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Cancer
O câncer não é uma doença isolada, com etiologia única; pelo contrário, é um grupo de patologias
distintas com diferentes causas, manifestações, tratamentos e prognósticos. Atualmente, a
definição científica de câncer refere-se ao termo neoplasia, especificamente aos tumores
malignos, como sendo uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado de células
transformadas. Existem quase 200 tipos que correspondem aos vários sistemas de células do
corpo, os quais se diferenciam pela capacidade de invadir tecidos e órgãos, vizinhos ou distantes.
Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser hereditários.
A maioria dos casos (cerca de 80%) está relacionada ao meio ambiente, onde encontramos um
grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente, o meio em geral (água, terra e ar), o
ambiente ocupacional (quando insalubre), o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida) e
o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos). As mudanças provocadas no meio ambiente
pelo próprio homem, os hábitos e estilos de vida adotados pelas pessoas podem determinar os
diferentes tipos de câncer. Embora o câncer afete pessoas de todas as idades, muitos tipos dessa
doença ocorrem nas pessoas com mais de 65 anos. No geral a incidência de câncer é mais elevada
nos homens do que nas mulheres.
O câncer é um processo patológico que começa quando uma célula anormal é transformada pela
mutação genética do DNA celular. Essa célula anormal forma um clone e começa a se proliferar
de maneira anormal, ignorando os sinais de regulação no ambiente adjacente à célula. As células
adquirem as características invasivas, e as alterações acontecem nos tecidos adjacentes. Essas
células infiltram esses tecidos e ganham acesso aos vasos linfáticos e sanguíneos, os quais as
transportam para outras áreas do corpo. Esse fenômeno é chamado de metástase.
Padrões Proliferativos
Durante o espectro de vida, vários tecidos orgânicos normalmente sofrem períodos de
crescimento rápido ou proliferativo que devem ser diferentes da atividade de crescimento
maligno. Existem vários padrões de crescimento celular: hiperplasia, metaplasia, displasia,
anaplasia e neoplasia. As células cancerosas são descritas como neoplasias malignas.
Carcinomas
São os tipos mais comuns de câncer, originando-se de células que revestem o corpo, incluindo a
pele (ectodermais) e uma série de revestimentos internos (endodermais), como os da boca,
garganta, brônquios, esôfago, estômago, intestino, bexiga, útero e ovários, e os revestimentos dos
dutos mamários, próstata e pâncreas.
Sarcomas
Originam-se de tecidos de suporte em vez dos de revestimento, tais como ossos, tecido
gorduroso, músculo e tecido fibroso de reforço, encontrados na maior parte do corpo.
Linfomas
Leucemia
Este câncer origina-se de células da medula óssea que produzem as células sanguíneas brancas.
Na leucemia ocorre uma concentração muito elevada de glóbulos brancos (de cerca de 7,5.103
/mm3 para 105 -106 /mm3 ) causando problemas nos quais as células anormais não funcionam
apropriadamente, além de restringirem o espaço da medula óssea para que novas células sejam
produzidas.
Mielomas
Malignidades nas células plasmáticas da medula óssea que produzem os anticorpos. O mieloma
aparece quando uma determinada célula plasmática sofre mutação e, em vez de produzir
imunoglobulina, ou seja, uma proteína complexa com ação imunológica benéfica para o
organismo, passa a produzir cópias marcadas pela presença de proteína M, ou proteína
monoclonal. O crescimento desordenado das células do mieloma pode afetar a medula óssea e
acarretar transtornos como o aumento do volume do plasma e da viscosidade do sangue, lesões
líticas (nos ossos), insuficiência renal e mau desempenho do sistema imunológico.
Desenvolvem-se a partir de células dos testículos e/ou dos ovários, responsáveis pela produção de
esperma e óvulos.
Melanomas
Gliomas
Neuroblastomas
Tumor geralmente pediátrico (8 milhões de crianças até 15 anos de idade por ano; 80% dos casos
com até 4 anos de idade) derivado de células malignas embrionárias advindas de células neuronais
primordiais, desde gânglios simpáticos até medula adrenal e outros pontos, geralmente encontrado
nas pequenas glândulas que ficam em cima dos rins (glândulas adrenais). Pode se desenvolver na
barriga, no peito, no pescoço, na pelve e nos ossos. Crianças com cinco anos ou menos são mais
comumente afetadas. Os sintomas podem incluir fadiga, perda de apetite e febre. Pode haver um
nódulo ou compressão de tecidos na área afetada.
Etiologia
Vírus e Bactérias
Os vírus são difíceis de avaliar como uma etiologia dos canceres humanos porque são difíceis de
isolar. No entanto, as células infecciosas são consideradas ou suspeitadas quando canceres específicos
aparecem em agrupamentos. Acredita-se que os vírus se incorporam na estrutura genética das células,
alterando, assim, as futuras gerações daquela população celular, levando talvez ao câncer. Por
exemplo, existe uma grande suspeita de que o vírus Epstein-Barr é uma causa no linfoma de Burkitt,
cânceres nasofaríngeos e alguns tipos de linfoma não-Hodgkin e doença de Hodgkin.
Os vírus herpes do tipo II, o citomegalovírus, e os papilomavírus humanos dos tipos 16, 18 31 e 33
estão associados à displasia e ao câncer de colo uterino. Os vírus da hepatite B e C estão implicados no
câncer de fígado; o vírus linfotrópico da célula T humana pode ser a causa de algumas leucemias
linfocíticas e linfomas; e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) está associado ao sarcoma de
Kaposi. A bactéria Helicobacter pylori foi associada a uma incidência de malignidade gástrica, talvez
secundária à inflamação e lesão das células gástricas.
Agentes Físicos
Os fatores físicos associados à carcinogênese incluem a exposição á luz solar ou radiação, irritação e
inflamação crônica e ao uso do tabaco. A exposição excessiva aos raios ultravioletas do sol,
principalmente no caso de pessoas de pele clara, olhos azuis ou verdes, aumentando o risco dos
cânceres de pele.
A exposição à radiação ionizante pode acontecer com os repetidos procedimentos diagnósticos
radiológicos ou com a radioterapia empregada para tratar a doença; felizmente, o aparelho de raios x
melhorado minimiza o risco de exposição extensa à radiação. A radioterapia usada no tratamento de
doenças e a exposição aos materiais radioativos usada nos locais de fabricação de armas nucleares ou
em instalações de energia atômica estão associados a uma incidência mais elevada de leucemias,
mieloma múltiplo e cânceres de pulmão, osso, mama, tireóide e de outros tecidos. A radiação basal a
partir dos processos de decaimento natural que produzem radônio também foi associada ao câncer de
pulmão. Casas com altos níveis de radônio aprisionado deverão ser ventiladas para permitir que o gás
se dissipe para a atmosfera.
Agentes Químicos
Acredita-se que 75% de todos os cânceres estejam relacionados com o ambiente. O tabaco, creditado
como sendo o mais letal carcinógeno químico isolado, contribui com pelo menos 30% das mortes por
câncer. O tabaco está fortemente associado aos cânceres de pulmão, cabeço e pescoço, esôfago,
pâncreas, colo do útero e bexiga.
A extensa lista de substâncias químicas suspeitas continua a crescer, incluindo as aminas aromáticas e
corantes de anilina, pesticidas e formaldeído; arsênico, fuligem e derivados de alcatrão; asbesto;
benzeno; noz-de-areca e cal; cádmio; compostos de cromo; níquel e zinco na forma de minério;
serragem; compostos do berílio; e cloreto de polivinila.
Muitas substâncias químicas perigosas produzem efeitos tóxicos ao modificar a estrutura do DNA nos
sítios orgânicos, distantes da exposição química. O fígado, os pulmões e os rins são os sistemas
orgânicos mais frequentemente afetados, provavelmente por causa de seus papéis na detoxificação das
substâncias químicas.
Fatores Genéticos
Quase todo tipo de câncer mostrou evoluir em famílias. Isso pode ser explicado pela genética,
ambientes compartilhados, fatores culturais ou de estilo de vida ou simplesmente pelo acaso. Os
fatores genéticos desempenham certo papel no desenvolvimento da célula cancerosa. Os padrões
cromossomiais e anormais e o câncer foram associados a cromossomas extras, muito pouco
cromossomas ou a cromossomas translocados.
Os cânceres associados à herança familiar incluem os retinoblastomas, nefroblastomas,
feocromocitomas, neurofibromatose maligna e cânceres de mama, ovário, colorretal, estômago,
próstata e pulmão.
Fatores da Dieta
Os fatores da dieta também estão ligados a cânceres ambientais. As substâncias na dieta podem ser
pró-ativas (protetoras), carcinogênicas ou co-carcinogênicas. O risco de câncer aumenta com a
ingestão por longo prazo de carcinógenos ou co-carcinógenos ou com a ausência de crônica de
substâncias protetoras na dieta.
As substâncias na dieta que parem aumentar o risco de câncer incluem as gorduras, álcool, carnes
salgadas ou defumadas, alimentos contendo nitrato ou nitrito. Uma alta ingesta calórica na dieta
também está associado ao risco de câncer aumentado. O consumo de alimentos rico em fibra (como
frutas, vegetais e cereais integrais) e vetais crucíferos (como repolho, brócolis, couve-flor, couve-de-
bruxelas e couve-rabano) parecem diminuir o risco de câncer. A obesidade está associada ao câncer de
endométrio e ao câncer de mama pós-menopausa.
Agentes Hormonais
O crescimento tumoral pode ser promovido por distúrbios no equilíbrio hormonal, quer pela produção
de hormônio do próprio organismo (endógeno), quer pela administração de hormônios exógenos.
Acredita-se que os canceres de mama, próstata e útero dependem dos níveis hormonais endógenos
para o crescimento.
As alterações hormonais com a reprodução também estão associadas à incidência de câncer. As
quantidades aumentadas de gestações estão associadas a uma incidência diminuída de cânceres de
mama, endométrio e ovário.
Nos seres humanos, as células malignas são capazes de se desenvolver em uma base regular. No
entanto, evidencias indicam que o sistema imune possa detectar o desenvolvimento das células
malignas e destruí-las antes que o crescimento celular se torne incontrolável. Quando o sistema imune
falha em identificar e deter o crescimento das células malignas, desenvolve-se o câncer clínico. Por
fim, as alterações relacionadas com a idade, como a função orgânica decrescente, incidências
aumentadas de doenças crônicas e imunocompetência diminuída, podem contribuir para uma
incidência de câncer em pessoas idosas.
Tratamento do Câncer
Cirúrgica: remoção de todo o câncer permanece como método de tratamento ideal e mais
frequentemente utilizado. No entanto, a conduta cirúrgica especifica pode variar por vários motivos. A
cirurgia diagnóstica é o método definitivo de identificação das características celulares que
influenciam todas a decisões de tratamento. A cirurgia pode ser o método primário de tratamento ou
pode ser profilática, paliativa ou reconstrutora.
Referências bibliográficas:
1. Brunner & Suddarth; Décima Primeira Edição – volume 1, cap.16, 320-334
2. Quim. Nova, Vol. 28, No. 1, 118-129, 2005