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Nutrição

Nutrição em Oncologia
em Oncologia
PROF. MSc. ÁBNER SOUZA PAZ
PROF. ÁBNER SOUZA PAZ
Esp. Nutrição Oncológica
Mestre em Cirurgia/Composição Corporal
Plano de Aula
 Fisiopatologia do câncer
 Epidemiologia
 Carcinogênese
 Estadiamento e fatores de risco
 Tipos de câncer
 Tratamentos
 Dietoterapia
 Tratamento nutricional de sintomas da quimioterapia
 Avaliação e Assistência Nutricional
 ASG-PPP
O que é câncer? Como desenvolvemos?
Quais fatores estão envolvidos na
progressão?
Por que há metástases? Por que o
indivíduo pode morrer de câncer?
Quais os tratamentos?
Como a Nutrição pode beneficiar o
paciente? Como avaliá-lo?
O que é cancer?
 Câncer ou tumor maligno:
 + de 100 doenças, ponto em comum: crescimento
desordenado de células;
 perda do controle da divisão celular;
 Tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos
(metástases).

 A OMS estimou, para 2030, 27 milhões de novos casos de


câncer e 75 milhões de pessoas vivendo com a doença.
Estress Oxidativo
Tumor benigno

Neoplasias benignas ou tumores benignos :

Crescimento organizado, geralmente lento, bem delimitado, células


semelhantes ao tecido original.
 Apesar de não invadirem tecidos vizinhos, podem comprimir órgãos e
tecidos adjacentes.
 Ex: lipoma (tecido gorduroso), mioma (tecido muscular liso) e adenoma
(glândulas)
Células normais:
  crescem, multiplicam-se e morrem de maneira ordenada (a
proliferação celular não implica necessariamente presença de
malignidade
Tipo de tumor

Não invasivo ou in situ: Invasivo


-1º estágio em que o câncer pode -invadem outras camadas celulares do
ser classificado.
órgão
-Células cancerosas estão somente
na camada de tecido na qual se -ganham a corrente sanguínea ou
desenvolveram e ainda não se linfática e têm a capacidade de se
espalharam para outras camadas do disseminar para outras partes do corpo
órgão de origem.  metástases.
-Maioria curável se for tratada antes
de progredir para a fase invasiva.
Tipos mais incidentes no Brasil
 Câncer de próstata
 Câncer de mama
 Câncer de pulmão
 Câncer de cólon e reto (intestino)
 Câncer de estômago
 Câncer do colo do útero
 Câncer da cavidade oral (boca)
 Câncer de esôfago
 Leucemias
 Câncer de pele não melanoma
 Câncer de pele do tipo melanoma
Por que vem aumentando os
números de casos no Brasil?
 Maior exposição a agentes cancerígenos  industrialização,
alimentação, agrotóxicos, fatores ambientais (agentes químicos, físicos e
biológicos)
Prolongamento da expectativa de vida (envelhecimento pop.);
Aprimoramento dos métodos para diagnosticar o câncer.
Melhoria da qualidade e do registro da informação.
Tipos por faixa etária
Adultos  envolve predominantemente tecido epitelial (por ser
de alta proliferação e assim mais suscetível à mutações)

Crianças e adolescentes  maior suscetibilidade a mutações em


tecidos em crescimento, como ósseo, muscular, sistema nervoso,
medula, sistema linfocitário.
Tipos de cancer x condições
socioeconômicas

↑ incidência de cânceres associados ao melhor nível


socioeconômico –
mama, próstata e cólon e reto

↑ incidência de tumores associados a condições sociais


menos favorecidas
– colo do útero, estômago, cabeça e pescoço.
Carcinogênese
Resultado de diversas alterações nos genes que atuam
direta ou indiretamente no controle do ciclo celular:

Oncogenes e supressores de tumor  Controlam


diretamente a proliferação celular;

Genes de Reparo  Controlam as taxas de mutações


(ex: p53 – apoptose celular);
Carcinogênese
 Ocorre lentamente (pode levar anos para se tornar um tumor
visível.
 Exposição a agentes cancerígenos (frequência x tempo,
interação), genética  exemplos de fatores ambientais
Esse processo é composto por três estágios:
 Iniciação
 Promoção
 Progressão
Exemplo: benzopireno, um Para que ocorra essa Nesse estágio o câncer já está
dos componentes da fumaça transformação, é instalado, evoluindo até o
do cigarro e alguns vírus necessário um longo e surgimento das primeiras
oncogênicos, entre outros. continuado contato com o manifestações clínicas da
agente cancerígeno doença.
Evolução do tumor
 A evolução do tumor maligno depende:
 Da velocidade do crescimento tumoral.
 Do órgão onde o tumor está localizado.
 De fatores constitucionais de cada pessoa.
 De fatores ambientais etc.

 Os tumores podem ser detectados em diferentes fases:


 Fase pré-neoplásica (antes da doença se desenvolver).
 Fase pré-clínica ou microscópica (quando ainda não há
sintomas).
 Fase clínica (apresentação de sintomas).
Atividade 1:
 Qual a diferença entre tumor maligno e benigno?
 Por que mesmo o tumor benigno deve ser tratado na maioria
dos casos?
 Como ocorre, resumidamente o processo de carcinogênese
 Identifiquem, individualmente, a quais fatores ambientais você
está exposto diariamente.
Extensão do tumor

Método para classificação: estadiamento

 Permite ao oncologista propor o tratamento mais


adequado para cada paciente

 Significa avaliar o seu grau de disseminação.


Sistema TNM de estadiamento
 Preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC)

 Baseia-se na extensão anatômica da doença:


 Características do tumor primário (T)
 Características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática
do órgão em que o tumor se localiza (N)
 Presença ou ausência de metástases a distância (M)

 Graduações: T0 a T4; N0 a N3; e de M0 a M1 - O símbolo "X" é


utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada.
Nomenclatura dos tumores
Benignos

A regra é acrescentar o sufixo oma (tumor) ao termo que designa o


tecido que os originou.

Ex:
Tumor benigno do tecido cartilaginoso: condroma
Tumor benigno do tecido gorduroso: lipoma
Tumor benigno do tecido glandular: adenoma
Nomenclatura dos tumores
Malignos
Considera-se a origem embrionária dos tecidos de que deriva o tumor:

Epitélio de revestimento: carcinomas


Epitélio glandular: adenocarcinomas.
 Tecidos conjuntivos (mesenquimais) têm o acréscimo de sarcoma ao final do
termo que corresponde ao tecido. Ex: tumor do tecido ósseo – osteossarcoma.
Geralmente, além do tipo histológico, acrescenta-se a topografia.
Adenocarcinoma de pulmão.
Adenocarcinoma de pâncreas.
Osteossarcoma de fêmur.
Exceções:
Utilizando o nome dos cientistas que os descreveram
pela primeira vez.
Ex: linfoma de Burkitt (células B maduras),
sarcoma de Kaposi (endotélio linfático) e tumor
de Wilms (renal), doença de Hodgkin (sistema
linfático).
Tipos de Tratamentos

 Quimioterapia
 Radioterapia
 Hormonioterapia
 Cirurgia
 Imunoterapia
Dietoterapia:
História
 1942: estudos com animais
 1968: imigrantes japoneses no Hawaii, mudança no estilo de vida…
 1981: notou-se que países cuja população consumia mais gordura
saturada apresentava mais casos de câncer de mama
 Embora fatores genéticos sejam bastante importantes, sabe-se que fatores
ambientais, como alimentação, cigarro, atividade física e exposição a alguns
tipos de virus podem propiciar o desenvolvimento do cancer.
 Década de 90: estudos de caso-controle apontaram redução de 8 a 30% de
risco para cada 100g de frutas, legumes e verduras consumdos.
 Desafios metodológicos nos estudos sobre nutrição e cancer…

Lopes et al, 2017


O câncer e a
Desnutrição

Aproximadamente 20% das mortes de


pacientes com câncer são secundárias à
desnutrição.
O câncer e a Desnutrição
 A desnutrição calórica e protéica em indivíduos com câncer
é muito freqüente.

 Seus principais fatores determinantes são:

 redução na ingestão total de alimentos;


 alterações metabólicas provocadas pelo TU;
 O aumento da demanda calórica pelo crescimento tumoral.
Causas relacionadas
Reduzida ingestão de nutrientes e aumento das
perdas nutricionais

 Álcool e Tabaco
 Dentição (idosos/etilistas)
 Parcial ou completa obstrução do TGI
 Trismo
 Modificação da função e da anatomia pós-cirurgico
 Mucosite, disgeusia e xerostomia pós RXT
 Náusea, vômito, diarréia decorrente da QT
Causas relacionadas
Aumento na demanda de
nutrientes
Estresse metabólico agudo provocado pelo
tratamento.
Duração e intensidade do estresse é dependente da
duração do tratamento, bem como das suas complicações.
Causas relacionadas
Anormalidades metabólicas produzidas pelo tumor
 Alterações no metabolismo do carboidratos, proteínas e lip.
 Alteração nos níveis dos neurotransmissores/hormônios levando
a anorexia (NPY, grelina, leptina – bloqueio ao estímulo de ingestão)
Aumento da taxa metabólica basal
Alterações mediadas pelas citocinas
Fator de Necrose Tumoral, IL-1, IL-6
Desnutrição Grave
Estado de caquexia
Complicação freqüente no paciente portador de
uma neoplasia maligna avançada;
Síndrome complexa e multifatorial
Intenso consumo dos tecidos muscular e adiposo;
 PP involuntária, anemia, astenia, balanço
nitrogenado negativo (alterações fisiológicas,
metabólicas e imunológicas)
Desnutrição Grave
Disosmia é a percepção distorcida do
olfato, tornando os odores inócuos
desagradáveis.
Disgeusia é a distorção ou diminuição do
senso do paladar.
A xerostomia é uma alteração
quantitativa e/ou qualitativa
da saliva que causa a
sensação de boca seca.
Disfagia
Odinofagia é a condição caracterizada
por deglutição dolorosa, vulgarmente
referida como dor de garganta.
Esofagite
Trismo representa uma
contratura dolorosa da
musculatura da
mandíbula
Desnutrição Grave
Impacto da Desnutrição
 Estado nutricional pré operatório  Morbidade e qualidade de vida pós-
operatória
 complicações pós-operatório, aumento do tempo de internação,
comprometendo a QV e tornando o tratamento mais oneroso.

 A história de perda de peso nos últimos seis meses é um bom indicador do risco de
complicações pós-operatórias em indivíduos com câncer de cabeça e pescoço.
 Infecções, febre, fistulas, alto tempo de internação, — QLV.
 Baixa imunidade
Abordagem Nutricional

 Na Avaliação do EN, deve estar contido:


 Avaliação subjetiva Global - PPP
 Historia e exame físico
 Medidas antropométricas
 Análise Laboratorial
 Percentual de perda de peso

Ministério da Saúde,Consenso Nacional em Nutrição


Oncológica, 2015
Abordagem Nutricional

A avaliação global subjetiva produzida pelo paciente


(AGS-PPP) é o método padrão de avaliação
nutricional do paciente com câncer.
 Estudo longitudinal com 197 pct em quimioterapia
- Pelotas.
 Pela ASG, 29,4% classificados em B/C, enquanto pela ASG-PPP 87,1%.
 Maior sensibilidade para identificar pacientes que faleceram durante o
tratamento.
 Dos pacientes reavaliados no final do estudo, houve alteração no
escore de 76 pctes pela ASG-PPP enquanto pela ASG de 22 pctes.

Método mais sensível para pacientes


oncológicos
Consenso Nacional de Nutrição
Oncológia
Necessidades Nutricionais

Ministério da Saúde,Consenso Nacional em Nutrição Oncológica, 2015


Terapia Nutricional
Objetivos: Prevenção e tratamento da desnutrição;
 Aumento do potencial de resposta
orgânica favorável ao tratamento oncológico;

 Controle dos efeitos adversos a terapia anti-neoplásica.

 Recuperação do Estado Nutricional.


 Manutenção do EN.

 Conforto psicológico em CP.


Terapia Nutricional
•Indicação:

Quando a ingestão alimentar for <60% do gasto energético


estimado por um período maior que 10 dias ou NPT P/aqueles
quenãopoderão alimentar-se por um período maior do
que sete dias.
Estabilidade Hemodinâmica.
Doença Avançada

Ministério da Saúde,2009.Consenso Nacional em Nutrição


Oncológica 2015
Atividade
 Calcule uma dieta e orientações nutricionais para uma paciente
de 45 Kg, 45 anos, com câncer de mama que está no terceiro
ciclo de quimioterapia e Radioterapia. Refere ter perdido 11Kg
em 6 meses.
 Faça um quadro com os principais sintomas referidos por
pacientes em tratamento antineoplásico e as principais
adaptações nutricionais que devem ser aplicadas.
 Faça adequações dietéticas ao caso.
Alimentação de risco
 Se consumidos regularmente pode favorecer o câncer: carnes vermelhas,
frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos,
salsichas, lingüiças, mortadelas...
 Alimentos com agentes cancerígenos: nitritos e nitratos usados para
conservar (picles, salsichas e outros embutidos e enlatados)  nitrosaminas
no estômago  câncer de estômago
 Defumados e churrascos impregnados de alcatrão (fumaça do carvão) 
ação carcinogênica conhecida (como cigarro).
 Alimentos preservados em sal:carne-de-sol, charque e peixes salgados 
câncer de estômago

www.inca.gov.br
Preparo dos alimentos

 Adicionar menos sal na hora de fazer a comida, aumentando o uso de


temperos como azeite, alho, cebola e salsa.
 Ao fritar, grelhar ou preparar carnes na brasa a temperaturas muito
elevadas, podem ser criados compostos que aumentam o risco de
câncer de estômago e coloretal. Por isso, métodos de cozimento que
usam baixas temperaturas são escolhas mais saudáveis, como vapor,
fervura, pochê, ensopado, cozido ou assado.

www.inca.gov.br
Fibras x gorduras
 Alimentação pobre em fibras, com altos teores de gorduras e calorias
 câncer de cólon e de reto
 As fibras ajudam a regularizar o funcionamento do intestino, reduzindo
o tempo de contato de substâncias cancerígenas com a parede do
intestino grosso.
 Em relação a cânceres de mama e próstata, a ingestão de gordura pode
alterar os níveis de hormônio no sangue, aumentando o risco da
doença.
 Grãos e cereais, se armazenados em locais inadequados e úmidos, esses
alimentos podem ser contaminados pelo fungo Aspergillus flavus, o
qual produz a aflatoxina  câncer de fígado.
Publicações nacionais recentes
(nutrição e câncer)
World Cancer Research Fund/American
Institute of Cancer reserch (WCRF/AICR)

International Agency for Research on Cancer, por


meio do European Prospective Investigation into
Cancer and Nutrition (EPIC) – acompanhamento
de
500.000 pessoas de 1993 a 2020 em 10 países
da
Europa.
Publicações internacionais recentes
(nutrição x cancer)

Setembro/2017
10 recomendações para prevenção do câncer:
Exercícios
Por que as fibras podem prevenir o câncer?
 Quais as recomendações do WCRFI em relação ao estilo de vida para
prevenção de cancer?
 Por que o consumo de certos grãos, como o amendoim, pode estar
associado ao câncer de estômago?
O churrasco apresenta mais de um fator de risco pro desenvolvimento
de cancer. Cite-os.
Bibliografia
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS.
Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011.
118p. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/estimativa/2012
ABC do Câncer – INCA
Livro: Garófolo, A. Nutrição clínica, funcional e preventiva aplicada à
oncologia. 2012. Ed Rubio.
Livro: Dal Bosco, S.M. , Genro, J.P. Nutrigenética e |Implicações na Saúde
Humana. Ed Atheneu, 2014.

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