de tumores. A sua ausência funcional anula a ação inibitória que
regularia diversos processos do ciclo celular, gerando uma célula defeituosa
sem o controle adequado de sua multiplicação.
10. Descrever a carcinogênese química e a carcinogênese (física) por
radiação (com exemplos de tumores a eles condicionados).
Carcinogênese Química:
Envolve a atuação de substâncias químicas que podem ser desde compostos
naturais a substâncias altamente modificadas pelo homem, sendo que a
atuação dessas substâncias químicas como agente cancerígeno vai envolver
diversos fatores ambientais e do indivíduo, como por exemplo, o tempo de
exposição da substância ao indivíduo, a forma como o corpo reagirá a essa
substância química, a natureza dessa substância e etc.
Os cancerígenos químicos podem ser divididos em duas grandes categorias:
1. Carcinógenos diretos: são agentes alquilantes ou acilantes que já
possuem atividade eletrofílica intrínseca; por isso mesmo, podem provocar
câncer diretamente, sem precisar passar por nenhuma transformação.
2. Carcinógenos indiretos: são substâncias que precisam primeiro sofrer
modificações químicas no organismo antes de tornarem eletrofílicas. Essas
transformações químicas ocorrem nas mitocôndrias
através de uma variedade de enzimas solúveis ou associadas a membranas,
entre as quais as do citocromo P-450 são as mais importantes.
É importante ressaltar que tanto os carcinógenos diretos ou indiretos agem
sobre o DNA e causam mutações, a diferença é que os carcinógenos
indiretos precisam primeiro serem transformados no corpo antes de
provocar essa mutação. Esses compostos químicos têm como mecanismo de
ação a formação de compostos covalentes com o DNA (DNA adducts), que
aumentam a probabilidade de ocorrerem erros durante a replicação. Porém,
nem sempre essa mutação levará a formação de tumores, pois o organismo
dispõe de sistemas eficazes de reparação do DNA. Essa reparação de DNA
varia de tecido para tecido, e de indivíduo para indivíduo, e acresce que,
alguns cancerígenos químicos, além de sua ação mutagênica, podem inibir a
atividade de enzimas reparadoras.
Exemplos de carcinogênese química: ❖ Carcinoma pulmonar em fumantes
(causado por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Esses compostos são
formados por diversos compostos que contêm carbono, são muito as fontes
de produção: carvão, petróleo e seus derivados, produtos alimentícios –
principalmente os defumados, tabaco e etc. Por isso, são de grande
importância prática como causa de câncer);
❖ Uroteliomas (causado por Aminas Aromáticas);
❖ Relação com câncer gástrico (através das nitrosaminas);
❖ Carcinoma hepatocelular (causada por Aflatoxinas. As Aflotoxinas são
produzidas por algumas cepas de Aspergillus flavus, um fungo que
contamina alimentos principalmente cereais – lembrar da farinha em
Manaus. Causa uma mutação que inativa a proteína p53, favorecendo a
mitose hepática. Parece haver ação sinérgica das aflatoxinas com o vírus da
hepatite B);
❖ Mesoteliomas e câncer bronco pulmonar (causado por Asbesto,
substância encontrada em indústrias de amiantos, indivíduos fumantes e
exposto ao asbesto têm risco muito maior de desenvolver câncer de pulmão)
❖ Câncer da pele e do pulmão (pode ser causado por arsênico ou cromo. O
cromo pode ser encontrado no cimento)
❖ Papilomas, pólipos e câncer na mucosa nasal ou broncopulmonar
(causado por níquel inalado como poeira metálica)
Carcinogênese física por Radiação
As radiações também provocam mutação gênica e podem ativar oncogenes
e/ou inativar genes supressores de tumor. Nesse sentido, vale ressaltar, que
as radiações podem atuar sinergicamente com outros carcinógenos, e os
efeitos carcinogênicos das radiações podem ocorrer muitos anos ou décadas
depois da exposição.
Os dois principais agentes cancerígenos são:
1. Radiação Ultravioleta: proveniente da luz solar, provocam com
frequência cânceres de pele predominantemente em pessoas expostas à luz
solar por período prolongado. Os raios solares podem causar também lesões
pré-cancerosa da pele (ceratose solar), carcinomas basocelular ou de células
escamosas e melanomas. O risco de aparecimento desses tumores depende
da intensidade e duração da exposição, bem como da proteção natural de
cada indivíduo. A suscetibilidade a esses tumores é inversamente
proporcional à pigmentação cutânea, pois a melanina é um filtro eficiente da
radiação
ultravioleta. A radiação ultravioleta causa uma mutação puntiforme, que
pode afetar oncogenes ou genes supressores de tumor. Essa radiação pode
causar diversas alterações no DNA, sendo a formação de dímeros de timina
a mais importante delas.
2. Radiação Ionizante: As radiações ionizantes podem ser eletromagnéticas
(raios X e gama) ou particuladas (partículas alfa e beta, próton e nêutrons).
As principais evidências da ação cancerígena dessas radiações são: ❖
Câncer cutâneo ou leucemias em radiologistas ou operadores de raios x que,
no passado, não usavam a devida proteção;
❖ Aumento da incidência de Leucemias e câncer de tireóide devido a
exposição excessiva aos raios X na infância;
❖ Osteossarcomas em operários que envernizavam mostradores luminosos
e que tinham o hábito de umedecer com os lábios o pincel;
❖ Aumento de incidência de Leucemias e tumores sólidos (mama, cólon,
etc) nos sobreviventes das explosões de Hiroshima e Nagasaki.
11. Carcinogênese por agentes biológicos – explicitar com exemplos
de tumores relacionados.
As infeccções crônicas causadas por agentes biológicos contribuem
grandemente para o desenvolvimento da carcinogênese.
Por Virús DNA: o DNA viral integra-se ao genoma da célula hospedeira. a
expressão de genes precoces é responsável pela transformação celular,
através da síntese de proteínas transformantes. Ex. HPV (predispõe ao
câncer de colo de útero) ; Vírus de Epstein-Barr ( predispõe ao câncer
nasofaringeal, linfoma de Burkitt e de Hodgkins em uma minoria
populacional) ; Vírus da Hepatite B ( HBV) e o Vírus do herpes humano tipo
8 ( HHV-8).
Por Vírus de RNA: inserem DNA na célula hospedeira ativando oncogenes [T4] Comentário: Retrovírus
que estavam reprimidos ou pouco estimulados. Ex. HTLV-1 ( Leucemia de
células T, carcinoma hepatocelular B esplênicos associados ao vírus da
hepatite C), HIV, influencia no aparecimento de sarcoma de kaposi.
Por Bactérias : Uma infeccção crônica por Helicobacter pylori pode causar
câncer gástrico e linfoma gástrico MALT.

12. Mecanismos de disseminação dos tumores — descrever as etapas


da metástase e vias de disseminação dos tumores.
Para que uma célula neoplásica obtenha sucesso na metastatização ela deve
inicialmente se destacar do tumor primário (1), invadir e migrar nos teci-dos
adjacentes (2), infiltrar e sobreviver na corrente circulatória (3), aderir e
atravessar os capila-res sanguíneos (4) e sobreviver em um tecido estranho
ao de sua origem (5).
Cada uma destas etapas requer habilidades especiais, fazendo com que o
processo de me-tástase seja seletivo. Descrição de cada etapa:
- (1) separação do tumor primário: As células normais expressam
glicoproteínas transmembrânicas que promo-vem adesão intercelular,
desempenhando importante papel na manutenção da integri-dade
estrutural. As caderinas são as de maior importância. No tecido epitelial são
chamadas de E-caderina. Alterações nestas proteínas diminuem a adesão
entre as células e facilitam o des-prendimento do tumor primário e invasão
dos tecidos vizinhos.
- (2) invasão e migração nos tecidos adjacentes: para invadir e migrar no
te-cido conjuntivo as células metastáticas devem primeiramente se aderir
aos componentes da ma-triz extracelular. Esta adesão ocorre devido a
expressão de receptores para laminina e fibronec-tina. As células tumorais
podem também expressar integrinas, que são uma família de glicoproteínas
de superfície celular que mediam a adesão célula - célula ou de célula com a
matriz extracelular. Para migrar no tecido conjuntivo, as células
metastáticas devem ser capazes de secretar colagenases e outras enzimas
proteolíticas que digerem a matriz extracelu-lar.
- (3) infiltração e sobrevivência na corrente sanguínea: Para entrar na
corrente circulatória, as células devem atravessar a membrana basal (MB). A
MB parece ser uma barreira particularmente importante à disseminação de
células metastáticas. Para atravessar esta barreira às células precisam
inicialmente aderir à “laminina” que é um dos principais componentes
protéicos das membranas basais. A interação dos receptores celulares com a
laminina parece estimular a síntese de colagenase IV. A degradação do
colágeno IV faz com que a membrana basal se desintegre, abrindo o
caminho da célula metastática para a corrente circulatória. Ao entrar na
corrente circulatória a maior parte das células é provavelmente destruída
por linfócitos NK (natural killer) e fagócitos polimorfonucleares. Algu-mas
células tumorais aderem às plaquetas circulantes, sendo esta interação
mediada por integrinas. A interação das células metastáticas com plaquetas
parece ser um fator importante na metastatização, principalmente no
desenvolvimento de metástase pulmonar. Além de possí-vel camuflagem das
células tumorais, que assim conseguem escapar dos leucócitos circulan-tes,
a interação célula tumoral - plaquetas podem formar pequenos trombos que
são aprisiona-dos nos pequenos vasos sangüíneos dando origem a novos
focos metastáticos.
- (4) adesão e travessia dos capilares sanguíneos: Células tumorais isoladas
também podem aderir a receptores de membrana nas células en-doteliais e
atravessar os vasos sanguíneos, num fenômeno similar à leucodiapedese.
- (5) sobrevivência em um tecido estranho ao de sua origem: O local de
desenvolvimento de metástase está relacionado, em parte, a localização
anatô-mica do tumor primário. Entretanto, algumas observações sugerem
que a via natural de drenagem não explica inteiramente a distribuição das
metástases. Por exemplo, cânceres
de próstata desenvolvem metástase óssea com relativa frequência,
carcinoma broncogênico tende envolver adrenal e cérebro, e
neuroblastomas irradiam para fígado e ossos. O tropismo para
determinados órgãos pode estar relacionado a 3 mecanismos: I - células
tumorais podem expressar moléculas de adesão as quais se ligam
preferencial-mente às células endoteliais de órgão alvo; II - alguns órgãos
podem liberar agentes quimiotáticos que recrutam células tumorais; III - em
alguns casos o órgão alvo parece não ser favorável para a proliferação das
células tumorais.
AS PRINCIPAIS VIAS DE DISSEMINAÇÃO SÃO:
- Disseminação através de cavidades e superfícies corporais: Esse tipo de
disseminação ocorre quando células neoplásicas penetram em uma cavi-
dade natural, como a peritonial. Em casos de carcinomas de ovário não é
raro que as superfícies peritoniais fiquem revesti-das por células
neoplásicas. Outras cavidades corporais podem estar envolvidas como a
pleural, pericardial e subarac-nóide.
- Disseminação linfática: As células tumorais são transportadas pelos vasos
linfáticos. É a via preferencial dos Carcinomas, e a menos frequente nos
sarcomas. Os gânglios linfáticos regionais funcionam como barreiras contra
a disseminação generali-zada do tumor, pelo menos por algum tempo.
- Disseminação hematogênica: É a via de disseminação mais utilizada pelos
sarcomas, porém também pode ocorrer nos Carcinomas. As artérias são
mais resistentes que as veias a invasão tumoral. Os órgãos mais acometidos
por essa disseminação são o fígado e o pulmão.

13. Aspectos clínicos dos tumores — falar sobre sinais e sintomas gerais e
específicos relacionados aos tumores malignos.

Os sinais e sintomas causados pelo tumor variam dependendo de que parte do corpo é
afetada. Alguns sinais e sintomas gerais, que não são específicos para o tumor e devem
ser cruzados com outros fatores de risco, incluem: ❖ Fadiga ❖ Protuberância ou área
de espessamento que pode ser sentida sob a pele ❖ Mudanças de peso, incluindo a
perda não intencional ou ganho ❖ Alterações da pele, tais como amarelecimento,
escurecimento ou vermelhidão da pele, feridas que não cicatrizam ou alterações moles
❖ Mudanças nos hábitos intestinais ou da bexiga ❖ Tosse persistente ❖ Dificuldade
em engolir ❖ Rouquidão ❖ Indigestão persistente ou desconforto depois de comer ❖
Dor muscular ou nas articulações persistente e sem causa aparente ❖ Febre ou suores
noturnos persistentes sem causa aparente.

13. Caracterizar SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS (Exemplos).


Síndromes paraneoplásicas são complexos de sintomas em indivíduos portadores de
câncer que não podem prontamente ser explicados, quer seja por disseminação local do
tumor ou a distância, ou ainda pela elaboração de hormônios característicos do tecido a
partir dos quais o tumor surgiu. Elas ocorrem em cerca de 10% das pessoas com
doenças malignas e, podem caracterizar-se por:

❖ Podem representar a manifestação mais precoce de um neoplasma oculto;


❖ Em pacientes afetados, podem representar problemas clinicamente significativos e
podem até ser letais;
❖ Podem mimetizar a doença metastática e, assim, atrapalhar o tratamento.
Manifestações Endócrinas
Marcadas pela desrepressão de certos genes, que induzem células tumorais a produzir
hormônios nãosintetizados pelo órgão de origem do tumor. Ocorre produção ectópica
de hormônios. São eles:
❖ Síndrome de Cushing: comum em carcinomas de pequenas células do pulmão.
As células tumorais produzem ACTH ou peptídeos com atividade biológica semelhante,
resultando em hiperestimulação da cortical da suprarrenal;
❖ Hipercalcemia: mais comum em carcinomas de células escamosas do pulmão;
ocorre devido à produção de substâncias químicas com ação semelhante à do
paratormônio. Há reabsorção óssea excessiva e aumento do cálcio na circulação.
Metástases ósseas também podem causar hipercalcemia devido à osteólise que
produzem.

Alterações Hematológicas
❖ Eritrocitose: pela produção de eritropoetina de alguns tumores. Ex.:
hepatocarcinoma, hemangioblastoma do cerebelo, leiomioma uterino.
❖ Anemia: por causas aparentes, como destruição medular por infiltração neoplásica,
carência nutricional relacionada à caquexia, perdas sanguíneas por hemorragias, etc.
Casos em que não se consegue estabelecer um fator causal para a anemia, constituem
de fato, manifestações paraneoplásicas.
❖ Estado de Hipercoagulabilidade: fatores pró-coagulantes contidos em células
neoplásicas ou produtos de sua destruição, que favorecem a formação de trombos.
OBS.: Trombose associada à câncer é manifestação clínica frequente e pode apresentar-
se sob as formas de coagulação intravascular disseminada, endocardite trombótica
abacteriana (ou marasmática, dependendo do estado de deficiência nutricional) ou
tromboflebite migratória, conhecida como Síndrome de Trousseau, comum em
pacientes com carcinoma pancreático ou pulmonar.

15-Imunologia dos tumores: Como o organismo se defende das


neoplasias?
O sistema imunitário do hospedeiro age, além dos mecanismos inatos, por meio das
respostas humoral e celular para eliminar células tumorais. A reação imunitária
mediada por células é mais eficaz contra os tumores sólidos do que a resposta
humoral.No entanto,esta também coopera com a resposta celular. e parece que o efeito
final depende do balanceamento entre as duas formas de reação do sistema imunitário.
As células e os mecanismos envolvidos nesse processo de defesa estão descritos
adiante.
Linfócitos t citotóxicos. São as células mais eficazes na destruição dc células
tumorais. Linfócilos T citotóxicos reconhecem antígenos da membrana de células
neoplásicas e são capazes de lisá-las especificamente. Linfócitos T citotóxicos
reconhecem um alvo apenas quando este se associa a antígenos da classe I dos MHC
(complexo principal de histocompatibilidade).
Macrófagos.
Dados in vitro e invivo mostram que macrófagos ativados lisam células cancerosas por
meio da produçãodo fator de necrose tumoral (TNFa),pela liberação de radicais livres
de O, ou por citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC). Vários fatores
aumentam o poder tumoricida dos macrófagos. como IFN-y(derivado de linfócitosT),
polímeros artificiais, endotoxinas de bactérias Gram-negativas ou produtos de alguns
protozoários (T. cruzi, T. gondii).
Células nk.
As células NK(de natural killer),um tipo particular de linfócito, constituem importante
mecanismo de defesa do organismo, pois são capazes de reconhecer e matar células
neoplásicas por meio de lise direta ou deADCC, sem necessidade de sensibilização
prévia. Ao contrário dos LT citotóxicos. células NK não dependem de moléculas MHC.
Fatores que ativam macrófagos, particularmente IFN- gama. também aumentam a
atividade das células NK.
Resposta humoral
A resposta humoral é pouco eficaz na destruição de células de tumores sólidos, embora
pareça ter ação importante em leucemias.

Paradoxalmente, algumas vezes a resposta imunitária humoral ou celular pode


favorecer o crescimento dos tumores, o que constitui o fenómeno da chamada
facilitação imunológica (ou "policiamento imunológico inverso"). [T5] Comentário: Células tcd4 ativas
são capazes de ativar células
neoplásicas.
16. Classificação TNM: Significado e Importância.
Estadiamento é um termo muito usado em oncologia e pode ser entendido como uma
maneira de avaliar a extensão da doença em relação ao órgão de origem, isto é, avaliar
qual o grau de comprometimento do órgão no qual o tumor teve início e avaliar se a
doença se espalhou além do local de origem.A necessidade de se classificar os casos de
câncer em estádios baseia-se na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes
quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros
órgãos. O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União
Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado Sistema TNM de Classificação dos
Tumores Malignos. Este sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando
em conta:
❖ As características do tumor primário (T);
❖ As características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que
o tumor se localiza (N);
❖ A presença ou ausência de metástases à distância (M).
T para o tumor primário. N para linfonodos. O câncer que se espalhou para os
linfonodos próximos. M para metástase. O câncer que se espalhou para partes
distantes do organismo
Estes parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a
M1, respectivamente.
Combinações dos componentes T, N, M permitem o agrupamento dos pacientes em
categorias de risco, permitindo avaliar quais os pacientes que têm maior ou menor
chance de cura e quais podem precisar de associações de tratamento (cirurgia,
quimioterapia e radioterapia). Por essa razão, utilizar a classificação TNM é muito
importante para que se possa seguir as orientações de tratamento para cada subgrupo
de pacientes com o objetivo de conseguir as melhores taxas de cura e controle da
doença.

17. Mecanismos de morte em pacientes portadores de câncer.

As neoplasias causam repercussões variadas nos doentes que podem


contribuir/culminar na morte.

a) Efeitos locais:

● Obstrução do fluxo de liquor por tumores intraventriculares ou na região do


aqueduto cerebral resultando em hidrocefalia;
● Obstrução do tubo digestivo por neoplasias de esôfago, estômago ou intestinos
causam obstrução intestinal ou estenose pilórica ou esofágica;
● Obstrução da passagem da urina por tumores situados nas via urinárias provoca
hidronefrose;
● Compressão do encéfalo por tumores intracranianos causando hipertensão
intracraniana e outras manifestações diversas;
● Hemorragias digestivas em neoplasias do tubo gastrointestinal causando hipovolemia
ou anemia;
● Torção do pedículo de órgãos móveis com interrupção de fluxo sanguíneo e
consequente infarto.

b) Efeitos sistêmicos:

● Hipofunção (quando há destruição do parênquima) ou hiperfunção glandular. A


primeira está presente nos tumores supra-selares que comprimem a hipófise e resultam
em hipopituitarismo. Já a segunda está presente nos adenomas das células beta das
ilhotas pancreáticas que podem desencadear hipoglicemia grave ou no feocromocitoma
que sintetiza catecolaminas em excesso e provoca hipertensão arterial;
● Estado de caquexia que cursa com fraqueza generalizada, anemia e emagrecimento
acentuado. Não completamente explicado, contribuição de obstruções, hemorragias,
náuseas, vômitos, anorexia, hipercatabolismo (TNF-alfa e INF gama), estado
emocional, tratamento antineoplásico, alterações no centro do apetite;
● Síndromes paraneoplásicas

➢ Manifestações endócrinas: Síndrome de Cushing que aparece em carcinomas de


pequenas células do pulmão em que as células neoplásicas produzem ACTH que hiper-
estimula córtex da suprarrenal;

hipercalcemia por produção de substâncias semelhantes ao paratormônio com


reabsorção óssea excessiva e aumento do cálcio circulante;

➢ Alterações hematológicas: eritrocitose por hepatocarcinoma, hemangioblastoma do


cerebelo, leiomioma uterino; anemia; hipercoagulabilidade - trombose (coagulação
intravascular disseminada, endocardite trombótica bacteriana, tromboflebite
migratória/síndrome de Trousseau);

➢ Manifestações neuromusculares: degeneração cerebelar, demência, neuropatias


periféricas e manifestações semelhantes à miastenia gravis e polimiosite.

18. Relação médico-paciente frente a um paciente com câncer.

A relação médico-paciente, em oncologia, adquire uma particular importância devido à


gravidade da doença e ao estigma que muitas vezes acompanha a experiência do
paciente. Trata-se de uma aprendizagem indispensável para uma intervenção médica
eficaz, que perceba o processo do adoecer sob a ótica daquele paciente que se insere em
uma experiência de fragilidade e de ameaça ao seu estado de ser saudável e ativo.
Diversos trabalhos mostram que a maioria das queixas dos pacientes faz referência a
dificuldades comunicacionais com o médico e não a sua competência clínica,
apontando que um bom relacionamento aumenta a satisfação do paciente e a qualidade
do serviço de saúde, além de influenciar positivamente o estado de saúde do paciente.
Não é suficiente, portanto, buscar . novas tecnologias e boa formação dos profissionais
médicos para atingir níveis de excelência em saúde; é necessário também o respeito dos
valores subjetivos do paciente, a promoção de sua autonomia e a tutela das
diversidades culturais. Sob a perspectiva da oncologia, nota-se que esta relação carrega
peculiaridades que lhe são próprias. Por se tratar de uma doença percebida como
traumatizante, perante o imaginário pessoal e coletivo, sua abordagem torna-se
especialmente difícil. Angústias, medos e sofrimentos apresentam-se na vida dos
pacientes e de suas famílias, necessitando estabelecer um vínculo com o profissional
como coadjuvante terapêutico. Observa-se, então, durante a consulta oncológica, a
presença de grande ansiedade por parte do paciente e do médico. Junto ao diagnóstico
de câncer, leva-se consigo vários estigmas e, com eles, grande impacto na dimensão
emocional do paciente. Além disso, a família do paciente também é alvo e origem de
estresses emocionais. O próprio tratamento é gerador de morbidade e de uma tensão
adicional. Esses aspectos devem ser considerados pelo médico, que, por sua vez,
também experimenta sentimentos provocados pela doença do paciente. No intuito de
minimizar essas dificuldades, em 1992, Buckman publicou o protocolo SPIKES, que é
até hoje uma das referências metodológicas mais adotadas a nível internacional na
comunicação de más notícias. Em 2000, foi publicado um artigo que direciona e
adapta o protocolo SPIKES para o contexto da oncologia. A proposta de Buckman
identifica seis passos de comunicação de uma má notícia. O primeiro passo, setting up,
seria a preparação da entrevista, tanto a escolha do lugar ideal, como a forma de se
apresentar ao paciente. O segundo, perception, consiste em avaliar o que o paciente já
conhece sobre sua doença e a percepção que tem dela. O terceiro, invitation, seria a fase
em que se avalia até que ponto o paciente deseja saber de sua condição, para que o
médico não ultrapasse o limite do paciente e transmita detalhes que este não desejava
ouvir. O quarto passo, knowledge, seria o momento em que o médico transmite, de fato,
a má notícia. É indicado que não se use palavras técnicas e sim termos de fácil
compreensão para o paciente e que se transmita a verdade, evitando grosserias. O
quinto, emotions, é a fase em que se trabalham as reações emocionais do paciente de
forma empática. Por fim, o sexto passo, strategy and summary, seria o momento de
apresentar e discutir o plano terapêutico e o prognóstico, alimentando expectativas
reais e considerando a autonomia do paciente na escolha do tratamento. Esse
protocolo, por conseguinte, torna-se fundamental, sobretudo durante o
acompanhamento de pacientes oncológicos, no qual o médico se vê frequentemente em
uma situação em que é preciso transmitir uma má notícia, seja um diagnóstico, um
prognóstico, uma falha terapêutica ou um efeito adverso. Na maioria das vezes, o
médico não foi devidamente treinado para gerenciar essas situações, levando em conta
aspectos psicossociais do paciente, e precisa aprender sozinho a desenvolver
habilidades relacionais e comunicacionais não ensinadas na formação acadêmica. E,
mais que isso, a aprender a lidar com a terminalidade do próximo, o que resgata a sua
própria natureza mortal.

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