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Resumo

Antivirais
Resumo de Antivirais 2

1. Introdução
Os vírus são um dos principais agentes infecciosos relacionados a doenças com
significativa morbi-mortalidade mundial. Eles podem ser formados por DNA ou RNA e
são envoltos por uma estrutura denominada capsídeo. São parasitas celulares
obrigatórios, ou seja, necessitam da célula para se replicar, podendo até integrar
fragmentos do seu material genético à célula do hospedeiro.

Fonte :https://www.infoenem.com.br/virus-estrutura-caracteristicas-e-principais-doencas/

O tratamento das infecções virais é realizado por fármacos que inibem eventos
relacionados à adesão e replicação viral. As seguintes viroses são evitadas por meio de
vacinas: rubéola, sarampo, caxumba, poliomielite, hepatite A, hepatite B, HPV, varicela,
febre amarela e gripe.

O antiviral ideal deve interromper a replicação viral, sem interferir no


metabolismo celular. A facilidade com que ocorrem mutações é responsável pela
dificuldade em estabelecer estratégias de tratamento.

Essas medicações podem ser classificadas de acordo com o mecanismo de ação:

1. Drogas que inibem a ligação, a penetração e a replicação inicial do


vírus: amantadina, rimantadina, interferons, zanamivir, oseltamivir
2. Drogas que interferem com a replicação do ácido nucleico inicial:
aciclovir, valaciclovir,
3. Drogas que afetam a tradução dos ribossomos
4. Inibidores da transcriptase reversa do HIV
a. Inibidores nucleosídicos da transcriptase reversa
b. Inibidores não-nucleosídicos da trasncriptase reversa
5. Inibidores da protease do HIV

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2. Drogas que inibem a ligação, a penetração dos


vírus e a replicação viral inicial

✓ Amantadina
Mecanismo de ação: atua inibindo a penetração de partículas virais de RNA nas
células hospedeiras. Bloqueia as etapas iniciais da replicação viral, bloqueando o
desnudamento do genoma viral e a transferência do ácido nucleico para dentro da célula
hospedeira

Uso: contra os vírus influenza.

É bem absorvida por via oral, sendo sua dose usual de 100 mg. Alcança a sua
concentração tissular máxima em 48h e tem meia vida de 15-20 horas. Penetra bem a
barreira hemato-encefálica (BHC) e se distribui bem nas secreções. É eliminada por via
renal.

Efeitos colaterais: tem baixa toxicidade, pode causar efeitos no SNC como
insônia, nervosismo, sonolência. Pode causar alterações gastro-intestinais como
náuseas e vômitos.

✓ Rimantidina
É semelhante à amantinida quanto à estrutura, mas tem menos efeitos no SNC.
É mais eficaz contra o vírus da influenza A, incluindo o H1N1, mas não é eficaz contra o
influenza B . Interfere no desnudamento do vírus, inibindo a liberação de proteínas
específicas. É metabolizada no fígado. A meia vida é de 24-36 horas.

✓ Interferon
Mecanismos de ação: O interferon é um mecanismo natural produzido antes dos
anticorpos para combater os vírus. São glicoproteínas classificadas em três tipos: alfa,
beta e gama. O tipo alfa é secretado pelos leucócitos e o tipo beta pelos fibroblastos. O
interferon gama é chamado “interferon imune”. O interferon alfa inibe a transcrição de

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RNAm em ácido nucleico e proteínas virais. Os interferons também agem pelo bloqueio
da síntese de uma enzima de clivagem necessária para a liberação viral.

Uso: tratamento das hepatites crônicas B e C, herpes genital, herpes zoster,


varicela zoster e influenza. Outras aplicações são no câncer mamário, câncer pulmonar
e mieloma múltiplo.

Atingem níveis máximos séricos em 5-8h e praticamente não atravessam a BHC.


É utilizado por via intramuscular e subcutânea.

Efeitos colaterais: febre, calafrios, cefaleia, mialgia, náuseas, vômitos, supressão


medular e confusão mental.

✓ Entecavir
Mecanismo de ação: compete com nucleosídeos do DNA viral, inibindo a DNA
polimerase e a replicação viral

Uso: tratamento do vírus hepatite B em adultos. Nos pacientes com doença


hepática compensada para justificar o uso da medicação deve-se comprovar que o
paciente está com doença hepática em franca descompensação: (1) evidência de
replicação viral ativa; (2) alteração das transaminases e (3) evidência histológica de
inflamação ativa ou fibrose.

Via de administração: via oral, em jejum. A alimentação interfere na sua


absorção.

Efeitos adversos: poucos efeitos colaterais, incluem fadiga e cefaleia


Contraindicado na gestação e lactação.

✓ Tenofovir
Mecanismo de ação: inibição tanto da DNA polimerase como da transcriptase
reversa, inibindo a replicação viral e a patogenicidade da doença

Uso: tratamento de hepatite B crônica e HIV-1 (em associação com a lamivudina


e dolutegravir)

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Via de administração: via oral, sem interferência da alimentação.

Efeitos colaterais: desmineralização óssea e piora da função renal

Contraindicações: gestação, osteoporose e coinfecções HIV e HCV

3. Inibidores da neuroaminidase
Os vírus da influenza são circundados por um envoltório proteico e lipídico. Na
membrana lipídica encontram-se duas glicoproteínas: hemaglutinina, que é importante
na ligação do vírus com a célula, e a neuroaminidase, que é envolvida na ativação viral
e infectividade.

Figura 2: Ciclo de replicação do vírus da influenza. A ligação viral através da


hemaglutinina (HA) aos receptores contendo ácido neuraminico e a penetração na
célula hospedeira. A transcrição do RNA viral e tradução de proteínas virais, com a
posterior replicação viral e saída da célula.

Fonte: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(99)11433-8/fulltext

✓ Zanamivir
Uso: tratamento de infecções por influenza A e B. É usado para a profilaxia e
tratamento da gripe.

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Administração: via nasal, intraperitoneal e endovenosa

Eliminação: É eliminada principalmente pela urina.

✓ Osseltamivir
Administração: via oral ou pó inalatório

Uso: vírus influenza A e B. É usado para a profilaxia e tratamento da gripe.

Efeitos colaterais: desconforto abdominal e náuseas

Fique ligado:

O uso do osseltamivir e zanamivir não contraindicam a vacinação para influenza!

3. Inibidores da neuroaminidase
✓ Inibidores da polimerase viral

• Aciclovir e aciclovir sódico

Uso: são as drogas de escolha para o tratamento inicial e profilaxia de infecções


causadas pelo vírus Varicela Zoster (VZV) e Herpes Simples (HSV), tanto o tipo 1 quanto
o 2 (VHS 1 e VHS 2). Os vírus da herpes causam manifestações em região de orofaringe
e genital, respectivamente. Porém, principalmente o VHS1 é associado a uma condição
mais grave denominada encefalopatia herpética, que também é tratada com o uso do
aciclovir. Além disso, o aciclovir é a terapia de escolha em infecções causadas pelo vírus
varicela-zoster, devendo ser iniciado até 72 horas do aparecimento do exantema
característico do hepes-zóster. Possui pouca ação contra o Cintomegalovírus (CMV), um
herpes vírus que está relacionado a má formações fetais, podendo causar retinite e até
cegueira.

Via de administração: O aciclovir é dado por via oral ou tópica e o aciclovir sódico
por via parenteral.

Farmacocinética: tem meia vida 2-3 horas, quando administrado por via oral é
metabolizado no fígado. Excretada principalmente por via renal.

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Efeitos adversos mínimos

• Ganciclovir sódico

Mecanismo de ação semelhante ao aciclovir

Uso: utilizado para o tratamento e profilaxia de infecções causadas pelo


citomegalovírus em pacientes imunocomprometidos e em pacientes receptores de
transplantes. Não é indicado para pacientes imunocompetentes devido a sua toxicidade.

Farmacocinética: Meia vida mais longa que o aciclovir, em torno de 12 horas

Efeitos adversos: depressão da medula óssea e tem potencial carcinogênico

• Ribavirina

Mecanismo de ação: Interfere na transcrição viral. Atua principalmente contra


vírus RNA.

→ Vírus da febre de Lassa, hantavírus, hepatite C, vírus sincicial, influenza e


sarampo.

→ Na hepatite C é associada ao interferon alfa.

→ É eficaz por via oral e parenteral.

3. Inibidores da neuroaminidase
É de grande importância no contexto dos pacientes portadores do vírus de HIV.
Essas medicações reduzem a carga viral, aumentam a contagem de CD4+ e a
expectativa de vida desses pacientes. A maioria dos fármacos atuam inibindo enzimas
envolvidas na replicação viral (transcriptase reversa) ou na maturação viral (protease do
HIV). Embora a medicação não erradique o vírus, existe uma variedade de
antirretrovirais que permite alternativas em caso de resistência ou reações adversas.

A terapêutica para o HIV é normalmente feita de forma combinada para


melhorar a eficácia, reduzir a toxicidade e retardar a resistência. A terapia de primeira
linha consiste em esquemas combinando dois inibidores da transcriptase reversa

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análogos de nucleosídeos (ITRN) e um terceiro agente selecionado entre inibidores da


transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos (ITRNN) ou inibidores de protease
(IP).

Figura 3: Ciclo reprodutivos dos retrovírus, como o HIV.

✓ Inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeo


Inibem a replicação viral ao se ligar a cadeia de DNA em crescimento,
promovendo um DNA viral incompleto que é incapaz de promover a transcrição e
tradução para formar outras enzimas e proteínas que compõem o vírus, como a
transcriptase reversa. Impedem a infecção aguda de células susceptíveis.

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Zidovudina (AZT): É rapidamente absorvida e tem biodisponibilidade de 60-70%. É metabolizada por via
hepática. É indicada para adultos infectados por HIV e pode ser usada ainda na profilaxia da transmissão
vertical, como monoterapia ou associada à lamivudina.
Didanosina: é uma segunda opção ao AZT. Pode ser administrada por via oral ou parenteral e tem meia vida de
1,36 horas. Pode ser utilizado em crianças.

Abacavir (ABC): Pode ocasionar reações de hipersensibilidade


Fumarato de tenofovir desoproxila (TDF): é um pró-fármaco que por ação enzimática é convertido em
difosfato de tenofovir, que tem um efeito antirretroviral e também inibe a replicação dos vírus da hepatite B.
É usado como primeira linha no esquema em pacientes com HIV coinfectados com o vírus HBV. Além disso,
também é uma opção para cepas do vírus B resistentes a lamivudina..
Estavudina (D4T): pouco utilizado

Lamivudina (3TC): Além de compor o esquema de TARV, também é usado na profilaxia da transmissão vertical

✓ Inibidores da transcriptase reversa não análogos de nucleosídeo


Esses fármacos se ligam diretamente à transcriptase reversa, inibindo a DNA
polimerase. Apresentam como grande desvantagem a emergência de resistência viral
por mutação única. Podem causar intolerância gastro-intestinal e manifestações
cutâneas.

Efavirenz (EFZ): É uma opção principalmente para pacientes com tuberculose e gestantes. Deixou de ser
utilizado mais comumente na prática por conta da resistência.

Neviparina (NVP): é o substituto do efaviren para o tratamento inicial do HIV

✓ Inibidores de protease
Se mostram eficazes em pacientes com infecção avançada por HIV, que seria ou
a infecção no estágio sintomático ou a infecção assintomática associada à
imunossupressão grave. Ligam-se de modo reversível à protease, reduzindo a
infectividade viral. Essas medicações estão associadas a hiperglicemia e lipodistrofia e
devem ser usadas com cautela em diabéticos.

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Linotavir + ritonavir (LPV∕r): são a primeira escolha quando inibidores da protease fazem parte do esquema
inicial de tratamento. Pode ser usado também em crianças. O ritonavir não costuma ser utilizado em
monoterapia, é utilizado para potencializar os outros antiretrovirais.

Saquinavir (SQV): é bem tolerado em grávidas e neonatos. Esta medicação assocada ao ritonavir pode ser uma
opção em pacientes que iniciaram o tratamento para HIV ou aqueles que nunca usaram inibidor de protease.

Atazanavir (ATV): é uma alternativa quando os regimes com inibidores de protease são preferíveis.

✓ Inibidores da integrase
Inibem a integrasse, enzima responsável por integrar o DNA viral ao DNA celular.
É útil para promover a queda da carga viral agudamente.

Raltegravir (RAL)

Dolutegravir (DTG): é o terceiro fármaco recomendado pelo ministério da saúde para o tratamento do HIV.

Elvitegravir (EVG)

✓ Inibidores de entrada
Interagem com o gp-41, impedindo a entrada do vírus na célula. Antagonizam os
receptores celulares CCRS e CXCR4. São fármacos novos que ainda estão sendo
estudados mais profundamente. Os principais representantes são a Enfuvirtida (ENF) e
Maraviroque (MVQ).

Referências bibliográficas

1. Penildon Silva. Farmacologia - 8ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.


2. Ministério da Saúde. Formulário Terapêutico Nacional, 2010.
3. Gubareva, L.; Kaiser, L; Hayden, F. Influenza vírus neuroamnidase inhibitors. The
lancet, volume 355, 2010.

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