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MANUAL DE FORMAÇÃO
Estação do Saber, Lda - NIPC 509771980 Sede Social: Urbanização Valrio, Lote 2, Loja E, r/c Dtº, Vildemoinhos 3510 - 779 Viseu

SISTEMA NACIONAL DE
INTERVENÇÃO PRECOCE
NA INFÂNCIA

UFCD: 9632

Formador: Lurdes Martins Barreiras


: Roger Pragosa
ÍNDICE

Introdução ........................................................................................................................................ 3
1

Capítulo I ............................................................................................................................................4
• Intervenção precoce
o Definição
o Destinatários
o Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança Social
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▪ - Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI


▪ - Organização e competências
▪ - Critérios de elegibilidade e encaminhamento
▪ - Metodologia de intervenção dos organismos competentes
▪ - Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da
intervenção multidisciplinar

Capítulo II......................................................................................................................................... 17
• Problemas de desenvolvimento
o Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade

Capítulo III .......................................................................................................................................20


• Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao desenvolvimento infantil

Capítulo IV ....................................................................................................................................... 25
• Cuidados a prestar à criança

Capítulo V ........................................................................................................................................26
• Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na família

Bibliografia ...................................................................................................................................... 31
BENEFÍCIOS E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração
nº 9632 - Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância, de acordo com o Catálogo Nacional de
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Qualificações.

OBJETIVOS
• Reconhecer o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância.
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• Reconhecer a importância da articulação entre as Equipas Locais de Intervenção e a família.


• Caracterizar o modelo de intervenção e sua articulação com os vários subsistemas.
• Identificar sinais de alarme no desenvolvimento de crianças e jovens.

CONTEÚDOS
• Intervenção precoce
o Definição
o Destinatários
o Modelo de intervenção e articulação – Saúde, Educação e Segurança Social
▪ - Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI
▪ - Organização e competências
▪ - Critérios de elegibilidade e encaminhamento
▪ - Metodologia de intervenção dos organismos competentes
▪ - Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da intervenção
multidisciplinar
• Problemas de desenvolvimento
o Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade
• Papel do profissional – Criação de condições adequadas ao desenvolvimento infantil
• Cuidados a prestar à criança
• Papel da família e da comunidade – Intervenção centrada na família
INTRODUÇÃO

A Intervenção Precoce destina-se a crianças até à idade escolar que estejam em risco de
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atraso de desenvolvimento, manifestem deficiência, ou necessidades educativas
especiais. Consiste na prestação de serviços educativos, terapêuticos e sociais a estas
crianças e às suas famílias com o objetivo de minimizar efeitos nefastos ao seu
desenvolvimento.

A Intervenção Precoce pode ter uma natureza preventiva secundária ou primária:


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procurando contrariar a manifestação de problemas de desenvolvimento ou prevenindo


a sua ocorrência.

Os programas de Intervenção Precoce devem, sempre que possível, decorrer no meio


ambiente onde vive a criança. Habitualmente a intervenção inicia-se a sinalização –
geralmente feita pelo hospital, creche, jardim infantil, ou pela própria família.
Seguidamente é realizada a avaliação/diagnóstico e implementado um programa de
intervenção.

A intervenção precoce pode iniciar-se entre o nascimento e a idade escolar, no entanto


há muitas vantagens em começar o mais cedo possível.

A Intervenção Precoce ocorre quando existem três razões fundamentais:

• Quanto mais cedo se iniciar a intervenção maior é potencial de desenvolvimento de cada


criança;
• Para proporcionar apoio e assistência à família nos momentos mais críticos;
• Para maximizar os benefícios sociais da criança e família
Capítulo I
• INTERVENÇÃO PRECOCE

Intervenção precoce A Intervenção Precoce destina-se a crianças até à idade escolar que 4

estejam em risco de atraso de desenvolvimento, manifestem deficiência, ou necessidades


educativas especiais. Consiste na prestação de serviços educativos, terapêuticos e sociais a
estas crianças e às suas famílias com o objetivo de minimizar efeitos nefastos ao seu
desenvolvimento.
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A Intervenção Precoce pode ter uma natureza preventiva secundária ou primária: procurando
contrariar a manifestação de problemas de desenvolvimento ou prevenindo a sua ocorrência.
Os programas de Intervenção Precoce devem, sempre que possível, decorrer no meio
ambiente onde vive a criança.

Habitualmente a intervenção inicia-se através da sinalização – geralmente feita pelo hospital,


creche, jardim infantil, ou pela própria família. Seguidamente é realizada a
avaliação/diagnóstico e implementado um programa de intervenção.

A intervenção precoce pode iniciar-se entre o nascimento e a idade escolar, no entanto há


muitas vantagens em começar o mais cedo possível.

1.1. DEFINIÇÃO

Então, a Intervenção Precoce na Infância apresenta-se como um conjunto de medidas de apoio


integrado dirigido à criança e família, incluindo ações, de natureza preventiva e reabilitativa, no
campo da educação, da saúde e da ação social.

Estas medidas, atendendo às necessidades das famílias, são definidas num Plano Individual de
Intervenção Precoce (PIIP) elaborado pelas Equipas Locais de Intervenção (ELI).

O PIIP é simultaneamente um documento que permite organizar toda a informação recolhida,


registar todos os aspetos da intervenção bem como o processo que conduz à sua
implementação.
Este documento é elaborado em função do diagnóstico da situação, envolve a avaliação da
criança nos seus contextos (familiar e outros) e define as medidas e ações a desenvolver.

A adequada intervenção pressupõe a articulação entre serviços e instituições, e é subscrito


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pelas famílias.

O PIIP é elaborado pelas Equipas Locais de Intervenção. Estas equipas são multidisciplinares e
representam todos os serviços que são chamados a intervir, com identificação de um técnico
responsável por cada situação.
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Os objetivos da Intervenção Precoce na Infância são:

• Assegurar às crianças a proteção dos seus direitos e o desenvolvimento das suas capacidades;
Detetar e sinalizar todas as crianças com necessidades de intervenção precoce;
• Intervir junto das crianças e famílias, em função das necessidades identificadas, de modo a
prevenir ou reduzir os riscos de atraso de desenvolvimento;
• Apoiar as famílias no acesso a serviços e recursos dos sistemas de segurança social, de saúde e
de educação;
• Envolver a comunidade através da criação de mecanismos articulados de suporte social.

Porquê intervir precocemente?

Existem três razões fundamentais:

• Quanto mais cedo se iniciar a intervenção maior é potencial de desenvolvimento de cada


criança;
• Para proporcionar apoio e assistência à família nos momentos mais críticos;
• Para maximizar os benefícios sociais da criança e família.

A investigação nesta área já demonstrou que grande parte das aprendizagens e do


desenvolvimento ocorre mais rapidamente na idade pré-escolar.

O momento em que é proporcionada a intervenção é, por isso, particularmente importante já


que a criança corre o risco de perder oportunidades de desenvolvimento durante os estádios
mais propícios.
Se esses momentos não forem aproveitados, mais tarde a criança pode vir a manifestar maiores
dificuldades de aprendizagem. Estudos recentes acentuam o facto de que o potencial de cada criança só é
completamente manifesto se houver a identificação precoce e uma intervenção programada e
individualizada. 6

Os serviços de Intervenção Precoce podem ter um impacto significativo nos pais e irmãos das crianças em
risco. As famílias destas crianças geralmente vivem sentimentos de deceção, isolamento social, stress,
frustração e desespero.

O stress acrescido que a presença de uma criança com deficiência implica pode afetar o bem-estar da
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família e interferir no desenvolvimento da criança. As famílias de crianças com deficiência são mais
suscetíveis a viver situações como o divórcio e o suicídio e, de igual forma, as crianças com deficiência são
mais suscetíveis ao abuso e negligência do que as crianças sem deficiência.

A Intervenção Precoce deve resultar no desenvolvimento de melhores atitudes parentais relativamente a


eles mesmos e ao seu filho com deficiência. Deve proporcionar mais informação e melhores competências
para lidar com a sua criança, e incentivar a libertação de algum tempo para o descanso e lazer.

Um outro motivo que justifica a importância da Intervenção Precoce diz respeito aos ganhos sociais
alcançados.

O incremento do desenvolvimento da criança envolve a diminuição das situações dependentes de


instituições sociais, o aumento da capacidade da família para lidar com a presença de um filho com
deficiência, e o possível aumento das suas capacidades para vir a ter um emprego

1.2. DESTINATÁRIOS

Os destinatários são as famílias de crianças entre os 0 e os 6 anos, com alterações nas funções
ou estruturas do corpo que limitam a participação nas atividades típicas para a respetiva idade
e contexto social ou com risco grave de atraso de desenvolvimento.
1.3. MODELO DE INTERVENÇÃO E ARTICULAÇÃO – SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA SOCIAL

1.3.1. - Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância – SNIPI O SNIPI consiste num
conjunto organizado de entidades institucionais com a missão de garantir de forma integrada
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a Intervenção Precoce na Infância (IPI).

Funciona através da atuação coordenada dos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social,


da Educação e da Saúde, conjuntamente com envolvimento das famílias e da comunidade e foi
criado ao abrigo do Decreto – Lei nº 281/2009, (link para o decreto) publicado no Diário da
República a 6 de Outubro e foi criado na sequência dos princípios estabelecidos na Convenção
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das Nações Unidas dos Direitos da Criança e no âmbito do Plano de Acão para a Integração das
Pessoas com Deficiência ou Incapacidade 2006-2009.

O SNIPI tem a missão de garantir a Intervenção Precoce na Infância (IPI), entendendo-se como
um conjunto de medidas de apoio integrado centrado na criança e na família, incluindo ações
de natureza preventiva e reabilitativa, no âmbito da educação, da saúde e da ação social.

A intervenção precoce junto de crianças até aos 6 anos de idade, com alterações ou em risco
de apresentar alterações nas estruturas ou funções do corpo, tendo em linha de conta o seu
normal desenvolvimento, constitui um instrumento político do maior alcance na concretização
do direito à participação social dessas crianças e dos jovens e adultos em que se irão tornar.

Assegurar a todos o direito à participação e à inclusão social não pode deixar de constituir
prioridade política de um Governo comprometido com a qualidade da democracia e dos seus
valores de coesão social.

Quanto mais precocemente forem acionadas as intervenções e as políticas que afetam o


crescimento e o desenvolvimento das capacidades humanas, mais capazes se tornam as
pessoas de participar autonomamente na vida social e mais longe se pode ir na correção das
limitações funcionais de origem.

A operacionalização do SNIPI pressupõe assegurar um sistema de interação entre as famílias e


as instituições e, na primeira linha, as da saúde, para que todos os casos sejam devidamente
identificados e sinalizados tão rapidamente quanto possível.
Assim, devem ser acionados os mecanismos necessários à definição de um plano individual (Plano
Individual de Intervenção Precoce – PIIP) atento às necessidades das famílias, a ser elaborado por
Equipas Locais de Intervenção (ELI), multidisciplinares, que representem todos os serviços que são
chamados a intervir. 8

O PIIP deve constituir-se como um instrumento de organizador para as famílias e para os profissionais
envolvidos, estabelecer um diagnostico adequado, tendo em conta não apenas os problemas, mas
também o potencial de desenvolvimento da criança, a par das alterações a introduzir no meio ambiente
para que tal potencial se possa afirmar.
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Assim, o sistema de intervenção precoce deve assentar na universalidade do acesso, na


responsabilização dos técnicos e dos organismos públicos e na correspondente capacidade de resposta.
Deste modo, é crucial integrar, tão precocemente quanto possível, nas determinantes essenciais
relativas à família, os serviços de saúde, as creches, os jardins-de-infância e a escola.

1.3.2. - Organização e competências


A) - Comissão de Coordenação Tem como principal atribuição assegurar a articulação das ações
desenvolvidas ao nível de cada ministério Constituída por representantes:

• Ministério da Solidariedade e da Segurança Social (MSS)


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• Ministério da Educação e Ciência (MEC)
• Ministério da Saúde (MS)

Competências:
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Compete à Comissão assegurar a articulação das ações desenvolvidas ao nível de cada


ministério, e em especial:

• Articular as ações dos ministérios através dos departamentos designados responsáveis


para o efeito;
• Assegurar a constituição de equipas multidisciplinares interministeriais para apoio aos
PIIP;
• Acompanhar, regulamentar e avaliar o funcionamento do SNIPI;
• Definir critérios de elegibilidade das crianças, instrumentos de avaliação e
procedimentos necessários à exequibilidade dos PIIP;
• Elaborar o plano anual de ação, estabelecendo objetivos a nível nacional;
• Sistematizar informação e elaborar um guia nacional de recursos, enquanto registo de
cobertura da rede de IPSS, de agrupamentos escolares de referência e da rede de
cuidados de saúde primários;
• Criar uma base de dados nacional, com vista à centralização da informação pertinente
relativa às crianças acompanhadas pelo SNIPI, nos termos a definir em portaria dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas da solidariedade social, da saúde e da
educação, sujeita a consulta à Comissão Nacional de Proteção de Dados;
• Promover a formação e a investigação no âmbito da IPI;
• Apresentar aos membros do Governo responsáveis pelas áreas da solidariedade social,
da saúde e da educação, relatórios anuais de atividade;
• Proceder a uma avaliação bianual do SNIPI.
• B) Sub-Comissões de Coordenação Regional

Subcomissões de Coordenação Regional

• Subcomissão Regional Norte 10

• Subcomissão Regional Centro


• Subcomissão Regional Lisboa e Vale do Tejo
• Subcomissão Regional Alentejo
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Subcomissão Regional Algarve Constituídas por profissionais designados pelo 3 Ministérios.


Competências:

1. Apoiar a Comissão de Coordenação do SNIPI e transmitir as suas orientações aos profissionais


que compõem as Equipas Locais de Intervenção (ELI)

2. Coordenar a gestão de recursos humanos, materiais e financeiros, segundo orientações do


plano nacional de ação;

3. Proceder à recolha e atualização contínua da informação disponível e ao levantamento de


necessidades da Região, contribuindo para a base de dados nacional;

4. Planear, organizar e articular a ação desenvolvida com as equipas locais de intervenção e os


núcleos de supervisão técnica;

5. Acompanhar a implementação das equipas locais de intervenção;

6. Designar o elemento coordenador de cada ELI;

7. Integrar/acompanhar os núcleos de supervisão técnica de dimensão distrital, constituídos


por profissionais das várias áreas de intervenção das entidades previstas no n.º 1, do artigo 1º
do presente regulamento, podendo convidar para o efeito personalidades das áreas científicas
e académica.
• C) Núcleos de Supervisão Técnica

Constituídos por profissionais das várias áreas de intervenção do MSSS, MS, ME com formação
e reconhecida experiência na área da IPI A atividade dos NST desenvolve-se de acordo com os
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Planos de Ação das Subcomissões de Coordenação Regionais (SCR) assumindo-se enquanto
estruturas de apoio quer às SCR, quer às ELI. Funções genéricas de apoio às Subcomissões de
Coordenação Regionais (SCR).

• Apoiar a SCR na articulação direta com as entidades locais responsáveis pelos


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profissionais afetos às ELI (ACES, Agrupamentos de Escolas e Instituições com


protocolos com o ISS);
• Planear, organizar e avaliar o funcionamento das ELI em articulação com a SCR;
• Proceder à recolha e atualização contínua da informação disponível nas ELI e ao
levantamento das necessidades na sua área de Intervenção;
• Identificar, em cada Distrito, personalidades das áreas científica e académica com
formação e reconhecida experiência na área da IPI, que possam colaborar com os NST;
• Apoiar a formação e a investigação no âmbito da IPI em estreita colaboração com a SCR.

Funções específicas de apoio às Equipas Locais de Intervenção (ELI) e à comunidade

• Análise e verificação da aplicação dos critérios de elegibilidade de crianças referenciadas


para as ELI;
• Análise e monitorização da aplicabilidade dos conceitos de vigilância e de
encaminhamento das situações referenciadas para outros serviços;
• Suporte e acompanhamento técnico ao trabalho desenvolvido pelas ELI,
nomeadamente no que se refere à monitorização da construção e organização dos
Processos Individuais das Crianças abrangidas, bem como à avaliação das medidas e
ações previstas no PIIP, promovendo a sua readequação, sempre que os progressos se
manifestem insuficientes;
• Apoiar e acompanhar a capacitação dos profissionais das ELI, face ao modelo
conceptual, o qual que se traduz num modelo de intervenção centrado na família e na
comunidade, baseado nas preocupações e forças da família e no reforço das suas
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competências,
• Apoiar as ELI na adoção de um modelo de funcionamento transdisciplinar, promovendo
uma dinâmica de partilha de saberes teóricos e teórico-práticos entre os vários
profissionais;
• Apoiar as ELI na articulação com as diferentes entidades com competência em matéria
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de infância e juventude, no sentido de definir procedimentos e circuitos de sinalização,


• Promover com as ELI o diagnóstico de necessidades e de recursos da comunidade, por
forma a dinamizar redes de suporte formais e informais.

• D) Equipas Locais de Intervenção (ELI)

Constituídas por equipas pluridisciplinares com base em parcerias institucionais envolvendo vários
profissionais:

• Educadores de infância de IP; Enfermeiro(s); Médico(s) de família/pediatra(s), outros;


Assistentes sociais; Psicólogos; Terapeutas, e outros Funções das ELI
• Identificar as crianças e famílias imediatamente elegíveis para o SNIPI;
• Assegurar a vigilância às crianças e famílias que, embora não imediatamente elegíveis,
requeiram avaliação periódica, devido à natureza dos seus fatores de risco e
probabilidade de evolução;
• Encaminhar crianças e famílias não elegíveis, mas carenciadas de apoio social; Elaborar
e executar o PIIP em função do diagnóstico da situação;
• Identificar necessidades e recursos das comunidades da sua área de intervenção,
dinamizando redes formais e informais de apoio social;
• Articular, sempre que se justifique, com as comissões de proteção de crianças e jovens,
com os núcleos da saúde de crianças e jovens em risco ou outras entidades com
atividade na área da proteção infantil.
• Assegurar, para cada criança, processos de transição adequados para outros
programas, serviços ou contextos educativos;
• Articular com os docentes das creches e jardins-de-infância em que se encontrem
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colocadas as crianças integradas em IPI.

1.3.3. - Critérios de elegibilidade e encaminhamento

De acordo com o Decreto-lei 281/09 de 6 de outubro, são elegíveis para apoio no âmbito do SNIPI, as
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crianças entre os 0 e os 6 anos e respetivas famílias, que apresentem condições incluídas nos seguintes
grupos:

1 - Alterações nas funções ou estruturas do corpo» que limitam o normal desenvolvimento e a


participação nas atividades típicas, tendo em conta os referenciais de desenvolvimento
próprios, para a respetiva idade e contexto social;

2 - Risco grave de atraso de desenvolvimento» pela existência de condições biológicas,


psicoafectivas ou ambientais, que implicam uma alta probabilidade de atraso relevante no
desenvolvimento da criança.

São elegíveis para acesso ao SNIPI, todas as crianças do 1º grupo e as crianças do 2º, que
acumulem 4 ou mais fatores de risco biológico e/ou ambiental.

Tal como foi empiricamente demonstrado, este número constitui o ponto de charneira para um
aumento substancial do efeito do risco (efeito cumulativo do risco).
Definições:

Funções do Corpo - São as funções fisiológicas dos sistemas orgânicos (incluindo as funções
psicológicas ou da mente)

Estruturas do Corpo - São as partes anatómicas do corpo, tais como, órgãos, membros e seus 14

componentes.

Atividade é a execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo. Limitações da atividade são
dificuldades que o indivíduo pode ter na execução de atividades.

Participação é o envolvimento de um indivíduo numa situação da vida real.


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Restrições na participação são problemas que um indivíduo pode enfrentar quando está
envolvido em situações da vida real.

1.3.4. - Metodologia de intervenção dos organismos competentes

Todas as crianças são referenciadas às ELI´s da área de abrangência através de modelo próprio.

Todos podem referenciar crianças/famílias às ELI´s (Hospital Pediátrico, Centros de Saúde,


Maternidades, Creches e Jardins de Infância de IPSS´s, Serviços de Educação Comissão de Proteção de
crianças e Jovens em Risco, Serviços Sociais, Famílias e/ou outras pessoas. Trata-se de um instrumento
que pretende ser um facilitador da comunicação entre os serviços que referenciaram, a família e a
IPI/ELI.

Constitui o primeiro passo para uma intervenção centrada na família. É dada sempre à família a
possibilidade de decidir sobre a sua disponibilidade e local para o estabelecimento dos
primeiros contatos, (bem como em todo o processo de intervenção) e que constitui o segundo
passo.

O estabelecimento do diagnóstico é fulcral porque só dessa forma é possível verificar a


elegibilidade para o acompanhamento pela IPI e o planeamento da intervenção na ELI, e isso
faz-se através da realização do processo avaliativo.

Inicialmente é feito uma avaliação diagnóstica através do levantamento de dados que permita
detetar as necessidades e potencialidades da criança e da família.
No caso de haver critérios de elegibilidade é decidido em ELI, o Responsável de Caso, que junto
com a família e prestadores de cuidados elaborará o Plano Individual de Intervenção Precoce -
PIIP, contando com a intervenção dos restantes elementos da ELI.
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É decidido ainda a modalidade de acompanhamento que poderá ser domiciliário, misto


(domiciliário e institucional) ou outro.

A intervenção pressupõe a articulação entre todos os intervenientes, pois só assim se


conseguem bons resultados.
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1.3.5.- Papel das equipas locais de intervenção (ELI) - Articulação da intervenção multidisciplinar

A articulação das Equipas Locais de Intervenção – ELI, faz-se através da análise multidisciplinar
das sinalizações recebidas e da elaboração e aplicação do Plano Individual de Intervenção
Precoce (PIIP), que é simultaneamente um documento que permite organizar toda a
informação recolhida, registar todos os aspetos da intervenção bem como o processo que
conduz à sua implementação.
Este documento é elaborado em função do diagnóstico da situação, envolve a avaliação da
criança nos seus contextos (familiar e outros) e define as medidas e ações a desenvolver.

A adequada intervenção pressupõe a articulação entre serviços e instituições, e é subscrito


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pelas famílias.

O PIIP é elaborado pelas Equipas Locais de Intervenção. Estas equipas são multidisciplinares e
representam todos os serviços que são chamados a intervir, com identificação de um técnico
responsável por cada situação.
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CAPÍTULO II

PROBLEMAS DE DESENVOLVIMENTO

2.1. Identificação de sinais de alarme - critérios de elegibilidade


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- Crianças com alterações nas funções ou estruturas do corpo (ICF - CY, 2007)

Atraso de Desenvolvimento sem etiologia conhecida, abrangendo uma ou mais áreas


(motora, física, cognitiva, da linguagem e comunicação, emocional, social e adaptativa),
validado por avaliação fundamentada, feita por profissional competente para o efeito.
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Condições Específicas – Baseiam-se num diagnóstico relacionado com situações que se


associam a atraso do desenvolvimento, entre outras:

• Anomalia cromossómica (p. ex. Trissomia 21, Trissomia 18, Síndrome de X-Frágil)
• Perturbação neurológica (p. ex. paralisia cerebral, neurofibromatose)
• Malformações congénitas (p. ex. síndromes polimalformativos)
• Doença metabólica (p. ex. mucopolisacaridoses, glicogenoses)
• Défice sensorial (p. ex. baixa visão/cegueira, surdez)
• Perturbações relacionadas com exposição pré-natal a agentes teratogénicos ou a
narcóticos, cocaína e outras drogas (p. ex. síndrome fetal alcoólico)
• Perturbações relacionadas com infeções severas congénitas (p. ex. HIV, grupo TORCH,
meningite)
• Doença crónica grave (p. ex. tumores do SNC, D. renal, D. hematológica)
• Desenvolvimento atípico com alterações na relação e comunicação (p. ex. perturbações
do espectro do autismo)
• Perturbações graves da vinculação e outras perturbações emocionais.
Crianças com Risco Grave de Atraso de Desenvolvimento

Crianças expostas a fatores de risco biológico: Inclui crianças que estão em risco de vir a
manifestar limitações na atividade e participação (ICF – CY, 2007) por condições biológicas que 18

interfiram claramente com a prestação de cuidados básicos, com a saúde e o desenvolvimento.

• Baseiam-se num diagnóstico relacionado com, entre outros:


• História familiar de anomalias genéticas, associadas a perturbações do desenvolvimento;
• Exposição intrauterina a tóxicos (álcool, drogas de abuso);
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• Complicações pré-natais severas (Hipertensão, toxemia, infeções, hemorragias, etc.);


• Prematuridade <33 semanas de gestação;
• Muito baixo peso à nascença ( < 1,5Kg);
• Atraso de Crescimento Intrauterino (ACIU): Peso de nascimento <percentil 10 para o tempo de
gestação;
• Asfixia perinatal grave (Apgar ao 5º minuto <4 ou pH do sangue do cordão <7,2 ou manifestações
neurológicas ou orgânicas sistémicas neonatais).
• Complicações neonatais graves (sépsis, meningite, alterações metabólicas ou hidroeletrolíticas,
convulsões),
• Hemorragia intraventricular,
• Infeções congénitas (Grupo TORCH),
• Criança HIV positiva,
• Infeções graves do sistema nervoso central (Meningite bacteriana, meningoencefalite),
• Traumatismos cranianos graves,
• Otite média crónica com risco de défice auditivo.

Crianças expostas a fatores de risco ambiental

Consideram-se condições de risco ambiental a existência de fatores parentais ou contextuais,


que atuam como obstáculo à atividade e à participação da criança (ICF–CY, 2007), limitando as
suas oportunidades de desenvolvimento e impossibilitando ou dificultando o seu bem-estar.
São entendidos como fatores de risco parentais, entre outros:

• Mães adolescentes < 18 anos


• Abuso de álcool ou outras substâncias aditivas
• Maus-tratos ativos (maus-tratos físicos, emocionais e abuso sexual) e passivos (negligência nos
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cuidados básicos a prestar à criança (saúde, alimentação, higiene e educação)
• Doença do foro psiquiátrico
• Doença física incapacitante ou limitativa
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Consideram-se fatores contextuais, entre outros:

• Isolamento (ao nível geográfico e dificuldade no acesso a recursos formais e informais;


discriminação sociocultural e étnica, racial ou sexual; discriminação religiosa; conflitualidade na
relação com a criança) e/ou Pobreza (recurso a bancos alimentares e/ou centros de apoio social;
desempregados; famílias beneficiárias de RSI ou de apoios da ação social);

• Desorganização Familiar (conflitualidade familiar frequente; negligência da habitação a nível da


organização do espaço e da higiene);

• Preocupações acentuadas, expressas por um dos pais, pessoa que presta cuidados à criança ou
profissional de saúde, relativamente ao desenvolvimento da criança, ao estilo parental ou
interação mãe/pai-criança.
CAPÍTULO III

PAPEL DO PROFISSIONAL – CRIAÇÃO DE CONDIÇÕES ADEQUADAS AO DESENVOLVIMENTO


INFANTIL 20

No trabalho realizado com a família, os profissionais devem ter presente o conceito ecológico,
não se centrando exclusivamente na criança e nas suas problemáticas, mas ter em conta o seu
contexto familiar e ambiental.

Os profissionais deverão estar conscientes das interações entre os diferentes subsistemas


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familiares, para que possam avaliar se a intervenção irá afetar de uma forma equilibrada ou
desequilibrada as interações do sistema familiar, sendo que ao estar consciente das interações
desses subsistemas permite auxiliar os pais a identificar áreas problemáticas no sistema
familiar, permitindo melhorar o processo de mudança, criando um equilíbrio nas interações
familiares.

Uma abordagem centrada na família implica o desenvolvimento das capacidades da família,


para que elas possam por si, responder às necessidades da sua criança, sem ter que se tornarem
dependentes dos serviços de apoio.

As fontes de stress devem ser identificadas, no sentido serem reduzidos os seus efeitos, sendo
que a definição de objetivos de forma colaborativa entre pais e os profissionais podem
contribuir para aliviar o stress resultante destes comportamentos.

Para ajudarmos as famílias é necessário conhecermos as suas emoções e sentimentos


resultantes de lidar com uma criança com necessidades especiais. Para que tal aconteça é
necessário o estabelecimento de relações de confiança e empatia entre a família e os
profissionais em cada contato diário.

Os profissionais devem desenvolver capacidades de comunicação que lhes permitam


estabelecer interações positivas com as famílias, por várias razões.

Na perspetiva das famílias a relação com os profissionais pode ser uma experiência agradável
e gratificante e não apenas mais uma experiência de stress igual a outras que a família
inevitavelmente já enfrenta, devendo, pois, ser antes uma fonte de apoio.
Por outro lado, as relações positivas que se estabelecem entre as famílias e os profissionais
construídas a partir da aceitação e do respeito pelas suas opiniões e valores, contribui para
acentuar nessas famílias um sentimento de autonomia, competência e dignidade e abre a
21
possibilidade de planear serviços de apoio baseados nas prioridades da família.

Os estabelecimentos destas relações positivas de colaboração são também gratificantes para


os próprios profissionais e contribuem para uma maior eficácia na implementação de
programas de intervenção.
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A confiança não se estabelece autonomamente, antes se constrói ao longo do tempo, mas esta
confiança traz consigo uma enorme responsabilidade, a responsabilidades de respeitarmos o
direito das famílias à privacidade e de honrarmos o teor confidencial da informação que
partilham connosco.

Código de Ética do Profissional de IP1

Na relação/interface com as crianças, eu:

• Vejo cada criança, primeiramente, como uma criança, e valorizo as suas competências
únicas.
• Respeito o facto de cada criança ser parte de uma família e incorporo esta compreensão
em todas as minhas interações com as crianças e suas famílias.
• Reconheço o papel fundamental do brincar no desenvolvimento e sou sensível aos
direitos da criança a brincar, às suas necessidades de estimulação, diversão, escolha e
preferência.
• Interajo com as crianças em modos que promovem o seu desenvolvimento e valorizo as
suas aquisições (desenvolvimentais).
• Identifico, valorizo e construo sobre as competências e forças de cada criança.
• Promovo ambientes seguros, saudáveis e estimulantes, que otimizam o bem-estar e
desenvolvimento das crianças.
• Trabalho no sentido de assegurar que não há discriminação contra as crianças com base
em competências, diagnósticos, rótulos, género, religião, linguagem, cultura ou
nacionalidade de origem.
• Reconheço a diversidade cultural e linguística das crianças e famílias, e adapto práticas
22
de acordo com esse conhecimento (ex. consultadoria cultural, intérpretes gestuais e
outros).
• Envolvo-me em práticas respeitadoras e que garantem a segurança emocional, física e
cultural das crianças, e que de forma alguma as degradam, colocam em perigo,
exploram, intimidam ou magoam.
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• Atuo em benefício das crianças para proteger o seu bem-estar físico e emocional,
incluindo fazer notificações em sua proteção, quando necessário.
• 11 Garanto privacidade apropriada e confidencialidade (incluindo questões de saúde e
das dinâmicas do agregado familiar).
• Reconheço e encorajo o direito de todas as crianças a viver em território português a
aceder a educação e serviços de intervenção.
• Assumo os princípios da parceria, participação e proteção.

Na relação/interface com as Famílias / Prestadores de Cuidados, eu:

• Elevo os princípios da parceria, participação e proteção.


• Respeito a perspetiva e prioridades de cada família para a sua criança e faço delas o
ponto de partida da intervenção.
• Desenvolvo parcerias colaborativas com as famílias, respeitando a família enquanto
especialista acerca das suas crianças, e o seu modo de prestar cuidados, e partilho o meu
conhecimento e compreensão profissional de modo sensível e respeitador.
• Trabalho para desenvolver com as famílias relações positivas, baseadas em tomadas de
decisão partilhadas, confiança mútua e comunicação aberta.
• Reconheço e respeito a unicidade de cada família, e o significado da sua cultura, hábitos,
linguagem, crenças, e o contexto - comunidade em que a família opera.
• Garanto que as famílias tenham acesso a serviços de apoio cultural, incluindo intérpretes
gestuais, etc., quando necessário.
• Apoio cada família no sentido de desenvolver um sentido de confiança e conexão com
23
os serviços em que as suas crianças participam.
• Mantenho confidencialidade e respeito o direito de cada família à privacidade.
• Providencio informação plena e acurada às famílias em linguagem clara e
compreensível, criando condições para a sua capacitação para que possam tomar
decisões de forma esclarecida.
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• Providencio informação para ambos os pais, a não ser que considerações legais
contrariem esse princípio.

Na relação/interface com a Comunidade e Sociedade, eu:

• Apoio o desenvolvimento e implementação de políticas e leis que promovem o bem-


estar de crianças e famílias.
• Promovo a cooperação entre serviços e disciplinas profissionais trabalhando no melhor
interesse de crianças e famílias.
• Promovo o melhor interesse das crianças através da educação da comunidade e
advogando por elas.
• Apoio a avaliação contínua do serviço e a respetiva disponibilidade para utentes e para
a comunidade.

Na relação/interface com colegas, eu:

• Trabalho no sentido de comunicar com eficácia, ajo com integridade e construo


confiança, respeito e abertura profissional.
• Valorizo as forças pessoais e profissionais que os meus colegas trazem para a equipa.
• Apoio os profissionais de IP para terem acesso a suporte e desenvolvimento profissional
de alta qualidade.
• Respeito as perspetivas que diferentes disciplinas oferecem à compreensão das
24
necessidades de cada criança, família, serviço e comunidade.
• Mantenho confidencialidade apropriada.
• Apoio ativamente um ambiente de trabalho que é espiritualmente, fisicamente,
culturalmente, emocionalmente e profissionalmente seguro.
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Na relação/interface comigo mesma/o, eu:

• Envolvo-me em desenvolvimento profissional contínuo e mantenho-me atualizado/a


relativamente a novo conhecimento no campo da IP.
• Reflito consistentemente sobre a minha prática e asseguro-me de que me envolvo em
atividades de revisão e supervisão apropriada.
• Trabalho dentro das fronteiras da minha profissão e das minhas qualificações.
• Sou advogado/a pelas crianças, IP e pelos serviços que apoiam as crianças e as suas
famílias.
• Promovo o conhecimento da comunidade sobre a minha profissão.
• Asseguro que as minhas práticas sejam culturalmente apropriadas e promovo
ativamente atitudes antirracistas.
• Demonstro, através do meu comportamento e linguagem, que não há discriminação
contra as crianças.
• Asseguro que mantenho standards profissionais em toda a documentação que utilizo e
produzo.
• Asseguro que mantenho integridade pessoal, autenticidade e honestidade em todas as
atividades profissionais.
• Comprometo-me a manter intactos os standards, valores e práticas expressos no
Código de Ética do Profissional de IP.
CAPÍTULO V

CUIDADOS A PRESTAR À CRIANÇA

• Depois de identificar as crianças e famílias elegíveis para o SNIPI deve: 25

• Assegurar a vigilância às crianças e famílias que, embora não imediatamente elegíveis


para o SNIPI, requerem avaliação periódica, devido à natureza dos seus fatores de risco
e probabilidade de evolução;
• Encaminhar crianças e famílias não elegíveis, mas carenciadas de apoio social;

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Organizar um processo individual por criança;


• Elaborar e executar o Plano Individual de Intervenção Precoce (PIIP) em função do
diagnóstico da situação;
• Identificar necessidades e recursos da comunidade, dinamizando redes de apoio social;
• Articular com a CPCJ e com os núcleos de saúde de crianças e jovens em risco ou outras
entidades da área da proteção infantil;
• Assegurar, para cada criança, processos de transição adequados para outros
programas, serviços ou contextos educativos;
• Articular com os educadores das creches e jardim-de-infância em que se encontram
colocadas as crianças integradas em IPI;
• Desenvolver trabalho de prevenção do risco, junto das creches e jardins-de-infância,
nomeadamente através de dinamização de ações de sensibilização de país e
qualificação de pessoal das Instituições.
CAPÍTULO V

PAPEL DA FAMÍLIA E DA COMUNIDADE – INTERVENÇÃO CENTRADA NA FAMÍLIA

As práticas centradas na família são práticas que colocam a ênfase no desenvolvimento de uma
26
relação com os pais, relação essa que utiliza e se desenvolve partindo das competências e
capacidades demonstradas pelos pais nos cuidados e apoios aos filhos.

Os programas focados apenas no desenvolvimento da criança mostraram-se limitados, dado


não se susterem na perspetiva transacional e ecológica. O papel dos pais foi sendo cada vez
mais valorizado e a intervenção deixou então de se centrar exclusivamente na criança para
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integrar o contexto familiar e social.

No gráfico seguinte verificamos que para além dos elementos básicos de cada uma das
dimensões ainda são consideradas as interseções entre as dimensões sobrepostas, levando em
consideração elementos adicionais como cruciais para as práticas centradas na família eficazes.

A mudança do alvo de intervenção da criança para a família, faz com que esta seja percecionada
como um todo que deve ser considerada simultaneamente como recetora e agente ativo do
programa, pretendendo-se que a família participe em verdadeira parceria com os profissionais
no desenrolar do programa e que lhe seja a ela dada a tomada de decisão em tudo aquilo que
tenha a ver com a criança e com a família.

A IPI centrada na família remete para uma perspetiva de intervenção abrangente no sentido de
melhorar a qualidade de vida da criança e da família.
Procura-se que a família consiga desenvolver o sentido de pertença à comunidade através de
uma maior e melhor inserção na comunidade, nomeadamente através da utilização dos
recursos disponíveis como através da constituição de uma rede social de apoio consistente sem
27
perder de vista o objetivo crucial, a problemática da criança.

Procura-se uma completa autonomização da família relativamente aos profissionais e serviços,


no sentido de que após a intervenção a família seja capaz de gerir por si só os recursos de que
necessita.

Princípios fundamentais para uma abordagem verdadeiramente centrada na família, que


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embora sejam aceites nem sempre são fáceis de incorporar no trabalho diário realizado com as
crianças e famílias:

1. Encarar a família como a unidade de prestação de serviços.

Afirmações frequentemente proferidas por profissionais da IP, tais como "os pais são os
primeiros e os mais marcantes educadores na vida dos seus filhos", fez com que estes tivessem
uma maior perceção das suas capacidades e predisposição para receberem formação.

Os profissionais da IP eram vistos como peritos na identificação das necessidades da criança e


na definição de estratégias de intervenção, necessárias e ajustadas ao seu desenvolvimento.

Os pais recebiam formação para poderem implementar as intervenções, mas o enfoque era a
criança. Na perspetiva da abordagem centrada na família, a unidade de intervenção não remete
só para a criança, mas para toda a família, dado que é uma abordagem que "reconhece que o
bem-estar de cada membro da família afeta todos os outros", sendo pois o grande objetivo
"melhorar o bem estar de toda a família", procurando "minimizar o stress, manter ou melhorar
os relacionamentos entre os membros de toda a família" e permitindo à família seguir o mesmo
trajeto que seguiria se a sua criança não tivesse qualquer dificuldade.

A concretização deste objetivo possibilita o recurso a vários tipos de intervenções diferentes,


não está limitado exclusivamente ao desenvolvimento da criança e ao respeitar os modos de
vida da família, crenças e valores o sucesso do mesmo será diferente consoante a família.
2. Reconhecer os pontos fortes da criança e da família.

Atingir este princípio constitui uma tarefa facilitada quando a família em questão tem crenças
e valores semelhantes aos profissionais e por outro lado, tem uma grande bagagem de 28

conhecimentos, capacidades e recursos que lhe permitem dar resposta às suas prioridades.

Quando não é assim é mais difícil, mas "essas famílias não deixam de ser capazes e
competentes" e com a necessária informação, ensino de capacidades e apoio adequado
"podem demonstrar as suas capacidades e abordar as suas prioridades de modo eficaz".
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Reconhecer e assumir os pontos fortes da família constitui "o primeiro passo" para uma
"abordagem otimista", em que " os pontos fortes devem ser usados e exponenciados durante
o desenvolvimento e a implementação dos planos de intervenção".

Para que tal aconteça, os pais deverão ser ajudados a reconhecer os seus próprios pontos
fortes e as suas capacidades e encorajados a usá-los, deverão desenvolver os conhecimentos e
capacidades que já detém e deverão ainda ser ajudados a localizar e usar os recursos de que
têm necessidade.

3. Dar resposta às prioridades identificadas pela família.

As prioridades da família consistem naquilo que os pais "consideram importantes para os seus
filhos e para toda a família". A identificação dessas prioridades assegura que "as intervenções
foram concebidas e serão implementadas de forma a ajudar as famílias a conseguirem o que é
importante para elas, e não o que os profissionais julgam ser importante".

4. Individualizar a prestação de serviços.

Se as famílias são únicas as suas prioridades também o são e consequentemente tem que ser
criado um plano individual de serviços, que incluam as prioridades da família e as necessidades
da criança.
5. Dar resposta às prioridades, em constante mudança, da família.

As prioridades da família "não são estáticas, pelo contrário, estão em constante mudança", o
que pode implicar a necessidade de mudanças quer nos serviços necessários à criança/família,
29
quer estratégias de intervenção.

6. Apoiar os valores e o modo de vida de cada família.

Procurando "não perturbar ainda mais as rotinas familiares, mas antes, ajudar as famílias a
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atingirem o equilíbrio que desejam". As crenças e valores não podem ser articulados, porque
fazem parte da nossa vida e por vezes nem temos a perceção da sua influência, e quando
ocorrem nem sempre as famílias querem partilhar esse aspeto pessoal sobretudo com pessoas
com pouca proximidade.

A legislação atual dá também um grande relevo à articulação/colaboração entre os serviços da


comunidade quando refere, como um dos objetivos do SNIPI o “apoio às famílias no acesso a
serviços e recursos da segurança social, da saúde e da educação” e o “envolvimento da
comunidade através da criação de mecanismos articulados de suporte social”.

De facto, para além de ser quase impossível que um único serviço responda a todas as
necessidades das famílias em situação de risco e que têm filhos com deficiência, o envolvimento
de toda a comunidade, desde as redes de vizinhança até aos profissionais dos diversos serviços,
parece influenciar a eficácia da promoção do desenvolvimento da criança, a diminuição do
stress familiar e o aumento da sua confiança, o que tem, evidentemente, efeitos muito
positivos no bem-estar destas famílias.

Quais os aspetos essenciais para a eficácia da Intervenção Precoce?

Têm sido feitas várias tentativas para identificar quais os aspetos mais importantes para
garantir a eficácia da Intervenção Precoce.

Verificou-se que existem alguns fatores que são comuns aos programas de Intervenção
Precoce que obtém melhores resultados.
São eles:

• A idade da criança à data do início da intervenção;


O envolvimento dos pais;
• A intensidade e/ou estruturação do modelo do programa de Intervenção Precoce adotado.
30

Diversos estudos demonstram que quando mais cedo se iniciar a intervenção maior é a sua
eficácia. Quando a intervenção é iniciada logo após o nascimento ou pouco tempo após ser
feito o diagnóstico de deficiência ou de alto risco, os ganhos ao nível do desenvolvimento são
maiores e a probabilidade de se manifestarem outros problemas é menor.
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O envolvimento dos pais na intervenção é também muito importante. As famílias de crianças,


com deficiência ou em risco, necessitam de um maior apoio social e instrumental e de
desenvolver as competências necessárias para lidar com os filhos com necessidades especiais.

Os principais resultados da Intervenção com a família dizem respeito ao aumento da


capacidade dos pais para lidarem com o problema da criança, que leva necessariamente à
redução do stress familiar.

Estes fatores aparentam desempenhar um papel importante no sucesso dos programas de


intervenção junto da criança. A estruturação dos programas de Intervenção Precoce está
também relacionada com os seus resultados, independentemente do modelo curricular
utilizado. Os programas de maior sucesso são geralmente os mais estruturados.

• Isto significa que os casos de sucesso se registam em programas que:


• Definem operacionalmente e monitorizam frequentemente os objetivos;
• Identificam com precisão os comportamentos a desenvolver e as atividades que serão
desenvolvidas em cada sessão; o Utilizam procedimentos de análise de tarefas;
• Avaliam regularmente o desenvolvimento da criança e utilizam os registos de progressão no
planeamento da intervenção.

A intervenção individualizada e dirigida às necessidades específicas da criança também


surge associada a bons resultados, o que não significa necessariamente um trabalho de um
para um. As atividades de grupo podem ser estruturadas de forma a ir ao encontro das
necessidades educativas de cada criança.
BIBLIOGRAFIA:

GRONITA, Joaquim et all - “E Quando Atendemos Crianças…Diferentes – Boas Práticas na IP”


– Fundação Calouste Gulbenkian, 2º Edição, Lisboa, 2016 31

GRONITA, Joaquim et all – “Crianças Diferentes - Intervenção Precoce - O processo de


construção de boas práticas - Relatório final” - Fundação Calouste Gulbenkian

ALEIXO, Elisabete – “Práticas de Intervenção Precoce centradas nos contextos naturais e o seu
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contributo para a promoção do desenvolvimento de uma criança” – Tese de Mestrado em


Educação Especial, ESEC, 2012

ABREU, Maria do Rosário Teixeira de – “Intervenção Precoce” - Direcção-Geral da Acção Social


Lisboa, Núcleo de Documentação Técnica e Divulgação, dezembro de 1996

Webgrafia:

https://www.dgs.pt/sistema-nacional-de-intervencao-precoce-na-infancia.aspx

https://www.anip.pt/

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