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Nome do Aluno: Fabio Delfino Santana

Curso de Radiologia 1º módulo


Professor: Flaubert

Cancer

O câncer não é uma doença isolada, com etiologia única; pelo contrário, é um grupo de patologias
distintas com diferentes causas, manifestações, tratamentos e prognósticos. Atualmente, a
definição científica de câncer refere-se ao termo neoplasia, especificamente aos tumores
malignos, como sendo uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado de células
transformadas. Existem quase 200 tipos que correspondem aos vários sistemas de células do
corpo, os quais se diferenciam pela capacidade de invadir tecidos e órgãos, vizinhos ou distantes.
Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser hereditários.
A maioria dos casos (cerca de 80%) está relacionada ao meio ambiente, onde encontramos um
grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente, o meio em geral (água, terra e ar), o
ambiente ocupacional (quando insalubre), o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida) e
o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos). As mudanças provocadas no meio ambiente
pelo próprio homem, os hábitos e estilos de vida adotados pelas pessoas podem determinar os
diferentes tipos de câncer. Embora o câncer afete pessoas de todas as idades, muitos tipos dessa
doença ocorrem nas pessoas com mais de 65 anos. No geral a incidência de câncer é mais elevada
nos homens do que nas mulheres.

Fisiopatologia do Processo Maligno

O câncer é um processo patológico que começa quando uma célula anormal é transformada pela
mutação genética do DNA celular. Essa célula anormal forma um clone e começa a se proliferar
de maneira anormal, ignorando os sinais de regulação no ambiente adjacente à célula. As células
adquirem as características invasivas, e as alterações acontecem nos tecidos adjacentes. Essas
células infiltram esses tecidos e ganham acesso aos vasos linfáticos e sanguíneos, os quais as
transportam para outras áreas do corpo. Esse fenômeno é chamado de metástase.

Padrões Proliferativos
Durante o espectro de vida, vários tecidos orgânicos normalmente sofrem períodos de
crescimento rápido ou proliferativo que devem ser diferentes da atividade de crescimento
maligno. Existem vários padrões de crescimento celular: hiperplasia, metaplasia, displasia,
anaplasia e neoplasia. As células cancerosas são descritas como neoplasias malignas.

PROCESSO DE CARCINOGÊNESE - ESTÁGIOS E CLASSIFICAÇÕES

O processo de carcinogênese, ou seja, de formação de câncer, em geral dá-se lentamente, podendo


levar vários anos para que uma célula cancerosa origine um tumor detectável. Esse processo passa
por vários estágios antes de chegar ao tumor:
Estágio de iniciação: É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito de
um agente carcinogênico que provoca modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as
células encontram-se geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor
clinicamente.
Estágio de promoção: As células geneticamente alteradas sofrem o efeito dos agentes
cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula
maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e
continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato muitas vezes
interrompe o processo nesse estágio.
Estágio de progressão: É o terceiro e último estágio e caracteriza-se pela multiplicação
descontrolada, sendo um processo irreversível. O câncer já está instalado, evoluindo até o
surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença. Os fatores que promovem a iniciação
ou progressão da carcinogênese são chamados de carcinógenos. O fumo por exemplo, é um
agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da
carcinogênese. O câncer é classificado de acordo com o tipo de célula normal que o originou, e
não de acordo com os tecidos para os quais se espalhou. Isso é o que pode se chamar de
classificação primária. Pelo que se sabe sobre classificação primária do câncer, quase todos os
tipos podem ser colocados em um dos seguintes grupos, onde o sufixo oma significa literalmente
tumor.

Carcinomas

São os tipos mais comuns de câncer, originando-se de células que revestem o corpo, incluindo a
pele (ectodermais) e uma série de revestimentos internos (endodermais), como os da boca,
garganta, brônquios, esôfago, estômago, intestino, bexiga, útero e ovários, e os revestimentos dos
dutos mamários, próstata e pâncreas.
Sarcomas

Originam-se de tecidos de suporte em vez dos de revestimento, tais como ossos, tecido
gorduroso, músculo e tecido fibroso de reforço, encontrados na maior parte do corpo.

Linfomas

Originam-se de células conhecidas como linfócitos, encontradas em todo o organismo,


particularmente em glândulas linfáticas e sangue. Os linfomas são divididos em Hodgkin e não-
Hodgkin, de acordo com o tipo de célula afetada.

Leucemia

Este câncer origina-se de células da medula óssea que produzem as células sanguíneas brancas.
Na leucemia ocorre uma concentração muito elevada de glóbulos brancos (de cerca de 7,5.103
/mm3 para 105 -106 /mm3 ) causando problemas nos quais as células anormais não funcionam
apropriadamente, além de restringirem o espaço da medula óssea para que novas células sejam
produzidas.

Mielomas

Malignidades nas células plasmáticas da medula óssea que produzem os anticorpos. O mieloma
aparece quando uma determinada célula plasmática sofre mutação e, em vez de produzir
imunoglobulina, ou seja, uma proteína complexa com ação imunológica benéfica para o
organismo, passa a produzir cópias marcadas pela presença de proteína M, ou proteína
monoclonal. O crescimento desordenado das células do mieloma pode afetar a medula óssea e
acarretar transtornos como o aumento do volume do plasma e da viscosidade do sangue, lesões
líticas (nos ossos), insuficiência renal e mau desempenho do sistema imunológico.

Tumores das células germinativas

Desenvolvem-se a partir de células dos testículos e/ou dos ovários, responsáveis pela produção de
esperma e óvulos.
Melanomas

Originam-se das células da pele que produzem pigmento, os melanócitos.

Gliomas

Originam-se a partir de células do tecido de suporte cerebral ou da medula espinhal. Raramente


ocorre metástase, os gliomas pode ocorrer no cérebro e em vários locais do sistema nervoso,
incluindo o tronco cerebral e a coluna vertebral. Diferentes tipos de glioma causam sintomas
diferentes. Alguns incluem dores de cabeça, convulsões, irritabilidade, vômitos, dificuldades visuais e
fraqueza ou dormência nas extremidades.

Neuroblastomas

Tumor geralmente pediátrico (8 milhões de crianças até 15 anos de idade por ano; 80% dos casos
com até 4 anos de idade) derivado de células malignas embrionárias advindas de células neuronais
primordiais, desde gânglios simpáticos até medula adrenal e outros pontos, geralmente encontrado
nas pequenas glândulas que ficam em cima dos rins (glândulas adrenais). Pode se desenvolver na
barriga, no peito, no pescoço, na pelve e nos ossos. Crianças com cinco anos ou menos são mais
comumente afetadas. Os sintomas podem incluir fadiga, perda de apetite e febre. Pode haver um
nódulo ou compressão de tecidos na área afetada.

Etiologia

Vírus e Bactérias
Os vírus são difíceis de avaliar como uma etiologia dos canceres humanos porque são difíceis de
isolar. No entanto, as células infecciosas são consideradas ou suspeitadas quando canceres específicos
aparecem em agrupamentos. Acredita-se que os vírus se incorporam na estrutura genética das células,
alterando, assim, as futuras gerações daquela população celular, levando talvez ao câncer. Por
exemplo, existe uma grande suspeita de que o vírus Epstein-Barr é uma causa no linfoma de Burkitt,
cânceres nasofaríngeos e alguns tipos de linfoma não-Hodgkin e doença de Hodgkin.
Os vírus herpes do tipo II, o citomegalovírus, e os papilomavírus humanos dos tipos 16, 18 31 e 33
estão associados à displasia e ao câncer de colo uterino. Os vírus da hepatite B e C estão implicados no
câncer de fígado; o vírus linfotrópico da célula T humana pode ser a causa de algumas leucemias
linfocíticas e linfomas; e o vírus da imunodeficiência humana (HIV) está associado ao sarcoma de
Kaposi. A bactéria Helicobacter pylori foi associada a uma incidência de malignidade gástrica, talvez
secundária à inflamação e lesão das células gástricas.

Agentes Físicos

Os fatores físicos associados à carcinogênese incluem a exposição á luz solar ou radiação, irritação e
inflamação crônica e ao uso do tabaco. A exposição excessiva aos raios ultravioletas do sol,
principalmente no caso de pessoas de pele clara, olhos azuis ou verdes, aumentando o risco dos
cânceres de pele.
A exposição à radiação ionizante pode acontecer com os repetidos procedimentos diagnósticos
radiológicos ou com a radioterapia empregada para tratar a doença; felizmente, o aparelho de raios x
melhorado minimiza o risco de exposição extensa à radiação. A radioterapia usada no tratamento de
doenças e a exposição aos materiais radioativos usada nos locais de fabricação de armas nucleares ou
em instalações de energia atômica estão associados a uma incidência mais elevada de leucemias,
mieloma múltiplo e cânceres de pulmão, osso, mama, tireóide e de outros tecidos. A radiação basal a
partir dos processos de decaimento natural que produzem radônio também foi associada ao câncer de
pulmão. Casas com altos níveis de radônio aprisionado deverão ser ventiladas para permitir que o gás
se dissipe para a atmosfera.

Agentes Químicos

Acredita-se que 75% de todos os cânceres estejam relacionados com o ambiente. O tabaco, creditado
como sendo o mais letal carcinógeno químico isolado, contribui com pelo menos 30% das mortes por
câncer. O tabaco está fortemente associado aos cânceres de pulmão, cabeço e pescoço, esôfago,
pâncreas, colo do útero e bexiga.
A extensa lista de substâncias químicas suspeitas continua a crescer, incluindo as aminas aromáticas e
corantes de anilina, pesticidas e formaldeído; arsênico, fuligem e derivados de alcatrão; asbesto;
benzeno; noz-de-areca e cal; cádmio; compostos de cromo; níquel e zinco na forma de minério;
serragem; compostos do berílio; e cloreto de polivinila.
Muitas substâncias químicas perigosas produzem efeitos tóxicos ao modificar a estrutura do DNA nos
sítios orgânicos, distantes da exposição química. O fígado, os pulmões e os rins são os sistemas
orgânicos mais frequentemente afetados, provavelmente por causa de seus papéis na detoxificação das
substâncias químicas.

Fatores Genéticos
Quase todo tipo de câncer mostrou evoluir em famílias. Isso pode ser explicado pela genética,
ambientes compartilhados, fatores culturais ou de estilo de vida ou simplesmente pelo acaso. Os
fatores genéticos desempenham certo papel no desenvolvimento da célula cancerosa. Os padrões
cromossomiais e anormais e o câncer foram associados a cromossomas extras, muito pouco
cromossomas ou a cromossomas translocados.
Os cânceres associados à herança familiar incluem os retinoblastomas, nefroblastomas,
feocromocitomas, neurofibromatose maligna e cânceres de mama, ovário, colorretal, estômago,
próstata e pulmão.

Fatores da Dieta

Os fatores da dieta também estão ligados a cânceres ambientais. As substâncias na dieta podem ser
pró-ativas (protetoras), carcinogênicas ou co-carcinogênicas. O risco de câncer aumenta com a
ingestão por longo prazo de carcinógenos ou co-carcinógenos ou com a ausência de crônica de
substâncias protetoras na dieta.
As substâncias na dieta que parem aumentar o risco de câncer incluem as gorduras, álcool, carnes
salgadas ou defumadas, alimentos contendo nitrato ou nitrito. Uma alta ingesta calórica na dieta
também está associado ao risco de câncer aumentado. O consumo de alimentos rico em fibra (como
frutas, vegetais e cereais integrais) e vetais crucíferos (como repolho, brócolis, couve-flor, couve-de-
bruxelas e couve-rabano) parecem diminuir o risco de câncer. A obesidade está associada ao câncer de
endométrio e ao câncer de mama pós-menopausa.

Agentes Hormonais

O crescimento tumoral pode ser promovido por distúrbios no equilíbrio hormonal, quer pela produção
de hormônio do próprio organismo (endógeno), quer pela administração de hormônios exógenos.
Acredita-se que os canceres de mama, próstata e útero dependem dos níveis hormonais endógenos
para o crescimento.
As alterações hormonais com a reprodução também estão associadas à incidência de câncer. As
quantidades aumentadas de gestações estão associadas a uma incidência diminuída de cânceres de
mama, endométrio e ovário.

Papel do sistema Imune

Nos seres humanos, as células malignas são capazes de se desenvolver em uma base regular. No
entanto, evidencias indicam que o sistema imune possa detectar o desenvolvimento das células
malignas e destruí-las antes que o crescimento celular se torne incontrolável. Quando o sistema imune
falha em identificar e deter o crescimento das células malignas, desenvolve-se o câncer clínico. Por
fim, as alterações relacionadas com a idade, como a função orgânica decrescente, incidências
aumentadas de doenças crônicas e imunocompetência diminuída, podem contribuir para uma
incidência de câncer em pessoas idosas.

Tratamento do Câncer

Cirúrgica: remoção de todo o câncer permanece como método de tratamento ideal e mais
frequentemente utilizado. No entanto, a conduta cirúrgica especifica pode variar por vários motivos. A
cirurgia diagnóstica é o método definitivo de identificação das características celulares que
influenciam todas a decisões de tratamento. A cirurgia pode ser o método primário de tratamento ou
pode ser profilática, paliativa ou reconstrutora.

Radioterapia: na radioterapia, a radiação ionizante é empregada para interromper o crescimento


celular. Mais da metade dos pacientes com câncer recebem uma forma de radioterapia em algum
momento durante o tratamento. A radiação pode ser usada para curar o câncer, como na doença de
Hodgkin, seminomas testiculares, carcinomas tireóideos, canceres localizados da cabeça e pescoço,
assim como do colo uterino. A radioterapia também pode ser usada para controlar a doença maligna,
quando um tumor não pode ser removido cirurgicamente ou quando pode ser empregada de maneira
profilática para evitar a infiltração leucêmica para o cérebro e medula espinhal.
A radioterapia paliativa é usada para alivias os sintomas da doença metastática, principalmente quando
a doença já se espalhou para o cérebro, ossos ou tecidos moles, ou para tratar as emergências
oncológicas, como a síndrome da veia cava superior ou compressão da medula espinhal.

Quimioterapia: o objetivo primário da quimioterapia é destruir as células neoplásicas, preservando


as normais. Entretanto, a maioria dos agentes quimioterápicos atua de forma não-específica,
lesando tanto células malignas quanto normais particularmente as células de rápido crescimento,
como as gastrointestinais, capilares e as do sistema imunológico. Isto explica a maior parte dos
efeitos colaterais da quimioterapia: náuseas, perda de cabelo e susceptibilidade maior às
infecções. Porém, o corpo recupera-se destes inconvenientes após o tratamento, e o uso clínico
desses fármacos exige que os benefícios sejam confrontados com a toxicidade, na procura de um
índice terapêutico favorável. Um fator importante para o êxito da quimioterapia é a precocidade
no diagnóstico do tumor. Assim, é desejável na quimioterapia usar doses mais altas, capazes de
atingir o maior nível de morte celular possível; considerando-se um tumor de 1 g (cerca de 109
células) cada ciclo de terapia mata cerca de 99% das células; é imprescindível repetir-se o
tratamento em múltiplos ciclos para matar todas as células tumorais. Porém, em tumores maiores,
por exemplo de 100 g (1011 células), mesmo com a eficiência do agente antineoplásico de 99,9%,
ainda ter-se-iam células cancerosas demais para a continuidade eficiente do tratamento, o que
corrobora a necessidade preemente do diagnóstico neoplásico precoce. Nos casos mais favoráveis,
com a quimioterapia atual, pode-se obter maior expectativa de vida, tendo-se em diversos casos
até cerca de 66% de pacientes livres do câncer por mais de 10 anos. Muitos estudos estão sendo
feitos para a maior eficiência da quimioterapia e a combinação de diversos agentes
antineoplásicos, tendo-se conseguido resultados surpreendentes com índices de cura de 75 a 90%
em diversos tipos de câncer.

Referências bibliográficas:
1. Brunner & Suddarth; Décima Primeira Edição – volume 1, cap.16, 320-334
2. Quim. Nova, Vol. 28, No. 1, 118-129, 2005

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